Educação e gestão ambiental

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Data

2001

Autores

Tornisielo, Sâmia Maria Tauk [UNESP]

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

Principalmente na década dos anos 60 e nos anos que a sucederam, o homem vem experimentando uma queda abrupta da qualidade de vida decorrente da acelerada degradação ambiental. Nem mesmo as inúmeras leis, decretos e normas e da fiscalização, embora escassa, porém existente, têm contribuído para evitar ou desacelerar a degradação ambiental. Esta realidade é decorrente da falta da conscientização de uma necessidade premente de cuidar dos recursos naturais renováveis e evitando-se os maus usos dos mesmos e daqueles que visam "levar vantagem imediata". Este comportamento está inserido na cultura e na educação brasileira. A cultura mudará através dos séculos, mas a educação poderá ser melhorada em nossos dias. Na tentativa de contribuir para melhorar este cenário brasileiro procura-se a melhoria do processo educacional, através da Educação Ambiental para alunos do sistema formal e informal, propondo cursos e atividades. Estes vêm sendo ministrados há 25 anos, desde a época dos Institutos Isolados, especificamente em Presidente Prudente, posteriormente no Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências e atualmente no Centro de Estudos Ambientais. Estas ações estão embasadas na realidade educacional e científica do país, principalmente a partir de 1972, com a "Declaração sobre o Ambiente Humano", da Conferência de Estocolmo, que estabeleceu o Plano de Ação Mundial, e em particular, recomendando um programa internacional com vistas a educação do cidadão comum, para a melhor compreensão dos mecanismos de sustentação de vida na terra, como a primeira etapa para o manejo e controle do ambiente. Considera-se que a Educação Ambiental é o elemento crítico para o combate à crise ambiental. Após o escândalo da Política Internacional do Brasil, logo após a Conferência de Estocolmo, ao divulgar que este país não tinha restrições às indústrias e ao contrário, dava boas vindas a poluição (Iniciativa autorizada pelo Ministro do Interior, general Costa Cavalcanti), foram aqui instaladas inúmeras indústrias, sem nenhum planejamento e como conseqüência, até hoje paga-se um alto preço, como o município de Cubatão, rio Tietê, rio Guaíba, Carajás, entre outros. Este comportamento ainda está enraizado em muitos políticos e outros cidadãos comuns, que expressam a seguinte linguagem "num país de pobreza intensa, porque lidar com o ambiente?". Sem dúvida alguma, a medicina preventiva e a segurança do trabalhador estão intrinsecamente ligadas às questões ambientais. A escassez de recursos, as divergências e a incompetência interna no país e a competência do primeiro mundo de obstacularizar a educação no terceiro mundo, contribuíram para um péssimo crescimento dos programas e daí a necessidade de uma enfática Educação Ambiental (EA). Esta não tem sido instalada com a velocidade necessária e competência devido, principalmente, aos atritos redundantes do poder e do ciúmes. Como exemplo tem-se que alguns ensaios no Ensino Formal, colocando disciplinas sobre Ciências Ambientais nos diferentes cursos, não obtiveram resultados favoráveis quanto a EA, por não considerar a inter e transdisciplinaridades indispensáveis. Os cursos e atividades que estão sendo ministrados no CEA, quanto a Educação Ambiental, vêm considerando os aspectos políticos, econômicos, científicos, tecnológicos, éticos, culturais e ecológicos; propondo uma re-orientação e articulação de diversas disciplinas e experiências educativas que facilitem a visão integrada do ambiente; induzindo os alunos a compreenderem a natureza complexa do ambiente; e, proporcionando a transferência de conhecimentos, valores, comportamentos e habilidades práticas para participação eficaz na prevenção e solução de problemas ambientais. Finalmente, estes cursos e atividade induzem novas formas de conduta nos grupos sociais e na sociedade em conjunto, a respeito do ambiente. Estes estão sendo propostos com diversos sistemas educativos e com uma ampla metodologia para o desenvolvimento da comunicação e da transferência de conhecimentos sobre o ambiente. Têm sido aplicadas técnicas para: aumentar ou desenvolver a percepção dos problemas ambientais; visualizar os produtos consumidos ou utilizados diariamente que direta ou indiretamente vêm da natureza; desenvolver hábitos conservacionistas e um respeito pelos patrimônios; e, desenvolver consciência do perigo da poluição da água, solo e do ar, para a melhoria das condições da saúde. Os resultados práticos destes cursos e atividades sobre EA vêm atingindo fases do ensino formal e não formal; aquisição de conhecimentos sobre o ambiente em sua totalidade, com enfoque interdisciplinar; as questões ambientais têm sido analisadas sob a ótica local e regional; aquisição, pelo menos parcialmente, da necessidade de cooperação local para prevenir e resolver os problemas ambientais; e, aprenderam descobrir os sintomas e as causas dos problemas ambientais locais. Os cursos e atividades para administradores e empresários tiveram como objetivos: o desenvolvimento de melhor conhecimento sobre o ambiente; a identificação do componente ambiental nas atividades administrativas e empresarial; identificação dos conflitos das questões ambientais e da relação harmônica do ambiente e o desenvolvimento; identificação das possíveis relações entre os diferentes segmentos da organização empresarial e administrativa municipal; e, a determinação da relação custo-benefício da incorporação ambiental dentro da gestão empresarial e administrativa municipal; desenvolvimento de uma vivência da realidade ambiental para levar um maior envolvimento e, consequentemente, a uma melhor compreensão das inter-relações dos diversos aspectos dos problemas ambientais. Alguns tópicos são abordados quanto as Normas ISO 14000. Os locais para o desenvolvimento destas metodologias e técnicas de EA têm sido o Horto Florestal "Navarro de Andrade", atualmente da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e os rios da sub-bacia do rio Corumbataí. No primeiro destacam-se o ensino e atividades sobre processos de manutenção de ecossistemas, cadeia alimentar e fluxo de energia, conceitos sobre sistemas autóctones e alóctones, as interações dos fatores abióticos e bióticos, conceitos gerais de ecologia da paisagem, ações antrópicas e impactos ambientais (positivos e negativos). O Horto ocupa a única mancha de terra roxa do local. Nos rios têm sido desenvolvidas metodologias sobre determinação da qualidade da água, sobre a importância da conservação das matas ciliares e de galerias, tratamento de esgoto urbano e dos efluentes; identificação dos principais problemas ambientais que alteram as condições gerais da qualidade das águas superficiais da região; realização das determinações dos parâmetros físicos, químicos, físico-químicos e biológicos nas amostras; atividades para criar condições para que o indivíduo possa verificar o que significa uma verdadeira cidadania, envolvendo direitos, deveres e reconhecimento de que sempre haverá possibilidade de haver água de boa qualidade para consumo humano, enquanto a comunidade atuar na conservação recursos d'água; e conscientizar os indivíduos a desencadear mecanismos para exigir do poder público ações mais efetivas para preservação dos recursos d'água. Algumas estações de coletas nos principais tributários do rio Corumbataí foram estabelecidas. Os parâmetros determinados nas amostras foram: pH, temperatura, oxigênio dissolvido, transparência da água, coliformes e condutividade elétrica. Os conceitos teóricos são ministrados no campo ou em sala de aula, antes ou durante a coleta das amostras. A cidade de Rio Claro por ter um desenvolvimento e crescimento urbano maior do que os demais municípios da sub-bacia do rio Corumbataí, consequentemente gera maior quantidade de esgotos e efluentes industriais, além do efeito de uma intensa ocupação do solo por monocultura, ou seja, cana-de-açúcar, vem ocasionando a maior poluição deste rio e de seus afluentes. Em algumas estações de coletas, o rio não apresenta características adequadas a Classe 2, conforme anteriormente enquadrado, mas possui aquelas típicas de rios de Classe 4. Isto vem demonstrando aos indivíduos ou alunos, que há necessidade urgente de ações por todos os segmentos da sociedade para a conservação do rio e de seus afluentes. Além disso a ausência de matas ciliares vem contribuindo para a aceleração da degradação do rio. A empreiteiras e outros órgãos responsáveis por construções vêm desrespeitando as leis sobre a manutenção das margens dos rios, fazendo as mesmas muito próximas às margens do rio, sem saneamento básico, portanto os esgotos são lançados diretamente, a céu aberto, no mesmo. A paisagem original desta região foi totalmente modificada. Verifica-se como resultados, o interesse dos alunos em repor a mata ciliar devido sua importância e o conhecimento da importância das ações que visem não somente a quantidade da água, mas sua melhor qualidade para o consumo humano. Isto é de relevado destaque principalmente em uma região marcada por duas estações típicas, uma chuvosa e quente e a outra seca e fria. Quando a chamada é a "falta de água nos próximos anos do século XXI", esta torna-se sem impacto, principalmente num ano atípico como o de 1999, com o excesso de chuvas. Contudo, os alunos entendem que a água somente será possível ao consumo humano, se for conservada.

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