Análise dos mecanismos fisiopatológicos relacionados ao parto pré-termo: corioamnionite histológica, estresse oxidativo e apoptose

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Data

2016-12-09

Autores

Lima, Moisés Diôgo de [UNESP]

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

O parto prematuro espontâneo, definido como nascimento antes das 37 semanas completas de gestação, apesar dos consideráveis avanços científicos, ainda representa um importante problema médico, humano e social. É representado por dois grandes grupos de patologias obstétricas definidas como Trabalho de Parto Prematuro (TPP) e Rotura Prematura de Membranas Pré-Termo (RPM-PT). O primeiro objetivo deste estudo foi avaliar os níveis de 8-oxo-2'-desoxiguanosina (8-OHdG) em membranas corioamnióticas de gestações complicadas pela prematuridade. Neste estudo transversal, foram estudadas 34 membranas corioamnióticas de gestações complicadas por TPP e 39 de gestações complicadas por RPM-PT, cujos partos ocorreram no período compreendido para a prematuridade. Como grupo controle foram incluídas no estudo 44 membranas corioamnióticas de partos a termo. As membranas corioamnióticas foram coletadas e a extração total de DNA foi realizada pelo Kit genomic-Prep Mini Spin e os níveis de 8-OHdG níveis foram analisados pela técnica de ELISA empregando-se o kit Highly Sensitive 8-OHdG. Em relação aos dados obtidos, os níveis de 8-OHdG nas membranas corioamnióticas do grupo termo foram significativamente maiores que nos grupos prematuros (p<0,001). Os níveis de 8-OHdG foram também mais elevados no grupo de termo do que nos grupos PTL ou RPM-PT (p<0,001), respectivamente. Nossos dados reforçam a tese que os danos oxidativos estão presentes nas membranas corioamnióticas de gestações a termo como consequência de um processo fisiológico do envelhecimento dos tecidos gestacionais. O segundo objetivo deste estudo foi analisar a associação entre corioamnionite histológica, ocorrência de apoptose e níveis de 8-OHdG em membranas corioamnióticas de gestações complicadas por RPM-PT e TPP. Foi realizado um estudo prospectivo e um total de 60 gestantes foram recrutadas, sendo 31 gestações complicadas por RPM-PT e 29 com TPP. Após o parto, as membranas corioamnióticas foram submetidas ao exame histopatológico, à análise dos níveis de 8-OHdG por ELISA, empregando-se o kit Highy Sensitive 8-OHdG, e quanto a ocorrência de apoptose pela imunomarcação da proteína p53. A corioamnionite histológica foi detectada em 64,5% das membranas corioamnióticas do grupo RPM-PT e em 44,8% do grupo TPP (p = 0,12). A ocorrência de apoptose no grupo RPM-PT (32,2%) foi semelhante no grupo TPP (24,1%) (p=0,48). Os níveis de 8-OHdG no grupo TPP [0,71 (0,43-1,38)] foram significativamente maiores do que no grupo RPM-PT [0,53 (0,37-0,69)] (p = 0,02). A análise de regressão logística entre esses mecanismos demonstra que apenas a corioamnionite histológica está relacionada à apoptose (OR = 3,7; IC 95% = 1,19-14,9; p = 0,04). Concluimos que entre os fatores analisados a corioamnionite e a imunomarcação da proteína p53 foram mais prevalentes no grupo de mulheres acometidas pela RPM-PT, que os níveis de 8-OHdG foram mais elevados no grupo de mulheres acometidas pelo TPP e que entre estes fatores a corioamnionite histológica parece estar mais claramente associada à ocorrência de apoptose em membranas corioamnióticas de gestações complicadas por prematuridade espontânea. O terceiro objetivo deste estudo foi analisar a associação de desfechos neonatais adversos, especialmente a sepse neonatal precoce, em gestações complicadas por RPM-PT e TPP na presença de corioamnionite histológica. Foi realizado um estudo caso-controle e um total de 73 gestantes foram incluídas no estudo, sendo 39 gestantes com RPM-PT e 34 com TPP. Após o parto, as membranas foram submetidas ao exame histopatológico e os recém-nascidos foram avaliados para o diagnóstico de eventos adversos: escore de Apgar <7 aos 5 min e 10 min, admissão em unidade de terapia intensiva neonatal, dificuldade respiratória, intubação traqueal e sepse neonatal precoce (SNP), esta última definida como sendo uma síndrome clínica observada nas primeiras 72 h de vida do recém-nascido. Em ambos os grupos as características maternas e neonatais (idade materna, índice de massa corpórea, etnia, paridade, idade gestacional e peso do recém-nascido) não foram significativamente diferentes. Entre as variáveis analisadas no contexto da prematuridade observamos que a SNP foi a mais prevalente no grupo RPM-PT e corioamnionite distinguindo-se estatisticamente (p = 0,04). Os outros desfechos neonatais adversos não mostraram diferença estatística entre si ou entre as patologias obstétricas envolvidas na pesquisa. No modelo de regressão logística, verificou-se que a presença de corioamnionite histológica (OR = 7,4, IC 95%= 1,95-35,9, p =0,0005), o desconforto respiratório (OR = 3,5; IC 95% = 1,02-12,9; p = 0,049) e RPM-PT (OR = 9,8; IC95% = 2,95-38,5; p = 0,0004), entre as variáveis independentes, influenciaram diretamente a ocorrência de SNP. A análise da curva ROC reforça a tese que a corioamionite, o desconforto respiratório e a RPM-PT são critérios relevantes para o evento de SNP com índices de sensibilidade de 76% e especificidade de 82%, respectivamente. Conclui-se que a corioamnionite histológica, o desconforto respiratório e a ocorrência de RPM-PT estão associadas a desfechos neonatais adversos, especialmente a ocorrência de sepse neonatal precoce.

Descrição

Palavras-chave

Prematuridade, Corioamnionite histológica, Estresse oxidativo e apoptose

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