Enfim puta: uma análise da escrita de vida em "E se eu fosse pura" de Amara Moira

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Data

2024-02-27

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Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

Amara Moira é travesti escritora e doutora em teoria literária pela Universidade Estadual de Campinas. Durante o doutorado, atuou como prostituta e relatou as suas experiências na obra E se eu fosse puta, publicada em 2016. Em 2018, o livro passa por uma revisão e ampliação, sofrendo uma alteração no título: E se eu fosse pura. Moira (2018) escreve que a mudança tem um caráter político, pois a palavra “puta”, estampada na capa, impossibilitava a circulação; não era algo aprovado socialmente. Assim, têm-se a troca dos termos, que dialoga com a similaridade estrutural das palavras, mas há uma diferença semântica entre elas. Ademais, na sociedade, os termos são vistos como antagônicos, porque uma puta não pode ser pura. Essa concepção dialoga com os pressupostos de Foucault (1985, 2021a e 2021b) a respeito da história da sexualidade e com a teoria de Butler (1993) a respeito dos corpos e das performances de gênero. Para compreender tais aspectos na produção de Moira, estudaremos conceitos de escrita de vida, de maneira histórica, passando por Lejeune (2014), que entende a autobiografia como uma narrativa retrospectiva em prosa, na qual a pessoa reflete sobre a própria existência, por Olney (1980), posicionando a autobiografia como um texto que trata a profundidade do ser, colocando o gênero como uma forma de descobrir as características variantes da sociedade e, finalizando em Smith & Watson (1998, 2010), pois expandem as ideias a respeito da autobiografia, utilizando o termo escrita de vida para abranger o tratamento de atos autobiográficos. Com isso, o intuito do presente trabalho é estudar a escrita de vida na obra E se eu fosse pura (2018) e como a autora se constitui como sujeito a partir de sua produção. Para isso, discutimos aspectos da autobiografia e a sua importância sociocultural, analisando como o objeto de estudo constitui-se como uma escrita de vida. Para tal, nos pautamos em teorias a respeito da constituição do sujeito, do relato autobiográfico e das perspectivas queer na literatura e na sociedade. Baseamo-nos em Philippe Lejeune, James Olney, Smith & Watson e Julie Rak para discorrer sobre o que a teoria compreende por autobiografia; Genette (2015, 2017) como uma forma de compreender o foco narrativo; Soares (2020), Almeida (2023) como base para o estudo da representatividade e para o estudo da produção da literatura travesti.
Amara Moira is a transvestite writer with a PhD in literary theory from the State University of Campinas. During her PhD, she worked as a prostitute and recounted her experiences in E se eu fosse puta, published in 2016. In 2018, the book underwent a revision and expansion, with a change in title: E se eu fosse pura. Moira (2018) writes that the change is political, because the word "whore", printed on the cover, made it impossible to circulate; it was not socially approved. Thus, we have the exchange of terms, which dialogues with the structural similarity of the words, but there is a semantic difference between them. Furthermore, in society, the terms are seen as antagonistic because a whore cannot be pure. This conception dialogues with Foucault's (1985, 2021a and 2021b) assumptions about the history of sexuality and Butler's (1993) theory about bodies and gender performances. In order to understand these aspects in Moira's production, we will study concepts of life writing, from a historical perspective, through Lejeune (2014), who understands autobiography as a retrospective narrative in prose, in which the person reflects on their own existence, through Olney (1980), positioning autobiography as a text that deals with the depth of being, placing the genre as a way of discovering the variant characteristics of society and, finally, Smith & Watson (1998, 2010), as they expand ideas about autobiography, using the term life writing to cover the treatment of autobiographical acts. The aim of this paper is to study life writing in E se eu fosse pura (2018) and how the author constitutes herself as a subject based on her production. To do this, we discuss aspects of autobiography and its socio-cultural importance, analyzing how the object of study is constituted as life writing. To do this, we draw on theories about the constitution of the subject, the autobiographical account and queer perspectives in literature and society. We draw on Philippe Lejeune, James Olney, Smith & Watson, and Julie Rak to discuss what the theory understands by autobiography; Genette (2015, 2017) as a way of understanding the narrative focus; Soares (2020), Almeida (2023) as a basis for the study of representativeness and for the study of the production of transvestite literature.

Descrição

Palavras-chave

Literatura brasileira, Escrita de vida, Autobiografia, Brazilian literature, Contemporary literature, Life writing

Como citar

FREITAS. Ana Carolina Biscolla de . Enfim puta: uma análise da escrita de vida em "E se eu fosse pura" de Amara Moira. 2024. 107 f. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade Estadual Paulista (Unesp), Instituto de Biociências Letras e Ciências Exatas (Ibilce), São José do Rio Preto, 2024.