Ecos medievalizantes na poesia de Manuel Bandeira: um exercício de aprendizagem poética

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Data

2009-09-02

Autores

Silveira, Juliana Fabrícia da [UNESP]

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

Esse trabalho analisa a presença de ecos medievalizantes na poesia de Manuel Bandeira como exercício de aprendizagem poética. Para isso, selecionamos alguns poemas de Bandeira que possuem uma vinculação mais explícita com a lírica medieval, seja pela temática, seja pela forma, embora esses ecos perpassem por toda sua produção poética. A influência decisiva da poesia medieval portuguesa é apontada pelo próprio poeta em suas cartas, crônicas e na autobiografia intelectual Itinerário de Pasárgada e se manifestam de modo exemplar nos poemas analisados neste trabalho (“Cantiga de amor”, de Mafuá do Malungo; “Canção das muitas Marias”, de Opus 10; “Cantar de amor” e “Cossante”, de Lira dos Cinquent’anos; “Solau do desamado”, de Cinza das horas; e “Rimancete” e “Baladilha arcaica”, de Carnaval). Cada um deles empreende uma relação diferente com o medieval, ora pela negação dos arquétipos da poesia antiga, ora pelo tom de homenagem. Enfatizando o modo como se realiza essa recuperação da poesia medieval, o trabalho dá destaque ao fato de que a poesia de Bandeira modula e problematiza os pressupostos de liberação do passado e do lusitanismo característicos do Modernismo de 1922. Esse gesto não se baseia em um espírito de continuidade, mas funciona como experimentação que permite a Bandeira se especializar e se singularizar dentro de um campo que destaca o caráter rítmico e profano da poesia.
The aim of this work is to analyze the presence of medieval echoes in Manuel Bandeira‟s poetry as an exercise of poetic learning. To this end, some of Bandeira‟s poems which a more explicit connection with medieval lyrics either thematic or formal were selected, although these echoes can be identified throughout his poetic works. The crucial influence of Portuguese medieval poetry is pointed out by the poet himself in his personal letters, chronicles and intellectual autobiography named Itinerário de Pasárgada, and in an exemplary way in “Cantiga de amor”(Mafuá do Malungo); “Canção das muitas Marias” (Opus 10); “Cantar de amor” and “Cossante” (Lira dos Cinquent’anos); “Solau do desamado” (Cinza das horas); “Rimancete” and “Baladilha arcaica” (Carnaval), poems analyzed in this work. Each poem undertakes a different relationship with the medieval element, either by the denial of traditional poetry archetypes or by showing signs of respect. When emphasizing how this return of medieval poetry is realized, this work highlights the fact that Bandeira‟s poetry modulates and problematizes the presuppositions of rupture from (Luso-medieval) tradition, characteristics of Brazilian Modernism in 1922. The poet‟s attitude is not based on a spirit of continuity. It works as an experiment that allows Bandeira to have a specific and singular style within a field which emphasizes the rhythm and profanity of poetry.

Descrição

Palavras-chave

Bandeira, Manuel, 1886-1968 - Crítica e interpretação, Poesia brasileira - História e crítica, Influência poética, Poetic tradition, Medieval poetry, Brazilian modernism

Como citar

SILVEIRA, Juliana Fabrícia da. Ecos medievalizantes na poesia de Manuel Bandeira: um exercício de aprendizagem poética. 2009. 126 f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, 2009.