Dissertações - Ciências Biológicas (Botânica) - IBB

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Densidade de tricomas glandulares, composição química e atividade antimicrobiana dos óleos essenciais de alecrim-do-campo (Baccharis dracunculifolia DC.)
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-05-25) Furlan, Paulo Henrique; Marques, Marcia Ortiz Mayo [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Os óleos essenciais de alecrim-do-campo (Baccharis dracunculifolia DC.) apresentam potencial bactericida, anti-inflamatório e antifúngico. Fatores abióticos podem afetar, quantitativamente e qualitativamente, a produção dos óleos essenciais, bem como as estruturas que os secretam. O estudo teve como objetivos avaliar a influência da estação seca e chuvosa no rendimento e na composição química dos óleos essenciais de B. dracunculifolia, bem como na densidade de tricomas glandulares das folhas e a atividade dos óleos essenciais contra fungos do gênero Aspergillus e Fusarium. Para isso, foram realizadas coletas das partes aéreas de 15 indivíduos de uma população de B. dracunculifolia nos meses de setembro de 2021 e março de 2022, respectivamente. Os óleos essenciais das folhas foram extraídos por hidrodestilação em aparato Clevenger e a análise da composição química foi determinada por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG-EM) e a cromatografia gasosa bidimensional abrangente acoplada a espectrometria de massas (CG×CG-EM). A densidade dos tricomas glandulares das folhas foi avaliada por microscopia eletrônica de varredura. Os óleos essenciais foram testados contra fungos Aspergillus nomius; Fusarium graminearum e Fusarium verticillioides, através de diluição em diferentes concentrações em meio de cultura BDA contendo emulsificante, para a determinação das porcentagens de inibição. O rendimento dos óleos essenciais foi maior na estação chuvosa (0,70%) quando comparado com a estação seca (0,53%). Os principais constituintes nos óleos essenciais foram trans-nerolidol, β-pineno, limoneno e espatulenol, com porcentagens que variaram de indivíduo para indivíduo e de acordo com a estação coletada dando indícios de variabilidade química intraespecífica e de influências sazonais na composição. Análises estatísticas multivariadas indicaram variação na composição química dos óleos essenciais entre os indivíduos de uma mesma população de B. dracunculifolia, tanto entre as estações de coleta, quanto na mesma coleta. Não foram observadas variações significativas na contagem de tricomas glandulares entre as estações seca e chuvosa, porém foram detectadas diferenças entre as superfícies abaxiais e adaxiais dos indivíduos. Foi observado que os óleos essenciais de B. dracunculifolia apresentaram potenciais inibitórios contra os fitopatógenos. Alguns indivíduos de B. dracunculifolia apresentaram maior potencial antifúngico, destacando-se 1BD02 (25,30% contra A. nomius e 24,42% contra F. verticillioides), 1BD05 (19,67% contra F. verticillioides), 1BD06 (40,24% contra F. graminearum), 2BD06 (28,40% contra F. graminearum) e 2BD13 (contra F. verticillioides), 72 horas após a inoculação dos esporos.
Como as mudanças climáticas podem afetar a polinização em condições subtropicais? Efeito de alterações regime hídrico sobre caracteres florais
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-03-01) Frigero, Maria Luisa Passos [UNESP]; Guimarães, Elza [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Nos últimos anos vem crescendo o número de trabalhos envolvendo mudanças climáticas e seus efeitos. Alterações nos padrões de precipitação esperadas para as próximas décadas, segundo previsões do IPCC-AR 6, podem acarretar importantes modificações em caracteres vegetais, sejam eles ligados direta ou indiretamente à reprodução das espécies vegetais. Por exemplo, modificações no regime hídrico podem afetar diretamente a reprodução das plantas através de alterações na produção de gametas, ou indiretamente, através da diminuição do anúncio floral aos polinizadores em função da redução do número de flores. Caracteres vegetais responsáveis pela manutenção das interações planta-animal, como os atrativos florais, também podem sofrer alterações de acordo com variações no regime hídrico. Dentre estas interações, podemos destacar a polinização como uma das mais importantes, já que a maior parte das angiospermas, tanto em ecossistemas naturais quanto em condições de cultivo, depende da polinização por animais para sua reprodução. Sendo assim, alterações na disponibilidade de água podem afetar não somente a reprodução das espécies vegetais per se, mas também a produção de alimentos. Pensando neste cenário, conduzimos nosso estudo pautado no plano de ação proposto pela ONU na Agenda 2030, considerando alguns dos objetivos nele contemplados, como conservação da biodiversidade, de processos ecossistêmicos e a manutenção da segurança alimentar. Escolhemos a espécie Cucurbita pepo L. (Cucurbitaceae), cultivar Caserta, como modelo para realização desse estudo por tratar-se de uma importante espécie agrícola, amplamente cultivada no Brasil e no mundo, com alta dependência da polinização por animais para sua reprodução e, consequentemente, para a produção dos frutos comercializáveis. Exploramos, em dois capítulos, de forma complementar, se cenários de modificação de pluviosidade previstos pelo IPCC afetam a produção de flores, caracteres reprodutivos de flores pistiladas e estaminadas, e o néctar floral, recurso consumido por abelhas polinizadoras dessa espécie vegetal. No primeiro capítulo, vimos que a variação no regime hídrico não afetou a produção de estruturas portadoras de gametas masculinos e femininos de C. pepo, mas afetou a produção total de flores ao longo do período de floração. Já no Capítulo 2, os cenários de escassez hídrica levaram à redução no volume, concentração e miligramas totais de açúcares do néctar por flor e à redução nas dimensões do nectário. Adicionalmente, verificamos que houve uma redução significativa na oferta calórica disponível aos visitantes florais de C. pepo por planta, o que, em um cenário de cultivo, representou uma redução de aproximadamente 20 vezes na oferta calórica por hectare. Esses resultados indicam que a reprodução de espécies vegetais em cenários de escassez hídrica poderá ser altamente comprometida, especialmente no que se refere à quantidade de recurso disponível aos polinizadores em cada flor, o que é potencializado pela redução no número total de flores produzidas pela espécie durante o período de florescimento. Isso pode se tornar ainda mais importante no caso de espécies polinizadas por abelhas, em que os recursos são utilizados tanto para manutenção dos adultos quanto da prole. Embora nossa espécie modelo seja uma espécie cultivada, os resultados obtidos aqui podem ser transpostos para espécies vegetando em ecossistemas naturais, nos quais não há possibilidade de aumentar a irrigação, o pode levar impactos importantes nas cascatas tróficas em nível de comunidade.
Evidências de Comunicação Radicular Intraespecífica em Condições de Défice Luminoso
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-11-30) Mariusso, Victor Hugo Guimarães; Almeida, Luiz Fernando Rolim de [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Plantas são organismos sésseis e processos cognitivos tais como aprendizado, memória e tomada de decisões são essenciais para que suportem estímulos ambientais estressantes, sendo críticos para sua sobrevivência e sucesso reprodutivo. O conhecimento atual sobre senciência, memória e aprendizado em plantas sugere que estas são dotadas de um nível de cognição que lhes possibilita emitir, receber e processar informações acerca do ambiente, ajustando-se conforme necessário, em face a (ou em antecipação a) condições adversas. O presente estudo visou obter evidências da comunicação radicular e sua contribuição para atenuar o défice luminoso de indivíduos adjacentes, entre plantas de Pisum sativum L. O experimento consistiu em comunicar as raízes de pares de P. sativum em solução nutritiva, submetendo uma das plantas do par a défice luminoso, garantindo à outra planta luz abundante. Prognosticamos que a planta sob défice luminoso seria capaz de comunicar sua condição estressante à sua companheira (por meio de espécies reativas de oxigênio resultantes do défice luminoso, exsudados via sistema radicular), o que elicitaria resposta fisiológica, resultando na exsudação de compostos orgânicos que propiciem a sobrevivência da planta estressada. Os dados das variáveis fisiológicas relativos à capacidade, estabilidade e eficiência fotossintética (condutância estomática, concentração interna de carbono, assimilação líquida de carbono, fluorescência da clorofila a, dissipação fotoquímica e não-fotoquímica, além de atividade antioxidante) das plantas comunicadas em condição de sombra foram comparados aos dos grupos controle. Desta maneira, foi possível estabelecer correlações entre danos decorrentes do défice luminoso, exsudação de espécies reativas de oxigênio, e melhor performance de plantas comunicadas, resultando em chance de sobrevivência aumentada, quando em comparação com plantas isoladas ou comunicadas com outro indivíduo sem acesso à luz. Estes achados permitem inferir o estabelecimento de comunicação planta-planta pelo sistema radicular, resultando em maior capacidade de resistir ao estresse oxidativo causado pelo défice luminoso.
Diversidade de alcaloides e atividade antifúngica de acessos de Annona emarginata (Schltdl.) H. Rainer usados para enxertia de Annona x atemoya Mabb. (atemoia)
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-09-12) Silva, Gustavo Cabral da; Ferreira, Gisela [UNESP]; Martínez-Vázquez, Mariano; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A diversidade de organismos vegetais no ambiente terrestre confere características próprias a cada espécie, que têm forte influência do metabolismo especializado das plantas, que pode ser modulado por fatores bióticos ou abióticos. Espécies da família Annonaceae sintetizam diversas moléculas do metabolismo especializadas como os alcaloides, que apresentam atividades biológicas e possuem importante papel nas funções fisiológicas, ecológicas e/ou evolutivas. O araticum de terra-fria ([Annona emarginata (Schltdl.) H. Rainer “terra-fria”]) é considerado tolerante a patógenos, sendo utilizado como porta-enxerto para a atemoia (Annona x atemoya Mabb.), que apresenta suscetibilidade. Deste modo, o objetivo deste trabalho foi encontrar diferenças na produção de alcaloides em acessos (indivíduos) de Annona emarginata (Schltdl.) H. Rainer morfotipo ‘terra-fria’, a fim de selecionar porta-enxertos que apresentem tolerância a estresses bióticos, como aos fungos Colletotrichum fructicola e C. theobromicola causadores de antracnose em Annona, para que componham pomar de matrizes para a copa atemoia (Annona x atemoya Mabb.). Os alcaloides foram obtidos de plantas jovens (mudas) e adultas de 8 acessos de Annona emarginata (pé franco) e plantas adultas de Annona x atemoya enxertadas em Annona emarginata. A identificação foi realizada por espectroscopia de RMN (1H, 13C, COSY, HSQC e HMBC), espectrometria de massa (ESI-MS) e comparação de dados da literatura. A fim de avaliar capacidade reprodutiva dos acessos foram realizados testes de germinação. Os extratos alcaloidais foram utilizados em teste de bioatividade em cepas de Colletotrichum fructicola e C. theobromicola. Os testes de germinação permitiram selecionar acessos 2 e 4, com maior germinabilidade. Os acessos com maior concentração de alcaloides totais nas raízes foram 5 e 7. Entre os acessos foram detectados os alcaloides anonaína, asimilobina, liriodenina, nornuciferina, lisicamina, xylopina, oxoxylopina e reticulina. A abundância dos alcaloides anonaína e liriodenina foi maior em indivíduos jovens e a reticulina foi maior em indivíduos adultos. Os alcaloides lisicamina, nornuciferina e oxoxylopina foram reportados pela primeira vez para a espécie Annona emarginata. Os testes biológicos tiveram respostas promissoras, as raízes dos acessos 1, 2, 4, 5, 7 e controle (jovens), 2-7 e controle (adultos) de Annona emarginata e adultos de Annona x atemoya inibiram a atividade do fungo C. fructicola. Os acessos 2, 4 e 5 (jovens), 2 e controle (adultos) de raízes de Annona emarginata inibiram a atividade do fungo C. theobromicola. A partir dos resultados podemos concluir que o perfil de alcaloides não apresentou diferenças entre os acessos de Annona emarginata, porém a espécie se mostrou promissora na bioprospecção de novas moléculas, bem como seus efeitos bioativos.
Efeito do défice hídrico na etapa fotoquímica em Pereskia aculeata e Pereskia grandifolia (Cactaceae)
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-08-31) Seraphim, Rafael Guerreiro; Almeida, Luiz Fernando Rolim de [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
As mudanças climáticas vêm promovendo a diminuição da disponibilidade hídrica e aumento dos eventos de seca. Além disso, a baixa diversidade nos sistemas produtivos e a destruição ecossistêmica colocam em risco a segurança alimentar da população. Frente a tal crise socioambiental, estão ganhando atenção as plantas alimentícias não convencionais (PANC), que recebem este nome pois não são habitualmente consumidas em determinada cultura ou região. Espécies de PANC nativas do Brasil e de relevante importância são as do gênero Pereskia, conhecidas popularmente como ora-pro-nobis, as quais são naturalmente resistentes a eventos de restrição hídrica e possuem elevado potencial alimentício. Sendo assim, o principal objetivo deste estudo foi compreender ecofisiologia das espécies Pereskia aculeata e P. grandifolia (Cactaceae) sob condições de défice hídrico. O experimento foi realizado com plantas cultivadas em casa de vegetação em um período de 55 dias. Os grupos experimentais foram: 1) controle (C): com disponibilidade de água durante todo o período; 2) défice moderado (DM): irrigado a cada quatro dias e; 3) défice severo (DS): irrigado a cada dez dias. Variáveis relacionadas ao metabolismo fotossintético foram medidas durante todo o experimento, sendo elas a condutância estomática, o potencial hídrico do solo e aquelas relacionadas à etapa fotoquímica. Ao final do experimento, folhas foram coletadas para análise da quantidade de proteínas solúveis totais. Os resultados demonstraram que ambas as espécies com défice hídrico severo apresentaram a transição metabólica do tipo C3 para o tipo CAM idling, sendo essa a forma de tolerância. O estresse hídrico não afetou significativamente a quantidade de proteínas nas folhas, sinalizando um ajuste metabólico em relação ao perfil enzimático das espécies. Conclui-se que as espécies apresentam elevada relevância para o cultivo objetivando a alimentação humana, já que conseguiram manter-se em condições de restrição hídrica, tolerando um contexto de mudança climática.
Hidróxido de cobre no controle de antracnose, desempenho fotossintético, óleo essencial e qualidade de frutos de atemoia (Annona x atemoya Mabb.)
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-07-29) Cardoso, Caroline Pardine; Boaro, Carmen Silvia Fernandes [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
(1): A atemoia (Annona x atemoya Mabb.), pertencente à família Annonaceae, apresenta consumo crescente devido a características organolépticas e nutricionais. A antracnose, fungo do gênero Colletotrichum, é uma das principais doenças na cultura provocando perdas de até 70 % em pomares comerciais. A aplicação de fungicidas é prática comum, como método preventivo e de controle, e compostos a base de cobre são utilizados. O micronutriente cobre atua na inibição enzimática, resultando na morte do patógeno. Fatores bióticos e abióticos resultam em aumento de radicais livres prejudiciais ao desenvolvimento vegetal. Como resposta ao estresse, vias enzimática e não enzimática podem ser estimuladas. Diante do exposto, o trabalho objetivou estudar a incidência de antracnose, o desempenho fotossintético e a produção de óleo essencial em plantas de atemoia (Annona x atemoya Mabb.) cv. Thompson submetidas a aplicação de Cu(OH)2 em diferentes concentrações e frequência de aplicação. O experimento foi conduzido em delineamento experimental em blocos casualisados com quatro repetições e uma planta por parcela. A maior frequência de aplicações do tratamento 5 resultou em maior controle da doença. A menor frequência de aplicação foliar de Cu(OH)2 (tratamento 2) reduziu a incidência de antracnose abaixo do nível de ação recomendado, proporcionando óleo essencial com maior concentração de substâncias com atividade antifúngica. Sugere-se, portanto, a menor frequência de aplicação visando economia para o agricultor devido à redução na utilização de maquinário e gastos com o produto fitossanitário, redução no acúmulo de cobre no solo e sem prejuízo fotossintético. A aplicação de hidróxido de cobre foi eficaz contra a antracnose, possibilitou maior concentração de substâncias antifúngicas no óleo essencial e não alterou o desempenho fotossintético de plantas de atemoia. (2): A atemoia (Annona x atemoya Mabb.), pertencente a família Annonaceae, apresenta consumo crescente devido às características organolépticas e nutricionais. Seu fruto é climatérico e dependendo das condições de armazenamento, pode apresentar curta vida pós-colheita. Seu valor comercial é baseado em atributos de qualidade, como a homogeneidade visual de tamanho e ausência de defeito de casca. A antracnose, fungo do gênero Colletotrichum, é uma das principais doenças na cultura provocando, quando não controlada, desfolha prematura da planta, frutos escuros e mumificados. O ataque do patógeno pode estressar as plantas, aumentando a concentração de radicais livres que causam danos ao metabolismo. A aplicação de produtos fitossanitários é prática comum entre agricultores como métodos preventivo e de controle. Compostos a base de cobre compõem fungicidas pois atuam na inibição enzimática, resultando na morte do patógeno. Na planta, o micronutriente pode influenciar a síntese de lignina, auxiliando na proteção por meio de espessamento de parede celular e da atividade da catalase, reduzindo H2O2 a O2. Como resposta ao estresse, vegetais podem acumular açúcares em folhas e frutos. Diante do exposto, o presente estudo objetivou investigar os efeitos da aplicação de Cu(OH)2 em plantas de atemoia cv. Thompson na qualidade pós-colheita dos frutos. O experimento foi conduzido em delineamento experimental em blocos casualisados com quatro repetições e uma planta por parcela. O estudo avaliou aplicações foliares quinzenais de hidróxido de cobre e/ou água e adjuvante, em diferentes concentrações e número de aplicações. As maiores frequências de aplicação com menores concentrações de fungicidas contendo Cu(OH)2 controlaram o escurecimento da casca de frutos de atemoia, aumentaram os açúcares trealose e sacarose e a vida de prateleira.
Estudos taxonômicos e morfométricos de táxons do complexo Eriosema crinitum (Kunth) G.Don (Leguminosae – Papilionoideae)
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-02-24) Campos, Renan Pavan; Perez, Ana Paula Fortuna [UNESP]; Moura, Tânia Maria de; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Recentes hipóteses filogenéticas apontam Eriosema (Leguminosae – Phaseoleae – Cajaninae) como monofilético. Este gênero possui ca. 150 táxons com distribuição pantropical. A África é seu principal centro de diversidade (ca. 100 spp.), seguido pelas Américas (ca. 55 spp.). Seus representantes são uniformes morfologicamente e os caracteres relacionados às folhas, inflorescência e o indumento são usados para circunscrever espécies, características estas que podem ser variáveis de acordo com as condições ambientais. Devido a ampla variação morfológica citada, existem complexos taxonômicos ainda não resolvidos, como por exemplo Eriosema crinitum (Kunth) G.Don, representado por quatro variedades: E. crinitum var. discolor Fortunato, E. crinitum var. pulchellum Benth, E. crinitum var. stipulare (Benth.) Fortunato e a variedade típica. Estes táxons são morfologicamente semelhantes e de imprecisa delimitação, fazendo com que E. crinitum represente, de fato, um complexo taxonômico. Embora um tratamento taxonômico, para as espécies ocorrentes no Brasil, tenha sido desenvolvido recentemente para o gênero, questões referentes ao complexo E. crinitum não foram tratadas de maneira aprofundada. A resolução de complexos taxonômicos, é de suma importância para a compreensão da biodiversidade de um grupo, pois estes mascararam a quantidade real de espécies que as compõem. O Brasil é um país mega diverso, detendo aproximadamente 32,109 sp. nativas de plantas com sementes, este número cresce a um ritmo de aproximadamente uma espécie nova catalogada a cada dois dias. Devido as alterações ambientais causadas pelas ações antrópicas, é comum que espécies recém registradas, já estejam sob um nível de ameaça de extinção ou até mesmo já estarem extinta. Com base nisso, o presente trabalho teve por objetivo realizar um estudo morfométrico e taxonômico para o complexo E. crinitum. Para tanto, foram abordadas a metodologia clássica utilizada para estudos de taxonomia vegetal e análises de PCA e UPGMA para os estudos fenéticos, onde utilizou-se de 57 caracteres qualitativos e quantitativos para 52 unidades taxonômicas operacionais (UTO). Também foram acessados o status de conservação para todas os táxons. Os resultados obtidos apontam a existência de seis espécies para o complexo. Para essas foram propostas quatro sinonimizações, dois nomes novos e dois nomes foram elevados ao status específico, duas espécies apresentaram estarem sob status de vulnerabilidade (VU), duas quase vulnerável (NT) e uma pouco preocupante (LC). Dados de distribuição geográfica e descrições dos táxons também são aqui apresentados.
Memória fisiológica a partir do estresse hídrico em Sorghum bicolor (L.) Moench com expressão da aquaporina PIP2;5
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2022-02-22) Pegorin, Priscila; Almeida, Luiz Fernando Rolim de [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A deficiência hídrica provoca alterações fisiológicas, bioquímicas e estruturais. Respostas fisiológicas ocorrem após sinalização do déficit hídrico e promovem nas plantas a capacidade de armazenar informações geradas a partir do estímulo, iniciando o processo de memória fisiológica. Nossa hipótese é que a deficiência hídrica severa progressiva (DHSP), por ser recorrente, imprima memória fisiológica nos processos de reidratação, em especial no segundo evento, atrelada a expressão diminuída da PIP2;5 no período de estresse hídrico e superexpressão no momento da reidratação. Este estudo teve como objetivo avaliar respostas que caracterizam a memória fisiológica em Sorghum bicolor (L.) Moench a partir da deficiência hídrica severa progressiva (DHSP) com ênfase no processo de reidratação, analisando a relação com a aquaporina PIP2;5. As plantas foram separadas em dois grupos: controle e deficiência hídrica severa progressiva, cujo último tratamento foi submetido a dois eventos de restrição hídrica, seguidas de reidratações. Os dados de trocas gasosas, fluorescência da clorofila a, conteúdo relativo de água (CRA) e potenciais hídricos foliares e do solo (Ψw MPa), condutividade hidráulica foliar (Kplanta), atividade da enzima POD, nível de peroxidação lipídica, conteúdo de H2O2 e a expressão do gene PIP2;5 foram analisados. Os resultados demonstraram que o segundo evento de deficiência hídrica e reidratação promoveu respostas fisiológicas que indicam aumento da tolerância à restrição hídrica. O CRA, Ψw foliar e E, gs, indicam estratégias na economia do uso da água, evidenciando a memória de deficiência hídrica, bem como a aquaporina PIP2;5 que apresentou redução da sua expressão no período de seca, seguida de superexpressão assim que a reidratação foi aplicada, auxiliando nas relações hídricas da planta e no crescimento.
Secondary xylem of stem and root of cerrado woody plants: anatomical and functional approach
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-10-08) Dutra, Rafaella Emanuelle Monteiro; Marcati, Carmen Regina [UNESP]; Nogueira, Anselmo [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
The plant's ability to invest in the wood tissue in different organs is crucial to its survival in terrestrial environments. Wood is a complex system linked to water transport, mechanical support, and storage of essential substances. However, the understanding of wood traits patterns between organs and the relationship between anatomical and functional traits is still limited. In this study, we investigated the anatomical and functional wood patterns between the root and stem across 15 woody species of the Cerrado domain (Brazilian savanna), also exploring the relationships among the wood traits across species. For that, we measured in both organs in all species the anatomical wood traits, theoretical hydraulic conductivity, wood density, and non-structural carbohydrates. Our results revealed a similar wood anatomy, estimation of theoretical hydraulic conductivity, and wood density when compared root and stem, but high content of non-structural carbohydrate in the root. Plant height had a positive effect on wood anatomy when combined ray width with vessel element length and ray density. Wood density was explained by rays and vessels features, while non-structural carbohydrates content was not related to the anatomical traits. We also identified a positive relationship between theoretical hydraulic conductivity and pits size. The wood traits patterns observed provide a more integrated knowledge of wood function, and highlight that storage traits and function are prioritized in Brazilian savanna woody plants.
Revisão taxonômica e estudos filogenéticos e anatômicos em táxons de Adesmia subg. Adesmia séries Bicolores, Subnudae, Muricatae (Leguminosae)
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-06-30) Monteiro, Thiago Cobra e; Fortuna-Perez, Ana Paula [UNESP]; Iganci, João Ricardo Vieira; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Os legumes Dalbergioides (Leguminosae) englobam três clados: Dalbergia, Pterocarpus e Adesmia. O clado Adesmia compreende atualmente cinco gêneros, sendo Adesmia o mais diverso, com aproximadamente 240 espécies (divididas em dois subgêneros e 43 séries). O gênero é diagnosticado morfologicamente pelas flores com estames livres e fruto do tipo lomento ou hemicraspédio, e é restrito às regiões subtropicais da América do Sul. A atual divisão infragenérica de Adesmia foi proposta em uma sinopse taxonômica do gênero, realizada na década de 60 por Arturo Burkart, e é baseada exclusivamente em características morfológicas. Desde então, os estudos taxonômicos em Adesmia têm sido de caráter regional, o que dificultou a circunscrição de algumas espécies que ocorrem em mais de um país, como é o caso de muitos dos táxons das séries Subnudae, Muricatae e Bicolores. Dessa forma, foi realizada uma revisão taxonômica para elucidar a circunscrição dos 25 táxons destas três séries (15 espécies e 10 variedades), um estudo filogenético para testar o monofiletismo das três séries e um estudo anatômico para esclarecer a circunscrição de A. punctata var. punctata e A. punctata var. hilariana (ser. Bicolores), variedades que são delimitadas principalmente pelo indumento glandular. Foram realizados empréstimos e visitas a herbários nacionais e estrangeiros, além de expedições a campo. Amostras de todas as espécies foram coletadas e análises cladísticas moleculares baseadas em ITS/5.8S (nrDNA) foram performadas. Duas espécies novas foram descritas, duas novas ocorrências foram registradas para o Brasil, duas variedades foram elevadas a categoria de espécie, uma espécie foi restabelecida e oito sinonimizações foram propostas, assim como oito lectótipos, um neótipo e um epitipo. Estas alterações serão formalizadas em breve em uma publicação, conforme as normas de Nomenclatura Botânica. As séries Bicolores e Subnudae se mostraram aninhadas na série Muricatae. As variedades de A. punctata foram separadas pela posição e comprimento do indumento glandular e pela presença/ausência de idioblastos fenólicos na mesoderme.
Revisão taxonômica das espécies de Nissolia Jacq. (Leguminosae, Papilionoideae) ocorrentes na América do Sul
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-06-30) Silva, Isabella Cristina de Castro; Moura, Tânia Maria de; Fortuna-Perez, Ana Paula [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Nissolia é representado por 32 táxons distribuídos pelas regiões tropicais e subtropicais do continente americano, possuindo dois principais centros de diversificação: México e Brasil. Um fator interessante é que a maioria dos táxons ocorrentes na América do Sul são substancialmente distintos daqueles ocorrentes na América Central e México, considerando a morfologia dos frutos e hábito. Os táxons extra Sul-Americanos apresentam o artículo terminal do lomento estéril e alado (samaróide) e hábito trepador prostrado, enquanto aqueles encontrados na porção sul do continente apresentam fruto lomento cilíndrico com todos os artículos férteis e são trepadeiras alcançando topos de árvores. Tradicionalmente, parte dos táxons atualmente circunscritos em Nissolia estavam incluídos em Chaetocalyx; no entanto, este último foi recentemente sinonimizado em Nissolia. Estudos taxonômicos completos para ambos os gêneros foram desenvolvidos há mais de 60 anos; ainda assim, alguns táxons são de difícil identificação devido a inúmeras sobreposições morfológicas. Com base no exposto, o presente trabalho teve como objetivo realizar uma revisão taxonômica para os taxóns de Nissolia ocorrentes na América do Sul, visando contribuir com o conhecimento sobre as relações morfológicas e biogeográficas do gênero. Neste estudo foi reportada a ocorrência de 18 táxons para a América do Sul, incluindo duas novas espécies para a ciência: N. rondonensis e N. stipulata, uma nova combinação N. subulata (≡ Chaetocalyx subulatus) e uma nova sinonimização. Foram elaboradas duas chaves de identificação para os táxons: uma com enfoque nos frutos e outra com as demais características vegetativas e reprodutivas. Finalmente, descrições completas dos táxons, mapas de distribuição geográfica, informação ao estado de conservação, ilustrações e fotografias são também apresentados.
Características da micromorfologia e da anatomia foliar na taxonomia de nissolia jacq. (leguminosae, papilionoideae)
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-05-31) Veiga, Vitória Floss da; Machado, Silvia Rodrigues [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Nissolia Jacq., alocado no clado Adesmia (Leguminosae: Papilionoidae: Dalbergieae) é composto por 29 espécies distribuídas nas Américas e seu centro de distribuição é o México. A diversidade de estruturas secretoras, tais como epiderme glandular, idioblastos, canais e cavidades secretoras, além de tricomas glandulares é reportada nos gêneros que integram o clado Adesmia e a importância da combinação de caracteres da micromorfologia de superfície e da anatomia foliar como fontes adicionais em estudos taxonômicos tem sido ressaltado em Leguminosae. Neste sentido, foram analisadas a micromorfologia de superfície e a anatomia foliolar de representantes de Nissolia, a fim de reconhecer potenciais caracteres anatômicos úteis para taxonomia, corroborando na identificação dos táxons do gênero, além de apontar características associadas com o ambiente de ocorrência dos táxons. Adicionalmente, análises fenéticas (UPGMA e PCA) foram utilizadas para verificar padrões de variação anatomica dentre os táxons estudados. Para isso, amostras obtidas de exsicatas provenientes de coleções brasileiras e herbários estrangeiros foram processadas seguindo métodos usuais em microscopia de luz e eletrônica de varredura. Caraterísticas das superfícies foliolares como ceras epicuticulares em forma de placas, cutícula estriada, tricomas glandulares peltados, tricomas não-glandulares simples e estômatos com borda estomática espessa e elevada sobre a fenda estomática foram comuns a todos os táxons estudados. Do rol de 24 táxons estudados, 23 apresentaram folhas dorsiventrais, com um táxon isofacial; 17 foram hipoestomáticos e oito anfiestomáticos. Nervura principal proeminente na face dorsal, estômatos com cristas estomáticas e câmaras supra e subestomática desenvolvidas, epiderme unisseriada, células da epiderme bi-compartimentada e com idioblastos secretores de mucilagem; feixes vasculares colaterais e com extensão de bainha parenquimática em direção à superfície adaxial ou ambas às superfícies foliolares. Os idioblastos ocorreram em ambas as superfícies foliares, contudo foram mais abundantes na superfície adaxial, onde são mais volumosos, com paredes primárias espessas e formato variando de oval a cônico. As análises de agrupamento (UPGMA e PCA) efetuadas com base dos caracteres micromorfológicos e anatômicos, evidenciaram que as espécies de Nissolia se enquadram em dois grandes grupos e em cada um destes grupos mais dois agrupamentos foram estabelecidos. Caracteres úteis para delimitação desses grupos, foram número de camadas do parênquima paliçadico, posição dos tricomas e idioblastos na face abaxial. Em conclusão, alguns dos caracteres anatômicos da folha, por exemplo, tricomas nãoglandulares, estômatos com anel periestomático, celulas epidérmicas papiliformes e idioblastos secretores de mucilagem, constituem características principais para o agrupamento das espécies, enquanto a presença de ceras em placas, tricomas glandulares, cristais prismáticos de 12 oxalato de cálcio e extensão da bainha do feixe podem ser usados para delimitar táxons dentro do gênero
Geographical phenotypic variation and reproductive system of a distylous Rubiaceae in the brazilian cerrado
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2020-12-01) Doria, Maria Júlia Waldemarin; Amorin, Felipe de Wanderley [UNESP]; Kissmann, Camila; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Palicourea rigida is a Rubiaceae species widely distributed across the Brazilian Cerrado. The species presents distyly, a type of floral dimorphism comprised of two floral morphs that are followed by a genetic heteromorphic self-incompatibility that enables the reproduction only after pollen flow between the distinct floral morphs. Palicourea rigida is typically pollinated by hummingbirds and has flowers varying in the color spectrum between orange and red. The species, however, presents a phenotypic variation across its distribution, and this variation includes floral size, color, and life form. In the southernmost distribution of the Cerrado vegetation, P. rigida presents a notoriously phenotypic variation with a markedly different life form, flower size, and color. In this sense, considering the phenotypic variation in Palicourea rigida populations either in life form and floral traits, as well as its dependence on pollinators for sexual reproduction, in this study we described the changes in the floral morphology of different populations of P. rigida and tested if they are followed by alterations of the basal features of distyly, i.e., breakdown of the heteromorphic self-incompatibility system, reciprocal hercogamy and isoplethy. Additionally, due to the change in flower color and size, we discussed the hypothesis of a potential pollinator shift from hummingbirds (ornithophily) to bees (melitophilly) in the dwarf population presenting yellow flowers as a possible outcome of pollinator-mediated selection. For this, we perform controlled pollination experiments in the southernmost dwarf population, analyzed the floral morphology, and evaluate floral color and pollinator perception. Our results showed that the basal features of distyly were maintained in the southernmost dwarf population, and the flowers are significantly smaller, with a larger stigmatic lobe in both floral morphs. Our results reinforce the role of inaccuracy in legitimate pollen deposition, where the higher inaccuracy in high organs seems to be responsible for lower pollen deposition at that level. Besides that, we found a pollinator shift from hummingbirds to bees in the population, even with no cognitive difference for bees when exposed to P. rigida yellow and reddish flowers.
Lygodium ×fayae: abrindo o caminho para uma maior compreensão sobre híbridos de samambaias brasileiras: um estudo morfológico e anatômico sobre as espécies brasileiras de Lygodium (Lygodieaceae), focado em morfologia de estômatos e esporos, e germinação de esporos
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2020-04-27) Lindsey, Rebekah Helen; Perez, Ana Paula Fortuna [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A família Lygodiaceae sempre teve uma taxonomia contraditória, o número de espécies aceitas no Brasil variando de duas a doze ao longo das décadas. Sendo Lygodiaceae uma família antiga, acredita-se que essas contradições possam ser causadas por híbridos. Os híbridos surgem pelo cruzamento de duas ou mais espécies e, geralmente, são primeiro identificados por suas características morfológicas intermediárias entre as espécies parentais. Normalmente, os híbridos recentes de samambaia são detectados ocorrendo junto com suas espécies parentais. Os esporos de indivíduos híbridos geralmente são mal formados e / ou abortados, portanto, inviáveis, mas os poucos esporos viáveis poderiam iniciar o processo de especiação de uma nova espécie. Considerando a sobreposição de características morfológicas, a hibridação poderia ter ocorrido entre duas espécies de Lygodium no Brasil, L. venustum e L. volubile gerando o hipotético híbrido L. × fayae. Devido à difícil identificação desses táxons, nossos estudos analisaram dois caracteres diferentes (tamanho e morfologia dos esporos e estômatos) por microscopia eletrônica de varredura, estudamos a germinação dos esporos e criamos novas descrições e uma chave de identificação às espécies aceitas para ajudar na delimitação taxonômica dos dois táxons de Lygodium e seu híbrido putativo. De acordo com nossos resultados, as espécies classificadas como L. × fayae na região sudeste do Brasil não são híbridas, mas uma variação morfológica de Lygodium venustum. Estudos adicionais sobre análises morfométricas com medidas de estômatos e esporos devem realizados para dar maior suporte aos nossos resultados.
Memória fisiológica induz respostas fotoquímicas e bioquímicas em plantas de sorgo sob défice hídrico recorrente
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2020-02-21) Leite, Lívia Carvalho; Almeida, Luiz Fernando Rolim de [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
O desenvolvimento das plantas é controlado por vários fatores ambientais dentre os quais a água, cujo papel vital determina o sucesso no estabelecimento vegetal. Embora as intervenções abióticas as quais estão sujeitas ao longo de seu desenvolvimento possam prejudicá-las, os eventos de estresse anteriores podem induzir seu metabolismo contra posteriores, influenciando respostas. Memória de estresse envolve múltiplas modificações em níveis fisiológicos, proteômicos, transcricionais e mecanismos epigenéticos em plantas em resposta às essas mudanças no ambiente. Neste estudo, sugeriu-se a hipótese de que as plantas de sorgo previamente expostas a ciclos de défice hídrico terão melhor desempenho fisiológico do que as que nunca enfrentaram esta condição, quando ambos grupos estão sujeitos à baixa disponibilidade de água. Este trabalho propôs identificar algumas das possíveis contribuições fisiológicas para com o desempenho fotoquímico de indivíduos da espécie Sorghum bicolor (L.) Moench submetidos a dois eventos de défice hídrico, em comparação com indivíduos expostos a apenas um evento, além do grupo controle mantido sob irrigação. As respostas fisiológicas observadas em plantas submetidas a défice hídrico recorrente indicam ajustes fisiológicos distintos das plantas do grupo submetido a esta condição apenas uma vez. Os resultados de relações hídricas, taxas fotossintéticas e conservação do aparato fotoquímico sugerem que experiência de estresse anterior pode desenvolver memória fisiológica. Os dados sugerem que as plantas foram capazes de armazenar informações do evento de restrição hídrica anterior, influenciando respostas durante o segundo evento de défice.
Estimativa de nitrogênio em Annona emarginata (Schltdl.) H. Rainer utilizando espectroscopia no infravermelho próximo (NIRS): Uma abordagem estatística e computacional
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2020-02-18) Gomes, Rafaela Lanças; Ferreira, Gisela [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
O nitrogênio é um elemento mineral essencial para as plantas. Sua deficiência em fases iniciais do desenvolvimento pode gerar alterações fisiológicas e morfológicas que reduzem o crescimento e conflui na não expressão total do potencial genético vegetal. As técnicas mais difundidas para a quantificação do N nas plantas demandam tempo, são destrutivas e liberam compostos tóxicos para o ambiente. A NIRS (Near-Infrared Spectroscopy - Espectroscopia no Infravermelho Próximo), se apresenta como uma técnica alternativa, sendo indireta, mas instantânea, não destrutiva e que não utiliza reagentes químicos, mas necessita de calibração, que pode ser feita por métodos estatísticos e computacionais. Para mudas que são produzidas em viveiros, como as de Annona emarginata (Schltdl.) H. Rainer, é essencial manter o monitoramento de N, de forma rápida e não danosa, para garantir a qualidade e vigor das mudas. Desta forma, este trabalho visou detectar alterações na caracterização espectral foliar de A. emarginata em função do fornecimento de concentrações de nitrogênio e classificar as mudas em função dos níveis de nitrogênio, com base na caracterização espectral, utilizando algoritmos de aprendizado de máquinas e análise estatística multivariada. As mudas de A. emarginata (240) foram mantidas em sistema de hidroponia, com alterações na concentração de nitrogênio: 0 mg.L-1 de N (T1); 52,5 mg.L-1 de N (T2); 105 mg.L-1 de N (T3) e 210 mg.L-1 de N (T4), com 60 repetições (mudas) para cada tratamento. Após 45 dias nestas soluções, foram coletadas três folhas de cada planta, fotografadas e aferidas suas caracterizações espectrais. Foram testadas diversas combinações de técnicas de redução e de classificação estatísticas e de aprendizado de máquinas e propostos índices espectrais com os comprimentos de onda mais selecionados. Quanto às variáveis fisiológicas, foram analisadas as trocas gasosas, fluorescência e pigmentos foliares. Pela caracterização espectral, percebe-se um afastamento total das curvas de mudas com falta e sem falta de N. Conclui-se que a técnica NIRS pode ser aplicada para a detecção de variações na concentração de N nas folhas de plantas jovens (mudas), antes do aparecimento de sinais visuais e que técnicas estatísticas são melhores para se fazer a calibração do método do que técnicas de aprendizado de máquinas.
Desempenho fotossintético, perfil e atividade do óleo essencial de Xylopia aromatica (Lam.) Mart. nas fases vegetativa e reprodutiva no cerrado paulista
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2020-02-19) Jorge, Letícia Galhardo [UNESP]; Boaro, Carmen Silvia Fernandes [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Espécies vegetais são capazes de produzir diversidade de substâncias, que desempenham funções importantes para sua sobrevivência e adaptação ao ecossistema. O metabolismo primário, é essencial para o crescimento, desenvolvimento, maturação e reprodução de qualquer espécie. O metabolismo especializado, dependente do primário, é responsável por originar o óleo essencial, que são misturas de metabólitos especializados voláteis, representados principalmente por monoterpenos e sesquiterpenos. Cada espécie vegetal produz um óleo essencial de composição característica específica, podendo ser influenciado por fatores bióticos e abióticos. A fenologia pode influenciar processos bioquímicos e rotas metabólicas capazes de modificar a formação de substâncias biologicamente ativas, alterando diretamente o conteúdo e a qualidade dos óleos essenciais. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar se as fases fenológicas, vegetativa e reprodutiva modificam o desempenho fotossintético e o perfil do óleo essencial de Xylopia aromatica (Lam.) Mart., influenciando sua atividade biológica na defesa antioxidante e ação antifúngica. As variáveis, fluorescência da clorofila a, trocas gasosas, carboidratos, atividade enzimática e peroxidação lipídica, potencial água, conteúdo relativo de água das folhas, extração, rendimento, caracterização química e atividade antifúngica do óleo essencial de Xylopia aromatica foram avaliadas em 24 plantas, 12 no estádio vegetativo e 12 no reprodutivo, coletadas em 2018 e 2019. Os resultados demonstraram que a influência das fases fenológicas, vegetativa e reprodutiva e da época avaliada, com condições ambientais diferentes, pode ter maior ou menor importância nas características do perfil fotossintético e químico, demonstrando maior atuação na defesa antioxidante da Xylopia aromatica.
Plasticidade fenotípica em miconia ligustroides (dc.) naudin (melastomataceae) em cerrado stricto sensu e floresta estaciomal semidecídua: dados morfoanatômicos, histoquímicos e fisiológicos
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2020-02-21) Valerio, Zoraide; Machado, Silvia Rodrigues [UNESP]; Santos, Elza Maria Guimarães [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A busca pela compreensão dos mecanismos que permitem que espécies vegetais ocupem ambientes distintos tem atraído a atenção de inúmeros pesquisadores, especialmente no contexto de mudanças climáticas. Neste sentido, características morfológicas, anatômicas e fisiológicas têm sido usadas com frequência para investigar respostas das plantas a diferentes condições ambientais. Miconia ligustroides, um representante de Melastomataceae, exibe extremo polimorfismo em cerrado (stricto sensu) e floresta estacional semidecídua (Mata Atlântica). Com o objetivo de verificar como as características foliares variam nesta espécie em reposta ao ambiente, e compreender como essas respostas podem interferir na distribuição da espécie em ambientes contrastantes, exemplares de M. ligustroides foram estudados e comparados. Para isso, amostras de folhas completamente expandidas foram coletadas e processadas para estudos aos microscópios de luz e eletrônico de varredura, de acordo com técnicas usuais. Trocas gasosas, fluorescência da clorofila a e luminosidade incidente foram avaliadas in loco utilizando-se o analisador de gás infravermelho portátil (IRGA-modelo LI 6400 XT, Li-cor). Foram realizados registros do microclima e análises físico-químicas do solo nas áreas de estudo. Plantas desses dois ambientes mostraram variações quanto ao hábito e características morfológicas e anatômicas das folhas, além de diferenças nos índices de trocas gasosas e fluorescência da clorofila a. No cerrado, as plantas apresentaram hábito arbustivo, com limbo espesso e de coloração esverdeada-brilhante, dispostas verticalmente nos ramos. Na floresta, as plantas apresentaram porte arbóreo, com limbo delgado e coloração verde-escura opaco, dispostas horizontalmente nos ramos. Cutícula mais espessa com estrias cuticulares e ceras epicuticulares em forma de placas proeminentes, células epidérmicas e células do parênquima paliçádico mais altas e mesofilo mais espessos foram observados nos exemplares do cerrado. Braquiesclereides ocorreram unicamente na nervura principal dos exemplares do cerrado; idioblastos cristalíferos contendo mucilagem e células com conteúdo fenólico foram observados em todos os exemplares analisados, contundo foram mais abundantes no cerrado. Não houve diferença significativa em relação à densidade e diâmetro (polar e equatorial) dos estômatos entre os dois ambientes. Nas plantas do cerrado, foram registradas as maiores taxas de assimilação liquida de CO2, transpiração, condutância estomática, eficiência da enzima Rubisco e menor concentração interna de CO2, enquanto que a eficiência do uso da água não diferiu estatisticamente nas duas localidades. Os maiores valores de rendimento quântico efetivo do fotossistema II (ΦFSII), taxa de transporte de elétrons (ETR), quenching fotoquímico (qP), fração de luz absorvida pela antena do fotossistema II que é dissipada como calor (D), foram registrados em plantas de M. ligustroides do cerrado. Maiores valores de fração de energia de excitação não dissipada na antena que não pode ser utilizada na fotoquímica (Ex) e maior rendimento quântico potencial do fotossistema II (Fv'/Fm') foram registrados em plantas de M. ligustroides na floresta. O presente estudo demonstrou que as características morfológicas, anatômicas e fisiológicas variam entre os exemplares de M. ligustroides ocorrendo em cerrado e floresta e, o conjunto de resultados obtidos neste estudo indica que as variações exibidas por M. ligustroides estão relacionadas principalmente com as condições de luminosidade do ambiente, que é significativamente mais elevada no cerrado, e com algumas características físico-químicas do solo, principalmente a elevada concentração de manganês no solo da floresta. A capacidade de M. ligustroides em explorar ambientes com diferenças significativas na intensidade luminosa e características do solo pode 2 explicar sua ampla distribuição em diferentes ecossistemas e pode ser vantajoso em condições de mudanças ambientais. Finalmente, a análise comparada de características morfoanatômicas e fisiológicas de folhas em representantes de M. ligustroides do cerrado e floresta, juntamente com registro das condições edafoclimáticas dessas duas fitofisionomias forneceu uma base para definir os fatores que atuam na plasticidade fenotípica desta espécie.
A carpoteca como ferramenta no processo de ensino-aprendizagem de morfologia de frutos
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2020-02-18) Matheus, Lucas Castro; Machado, Silvia Rodrigues [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
As coleções biológicas têm se mostrado muito importantes no processo de geração de conhecimento e, portanto, desempenham um papel fundamental na aprendizagem / ensino. A carpoteca, uma coleção de frutos preparada, apóia estudos taxonômicos, ecológicos e fisiológicos nos campos da botânica econômica, etnobotânica e em todas as atividades científicas de conservação das floras locais. A preparação de uma carpoteca requer conhecimento sobre a ampla diversidade morfológica de frutos e sementes e a terminologia apropriada para sua classificação. É preciso também saber como coletar, conservar e organizar o material e como usá-lo de maneira didática. O objetivo do presente estudo foi preparar uma coleta de frutos de plantas do Jardim Botânico do IBB-UNESP, cidade de Botucatu, no período de dezembro de 2018 a setembro de 2019. As coletas foram realizadas em trilhas pedestres no jardim. O material coletado foi medido com paquímetro digital, pesado em balança de precisão e fotografado em papel quadriculado para verificar o tamanho dos frutos. A conservação dos frutos carnosos foi realizada em meio líquido em recipientes de vidro com álcool a 70% e glicerina, e os frutos secos em recipientes de vidro contendo sílica (após secagem em estufa a 60 ° C). Todas as espécies nos frutos foram coletadas e identificadas. No total, 69 espécies de 36 famílias foram encontradas, reunidas e estudadas. As Fabaceae eram a família com a maioria das espécies ocorrendo. Em geral, predominaram os frutos polispérmicos e indeiscentes, com síndromes de dispersão zoocórica. Um atlas com descrições e ilustrações das plantas coletadas e seus frutos (“Carpoatlas”) mostra a variabilidade dos frutos das plantas estudadas. O atlas e o material coletado foram depositados no Jardim Botânico de Botucatu e no herbário BOTU para fins didáticos e, assim, familiarizar os alunos com a diversidade de frutos.
Fontes de nitrogênio na fotossíntese, produção de alcaloides e voláteis foliares em Annona sylvatica A. St.- Hil.
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2019-11-20) Corrêa, Patricia Luciana Carriel; Ferreira, Gisela [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Para o nitrogênio (N) ser utilizado pela planta para síntese de metabólitos vegetais ele deve estar disponível nas fontes nitrato (NO3-) ou amônio (NH4+). O NO3- demanda mais energia do que o NH4+ para ser assimilado e incorporado em esqueletos carbônicos por necessitar de agentes redutores. O metabolismo do N está relacionado ao metabolismo do carbono (C), pois o N necessita de esqueletos carbônicos para sua incorporação e a assimilação de CO2 depende de um adequado suprimento de N para formação do aparato fotossintético. Além da relação entre N e C com o metabolismo primário, há relação também com o metabolismo especializado, envolvendo a síntese de compostos voláteis foliares formados por unidades de C e a síntese de alcaloides, que são compostos nitrogenados. Deste modo, o objetivo do presente trabalho foi analisar como o NO3- e NH4+ influenciam na fotossíntese e se há alteração na produção de alcaloides e voláteis foliares em Annona sylvatica em função das diferentes fontes de N. Para tanto, foi realizado experimento em esquema fatorial 4x3, sendo 4 tratamentos [NH4+, NO3-, NO3-:NH4+ e sem o fornecimento de N (S/ N)] e 3 épocas de coleta [30, 60 e 90 dias após o início do experimento (DAT)]. Foi observado que aos 90 DAT, as plantas que receberam NH4+ apresentaram maior taxa de assimilação líquida de CO2 (Anet) que as plantas que receberam NO3- e que não receberam N; a eficiência de carboxilação da enzima rubisco (Anet/Ci) foi maior em plantas cultivadas com NH4+; a concentração interna de CO2 na câmara subestomática (Ci) foi menor em plantas cultivadas com NH4+ em comparação com plantas cultivadas com NO3-:NH4+ e sem N (S/N); o tratamento com NH4+ apresentou maior rendimento quântico efetivo do fotossistema II (ΦFSII) que o tratamento S/N; a maior concentração de alcaloides totais e liriodenina foi observada em plantas cultivadas com NH4+. O NH4+ também teve efeito sobre o composto volátil foliar majoritário β-selineno, que apresentou menor porcentagem relativa e correlação negativa em comparação ao tratamento com NO3- aos 30 DAT. Portanto, pode-se concluir que o fornecimento diferenciado de fontes de N altera a fotossíntese, a produção de alcaloides e de compostos voláteis foliares.

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