UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA 

 “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”  

Faculdade de Ciências 

Campus de Bauru 

Programa de Pós-Graduação em Educação para a Ciência 

 

 

ALINE PEREIRA RAMIREZ BARBOSA 

 

 

 

 

 

 

 

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES PARA O 

ENSINO DE GEOMETRIA NOS ANOS INICIAIS: UM 

OLHAR A PARTIR DO PNAIC 

 

 

 

  

 

 

 

Bauru 

2017 



ALINE PEREIRA RAMIREZ BARBOSA 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES PARA O 

ENSINO DE GEOMETRIA NOS ANOS INICIAIS: UM 

OLHAR A PARTIR DO PNAIC 

 

 

 

 

 

Dissertação apresentada à Faculdade de 

Ciências da Universidade Estadual 

Paulista – UNESP, Campus de Bauru - 

Programa de Pós Graduação em Educação 

para a Ciência como requisito para 

obtenção do título de Mestre em Educação 

para a Ciência, sob a orientação da Prof.ª 

Dra. Beatriz Salemme Correa Cortela.  

  

 

Bauru 

 2017 

 

 



 

  

  

 

 

BARBOSA, Aline Pereira Ramirez. 

   Formação continuada de professores para o ensino de 

Geometria nos anos iniciais: um olhar a partir do 

PNAIC/ Aline Pereira Ramirez Barbosa, 2017, 180 f. 

 

   Orientador: Beatriz Salemme Correa Cortela 

    

   Dissertação (Mestrado)–Universidade Estadual 

Paulista. Faculdade de Ciências, Bauru, 2017 

 

1. Ensino de Geometria. 2. Anos iniciais do Ensino 
Fundamental. 3. PNAIC. I. Universidade Estadual 

Paulista. Faculdade de Ciências. II. Título.  

 

    

 

  

 



 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

 



  

Dedico este trabalho ao meu 

marido Elder e ao meu filho Vitor. 

Com vocês a caminhada, apesar de 

árdua, ficou mais leve, feliz e com 

muito amor. 

 



AGRADECIMENTOS 

 

Agradeço primeiramente a Deus, pela oportunidade da vida, pelo amparo nos 

momentos difíceis e por ser a luz que conduz meus caminhos sempre nas melhores 

direções.  

À minha mãe e meu pai que sempre me incentivaram em relação aos estudos e 

através dos relatos de suas experiências me fizeram perceber a importância da educação. 

Em especial ao meu pai (in memorian), no qual tenho a certeza que esteve e está comigo 

em todos os momentos. Sua inteligência, humildade e perseverança me inspiram! 

Aos meus irmãos, Walmir e Ariane, pelas inúmeras manifestações de carinho, 

risadas e apoio. 

Ao meu marido e meu filho por toda compreensão e carinho, por entenderem as 

inúmeras ausências e por serem fontes inesgotáveis de amor e cuidado. Isso foi 

essencial! 

À minha querida orientadora, Prof.ª Dra. Beatriz Salemme Correa Cortela, pelo 

incentivo e inspiração, que com muita sabedoria e paciência conduziu este percurso 

possibilitando-me o amadurecimento enquanto pesquisadora e pessoa. Que honra! 

Obrigada pela confiança e amizade construída. 

Aos professores, Dr. Nelson Antonio Pirola e Dr. Cassiano Rezende Pagliarini, 

membros da banca de qualificação e defesa, agradeço as valiosas contribuições e 

sugestões que enriqueceram este trabalho. 

Aos professores e colegas do Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências (GPEC) 

pelas excelentes discussões teóricas e dicas acadêmicas, no qual pude compartilhar os 

diferentes momentos dessa pesquisa e receber contribuições importantes. 

Às professoras sujeitos dessa pesquisa, por aceitarem expor suas dificuldades e 

reflexões contribuindo para a realização deste trabalho. Estar com vocês proporcionou 

momentos de intenso aprendizado. 

À Secretaria Municipal de Ensino de Bauru, por autorizar a execução deste 

trabalho e às duas escolas envolvidas por permitir que a pesquisa chegasse ao “chão” da 

sala de aula. 

Aos amigos que o mestrado me deu, Bruna Albieri, Leandro Josué e Amanda 

Audi. Agradeço pela mão amiga e pelo suporte nas dificuldades encontradas. 

Aos amigos que durante esta trajetória souberam compreender o distanciamento 

e me alimentaram com palavras de otimismo, incentivo e amizade. Em especial, 



Amanda Martinelo, Lívia Carmelita e Juliana Silvério, saibam que o apoio de vocês 

foram revigorantes. 

Aos professores do programa de Educação para Ciência do campus de Bauru, 

que direta ou indiretamente contribuíram para minha formação e para o 

desenvolvimento deste trabalho.  

A todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para a realização dessa 

pesquisa. Muito obrigada! 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



 

 

  

“Não basta saber ler que 'Eva viu a uva'. É preciso compreender qual 

a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para 

produzir a uva e quem lucra com esse trabalho”. Paulo Freire (1996) 



BARBOSA, A.P.R. Formação continuada de professores para o ensino de 

Geometria nos anos iniciais: um olhar a partir do PNAIC. Dissertação (Mestrado)- 

Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2017. 

RESUMO 

Pesquisas referentes ao ensino de Geometria e os anos iniciais do Ensino Fundamental indicam 

que professores da educação básica possuem dificuldades formativas com este conteúdo. Diante 

dessa problemática, no ano de 2014, o Pacto Nacional da Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) 

ofereceu um curso de formação continuada em matemática aos professores, com abordagens 

conceituais e didáticas sobre a Geometria. O presente estudo objetivou ouvir, observar e 

registrar quais foram os impactos da formação continuada do PNAIC na ação de professores que 

atuam nos anos iniciais do Ensino Fundamental e assim analisar se esta formação possibilitou 

(ou não) reflexões, preenchimento de lacunas e mudanças nas práticas dos sujeitos envolvidos e, 

em caso positivo, quais foram elas. Participaram dessa pesquisa cinco sujeitos, que cursaram a 

formação oferecida em 2014 e lecionam, atualmente, nos anos iniciais em duas escolas da rede 

municipal de ensino de Bauru. Adotou-se a abordagem qualitativa e os dados foram levantados 

a partir de uma entrevista semiestruturada, gravada em áudio e com falas transcritas e notas de 

campo resultantes do acompanhamento e observação de aulas de Geometria ministradas pelos 

sujeitos. Três questões de estudo foram definidas para dar suporte à compreensão do objetivo 

principal: 1- Como um grupo de professores que participaram do PNAIC estão desenvolvendo 

atividades de ensino relacionadas aos conteúdos de geometria? 2- Quais motivos levaram as 

professoras envolvidas a participarem deste tipo de formação? 3- De que modo avaliam o 

PNAIC? Para construção do corpus e análise dos dados coletados, adotou-se a abordagem 

francesa da Análise de Discurso (AD), baseando-se nos trabalhos de Orlandi. Os resultados 

indicaram que a formação do PNAIC possibilitou novas abordagens metodológicas com o 

ensino de Geometria, mas que os professores envolvidos ainda possuem dificuldades 

conceituais com tema, tendo em vista que não tiveram uma boa formação em Geometria durante 

a trajetória escolar (níveis fundamental, médio e graduação) e a carga horária destinada à 

formação continuada de Geometria foi pequena. Entendem que a busca por formação 

continuada deve ocorrer desde que os cursos favoreçam articulação com sua prática de ensino, 

apontando esse fator como ponto positivo no PNAIC mesmo sem terem se apropriado da teoria 

demonstrando alguns traços da racionalidade técnica, presentes nos modelos de formação inicial 

e continuada ao longo de décadas. Concluiu-se que os cursos de formação continuada devem 

fornecer embasamento conceitual e teórico adequado às ações docentes em relação ao ensino de 

Geometria, sendo importante ocorrer uma retomada de conceitos necessários ao ensino destes 

conteúdos anteriormente ao enfoque dado às abordagens didáticas metodológicas. Somente 

assim, cursos de formação continuada deixarão de ser paliativos, mascarando problemas 

maiores e permitindo uma maior interação entre teorias e práticas. 
 

Palavras- chave: Ensino de Geometria. PNAIC. Anos iniciais do Ensino Fundamental. 

 

 

 

 



BARBOSA, A.P.R. Continued Formation of teachers to the Geometry teaching in 

the initial years: one look from the PNAIC. Dissertação (Mestrado)- Faculdade de 

Ciências, Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2017. 

ABSTRACT 

Researches concerning the Geometry teaching and the elementary education initial years 

indicate that teachers of basic education have formative difficulties with this content. Facing this 

problem, in 2014, the National Pact of Literacy in the Right Age (PNAIC) offered a course of 

continued formation in mathematics to teachers, based on conceptual and didactics approaches 

of Geometry. The goal of the present study, therefore, was to listen, observe and record the 

impact of continued education from the PNAIC on the practices of teachers who work in the 

elementary school initial years and, thus, analyze whether this training made possible (or not) 

reflections, fulfilling gaps and practice changes of the involved subjects and, if affirmative, what 

were they. Five subjects, whom attended the training offered in 2014 and currently teaching in 

the initial years of two schools of the Bauru municipal education network, participated in this 

research. The qualitative approach was adopted and the data were collected from a semi-

structured interview, which was recorded in audio, later the speeches were transcribed and the 

field notes resulting from the monitoring and observation of the geometry classes given by the 

subjects were also used. Three study questions were defined to support the understanding of the 

main objective: 1- How did a group of teachers who participated in the PNAIC developed 

teaching activities related to geometry topics? 2 - What reasons led the teachers involved to 

participate in this type of training? 3- How do you evaluate the PNAIC? For the construction of 

the corpus and analysis of the collected data, the French approach of the Discourse Analysis 

(DA) was adopted, based on the works of Orlandi. The results indicated that the formation of 

the PNAIC enabled new methodological approaches with the Geometry teaching, but that the 

teachers involved still had conceptual difficulties with the subject, considering that they did not 

have a good formation in Geometry during their school trajectory (elementary, high school, and 

undergraduate education levels) and the workload destined to the continued formation of 

Geometry was small. They believe that the search for continued formation should occur for as 

long as the courses favor articulation with their teaching practice, pointing this factor as a 

positive in the PNAIC even not having learned the theory, showing some traces of the technical 

rationality present in the initial and continued training models along the decades. It was 

concluded that continued education courses should provide a conceptual and a theoretical basis 

adequate to the teaching practices in relation to Geometry teaching, and it is important to retake 

concepts necessary to teach these contents prior to the approach given to didactic 

methodological approaches. Only then, continued education courses will no longer be palliative, 

masking bigger problems and allowing a greater interaction between theories and practices. 

 

Keywords: Geometry teaching. PNAIC. Elementary Education initial years. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



LISTA DE FIGURAS 

 

  

Figura 1- Ciclo histórico do ensino de Geometria nos anos iniciais   76 

Figura 2- Relação entre percepção espacial e conceitos geométricos propostos por 

Hoffer (1977)  

80 

 

Figura 3- Atividades de coordenação visual-manual. (Del Grande, 1994, p.160)  82 

Figura 4- Atividades sobre percepção de figuras em campos (Del Grande, 1994, 

p.161) 

82 

Figura 5- Atividades sobre constância de representação ou constância de forma e 

tamanho (Del Grande, 1994, p.162)  

82 

Figura 6- Atividades sobre posição no espaço (Del Grande, 1994, p.162). 83 

Figura 7-Atividades sobre percepção de relações espaciais (Del Grande, 1994, 

p.164) 

83 

Figura 8-Atividades sobre discriminação visual ou constância de forma e tamanho 

(Del Grande, 1994, p.165)  

83 

Figura 9- Atividades sobre constância de representação ou constância de forma e 

tamanho (Del Grande, 1994, p.165) 

84 

Figura 10-Exercício de planificação proposto no caderno de Geometria do PNAIC 132 

Figura 11- Matriz Curricular para o Ensino Fundamental- Ciclo I- 1º ao 5º ano 133 

Figura 12- Atividade: Trabalhando com Vistas proposta no caderno do PNAIC. 

(BRASIL, 2014b, p.83). 

145 



LISTA DE TABELAS 

 

 

Tabela 1- Publicações de trabalhos contendo os descritores da pesquisa 21 

Tabela 2- Publicações sobre o ensino e aprendizagem de Geometria no Ensino 

Fundamental I  

22 

 

Tabela 3- Artigos apresentados nas comunicações orais de eventos de Matemática 24 

Tabela 4- Formação acadêmica de professores  119 

Tabela 5- Aulas de Geometria desenvolvidas semestralmente nos anos iniciais 133 



LISTA DE QUADROS 

 

 

Quadro 1- Concepções sobre profissionalidade docente a partir de Contreras (2002) 44 

Quadro 2- O reservatório de saberes  47 

Quadro 3- Síntese: Formações Continuadas de Professores em âmbito nacional e Estadual 69 

Quadro 4- Conteúdos relacionados à Geometria presentes no PCN de Matemática 86 

Quadro 5- Escala com progressão esperada no ciclo de alfabetização 90 

Quadro 6- Objetivos, área do conhecimento e componentes curriculares de geometria no 

ciclo de progressão da alfabetização 

91 

Quadro 7- Os números do ensino no munícipio 99 

Quadro 8- Protocolo de entrevista 105 

Quadro 9- Projeto de observação 107 

Quadro 10-Trajetória educacional dos sujeitos sobre sua aprendizagem com os conteúdos 

Geométricos 

125 

Quadro 11- Fonte de busca por conceitos e recursos no ensino de Geometria 131 

Quadro 12- A aula de Geometria de P1 138 

Quadro 13- A aula de Geometria de P2 140 

Quadro 14- A aula de Geometria de P3 143 

Quadro 15- A aula de Geometria de P4 146 

Quadro 16- A aula de Geometria de P5 148 

 

 

  



LISTA DE ABREVIATURAS 

 

 

AD Análise de Discurso 

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior  

CEFAM Centro Específico de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério 

CFE Conselho Federal de Educação 

EF Ensino Fundamental 

EJA  Educação de Jovens e Adultos 

ENEM Exame Nacional do Ensino Médio  

FHC Fernando Henrique Cardoso 

FUNDEB Fundo de Manutenção E desenvolvimento da Educação Básica  
 

FUNDEF 
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e da 

Valorização do Magistério 

IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica  

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira 

IPES Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais 

LDB/EN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional  

MEC Ministério da Educação e Cultura 

PCN Parâmetros Curriculares Nacionais  

PDE Plano de Desenvolvimento da Educação  

PNAIC Pacto Nacional da Alfabetização Na Idade Certa 

PNBE  Programa Nacional de Biblioteca na Escola 

PNE Plano Nacional de Educação 

PNLD Programa Nacional do Livro Didático  

SAEB Sistema de Avaliação da Educação Básica  

SARESP Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo 

SEE Secretaria do Estado e Educação 

SISPACTO Sistema de Monitoramento do Pacto Nacional Pela Alfabetização Na Idade 

Certa  

UNESCO Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura 

 

  



 

SUMÁRIO 

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 16 

CAPÍTULO I- FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: APONTAMENTOS 

PARA A REFLEXÃO ............................................................................................................... 27 

1.1. Formação continuada e as garantias legais ..................................................................... 28 

1.1.1 A LDB 9394/96 e a formação continuada de professores .......................................... 28 

1.1.2 Resolução CNE/CP- 2/2015: sobre a formação Continuada ...................................... 36 

1.1.3 Incentivos e garantias legais para a formação continuada no município Bauru ......... 39 

1.2 Os saberes docentes e a formação continuada ................................................................ 42 

1.2.2 Formação continuada de professores ......................................................................... 49 

CAPÍTULO II ............................................................................................................................ 54 

2. PROGRAMAS DE FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES DOS ANOS 

INICIAIS: A TRAJETÓRIA ATÉ O PNAIC ........................................................................ 54 

2.1 Programa de Formação de Professores Alfabetizadores- PROFA ..................................... 55 

2.2 Pró-letramento .................................................................................................................. 57 

2.3 O programa Letra e Vida ................................................................................................... 59 

2.4 O programa Ler e escrever ................................................................................................ 61 

2.5 O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa- PNAIC ............................................ 63 

2.5.1 Gestão e mobilização de controle ............................................................................... 64 

2.5. 2. O material didático ................................................................................................... 65 

2.5.3 O modelo formativo do PNAIC ................................................................................. 66 

2.5.4 Avaliações sistemáticas e o que elas indicam ............................................................ 67 

CAPÍTULO III .......................................................................................................................... 71 

3. O ENSINO DE GEOMETRIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

 ..................................................................................................................................................... 71 

3.1. Ensino de Geometria no Brasil e as influências da Matemática Moderna ...................... 72 

3.2 Ensino de Geometria: a reflexão dos autores ................................................................... 76 

3.2.1 Van Hiele e o desenvolvimento do pensamento geométrico ...................................... 78 

3.2.2 Hoffer ......................................................................................................................... 79 

3.2.3 Del Grande e o pensamento geométrico ..................................................................... 80 

3.3 Ensino de Geometria: o que dizem os documentos oficiais. ............................................ 84 

3.3.1 PCN de Matemática e o ensino de Geometria ............................................................ 85 

3.3.2 Direitos de Aprendizagem e o ensino de Geometria .................................................. 88 

3.3.3 O caderno de Geometria do PNAIC ........................................................................... 92 



 

CAPÍTULO IV .......................................................................................................................... 97 

4. A PESQUISA: APORTES METODOLÓGICOS E TEÓRICOS PARA ANÁLISE DE 

DADOS ....................................................................................................................................... 97 

4.1 Metodologia da pesquisa .................................................................................................. 97 

4.2 O local do estudo............................................................................................................... 99 

4.2.1 Os sujeitos ................................................................................................................ 101 

4.2.2 A coleta de dados ..................................................................................................... 104 

4.3 Fundamentos para análise de dados: Análise de discurso (AD) ..................................... 108 

CAPÍTULO V .......................................................................................................................... 117 

5. ANÁLISES E RESULTADOS ........................................................................................... 117 

5.1 Perfil da pesquisadora ..................................................................................................... 117 

5.2 Perfil profissional dos sujeitos......................................................................................... 118 

5.3 A prática pela prática? Reflexões sobre o processo ........................................................ 129 

5.4 Eis a prática: observando aulas de Geometria ................................................................ 137 

5.4.1- A aula de P1 ............................................................................................................. 138 

5.4.2- A aula de P2 ............................................................................................................. 140 

5.4.3- A aula de P3 ............................................................................................................. 144 

5.4.4- A aula de P4 ............................................................................................................. 146 

5.4.5- A aula de P5 ............................................................................................................. 148 

CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 152 

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 158 

ANEXOS .................................................................................................................................. 164 

 



16 
 

INTRODUÇÃO 

 

A trajetória profissional da pesquisadora enquanto professora iniciou-se no ano 

de 2000 ao ingressar no curso técnico de magistério do extinto Centro de Específico de 

Formação e Aperfeiçoamento do Magistério (CEFAM)
1
. Foi nos estágios de docência 

que ocorreram suas primeiras aproximações com o “chão” da sala de aula e o 

entendimento que o ato de ensinar requer muito mais que vocação ou o domínio de 

conceitos. Era preciso compreender como o aluno aprende e de que forma o professor 

pode elaborar estratégias, buscar aprimoramentos e organizar o ensino visando uma 

aprendizagem de qualidade. Estes primeiros contatos contribuíram para a efetivação de 

uma certeza: o desejo de ser professora.  

Para atuação profissional fez-se necessário atender à LDB 9394/96, que 

determina que para o exercício da docência é necessário a formação em nível superior. 

Assim, no ano de 2004 inicia o curso de Pedagogia da UNESP do campus de Marília, 

S.P., tendo posteriormente se transferido para a UNESP do campus de Bauru, S.P.  

Durante a graduação inúmeras disciplinas possibilitaram refletir sobre a 

docência e os desafios que posteriormente encontraria na prática de sala de aula. No 

entanto, foram as disciplinas voltadas às didáticas para o ensino de matemática que 

despertaram para a pesquisa. 

Desta forma, no momento de elaborar o primeiro trabalho científico, o trabalho 

de conclusão de curso (TCC), optou por encaminhar a pesquisa para área da 

matemática, realizando um levantamento teórico a respeito do ensino de matemática, 

constatando que havia uma carência de estudos relacionando o ensino de matemática à 

Educação de Jovens e Adultos (EJA), no qual resolveu se aprofundar. O 

desenvolvimento deste trabalho se mostrou frutífero, despertando ainda mais para a 

compreensão dos estudos voltados à educação matemática. 

Ao final do curso, em 2008, lecionava para os anos iniciais do ensino 

fundamental e se decide a empreender seus estudos voltados para esse nível de ensino. 

No entanto, faltava-lhe uma temática dentro da educação matemática, que despertasse o 

seu interesse enquanto pesquisadora e que se articulasse com as dificuldades percebidas 

em seu fazer docente.  

                                                           
1
 Curso técnico em magistério de acordo com o decreto nº 28.089/88. Esta formação será 

abordada de forma mais ampla no capítulo quatro. 



17 
 

Com o término da graduação continuou sua trajetória docente e seguiu seu 

interesse de estudo na área de matemática participando de alguns cursos de formação 

continuada sobre assuntos relacionados a esta disciplina, entre eles: lógica, a relação 

entre a literatura e a matemática, o uso de materiais concretos e jogos matemáticos, 

entre outros.   

No ano de 2014 participou como cursista do curso oferecido pelo Pacto Nacional 

da Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), que voltava seus estudos e reflexões para a 

educação matemática. Entre os temas abordados nessa formação estavam os conteúdos 

relacionados à Geometria, e nos momentos destinados a socialização de experiências 

com este conteúdo percebeu que as professoras envolvidas nessa formação 

apresentavam inúmeras dúvidas referentes aos conteúdos geométricos. Neste momento 

pode perceber que algumas dessas dúvidas também eram as suas e estas reflexões 

despertaram o interesse em compreender porque tantas professoras manifestaram 

dificuldades com esses conteúdos e se após o curso oferecido pelo PNAIC estas seriam 

superadas e a maneira de ensinar a Geometria se modificaria em decorrência do 

preenchimento destas lacunas.  

A partir das contribuições oferecidas pelo PNAIC, o interesse em relação à 

compreensão da importância da Geometria e como promover seu ensino, considerando 

todas as suas possibilidades, se destacaram para a pesquisadora. A revisão literária 

realizada durante o curso indicaram que os conteúdos geométricos estão presentes em 

diferentes meios, seja nos elementos da natureza, nas construções, na arte, nos objetos, 

entre outros. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997) e autores como 

Gálvez (1996) e Santaló (1996) recomendam o ensino deste conteúdo, pois possibilita 

que os alunos compreendam e estabeleçam interações com o mundo que vivem, bem 

como subsidiam outros conteúdos matemáticos e aqueles desenvolvidos em outras 

disciplinas.  

Trata-se de um saber de importância histórica, que como todo saber humano, 

origina-se e desenvolve-se em um processo de interação e observações do meio social. 

As grandes civilizações antigas, tais como a chinesa, hindu, mesopotâmica, egípcia, 

entre outras, foram responsáveis por elaborar e desenvolver muitos conhecimentos de 

natureza geométrica para a resolução de suas necessidades práticas. Tais fatores 

levaram-na ao entendimento que a apropriação de conceitos relativos às figuras planas e 

espaciais; relações entre as grandezas geométricas; cálculos de perímetros, áreas e 

volumes, objetivando atender às necessidades socioeconômicas daquela época e lugar, 



18 
 

era ainda uma problemática atual, tendo em vista as dificuldades que os professores que 

atuam na primeira etapa da educação básica ainda apresentam ao ensinar estes 

conteúdos. 

Esse saber historicamente construído é introduzido paulatinamente e de forma 

natural na vida dos sujeitos quando esses passam a interagir e reconhecer o mundo a sua 

volta. (MANDARINO, 2014). Assim, ao chegar à escola, os estudantes já deveriam 

possuir conhecimentos sobre os conteúdos e, estas experiências prévias deveriam servir 

como elementos de referência para o professor organizar suas atividades, contribuindo 

para que, aos poucos, os alunos adquiram os conceitos matemáticos elaborados. 

(FONSECA et al., 2002). Citando Leontiev (1978, p. 267) entende-se que “[...] cada 

indivíduo aprende a ser um homem. O que a natureza lhe dá quando nasce não lhe basta 

para viver em sociedade. É-lhe, ainda, preciso adquirir o que foi alcançado no decurso 

do desenvolvimento histórico da sociedade humana”. Desta maneira, a formação do 

aluno necessita da mediação do professor para garantir aquilo que foi historicamente 

acumulado. No entanto, os professores apesar de terem passado por todo um processo 

de escolarização ainda não os dominavam, pelo menos aqueles com os quais a 

pesquisadora tinha contato. 

Pesquisas sobre a temática, o ensino de Geometria, vêm sendo realizadas há 

mais de duas décadas. Fonseca et al. (2002); Lorenzato (2010); Nacarato (2000), 

Pavanelo, (1996), Pirola, (1995), entre outros,  sinalizam  que o ensino de Geometria 

nos anos iniciais ficava, na maioria dos casos, relegado a segundo plano em decorrência 

de três fatores: 1º- refere-se ao fato do enfoque de ensino nessa fase da escolarização ser 

voltado ao ensino da língua materna; 2º- outro fator que contribuiu para essa 

problemática são as lacunas formativas dos professores em relação aos conteúdos de 

Geometria. Como apontam Passos, Nacarato (2003), o ensino desse conteúdo só voltou 

a ganhar destaque em 1997, com a elaboração do Parâmetro Curricular Nacional (PCN) 

de matemática. E o 3º refere-se a predominância de práticas tradicionais de ensino de 

Geometria, como aponta Pirola (1995, p.16), argumentando que estão “[...] alicerçadas 

em memorização de nomes de figuras e propriedades geométricas, sem conexões com 

outras áreas da Matemática e outros campos do saber”, reforçando a ideia que este 

conteúdo encontra-se desassociado de outras áreas do conhecimento acarretando ou 

facilitando o aligeiramento do ensino e até mesmo a relegação do mesmo a um segundo 

plano.  



19 
 

O tratamento dessas questões reveste-se de fundamental importância em virtude 

das lacunas formativas com a temática e da insegurança demonstrada por um grande 

número de professores quando o assunto é o ensino de Geometria e, mais 

especialmente, o ensino de Geometria no primeiro segmento do ensino fundamental, no 

qual tradicionalmente, toda a ênfase tem sido colocada na aprendizagem dos números e 

das operações.  (FONSECA et al. 2002). 

 De acordo com os Direitos de aprendizagem da área de Matemática (BRASIL, 

2012) dois objetivos devem ser alcançados com as turmas de alfabetização a respeito de 

Geometria: construir noções de localização e movimentação no espaço físico para a 

orientação espacial em diferentes situações do cotidiano; e reconhecer figuras 

geométricas. 

Observa-se, então, que a base de construção do pensamento geométrico está 

relacionada às habilidades de percepção espacial. Del Grande (1994, p.156) defende que 

“[...] o pensamento das crianças é dominado pelas interpretações que fazem de sua 

experiência de ver, ouvir, tocar, mover, etc., isto é, de sua percepção de espaço”. 

Coadunando com as ideias apresentadas, Lorenzato (1995) salienta que para 

justificar a necessidade de se ter a Geometria ensinada na escola basta o argumento que 

sem as habilidades oriundas destes conhecimentos, as pessoas não desenvolveriam o 

pensar geométrico, e que sem essas habilidades “[...] não poderão se utilizar da 

Geometria como fator altamente facilitador para a compreensão e resolução de questões 

de outras áreas de conhecimento humano”. (LORENZATO, 1995, p.5). Ainda segundo 

o autor, o conhecimento da Geometria possibilita a leitura interpretativa do mundo, pois 

permite comunicar ideias, estimular o raciocínio e resolver problemas.  

Como abordado anteriormente, no ano 2014, a formação para o ensino dos 

conceitos geométricos ganhou destaque em um curso de formação continuada de 

professores pertencente ao PNAIC que tem como meta alfabetizar as crianças até o 3º 

ano do Ensino Fundamental. Trata-se de uma iniciativa do Governo Federal em parceria 

com Distrito Federal, Estados e Municípios, conforme dispõe a portaria nº 867, de 4 de 

julho de 2012, tendo como objetivo principal a formação continuada de professores e a 

alfabetização sob a perspectiva do letramento. 

 

 

Entender a alfabetização Matemática na perspectiva do letramento 

impõe o constante diálogo com outras áreas do conhecimento e, 

principalmente, com as práticas sociais, sejam elas do mundo da 



20 
 

criança como jogos e brincadeiras, sejam elas do mundo do adulto e 

de perspectivas diferenciadas, como aquelas das diversas comunidades 

que formam o campo brasileiro. (BRASIL, 2014a, p.15). 

 

 

Esta formação abrangeu a alfabetização matemática e englobou o ensino de 

Geometria voltado aos anos iniciais, bem como retomou conceitos importantes ao 

entendimento desses conteúdos. Durante as atividades formativas desse programa, cinco 

atitudes foram incentivadas nos cursistas para compor a formação, juntamente com o 

aprendizado dos conceitos matemáticos. Foram elas: a reflexão sobre a prática, o resgate 

da identidade profissional, a socialização das experiências, o engajamento nos estudos e 

a colaboração de forma participativa, respeitosa, solidária na rede coletiva de 

conhecimentos objetivados com o PNAIC (BRASIL, 2014a). 

Garcia (1999) considera que formação continuada de professores são as ações 

formativas que ocorrem após a formação inicial e propiciam aos sujeitos envolvidos 

preparação e emancipação profissional, que individualmente ou em equipe, a partir das 

experiências de aprendizagem e estudos, melhoram seus conhecimentos para realizar o 

ensino de forma crítica e reflexiva. 

Constatando a importância do desenvolvimento deste conteúdo nos anos inicias; 

a relevância do programa de formação continuada (PNAIC) e as dificuldades 

apresentadas pelos cursistas com o desenvolvimento de atividades que envolviam o 

ensino de Geometria, a pesquisa foi sendo delineada. Assim, o problema principal de 

pesquisa foi o de analisar se esta formação possibilitou (ou não) reflexões, 

preenchimento de lacunas e mudanças nas práticas dos sujeitos envolvidos e, em caso 

positivo, quais foram elas.  

Para responder este problema, objetivou-se ouvir, observar e registrar, a partir do 

acompanhamento de uma amostra de professores que participaram desta formação em 

2014, quais os impactos da formação continuada do PNAIC em suas práticas enquanto 

docentes nos anos iniciais do Ensino Fundamental.  

Para isso, algumas questões complementares ao estudo evidenciaram-se 

importantes na investigação: 1- Identificar como um grupo de professores que 

participaram do PNAIC em 2014 e atuam como alfabetizadores em 2016 estão 

desenvolvendo atividades de ensino relacionadas aos conteúdos de geometria; 2- 

Conhecer quais motivos levaram os professores envolvidos a participar deste tipo de 



21 
 

formação; 3- levantar de que modo os sujeitos avaliam a formação oferecida pelo 

PNAIC. 

A fim de estudar sobre a relevância da temática do ensino de Geometria para os 

anos iniciais nas discussões acadêmicas, a pesquisadora trilhou o seguinte trajeto de 

pesquisa. Primeiramente, realizou um levantamento de artigos já publicados a respeito 

deste tema. Este estudo ocorreu no início de 2015 a partir de uma busca realizada em 

artigos nacionais na Scientific Electronic Library Online (Scielo), tendo como critério 

de busca as palavras-chave: ensino e aprendizagem de Geometria2. A ideia foi efetuar o 

estado da arte sobre o tema a ser explorado, apontando o que já havia sido feito. 

Na página da biblioteca eletrônica Scielo constavam que eram 406 os artigos 

cujo termo Geometria aparecia no título ou resumo. Porém, como o foco das análises 

seriam artigos relacionados ao ensino e aprendizagem de Geometria para o ciclo de 

alfabetização (Ensino Fundamental I), aplicou-se um filtro próprio do sistema eletrônico 

para buscar aqueles relacionados apenas a Educação e Pesquisa Educacional. Assim, 

foram obtidos 55 artigos sendo que, quando não era possível definir o foco do trabalho 

apenas a partir do título, foi feita a leitura de todo o resumo do trabalho. Após esta 

triagem, foram selecionados três artigos, que tinham como foco o ensino ou 

aprendizagem de Geometria nos anos iniciais.  

Dados referentes a este levantamento foram sistematizados na Tabela 1, a seguir 

e foram publicados em um evento da área (BARBOSA, CORTELA, 2016). 

 
 Tabela 1- Publicações de trabalhos contendo os descritores da pesquisa. 

Dados compilados pela autora, 2015. 

 

Nos dados apresentados na tabela acima percebe-se que há uma prevalência de 

artigos focando aspectos do ensino e aprendizagem da Geometria de maneira teórica 

(38), seja através de revisão de literatura a respeito de determinado subconteúdo, seja a 

partir de análises de experimentações ou demonstração conceituais. Em seguida 

                                                           
2
 Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?lng=pt>. Acesso em 04 ago. 2015. 

SCIELO Concentração das pesquisas 

Descritores Educ. 

Infantil 

Ens. 

Fun.I  

Ens. 

Fund

. II 

Ens. 

Médio 

Ens. 

Superior 

Educ. 

Esp. 

 

Teóricos 

 

Total 

Ensino e 

Aprendizagem 

de Geometria 

 

1 

 

3 

 

3 

 

0 

 

8 

 

2 

 

38 

 

55 

TOTAL 1 3 3 0 8 2 38 55 



22 
 

aparecem os artigos relacionando o conteúdo ao Ensino Superior (8), seguidos pelos 

níveis de Ensino Fundamental I (3), Ensino Fundamental II (3), Educação Inclusiva (2) 

e Educação Infantil (1). 

Os dados apontam que apenas 5% dos artigos relacionaram o conteúdo de 

Geometria ao Ensino Fundamental I.  Estes trabalhos estão apresentados na tabela 

abaixo. 

 

Tabela 2- Publicações sobre o ensino e aprendizagem de Geometria no Ensino Fundamental I 

Autor Ano 

Pub 

Título Revista científica 

Silva, M.  L.  2014 Régua e compasso no ensino primário? Circulação 

e apropriação de práticas normativas para as 

matérias de desenho e geometria. 

  

Hist. Educ. 

[Online] 

Silva, M. C. 

L. 

2014 Desenho e geometria na escola primária: Um 

casamento duradouro que termina com separação 

litigiosa. 

 

Hist. Educ. 

[Online] 

Valente, W.R  2013 Que geometria ensinar? Uma breve história da 

redefinição do conhecimento elementar 

matemático para crianças. 

 

Pro-Posições (on 

line) 

Dados compilados pela autora, 2015. 
 

Ao categorizar os trabalhos, notou-se que dois artigos trouxeram no título a 

expressão “ensino primário”. Tais estudos foram considerados uma vez que, em síntese, 

compreende-se que esta é a fase de aprendizagem voltada para a aquisição básica da 

leitura, da escrita e das operações matemáticas simples.  

De acordo com Silva (2014), autora dos dois trabalhos citados, essa 

nomenclatura faz parte de uma categorização de ensino histórica uma vez que ambos 

relatam experiências com a modalidade curricular procedimental referente ao conteúdo 

de Geometria, mais precisamente sobre o uso de régua, compasso e desenhos para o 

ensino na época de Primeira República, tratando-se, portanto, de artigos com pesquisas 

bibliográficas. Concluiu a referida autora, que a utilização do desenho e da Geometria 

perdeu espaço em sua trajetória educacional quando passaram a constituir conteúdos 

diferentes de ensino, passando a ter objetivos distintos. Ao resgatar a história da 

utilização de régua e compasso nas matérias ligadas à Geometria inferiu-se que estas 

poderiam representar práticas viáveis para o ensino. Nota-se que a abordagem 

metodológica dos conceitos geométricos passou por reformulações no decorrer da 

história e até hoje permanece buscando destaque e um espaço no ensino.  

O terceiro artigo, também relacionado à pesquisa bibliográfica, abordou a 

Geometria para as crianças levando em conta a trajetória dessa temática para o nível 



23 
 

elementar, analisando a permanência dos conteúdos de geometria euclidiana até meados 

do século XX e as propostas de alteração do ensino de Geometria elaboradas na década 

de 1960. Procurou mostrar as intenções de modificação deste conteúdo em busca de 

uma redefinição: um novo conhecimento elementar de geometria vindo de processos de 

apropriação trazido pelos estudos da psicologia cognitiva. Portanto, nesse artigo o autor 

traça um panorama histórico do ensino de Geometria e as modificações que ocorreram 

em sua abordagem levando em consideração história, seus entraves e mudanças nas 

formas de ensinar. 

A pesquisadora também julgou necessário realizar uma busca nos anais de dois 

eventos importantes na área de pesquisas sobre educação matemática para compreender 

se e como os trabalhos atuais abordam as questões relativas ao ensino de Geometria e o 

ensino nos anos iniciais.  

A primeira busca foi realizada junto à última publicação de anais do Encontro 

Nacional de Educação Matemática (ENEM), ocorrido em julho de 20163. A escolha 

pelo ENEM ocorreu, por tratar-se de um evento4 respeitável em âmbito nacional, que 

congrega o universo dos segmentos envolvidos com a Educação Matemática: 

professores da Educação Básica, Professores e Estudantes das Licenciaturas em 

Matemática e em Pedagogia, Estudantes da Pós-graduação e Pesquisadores. Neste ano 

de 2016, a proposta do evento foi "A Educação Matemática na Contemporaneidade: 

desafios e possibilidades" e objetivou colocar em discussão as novas temáticas e 

tendências que perpassam a Educação Matemática seja como campo profissional, seja 

como campo de pesquisa. 

A segunda busca foi realizada junto a última publicação dos anais do Seminário 

Internacional de Pesquisa em Educação Matemática (SIPEM) 5, ocorrido em novembro 

de 2015. A troca de informações e estudos ocorridos neste seminário são importantes6 

para o desenvolvimento das pesquisas sobre educação matemática, pois possibilitam as 

divulgações das mesmas, promovem o intercâmbio entre os diferentes grupos que se 

                                                           
3
 Base de dados dos anais do ENEM. Disponível em http://sbempe.cpanel0179.hospedagemdesites.ws/ 

enem2016/anais/ Acesso em 01/11/2016. 

 
4
 Informações extraídas do site do evento. < http://sbempe.cpanel0179.hospedagemdesites.ws/enem2016  

/anais/> Acesso em 01/11/2016 

 
5
 Base de dados dos anais do SIPEM. Disponível em http://sbembrasil.org.br/sbembrasil/index.php/ anais/ 

sipem. Acesso em 01/11/2016. 

 
6
  Informações extraídas do site do evento. < http://www.sbembrasil.org.br/visipem/anais/story.html>. 

Acesso em 01/11/2016. 



24 
 

dedicam aos estudos sobre esta área de ensino, bem como propicia a formação de outros 

grupos e o encontro de pesquisadores de diferentes lugares do Brasil e do mundo. 

Ambas as buscas foram realizadas utilizando os mesmos procedimentos: 

primeiramente foi feita a busca a partir dos títulos dos artigos cadastrados nas 

apresentações de comunicações orais visando identificar os seguintes termos: 1-

Geometria, 2- Geometria e os anos iniciais/séries iniciais. O intuito foi verificar dentro 

da totalidade dos artigos encontrados nestes eventos, quantos abordavam temas 

relacionados à Geometria, e destes quantos se dedicavam aos anos iniciais. A tabela 3 

apresenta a compilação dos dados encontrados. 

 

Tabela 3. Artigos apresentados nas comunicações orais de eventos de Matemática. 

 

Eventos/ 

Ano 

 

Total de trabalhos 

apresentados na 

Comunicação oral 

 

Total de trabalhos com o 

termo Geometria no título 

 

Total de trabalhos 

sobre Geometria e os  

anos iniciais (Ens. Fund.I) 

XII ENEM 

2016 

 

851 

 

36 

 

4 

VI SIPEM 

2015 

 

164 

 

3 

 

0 

  Dados compilados pela autora, 2016. 

 

Os dados acima indicam que os trabalhos que abordam a temática da Geometria 

apresentam-se em menor número em relação a totalidade daqueles que abordam outros 

temas relacionados a educação matemática, sendo apenas 4% do total de trabalhos do 

ENEM e 2% dos trabalhos divulgados no SIPEM. Quando se compara a totalidade de 

trabalhos dos eventos e o número de estudos que relacionam a Geometria e os anos 

inicias este número diminui ainda mais, sendo 0,4% no ENEM e 0% no SIPEM.  

Dos quatro trabalhos encontrados no ENEM, um versa sobre o uso de materiais 

didáticos manipuláveis para explorar a Geometria nos anos iniciais, dois relacionam o 

ensino deste conteúdo ao uso de recursos tecnológicos, e um realiza um levantamento 

bibliográfico de trabalhos envolvendo a Geometria e os anos iniciais do Ensino 

Fundamental. 

Estes levantamentos realizados, do Scielo e dos dois principais eventos de 

Educação Matemática confirmaram o que os teóricos posteriormente estudados também 

anunciavam: há carência de estudos e, consequentemente, publicações sobre o ensino de 

Geometria para os anos iniciais da educação básica no Brasil. A partir disso, infere-se 

que há pouco debate nessa área de estudo comprometendo, por exemplo, o surgimento 



25 
 

de ações formativas na área, pois muitos estudos são utilizados para justificar a 

implementação de políticas públicas.   

Esta lacuna nas pesquisas e ausência de resultados validados academicamente 

prejudicam a busca por novas informações relacionadas ao ensino de Geometria, indo 

na contramão de referenciais como PCN (BRASIL, 1997) e Direitos de Aprendizagem 

(BRASIL, 2012), que relatam a importância do ensino sobre o tema. 

Tendo em vista estes aspectos, optou-se por desenvolver uma pesquisa de 

abordagem qualitativa, considerando as contribuições de autores que tratam dessa 

temática (BOGDAN; BIKLEN, 1994; LÜDKE; ANDRÉ, 1986). Escolheu-se esta 

perspectiva por possibilitar o questionamento dos sujeitos para perceberem como 

experimentam suas vivências, como interpretam suas experiências e como se 

estruturam. Os instrumentos de coleta de informações foram dois: uma entrevista 

semiestruturada gravada em áudio e transcrita, e observação participada (ESTRELA, 

1994) de aulas com conteúdos geométricos das participantes da pesquisa que 

participaram do curso de formação continuada em geometria do PNAIC em 2014, 

realizando neste ato notas de campo. 

Os sujeitos da pesquisa foram cinco professoras que pertencem a duas escolas 

distintas da rede municipal de ensino de Bauru, interior do estado de São Paulo. Para a 

constituição e análise dos dados foi utilizada a abordagem de Análise de Discurso (AD), 

baseada nos trabalhos de Orlandi (2002) e Brandão (2002), que utilizam os conceitos 

básicos da abordagem francesa, detalhadas no capítulo quatro. 

Para responder as questões de estudo e atingir o objetivo proposto neste trabalho, 

seguem os caminhos trilhados que proporcionaram o suporte necessário para o 

entendimento e análise das informações. 

 No capítulo 1, “Formação continuada de professores: apontamentos para 

reflexão”, são apresentadas as garantias legais para os professores que buscam formação 

continuada, tanto no âmbito federal com a LDB 9394/96, bem como com as leis do 

município de Bauru, cidade onde ocorreu esta pesquisa. Também são apresentados 

referenciais teóricos que tratam de aspectos relevantes à formação docente, seus saberes 

e diferentes concepções sobre o exercício da docência, bem como a relação desses 

saberes e a formação continuada. (ALVARADO-PRADA, FREITAS; FREITAS, 2010; 

CANDAU, 1997; CONTRERAS, 2002; GAUTHIER et al., 2006; IMBERNÓN, 2010; 

SCHÖN 2000; TARDIF, 2014, entre outros) 



26 
 

O capítulo 2, “Programas de formação continuada para professores dos anos 

iniciais: a trajetória até o PNAIC”, versa sobre os principais programas de formação 

continuada voltados a alfabetização em âmbito nacional e estadual (S.P.) a fim de 

possibilitar que o leitor identifique as características, objetivos e semelhanças destes 

cursos e as marcas que repercutiram no PNAIC, curso de formação continuada do qual 

os sujeitos dessa pesquisa participaram. 

“O ensino de Geometria nos anos iniciais do ensino fundamental”, é o foco do 

capítulo 3, que apresenta alguns impactos decorrentes da inserção da Matemática 

Moderna no ensino de Geometria, a reflexão de diferentes teóricos sobre as 

problemáticas enfrentadas no processo de ensino destes conteúdos e quais são os fatores 

para que isso ocorra. Também apresenta os documentos oficiais que servem de 

parâmetro ao ensino de Geometria nos anos iniciais. 

O capítulo 4, “A pesquisa e os aportes metodológicos e teóricos para análise de 

dados”, é dedicado à metodologia utilizada na pesquisa, a caracterização do local de 

desenvolvimento da pesquisa, a apresentação dos sujeitos envolvidos e a trajetória 

formativa que possuem. As bases teóricas utilizadas nas análises das informações 

exploram alguns conceitos pertinentes ao entendimento da Análise de Discurso, sob a 

linha francesa de Pêcheux, utilizada para a construção dos dados (ORLANDI, 2002). 

Também são apresentados os instrumentos utilizados para a coleta de dados e o 

processo de construção do corpus, a partir do material bruto coletado. 

 No capítulo 5 são apresentadas as análises e resultados obtidos. Parte-se da 

caracterização da pesquisadora, para que assim o leitor compreenda quem analisa e as 

condições de produção de seus discursos. Em seguida são apresentados os perfis dos 

participantes quanto à formação inicial, à formação continuada, tempo de exercício na 

docência, entre outros. Também são apresentadas diferentes concepções dos sujeitos 

sobre a formação do PNAIC, a aprendizagem de Geometria e o processo de ensino de 

conteúdos geométricos, finalizando com um tópico que versa sobre a observação das 

aulas de geometria desses sujeitos. 

Finalmente, na “Conclusão” são reorganizadas as discussões e apresentadas os 

fechamentos sobre as questões levantadas, com vistas à elucidação das mesmas, 

apontando indicativos para futuras investigações e ações. 

 

 



27 
 

CAPÍTULO I 

 

1. FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: APONTAMENTOS PARA 

A REFLEXÃO 

 

Este capítulo se propõe a evidenciar os aspectos legais que versam sobre a 

formação continuada de professores e que impactaram as políticas educacionais 

brasileiras ao longo dos últimos anos, bem como os diferentes enfoques dado as ações 

formativas de professores (CONTRERAS, 2002 e SCHÖN; 2000, entre outros) e suas 

possíveis implicações nas práticas docentes. 

Para tanto serão abordados alguns princípios da Lei de Diretrizes e Bases da 

Educação Nacional (LDB), nº 9394/96; da resolução CNE/CP 2/2015, denominada 

“Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial e Continuada em Nível 

Superior de Profissionais do Magistério para a Educação Básica”, bem como, os 

documentos legais que embasam as ações formativas do município de Bauru, estado de 

São Paulo, cidade em que ocorreu esta pesquisa, sendo eles: Planos de Cargos Carreiras 

e Salários (PCCS), nº 5. 999/ 2010, e o Estatuto do Magistério, nº 6.217/ 2012. A 

intenção, ao analisar estes documentos é compreender em cada uma dessas normativas 

quais as concepções e orientações dadas à formação continuada de professores que 

atuam na educação básica.  

Severino (1986) afirma ser possível, através do entendimento da política 

educacional e de suas legislações, compreender quais os elementos ideológicos do 

Estado preponderaram em diferentes períodos, ou seja, como a classe dominante de uma 

dada sociedade se organiza e consegue, atuando em diferentes espaços e momentos, 

defender seus interesses.  

Também serão apresentados aspectos referentes ao conhecimento e apropriação 

dos saberes docentes (GAUTHIER et al., 2006; TARDIF, 2014), importantes para a 

compreensão dos processos constitutivos da docência. Por fim serão apresentadas 

algumas discussões relevantes e atuais sob aspectos que influenciam na formação 

continuada de professores na perspectiva diferentes autores como Alvarado-Prada, 

Freitas; Freitas, (2010); Candau, (1997); Gatti, (2000-2008); Imbernón, (2010), entre 

outros.  



28 
 

 

 

 

 

 

1.1. Formação continuada e as garantias legais  

 

 As orientações presentes nos documentos legais regulamentam a formação 

continuada de professores e influenciam a organização das instituições formadoras e as 

redes de ensino. A LDB 9394/96 estimula a formação continuada docente e indica aos 

sistemas de ensino que promovam a valorização dos profissionais da educação, 

assegurando-lhes aperfeiçoamento profissional continuado e período reservado a 

estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho. Nesse sentindo, abre 

possibilidades que escolas e redes de ensino, a partir das demandas dos profissionais 

envolvidos no trabalho escolar, constituam modelos de formação continuada próprios, 

ou seja, utilizando um embasamento teórico condizente com as suas realidades e 

expectativas educacionais.  

 A resolução CNE/CP 2/2015 estabelece diretrizes curriculares nacionais para a 

formação inicial e continuada em nível superior de profissionais do magistério para a 

Educação Básica.  

  Atendendo a essas orientações, a rede de ensino do município de Bauru, na qual 

foi realizada essa pesquisa, elaborou um documento legal visando regulamentar e 

incentivar a formação continuada, valorizando os profissionais que dela participam em 

forma de pecúnia e vantagens na evolução da carreira. 

 

1.1.1 A LDB 9394/96 e a formação continuada de professores  

 

No início dos anos 1990 o contexto econômico vigente no país era o da intensa e 

progressiva crise estrutural do regime de acumulação fordista, fortalecendo a fixação 

dos ideais neoliberalistas (GENTILI, 1996). Os princípios que regem essa nova 

alternativa de organização mundial ganharam espaço e densidade ideológica, pois foram 

 

 

[...] uma alternativa de poder extremamente vigorosa, constituída por 

uma série de estratégias políticas, econômicas e jurídicas orientadas 

para encontrar uma saída dominante para a crise capitalista que se 

inicia ao final dos anos 60 e que se manifesta claramente já nos anos 

70. [...] expressa e sintetiza um ambicioso projeto de reforma 

ideológica de nossas sociedades a construção e a difusão de um novo 

senso comum que fornece coerência, sentido e uma pretensa 



29 
 

legitimidade às propostas de reforma impulsionadas pelo bloco 

dominante. (GENTILI, 1996, p.9). 

 

 

O neoliberalismo aproximou a escola ao âmbito do mercado e das técnicas de 

gerenciamento. A educação deixou de ser parte apenas do campo social e político para 

ingressar no mercado. Andrioli (2002) relata que a educação ocupou um lugar central na 

sociedade neoliberal e por isso foi incentivada. De acordo com o Banco Mundial7, são 

duas as tarefas relevantes ao capital que estão colocadas para a educação: 

 

 

a) ampliar o mercado consumidor, apostando na educação como 

geradora de trabalho, consumo e cidadania (incluir mais pessoas como 

consumidoras); b) gerar estabilidade política nos países com a 

subordinação dos processos educativos aos interesses da reprodução 

das relações sociais capitalistas (garantir governabilidade). 

(ANDRIOLI, 2002, s/p). 

  

 

Assim, do ponto de vista político e econômico, entre os períodos de 1990 e 

2007, as marcas do modelo socioeconômico vigente estão sujeitos a dois tipos de 

gestões: a gestão do trabalho, com uma educação voltada para o setor produtivo, e a 

gestão da pobreza, como uma educação para atender a demanda da maioria. É o período 

da vinculação entre educação e equidade. (OLIVEIRA, D., 2003). 

Frente às mudanças provocadas pelo sistema neoliberal em todo o mundo, a 

Conferência Mundial sobre Educação Para Todos, grande marco para as reformas 

educacionais e que ocorreu em março de 1990, na cidade de Jomtien, na Tailândia, 

estabeleceu um plano de ações para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem 

e propôs maior equidade social nos países pobres e populosos do mundo.  

Oliveira D. (2003) corrobora ao esclarecer que o Brasil foi signatário desta 

Conferência e, consequentemente, procurou efetivar as reformas nos sistemas de 

educação básica indo ao encontro dos princípios da mesma. A busca da universalização 

do ensino e a ideia que a educação se constitui um direito de todos possibilitando uma 

vida melhor, mudou o foco econômico da busca pela escolarização para um foco 

político mais centrado nas noções de sociedade civil, cidadania, participação e equidade.  

                                                           
7
 Instituição financeira internacional que fornece empréstimos para países em desenvolvimento 

em programas de capital. 



30 
 

O conceito de equidade  

 

 

[...] sugere a possibilidade de estender certos benefícios obtidos por 

alguns grupos sociais à totalidade das populações sem, contudo, 

ampliar na mesma proporção às despesas públicas para esse fim [...] 

dessa maneira, educação com equidade implica oferecer o mínimo de 

instrução indispensável às populações para sua inserção na sociedade 

atual (OLIVEIRA, D., 2003, p. 74). 

 

 

A preocupação com formação de professores entrou em pauta mundial pela 

conjunção de dois movimentos: de um lado, as pressões do mundo do trabalho, que 

estava sendo estruturado em novas condições, num modelo informatizado e dando valor 

ao conhecimento; por outro, com a constatação, pelo sistema de governo, dos precários 

desempenhos populares de grande parte da população, mensurado a partir de avaliações 

externas e utilizando-se de indicadores discutíveis. 

Políticas públicas e ações políticas movimentaram-se, então, na direção de 

reformas curriculares e de mudanças na formação dos docentes, dos formadores das 

novas gerações (GATTI, 2008). Entre elas, a LDB 9394/96, a elaboração dos 

Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), em 1997; e as diretrizes de Formação de 

Professores. (BRASIL, 2002). 

Esta LDB, conforme esclarecem Nardi e Cortela (2015, p.25) ao citar Pereira 

(1999),  

 

[...] foi um arranjo entre dois projetos distintos: um de autoria de 

Saviani (1998), fruto de amplas discussões populares e setores 

acadêmicos, representando compromissos com a educação pública de 

qualidade, e o outro elaborado pelo MEC, assinado por Darcy Ribeiro 

visando atendimento de interesses também internacionais.  

 

 

Costa (2005) entende que, influenciado pelo pensamento e práticas neoliberais, o 

governo brasileiro repetiu sua história, renovando parcerias com o governo americano 

nos moldes dos projetos MEC-USAID, ao concordar com as medidas sugeridas pelo 

Banco Interamericano de Desenvolvimento, Banco Mundial e a Organização das 

Nações Unidas. 



31 
 

Os PCN retrataram a polifonia de vozes da LDB e foram baseados em modelos 

educacionais desenvolvidos na Espanha, que defendiam o uso de abordagens 

interacionistas para “[...] o desenvolvimento dos conteúdos e a concepção de 

competências”. (NARDI; CORTELA, 2015, p.26). 

Para Perrenoud (1999, p. 30) "Competência é a faculdade de mobilizar um 

conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações etc.) para solucionar 

com pertinência e eficácia uma série de situações”. Segundo o autor, o termo 

competência refere-se ao agir eficazmente num determinado tipo de situação apoiado 

em conhecimentos, mas sem se limitar a eles “[...] é preciso que alunos e professores se 

conscientizem das suas capacidades individuais que melhor podem servir o processo 

cíclico de Aprendizagem-Ensino-Aprendizagem” (PERRENOUD, 1999, p. 7).  

O parecer do Conselho Pleno Nacional de Educação (BRASIL, 2001), considera 

a concepção de competência como “[...] nuclear na orientação do curso de formação 

inicial de professores.” E para que a construção das competências se efetivarem 

 

 

[...] deve se refletir nos objetos da formação, na eleição de seus 

conteúdos, na organização institucional, na abordagem metodológica, 

na criação de diferentes tempos e espaços de vivências para os 

professores em formação, em especial na própria sala de aula e nos 

processos de avaliação. A aquisição de competências requeridas do 

professor deverá ocorrer mediante uma ação teórico-prática. [...] A 

aprendizagem por competência permite a articulação entre teoria e 

prática. [...] Não há real construção de conhecimento sem que resulte, 

do mesmo movimento, a construção de competências [...] é 

basicamente na aprendizagem de conteúdos que se dá a construção e o 

desenvolvimento de competências. (BRASIL, 2001, p.28-32). 

 

 

Gatti (2008) corrobora ao dizer que os cursos de formação continuada 

apresentam metas pautadas em competências e habilidades enunciadas como se fossem 

ingredientes rotulados que, quando adicionados, garantem os resultados almejados. 

Segundo ela, o uso do termo competência e/ou habilidade contornou a dificuldade, em 

certos círculos, de falar em domínio de técnicas para o trabalho docente, que ficou 

descartada sob o rótulo do tecnicismo. Desta forma, “Entre os educadores brasileiros, é 

difícil falar em técnica; bem mais fácil falar em competência” (GATTI, 2008, p.7). 

Nardi e Cortela (2015, p.26 apud FREITAS, 2002, p.157) apontam que a 

proposta de um currículo baseado em competências não foi gratuita, uma vez que está 



32 
 

associada à ideia de avaliação “[...] Desse modo, o currículo por competências passa a 

ser uma necessidade, já que exige a definição de desempenhos que demonstrem sua 

aquisição e que possam, portanto, ser avaliados”.  

No ano de 1994, foi eleito como presidente da república Fernando Henrique 

Cardoso (FHC), e em seu governo foram instituídas duas medidas educacionais que 

afetaram diretamente a formação inicial e continuada de professores: a aprovação da 

LDB 9394/1996, introduzindo fortemente a descentralização da educação, direcionando 

seus gastos por intermédio da criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do 

Ensino Fundamental e da Valorização do Magistério (FUNDEF) (OLIVEIRA, 

M.,2008). O FUNDEF voltou suas atenções exclusivamente para o ensino Fundamental; 

institui os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), e o Sistema Nacional de 

Avaliação, que objetivava acompanhar a qualidade do ensino básico das escolas 

públicas e particulares em todo país.  

Quanto a essas avaliações externas Cortela (2011) aponta que elas também 

corroboram com a ideia de mercantilização da educação. O Exame Nacional do Ensino 

Médio (ENEM), o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), o Sistema de 

Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SARESP) e o Exame 

Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE), são alguns exemplos de avaliações. 

Segundo a autora, uma das justificativas para aplicação destas provas é a de recolher 

indicadores comparativos de desempenho que possam fundamentar futuras tomadas de 

decisões no âmbito das escolas, em diferentes esferas.  

Torres (1998) afirma que ao elaborar os PCN, o governo FHC demonstrou 

centralismos entendido como antidemocráticos, pois não contemplou desde o início o 

debate com a sociedade educacional e pecou em ignorar a universidade e pesquisas 

sobre currículo e que, “[...] mesmo propondo a descentralização da educação, falseou a 

autonomia dos Estados e municípios ao elaborar um Sistema Nacional de Avaliação 

como medida de controle” (TORRES, 1998, p.141). 

A LDB 9.394/ 96 instituiu que a educação básica é dever do Estado, sendo 

obrigatória e gratuita dos quatro aos dezessete anos de idade, inclusive para os que a ele 

não tiveram acesso na idade própria. Está organizada, de acordo com o art. 4, parágrafo 

I, da seguinte forma: a) pré-escola, b) ensino fundamental e, c) ensino médio. 

No que se refere à formação de professores, a LDB vigente, no capítulo V, título 

VI que versa sobre os profissionais da Educação aborda em parágrafo único que a 

formação dos profissionais da Educação terá como fundamento, entre outras: “II – a 



33 
 

associação entre teorias e práticas, mediante estágios supervisionados e capacitação em 

serviço”. As relações entre os conhecimentos adquiridos na formação inicial, os saberes 

disciplinares (TARDIF, 2014), e a ação pedagógica ganhou destaque, pois, até então, os 

professores eram formados em nível técnico (magistério) e não havia preocupação legal 

com a articulação entre teoria que envolvesse essa preparação. A capacitação em 

serviço permite que as escolas e redes de ensino ofereçam formação continuada a esses 

docentes considerando as especificidades locais.  

Sob formação continuada, a LDB 9394/96, no artigo 63, parágrafo III, instituiu 

também que os Institutos Superiores de Educação mantenham programa de Educação 

Continuada para profissionais da educação dos diversos níveis. Aponta essa lei em seu 

artigo 67, que os sistemas de ensino promovam a valorização dos profissionais da 

educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira 

do magistério público, aperfeiçoamento profissional continuado com licenciamento 

periódico remunerado para esse fim (parágrafo II), progressão funcional baseada na 

titulação ou habilitação, e na avaliação do desempenho (parágrafo IV), bem como 

período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho 

(parágrafo V).  

Indo ao encontro do modelo socioeconômico vigente, a LDB 9394/96 propõe 

novas orientações à formação docente, no qual o profissional fica imerso a um constante 

processo de “aprender a aprender” sendo inclusive remunerado e valorizado de acordo 

com suas titulações. Mas, a lei não garante a qualidade dessas formações. Percebe-se 

que o legislador importa-se mais com a criação de novas instâncias formadoras a 

abertura do magistério do que fomentar a qualidade dos cursos já existentes. (MINTO; 

MURANAKA, 2000). 

Torres (1998) salienta que o Banco Mundial teve um papel muito importante na 

definição das prioridades, das estratégias e dos conteúdos concretos que a reforma 

educativa adotada em cada país. Ele trata a questão da formação continuada enfatizando 

o seu papel renovador, no qual os professores devem se preparar para formar as novas 

gerações para a “nova” economia mundial.  

 

 

Ao possibilitar a implementação dos Institutos superiores da Educação 

(ISEs), a LDB e a legislação dela decorrente mantiveram fidelidade e 

coerência com as orientações do Banco Mundial e com os princípios 

que norteiam a educação superior, postos claramente nos documentos 



34 
 

oficiais elaborados pelo MEC, que diversificam as instituições de 

ensino, favorecendo e valorizando estabelecimentos não 

universitários, especialmente a formação de professores para o ensino 

básico. (MINTO; MURANAKA, 2000, p.12-13). 

 

 

Mais uma vez a formação de professores foi marcada pelo aligeiramento, 

reforçado pelas ações governamentais e do MEC, ao favorecerem a criação de modelos 

institucionais alternativos de formação para a educação básica, criação de institutos 

superiores de educação básica e certificação de docente por meio de universidade 

virtual. Todas essas medidas estabeleceram um consórcio, no qual, a formação inicial e 

continuada passou a ser encarada como mercado, comprometendo a sua qualidade e 

rigor. (MINTO; MURANAKA, 2000). 

Em 2003, o país passou a ser governado por Luiz Inácio Lula da Silva que em 

seu primeiro mandato começou a reconduzir algumas ações educacionais de médio e 

longo prazo.  

Em 2006, sob a legislação de n°11.274 ocorre uma alteração na redação da LDB 

9394/96 dispondo sobre a duração de nove anos para o Ensino Fundamental, com 

matrículas obrigatórias a partir de seis anos de idade. A escolarização, nesse sentido, 

passa a iniciar-se no 1º ano do ensino Fundamental I (alunos com seis anos de idade) e a 

conclusão do ensino Fundamental I ocorre quando os alunos alcançam o 5º ano. O 

Ensino Fundamental II tem início no 6º ano e término no 9º ano. 

No ano de 2007 duas medidas importantes foram estabelecidas: a implantação 

do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB) 

substituindo o FUNDEF, e o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). 

Segundo Santos (2011), o PDE teve como articulador “O Plano de Metas 

Compromisso Todos pela Educação”, instituído pelo Decreto 6.094 de 24 de abril de 

2007, propondo um novo regime de colaboração, visando “[...] articular a atuação dos 

Estados, Distrito Federal e Municípios envolvendo, primordialmente, a decisão política, 

a ação técnica e atendimento da demanda educacional, tendo em vista a melhoria dos 

indicadores educacionais” (SANTOS, 2011, p.11). Neste plano, uma série de medidas 

para auxiliar e garantir a educação foram implantadas e organizadas em quatro eixos: 

Educação Básica, Educação Superior, Educação Profissional e Tecnológica, 

Alfabetização e Educação Continuada.  

 



35 
 

 

Dentro desses eixos, as seguintes ações foram ora anexadas, ora 

criadas: FUNDEB, Pro-infância, Ensino Fundamental de nove anos, 

Provinha Brasil, Programas de apoio ao Ensino Médio, Luz para 

todos, Educacenso, Prova Brasil, PDE-Escola, Olimpíadas Brasileiras 

de Matemática das escolas públicas, Olimpíadas Brasileiras da Língua 

Portuguesa escrevendo o futuro, Mais Educação, Caminho da Escola, 

PNATE, Pró-escola, Proinfo, Biblioteca na Escola, Saúde na escola, 

Olhar Brasil, Educação Especial, Brasil alfabetizado, PNLA, Proeja, 

Projovem campo, Brasil profissionalizado, IFET, E-TEC Brasil, 

Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos, Catálogo dos Cursos 

Superiores de Tecnologia, Piso Salarial do magistério, Sistema 

Nacional de Formação de Professores, Pripid, UAB, Pró-

letramento, Pró-funcionário, Expansão do Ensino Superior, dentre 

outros. (SANTOS, 2011, p.11, grifos da pesquisadora). 

 

 

Entre as medidas elaboradas, destaca-se que algumas orientaram aspectos 

relacionados à formação de professores visando assegurar a qualidade do ensino público 

nos diferentes níveis. O Sistema Nacional de Formação de Professores8 foi um 

programa regido pela lei nº 11.502, de julho de 2007, que atribui à Coordenação de 

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) a responsabilidade pela 

formação de professores da Educação Básica, assegurando uma formação àqueles 

professores que já estão em exercício, mas não possuem a titulação adequada, além de 

integrar a educação básica e superior visando à qualidade do ensino público.  

O Pró-Letramento9, instituído pela resolução CD/FNDE nº24 de 16 de agosto de 

2010, é um programa de formação continuada de professores, realizado pelo MEC em 

parceria com universidades que integram a Rede Nacional de Formação Continuada e 

com adesão dos Estados e Municípios. Objetiva a melhoria da qualidade de 

aprendizagem da leitura/escrita e matemática nos anos iniciais do ensino fundamental. 

Será abordado de forma mais detalhada no capítulo dois. 

Atualmente, o Sistema Nacional de Formação de Professores encontra-se ativo, 

tendo suas notícias de formação disponibilizadas no site da fundação CAPES em 

pareceria com Ministério da Educação, que informa sobre cursos e prazos relacionados 

à formação continuada.  

Atentando-se ao Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, vigente até 

o presente momento, observa-se que ele propõe a conjugação de esforços entre União, 

                                                           
8
 Disponível em http://portal.mec.gov.br/rede-nacional-de-formacao-de-professores/sitema-

nacional-de-formacao-de-professores. Acesso em 06/05/16 
9
 Disponível em: http://portal.mec.gov.br/pro-letramento/apresentacao. Acesso em 06/05/16 



36 
 

Estados, Distrito Federal e Municípios, atuando em regime de colaboração, com 

famílias e comunidade, em proveito da melhoria e qualidade da educação básica. Em 

seu art.2º estabelece dezoito diretrizes. Entre elas, o parágrafo II: “alfabetizar as 

crianças até, no máximo, os oito anos de idade, aferindo os resultados por exame 

periódico específico” (grifo da pesquisadora). Interessante perceber que a palavra aferir 

tem por significado cotejar com os respectivos padrões. Ou seja, o próprio documento 

estabelece graus que as avaliações externas visam ajustar, a partir de resultados de 

provas em comparações com padrões estabelecidos. 

A portaria nº 867, de 04 de julho de 2012, institui em seu art. 1º o Pacto 

Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), pelo qual o Ministério da 

Educação (MEC) e as secretarias estaduais, distrital e municipais de educação 

reafirmam e ampliam o compromisso previsto no Plano de Metas Compromisso Todos 

pela Educação. 

Este programa é o locus desta pesquisa, e especificamente as orientações 

dedicadas à formação continuada de professores na área de Matemática, realizadas no 

ano de 2014, do qual serão abordadas com mais atento no capítulo 2 deste trabalho.  

 

1.1.2 Resolução CNE/CP- 2/2015: sobre a formação Continuada 

  

A referida resolução foi instituída partindo de algumas premissas. Entre estas o 

fato de que a consolidação das normas educativas nacionais para a formação de 

profissionais do magistério para a educação básica é indispensável para o projeto 

nacional da educação brasileira, em seus níveis e suas modalidades da educação, tendo 

em vista a abrangência e a complexidade da educação de modo geral e, em especial, a 

educação escolar inscrita na sociedade. Considera também a importância do profissional 

do magistério e de sua valorização profissional, assegurada pela garantia de formação 

inicial e continuada, plano de carreira, salário e condições dignas de trabalho. (BRASIL, 

2015a) 

Desta forma, foram elaborados dispositivos gerais que versam sobre as 

“Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial e Continuada em Nível 

Superior de Profissionais do Magistério para a Educação Básica”, definindo princípios, 

fundamentos dinâmicos formativos e procedimentos a serem observados na política, na 

gestão e nos programas e cursos de formação, bem como no planejamento, nos 

processos de avaliação e de regulação das instituições de educação que as ofertam. 



37 
 

Como o foco desta pesquisa é a formação continuada, expõe-se nos próximos 

parágrafos como esta resolução propõe que sejam realizadas tais formações e o que 

devem garantir. Na CNE/CP- 2/2015, capítulo VI, art. 16 apresenta-se uma definição do 

entendimento da expressão formação continuada, qual é 

 

 

A formação continuada compreende dimensões coletivas, 

organizacionais e profissionais, bem como o repensar do processo 

pedagógico, dos saberes e valores, e envolve atividades de extensão, 

grupos de estudos, reuniões pedagógicas, cursos, programas e ações 

para além da formação mínima exigida ao exercício do magistério na 

educação básica, tendo como principal finalidade a reflexão sobre a 

prática educacional e a busca de aperfeiçoamento técnico, pedagógico, 

ético e político do profissional docente. (BRASIL, 2015a, p.13). 

 

 

A normativa indica que estas formações decorram de uma concepção de 

desenvolvimento profissional e leve em conta os sistemas e as redes de ensino, o 

projetos pedagógico das instituições, bem como os problemas e desafios da escola e o 

contexto no qual ela está inserida.  

Ainda considera que os cursos destinados aos professores acompanhem o 

desenvolvimento da ciência e da tecnologia, respeitem o protagonismo do professor 

permitindo-lhe refletir criticamente e aperfeiçoar a sua prática, para assim estabelecer 

diálogo e parceria com atores e instituições competentes “[...] capazes de contribuir para 

alavancar novos patamares de qualidade ao complexo trabalho de gestão da sala de aula 

e da instituição educativa” (BRASIL, 2015a, p.14). 

Desta maneira, as formações devem se dar pela oferta de atividades e cursos de 

atualização, extensão, aperfeiçoamento, especialização, mestrado e doutorado que 

agreguem novos saberes e práticas, articulados às políticas e gestão da educação, à área 

de atuação do profissional e às instituições de educação básica, em suas diferentes 

etapas e modalidades da educação. (BRASIL, 2015a). 

No capítulo VII, da CNE/CP- 2/2015 “Dos profissionais do magistério e sua 

valorização” fica homologado que compete aos sistemas de ensino, às redes e às 

instituições educativas a responsabilidade pela garantia de políticas de valorização dos 

profissionais do magistério da educação básica, que devem ter assegurado sua 

formação, além de plano de carreira, de acordo com a legislação vigente, e preparação 

para atuar nas etapas e modalidades da educação básica e seus projetos de gestão, 



38 
 

conforme definido na base comum nacional e nas diretrizes de formação. (BRASIL, 

2015a). 

Assegura o art. 19 da lei supracitada, que como meio de valorização dos 

profissionais do magistério público nos planos de carreira e remuneração dos 

respectivos sistemas de ensino, deverá ser garantida a convergência entre formas de 

acesso e provimento ao cargo, formação inicial, formação continuada, jornada de 

trabalho, incluindo horas para as atividades que considerem a carga horária, progressão 

na carreira e avaliação de desempenho com a participação dos pares. 

Desta forma assevera-se que para assegurar a qualidade da ação educativa o 

acesso à carreira aconteça por meio de concursos de provas e títulos, que os valores de 

remuneração nunca sejam inferiores ao piso salarial profissional nacional; que ocorra a 

diferenciação por titulação dos profissionais da educação escolar básica entre os 

habilitados em nível médio e os habilitados em nível superior e pós-graduação lato 

sensu, com percentual compatível entre estes últimos e os detentores de cursos de 

mestrado e doutorado.  

Também garante o § 7 da resolução CNE/CP- 2/2015 a oferta de programas 

permanentes e regulares de formação e aperfeiçoamento profissional do magistério e a 

instituição de licenças remuneradas e formação em serviço, inclusive em nível de pós-

graduação, de modo a atender às especificidades do exercício de suas atividades, bem 

como os objetivos das diferentes etapas e modalidades da educação básica. 

Sendo assim, com esta resolução ficam asseguradas aos professores da educação 

básica possibilidades formativas que não se esgotam somente em um curso de 

atualização, mas é encarada como um processo, “[...] construído no cotidiano escolar de 

forma constante e contínua” (CUNHA, KRASILCHIK, 2000, p.4). Concebida dessa 

maneira, a formação continuada contribui de forma significativa para o 

desenvolvimento do conhecimento profissional do professor, cujo objetivo entre outros, 

é facilitar as capacidades reflexivas sobre a própria prática docente elevando-a a uma 

consciência coletiva. A partir dessa perspectiva, a formação continuada conquista 

espaço privilegiado por permitir a aproximação entre os processos de mudança que se 

deseja fomentar no contexto da escola e a reflexão intencional sobre as consequências 

destas mudanças. 

 



39 
 

1.1.3 Incentivos e garantias legais para a formação continuada no 

município Bauru 
 

São apresentados aqui os incentivos e garantias legais elaborados pela gestão 

administrativa do município de Bauru, estado de São Paulo, uma vez que esta é a cidade 

na qual ocorreu a pesquisa. Com tais apontamentos pretende-se observar como ocorre a 

implementação das ações formativas neste município e de que maneira estas impactam a 

valorização docente.  

Durante o ano de 2010, esta rede municipal de ensino propôs a discussão e 

elaboração de um documento que regeria um plano de cargos, carreiras e salários dos 

servidores da educação (PCCS). No decorrer daquele ano, diversos encontros 

envolvendo diferentes setores da educação foram realizados para que os participantes 

realizassem leituras, análises e efetuassem sugestões ao documento oficial, que foram 

encaminhas ao poder legislativo, culminando na aprovação do mesmo, em novembro do 

mesmo ano, registrado sob nº 5. 999. 

O PCCS reenquadrou cargos, reconfigurou as carreiras, criou nova grade salarial 

e dispôs sobre a cessação do pagamento das gratificações e adicionais, bem como 

instituiu as jornadas de trabalho dos servidores municipais.  

Estas atribuições e responsabilidades, previstas na estrutura organizacional do 

Município, tomaram por base os seguintes documentos: o Plano Nacional de 

Desenvolvimento (PND), a LDB 9394/96; Diretrizes da Secretaria Municipal da 

Educação; e a Legislação da Administração Pública vigente.  A lei nº 5. 999, em seu  § 

2 institui que o PCCS visa prover a Secretaria Municipal de Educação, com estrutura de 

cargos, carreiras que são organizados, mediante 

 

 

I – implementação de um sistema permanente de capacitação dos 

profissionais; 

II – reconhecimento e valorização dos profissionais através de 

critérios que proporcionem igualdade de oportunidades, garantindo a 

qualidade dos serviços prestados à população. (BAURU, 2010, p.1). 

 

 

No título IV, capítulo II, destinado à progressão na carreira, são apresentados 

itens que regularizam a progressão e a evolução funcional do profissional na carreira, 

que poderá ser conquistada, após a avaliação do estágio probatório, de duas formas: 1) 



40 
 

em razão do resultado de avaliação de desempenho- progressão por mérito profissional 

(PMP)  ou, 2)  progressão por qualificação profissional (PQP). 

A PMP acontece de forma horizontal, mediante a avaliação de desempenho e 

desenvolvimento, a cada três anos de efetivo exercício no cargo, correspondendo ao 

acréscimo salarial de um nível do vencimento. Trata-se de uma avaliação abrangente, 

contemplando cinco aspectos de formação: 1) os diferentes aspectos de sua formação e 

os níveis de complexidade, 2) a capacidade técnica educacional dentro do contexto, 3) a 

avaliação das chefias imediatas e autoavaliação do servidor; 4) a repercussão dos 

processos de desenvolvimento sobre os serviços prestados à população e a 

produtividade, e 5) a qualidade dos serviços e a pontualidade na entrega destes.  

Ressalta-se, então, que aspectos formativos envolvendo a capacidade técnica 

educacional e a formação continuada são consideradas, bem como a repercussão dessa 

formação, nos serviços prestados, numa perspectiva de valorização destas atividades. 

A progressão por qualificação profissional (PQP) também acontece de forma 

horizontal mediante avaliação de desempenho e desenvolvimento favorável e 

apresentação de diplomas e/ou certificados de participações em cursos, a cada dois anos 

de efetivo exercício no cargo, correspondendo ao acréscimo de um nível salarial de 

vencimento. O art. 19 desta lei estabelece que são aceitos para os cargos de 

Especialistas em Educação Adjunto e Especialistas em Educação (nomenclatura 

atribuída a professores substitutos e professores efetivos, respectivamente) cursos de 

aperfeiçoamento em sua área de atuação ou correlata, cujo somatório da carga horária 

seja igual ou superior a 120 (cento e vinte) horas, garantindo, após a aprovação no 

estágio probatório, a progressão para o nível subsequente, até o limite do último nível 

de vencimento da classe. 

No capítulo III deste documento, destinado à promoção da carreira, instituiu-se 

que os servidores da educação poderão ter promoção de qualificação profissional por 

escolaridade (PQPE), de forma vertical, a cada cinco anos de efetivo exercício no cargo, 

no nível de vencimento correspondente ao valor imediatamente superior ao valor 

percebido, na classe imediatamente superior, dentro do mesmo cargo após titulação. 

 Desta forma, aos cargos de Especialista em Educação Adjunto (professor 

substituto), Especialistas em Educação (professor regente da sala) e Especialistas em 

Gestão Escolar (diretor de escola) a promoção acontecerá mediante a apresentação de 

titulações, podendo ser certificado de conclusão de curso de pós-graduação Lato Sensu, 

com carga horária igual ou superior a 360 (trezentas e sessenta) horas; certificado de 



41 
 

conclusão de curso de pós-graduação Lato Sensu com carga horária igual ou superior a 

900 (novecentas) horas; certificado de conclusão de curso de pós-graduação Lato Sensu, 

com carga horária igual ou superior a 1.500 (mil e quinhentas) horas e certificado de 

conclusão de curso de pós-graduação Stricto Sensu nos níveis de mestrado e/ou 

doutorado em sua área de atuação ou correlata. (BAURU, art. 21, cap. III, 2010). 

Outra maneira de o município em questão incentivar e valorizar a formação 

encontra-se presente na lei nº 6.217/ 2012, que dispõe sobre a reformulação do estatuto 

do Magistério Municipal. A cada título obtido com a participação em cursos, eventos e 

publicações científicas com certificados, serão atribuídas ao servidor pontuações e essas 

notas servem como critérios para classificação de atribuição de classe, remoção e 

permuta.  

Determinou-se, também, que tais titulações só terão validade se certificadas por 

instâncias reconhecidas pelo MEC, ou pela própria secretaria municipal de educação. 

Para suprir e dar acesso à busca por formação adequada aos seus servidores, ficou 

garantido no capítulo IV, da lei nº 6.217/ 2012 que a Secretaria Municipal de Educação, 

com apoio da Secretaria Municipal da Administração organizará, planejará e promoverá 

cursos ou programas de capacitação, denominado Programa de Capacitação e 

Aperfeiçoamento (PCA), buscando parcerias ou convênios necessários para vincular a 

realização das qualificações ao melhor desenvolvimento educacional. Em suma, este 

programa tem como objetivos conscientizar, preparar e incentivar o profissional da 

educação para desenvolver-se na carreira e mobilizar todas as suas potencialidades.  

Membros do Departamento de Planejamento, Projetos e Pesquisas Educacionais 

(DPPPE), constituído de professores de diferentes áreas da própria rede municipal de 

ensino, que estão afastados de seus cargos para atuar na capacitação e elaboração de 

momentos formativos dos servidores da educação, divulgaram um pequeno balanço dos 

trabalhos com formação continuada oferecidos em quase oito anos de trabalho (a data 

de criação desse departamento antecedeu a elaboração do PCCS). No início do ano de 

2016 foi divulgado que até o término do mesmo ano terão sido desenvolvidas 

aproximadamente 650 ações formativas entre cursos, palestras, oficinas, grupos de 

estudo e troca de experiência e que foram disponibilizadas 24.000 vagas para estes 

cursos, totalizado 20.000 horas de formação10. 

                                                           
10

 Informações oriunda do catálogo de formação continuada- 2º semestre 2016, em http: 

<hotsite.bauru.sp.gov.br?arquivos2/website_formcont?arquivosfolder_2016-02.pdf.> Acesso 

em 10/08/2016. 



42 
 

Nesse sentido, a educação passa a ser entendida como um investimento ao 

capital humano e o professor é instado a produzir mais, competir mais, o que se torna 

possível com a introdução das inovações tecnológicas. (SAVIANI, 2007).  

É dentro desse contexto de desenvolvimento profissional versus a valorização da 

titulação docente, que a formação continuada de professores, em sua articulação com a 

prática educativa, torna-se alvo de interesse. É oportuno e necessário aprofundar a 

discussão sobre como e mediante quais circunstâncias a formação continuada tem 

contribuído para o desenvolvimento profissional dos docentes e para a qualidade dos 

processos educativos no país. 

Vale salientar, como bem aponta Saviani (2007, p.189), que essa crescente busca 

pela formação profissional atrelada à sua valorização, funciona como um incentivo ao 

capital humano individual que habilita os indivíduos para a competição pelos empregos 

disponíveis. 

 

 

É o indivíduo que terá que exercer sua capacidade de escolha visando 

adquirir os meios que lhe permitam ser competitivo no mercado de 

trabalho. E o que ele pode esperar das oportunidades educacionais já 

não é o acesso ao emprego, mas apenas a conquista do status de 

empregabilidade.  

 

 

Coadunando com as ideias do autor supracitado, compreende-se que ao optar por 

uma formação específica, o indivíduo poderá ser levado a exercer sua capacidade de 

escolha visando o mercado de trabalho e/ou a conquista dos status de empregabilidade.  

 

1.2 Os saberes docentes e a formação continuada  

 

Como afirmam Gauthier et al. (2006), a formação inicial não se constitui o único 

espaço de aprendizagem da profissão. Para que o professor construa e desenvolva sua 

competência profissional é necessário que invista em uma formação continuada e se 

empenhe em adquirir novos conhecimentos. Conforme assinalam Bastos; Nardi, (2008), 

professores da educação básica relatam buscar atualização conforme suas necessidades 

e interesses, por meio de uma série de estratégias, tais como leitura de textos de 

diferentes fontes, intercâmbio com colegas, reflexão sobre a prática, participação em 

palestras, grupos de estudos, entre outros. E muitos também se inserem em cursos e 



43 
 

palestras oferecidas pelas instituições de ensino superior ou secretarias de educação. 

Esse tipo de formação é denominada por estes autores, como formação continuada, pois 

permite o desenvolvimento de competências, conhecimentos e outras características 

relacionadas ao processo de ensino, realizadas após a formação inicial. 

 Os próximos itens dedicam-se a apresentar estudos pertinentes a natureza do 

saber docente e apontam que o mesmo possui fontes diversas, ou seja, é constituído de 

diversos elementos, teóricos e práticos, que se estabelecem de modo processual e 

contínuo durante toda a carreira do professor.  (TARDIF, 2014, GAUTHIER et al., 

2006, entre outros). Compreender quais são os aspectos relevantes aos saberes docentes 

e como estes se articulam favorecem a prática pedagógica. 

Articulando-se ao item anterior, por compreender que as ações formativas 

devem considerar a heterogeneidade dos saberes docentes, e partindo das contribuições 

de Candau (1997), Gatti (2000), Imbernón (2010), Nóvoa (1999), entre outros, serão 

abordados aspectos relevantes às discussões voltadas à formação continuada de 

professores. Pretende-se abordar as problemáticas apontadas pelos estudos promovendo 

uma reflexão tendo em vista os desafios e as possibilidades para o desenvolvimento 

profissional dos professores. 

 

1.2.1 Os saberes docentes 

 

Os aspectos legais presentes nas políticas públicas e legislações contribuem para 

modificar a visão e o enfoque das formações do professor. Entre as décadas de 1960 e 

1970, o enfoque das abordagens comportamentalistas em educação refletiam nas ações 

formativas e passaram a se alicerçar em uma base “científica” para a docência, gerando 

o entendimento do professor como “profissional técnico”, ou seja, um profissional cuja 

habilidade básica era de aplicar em aula os conhecimentos das ciências do 

comportamento. (CONTRERAS, 2002; MARCELO GARCIA, 1999; TARDIF, 2014). 

Bastos, Nardi (2008) registraram que nas décadas de 1980 esse modelo também 

denominado “modelo de racionalidade técnica” ou “aplicacionista” (CONTRERAS, 

2002; TARDIF 2014) sofreu críticas pautada no fato de que o trabalho do professor 

possui singularidades e especificidades e, ao atrelar a formação deste profissional ao 

“tecnicismo” e sua base nos procedimentos de ensino, desconsidera-se aspectos 

fundamentais da finalidade da educação, quais sejam: a reflexão, a criticidade e o 

planejamento pautado nas especificidades escolares no qual está inserido.  



44 
 

Schön (2000) enuncia a existência de um trabalho prático que fundamenta o 

trabalho do professor em sala de aula, denominado “conhecimento na ação”, mas 

também considera importante as habilidades denominadas de “reflexão na ação” e 

“reflexão sobre a ação”, nas quais o professor elabora um movimento contínuo de 

adaptação de seu ensino a contextos de atuação, que são singulares e incertos por sua 

própria natureza (BASTOS; NARDI, 2008). 

Para Schön (2000), a reflexão na ação, ocorre simultaneamente à prática, na 

interação com as experiências cotidianas em um processo dinâmico, permitindo que o 

docente dialogue com a situação, a partir de um diagnóstico acelerado à vista da 

improvisação, lançando mão de decisões frente ao inesperado de acordo com as 

condições do momento. A reflexão sobre a ação faz referência ao pensamento 

deliberado e sistemático, ocorrendo após a ação, ou seja, o professor volta ao ocorrido e 

procura refletir sobre o que vivenciou proporcionando a consciência do conhecimento 

tácito, reorganizando o pensamento na ação para analisá-la. 

Contreras (2002) aponta que esse modelo sofreu várias críticas, sendo uma delas 

o fato de que as reflexões concebidas desta forma são restritas a questões imediatas de 

situações de aula e ignoram os contextos econômicos, sociais, políticos e culturais que 

influenciam no trabalho docente. De forma mais detalhada, o autor considera o 

professor em três tendências distintas: o especialista técnico; o profissional reflexivo e o 

intelectual crítico.  

 

Quadro 1- Concepções sobre profissionalidade docente a partir de Contreras (2002). 

 Professor como 

especialista técnico 

    Professor reflexivo Professor como 

intelectual crítico 

 

Concepção de 

educação 

 

Ciência aplicada 

Compreensão da 

reflexão sobre as relações 

Crítica e 

transformadora 

 

Prática 

profissional 

Racionalidade 

técnica 

Aplicação 

Reflete sobre a atuação e 

a modifica. 

A reflexão é um 

instrumento de 

transformação da prática. 

Tarefa intelectual 

crítica 

Democrática 

Fonte: adaptado pela autora, 2016. 

 

Bastos, Nardi (2008) reforçam que como reação ao tecnicismo e ao modelo 

clássico do professor reflexivo, a ideia do professor como profissional crítico se torna 

fundamental, já que segundo essa perspectiva, o docente tem consciência da 

importância dos questionamentos, das ideologias e das estruturas econômicas, sociais e 



45 
 

políticas. Bem como compreende que esta reflexão crítica só é possível com o auxílio 

dos instrumentos teóricos adequados.  

Tardif (2014) crítica os enfoques anglo-americanos que reduzem o saber dos 

professores aos processos psicológicos, assim como certas visões europeias tecnicistas 

que alimentam atualmente as abordagens por competências, bem como, se opõe em 

relação às concepções sociológicas tradicionais, que associam os professores a agentes 

de reprodução das estruturas dominantes. 

Segundo o autor supracitado, a questão dos saberes docentes não deve ser 

estudada isoladamente, mas dentro do contexto mais amplo que a profissão docente está 

situada, considerando os condicionantes e o contexto de trabalho do professor, pois os 

diversos saberes e o saber-fazer dos professores, não se originam neles mesmos e nem 

em seu trabalho cotidiano, mas possuem uma origem social patente, ou seja, “[...] o  

saber profissional se dá na confluência  de vários saberes oriundos da sociedade, da 

instituição escolar, dos outros atores educacionais, das universidades, etc” (TARDIF, 

2014, p.19). 

Esses saberes são formados por diferentes variáveis que integram a formação 

docente ao longo de sua trajetória educacional, que na visão de Tardif (2014) são: Os 

saberes pessoais; os saberes provenientes da educação escolar; saberes oriundos da 

formação profissional; os saberes disciplinares e os saberes experienciais. 

Os saberes pessoais são provenientes da relação com a família, ambiente de 

vida, educação obtida, entre outros. Integram-se ao trabalho docente pela história de 

vida e socializações. 

Os saberes da formação escolar têm como fonte de aquisição aqueles que 

ocorrem durante o processo de escolarização, antes da profissionalização. Integram-se a 

prática docente pela formação e pela socialização de conhecimentos pré-profissionais. 

Os saberes da formação profissional formam um conjunto de saberes científicos 

e eruditos, transmitidos pelas instituições de formação de professores inicial ou 

continuada, que abordam o professor e sua prática educativa como objetos de 

conhecimento, buscando não somente a produção de conhecimentos, mas a 

incorporação destes à sua prática pedagógica. 

Os saberes disciplinares são aqueles definidos e selecionados pelas instituições 

formadoras, tanto inicial quanto continuada. Referem-se às disciplinas presentes nestes 

cursos, ao campo de conhecimento com que o professor irá trabalhar e emergem da 



46 
 

tradição cultural dos grupos sociais produtores de saberes. Integram-se ao trabalho 

docente pela utilização das “ferramentas” de trabalho. 

Finalmente, os saberes experienciais, tratam de um conjunto de saberes 

atualizados, adquiridos e necessários à prática docente e que não provêm das 

instituições de formação nem de currículos. São saberes práticos que se integram ao ato 

de ensinar formando um conjunto de representações a partir das quais os professores 

interpretam, compreendem e orientam sua profissão, “[...] constituem, por assim dizer, a 

cultura docente em ação” (TARDIF, 2014, p.49). O autor ainda destaca a importância 

dos saberes experienciais em relação aos outros, pois é sobre esses saberes que os 

professores mantêm o controle, tanto no que diz respeito à sua produção quanto à 

legitimação.  

O saber profissional é, portanto, uma amálgama dos diferentes saberes 

provenientes de fontes diversas, que são construídos, relacionados e mobilizados pelos 

professores de acordo com as exigências de sua atividade profissional.  

Gauthier et al. (2006), baseados nos primeiros estudos de Tardif publicados em 

2004, e em outros pesquisadores, também coadunam com a ideia do ensino como a 

mobilização de vários saberes. Em seu trabalho realizam um levantamento de pesquisas 

norte-americanas, sobre o que ficou conhecido como knowledge base, base de 

conhecimento. Apoiam-se na premissa de que as atividades docentes não estavam 

conseguindo demonstrar os seus saberes e, portanto, a ciência da educação acabava por 

produzir saberes que não condiziam com a prática. Com base nesta constatação, 

categorizam a profissão docente de três diferentes maneiras: ofício sem saberes, saberes 

sem oficio e ofícios feito de saberes. 

A primeira categoria, ofício sem saberes, abrange uma falta de sistematização de 

um saber particular do docente envolvendo bom senso, experiência, entre outros. Os 

saberes sem ofício são caracterizados pela formalização do ensino, a redução de sua 

complexidade e reflexão, ou seja, não contribuem para o fortalecimento da ação 

docente.  

Já o ofício feito de saberes, diz respeito aos vários saberes que são mobilizados 

pelos professores em sua prática escolar. Usando a analogia, Gauthier et al. (2006) 

referem-se aos saberes docentes como um reservatório o qual o professor se abastece 

para responder a exigências específicas de sua situação concreta de ensino. No entanto, 

acrescentam a classificação de alguns elementos importantes para a reflexão, quando 

privilegiam em suas categorizações a ação pedagógica, tida pelos autores como um 



47 
 

saber efetivamente específico a classe profissional, pois direcionam o tipo de ação em 

sala de aula. 

 

Quadro 2- O reservatório de saberes 

SABERES SABERES SABERES SABERES SABERES SABERES 

disciplinares 

 

 

(A matéria) 

curriculares 

 

 

(O 

programa) 

das 

ciências 

da 

educação 

da tradição 

pedagógica 

 

(o uso) 

experienciais 

 

 

(a 

jurisprudência 

particular) 

da ação pedagógica 

 

(o repertório de 

conhecimentos do 

ensino ou a 

jurisprudência 

pública validada) 

Fonte: GAUTHIER et al.(200