Araraquara - FCLAR - Faculdade de Ciências e Letras

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  • ItemDissertação de mestrado
    Vivências compartilhadas, memórias que se entrelaçam: histórias de negros na Terra da Saudade
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2024-01-19) Gubbiotti, Michele Fernanda Sabino [UNESP]; Danaga, Amanda Cristina [UNESP]; Unesp
    Esta dissertação versa sobre memórias e procura resgatar histórias que foram negligenciadas pelos registros oficiais. Busca escrever textualmente as experiências dos negros em Matão a partir das narrativas individuais e das lembranças da pesquisadora. A hipótese é que essas experiências foram omitidas ou estereotipadas, o que mostra a necessidade de outra abordagem para evitar a perda dessas histórias na efemeridade das lembranças. O estudo procura preencher lacunas, enfatizando a importância da memória do negro em Matão e da oralidade na preservação das vivências de classes marginalizadas e racializadas que foram apagadas dos registros oficiais. Por meio da autoetnografia e da etnografia de histórias de vida, objetiva-se construir histórias de negros em Matão, no interior de São Paulo, considerando a perspectiva das presenças múltiplas, ou seja, negros e não negros contribuindo para o tecimento de uma história não observada no material oficial. O povoado surgiu uma década após a Abolição da Escravatura, apresentando significativa presença de pessoas negras no primeiro bairro e na incipiente cidade. Mais tarde, o urgimento do Clube Henrique Dias pôde demonstrar as configurações sociais da época que excluíam o negro por inúmeras razões, possivelmente como consequência do escravismo e das características da sociedade que se formava. Por meio das memórias, considerando também aspectos históricos da sociedade brasileira, a pesquisa busca registrar e compreender as experiências de uma população que foi apagada da história da cidade. Os resultados do estudo proporcionam um conjunto de informações a partir da perspectiva do próprio campo, contribuindo para a desconstrução de imagens retratadas na historiografia oficial, bem como o preenchimento dos vazios neste registro. Oferece, ainda, à comunidade negra matonense um espaço na história da cidade, sendo uma de inúmeras outras versões de histórias de negros. A combinação da autoetnografia com a etnografia de histórias de vida, isto é, a (auto) etnografia, segundo a pesquisadora convencionou denominar, auxiliou na construção desta narrativa, por meio da escrita das próprias lembranças e dos encontros com pessoas, negras e não negras, para falar dos negros na história do município. Não foi delineado um recorte temporal, pois os eventos que vêm à tona por meio da memória não seguem uma ordem cronológica. No entanto, ao investigar uma história de negros na cidade, o campo trouxe alguns tempos em específico, como as décadas de 1940 a 1980, lugares como a Vila Santa Cruz, as Fazendas do Cambuhy e situações como a impossibilidade de entrar em Clubes no Centro, fundados por imigrantes europeus. Ao resgatar e documentar as histórias nesta região, a pesquisa contribuiu para uma narrativa mais inclusiva do passado, ao reconhecer a relevância que cada voz desempenha na composição da identidade e da herança cultural de uma comunidade. Espera-se que o estudo seja uma inspiração para pesquisas futuras destinadas a reconhecer e preservar a diversidade e a riqueza de histórias de negros negligenciadas nos mais variados territórios.