Levantamento do uso de álcool e drogas por estudantes da UNESP (1998) e proposta de prevenção do uso das mesmas

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Data

2001

Autores

Corrêa, Florence Kerr [UNESP]

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

Durante o segundo semestre de 1998 foram levantados dados de 11.382 (63,2%) estudantes universitários da UNESP da primeira à última série de cada curso (alunos matriculados: 18.016) com relação ao nível sócio-econômico, moradia, uso de álcool e drogas, comportamento de risco (drogas e sexualidade), avaliação da saúde mental e envolvimento em acidentes entre outros dados. A análise preliminar dos resultados mostrou que: 1) - os alunos provêm principalmente de classes A ou B (ABIPEME), seus pais têm nível universitário, incluindo as mães, em mais de 1/3 deles. No entanto, cerca de 5% provêm de camadas menos favorecidas da população; 2) - mais de 50% moram com amigos, em repúblicas, e apenas 5,5% em moradias estudantis; 3) - cerca de 66% não trabalham e, dos que têm remuneração, estas são provenientes de bolsas de estudo em percentagem semelhante para rapazes e moças (22%); 4) - experimentaram alguma droga na vida (sem prescrição médica) cerca de 38% deles, sem considerar álcool e tabaco; 5) - cerca de 20% dos estudantes experimentaram drogas antes de entrar para a faculdade, e outros 10%, após iniciar a faculdade. O uso mais intenso ocorreu entre 21 e 25 anos, entre a 2a e 3a séries principalmente; 6) - nos últimos 30 dias, as drogas ilegais mais utilizadas foram: maconha (14,9%); inalantes ("lança perfume", 11,3%); cocaína (2,9%); alucinógenos (2,7%); ecstasy (0,6%) e crack (0,5%); 7) - das drogas legais, bebidas alcoólicas foram consumidas por 74% dos alunos no último mês, e 30% bebiam mais de uma vez por semana. Cigarros (tabaco) são fumados diariamente por 9,2%. No último mês, os estudantes usaram anfetaminas (4,1%), medicamentos analgésicos (3,4%), calmantes (1,8%), anticolinérgicos (1,1%) e anabolizantes (0,6%); 8) - o uso de substâncias é maior entre os alunos da área biológica seguido pelos das áreas de humanidades e exatas, mais entre alunos dos cursos diurnos que noturnos, e mais nos cursos em tempo integral. Todas as drogas são mais consumidas por homens, com exceção de medicamentos para emagrecimento (anfetaminas) e tranquilizantes. Cigarro tem uso semelhante entre os gêneros; 9) - alguns dados sugerem que cerca de 2,5% dos alunos apresentam uso nocivo e mesmo dependência. Nesses casos, predominam alunos dos cursos de humanidades; 10) - há indícios, por análise de um instrumento que avalia saúde mental, que 20% dos rapazes e 30% das moças necessitariam de apoio psicológico. Escores acima de 7 no SRQ ( Self Report Questionnaire) estiveram também associados ao uso excessivo de álcool e drogas, ou seja, aqueles que usam drogas têm mais chances de ficar com sintomas ansiosos e depressivos entre outros; 11)- 4,7% dos rapazes admitiram ter tido algum acidente com veículo no último ano quando alcoolizados e/ou drogados; 12)- drogas e álcool são utilizados principalmente nas repúblicas e com amigos; 13)- mais de 55% dos alunos não faz uso regular de preservativos nas relações sexuais, e as moças sentem-se com menos controle da situação que os rapazes. A maioria (mais ou menos 61%) não acha que tem risco de adquirir AIDS e cerca de 16% acha que não sabe o suficiente sobre prevenção de AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis (DST) e 14)- os fatores de risco mais importantes para o uso de álcool e drogas, pela análise multivariada foram: ser solteiro, homem, morar longe da família, ter amigos que aprovam o uso de drogas, não ter religião e, principalmente, ter usado droga antes de entrar na faculdade. A principal conclusão foi que seria importante iniciar um programa de prevenção no primeiro ano de todas as faculdades, tanto para o uso de álcool e drogas como na área de prevenção de gravidezes indesejadas e doenças sexualmente transmissíveis. Para tanto, está em fase adiantada de elaboração um conjunto de medidas, com apoio da CONVIDUNESP, VUNESP e PROEX, que têm o seguinte cronograma: 1) treinamento de pelo menos duas pessoas de nível universitário em cada câmpus, com o Prof. Dr. G. Alan Marlatt, da Universidade de Washington em Seattle (EUA), de uma semana, a se realizar de 20 a 24 de setembro de 1999 em Botucatu; 2) coleta de dados cadastrais e dos professores que ficarão responsáveis pelo projeto em cada câmpus e encaminhamento do projeto para a FAPESP; 3) distribuição de material informativo a todos os alunos da UNESP; 4) finalização de um programa de terapia breve para calouros, a ser realizado no ano 2000 (primeiro semestre) e 5) avaliação dos resultados. O programa é baseado em pressupostos de redução de danos, partindo do princípio que não é possível conseguir que as pessoas não usem drogas ou álcool. Assim sendo, melhor ensiná-las a usar álcool corretamente. No caso, a intenção é de trabalhar mais com a ingestão de álcool, ensinando os estudantes a beber com moderação, saindo do padrão habitual de beber com intoxicação (se embriagando). O álcool é a droga, de longe, mais utilizada e está, frequentemente na base do uso das outras substâncias psicoativas, lícitas ou ilícitas.

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