Teses - Saúde Coletiva - FMB

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  • ItemTese de doutorado
    Modelo ecológico espaço-temporal de preditores de infecções relacionadas à assistência à saúde em unidades de terapia intensiva do estado de São Paulo
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-04-26) Limaylla, Dayanne Conislla; Fortaleza, Carlos Magno Castelo Branco [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    As Infecções Relacionadas a Assistência à Saúde (IRAS) são infecções frequentemente encontradas no ambiente hospitalar, e são causantes de alta morbidade e mortalidade no mundo. Dentre os pacientes hospitalizados, aqueles em maior risco de adquirir IRAS são os hospitalizados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Realizamos um estudo ecológico com o objetivo de identificar preditores de IRAS associadas a dispositivos em UTI do Estado de São Paulo, incluído características hospitalares, socioeconômicas e espaciais. Informações do sistema de notificação do Programa Estadual de Controle de Infecção para o período 2011-2018 foram coletadas. Dados foram georreferenciados e seus preditores analisados com regressão binomial negativa inflada de zeros. Constatou-se que a incidência de todos os três tipos de IRAS diminuiu ao longo do tempo, mas houve importantres diferenças regionais nas taxas. As incidências de Pneumonia Associada a Ventilação Mecânica (PAV) e de Infeçcção do trato Urinario (ITU) foram maiores nas regiões do interior do Estado e as taxas de Infecções primarias da Corrente Sanguinea (IPCS) ligeiramente superiores na Região Metropolitana da capital. Em análise multivariada, a distância da capital foi um fator associado positivamente a PAV (IRR:1,06, IC95%: 1,04-1,08) e ITU (IRR:1,03, IC95%: 1,01-1,05), e negativamente para as IPCS (IRR: 0,95, IC-95%: 0,93-0,97). Hospitais privados e filantrópicos assim como maior número de leitos hospitalares também apresentaram menores taxas para PAV, ITU e IPCS. Indicadores como o Indice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e Renda foram significativos apenas para as PAV, sugerindo que melhores índices desses determinantes se associam a menores casos da doença. Durante a análise espaço-temporal, vários clusters e hotspots significativos foram identificados próximos à Região Metropolitana. No entanto, com o passar do tempo, aglomerados menores e menos focos de calor foram encontrados, indicando ocorrências isoladas e redução da incidência nas áreas sob estudo. Estas descobertas nos mostram a necessidade de estratégias diferentes para redução de infecções em UTI nos hospitais localizados em áreas ao redor da região metropolitana e áreas distantes especificas no interior do estado.
  • ItemTese de doutorado
    Legislação sanitária e Covid-19: regulamentação de medidas não farmacêuticas em diferentes países
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-02-28) Teixeira, Rafael Monteiro; Fortaleza, Carlos Magno Castelo Branco [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    O vírus que provocou a atual pandemia da COVID (SARS-CoV-2) se disseminou com extrema velocidade pelo mundo e ficou amplamente conhecida como pandemia da COVID-19. Isso porque, ao final do ano de 2019 a província de Hubei, na cidade chinesa de Wuhan, registrou o primeiro caso da doença em meio a registros de vários casos de pneumonia grave. No dia 31 de dezembro daquele ano a OMS foi notificada acerca inúmeros casos de pneumonia sem origem determinada. Uma semana após o primeiro registro, as autoridades chinesas confirmaram se tratar de um novo tipo de coronavírus que recebeu o nome de SARS-CoV-2. Ainda no mesmo mês (30 de janeiro), a OMS emite alerta de emergência de saúde pública de importância internacional devido a velocidade com a qual se espalhara entre os continentes e, em 11 de março de 2020 a situação é classificada como uma pandemia. O objetivo deste estudo foi descrever as medidas legislativas adotas na Alemanha, Bélgica, Portugal, Canadá, Argentina e Brasil, que implementaram políticas públicas de saúde para o enfrentamento da pandemia provocada pela COVID-19, mediante a produção legislativa de cada país na implementação de medidas não farmacêuticas, especialmente normas relacionadas com medidas restritivas de direitos, de 01 de janeiro de 2020 até 31 de dezembro de 2021. Tratou-se de um estudo descritivo de políticas públicas baseadas na implementação de medidas não farmacêuticas para o controle da disseminação do vírus da COVID-19. O que se verificou no enfrentamento da pandemia da COVID-19 foi a ausência de medidas globais organizadas e padronizadas visando minimizar os efeitos da transmissão do vírus. A inegável importância da adoção de medidas não farmacêuticas, historicamente utilizadas no enfrentamento de pandemias anteriores, foi confirmada com a pandemia da COVID-19, pois a determinação do fechamento de escolas, a proibição de eventos com aglomeração de pessoas, o isolamento de pessoas contaminadas foi fundamental para o controle da disseminação do vírus enquanto vacinas e medicamentos não estavam ao alcance da população em geral. Palavras-chave: COVID-19; Legislação; Medidas não farmacêuticas.
  • ItemTese de doutorado
    Síndrome de Burnout e lazer no período próximo a aposentadoria
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-02-24) Vieira, Júlia Lelis; Lima, Maria Cristina Pereira [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Na década de 70 a Síndrome de Burnout ganhou evidência no ambiente acadêmico ao ser descrito pela publicação de Freudenberger como: esgotamento emocional, levando a uma despersonalização e sensação de baixa realização profissional. Inicialmente o público com maior prevalência desta síndrome eram os mais jovens, atualmente a ciência tem encontrado associação desse esgotamento também entre os trabalhadores que estão próximo de sua aposentadoria. Pesquisadores investigam estratégias de promoção à saúde neste sentido e seus achados apontam para a necessidade de uma educação voltada ao tempo livre e suas possibilidades, e uma das estratégias testadas na literatura é a educação para o lazer dentro dos programas de aposentadoria. Esta pesquisa tem por objetivo investigar a associação independente entre Síndrome de Burnout e lazer em funcionários públicos que estão próximos de suas aposentadorias. Trata-se de um estudo observacional analítico com delineamento transversal, realizado através de um questionário estruturado aplicado aos funcionários estatutários que estão a cinco anos ou menos de completar o tempo mínimo para aposentadoria. A variável dependente deste estudo foi a Síndrome de Burnout, mais especificamente os domínios que compõe a Síndrome de Burnout e a variável independente o lazer, sendo também utilizado outras variáveis por seus potenciais riscos confundidores nas análises. Devido ao período pandêmico, as entrevistas ocorreram de forma remota e aqueles sujeitos que se autodeclararam analfabetos digitais a pesquisa foi presencial com o apoio da Unidade de Pesquisa em Saúde Coletiva respeitando todo o protocolo sanitário. O modelo escolhido para análises dos dados foi de Poisson, e foi adotado um nível de significância estatística padrão de p igual ou menor que 0,05, para rejeição da hipótese de nulidade. A prevalência total da Síndrome de Burnout foi de 55,5%, sendo para Exaustão Emocional 41,2%, Despersonalização 31,1% e baixa Realização Profissional 13,4%. Os resultados deste estudo foram expressos em dois modelos – um para o domínio Exaustão Emocional e um para Despersonalização; o domínio Realização Profissional não apresentou resultados no modelo multivariado final devido à ausência de significância estatística. No modelo multivariado de Poisson para Exaustão Emocional frequência de lazer diária ou quase todos os dias associou-se inversamente ao domínio e, ser servidor da saúde associou-se positivamente à Exaustão emocional. Para o modelo multivariado final de Poisson para Despersonalização associou-se positivamente ao domínio a categoria profissional docente enquanto que, ter idade mais avançada e praticar atividades físicas associaram-se inversamente ao desenvolvimento da Despersonalização. Estes achados apontam que vivenciar lazer diariamente e praticar atividades físicas são ações que devem ser estimuladas na sociedade através da educação para o lazer, com o intuito de usar o conhecimento das experiências no tempo livre como ferramenta benéfica na promoção da saúde e prevenção de agravos, corroborando à literatura quanto a preparação para a aposentadoria.
  • ItemTese de doutorado
    Vulnerabilidade de mulheres que fazem sexo exclusivamente com mulheres e de mulheres que fazem sexo com mulheres e com homens à vaginose bacteriana.
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-04-12) Ignacio, Mariana Alice de Oliveira; Duarte, Marli Teresinha Cassamassimo [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    A vaginose bacteriana (VB) é a alteração mais comum da microbiota vaginal e pode ocasionar repercussões negativas à saúde sexual e reprodutiva da mulher. A literatura aponta elevadas prevalências de VB entre mulheres que se relacionam sexualmente com outras mulheres, o que fundamenta a necessidade de estudo de vulnerabilidade dessas mulheres ao agravo. Não foram encontrados estudos que utilizassem o referencial teórico da vulnerabilidade para analisar essa relação. Assim, o objetivo do estudo foi analisar a vulnerabilidade de mulheres que fazem sexo com mulheres e de mulheres que fazem sexo com mulheres e com homens à VB. Método: estudo transversal que incluiu 453 mulheres, classificadas em três grupos, segundo o tipo de parceria sexual nos 12 meses que antecederam à coleta de dados: grupo 1- 149 mulheres que fazem sexo exclusivamente com mulheres (MSM); grupo 2- 80 mulheres que fazem sexo com mulheres e com homens (MSMH) e grupo 3- 224 mulheres que fazem sexo exclusivamente com homens (MSH). A captação da amostra se deu em dois momentos distintos: de janeiro de 2015 a abril de 2017 e de janeiro de 2019 a janeiro de 2020 junto a dois projetos de pesquisa mais amplos, que investigaram diversos aspectos sobre a vulnerabilidade e saúde sexual e reprodutiva de mulheres que se relacionavam sexualmente com outras mulheres. Os dados foram obtidos por meio da aplicação de questionários, que abordaram as variáveis de interesse e exame ginecológico. O diagnóstico da VB foi realizado por exame microscópico do conteúdo vaginal, corado pelo método de Gram e classificado segundo Nugent et al., 1991 e os diagnósticos de papiloma vírus humano e Chlamydia trachomatis por reação em cadeia da polimerase. A classificação das variáveis de vulnerabilidade foi baseada no quadro de vulnerabilidade proposto por Ayres et al. em 2012. A análise de vulnerabilidade dos grupos à VB foi realizada por comparação das frequências das variáveis de vulnerabilidade e medianas dos escores de vulnerabilidade, empregando-se os testes Qui-quadrado ou Exato de Fisher e Mann-Whitney. A comparação das prevalências de VB entre os grupos foi realizada pelo teste Qui-quadrado. Foram realizadas regressões múltiplas de Cox para verificar se o tipo de parceria sexual se associou à VB e na identificação das variáveis de vulnerabilidade associadas ao agravo em cada um dos três grupos estudados. Diferenças estatisticamente significativas foram consideradas se p < 0.05. Ambas as pesquisas mães das quais este subprojeto foi derivado foram aprovadas pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Botucatu sob os pareceres n° 3.320.951 e n° 820.717. Resultados: A mediana de idade das participantes foi de 26 anos (18-55), a maioria era branca (74,8%), tinha 12 anos ou mais de estudo (76,1%), não vivia com parceria (79,2%) e tinha atividade remunerada (65,1%). As MSM e MSMH apresentaram maior perfil de vulnerabilidade à VB que as MSH, e as MSMH foram as mais vulneráveis à VB quando comparadas aos demais grupos. A análise do escore de vulnerabilidade apontou que as MSMH possuíam mediana de escore de vulnerabilidade significativamente maior que os demais grupos. As prevalências de VB entre MSM e MSMH foram significativamente semelhantes e superiores que a de MSH (35,6%a vs 36,3%a vs 23,2%b; p=0,013). O tipo de parceria sexual não se associou à VB - MSM [1,13 (IC95%: 0,71-1,78); p= 0,613] e MSMH [0,94 (IC95%: 0,56-1,56); p= 0,802]. As variáveis de vulnerabilidade associadas independentemente a esse desfecho foram diferentes entre os grupos estudados: anos de estudo concluídos foi fator protetor à VB [0,91 (IC95%: 0,82-0,99); p= 0,048] entre as MSM; cor da pele não branca [2,34 (IC95%: 1,05-5,19); p=0,037] entre as MSMH e troca de parceria sexual nos últimos três meses [2,09 (IC95%: 1,14-3,82); p= 0,017], o uso inconsistente de preservativo [2,61 (IC95%: 1,10-6,20); p= 0,030] e diagnóstico positivo de C. trachomatis [2,40 (IC95%: 1,01-5,73); p= 0,048] entre as MSH. Conclusão: As MSM e MSMH são mais vulneráveis à VB que MSH, sendo as MSMH o grupo mais vulnerável. As prevalências de VB foram significativamente superiores entre MSM e MSMH quando comparadas às MSH, entretanto, o tipo de parceria sexual não se associou a esse desfecho. As variáveis de vulnerabilidade associadas à VB foram diferentes entre os grupos estudados. Os resultados tomados em conjunto apontam para a necessidade de os profissionais de saúde considerarem o histórico de parceria sexual das mulheres, com vistas à proposição de estratégias eficazes para redução da sua vulnerabilidade a esse agravo.
  • ItemTese de doutorado
    Implantação de uma disciplina interprofissional em um Campus de expansão: contribuições para a formação discente e o desenvolvimento docente
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-03-07) Nunes, Lélia Cápua; Cyrino, Eliana Goldfarb [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    O objetivo do estudo foi analisar o processo de construção e implantação de uma disciplina integradora dos cursos da área da saúde em uma Universidade pública do interior de Minas Gerais. Foi realizado um estudo de caso com metodologia qualitativa na modalidade da pesquisa-ação, que contemplou desde a decisão conjunta da criação da disciplina, como um objetivo a ser alcançado pelo Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde/GraduaSUS, até o final de um semestre de implantação da iniciativa. Os métodos e técnicas de observação participante, grupo focal, entrevista semi-estruturada e análise documental foram utilizados para apreender a percepção dos docentes e estudantes e permitir a análise aprofundada do caminho percorrido na perspectiva da educação interprofissional, formação em saúde para o Sistema Único de Saúde e prática docente. Participaram do estudo docentes e estudantes dos cursos de: Educação Física, Farmácia, Fisioterapia, Medicina, Nutrição e Odontologia. A partir da análise de conteúdo do material emergiram treze categorias validadas: Inseguranças no enfrentamento da educação interprofissional; distanciamento entre teoria e prática na formação e educação interprofissional; caminhos para a educação interprofissional; o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde favoreceu o encontro entre as profissões; a Instituição como apoiadora-chave para processos de inovação; o trabalho docente frente às mil obrigações: a necessidade de valorização das atividades de ensino; a Educação Física e sua identidade como profissão da saúde; a Odontologia e a prática isolada; a Medicina na centralidade do cuidado; a aproximação entre as formações em saúde da Universidade e a percepção sobre trabalho interprofissional; o desenvolvimento da competência de trabalho em equipe; a experiência na disciplina como espaço de aprendizagem docente e mudança de paradigma; da prática isolada a uma prática em equipe interprofissional. Foi parcialmente confirmado o pressuposto de que a conformação de uma disciplina baseada nos fundamentos da educação interprofissional e interdisciplinar contribuiu positivamente para mudanças na formação em saúde para o cuidado integral no Sistema Único de Saúde. Houve resultados positivos na aquisição da competência de trabalho em equipe e na relação interprofissional entre discentes e docentes e transformação da prática docente. No entanto, houve limitações dos efeitos na reorientação curricular influenciadas por questões de níveis meso e macro, relacionadas à questões institucionais e de infraestrutura. Espera-se que estes resultados contribuam para compreensão das dinâmicas de interrelações, significados e representações socio-históricas e para consequentes avanços na incorporação e consolidação de ações de educação interprofissional nos currículos dos cursos da área da saúde.
  • ItemTese de doutorado
    Avaliação externa do PMAQ-AB e avaliação autoaplicável pelo sistema QualiAB: uma análise entre instrumentos de avaliação de serviços de Atenção Básica no Brasil
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-09-01) Nunes, Luceime Olivia [UNESP]; Castanheira, Elen Rose Lodeiro [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    As pesquisas sobre avaliação de serviços de Atenção Básica ganharam maior expressão no Brasil nos últimos 20 anos. O presente trabalho insere-se nesse movimento por meio de um estudo de comparabilidade entre duas diferentes metodologias de avaliação que são orientadas pelo mesmo foco e conjunto de valores que definem os padrões e critérios utilizados – a avaliação externa do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (AE-PMAQ-AB) e o sistema de Avaliação e Monitoramento da Qualidade de Serviços de Atenção Básica (QualiAB). Tem por objetivo geral analisar a viabilidade da adoção de avalições estruturadas de serviços de Atenção Básica, com foco na organização do processo de trabalho, serem feitas de modo remoto via plataforma web. Objetivos específicos: identificar a comparabilidade entre os instrumentos utilizados na AE-PMAQ-AB e no QualiAB; verificar a concordância das respostas entre os itens equivalentes; e comparar os resultados obtidos nas duas avaliações. O estudo foi constituído por uma amostra não probabilística do tipo intencional, extraída dos bancos de dados dos inquéritos do QualiAB e da AE-PMAQ-AB 3º Ciclo, ocorridos no estado de São Paulo entre 2017 e 2018. Participaram do QualiAB 2739 unidades de 514 municípios, e da AE-PMAQ-AB, 2693 unidades de 564 municípios com 4508 equipes Saúde da Família (eSF) e 1947 equipes de Saúde Bucal (eSB). As análises foram realizadas por meio da comparabilidade entre os instrumentos, concordância das respostas e correlação dos escores entre o QualiAB e os módulos I, II, V e VI da AE-PMAQ-AB. Os módulos III e IV (avaliação dos usuários e do NASF) não foram utilizados por se referirem a dimensões não exploradas pelo QualiAB. Para análise da concordância entre as respostas foram identificados serviços de AB de 434 municípios que responderam às duas avaliações, sendo 1855 unidades do módulo I (estrutura), 1491 do módulo II (organização do processo de trabalho da eSF) e 966 no módulo VI (processo de trabalho da eSB). Foram calculadas a acurácia, a sensibilidade e a especificidade entre os itens comuns às duas avaliações, analisadas com o teste de Kappa e qui-quadrado. Para análise da correlação entre os escores foram consideradas as 709 unidades básicas que responderam aos quatro módulos da avaliação externa do PMAQ (I, II, V e VI) e ao QualiAB, localizadas em 286 municípios. Para definição dos escores foi criada uma pontuação binária para a AE-PMAQ-AB, e para o QualiAB utilizou-se a pontuação já existente nesse sistema. Foram ajustados modelos de regressão linear com resposta normal como forma de explicar a variação do desempenho das unidades avaliadas pelo QualiAB em função do desempenho alcançado por meio da AE-PMAQ-AB, para os resultados obtidos no escore geral e em cada domínio. Como resultado da comparação entre os instrumentos foram identificados 158 itens equivalentes, que abrangem a estrutura, a gerência, o território e a diversidade de ações desenvolvidas na AB. Os 158 itens presentes nas duas avaliações correspondem a 10,8% dos que integram o QualiAB e 12,8% dos abordados pelo PMAQ-AB nos módulos selecionados. Na análise da concordância dos 158 itens pareados, 81,0% apresentou concordância maior que 0,700 e apenas um item apresentou concordância ˂0,500. Na análise dos escores, observou-se uma elevada correlação, com média de pontuação, geral e por domínios, maior nas unidades avaliadas pela AE-PMAQ-AB. Embora haja uma dispersão do escore geral, existe uma relação positiva entre as duas pontuações - o aumento dos escores da AE-PMAQ-AB é acompanhado pelo aumento dos escores do QualiAB. Os modelos ajustados de regressão linear apontaram que a cada 1 ponto a mais na AE-PMAQ-AB a pontuação QualiAB aumenta em média 0,51 pontos (b= 0,51), variando entre 0,23 (Atenção a Agravos de Relevância Epidemiológica e Social) e 0,69 (Saúde Bucal) nos domínios com significância estatística. Conclusões: a análise da equivalência entre as duas avaliações, embora tenha mostrado limites quanto à baixa porcentagem de itens pareados, mostrou-se positiva quanto à variedade de temas, quanto ao alto percentual de concordância entre as respostas, e quanto à correlação dos escores obtidos em cada avaliação. As avaliações via web apresentam menor custo e maior rapidez de acesso aos resultados por parte das unidades e dos gestores, e , se necessário, podem ser complementadas por avaliações externas por amostragem. Pode-se apontar assim a viabilidade de utilização de inquéritos eletrônicos de autorresposta com foco na organização do processo de trabalho, de modo a abranger a complexidade das ações realizadas pelos serviços de AB para uma atenção integral com base na saúde como direito, conforme previsto no SUS.
  • ItemTese de doutorado
    Efeitos de um programa de práticas parentais positivas em contexto de vulnerabilidade social
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-08-23) Martini, Juliana Aparecida; Padovani, Flávia Helena Pereira [UNESP]; Perosa, Gimol Benzaquen [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    As políticas públicas brasileiras têm voltado o olhar para a primeira infância, garantindo recursos básicos na saúde, educação, condições básicas de vida e moradia. No âmbito das políticas socioassistenciais, um dos focos seria o cuidado e o fortalecimento da capacidade protetiva das famílias através de programas e serviços. Dessa forma, o presente trabalho pretendeu avaliar o uso de um programa de intervenção direcionado às práticas parentais em famílias vulneráveis, atendidas dentro de um serviço social de acompanhamento familiar. Trata-se de um estudo quase-experimental, não randomizado, com comparações entre grupos e intragrupo, avaliações uni-cegas, e delineamento longitudinal. Foi composta uma amostra de conveniência com 30 familiares de crianças de 2 a 6 anos, beneficiárias do Programa VIVALEITE, divididos em dois grupos: Grupo Intervenção (GI) e Grupo Controle (GC). Foram utilizados os instrumentos: a) para seleção dos participantes: Ficha Cadastral de Beneficiários; b) para caracterização da amostra: Acompanhamento no CRAS, Ficha de identificação ACT, Adverse Childhood Experiences Study Questionnaire – ACE, Escala de Eventos Vitais; c) para avaliação das práticas parentais: Avaliação ACT, Escala de Parentalidade e Ajustamento Familiar – PAFAS; d) para avaliação do comportamento da criança: Questionário de Capacidades e Dificuldades - SDQ; e) para a intervenção Programa ACT – “Para Educar Crianças em Ambiente Seguros”; f) para avaliação do processo de intervenção: Exercício 6, letra b, da reunião prévia do Programa ACT, Questionário de Avaliação do Programa ACT, Subescala Sobre o Desenvolvimento Infantil da Avaliação ACT, Diários de Campo. Para o GI foram realizadas três avaliações, com aplicação dos respectivos instrumentos: 1ª avaliação (pré-intervenção): Avaliação ACT, PAFAS e SDQ; 2ª avaliação (pós-intervenção): Avaliação ACT, PAFAS, SDQ, ACE e Escala de Eventos Vitais; 3ª avaliação (follow-up): Avaliação ACT, PAFAS e SDQ. Para o GC foram realizadas duas avaliações com os mesmos instrumentos utilizados com o GI, com intervalo de dois meses e meio entre elas. Foram realizadas análises de comparação entre grupos (GI versus GC) e intragrupo (GI), considerando-se as três avaliações (pré-intervenção versus pós-intervenção versus follow-up) e análise quanti-qualitativa do processo de intervenção do GI. De acordo com os resultados, GI e GC eram semelhantes quanto às características sociodemográficas e indicadores de vulnerabilidade, porém houve diferença estatisticamente significativa quanto à idade das crianças (GCGI) e na subescala de Ajustamento Familiar (PAFAS) após a intervenção (GI > GC). Na comparação intragrupo (GI) foi observada diferença estatisticamente significativa em relação à subescala de Ajustamento Familiar do PAFAS (pós-intervenção>follow-up). Portanto, diferentemente do esperado, os resultados não indicaram aumento da frequência de práticas parentais positivas e diminuição de problemas comportamentais da criança, em curto e médio prazo, exceto quanto ao ajustamento familiar. Apesar da dificuldade inicial de adesão das famílias, observou-se índices elevados de fidelização ao programa e assiduidade e uma avaliação positiva do mesmo. Sugere-se, então, a adaptação do Programa ACT à realidade das famílias em vulnerabilidade social, considerando o contexto em que estão inseridas, suas necessidades e desejos, podendo se constituir como ação dentro do Serviço de Acompanhamento e Atendimento Integral a Família (PAIF).
  • ItemTese de doutorado
    (In)Justiça do trabalho. O adoecimento mental na perspectiva do judiciário trabalhista brasileiro: estudo documental
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-03-26) Barros Junior, José Otávio de Almeida [UNESP]; Dias, Maria Dionísia do Amaral [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Introdução: O mundo do trabalho está em permanente transformação, trazendo sempre desafios aos trabalhadores. Em sua configuração contemporânea destaca-se a exploração da subjetividade nos modos de organização e gestão dos processos produtivos, crescente precarização das relações e condições de trabalho, com severos impactos na saúde mental da classe trabalhadora. Objetivo: Compreender a percepção do transtorno mental relacionado ao trabalho pelo Poder Judiciário Trabalhista. Método: Foi realizado um estudo de abordagem qualitativa, com adoção do procedimento documental. A investigação utilizou dados públicos provenientes de decisões do Tribunal Superior do Trabalho. Foram analisados 22 processos publicados entre o período de 01/07/2017 a 30/06/2020. As informações obtidas nas decisões judiciais foram analisadas de acordo com o método de análise temática de conteúdo. Resultados: A análise dos dados sintetizou-se em três núcleos temáticos, quais sejam: 1) a meta é enlouquecer? quando as cobranças por resultados atingem a subjetividade obreira; 2) nexo causal: o trabalhador no fogo cruzado; 3) o valor do sofrimento mental no trabalho. Os resultados apontam que os julgadores compreendem as condições de trabalho que geram transtorno mental relacionado ao trabalho como um ato ilícito que precisa ser reparado. Compreendem que condutas como cobranças abusivas por metas e resultados, ofensas vexatórias e humilhantes, limitação ao uso de sanitários, bem como dispensas de trabalhadores incapacitados são práticas que extrapolam o poder empregatício e a boa-fé nas relações de emprego. Trata-se de violências morais que não devem ser toleradas. No tocante ao adoecimento mental, transtornos depressivos e afetivo bipolar emergiram como os principais transtornos mentais apontados pelos trabalhadores como decorrentes das condições de trabalho vivenciadas. Quanto à capacidade laborativa e o nexo causal, observou-se que os peritos acolheram o nexo causal do adoecimento mental com o trabalho em 72% dos casos analisados e na maioria dos casos a sentença de primeira instância acompanhou a conclusão pericial e reconheceu o nexo causal. Os dados apontam uma prevalência de decisões baseadas na prova pericial produzida nos autos. Apurou-se grande discrepância no arbitramento de valores indenizatórios. As indenizações são arbitradas em valores ínfimos, considerando-se o porte econômico do agressor e, principalmente, a necessidade de utilização deste arbitramento como viés preventivo para as ocorrências de violência laboral. Na maioria dos casos analisados o valor arbitrado a título de indenização por dano extrapatrimonial foi alterado no curso do processo e a decisão do TST foi proferida após entrada em vigor da Lei 13.467/17 (Reforma Trabalhista). Os dados apontam que o TST não tem considerado o Art. 223-G da CLT, mantendo a aplicação da legislação civil. Considerações finais: A passividade do julgador chancela a gestão por medo, convalidando-a. Há uma visão reducionista, monetizada, que se limita a fixar uma reparação financeira ao trabalhador. Os julgadores não compreendem o adoecimento mental como um processo, desprezando a trajetória de sofrimento. Buscam critérios objetivos para enquadrar os fatos no trinômio conduta-nexo-dano. As decisões judiciais sinalizam para a sociedade os valores civilizatórios que devem ser respeitados. Como protagonista atual do cenário político nacional, cabe ao Judiciário Trabalhista dar resposta efetiva para este mal que assola o mundo do trabalho. Valores ínfimos não atingem o objetivo preventivo e pedagógico e tem contribuído para estimular condições de trabalho degradantes, o que aumenta ao número de casos de adoecimento mental e por consequência, de novas ações no Judiciário trabalhista.
  • ItemTese de doutorado
    Avaliação de serviços de atenção básica: um modelo avaliativo com foco no enfrentamento da violência doméstica
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-03-01) Mendonça, Carolina Siqueira [UNESP]; Castanheira, Elen Rose Lodeiro [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    A violência doméstica, principal manifestação do fenômeno da violência que se apresenta para os serviços de Atenção Básica (AB), tem grande magnitude, importância e complexidade. Seus impactos para a saúde têm sido observados em estudos de diversos países, independentemente do grupo populacional. A atenção a pessoas em situação de violência doméstica vem se somar às múltiplas demandas que se colocam para os serviços de AB, enquanto uma necessidade social para a qual vem se desenvolvendo políticas e estratégias intersetoriais que envolvem os serviços de saúde. Essas múltiplas demandas para a AB vêm exigindo além de investimento em pesquisas, a implementação de estratégias de investigação, monitoramento e avaliação que melhorem o desempenho dos serviços. Nesse sentido, a presente pesquisa tem como objetivo construir um modelo avaliativo com indicadores validados que possa subsidiar avaliações de serviços de AB quanto às práticas desenvolvidas que têm como foco a prevenção e a atenção à saúde em casos de violência doméstica. Trata-se de pesquisa avaliativa, composta por estratégias metodológicas integradas: modelagem teórica e operacional, e proposição de indicadores; validação da matriz de indicadores, por meio de grupo de especialistas e análises estatísticas; análise de consistência interna da matriz de indicadores; e duas aplicações da matriz para avaliação de serviços de Atenção Básica do estado de São Paulo. Como resultados apresenta-se modelo avaliativo com 42 indicadores validados por técnica Delphi modificada, distribuídos em dois domínios – Prevenção e Atenção em caso de violência doméstica; índice de validade de conteúdo 0,96 e consistência interna de 0,93. A aplicação da matriz avaliativa em 2743 serviços de atenção básica do estado de São Paulo, segundo inquérito previamente realizado em 2017 com o questionário QualiAB, demonstrou melhores desempenhos em ações de cuidado individual e com base no modelo biomédico. Ações de promoção da saúde e prevenção de agravos realizadas na comunidade mostraram-se incipientes, de mesmo modo que ações referenciadas pelo quadro de vulnerabilidade e dos direitos humanos. As ações de detecção da violência doméstica são mais empreendidas que ações de cuidado a pessoas em situação de violência. A matriz também foi aplicada para comparar o desempenho de 87 serviços de Atenção Básica de uma rede de atenção à saúde do estado de São Paulo, a partir da aplicação do QualiAB nos anos de 2014 e 2017. Nesse período, observou-se melhora no desempenho. As mudanças mais significativas foram nas práticas de cuidado, com foco em vulnerabilidades individuais, e na identificação da violência doméstica. Não foram observadas melhoras na implementação de ações de promoção da saúde e prevenção de agravos na comunidade. De mesmo modo, não houve melhora no cuidado a pessoas em situação de violência. Este estudo demonstra que a implementação de ações voltadas ao enfrentamento da violência doméstica na AB ainda é incipiente. Faz-se necessário investir na promoção da saúde, em educação permanente, no trabalho interprofissional e no trabalho em rede para enfrentamento da violência. Os resultados permitem conhecer e discutir as práticas desenvolvidas pelos serviços de AB paulistas, podendo contribuir para o planejamento e reorganização do processo de trabalho, e induzir a implementação de melhorias e fortalecimento da qualidade da AB e do SUS.
  • ItemTese de doutorado
    Fatores associados à adesão ao tratamento em portadores de transtorno por uso de álcool e/ou outras drogas: um estudo longitudinal
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-03-02) Possato, Renata de Almeida Moraes; Lima, Maria Cristina Pereira [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    A presente pesquisa teve como objetivo identificar fatores associados à adesão ao tratamento, de pessoas com transtorno por uso de álcool e outras substâncias em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-AD). Trata-se de um estudo observacional, de corte longitudinal e prospectivo, no qual os sujeitos foram avaliados no início do tratamento, com instrumentos validados no país. Os participantes do estudo foram acompanhados através de seus prontuários individuais, para controle da frequência no serviço, até a alta, abandono do tratamento (trinta dias consecutivos de ausência) ou seguimento por três meses. Foram investigadas as seguintes variáveis explanatórias: sócio demográficas, saúde física, relacionamento familiar e afetivo, história do uso de substâncias (tempo e tipos), padrão de consumo e/ou abstinência (em dias) durante o tratamento, envolvimento atual com a justiça, histórico criminal, saúde mental, motivação para o tratamento e abstinência, apoio social e frequência ao tratamento. O apoio social foi investigado por meio da Escala de Apoio Social e a prontidão para mudança (estágios motivacionais) a partir dos escores dos instrumentos: ASI-6, URICA e SOCRATES. O desfecho do estudo foi a adesão ao tratamento definido pelo tempo de tratamento. Foi considerado abandono à falta por trinta dias consecutivos, sem justificativa ao serviço de saúde. O cálculo do tamanho amostral estimou que 200 sujeitos, permitiriam a detecção de diferenças absolutas na incidência de falha de, no mínimo, 20%. As variáveis contínuas foram descritas na forma de médias ou medianas, com intervalo de confiança de 95% ou intervalo interquartílico. No total foram entrevistados 171 sujeitos, a amostra foi descrita separadamente para homens (133) e mulheres (38). Procedeu-se a análise univariada, identificando-se as variáveis a serem inseridas no modelo multivariado. A análise multivariada foi conduzida por meio dos modelos de Regressão Logística para o desfecho binário caracterizado por adesão e não adesão. Permaneceram no modelo final as variáveis, ter feito uso de crack, nos 30 dias que antecederam a coleta de dados (OR=2,83 com IC= 1,32- 6,05) associada a não- adesão e ter vivenciado problema devido dificuldades para pensar, compreender ou lembrar, nos 30 dias que antecederam ao estudo (OR=0,51 com IC= 0,26- 0,99) e ter duas ou mais comorbidades físicas (OR=0,42 com IC= 0,19- 0,94) associadas à adesão. A associação entre o uso de crack nos 30 dias que antecederam o início do tratamento e a não adesão, ressalta a importância de repensar ações específicas para o tratamento dessa população nos CAPS-AD, visando incrementar a política pública, embora mais estudos sejam necessários investigando a temática.
  • ItemTese de doutorado
    Indígenas na Escola Médica no Brasil: experiências e trajetórias nas universidades federais
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-02-25) Luna, Willian Fernandes; Cyrino, Eliana Goldfarb [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    A trajetória do ensino superior no Brasil, em especial, da graduação em medicina, é marcada pela restrição a um grupo privilegiado da população. Nas últimas duas décadas, a partir de reinvindicações do movimento indígena, ações afirmativas foram sendo desenvolvidas para garantir o direito de acesso a essa população, o que possibilitou o ingresso de indígenas em escolas médicas no país. Esta pesquisa teve como objetivo compreender as experiências e trajetórias de indígenas que cursavam a graduação em medicina em universidades federais brasileiras, entre os anos de 2018 a 2020, a partir de suas narrativas. Buscou-se compreender as estratégias que possibilitaram o ingresso nos cursos; analisar as vivências destes estudantes no processo de ingresso e permanência; reconhecer o encontro entre as suas vivências histórico-culturais e os conhecimentos ofertados na graduação; descrever projetos e perspectivas de atuação futura. A pesquisa foi de abordagem qualitativa, com uso de questionário, entrevistas narrativas individuais, rodas de conversa e diário de campo. Identificou-se 43 cursos de medicina com presença de indígenas, realizando-se encontros presenciais em 14 escolas médicas, com participação de 40 estudantes, de 25 diferentes povos indígenas. Realizou-se análise temática de conteúdo, com definição das categorias: acesso e políticas de permanência na universidade; alteridade na escola médica; sofrimento e resiliência; identidade e coletividade; experiências na e para a saúde indígena. Por meio dos encontros presenciais, ficou estampada a multiplicidade de experiências e trajetórias, característica marcante dos universitários indígenas nas instituições. O ingresso nos cursos se deu quase que exclusivamente por ações afirmativas. Percebe-se que a graduação em medicina oferta uma formação baseada na biomedicina e na exclusão de outras racionalidades, dentre estas, as indígenas. A escola médica está composta por um grupo pouco acolhedor aos indígenas, com relações marcadas por posturas de preconceito, intolerância e tutela. Geram-se, assim, sofrimentos e perdas, de modo que tais estudantes buscam elaborar estratégias de resiliência para sobreviver às adversidades e permanecer no curso. A vivência universitária provoca o movimento de se afirmarem enquanto coletivo de povos indígenas e possibilita assumirem o protagonismo em construções possíveis. O curso de medicina não desenvolve aspectos relacionados à saúde indígena, todavia, a presença dos indígenas provoca discussões e possibilidades para o desenvolvimento de atividades relacionadas ao tema. Os indígenas mantêm suas relações com as comunidades de origem e possuem expectativas de atuarem em atividades relacionadas à saúde indígena após a graduação. Uma outra questão a ser destacada é a possibilidade de trazerem contribuições para a necessária transformação da escola médica. Por fim, as experiências e as trajetórias desses estudantes na escola médica revelam construções na direção de seu protagonismo e de possíveis e desejáveis autorias indígenas no sentido acadêmico, científico, político, epistemológico e para as práticas de cuidado em saúde.
  • ItemTese de doutorado
    O efeito da cinesioterapia em grupo na qualidade de vida, funcionalidade, ansiedade e depressão em pacientes com síndrome do impacto do ombro
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2020-12-17) Gasparini, Cármino Sérgio; Corrente, José Eduardo [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    A Síndrome do Impacto do Ombro é uma enfermidade musculoesquelética limitante, de etiologia multifatorial que gera dor, perda de qualidade de vida, depressão, ansiedade, exclusão social, afastamento laboral, que afeta homens e mulheres, agravando-se com o avançar da idade. A fisioterapia auxilia na melhora do quadro físico e, com atendimento em grupos, intensificam-se os cuidados psicossociais. Objetivo: analisar o efeito de um programa de fisioterapia em grupo sobre a qualidade de vida, a funcionalidade, a ansiedade e depressão e intensidade da dor pré e pós-intervenção em indivíduos com Síndrome do Impacto do Ombro, em uma instituição pública de reabilitação. Métodos: Trata-se de um estudo quase-experimental com intervenção fisioterapêutica em grupo através da cinesioterapia e com avaliação pré e pós 60 dias de tratamento. Utilizou-se as escalas de avaliação: Escala Funcional da University of California at Los Angeles Shoulder Rating Scale (EF-UCLA) para avaliar a funcionalidade, o questionário Short Form Survey – 36 (SF36) para qualidade de vida, a Escala Hospitalar de Ansiedade (HADS-A) e Escala Hospitalar de Depressão (HADS-D) para ansiedade e depressão e a Escala Visual Analógica (EVA) para intensidade da dor. Foi feita uma análise descritiva inicial para caracterização dos pacientes. Considerando os momentos pré e pós foi utilizado o teste qui-quadrado de tendências para avaliação das escalas EF-UCLA e HADS. Um modelo em medidas repetidas foi utilizado para avaliar o SF36 o HADS e EVA corrigindo para possíveis fatores de confundimento. A correlação de Pearson entre as escalas pré e pós intervenção foram obtidas para verificar possíveis padrões de dependência entre os scores. Resultados: A amostra contou com 45 pacientes de ambos os sexos, com idade acima de 40 anos. Os pacientes, em sua maioria, eram mulheres 71%, com idade média de 57 anos (DP= 9,9 anos), caucasianos 58%, casados 66%, com ensino fundamental 56% e desempregados 33%. Após a intervenção, os pacientes apresentaram melhora da funcionalidade (p<0,0001), da qualidade de vida (p<0,0001), da ansiedade (p= 0.0009) e depressão (0,031) e da dor (p<0,0001). Conclusão: Esse estudo mostrou que a cinesioterapia em grupo apresentou-se como boa alternativa para o tratamento da SIO, pois demonstrou melhora na função do membro acometido, na qualidade de vida, ansiedade, depressão e da intensidade da dor.
  • ItemTese de doutorado
    Efeito da terapia manual na qualidade de vida, funcionalidade e condição psíquica de pacientes com síndrome do impacto do ombro
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2020-11-25) Morais, Thiago Lopes Barbosa de; Moreno, Bruno Dias Gonçalves; Corrente, José Eduardo [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Introdução: A Síndrome do Impacto do Ombro (SIO) atinge grande parte da população em geral, afetando os pacientes desde aspectos físicos até os emocionais, influenciando diretamente na qualidade de vida. Objetivo: Analisar o efeito de um protocolo de terapia manual sobe a funcionalidade do ombro, intensidade de dor, temperatura superficial, ansiedade, depressão e qualidade de vida de pacientes com SIO. Métodos: Participaram desta pesquisa pacientes de ambos os sexos, com idade acima de 40 anos, diagnóstico clínico de SIO, utilizando a escala visual analógica para dor, University of California at Los Angeles Shoulder Rating Scale para função do ombro (EF-UCLA), Short Form 36 Health Survey Questionnaire (SF-36) para qualidade de vida, Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS) para ansiedade e depressão e um Termovisor 320 x 240 de 76.800 pixels. No programa de tratamento foram realizadas oito sessões e utilizadas técnicas de terapia manual como manipulação, mobilização articular, alongamentos, direcionados para os segmentos do ombro, coluna cervical e torácica. Os sujeitos foram reavaliados após 60 dias da primeira avaliação. Resultados: Os participantes desta pesquisa tinham em idade média de 55,9 anos, eram em sua maioria do sexo feminino (51%), caucasianos (91%), casados (73%), com nível superior completo (56%) e renda familiar acima de 5 salários mínimos (38%). Após a intervenção, os pacientes apresentaram melhora da dor (p= 0,0001), funcionalidade (p= 0,0001), qualidade de vida (p= 0,0001), dos níveis de depressão (p= 0,0001) e ansiedade (p= 0,0001), mas a temperatura superficial não apresentou diferenças significativas (p= 0,1628), não foi obtido um padrão de correlação inicial e final para as variáveis entre EF-UCLA, SF-36 com HADS, termografia e dor. Conclusão: Os resultados demonstraram efeitos significantes de melhora da dor, funcionalidade, aspectos emocionais e qualidade de vida, após atendimento de fisioterapia, através de técnicas de terapia manual.
  • ItemTese de doutorado
    Avaliação da confiabilidade interobservadores e validação de construto do formulário POLST (physician orders for life-sustaining treatment) para documentação de preferências de cuidados no fim da vida
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2020-12-08) Lovadini, Gustavo Bigaton [UNESP]; Vidal, Edison Iglesias de Oliveira [UNESP]; Fukushima, Fernanda Bono [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    No Brasil a maior parte dos profissionais e instituições de saúde ainda se encontram longe de constituírem uma rotina de discussão sobre preferências de cuidados no fim da vida junto a pacientes com prognóstico reservado. Esta corresponde a uma grande lacuna na atenção à saúde em nosso país, a qual frequentemente se associa a sofrimento evitável de pacientes e familiares, bem como ao mau uso dos recursos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Em 1991 nos Estados Unidos da América, foi iniciado um programa de discussão de preferências de cuidados no fim da vida denominado POLST (Physician Orders for Life-Sustaining Treatment). Trata-se de um sistema coordenado para evocar, documentar e comunicar as preferências de pacientes/familiares quanto a tratamentos prolongadores da vida para enfermos com expectativa de vida reduzida, de forma a orientar as condutas médicas em diferentes cenários de cuidados. Em nossa revisão de literatura identificamos a inexistência de estudos de avaliação da validade de construto ou da confiabilidade interobservadores desse formulário. Portanto, com o intuito de produzir dados que subsidiem a implantação do paradigma POLST no Brasil, a presente pesquisa teve como objetivo avaliar essas propriedades psicométricas desse instrumento, já adaptado para o Brasil, de acordo com o referencial do COSMIN (Consensus-based Standards for the selection of health Measurement Instruments). Dessa forma obtivemos como resultado dois artigos. O primeiro artigo avaliou a confiabilidade interobservadores do instrumento, ou seja, a estabilidade das prescrições de tratamentos médicos no fim da vida documentadas em formulários POLST quando pesquisadores diferentes entrevistavam em dias distintos um mesmo participante da pesquisa seguindo uma abordagem padronizada. De um total de 64 participantes entrevistados, houve 5 (8%) casos de discordância na comparação entre avaliações envolvendo ao menos uma das prescrições médicas de cuidados no fim da vida. A estatística Kappa revelou níveis elevados de concordância interobservadores em todos os itens do instrumento. O segundo artigo analisou a validade de construto do formulário POLST, ou seja, se as prescrições médicas documentadas por meio do instrumento refletiam as preferências de cuidados dos pacientes estudados conforme registaradas seguindo uma outra abordagem. A hipótese testada foi que a prescrição de cuidados no final da vida contida nos formulários POLST apresentaria elevado nível de concordância com a documentação em texto livre de entrevistas realizada por um médico experiente em cuidados paliativos seguindo a proposta de Sudore & Fried para discussões de planejamento antecipado de cuidados. Dos 62 pacientes entrevistados, houve 7 (11%) casos de discordância relativas a ao menos uma das prescrições de tratamentos no fim da vida, sendo que a análise dos dados utilizando da estatística Kappa novamente evidenciou elevada concordância entre as duas abordagens. Em conclusão, por um lado os resultados dos estudos que compõem essa tese fornecem evidências acerca da confiabilidade interobservadores e da validade de construto do formulário POLST, o que certamente contribuirá para a futura implantação desse paradigma no Brasil. Por outro lado, o fato de terem sido observados casos de discordâncias em ambas as pesquisas ressalta a complexidade envolvida em qualquer processo de planejamento antecipado de cuidados e aponta para a necessidade de que prescrições de tratamentos médicos no fim da vida registradas em formulários POLST sejam revisadas com frequência de modo a confirmar que as mesmas são consistentes com as preferências atuais dos pacientes.
  • ItemTese de doutorado
    Tendências e contratendências do trabalho com grupos no contexto de disputa de modelos de atenção em saúde mental: uma análise a partir de dois Centros de Atenção Psicossocial
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2020-03-27) Schühli, Vitor Marcel; Martin, Sueli Terezinha Ferrero [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    A pesquisa buscou investigar as condições atuais do trabalho com grupos realizado nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), serviços estratégicos da política pública de atenção à Saúde Mental. No processo de reforma psiquiátrica brasileira, a transformação da rede assistencial e das práticas em saúde passou a considerar os grupos como um dos principais meios de trabalho dos profissionais em saúde mental. Os diferentes interesses e projetos políticos envolvidos neste processo se atualizam na dimensão particular da disputa entre o modelo biomédico e o modelo de atenção psicossocial, que propõem diferentes arranjos tecnológicos e distintas finalidades para o trabalho com grupos. A fim de apreender as tendências e contratendências desse tipo de atividade, partiu-se das concepções dos profissionais acerca do trabalho que realizam com grupos em suas relações com o processo de trabalho e com os modelos de atenção. Para tanto, conjugou-se a pesquisa teórica em referenciais do campo da Saúde Coletiva e da Reforma Psiquiátrica, com a pesquisa empírica em dois Centros de Atenção Psicossocial da cidade de Curitiba (PR). A análise reuniu dados de observação participante, questionários aplicados para todos os profissionais que realizavam grupos no momento inicial da pesquisa (trinta), três sessões de grupo focal com dez participantes e entrevistas semiestruturadas com sete participantes. Participaram da pesquisa profissionais de diferentes núcleos profissionais, incluindo enfermagem (técnicos e nível superior), psicologia, assistência social e terapia ocupacional. Os referenciais teóricos permitiram compreender os dados no movimento mais amplo de transformação das práticas em saúde, bem como as influências do atual momento de acumulação flexível do capital no trabalho com grupos no âmbito dos CAPS pesquisados. As formas de organização e gestão do trabalho se mostraram determinações importantes nos modos de operacionalização dos grupos, que apresentam potências e obstruções, sendo tensionados em favor da lógica biomédica. Neste sentido, a produção de grupalidade se revelou uma contratendência, motivo pelo qual recuperamos contribuições teóricas da Psicologia Histórico-Cultural e da Psicologia Social Latino-americana acerca do processo grupal que podem aportar contribuições para o modelo de atenção psicossocial, enquanto modelo alternativo de atenção. Este percurso nos permitiu qualificar a tese de que o trabalho com grupos, na disputa de modelos de atenção em saúde mental, tem sido tensionado no sentido da instrumentalização de práticas biomédicas, seja pelo fortalecimento do modelo biomédico nas políticas de saúde mental, seja pela refuncionalização de conceitos e práticas do modelo de atenção psicossocial sob parâmetros administrativos e gerenciais que subvertem as finalidades do cuidado em favor das necessidades do capital, mediadas pelas instituições.
  • ItemTese de doutorado
    Desenvolvimento de um modelo de avaliação da atenção à deficiência em serviços de atenção primária à saúde
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2020-02-27) Zarili, Thais Fernanda Tortorelli [UNESP]; Castanheira, Elen Rose Lodeiro [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    A Atenção Primária à Saúde (APS) é componente da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência (RCPcD) e deve desenvolver ações de prevenção primária, que antecedem a instauração de condições de deficiência; secundária, relativas à redução ou recuperação de comorbidades que podem resultar em deficiência; diagnóstico precoce; e atenção integral às pessoas com deficiência, além de trabalhar em conjunto com os serviços especializados em ações de reabilitação. O presente estudo apresenta uma metodologia de avaliação de serviços de saúde pautada na construção teórica e aplicabilidade de um modelo de atenção à deficiência em serviços de APS. A construção teórica e metodológica se deu a partir de uma revisão integrativa da literatura acerca do tema e da construção de um modelo teórico-lógico de avaliação. Em seguida, o modelo construído foi aplicado no banco de dados do inquérito de avaliação de serviços de APS realizado no Estado de São Paulo entre 2017 e 2018 com o Questionário de Avaliação da Qualidade de Serviços de Atenção Básica (QualiAB). Os resultados são apresentados na forma de três artigos científicos a serem aplicados em periódicos indexados. Artigo 1: Revisão integrativa realizada a partir das bases Bireme, Scopus e Pubmed. Foram selecionados inicialmente 2644 artigos e 49 fizeram parte da amostra final a partir da análise e aplicação dos critérios de inclusão e exclusão. Como resultado obteve-se uma concentração de artigos científicos acerca da prevenção da deficiência na saúde do idoso e da criança e do acesso e acessibilidade à PcD. As ações de atenção à PcD não são valorizadas como objeto de investigação pela literatura científica, denotando sua baixa visibilidade e incorporação nas ações dos serviços de APS. Artigo 2: Apresenta o modelo de avaliação da atenção à deficiência na APS e a proposição de indicadores a partir da análise das políticas nacionais, de literatura científica em relação à deficiência, e com base em variáveis presentes no instrumento QualiAB. A dimensão avaliativa elaborada Atenção à Deficiência em Serviços de Atenção Primária à Saúde é composta por cinco domínios: “Estrutura (Insumos e Recursos Humanos)” (15 indicadores), “Qualificação da Atenção ao Pré-natal” (24 indicadores), “Qualificação da Atenção à Saúde da Criança” (32 indicadores), “Prevenção de incapacidades relacionadas a condições crônicas” (32 indicadores) e “Atenção à Pessoa com Deficiência e ao Cuidador” (23 indicadores). Foram realizadas análises para avaliar a correlação entre os domínios e a dimensão, e avaliação da confiabilidade das respostas, com base nos resultados do inquérito QualiAB. O modelo proposto apresenta potencial capacidade de avaliar as ações dos serviços para prevenção, diagnóstico e assistência à deficiência e pode ser replicado em diferentes contextos. Artigo 3: Aplicação do modelo de avaliação da Atenção à Deficiência em Serviços de Atenção Primária à Saúde em 2739 serviços, a partir do banco de dados do inquérito QualiAB. As características institucionais dos serviços foram definidas a partir das questões descritivas, foram analisadas as medidas de desempenho e testes de associações com variáveis independentes extraídas do instrumento. Os serviços de APS participantes denotam fragilidades para a dimensão avaliada. As principais variáveis independentes associadas ao melhor desempenho foram: ser Estratégia de Saúde da Família, possuir equipes multiprofissionais de apoio matricial, ter participado de processos de avaliação e a partir destes realizar planejamento das ações nos serviços. Como resultado geral, este trabalho apresenta um modelo de avaliação de serviços da APS sobre a atenção à deficiência replicável e fomenta a discussão sobre práticas avaliativas que possam contribuir para a qualificação dos serviços e consolidação da implantação da RCPcD.
  • ItemTese de doutorado
    Residência médica em medicina do trabalho: contradições e consensos
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2020-02-28) Bravo, Ecléa Spiridião; Almeida, Ildeberto Muniz de [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Introdução: Diferentes concepções ainda vigoram nas relações saúde-trabalho no Brasil. A Medicina do Trabalho (MT)/Saúde Ocupacional (SO), tem como principal objetivo o controle e reprodução da força de trabalho de acordo com os interesses do capital. A Saúde do Trabalhador (ST), voltada aos determinantes sociais da relação saúde-doença, preconiza ações interinstitucionais e seu principal objetivo é extinguir a naturalização social da ocorrência evitável de acidentes de trabalho (AT) e doenças ocupacionais (DO). Essa dualidade não responde aos desafios postos para a intervenção nos determinantes dos agravos à saúde dos trabalhadores. Diferente das demais especializações, a ST exige dos profissionais lidar com situações paradoxais e conflituosas agravadas por mudanças rápidas e radicais do mundo do trabalho. Justificativa: A demanda deste estudo veio da implantação do Programa de Residência Médica no CEREST Piracicaba e sua crítica aos modelos de MT e SO. No âmbito da saúde pública, as relações trabalho-saúde são de grande relevância quando se considera as causas externas de morbimortalidade das populações. A alta prevalência de subnotificação dos agravos à saúde, decorrentes das condições de trabalho pode ser um dos fatores que indicam a deficiência do ensino médico em saúde do trabalhador. A evolução do conhecimento necessário ao controle dos perigos e riscos é mais lenta que as mudanças do mundo do trabalho. Objetivo: analisar a formação do médico em nível de pós-graduação para atuação no campo saúde-trabalho, à luz das mudanças do mundo do trabalho. Metodologia: através de uma abordagem qualitativa, buscou-se fazer um estudo exploratório e descritivo de quatro programas de Residência Médica em MT (PRM I, II, III e IV), através de entrevistas semiestruturadas, com auxílio de um roteiro previamente estabelecido. Foram selecionados programas com tradição na área e que nos últimos dez anos ofereceram residência médica em MT. Foram entrevistados, nas respectivas instituições, coordenadores de três programas localizados na região sudeste e um na região nordeste. As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas, juntamente com o material documental fornecido, segundo descrição dos conteúdos organizados no roteiro, resultando em três eixos temáticos: 1) conteúdo programático; 2) aspectos gerais e representação social dos coordenadores; e 3) a formação e seus conflitos. Resultados: dos quatro coordenadores entrevistados duas eram do sexo feminino; ocupavam os cargos de professora associada, docente, supervisor e coordenador da Saúde do Trabalhador no curso graduação da instituição. A Comissão Nacional de Residências Médicas (CNRM) é instituição de regulamentação e controle dos programas, mas não estimula a prática de atividades didáticas e a integração dos hospitais universitários ao SUS. Todos os programas cumprem os conteúdos programáticos mínimos estabelecidos pela CNRM, mas observou-se que, em alguns programas, há dificuldades no oferecimento de conteúdos teóricos obrigatórios devido ao não envolvimento de professores dos cursos “stricto sensu”. Quanto ao conteúdo programático, destacou-se o PRM II que inseriu a matriz de competências como estratégia pedagógica. Todos os coordenadores relataram dificuldades na construção do campo de práticas originadas pela desestruração dos serviços públicos, resistência das empresas no acesso dos alunos aos setores produtivos, descenso da ST no movimento sindical, entre outras. Três programas destacaram a mudança do perfil dos alunos nos cursos de RM caracterizada, por um deles, como “ruptura geracional”. Todos relataram que a especialidade está desprestigiada entre os médicos. Em todos os programas observou-se conflitos de várias origens, mas aqueles relacionados às competências de juízo moral como, por ex., a falta de uma escuta empática do médico às queixas dos trabalhadores, são os que mais desafiam os coordenadores e suas propostas didático-pedagógicas. Discussão: O SUS é projeto contra hegemônico e isso dificulta a institucionalização da ST como espaço para a formação médica. Na lógica do capitalismo contemporâneo os profissionais que atuam na área da Medicina do Trabalho nas empresas não conseguiram dar respostas prevencionistas aos agravos à saúde dos trabalhadores, a despeito das exigências legais vigentes. Observa-se que as bases estruturais do mundo do trabalho que conceberam a ST hoje não são as mesmas. Nesse contexto, observou-se que houve programas pensados para atender ao SUS, voltados para a ST, e não conseguiram manter seus propósitos, assim como houve quem formasse só para a MT e precisou incorporar elementos da ST. Considerações finais: O despreparo dos programas em lidar com as questões didático-pedagógicas os distancia de outras alternativas/apoio de práticas criativas. As mudanças que ocorrem no campo das práticas são aproveitadas de modo pontual e parcial para estimular reflexões críticas como o desenvolvimento de competências de juízo moral. ST não se inseriu estrategicamente na Atenção Básica de forma a atender o “proletariado de serviços“, os PRMMT não parecem ter campos de práticas para atuação nesse segmento. A educação permanente como estratégia nos PRMMT poderá aproximar cursos lato sensu e stricto sensu, permitir a discussão das competências de juízo moral, enfim dar apoio aos docentes nos enfrentamentos dos conflitos.
  • ItemTese de doutorado
    Consumo alimentar durante a gestação e desfechos de saúde materno-infantil
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2020-02-18) Gomes, Caroline de Barros; Carvalhaes, Maria Antonieta de Barros Leite [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Introdução: A avaliação do índice glicêmico (IG) e da carga glicêmica (CG) da dieta, o percentual energético advindo de alimentos ultraprocessados (%UPP) e identificação de padrões alimentares (PA) são três das mais recentes formas de avaliação do consumo alimentar, permitindo uma avaliação global da dieta. Estas formas de avaliação, quando aplicadas a gestantes, podem contribuir para avançar no entendimento da influência da alimentação sobre desfechos de saúde materno-infantil. Objetivo: Avaliar a associação da alimentação durante gestação e o ganho de peso gestacional (GPG) e o peso ao nascer dos bebês investigando o consumo alimentar de três diferentes maneiras: 1. IG e CG; 2. %UPP e 3. PA. Métodos: Tratam-se de estudos observacionais, longitudinais, com dados advindos de um projeto matriz, no qual foram acompanhadas duas coortes de gestantes de risco obstétrico habitual de Botucatu-SP. Foram convidadas a participar todas as gestantes inscritas entre novembro de 2012 a junho de 2013 (n=353) na rede de atenção primária à saúde do município. Em cada trimestre gestacional, aplicaram-se dois inquéritos do tipo recordatório alimentar de 24 horas, um por entrevista presencial e outro por telefone, referentes a dia de semana e final de semana; os dados foram processados no software Nutrition Data System for Research (NDSR). O IG e a CG da dieta foram obtidos no próprio software; o %UPP foi calculado segundo a classificação NOVA; para identificação dos PA, realizou-se análise de componentes principais. O peso ao nascer em gramas foi obtido no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos, com cálculo do escore-z segundo sexo e idade gestacional ao nascimento, de acordo com as diretrizes do International Fetal and Newborn Consortium for the 21st Century (INTERGROWTH-21st). O ganho ponderal gestacional no segundo e terceiro trimestre foi estimado com base nos dados registrados nos prontuários adotando-se as recomendações e classificações do Institute of Medicine. Ao final do seguimento, 267 gestantes foram acompanhadas. A associação entre exposições e desfechos foi realizada com modelos de regressão linear ou logística, conforme natureza da variável de desfecho, corrigidos por coorte e pelas variáveis potencialmente confundidoras. As análises foram realizadas no software STATA versão 14.2, considerando p<0,05 como estatisticamente significante. Resultados: O aumento de um ponto no IG significou diminuição de, em média, 12 gramas no GPG semanal. O aumento de um ponto no %UPP expressou, em média, 2g a mais no GPG semanal no segundo e terceiro trimestres. O aumento de um ponto no escore de adesão ao padrão Integral, Frutas, Legumes e Leite com baixo teor de gordura e Derivados do Leite no segundo trimestre gestacional representou um aumento 26,7 gramas no GPG semanal, mas não se manteve com o ajuste da energia. Conclusões: Diferentes avaliações do consumo alimentar durante a gestação revelaram associações com o ganho de peso gestacional, seja de maneira positiva ou negativa, contudo associações estatisticamente significativas com o peso ao nascer dos bebês não foram observadas. A importância da alimentação durante a gestação confirmou seu papel no desfecho do GPG, mas não encerra as investigações no campo, pelo contrário, amplia sua necessidade.
  • ItemTese de doutorado
    “Prevalência e fatores associados à ocorrência de dor lombar entre escolares da cidade de Botucatu-SP”
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2020-02-20) Santos, Elisiane de Souza; Dias, Adriano [UNESP]; Bernardes, João Marcos [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Objetivo: Identificar prevalência de dor lombar, fatores a ela associados e investigar o impacto da dor lombar na percepção de qualidade de vida em crianças de seis a doze anos de idade. Método: Estudo transversal com 377 escolares de três instituições *duas privadas e uma pública) do município de Botucatu. A coleta de dados foi composta por questões de antecedentes pessoais, sociodemográficas, socioeconômicas, exame físico contendo, antropometria, biofotogrametria, peso e forma de uso da mochila, além de questionário sobre qualidade de vida (Pediatric Quality of Life inventary- PedsQl Versão 4.0). Para os fatores de risco, foram realizadas análises pelo modelo de regressão logística simples e múltiplo e para a percepção de qualidade de vida foram realizadas comparações entre grupos com e sem dor lombar. Para variáveis categóricas utilizado o teste quiquadrado e para contínuas o teste não paramétrico de Mann-whitney. Resultados: Identificou-se uma prevalência de dor lombar de 27,32% (IC95% 23,07-32,03). Variáveis relacionadas à hábitos de vida como por exemplo peso da mochila aumentaram a probabilidade de dor lombar (OR 1,45, IC95% 1,018-2,064). A autopercepção de qualidade de vida encontrou-se diminuída entre os indivíduos com dor lombar, apresentando scores menores em quase todos os domínios. Conclusão: A dor lombar apresenta prevalência relativamente alta, podendo surgir em crianças de menor faixa etária. Fatores como hábitos de vida se mostraram associados com dor lombar, além disso, esse sintoma pode repercutir em menor percepção global da qualidade de vida, gerando prejuízos em aspectos de capacidade física e emocional nessa população.
  • ItemTese de doutorado
    A política de saúde bucal: experiência dos cirurgiões-dentistas, gestores e idosos.
    (Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2019-08-23) Rocha, Suelen Alves; Bocchi, Silvia Cristina Mangini [UNESP]; Almeida, Joana de; Jonathan, Gabe; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    Introdução: A instituição de políticas públicas voltadas ao envelhecimento populacional constitui uma forma efetiva dos países ocidentais lidarem com a transição demográfica. No entanto, poucos países têm programas de saúde pública que possibilitam idosos acessarem cuidados de saúde bucal, por exemplo, sem barreiras financeiras. Apenas em 2004, a política pública de saúde bucal brasileira passou a ofertar cuidados de saúde bucal, de maneira universal e integral, no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS). Assim, esta pesquisa pretende analisar a operacionalização da política de saúde bucal por meio das experiências de idosos com o acesso aos cuidados bucais a partir da Atenção Primária à Saúde, bem como dos cirurgiões-dentistas com a oferta deste cuidado e dos gestores com a implantação e consolidação desta política. Desta maneira, questiona-se: — Os idosos brasileiros conseguem acessar cuidados de saúde bucal no SUS? — Como a política nacional de saúde bucal projeta as ações de saúde bucal em nível local? Objetivo geral: Fazer uma análise da operacionalização da política de saúde bucal brasileira a partir da metassíntese das experiências dos cirurgiões-dentistas, idosos e gestores da política de saúde bucal. Objetivos específicos: (a) compreender o processo experiencial de idosos adscritos às Unidades de Saúde da Família (USFs), de cirurgiões-dentistas que os atendem, assim como gestores municipais e federais, envolvidos na operacionalização da política de saúde bucal brasileira; (b) propor modelos teóricos representativos de cada experiência e; (c) elaborar metassíntese a partir dos modelos teóricos emersos das experiências, resultando em metamodelo. Método: Esta pesquisa faz parte de um projeto maior que investiga o acesso aos cuidados primários de saúde no Sistema Único de Saúde por meio da análise da demanda espontânea. Trata-se de estudo qualitativo orientado pela Teoria Fundamentada nos Dados (TFD), na vertente Strauss e Corbin, tendo como referencial teórico a teoria do reconhecimento social de Axel Honneth. Os dados foram coletados por meio de entrevista não diretiva, gravada e transcrita na íntegra, com 34 atores, sendo: 16 cirurgiões-dentistas de USFs (grupo amostral 1), seis cirurgiões-dentistas em cargos de gestão da saúde bucal, sendo três em nível municipal (grupo amostral 2) e três federal (grupo amostral 3) e 12 idosos adscritos às USFs (grupo amostral 4), de um município do interior paulista. Resultados: Da análise das experiências dos grupos amostrais, emergiram quatro categorias centrais, respectivamente, a saber: “tentando alcançar a relevância social da odontologia na Atenção Primária à Saúde apoiado nos atores do cenário micropolítico”; “obtendo sucesso nos projetos de gestão da saúde bucal no município ao colocar o cirurgião-dentista em evidência”; “da satisfação com a concretização à frustração com a instabilidade do Brasil Sorridente: legitimidade social como componente interveniente na luta pela sustentabilidade da política”; “entre atratores e dissipadores do cuidado de saúde bucal ofertado na ESF”. Do realinhamento de componentes oriundos dos quatro modelos teóricos, por meio de recursos da TFD e da metassíntese, permitiu processo analítico que resultou na categoria central deste trabalho (metamodelo), intitulada: “idoso como coadjuvante na luta da odontologia pelo reconhecimento social da profissão”. Considerações finais: percebe-se pouco acesso efetivo de idosos aos cuidados de saúde bucal na Estratégia Saúde da Família (ESF). Tal experiência conduz idosos à busca de cuidados de saúde bucal no setor privado ou à resignação com sua condição de saúde. Enquanto cirurgiões-dentistas brasileiros demonstram algum potencial de agenciamento político. Encontramos lideranças da odontologia inseridas nos diversos cenários políticos, conseguindo inserir as pautas da categoria profissional na agenda política.