Dissertações - Letras - FCLAS

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    A representatividade da violência doméstica contra a mulher nos contos de Marina Colasanti: um estudo interdisciplinar entre Direito e Literatura
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-09-04) Gomes, Renata Giantomassi; Ramos, Karin Adriane Henschel Pobbe [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Esta dissertação apresenta reflexões acerca das relações que se estabelecem entre Literatura, Direito e vida social, especificamente no campo da violência doméstica e familiar contra a mulher. A relação interdisciplinar fica evidente nas discussões levantadas sobre o feminismo, no Brasil e no mundo, e suas conquistas, nos dois campos do saber. As discussões abrangem aspectos históricos, sociais, jurídicos e literários, e passam por vários autores, como Rousseau (2005), Bourdieu (2003, 2005), Wollstonecraft (1998), Beauvoir (1967), Pinto (2010) e Oliveira (1999). Dentro do campo literário, questões sobre a literatura de autoria feminina são trazidas por vários nomes, por exemplo, Coelho (1993), Duarte (1990), Showalter (1994), Xavier (1996). Ao final, as discussões identificam as interfaces entre os mundos jurídico e literário, na medida em que chegam ao mesmo destino – a violência contra a mulher –claramente estampada nos contos eleitos de Marina Colasanti: “Para que ninguém a quisesse” (1986), “Ela era sua tarefa” (1986), “Com a honra no varal” (1986), “Uma questão de educação” (1986), “Porém igualmente” (1986), “Verdadeira estória de um amor ardente” (1986), “Por preço da ocasião” (1986) e “A moça tecelã” (1999). Nas narrativas dos contos, são analisados os elementos narrativos (REUTER, 2002; CANDIDO; 2006, 2012), e os mecanismos de construção da violência doméstica e familiar contra a mulher (SAFFIOTI, 1992; ZOLIN, 2005ª), inclusive sob a ótica do Direito Penal brasileiro (BIANCHINI, A.; BAZZO, M.; CHAKIAN, S., 2021), visando deflagrar processos de subjetivação de mulheres que, uma vez identificadas com as personagens femininas, sejam capazes de romper relacionamentos abusivos. Feita dessa forma, a pesquisa permite identificar, portanto, a inter-relação entre os campos jurídico e literário.
  • ItemDissertação de mestrado
    Culturas híbridas: o papel das artes no ensino de ELE
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-02-05) Menezes, Erika Gomes Roberto de; Pandolfi, Maira Angélica [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001 e é resultado de reflexões sobre o papel da arte no ensino de espanhol como língua estrangeira (ELE) e sua importância para a construção de uma aprendizagem significativa e dialógica. O contexto brasileiro para o ensino de ELE é singular devido à proximidade territorial, cultural, histórica e política na qual os países latino- americanos estão inseridos. Diante desse cenário, a pesquisa objetivou traçar um panorama do ensino de ELE no Brasil e como as artes e as questões culturais são tratadas nesse âmbito. Para esse fim, teóricos como Canclini, Bakthin, Cândido, Bhabha, Santiago e Pizarro foram basilares para se compreender os conceitos de cultura, América Latina, entre-lugar, arte e responsabilidade. Apoiados nesses constructos e a partir das experiências docentes, essa dissertação aspirou apontar caminhos para que professores de LE promovam um ensino que favoreça uma formação crítica aos estudantes, possibilitando a todos um posicionamento reflexivo frente a assuntos de seus interesses, relacionando o seu conhecimento de mundo aos novos diálogos estabelecidos.
  • ItemDissertação de mestrado
    A semiótica no ensino fundamental II: uma caminho para leitura
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2018-02-23) Dolci, Denize; Ramos, Karin Adriane Henschel Pobbe [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    O ensino de Língua Portuguesa nas escolas visa trabalhar, dentre outras, as habilidades e competências dos estudantes em relação à escrita de textos formais dos mais variados gêneros. Pensando nisso e buscando um caminho para que a aprendizagem da leitura e da produção de textos possa ser mais eficaz, essa pesquisa propõe uma intervenção pedagógica para as práticas de leitura e de produção textual, centrada nos pressupostos teóricos da teoria semiótica greimasiana, que será a base para as atividades desenvolvidas em sala de aula. Os gêneros escolhidos foram o curta-metragem e, consequentemente, o roteiro, já que este pressupõe aquele. Essa pesquisa é relevante pelo fato de, se bem sucedida, poderá trazer contribuições ao ensino, bem como tornar a teoria semiótica algo acessível aos estudantes. Quanto à metodologia, a pesquisa está alicerçada nos fundamentos da pesquisa qualitativa em educação, configurando-se, portanto, como um estudo de caso.
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    O decoro do romance em antónio da fonseca soares: estudo sobre um gênero poético em profunda contradição social
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-02-04) Nascimento, Dimas Caetano do; Moraes, Moraes, Carlos Eduardo Mendes de [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    A partir das operações internas da chamada “instituição retórica”, definidora de convenções para a poesia letrada, durante séculos, estabeleceram-se regras de decoro para o “Romance”, enquanto gênero poético de origem oral e bastante ligado à poesia popular, sendo também de grande circulação no século XVII português, enquanto gênero apropriado à poesia de corte. Com isso em vista, esta dissertação debate diversas possibilidades de composição de poemas do gênero, focando principalmente a poesia lírica atribuída a António da Fonseca Soares (Vidigueira, Portugal, 1631-1682), considerado um dos melhores engenhos e romancistas do seu século e lugar. Metodologicamente, recorreu-se às reflexões histórico-sociais de Curtius, Zumthor e Menendez Pidal; às reflexões retórico-literárias de Hansen, Carvalho, Pécora e Muhana e, finalmente, a algum suporte filológico propiciado pela busca à tradição das práticas letradas desde a Antiguidade Greco-Romana, com auxílio mais uma vez de Hansen e outros. Os resultados finais mostram, por intermédio de alguns casos estudados, a flexibilidade e a versatilidade do gênero, na emulação do popular pelo erudito/culto, praticado como modo de controle da voz vilã e demonstração virtuose retórico-poética, entre letrados cortesãos do século XVII.
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    O elemento histórico-social na composição estética de Leite derramado, romance de Chico Buarque
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-06-06) Silva, Thiago Marcos da; Martins, Gilberto Figueiredo [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Este trabalho tem como foco a análise interpretativa de alguns aspectos temáticos e formais do romance Leite derramado, de Chico Buarque, com destaque para a representação literária da realidade histórico-social brasileira. Apesar de ser uma breve saga familiar em termos de extensão contada em pouco mais de duzentas páginas, o livro torna-se denso e longo em termos de alcance da narrativa e da matéria histórica. Além disso, é concebido como uma alegoria do Brasil, visto que ao narrar pela perspectiva autodiegética a gênese de sua família, Eulálio d’Assumpção traz à tona elementos históricos e sociais caros à nossa História oficial. À luz da teoria e da crítica de György Lukács, Walter Benjamin, Antonio Candido, Roberto Schwarz, entre outros autores, este estudo investigará as relações entre a história, a memória, a sociedade e suas representações literárias no romance em tela. A análise revisita ainda a discussão acerca da problemática estética da narrativa pós-moderna brasileira em sua forma romanesca, sendo essencial o amparo das reflexões e leituras de Anatol Rosenfeld e Walnice Nogueira Galvão, que junto dos autores da chamada Geração de 1930, como o pai do escritor, Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre (autores que contribuem na interpretação histórica e sociológica do Brasil) compõem a lista dos autores das principais obras que constituem o arcabouço teórico selecionado para a realização desta pesquisa. Leite derramado é o cerne desta exegese por se tratar de uma obra de excepcional representatividade do Brasil de ontem e de hoje. Assim, o romance é concebido em plena maturidade do autor e de sua consciência artística em relação às concepções estético-literárias.
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    Teatro e política no Brasil da década de 1930: os casos Joracy Camargo e Oswald de Andrade
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-04-11) Silva, Renan Carvalho da; Martins, Gilberto Figueiredo [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Este trabalho tem por objetivo analisar como o engajamento de três peças politizadas da década de 1930 são estruturados ao decorrer do texto, sendo as obras O bobo do rei (1931), Deus lhe pague... (1932), ambas de Joracy Camargo, e O rei da vela (1937), de Oswald de Andrade. Para tanto, utilizaremos como aporte teórico as obras História do teatro brasileiro (2012), de João Roberto Faria, O teatro brasileiro moderno (2003), de Décio de Almeida Prado, A hora do teatro épico no Brasil (2016), de Iná Camargo Costa, A política dos palcos (2013), de Angélica Ricci Camargo, Comédia e riso uma poética do teatro cômico (1996), de Ivo C. Bender, entre outras. O teatro político, também considerado pela crítica como teatro didático, visa pôr em cena as mazelas da sociedade, instigando o público a refletir sobre o problema, ao passo que sugere certa medida embasado em algum pensamento político-filosófico. Dessa forma, vale observar quais meios encontrados por Joracy Camargo e Oswald de Andrade – às voltas de um governo cada vez mais autoritário, como o de Getúlio Vargas - para manifestar o discurso político de base marxista nas peças dramáticas, expondo a desigualdade social, a exploração do trabalhador e o acúmulo de capital pela elite brasileira.
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    Poéticas teatrais em confronto: uma análise da poética armorial suassuniana à luz do debate sobre o teatro nacional-popular
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-02-03) Conessa, Gabriel da Silva; Marques, Francisco Cláudio Alves [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Desde sua atuação no TEP – Teatro do Estudante de Pernambuco, criado em 1940, à assinatura do Manifesto do Teatro Popular do Nordeste, em outubro de 1961, até o lançamento do Movimento Armorial em Recife, em 1970, Ariano Suassuna traçou uma longa trajetória inspirando-se na cultura popular do Nordeste para suas composições teatrais. Ao longo desse trajeto, foi tecendo gradativamente os fios de sua poética, que veio a se chamar Armorial. No curso das várias experimentações teatrais, compôs algumas peças e entremezes nos quais é possível identificar parte das teses apresentadas no Manifesto de 1961, as quais davam continuidade aos procedimentos que já vinham sendo colocados em prática desde a década de 1940, no TEP. Esta pesquisa tem como objetivo analisar a poética armorial suassuniana à luz do debate sobre ao teatro nacional popular dos centros populares de cultura (CPCs), como foco no Manifesto de 1961, concebido pelos dramaturgos Ariano Suassuna e Hermilo Borba Filho como uma forma de sistematizar os elementos de uma arte teatral fiel às tradições e à cultura popular do Nordeste.
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    Ao repique da marimba e do pandeiro: a voz e o verso de Luiz Gama e Inácio da Catingueira como “discursos fundadores” da poesia negra brasileira
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-02-10) Lima, Gustavo Henrique Alves de; Marques, Francisco Cláudio Alves [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Zilá Bernd (1992) observa que a literatura brasileira negra que pode ser realmente considerada negra é aquela que exprime a experiência comum da opressão e de preconceitos sofridos por um grupo, caracterizando-se pela emergência de um sujeito enunciador que assume sua condição negra no tecido poético e que, ao fazê-lo, revoga o uso tradicional onde o negro era o outro, era o objeto, e não o sujeito. Nesta pesquisa, utilizando o conceito esboçado por Bernd, procuramos demonstrar que a poesia satírica de Luiz Gama se coloca como "discurso fundador" da literatura negra produzida no período romântico, como apontou a autora; e que, no âmbito da poesia popular oral e da literatura de cordel, produzida no mesmo período, as composições do repentista negro Inácio da Catingueira podem ser também assim consideradas, haja vista que, assim como Gama, Inácio emerge como sujeito enunciador que assume sua condição negra na sua tessitura poética no contexto do Nordeste pré-abolicionista. Ambos os poetas, sujeitos de seus discursos, se apropriaram de formas poéticas correntes para, por meio delas, construir espaços em que pudessem se fazer ouvir, uma vez que não só dialogavam com as noções correntes de raça, como afirmavam suas identidades a partir de fragmentos da memória da escravidão e de seu universo cultural.
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    Marcas do "novo gótico americano" em Sempre Vivemos no Castelo (1962), de Shirley Jackson
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-02-07) Vasconcelos, Juliana Porto; Marques, Francisco Cláudio Alves [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Nesta pesquisa identificamos e analisamos as marcas do chamado “Novo Gótico Americano” na obra Sempre Vivemos no Castelo (1962), da escritora americana Shirley Jackson (1916-1965). Além de procurar identificar as marcas do novo gótico presente no referido romance, procuramos demonstrar que, embora seja herdeiro das produções góticas inglesas, geralmente fundadas no terror físico e no horror social, o gótico americano se diferencia daquele por centrar sua escrita no terror mental e no horror moral, segundo Frederick Frank (1968), especialmente por captar a irracionalidade e o caos de uma época ao desvelar o dark side da psique americana. Shirley Jackson escreveu diversas obras nas quais podemos encontrar elementos góticos, quase sempre histórias que, a priori, podem parecer algo do cotidiano de qualquer família americana da época. Mas esta obra surge particularmente quando Jackson havia retomado a escrita de romances, dando total ênfase ao papel da mulher na sociedade patriarcal do início dos anos 1960 na cultura dos Estados Unidos da América. Esta obra mostra, através dos elementos góticos, o que a dominação e alienação patriarcal podem fazer às mulheres.
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    Jogo ficcional: a estética de Lourenço Mutarelli
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-02-14) Ferreira, Cibele Barbosa; Martins, Gilberto Figueiredo [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    O trabalho propõe uma análise da estética de Lourenço Mutarelli a partir do reconhecimento da expressão de algumas linhas de força e suas reincidências em diferentes formas artísticas por meio da intersecção entre elementos visuais e verbais para a construção de sentido narrativo. Em um primeiro momento, privilegia-se a análise de suas histórias em quadrinhos e de procedimentos artísticos utilizados no surgimento de perspectivas reincidentes em suas obras, tais como a representação da ruína e do vazio, bem como o dinamismo propiciado pela inserção do enigma e da manipulação da memória como recursos composicionais. Posteriormente, contextualiza-se a persistência dessas perspectivas na dinâmica do jogo e seus desdobramentos formais nos primeiros romances do autor, a qual encontra na construção do ponto de vista seu pleno desenvolvimento. Por fim, investigam-se as ressonâncias das linhas de força identificadas a partir da mudança formalizada na opção pela narração heterodiegética, sobretudo no romance "A arte de produzir efeito sem causa" (2008). A escolha por determinada atitude narrativa, a permanência do vazio e da necessidade de seu preenchimento pela reiteração de afetos, bem como sua expressão em palavras e imagens e o protagonismo da linguagem ressentida, são pistas para a compreensão da instauração de uma estética circular que, por fim, sugere uma transformação das condições representativas da literatura brasileira contemporânea.
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    Escritas de si em Anarquistas, graças a Deus e Città di Roma, de Zélia Gattai
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-01-28) Bito, Vanessa; Andrade, Cátia Inês Negrão Berlini de [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Em relação às escritas de si, em específico as modalidades da autobiografia e das memórias, Zélia Gattai se destaca no cenário literário. Essa autora, neta de imigrantes italianos que se estabeleceram em São Paulo, escreveu muitos livros de autobiografia e memórias, narrando a história de sua vida e de toda família. Entre as obras escritas, podemos destacar: Anarquistas, graças a Deus (1979) e Città di Roma (2000). Ambas apresentam muitas similaridades entre si e tais semelhanças serão analisadas no decorrer dessa pesquisa. Zélia Gattai, por meio da escrita memorialista, faz uso de uma linguagem simples e de estruturas muito semelhantes nas duas obras, aborda episódios da infância mostrando a relação entre a família, amigos, além de desenhar um painel geral sobre o contexto histórico e social no qual viveu. Diante disso, é interessante fazermos uma análise das duas obras evidenciando as semelhanças em relação à maneira da composição de suas escritas de si.
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    A construção da figura de Camilo Castelo Branco na obra Fanny Owen, de Agustina Bessa-Luís
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-02-04) Nonato, Brenda de Oliveira; Ferreira, Sandra Aparecida; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Esta dissertação propõe uma análise da elaboração da figura de Camilo Castelo Branco composta no livro Fanny Owen, de Agustina Bessa-Luís, publicado em 1979. Pretendemos investigar na obra da autora, de que modo a personagem criada a partir de uma história verídica e do jogo intertextual com narrativas de Camilo Castelo Branco, é trabalhada e reinterpretada a fim de se propor uma nova perspectiva dos fatos. Para tanto, busca-se demonstrar como acontece a ficcionalização da História nesta obra agustiniana a partir de recursos da metaficção historiográfica estabelecidos pela ensaísta canadense Linda Hutcheon (1990). A partir de estudos sobre as semelhanças literárias entre Agustina Bessa-Luís e Camilo Castelo Branco é possível observar como a vida e obra do romancista exerceram imenso fascínio sobre a escritora portuguesa. Nesse caso, o propósito desta dissertação é compreender como Agustina Bessa-Luís utiliza-se de mecanismos estéticos em sua narrativa para reescrever acontecimentos históricos a partir de um diálogo constante entre história e ficção. Por fim, a base teórica para a realização desta pesquisa inclui os estudos de Maria de Fátima Marinho (1998) acerca do romance histórico em Portugal e a respeito da intertextualidade, Júlia Kristeva (2005) e Tiphaine Samoyault (2008).
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    A melancolia e a representação histórica em "Selo de Minas", de Carlos Drummond de Andrade
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-02-04) Fialho, Maria Luiza Silva; Santos, Fabiano Rodrigo da Silva; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Esta proposta de pesquisa visa considerar a composição da melancolia e dos elementos históricos em Claro Enigma (1951), de Carlos Drummond de Andrade, especificamente em “Selo de Minas”, umas das partes do livro de 1951, em que as imagens do passado como ruína demonstram, por meio da linguagem melancólica, a relação do autor consigo e com sua cidade natal. Claro Enigma se apresenta dentro da crítica literária como uma obra densa, que detém em si algumas outras “obras”, dada a profundidade com que é abordada cada uma de suas sessões. Portanto, é necessário um estudo que se debruce sobre suas temáticas, voltadas à infância em Itabira, à relação com a família e o espaço. “Selo de Minas”, tal como a obra completa, compartilha de temas elevados, carregados de poéticas negativas e alegorias do que se passou e se tornou história. Pretendemos investigar as imagens que revelam as intersecções entre antiguidade e modernidade, o sagrado e o profano, o que é belo e o que é grotesco. Analisaremos imagens carregadas de intenção alegórica, em que a significação da palavra se multiplica, ao mesmo tempo que cria brechas para a contemplação da ausência, esbarrando, inevitavelmente, em um sentimento melancólico. A gaucherie de Drummond remete à melancolia do sem-lugar: o poeta que se sente sem espaço dentro de qualquer configuração e busca se encontrar, resgatando a marca de Minas, o selo do espaço que o formou quanto pessoa. Portanto, há em “Selo de Minas” um profundo resgate pessoal do poeta, que busca resgatar sua relação com o espaço. O poeta reconhece na ruína dos casarões e igrejinhas um meio de conhecer o passado e de compreender o presente. Ele se coloca como um espectador cuja missão é relatar as visões que se formam sobre uma fantasmagórica Minas no século XX, valendo-se de um resgate aprofundado da memória, do dissoluto e do mitológico. Suas inquietações se transferem para a província e para os elementos interiores e como resultado, temos cinco poemas que resgatam a história como ruína, e a melancolia, como único prisma para interpretação do mundo moderno.
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    O ensino das literaturas africanas de língua portuguesa na Unesp-Assis
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-02-03) Cruz, Tiago Souza da; Annibal, Sérgio Fabiano; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Esta dissertação de mestrado tem por finalidade analisar os Programas da Disciplina Literaturas Africanas de Língua Portuguesa do curso de Letras/Licenciatura da Universidade Estadual Paulista câmpus de Assis (Unesp-Assis) entre os anos 1998 e 2018, com intuito de verificar as marcas teórico-literárias que expressam sua constituição, além de compreender como ela é delineada no âmbito acadêmico brasileiro, em especial no curso de Letras da Unesp-Assis. Ademais, analisa a entrevista de três docentes responsáveis pela disciplina no período em questão. Mais especificamente, busca desvelar o processo de criação da disciplina Literaturas Africanas de Língua Portuguesa no curso de Letras da Faculdade de Ciências e Letras de Assis; estabelecer relações entre as informações encontradas na análise do documento e as entrevistas dos professores que lecionaram a disciplina no supracitado curso; depreender as escolhas teóricas e metodológicas dos professores para afirmar a importância do ensino de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa nessa faculdade; articular a análise documental com as entrevistas para compreender as práticas e representações dos docentes e, a partir disso, construir um entendimento do processo histórico da disciplina e seu reconhecimento na academia. O trabalho com esses programas justifica-se pelo fato de estes serem um artefato tanto histórico quanto literário, um documento que recorta um período da história, neste caso, o do ensino das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa na Faculdade de Ciências e Letras de Assis. Para analisar esse documento, recorreu-se ao arcabouço teórico-metodológico de Roger Chartier, com sua abordagem das representações sociais dentro da História Cultural. Ainda, pelo fato de a disciplina estar centrada no âmbito universitário, com toda a complexidade que isso implica, têm-se como suporte teórico os conceitos de campo universitário e habitus, de Pierre Bourdieu. Os resultados indicam que a disciplina Literaturas Africanas de Língua Portuguesa está em transformação e em meio a disputas no campo acadêmico, por isso goza de um reconhecimento parcial como um componente curricular dos cursos de Letras, ou seja, essas literaturas ainda estão subordinadas à Literatura Portuguesa.
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    A ressonância de Odes et Ballades (1826), de Victor Hugo, no Romantismo Brasileiro: diálogos entre Victor Hugo, Álvares de Azevedo e Bernardo Guimarães.
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-02-04) Guimarães, Isabelle dos Santos; Santos, Fabiano Rodrigo da Silva; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    A pesquisa tem como objetivo analisar o diálogo entre as ballades de Victor Hugo e poemas da segunda geração romântica brasileira afiliados ao gênero da balada, em particular composições de Álvares de Azevedo e Bernardo Guimarães. Os poemas que constituem o corpus pertencem à obra Odes et Ballades (1826), de Victor Hugo, Lira dos Vinte Anos (1853), de Álvares de Azevedo e Poesias (1865), de Bernardo Guimarães, tendo sido adotada a perspectiva comparatista para o estudo proposto dos desdobramentos da balada entre a obra de Hugo e a dos poetas brasileiros aqui considerados. A balada, como gênero híbrido, flexível e de origem medieval (D’ONOFRIO,1995) ressurge no romantismo francês como uma forma de contestação dos modelos da poesia neoclássica. Com efeito, a teoria dos contrastes tratada pelo Prefácio a Cromwell (1827), de Hugo, como traço que distingue a sensibilidade dos românticos daquela cultivada pela arte dos antigos, é contemporânea ao lançamento das ballades. Assim, assinala o questionamento do modelo clássico por constituir elemento importante do projeto estético que orienta Odes et Ballades. As baladas permitem a Hugo flexibilizar as regras de verossimilhança e temas canonizados pela perspectiva clássica, bem como o decoro imposto aos gêneros, para o cultivo ritmos inventivos cujas modulações geram atmosfera propícia ao desenvolvimento de um universo poético onírico e fantástico. Essa parece ser a referência deixada por Odes et ballades a Álvares de Azevedo e Bernardo Guimarães, que criaram poemas tributários ao gênero da balada a partir de imagens e procedimentos que atestam a linhagem hugoana, porém, desenvolvidas de acordo com as disposições próprias de seus projetos estéticos, o que resulta em variações temáticas e procedimentais que demonstram o caráter flexível da balada. Em nosso trabalho, consideraremos a circulação e a recepção de Odes et Ballades, de Hugo junto aos românticos brasileiros a partir de trabalhos como o de Carneiro Leão em Victor Hugo no Brasil (1960), que permite considerar o caráter inovador, representado para o romantismo brasileiro, pela poesia de Victor Hugo. Presença frequente em periódicos brasileiros e estrangeiros, sobretudo portugueses e franceses, que circulavam entre nós, a obra de Victor Hugo marca o ambiente letrado brasileiro até o final do século XIX. Considerando, pois, essas circunstâncias, a pesquisa busca discutir as inovações representadas por Odes et Ballades para o romantismo, o diálogo estabelecido pelas obras de Álvares de Azevedo e Bernardo Guimarães com essa coletânea de poemas de Hugo, em particular no que concerne ao ideário estético partilhado por Odes et Ballades e algumas criações de nossos românticos. Tal perspectiva orientará o estudo comparado entre baladas de Hugo e composições de Álvares de Azevedo e Bernardo Guimarães. No diálogo das baladas de Hugo e Álvares de Azevedo, grosso modo, constata-se que os motivos hugoanos são vertidos nos poemas de Lira dos vinte anos sob uma espécie de adensamento da atmosfera subjetiva e aproximação da realidade íntima a partir do cultivo da estética dos contrastes. Já em Bernardo Guimarães, o diálogo com as baladas de Hugo é sobretudo paródico e permite a aclimatação de motivos tradicionais do romantismo a sugestões da realidade brasileira, bem como a exploração da estética dos contrastes como plataforma para o experimentalismo estético que atesta a consciência dos lugares-comuns cristalizados pelo romantismo.
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    As personagens femininas nas obras de Nilma Lacerda: um diálogo entre literatura e direito
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-02-01) Domingues, Cecília Barchi; Ferreira, Eliane Aparecida Galvão Ribeiro; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Esta dissertação tem por objetivo apresentar reflexões acerca das relações que se estabelecem entre Literatura, Direito e vida social. Para a consecução deste objetivo, a partir do aporte teórico da Estética da Recepção e do Efeito (JAUSS, 1994; ISER, 1979, 1999 e 1996) e da crítica feminista (SHOWALTER, 1984; ZOLIN, 2005), visou-se analisar se as obras juvenis de Nilma Gonçalves Lacerda estabelecem comunicabilidade com seu leitor implícito, suscitando interatividade na leitura; convocam à reflexão crítica; rompem com conceitos prévios, em especial acerca da escrita de autoria feminina e, assim, apresentam potencialidades que permitem a ampliação de horizontes de expectativa. Para tanto, tomou-se como objetos de estudo os seguintes livros de Lacerda: Sortes de Villamor (2010); Bárbara debaixo da chuva (2012); e Viver é feito à mão/Viver é risco em vermelho (2013). Justifica-se a eleição dessas obras, pois suas narrativas apresentam semelhanças paradigmáticas tanto na estrutura, quanto no tratamento de temas complexos, como preconceito relacionado a gênero, raça, crença, educação e condição social, exercendo, pela denúncia de realidades opressivas, função social (JAUSS, 1994). Seus protagonistas apresentam-se em fase de descobertas e definição da própria identidade, o que pode ser cativante para o jovem leitor, também em fase de formação identitária. Pela análise de seus enredos, pôde-se observar que discussões sobre gênero estão presentes na literatura juvenil, o que permite ao jovem leitor refletir sobre a vigência da legislação e sobre as diferentes problemáticas que sua ausência promove. Constrói-se a hipótese de que a leitura dessas obras de Lacerda (2010, 2012, 2013) pode atuar como uma ferramenta para humanização (CANDIDO, 1995), pelo fomento à reflexão crítica acerca das relações humanas em sociedade e sua relação com a efetivação de direitos e/ou sua privação.
  • ItemDissertação de mestrado
    “A huma Dama [...] [Enfor]cada por matar o seu f°”: o Romance Heroyco de António da Fonseca Soares (1631-1682)
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-02-05) Beloto, Carla Caroline Oliveira dos Santos; Moraes, Carlos Eduardo Mendes [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Esta dissertação é resultado de uma pesquisa que tem como proposta principal a compreensão da construção híbrida “Romance Heroico”, do poema atribuído ao poeta português Antônio da Fonseca Soares, que recebeu a didáscalia, “A huma Dama [...] [enfor]cada por matar o seu f°” (Ms. 392, BGUC). Tal informação reúne as características de um poema composto consoante a tradição dos versos heroicos para um tema corriqueiro, segundo o decoro da época, adequado para ser glosado em forma de romances, o que acaba por gerar tensões que se refletem (ou se explicam) na condução da narrativa. Na elaboração do texto, primeiramente, preocupamo-nos com a apresentação do homem poeta, posto que dados como a sua formação, sua fortuna crítica e os caminhos trilhados importam para a compreensão da complexidade do objeto de análise. Para tanto, iniciamos os estudos que possibilitaram a construção do perfil fonsequiano à luz da ficção (com a referência de José Saramago), que muito nos auxiliou na composição da fortuna crítica do poeta, biografia e persona poética (reconstituídas a partir de referências ora biografistas, ora acadêmicas), as quais associamos por fim o poema, objeto de análise, transcrito a partir da sua versão manuscrita (supostamente inédita). Sequencialmente, destacamos os estudos em torno dos principais procedimentos da crítica textual, basilares para a escolha do método de transcrição. Ao final, dedicamo-nos à análise dos aspectos literários e retóricos que argumentaram favoravelmente à proposição híbrida “romance heroico”, recorrendo aos manuais de retórica e poética da Antiguidade, tão caros ao seiscentistas, principalmente por intermédio do modelo de discurso judiciário (cf. Retórica de Aristóteles), do qual o autor fez uso a fim de ajustar a matéria corrente à gravidade de um tema heroico; em termos teóricos, para tanto, fizemos uso, das preceptivas poéticas em vigor de maneira a justificar a adequação decorosa vigente na escrita do século XVII. Os resultados da pesquisa demonstram os caminhos seguidos pelo eu lírico para a elevação da matéria, que se deu por intermédio dos intertextos com narrativas trágicas e com elementos da estrutura do discurso judiciário, dos quais o poeta se valeu, até o ponto de tornar a matéria popular adequada para ser narrada em metro heroico.
  • ItemDissertação de mestrado
    A gênese da noção de "Eu dividido" em textos de Marcel Proust
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-09-03) Oliveira, Bruno Castro de; Silva, Carla Cavalcanti e; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    O objetivo desta pesquisa é analisar como a noção de “eu dividido” é elaborada formalmente em À la recherche du temps perdu, de Marcel Proust. Partimos de duas hipóteses: que (i) a literatura estabelece relação com a filosofia predominante em seu tempo, como o próprio autor afirmou ao jornal Le temps, e que (ii) essa ligação é, além de temática, formal. O conceito de “eu dividido” (empregado pela maioria dos trabalhos de psicologia experimental publicados entre os anos de 1870 e 1900) localiza a origem da cisão do “eu” em problemas de ordem psicológica. No entanto, o conceito indicava apenas o fim da unidade do “eu”, sobretudo devido ao modo como se apresentava na época. Este último, desdobrando-se em outro desconhecido, desautorizava o domínio do ser sobre sua consciência. Proust confere outro tratamento a essa ideia. Sua assimilação no seio da escritura tem como efeito um arranjo do plano da expressão, que passa a ter características de estilo relacionáveis a essa noção, percebidas na narrativa a partir da descrição de personagens e das digressões do narrador. Para investigar como ocorre a passagem do tema à forma, utilizaremos o instrumental teórico-metodológico da crítica literária proustiana, sobretudo os estudos de Philippe Willemart, Edward Bizub, Jean-Yves Tadié, Gérard Genette e Roland Barthes.
  • ItemDissertação de mestrado
    A produção literária de Graziela Bozano Hetzel: reflexões sobre suas potencialidades na formação do leitor.
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-02-04) Zibordi, Maíra Isabel; Ferreira, Eliane Aparecida Galvão Ribeiro; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    No presente trabalho foram analisadas três obras de Graziela Bozano Hetzel; O colar de pérolas (2002), ilustrado por Andréia Resende; Estrelas de São João (2012), ilustrado por Elisabeth Teixeira; e A rede florida (2019), ilustrado por Anna Cunha. Para tanto, foram selecionados como aporte teórico os estudos sobre a Estética da Recepção e do Efeito (JAUSS, 1994; ISER, 1996 e 1999), visando a refletir sobre a forma como se configura em suas narrativas o diálogo entre texto verbal e imagético, se são obras que possuem vitalidade, se são cativantes, se estabelecem comunicabilidade com o jovem leitor e se, pelo tratamento de temática fraturante (BECKETT, 2009), ampliam seu horizonte de expectativa. Para a análise das ilustrações optou-se pelos estudos desenvolvidos por Linden (2011), Scott e Nikolajeva (2012) e Salisbury e Styles (2013). Optou-se por este aporte teórico devido às possibilidades de inferências criadas pela produção literária de Hetzel e imagética das ilustradoras, a partir da interação dialógica que a obra estabelece com o leitor. As obras foram eleitas, ainda, por apresentarem um trabalho significativo com a linguagem que as aproxima das crianças e do jovem leitor sem para isso, infantilizá-los. Constrói-se e confirma-se a hipótese de que a narrativa disposta nas obras selecionadas tem potencialidades que podem cativar o jovem à leitura, promovendo, assim, sua reflexão crítica, a humanização e emancipação intelectual, atuando como ferramenta de empoderamento social.
  • ItemDissertação de mestrado
    Luciferiano Criador: o complexo do demiurgo literário e a obra de arte como transgressão entre Inferno, de Dante, a poética de William Blake e A casa que Jack construiu, de Lars von Trier
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-02-03) Pauka, Gabriela Sá; Santos, Fabiano Rodrigo da Silva; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    A pesquisa propõe uma leitura do filme A casa que Jack Construiu (2018), de Lars von Trier, a partir do diálogo entre a Literatura e o Mal, mas mais especificamente de três de seus arquétipos: a demiurgia, a criação pelo mal e a viagem infernal. O filme, baseado na exposição de cinco dos assassinatos cometidos por um serial killer, delineia uma espécie de ensaio sobre a relação entre a arte e a perversidade ao mesmo tempo em que radica no solo árido da contemporaneidade ecos corrompidos das antigas ambições do grande gênio artístico. Assim, pretendeu-se investigar o modo como o filme opera a transcriação intermídia dos arquétipos literários, já que a distorção performada por Jack, protagonista, e Trier, cineasta, se imprime como atestado da angústia criativa da contemporaneidade. Os textos literários transcriados no filme são Inferno, segmento d’A Divina Comédia (1472) de Dante Alighieri e os poemas “Cordeiro” (“The Lamb”) e “O Tygre” (“The Tyger”), de Canções da Inocência e da Experiência (Songs of Innocence and of Experience, 1789) de William Blake. O filme de Trier, desse modo, apropria-se dos poemas e os distorce em um processo de bricolagem fílmica, produto próprio da criação pós-moderna. Os eixos metodológicos para a investigação são os Estudos Interartes, chancelados por Claus Clüver (1997, 2006, 2012); a perspectiva da criação como transcriação, desenvolvida por Haroldo de Campos (2015); as asserções de Linda Hutcheon (1947) sobre as noções de criação na pós-modernidade e, finalmente, as contribuições de Ingeborg Hoesterey (2001) sobre o pastiche cinematográfico. Convém ressaltar que as análises, mesmo interdisciplinares, estão vinculadas à tradição literária ocidental e à conceituação de pervivência para a Literatura desenvolvida por Haroldo de Campos (2015). Ou seja, na potencialidade de um original desdobrar-se por diversas temporalidades, ultrapassando as condições histórias de sua gestação. Sendo assim, buscou-se por momentos de “desfamiliarização”, por gestos anacrônicos, por visões de empréstimos e tudo mais que possa tornar claras as referências trierianas e as razões pelas quais o vínculo com o cânone literário é incontestável. Nesse sentido, a hipótese para o gesto mefistofélico se estabelece: desejou-se franquear a deformidade da leitura de Jack como possível alegoria do criador contemporâneo que, aterrado pelas referências canônicas, está mais propenso a depreender delas argumentos que corroborem com sua equivocada perspectiva histórica. Como produto final, a pesquisa instaura o sentido da possibilidade, de simbiose ilimitada que floresce e avoluma o espaço interartístico. Desejou-se, portanto, dialogar com a concepção de tradição literária como base sólida que autoriza as criações contemporâneas além de advogar pela instância disruptiva, de sentindo ilimitado, da pervivência literária.