A conversão dos conhecimentos biológicos em saber escolar na práxis docente: um estudo a partir do relato de professores de ciências

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Data

2023-02-14

Autores

Souza, Bruno Novais de

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

Este estudo se debruça sobre a problemática do saber escolar. Para isso, aborda o ensino de Biologia nos Anos Finais do Ensino Fundamental. Tendo como ponto de partida empírico nossa experiência docente, que proporcionou o confronto com as condições objetivas do ensino na escola pública brasileira, e como ponto de partida teórico o sistema conceitual da pedagogia histórico-crítica, adotamos como objeto de estudo a conversão dos conhecimentos biológicos em saber escolar ao longo da práxis docente, buscando responder à seguinte pergunta: até que ponto podemos afirmar que o processo de conversão da Biologia em saber escolar ocorre para além do currículo e do livro didático, envolvendo mediações realizadas pelo professor em função das condições concretas de produção da aula? Ao considerar a presença hegemônica de pedagogias de viés neoliberal nas políticas e normatizações educacionais, tal questão desdobra-se nesta indagação: quais as principais determinações que incidem na conversão dos conhecimentos da Biologia em saber escolar na práxis docente, considerando que os professores de ciências que orientam sua atividade de ensino pela pedagogia histórico-crítica se deparam com o conhecimento científico expresso em saber escolar, a partir de intencionalidades, muitas vezes, opostas às suas? Pensando no desafio de tornar o conhecimento da Biologia assimilável pelo sujeito-destinatário concreto, esta investigação assume a seguinte hipótese: na ausência de um currículo para o ensino de Ciências que explicite, organize e sequencie adequadamente as relações conceituais fundamentais da Biologia, o professor que adota a pedagogia histórico-crítica se vê diante da necessidade de realizar processos originais de conversão do conhecimento científico em saber escolar no curso da aula, a fim de suplantar aquilo que se apresenta como saber escolar hegemônico. Para confrontar essa hipótese com a materialidade educativa, adotamos como procedimentos metodológicos as entrevistas semiestruradas, realizadas com sete professores de Ciências que têm a pedagogia histórico-crítica como orientadora de sua prática e atuaram nos Anos Finais do Ensino Fundamental nos últimos 10 anos. Diante disso, assumimos como objetivo investigar as principais determinações que condicionam o processo de conversão dos conhecimentos da Biologia em saber escolar no interior das condições concretas da escola pública brasileira. Identificamos em nossa análise determinações substanciais à atividade de ensino: i) a normatização escolar como ataque à autonomia docente; ii) a disciplinarização da Biologia e a perda de sua dimensão ontológica; iii) os critérios para saber escolar disponível; iv) as relações sociais como determinação do saber escolar. Concluímos que a identificação de “o que” deve ser ensinado exige intensa investigação do campo biológico, o que não corresponde ao tempo disponível dos professores que passam a realizar conversões não contempladas pelo currículo e pelo material didático, como a abordagem evolutiva para os conteúdos, sendo esse um possível caminho de superação da cisão entre Biologia Funcional e Evolutiva. Por haver correlação entre o campo curricular e o didático, especialmente na práxis docente, desponta a didática concreta como aquela que garantirá a devida unidade entre os conhecimentos biológicos e o método pedagógico, de forma que a aula, ao sintetizar a totalidade educativa, o que inclui as relações sociais, exige novos processos de conversão do saber.
Este estudio enfoca el problema del saber escolar, centrándose en la enseñanza de la Biología en los Años Finales de la Enseñanza Fundamental. Adoptando como punto de partida empírico nuestra experiencia docente, que proporcionó una confrontación con las condiciones objetivas de la enseñanza en las escuelas públicas brasileñas, y como punto de partida teórico el sistema conceptual de la pedagogía histórico-crítica, definimos como objeto de estudio la conversión del saber biológico en el saber escolar en la práctica docente, para responder a la siguiente pregunta: podemos decir que el proceso de conversión de la Biología en saber escolar ocurre más allá del currículo y del libro de texto, involucrando mediaciones realizadas por el docente de acuerdo a las condiciones concretas de producción de clase? Esta cuestión, al considerar la presencia hegemónica de las pedagogías neoliberales en las políticas y normativas educativas, se despliega en otra pregunta: ¿Cuáles son las principales determinaciones que inciden en la conversión de los saberes de Biología en saberes escolares en la práctica docente, considerando que los profesores de ciencias naturales que orientan su actividad docente a través de la pedagogía histórico-crítica, encuentran saberes científicos expresados en saberes escolares basados en intenciones muchas veces opuestas a las suyas? Pensando en el desafío de hacer asimilables los conocimientos de Biología por parte del sujeto-destinatario, esta investigación asume la siguiente hipótesis: En ausencia de un currículo para la enseñanza de las Ciencias que explique, organice y secuencie adecuadamente las relaciones conceptuales fundamentales de la Biología, el docente que adopta la pedagogía histórico-crítica se enfrenta a la necesidad de realizar procesos originales de conversión del saber científico en saber escolar en el transcurso de la clase, suplantando lo que se presenta como saber escolar hegemónico. Para confrontar esta hipótesis con la materialidad educativa, adoptamos como procedimientos metodológicos entrevistas semiestructuradas, realizadas a siete profesores de Ciencias que tienen como guía de su práctica la pedagogía histórico-crítica y han trabajado en los Años Finales de la Enseñanza Fundamental en los últimos 10 años. Ante esto, asumimos el objetivo de investigar las principales determinaciones que condicionan el proceso de conversión del saber de Biología en saber escolar dentro de las condiciones concretas de la escuela pública brasileña. En nuestro análisis, identificamos determinantes sustanciales a la actividad docente: i) la regulación escolar como atentado a la autonomía docente; ii) disciplinarización de la Biología y pérdida de su dimensión ontológica; iii) criterios de conocimiento escolar disponible; iv) las relaciones sociales como determinantes del saber escolar. Concluimos que la identificación de “qué” se debe enseñar requiere una intensa investigación del campo biológico, lo que no corresponde al tiempo disponible de los docentes que pasan a realizar conversiones no contempladas por el currículo y el material didáctico, como el enfoque evolutivo a los contenidos, siendo esta una vía posible para superar la escisión entre Biología Funcional y Evolutiva. Debido a que existe una correlación entre los campos curriculares y didáctico, especialmente en la práctica docente, la didáctica concreta se presenta como la que garantizará la debida unidad entre el conocimiento biológico y el método pedagógico, para que la clase, al sintetizar la totalidad educativa, que incluye las relaciones sociales, exige nuevos procesos de conversión de conocimientos.

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Palavras-chave

Biologia, Ensino de Ciências, Pedagogia histórico-crítica, Saber escolar, Biología, Enseñanza de las ciencias, Pedagogía histórico-crítica, Conocimiento escolar

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