Programa: combate ao analfabetismo

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Data

2001

Autores

Furlanetti, Maria Peregrina de Fátima Rotta [UNESP]

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

O programa como diz o nome se destina a alfabetizar jovens e adultos que não puderam freqüentar a escola regular. Este projeto foi criado em 1997 e a Universidade esteve presente desde a sua concepção. A sua realização partiu da iniciativa da Secretaria Municipal de Educação de Presidente Prudente por acreditar que a educação básica seja um instrumento importante para o exercício da cidadania e que o nosso país vivendo o processo de redemocratização precisa compreender que uma grande parcela da comunidade em idade produtiva se constituem numa parcela significativa de analfabetos ou de analfabetos funcionais e que, portanto, é "passada" a hora de uma política instrucional e objetiva para jovens e adultos. A nossa idéia é de uma política que pensa em todo o processo de ingresso dos jovens e adultos ao sistema escolar, para tanto, temos investido esforços não só no momento da alfabetização mas também no pós alfabetização. Acreditamos que o analfabeto se torna analfabeto funcional depois de alguns anos sem compartilhar a leitura e a escrita com outros. A escola é o lugar mais importante para este tipo de ensino. A continuidade é tão importante quanto a alfabetização inicial. Temos muitos adultos, senhoras e senhores de mais de 50 anos que retornam pedindo que precisam freqüentar as aulas para não esquecer o que já aprenderam. As dificuldades para a continuidade são tantas quantos as de iniciação, desde vagas até o deslocamento das pessoas até o centro de suplência. Defendemos a idéia de que é necessário uma política, não de campanha ou programa, mas uma política de sócio/educação com o objetivo de incluir os jovens e adultos analfabetos na sociedade letrada com um ser cultural e histórico tão importante como qualquer um de nós que freqüentamos a universidade. Disponibilizar as oportunidades a todos, sem distinção de ração e principalmente os economicamente pobres a terem a opção de freqüentar ou não uma escola. Entendemos o problema do analfabetismo, quanto a: 1. Política - por não termos uma política sócio/educacional que se preocupe com o ingresso/regresso ao sistema escolar, garantindo a oportunidade de conclusão do ensino fundamental. 2. Formação de professores: Precisaríamos de professores experientes, conhecedores dos princípios básicos de ensino/aprendizagem. 3. Discussão séria e responsável sobre o ensino fundamental e médio para os excluídos do Sistema. Sabemos que ''bolsões'' de analfabetismo se encontra nos bolsões da miséria e da pobreza. A parceria UNESP/Secretaria Municipal de Educação se mantém apesar das dificuldades financeiras desta Prefeitura. Temos 23 salas com média de 20 alunos alfabetizados espalhadas na periferia, onde cada sala atua um monitor, selecionando e capacitado pela professora Maria Peregrina de Fátima Rotta Furlanetti da FCT/UNESP e a profa. Maria do Carmo, da Secretaria Municipal de Educação. Esta capacitação foi feita no início do projeto em agosto de 1997 e continua com os encontros semanais de 3 horas de horário pedagógico, onde discutimos as teorias através da própria prática do monitor é um aprender-fazer-saber-ser professor em serviço. Acreditamos ser esta a forma de formar professores capazes de atuarem de forma competente e eficiente. Nos meses de férias universitárias aproveitamos para dar cursos de extensão convidando outros professores da universidade, estes cursos têm sido mantidos pela prefeitura e concebidos pela UNESP. As nossas dificuldades iniciais foram as de contratação dos monitores, pois estes não tinham prática pedagógica, principalmente em alfabetização, outra é a de local para se abrir salas, pois nem todos os bairros e vilas têm salas disponíveis. Temos monitores trabalhando em salões paroquiais, sala de refeição de creches, barracões e etc., dependemos da boa vontade da comunidade em ceder locais. Hoje temos monitores bem entrosados nos seus papéis, assim como temos iniciantes no processo, portanto temos que administrar angústias, expectativas e inseguranças. Procuramos desenvolver a auto-estima dos monitores, para que acreditem em seu próprio trabalho e assim compreenderem o alfabetizando como sujeito de seu próprio conhecimento. Ao final de 1998 entregamos mais de 120 certificados para que os alfabetizandos pudessem dar continuidade à escolaridade, com garantias de vagas nas séries subsequentes através de parceria com as escolas. Foi uma festa no auditório da UNESP, onde estiveram presentes o Prefeito, o Secretário da Educação, vereadores e representantes das associações de bairro. O discurso escrito e lido por uma das alunas: ''Antes eu era cega, hoje já posso olhar o mundo enxergando as coisas'', pudemos perceber a importância da continuidade deste projeto. Hoje contamos com um pouco mais de 400 alunos alfabetizandos e temos como projeto um Fórum regional para discutirmos as políticas e as práticas pedagógicas de alfabetização de adultos. Acreditamos que este projeto de extensão nos oferece a possibilidade de envolver nossos alunos com a comunidade, formá-los profissionalmente ao mesmo tempo em que atendemos os anseios e as expectativas dos excluídos do sistema escolar além de ser um pólo de pesquisa, pois temos 2 alunos bolsistas (PAE-MONITORIA) e um caráter de estágio não obrigatório construindo projetos de pesquisa, além de todos os monitores envolvidos no programa.

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