UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Instituto de Geociências e Ciências Exatas "Campus de Rio Claro" MARCELLA CIPOLLA MALUTA ESTIMATIVA DA RECARGA NATURAL DO AQUÍFERO RIO CLARO: UMA ABORDAGEM DA REGIONALIZAÇÃO HIDROLÓGICA ATRAVÉS DA VAZÃO DE PERMANÊNCIA. Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto de Geociências e Ciências Exatas, do Campus de Rio Claro, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Geociências e Meio Ambiente. Orientador: Prof. Dr. Antonio Celso de Oliveira Braga Rio Claro/SP 2014 Maluta, Marcella Cipolla Estimativa da recarga natural do Aquífero Rio Claro : uma abordagem da regionalização hidrológica através da vazão de permanência / Marcella Cipolla Maluta. - Rio Claro, 2014 72 f. : il., figs., tabs. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Geociências e Ciências Exatas Orientador: Antonio Celso de Oliveira Braga 1. Águas subterrâneas. 2. Recarga. 3. Vazão de permanência. I. Título. 551.49 M261e Ficha Catalográfica elaborada pela STATI - Biblioteca da UNESP Campus de Rio Claro/SP MARCELLA CIPOLLA MALUTA ESTIMATIVA DA RECARGA NATURAL DO AQUÍFERO RIO CLARO: UMA ABORDAGEM DA REGIONALIZAÇÃO HIDROLÓGICA ATRAVÉS DA VAZÃO DE PERMANÊNCIA. Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto de Geociências e Ciências Exatas, do Campus de Rio Claro, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Geociências e Meio Ambiente. Comissão Examinadora Antonio Celso de Oliveira Braga Cesar Augusto Moreira José Luiz Albuquerque Filho Rio Claro - SP 2014 Aos meus pais Ordival e Elisabete Maluta, e ao meu irmão Felipe, pelo incentivo, carinho e apoio. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida, pela graça de poder concluir mais essa etapa, por ser o meu chão, minha força e esperança. Ao meu orientador o Prof. Dr. Antônio Celso de Oliveira Braga, pela oportunidade em estudar sob sua orientação, pela amizade, apoio, e entendimento, e pelas conversas, sempre produtivas, fundamentais para o desenvolvimento dessa pesquisa. Ao Prof. Dr. José Luiz Albuquerque Filho e ao Prof. Dr. Claudio Benedito Baptista Leite por terem dedicado tempo e atenção quando me receberam, pelos conhecimentos partilhados e por todos as informações que contribuiram para esclarecer e nortear o desenvolvimento do meu trabalho. Ao Prof. Dr. Cesar Augusto Moreira e Prof. Dr. Walter Malagutti Filho, pelos conselhos, críticas construtivas e pelos apontamentos durante o exame geral de qualificação, bastante significativos para o aprimoramento da dissertação. À Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES pela concessão de bolsa de estudos. Ao programa de Pós-Graduação em Geociências e Meio Ambiente, pela base necessária ao desenvolvimento do Mestrado. Aos meus pais, Ordival e Elisabete, pelo incentivo constante, compreensão, por estarem presentes nos momentos difíceis, dando apoio, e nas alegrias comemorando junto. Por desejarem sempre o melhor para mim e para o meu irmão e por fornecerem toda base para que eu pudesse realizar meus estudos. Ao meu irmão Felipe pela companhia e ajuda quando tive problemas com o computador. Ao Matheus Biondo, por acreditar no meu trabalho, pelo apoio, carinho e companhia, fazendo meus dias mais felizes. Aos meus amigos e a todos que de alguma forma contribuíram, seja fazendo o meu caminho mais leve e descontraído, ou me auxiliando de maneira mais concreta, em especial, ao meu amigo Richard, pelo incentivo e ajuda durante toda a caminhada. ������������������ “De tudo ficaram três coisas... A certeza de que estamos começando... A certeza de que é preciso continuar... A certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar... Façamos da interrupção um caminho novo... Da queda, um passo de dança... Do medo, uma escada... Do sonho, uma ponte... Da procura, um encontro!” Fernando Sabino (O Encontro Marcado, 1956) RESUMO Existem vários métodos disponíveis para quantificar a recarga subterrânea e cada método possui suas próprias limitações em termos de aplicabilidade e confiança. A maioria deles requer mais que um parâmetro para estimar a recarga, como por exemplo, coeficientes referentes ao tipo de solo, uso e ocupação da área e o comportamento da evaporação e infiltração. Tendo em vista a indisponibilidade de dados em algumas regiões, o cálculo da recarga por estes métodos se tornaria indisponível e muitas vezes inviável. O objetivo do presente estudo foi estimar a recarga a partir de um método simples, com poucos dados de entrada, e confiável. Assim, o estudo pretendeu estimar a recarga do aquífero Rio Claro, no município de Rio Claro-SP, a partir de um dado obtido através da técnica baseada na classificação de áreas hidrologicamente semelhantes, a técnica da regionalização. A recarga foi estimada pela Vazão de Permanência de 95% (Q95), aplicada para a área de 95,7 Km 2 de ocorrência da Formação Rio Claro. Foram utilizados dados de precipitação pluviométrica dos anos de 2002 a 2005. A fim de checar os resultados a recarga foi também calculada a partir da aplicação de dois métodos indianos, cujo parâmetro de entrada era apenas o volume de chuva. A recarga média estimada pelos métodos indianos foi calculada em 315,82 mm/ano e 282,94 mm/ano. O método da Q95 resultou a um valor médio de recarga de 175,4 mm/ano, aproximadamente 12% da precipitação, que em comparação às demais metodologias e às recargas encontradas na mesma área por outros autores, é um volume menor. Palavras-chave: água subterrânea; recarga; aquífero Rio Claro; vazão de permanência. ABSTRACT There are Several methods available to quantify ground recharge and each method has its own limitations in terms of reliability and applicability. Most of them requires more than one parameter to estimate the groudwater recharge, as for example, coefficients for the soil type, use and occupation of the area and the evaporation and infiltration. In view of the unavailability of data in some areas, the calculation of groundwater recharge by these methods would become unavailable and often impractical. The objective of this study was to estimate the recharge from a simple method with few input data, and reliable. So, the study intended to estimate the recharge of the Rio Claro aquifer, in the Rio Claro-SP city, from a simple data obtained through the classification based on similar hydrologic areas, the technique of regionalization. The groudwater recharge was estimated by Flow Permanence of 95% (Q95), applied to the area of 95.7 km2 of occurrence of Rio Claro Formation. The study used data on rainfall for the years 2002 to 2005. To check the results, the recharge was also calculated using the application of two Indians methods, which the only input parameter was the amount of rain. The average recharge estimated by Indian methods was calculated on 315.82 mm / year and 282.94 mm / yr. The method of Q95 resulted in an average recharge of 175.4 mm / year, approximately 12% of the precipitation, which in comparison to other methods and recharges, calculated in the same area by other authors, is smaller. Keywords: groundwater; recharge; Rio Claro Aquifer; permanence flow. SUMÁRIO � 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11 2. OBJETIVO ...................................................................................................................... 13 3. ÁREA DE ESTUDO ....................................................................................................... 14 3.1. Localização..................................................................................................................... 14 3.2. Hidrologia ...................................................................................................................... 15 3.3. Contextualização geológica e hidrogeológica.............................................................. 16 3.4. Clima .............................................................................................................................. 19 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 20 4.1. Ciclo Hidrológico ........................................................................................................... 20 4.2. Hidrogeologia ................................................................................................................ 23 4.3. Recarga de águas subterrâneas ................................................................................... 24 4.4. Gestão de Recursos Hídricos: Outorga de Uso e Legislação ..................................... 27 4.5. Regionalização Hidrológica .......................................................................................... 28 4.6. Vazão de 95 % de permanência: Q95 ........................................................................... 31 5. MÉTODOS PARA ESTIMATIVA DA RECARGA DE ÁGUA SUBTERRÂNEA . 33 5.1. Métodos para estimativa da recarga de águas subterrâneas por meio da precipitação pluviométrica. ................................................................................................... 33 5.2. Estimativa da recarga a partir de valores de Vazão de Permanência ..................... 35 6. MATERIAL E APLICAÇÃO DOS MÉTODOS ......................................................... 37 6.1. Material .......................................................................................................................... 37 6.1.1. Levantamento de dados de pluviosidade .................................................................... 37 6.1.2. Dados de Monitoramento de Poços ............................................................................. 37 6.2. Aplicação dos métodos .................................................................................................. 38 7. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................. 40 7.1. Estimativa da recarga utilizando a fórmula empírica de Kumar e Seethapathi .... 43 7.2. Estimativa da recarga pelo método de Krishna Rao ................................................. 44 7.3. Estimativa da recarga utilizando a vazão de 95% de permanência no período...... 44 7.4. Comparação entre os métodos utilizados .................................................................... 46 8. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 49 9. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 51 ANEXO A – Monitoramento da Coluna d’Água e Pluviometria ....................................... 57� �� LISTA DE FIGURAS � Figura 1 - Localização da área de estudo: Formação Rio Claro.������������������������������������������������� Figura 2 - Detalhes do Ribeirão Claro, nas imediações da ETA-I, no interior da FEENA.��������� Figura 3 - Contexto geológico da área de estudo.������������������������������������������������������������������������ Figura 4 -�Perfil geológico composto da formação Rio Claro.����������������������������������������������������� Figura 5 - Dados pluviométricos de 2002 a 2005.����������������������������������������������������������������������� Figura 6 - Ciclo Hidrológico.���������������������������������������������������������������������������������������������������� �� Figura 7 - Regiões Hidrológicas Semelhantes do Estado de São Paulo.����������������������������������� �� Figura 8 - Curva de Permanência para a área de estudo.����������������������������������������������������������� � Figura 9 - Localização dos poços de monitoramento IGCE-3 e IGCE-6.��������������������������������� �� Figura 10 - Gráfico de precipitação e coluna d’água.���������������������������������������������������������������� � Figura 11 - Gráfico de coluna d’água e precipitação deslocada em 2 meses.���������������������������� � Figura 12 - Gráfico comparativo dos valores de recarga.������������������������������������������������������������ �� LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Parâmetros regionais: a e b (vazão média), e parâmetro probabilístico regional qp para as freqüências acumuladas 50, 90, 95 e 100.............................................................. 36 Tabela 2 - Médias mensais da coluna d’água e precipitação (P). ............................................ 41 Tabela 3 - Recarga anual do Aquífero Rio Claro (mm/ano) estimada pelo método de Kumar e Seethapathi (2002)............................................................................................................. 43 Tabela 4 – Valores da recarga anual do Aquífero Rio Claro estimadas pelo método de Krishna Rao (KUMAR, 2004). ......................................................................................... 44 Tabela 5 – Dados dos parâmetros para a região hidrológica G utilizados para o cálculo das vazões. ............................................................................................................................... 45 Tabela 6 – Recarga do Aquífero Rio Claro obtida pela vazão Q95. ......................................... 46 Tabela 7 – Recarga do Aquífero Rio Claro obtida pelas diferentes metodologias. Onde P = Precipitação Acumulada Anual. ........................................................................................ 46 ���� 1. INTRODUÇÃO A demanda por recursos hídricos é crescente, considerando o crescimento populacional, atividades agrícolas e industriais, reflexo do crescimento econômico vivenciado pelo País. Como consequência e, também, pela ausência de boas práticas de gerenciamento, há a degradação de grande parte dos cursos d’água e mananciais superficiais e subterrâneos pelas mais diversas formas de poluição, comprometendo a sua qualidade e quantidade em muitos municípios brasileiros (ANA, 2010; MMA, 2007). Por essa razão, é importante a proposição de soluções que visem tanto ao uso sustentável das águas superficiais, quanto à recuperação dos cursos d’água degradados, incluindo a busca por outras fontes de água potável. Em função disso, as águas subterrâneas são uma alternativa viável para suprir o abastecimento de áreas agrícolas, urbanas e industriais, complementando e, até mesmo, substituindo em alguns locais a captação de recursos hídricos superficiais. Nesse sentido, é imprescindível o planejamento e gestão não só das águas superficiais, assim como das subterrâneas, uma vez que a explotação excessiva registrada nos últimos anos em muitos municípios brasileiros vem ocasionando o rebaixamento do nível freático, avanço de cunha salina em áreas litorâneas e a irregularidade na manutenção da descarga de rios e lagos (MMA, 2007). A retirada de água subterrânea em quantidades além da reserva reguladora interfere na explotação da reserva permanente (que não varia conforme a precipitação), que deveria ser considerada estratégica. O monitoramento das condições dos aquíferos fornece subsídios para melhor administrar as vazões exploradas e contribui para a disponibilidade de água com qualidade para as gerações futuras. Portanto, o conhecimento da quantidade possível de ser explorada, sem que haja comprometimento da regularidade do sistema de reservas dos aquíferos e o reabastecimento dos corpos d’água superficiais é imprescindível para a gestão integrada dos recursos hídricos. Usualmente, as taxas de recarga vêm sendo estimadas por metodologias que requerem a disponibilidade de poços no local e/ou um grande número de parâmetros característicos da área, como tipo de solo, tipo de ocupação da área, coeficientes de infiltração e evaporação. Porém, muitas vezes esses dados não estão disponíveis em certas localidades, bem como são inexistentes os poços de monitoramento de águas subterrâneas e postos para levantamento de dados hidrológicos, tais como pluviosidade e dados de vazão de rios. ���� Os órgãos responsáveis pelo licenciamento e outorga do uso da água, tanto estaduais como federais, envolvidos no gerenciamento dos recursos hídricos, utilizam critérios diferentes para determinação de uma vazão de referência para o controle da explotação do recurso hídrico, sendo que um deles é a Vazão de Permanência do corpo hídrico igual a 95%, ou seja, a Q95 (GERMANO e SOTÉRIO, 2011). A Q95 é a vazão obtida da curva de permanência de vazões de um rio, resultante da aplicação do Método da Regionalização Hidrológica (LIAZI, et al., 1988). Trata-se da vazão do corpo d’água, que em 95% do tempo, na probabilidade de ocorrência adotada em 100%, é igualada ou superada, sendo considerada a vazão para a manutenção do mesmo nos períodos de estiagem. Sua utilização para estimar recarga foi discutida neste trabalho em função de sua correlação com as reservas reguladoras, ou seja, aquelas que mantêm relação com o balanço das águas subterrâneas e que são avaliadas a partir das variações piezométricas ou das descargas. Considerando o cenário exposto, a realização de trabalhos como este, contribui para o estabelecimento de métodos relacionados à estimativa de recargas de aquíferos, visto que a partir de seus resultados, a taxa de recarga em aquíferos livres poderá ser estimada, mesmo que de maneira preliminar, por meio de dados simples e disponíveis, e a partir da avaliação e integração de dados hidrológicos e hidrogeológicos disponíveis, colaborando para a uma melhor gestão e aproveitamento dos recursos hídricos subterrâneos. ���� 2. OBJETIVO O principal objetivo do presente estudo foi estimar a recarga a partir de um método simples, com poucos dados de entrada e confiável. Para tanto, tomou como objeto de estudo, o processo de recarga natural do aquífero livre da Formação Rio Claro, no município de Rio Claro-SP, e sua ocorrência na parte central do município, cerca de 95,7 Km 2 . . Assim, o presente estudo objetivou estimar o volume da recarga de água subterrânea a partir da variável Vazão de Permanência Q95, obtida através da técnica baseada na classificação de áreas hidrologicamente semelhantes, a técnica da regionalização, aplicada amplamente no Estado de São Paulo. Para alcançar o objetivo principal da pesquisa, foi necessário alcançar os seguintes objetivos específicos: a) Caracterizar a geologia e hidrogeologia da área de interesse; b) Identificar e analisar métodos de cálculo de recarga subterrânea que exijam poucos dados para chegar aos resultados; c) Aplicar métodos de cálculo de recarga e aferir os resultados obtidos; d) Comparar os resultados obtidos com demais trabalhos realizados na área e verificar sua aplicabilidade. �� ���� 3. ÁREA DE ESTUDO 3.1.Localização O município de Rio Claro está situado na porção centro-leste do estado de São Paulo, a 175 quilômetros da capital paulista, próximo de importantes centros urbanos como Limeira, Piracicaba, Campinas e São Carlos. A área de estudo compreende a área de afloramento da Formação Rio Claro, cerca de 95,7 Km 2 , entre os rios Corumbataí, a oeste, e Ribeirão Claro, a leste, no município de Rio Claro-SP (Figura 1), compreendendo parte da área da Bacia do Rio Corumbataí, e inserida na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos 5 (UGRHI 5), que compreende a Bacia dos Rios Piracicaba, Capivarí e Jundiaí. Figura 1 - Localização da área de estudo: Formação Rio Claro. Fonte: Oliva (2010). ���� 3.2.Hidrologia O município de Rio Claro está inserido na Bacia do Rio Corumbataí. A bacia é dividida nas seguintes sub-bacias: Alto Corumbataí, com 31801,68 ha, Passa-Cinco, com 52757,60 ha, Médio Corumbataí, com 29316,60 ha, Ribeirão Claro, 28174,90 ha, e Baixo Corumbataí, com área de 28724,84 ha (VALENTE e VETTORAZZI, 2002). O rio Ribeirão Claro é a principal fonte de abastecimento da cidade, classificaso como Classe 3, de acordo com a Lei 9.433/97 (que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos (BRASIL, 1997), e a criação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos) e a Resolução nº 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 2005), ou seja, seu uso como recurso hídrico é destinado ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional, à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras e à dessedentação de animais. A sub-bacia do Ribeirão Claro, localizada entre as altitudes 22° 36’ S e 22° 16’ S e as longitudes 46° 36’ W e 47° 26’ W, se estende desde as Cuestas Basálticas da Bacia Sedimentar do Paraná em direção a Depressão Periférica Paulista, abrangendo parte dos municípios de Araras, Corumbataí, Leme, Rio Claro e Santa Gertrudes. Apresenta 13,98 Km de largura por 34,04 Km de comprimento, ocupando cerca de 270 Km 2 (CUNHA, 2000). Segundo o Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais – IPEF (2002), a área de drenagem do Ribeirão Claro corresponde aproximadamente a 281,74 km 2 , 16,50 % da área da bacia do Rio Corumbataí, na qual está inserida. O Ribeirão Claro pode ser considerado um rio quase exclusivamente municipal, pois, embora tenha suas nascentes no Município de Corumbataí, as mesmas estão muito próximas do limite do Município de Rio Claro. Tem seu curso de norte para sul, contornando o setor leste da área urbana de Rio Claro no sentido NNE-SSW, indo desaguar no rio Corumbataí, poucos quilômetros a sul de Rio Claro (ZAINE, 2000). Seus afluentes do alto curso são o Córrego Jacú, à margem direita, e o Córrego da Fazenda Angélica; no médio curso encontra as águas do Córrego Cachoeirinha e do Córrego Vila Cristina, ambos à margem esquerda, já próximos à área urbana. O principal tributário do ribeirão Claro é o córrego Cachoeirinha, com o qual forma o principal manancial de abastecimento público (captação da ETA I), o córrego Lavapés (proveniente da área urbana), e os córregos Ibitinga, Santo Antonio, que deságuam no Ribeirão Claro, na área da Floresta Estadual Edmundo Navarro de Andrade (FEENA) (ZAINE, 2000; CUNHA, 2000). ���� A captação de água pelo município ocorre nas proximidades da Floresta Estadual - FEENA (Figura 2). A montante da Estação de Tratamento de Água (ETA) do município percorre áreas agrícolas com pastagens e cultivo de cana de açúcar, onde é observada a presença de mata ciliar, bem como algumas empresas do ramo químico, na área do Distrito Industrial do município. Figura 2 - Detalhes do Ribeirão Claro, nas imediações da ETA-I, no interior da FEENA. Fonte: À esquerda, fotos tiradas pelo autor. À direita, fotos disponíveis em: e < http://www.guiarioclaro.com.br/materia.htm? serial=206002422> Acesso em junho de 2014. 3.3.Contextualização geológica e hidrogeológica Inserida no contexto geológico da bacia do Rio Corumbataí, a área estudada está localizada geologicamente no setor paulista do flanco nordeste da bacia sedimentar do Paraná, representada por rochas sedimentares e vulcânicas das eras Paleozóica (Grupo Itararé; formações Tatuí, Irati e Corumbataí), Mesozóica (formações Pirambóia, Botucatu e Serra Geral) e Cenozóica (Formação Rio Claro e depósitos Recentes) (Figura 3) (PERINOTTO e LINO, 2014). ���� Figura 3 – Contexto geológico da área de estudo. Fonte: Ribeiro et al. (2013). A maior parte do Município de Rio Claro está embasada sobre sedimentos da Formação Corumbataí e Formação Rio Claro (sendo a Formação Rio Claro sobreposta à Corumbataí), e, secundariamente, sobre rochas intrusivas básicas, como, por exemplo, na área do Horto Florestal (ZAINE, 2000). A Formação Rio Claro caracteriza-se por apresentar sedimentos fracamente litificados com profunda alteração pedogenética, compostos por manchas de litotipos e arenitos esbranquiçados, com intercalações de sedimentos argilosos com conglomerados, atingindo � �� espessuras de até 40 m, observadas no Distrito Industrial do município (ZAINE, 1994). A espessura desta formação no município de Rio Claro, segundo Oliva (2002), varia consideravelmente, sendo mais espessa na região norte, diminuindo gradativamente para a região sul. Toda a área central da ocorrência da Formação Rio Claro no município pode ser considerada globalmente como uma área de recarga do Aquífero Rio Claro, onde as águas pluviais se infiltram no solo e se deslocam em subsuperfície, declive abaixo, seguindo a topografia do tereno, se deslocando rumo aos locais de descarga, geralmente próximos ao contato do Aquífero Rio Claro e o aquitardo subjacente constituído pela Formação Corumbataí (OLIVA, 2002; NETO e KIANG, 2008). Com relação aos sistemas aquíferos presentes no município de Rio Claro, tem-se dois sistemas principais de águas subterrâneas. O primeiro, relacionado a esta pesquisa, consiste em um aquífero livre, pouco profundo, com nível d’água entre 2m e 25m, e vazão entre 5 m 3 /h e 25 m 3 /h, constituído pelos materiais pouco consolidados da Formação Rio Claro. O segundo sistema é composto por sedimentos do Aquífero Tubarão, mais especificamente da Formação Tatuí e do Grupo Itararé. Os sedimentos do Grupo Itararé constituem um aquífero confinado, com profundidades situando-se entre de 200 m e 500 m, com vazão entre 0,02 m 3 /h/m e 4,67 m 3 /h/m (OLIVA, 2002; DAEE, 2005). A figura 4 apresenta o perfil geológico para a região de Rio Claro. Figura 4 -�Perfil geológico composto da formação Rio Claro. Fonte: Adaptado de Zaine (2000). Segundo Oliva (2002), a explotação de águas subterrâneas no município tem sido implementada no Aquífero Tubarão, que na região é relativamente profundo (200 a 500 � �� metros) e caracterizado pela baixa produtividade, apresentando salinidade da ordem de 1000 ppm em suas porções mais profundas, o que segundo os padrões de potabilidade predispostos pela Portaria nº 2914 do Ministério da Saúde, 250 mg/L e 200 mg/L (valores máximos permitidos para os parâmetros cloreto e sódio, respectivamente) é caracterizada como alta. 3.4.Clima O clima na região é do tipo Cwa na classificação de Köppen, onde: C é a média do mês mais frio (3ºC a 18ºC); w corresponde à precipitação total média anual (seca no inverno) e a ao mês mais quente com temperatura média superior a 22ºC, ou seja, para a área podem ser identificados dois períodos distintos, de estações definidas (TROPPMAIR, 1992), quais sejam: • de abril a setembro é o período seco, com ocorrência de 15 a 20 dias de chuva, total de 180 a 200 mm de chuva, e temperatura média de 17ºC; • de outubro a março é o período chuvoso, com 55 a 60 dias de chuva, totalizando 1200 mm, e temperatura média de 22ºC. A partir de dados da Estação Meteorológica de Rio Claro, situada no Campus da Unesp no bairro Bela Vista, junto ao CEAPLA, foi produzido um gráfico, que apresenta a distribuição mensal do regime de chuvas correspondente ao período de janeiro de 2002 a dezembro de 2005 (Figura 5). É possível observar um período seco entre os meses de abril e setembro, e um período chuvoso que se estende de outubro a março. Figura 5 - Dados pluviométricos de 2002 a 2005. Fonte: Elaborado pelo autor. ���� 4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 4.1.Ciclo Hidrológico Grande parte da água subterrânea existente na Terra tem origem no ciclo hidrológico. Excetuam-se as águas muito mineralizadas, retidas aos interstícios das rochas sedimentares por ocasião de sua formação, denominadas congênitas ou conatas, e as novas águas de origem magmática, vulcânica ou cósmica adicionadas ao suprimento de água terrestre, denominadas juvenis. O ciclo hidrológico é um sistema natural pelo qual a água circula do oceano para a atmosfera e daí para os continentes, de onde retorna, pela superfície e subsuperfície, ao oceano, sendo governado no solo e subsolo pela ação da gravidade, bem como pelo tipo de cobertura vegetal; e na atmosfera e superfícies líquidas, como rios, lagos, mares e oceanos, pelos elementos e fatores climáticos, como temperatura, ventos, umidade relativa do ar e radiação solar, responsáveis pelos processos de circulação da água (Figura 6) (FEITOSA, 2000). O ciclo hidrológico pode ser inicialmente descrito a partir do vapor de água presente na atmosfera que, sob determinadas condições meteorológicas se condensa formando microgotículas de água que se mantêm suspensas no ar devido à turbulência natural. O agrupamento das microgotículas que são poeira e gelo formam o que chamamos de nuvem ou de nevoeiro, quando formado junto ao solo. Através da dinâmica das massas de ar, acontece a principal transferência de água da atmosfera para a superfície terrestre que é a precipitação pluviométrica. ���� Figura 6 – Ciclo Hidrológico. Fonte: MMA (2007). Entende-se por precipitação todas as formas de água líquida ou sólida provenientes da atmosfera e que se depositam no solo, bem como os produtos da condensação do vapor de água da atmosfera, que se formam no extrato mais baixo (KOEPPEN, 1948). As principais formas de precipitação são: • Chuva: gotas de água líquida que caem, com um diâmetro de pelo menos 0,5 mm, e geralmente de 2 mm. A chuva tem uma taxa de acumulação de ≥ 1 mm/hora. Precipitação de água líquida em forma de gotículas de menos de 0,5 mm é denominada garoa; • Neve: cristais de gelo que caem em grupos ramificados, como flocos. A neve molhada tem cristais ligados por água líquida em poros e cavidades interiores. Os cristais individuais têm uma forma exagonal (agulhas ou plaquetas); • Granizo: grãos, bolas ou massas duras e irregulares de gelo, com pelo menos 5 mm de diâmetro que se formam a partir de camadas alternadas de gelo opaco e claro. O núcleo de uma pedra de granizo é formado por uma gota de água congelada (um grão de gelo) ou uma partícula de gelo; e • Orvalho: gotículas de condensação sobre superfícies de solo ou grama, depositadas quando a temperatura da superfície está abaixo da temperatura do ponto de orvalho do ar. A geada é a forma congelada, quando cristais de gelo se depositam sobre uma superfície (BARRY & CHORLEY, 2013). Dentre essas principais formas, apenas a chuva e a neve contribuem significativamente para os totais de precipitação. ���� A forma de precipitação abordada no presente estudo é a chuva, que em hidrologia é conhecida pelo termo precipitação pluviométrica, também definida como toda água (líquida) proveniente do meio atmosférico que atinge a superfície terrestre (TUCCI, 2009). A disponibilidade de precipitação numa bacia durante o ano é o fator determinante para quantificar, entre outros, a necessidade de irrigação de culturas e o abastecimento de água doméstico e industrial. As chuvas de pouca intensidade, mas muito prolongadas, que abrangem grandes áreas e que caem quando a umidade do ar é relativamente alta (cerca de 100%), desempenham o papel principal na alimentação dos lençóis freáticos. As mesmas proporcionam a máxima infiltração das precipitações nas camadas de solo (MIJAILOV, 1989). As grandezas que caracterizam uma chuva são a altura pluviométrica (P ou r), a duração (t) que é o período de tempo durante o qual a chuva cai; a intensidade (i), definida como a precipitação pluviométrica em função do tempo obtida pela relação i = P/t, expressa normalmente por mm/h; a frequência, ou seja, o número de ocorrências de determinadas precipitações; e o tempo de recorrência (Tr), que em análises de alturas pluviométricas máximas é interpretado como o número médio de anos durante o qual espera-se que a precipitação pluviométrica analisada seja igualada ou superada. A altura pluviométrica é a espessura média da lâmina de água precipitada que recobriria a região atingida pela precipitação admitindo-se que esta água não se infiltrasse, evaporasse ou escoasse para fora dos limites da região e se sua distribuição ocorresse de forma uniforme em toda a área considerada. Sua unidade de medida é o milímetro de chuva, definido como a quantidade de precipitação correspondente ao volume de 1 litro por metro quadrado de superfície (TUCCI, 2009). Ou seja, o evento de chuva permitiu que fosse acumulado 1 litro de água em uma área de 1 m 2 . A água da chuva que chega à superfície poderá escoar, evaporar ou infiltrar. A infiltração é o processo de penetração da água nas camadas de solo próximas à superfície do terreno, movendo-se para baixo, através dos vazios sob a ação da gravidade, até atingir uma camada suporte, que a retém, formando a água do solo. É dependente do tipo de solo, da ação da precipitação (compactação), uso e ocupação do solo e declividade (TUCCI, 2000). A infiltração é o processo mais importante de recarga das águas subterrâneas, dependendo das características fisiográficas da área, como a cobertura vegetal, topografia, precipitação local e uso do solo (TEIXEIRA, 2009). É definida como sendo a passagem de água da superfície para o interior do solo e, portanto, dependente fundamentalmente da água ���� disponível para infiltrar, da natureza do solo, do estado da sua superfície e das quantidades de água e ar, inicialmente presentes no seu interior. À medida que a água se infiltra pela superfície, as camadas superiores do solo vão se umedecendo de cima para baixo, alterando gradativamente o perfil de umidade, preenchendo os vazios entre as partículas do solo, podendo chegar a saturação enquanto há aporte de água. Normalmente a infiltração decorrente de precipitações naturais não é capaz de saturar todo o solo, restringindo-se a saturação às camadas mais próximas a superfície do terreno (TUCCI, 2009). O volume de água infiltrado e armazenado em subsuperfície, constitui um sistema hidrogeológico. 4.2.Hidrogeologia As águas superficiais e subterrâneas não são necessariamente recursos independentes. Em muitos casos ocorrem interconexões entre rios e/ou lagos e aquíferos, pois dependendo da permeabilidade do leito do rio e da diferença de carga potenciométrica entre um rio e um aquífero, por exemplo, a água pode fluir de um para outro. É dessa forma que nos aquíferos aluviais a recarga tem origem fluvial nos períodos de chuvas, enquanto que o fluxo de base dos rios nos períodos de seca é assegurado pelo aquífero (FEITOSA, 2000). Os sistemas hidrogeológicos podem ser classificados em aquífero, definido como uma formação geológica ou grupo de formações geológicas que contêm água e permite que a mesma se movimente em condições naturais e em quantidades significativas; aquiclude, definido como uma formação geológica que pode conter água, mas sem condição de movimentá-la, e aquitardo, como sendo uma formação geológica de natureza semipermeável que transmite água a uma taxa muito baixa comparada a do aquífero (TUCCI, 2009). A Resolução nº15/2001 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH, 2001) adota o mesmo conceito de aquífero apresentado por TODD (1980): corpo hidrogeológico com capacidade de acumular (reservatório) e transmitir água através de seus poros, fissuras ou espaços resultantes da dissolução e carreamento de materiais rochosos. Aquíferos podem ser classificados em confinados e não-confinados (ou livres). O primeiro é limitado acima e abaixo por formações impermeáveis e encontra-se a uma pressão maior que a pressão atmosférica. Já para o aquífero livre, seu limite superior (nível d’água ���� subterrânea) encontra-se submetido a uma pressão igual à pressão atmosférica, em todos os seus pontos. As reservas hídricas dos aquíferos são classificadas em reservas renováveis e permanentes. As reservas permanentes ou seculares são aquelas que se situam abaixo da variação anual do nível freático. As reservas reguladoras ou renováveis correspondem ao volume de água armazenada no aquífero acima do nível freático mínimo. Elas correspondem, de forma geral, ao escoamento de base dos rios, ou seja, à contribuição do aquífero para os rios ao longo de um ano hidrológico. O valor de escoamento básico de um rio pode ser considerado, portanto, como valor de recarga dos aquíferos (ANA, 2005). As águas subterrâneas encontradas nos sistemas aquíferos regionais são águas resultantes do armazenamento ao longo de milhares de anos e se encontram em condições naturais, numa situação de quase equilíbrio, governado por um mecanismo de carga e descarga (FEITOSA, 2000). 4.3.Recarga de águas subterrâneas Dependendo das características do aquífero, parte da água infiltrada pode provocar uma elevação no nível freático, e consequentemente, um aumento no gradiente de descarga (MAZIERO e WENDLAND, 2005), sendo que as variações do nível d’água estão vinculadas às variações nas taxas de infiltração das águas precipitadas. A explotação do recurso hídrico subterrâneo está condicionada à manutenção do balanço hídrico dos sistemas aquíferos, pois a quantidade disponível para extração é dependente da reposição da água extraída. Caso contrário, a explotação contínua sem ser observado o equilíbrio deste balanço pode provocar uma redução na quantidade de água disponível para extração. Ao processo de reposição da água nos aquíferos, dá-se o nome de recarga (CARIA, 2012). Segundo Paralta et al. (2003), estudos envolvendo a recarga de aquíferos mostram-se fundamentais à hidrogeologia para estimar o volume dos recursos hídricos subterrâneos e para os cálculos de sua disponibilidade para usos, em especial em zonas de conflitos de interesse. Significa também, implicações no balanço hídrico geral dos sistemas aquíferos, especialmente nos aquíferos freáticos pouco profundos. A definição do termo recarga de águas subterrâneas pode apresentar certa semelhança com a definição de infiltração. Porém, a infiltração é a água que percola da superfície para a ���� zona não saturada e a recarga é uma porção desta infiltração que realmente atinge o nível da água, ou seja, é a quantidade de água que entra na zona saturada (MARTELLI, 2012; PARALTA et al., 2006; CARIA, 2012). De modo geral, a recarga é a quantidade de água que contribui para o aumento da reserva subterrânea permanente ou temporária de um aquífero, e a área onde ocorre essa realimentação ou renovação é chamada zona de recarga (BERTOL, 2007). Segundo Paralta et al. (2003), a recarga pode ser estimada por meio de métodos diretos e indiretos. Os diretos são efetuados a partir dos métodos do balanço hídrico (formulação empírica), modelos físicos, como o balanço entre águas superficiais e subterrâneas (descarga e recarga), modelos de circulação da zona vadosa (modelos determinísticos), e por meio de traçadores químicos, bacteriológicos, orgânicos ou isotópicos. Já os métodos indiretos, por sua vez, compreendem o estudo da oscilação piezométrica, em que variações positivas correspondem à recarga, e a aplicação da Lei de Darcy (Estima o fluxo a partir de gradientes da carga e da condutividade hidráulica. A recarga é estimada quando a condutividade hidráulica de duas seções do aquífero são conhecidas, bem como sua área e cargas hidráulicas.), porém, requerem o conhecimento de parâmetros hidrogeológicos básicos como, por exemplo, o coeficiente de armazenamento, o coeficiente de recessão e a condutividade hidráulica. Costa (2000) define 4 tipos de reserva: a reserva renovável ou reguladora, a reserva permanente, a reserva total e a reserva explotável. As reservas permanentes constituem as águas acumuladas que não variam em função das precipitações anuais e as totais constituem o conjunto das reservas permanentes e reguladoras. As reservas de explotação constituem a quantidade máxima de água que poderia ser extraída de um aquífero sem riscos de prejuízos ao manancial, sendo então as reservas reguladoras, uma parcela das reservas permanentes. A recarga aquífera em condições de equilíbrio natural pode ser entendida como a reserva renovável, que corresponde ao volume de água subterrânea acumulada anualmente acima do nível d’água do mesmo, que sofre variação conforme o regime pluviométrico. Há vários métodos disponíveis para quantificar a recarga subterrânea e cada método possui suas próprias limitações em termos de aplicabilidade e confiança. Os métodos mais utilizados apontados por Maziero e Wendland (2005), são: � Método da Precipitação Cumulativa (CRD – Cumulative Rainfall Departure); � Método de Flutuação da Superfície Piezométrica (WTF – Water Table Fluctuation) ou da Variação dos Níveis D´água; � Modelação Subterrânea (GM – Groundwater Modelling); e ���� � Método de Flutuação do Volume Saturado (SVF – Saturated Volume Fluctuation), ou Método do Balanço Hídrico. Segundo os mesmos autores, os métodos baseados em relações entre precipitação e variação de níveis piezométricos garantem maior proximidade com dados reais. O método da Precipitação Cumulativa (CDR) aborda o balanço hídrico e baseia-se na premissa de que o equilíbrio num aquífero se condiciona ao longo do tempo, onde a taxa média de perdas se equilibra a taxa média de recarga do sistema. Em outras palavras, as flutuações do nível água subterrânea são causados por eventos de precipitação e há equilíbrio também com a descarga nos recursos hídricos superficiais (BAALOUSHA, 2005). O método requer dados mensais de precipitação e de profundidade do nível de águas subterrâneas, bem como informações referentes à parâmetros hidrodinâmicos do aquífero (coeficiente de armazenamento), captações e do tamanho da área de recarga. Sua vantagem está em ser um método simples e que com longas séries de dados pode-se estabilizar o erro. Em contrapartida, requer o conhecimento das taxas de captação e caso não se tenha esse dado, a precisão fica dependente de uma boa estimativa das captações e do coeficiente de armazenamento (KINZELBACH et al., 2002). O método da Flutuação da Superfície Piezométrica (WTF) baseia-se na premissa de que as elevações nos níveis d’água em aquíferos não-confinados são devidas à água de recarga subterrânea que alcançam a superfície potenciométrica. É aplicável apenas para aquíferos livres (não-confinados) e requer o conhecimento do rendimento específico e das variações no nível d’água ao longo do tempo. A vantagem dessa aproximação está na sua simplicidade de uso. Como desvantagem, é restrito a aquíferos pouco profundos, onde as variações do nível d’água são percebidas mais rapidamente, uma vez que a infiltração é de menor duração e as camadas mais rasas do solo possuem maior quantidade de vazios, fazendo assim, com que a água infiltrada contribua para o volume do poço mais rapidamente e em maior quantidade (ao se comparar à água que chega as camadas mais profundas do subsolo). A incerteza gerada por este método está relacionada à precisão com que o rendimento específico pode ser determinado e como o nível da água subterrânea se eleva e rebaixa em resposta a muitos fenômenos diferentes. Ressalta-se que as flutuações nem sempre são indicativas de recarga ou descarga de água subterrânea, e as taxas de recarga podem ser superestimadas pelo método WTF (HEALY e COOK, 2002). A Modelagem Subterrânea (GM) é baseada em modelos numéricos do fluxo subterrâneo e seu resultado é obtido por meio de programas computacionais gráficos. Esses modelos podem usar muitos tipos de informação e apresentar uma visão integradora. É ���� necessário realizar a calibração do modelo com muitas combinações e comumente é necessário um grande número de dados de entrada, como por exemplo, distância entre a camada superior e inferior do aquífero, condutividade hidráulica, coeficiente de transmissividade, parâmetros de armazenamento e porosidade efetiva, taxa diária de evapotranspiração potencial e precipitação, valor da quantidade de água retida no solo no primeiro dia do balanço hídrico a ser efetuado (KINZELBACH et al., 2002; LOPES et al., 2012). Em função dos parâmetros utilizados esse método terá incertezas. Essa incerteza é conferida pela incerteza interna do software, a calibração da condutividade hidráulica e calibração da transmissividade, por exemplo. A modelagem numérica garante resultados aproximados para as equações de fluxo. Os sistemas aqüíferos geralmente não são homogêneos e não apresentam contornos bem definidos, e por isso, nessas regiões, os métodos analíticos não resolvem com precisão as equações (KUNZLER, 2007). O método do Balanço Hídrico (SVF) possui algumas variedades em termos de alternativas de cálculo, mas em geral se pondera os seguintes componentes: precipitação, evapotranspiração, escoamento superficial e subterrâneo. Como principais metodologias é possível citar o Balanço de Cloretos, baseado no fato de que o íon cloreto é conservativo e não sofre modificações durante a infiltração, e o modelo BALSEQ, Balanço Hídrico Seqüencial Diário, um modelo numérico desenvolvido em 1981 por Lobo Ferreira (1981, apud PARALTA et al., 2003; BRITO, 2007). Para estas métodologias também são utilizados dados diários de precipitação e evapotranspiração, e valores do fator CN (Curva Número) do SCS (U.S. Soil Conservation Service) (1972) para determinar o escoamento superficial, dados que nem sempre encontram-se disponíveis para determinadas regiões. 4.4.Gestão de Recursos Hídricos: Outorga de Uso e Legislação No que diz respeito à gestão de recursos hídricos, a Lei Federal n° 9433/97 (BRASIL, 1997), que institui a Política Nacional dos Recursos Hídricos, apresenta a Outorga dos Direitos de Uso como um de seus instrumentos mais importantes. Porém, para água subterrânea apenas parte dos Estados brasileiros possuem critérios consolidados para a análise e emissão das outorgas. Uma das dificuldades para a definição de metodologias está no cálculo da disponibilidade hídrica subterrânea. No Estado de São Paulo, os critérios para a emissão das outorgas consideram os poços e o tipo de aquífero explorado, além de eventuais problemas de contaminação do solo ou do � �� aquífero. Porém, diante da precariedade das condições em que os poços são perfurados na grande maioria dos casos (principalmente no interior do Estado), são grandes as incertezas quanto ao volume explorado e as características da região em termos de perfil de solo. Esse foi o principal obstáculo relatado no diagnóstico publicado pela ANA (2007), que relatou também, outra principal dificuldade enfrentada pelos órgãos públicos, a fiscalização, pois ainda há dificuldades em acompanhar áreas de difícil acesso, em termos de recursos financeiros e pessoal capacitado. A fim de solucionar o problema da divergência dos critérios e procedimentos para outorga é discutida a necessidade de estudos envolvendo o cálculo da disponibilidade hídrica dos aquíferos, pois a partir de um melhor entendimento dos sistemas aquíferos, é possível a realização do zoneamento para a orientação quanto à sua explotação futura. Sendo assim, é de grande relevância o zoneamento dos aquíferos, principalmente em áreas de demanda elevada por água subterrânea e com forte tendência de crescimento populacional, industrial ou agrícola, assim como da proteção das áreas de recarga (ANA, 2007). O trabalho de Motta e Costa et al. (2011) propõem que os critérios metodológicos para outorga de águas subterrâneas devem ser analisados à luz dos seguintes níveis de abrangência: � Global: considera a Bacia Hidrográfica e a visão sistêmica e integrada do ciclo hidrológico, analisando as relações entre a explotação da água subterrânea e os fenômenos atuantes no ciclo hidrológico; � Regional: nível estabelecido pelas zonas de recarga e descarga de água subterrânea, em que se procura avaliar as necessidades de proporcionar os usos múltiplos e prioritários; e � Local: o objeto principal de análise é o poço e as consequências de sua perfuração em um determinado local da bacia. 4.5.Regionalização Hidrológica O termo regionalização é utilizado em hidrologia para denominar a transferência de informações de um local para outro, em uma determinada área com comportamento hidrológico semelhante. Essa informação obtida por extrapolação pode ocorrer na forma de uma variável, função ou parâmetro (TUCCI, 2002): � �� • Variável: expressão que identifica o comportamento de um processo ou fenômeno, como, por exemplo: a vazão instantânea de uma seção de um rio; a precipitação num ponto da bacia durante 24h; • Função hidrológica: representa uma relação entre uma variável hidrológica e uma ou mais variáveis explicativas ou estatística (probabilidade), como a curva de permanência, curva de probabilidade de vazões mínima; a relação entre áreas impermeáveis e densidade habitacional; e • Parâmetro: interpretado como uma característica de um sistema hídrico, como, por exemplo, a área da bacia, coeficiente de rugosidade, CN do modelo Soil Conservation Service, tempo de concentração da bacia. A regionalização permite obter informações hidrológicas, por interpolação ou extrapolação, em locais sem dados ou com poucos dados disponíveis, considerando apenas o acervo de dados existente. A técnica parte do princípio da similaridade espacial de algumas funções, variáveis ou parâmetros que permitem essa transferência. O benefício adicional da análise regional da informação é o aprimoramento da rede de coleta de dados hidrológicos, à medida que a metodologia explora melhor as informações disponíveis e identifica lacunas (TUCCI, 2002; ELETROBRÁS, 1985). Desde 1980, o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE), vem desenvolvendo uma metodologia para estimar a disponibilidade hídrica das bacias hidrográficas do Estado de São Paulo, sem disponibilidade ou com poucos dados hidrológicos disponíveis. A metodologia de Regionalização de Vazões do Estado de São Paulo utilizada pelo DAEE (LIAZI et al., 1988) baseou-se nos totais anuais precipitados em 444 postos pluviométricos, nas séries de descargas mensais observadas em 219 estações fluviométricas e nas séries históricas de vazões diárias de 88 postos fluviométricos, resultantes de estudos regionais de águas subterrâneas que abrangeram todo o Estado, entre 1972 e 1983. A partir dos dados hidrológicos obtidos e da elaboração das cartas de isoietas médias anuais para o Estado, foram definidas 21 regiões hidrologicamente semelhantes para o Estado de São Paulo, classificadas de “A” a “U”, conforme Figura 7. � Figura 7 - Regiões Hidr A metodologia de regiona qualquer curso d’água do território avaliar a disponibilidade hídrica em Através desta técnica foi po média de longo período, vazão mín uma probabilidade de ocorrência armazenamento intra-anual necessár sete dias associada a uma probabilid O resultado da metodologia onde é possível encontrar os valo hidrológica correspondente. Para a á correspondente é a região “G”. A vazão de permanência Q9 pela equação de regionalização, cu com a região hidrológica em que a geração automática da curva de per SIGRH – Sistema de Informações p idrológicas Semelhantes do Estado de São Paulo. Fonte: Liazi et al. (1988). nalização permite avaliar a disponibilidade híd rio paulista através de ponderações e simulações, m locais onde se tem poucos ou nenhum dado. possível estimar, as seguintes variáveis hidrológic ínima de duração variável de um a seis meses as ia, a curva de permanência de vazões, o vo sário para atender uma dada demanda, e a vazão m lidade de ocorrência (LIAZI et al., 1988). ia de Liazi et al. (1988) é uma série de gráficos lores das variáveis hidrológicas de acordo com a área do presente estudo, por exemplo, a região hi 95 é uma das variáveis que pode ser facilmente cujos parâmetros podem ser obtidos em tabelas, d a bacia está inserida. Pode também ser obtida a permanência de vazões através do programa forne s para o Gerenciamento de Recursos Hídricos do E ��� ídrica para es, além de icas: vazão associada a volume de mínima de s e tabelas, m a região hidrológica te calculada , de acordo a partir da necido pelo o Estado de ���� São Paulo, que inclui as equações de Liazi et al. (1988), a partir da entrada dos dados da área da bacia e respectivas coordenadas geográficas. Para estimar a recarga de águas subterrâneas por área, vem sendo verificada a utilização da vazão de permanência de 95% do período, relativa a um corpo d’água superficial, aplicada à área da bacia hidrográfica a qual o mesmo drena, pois observa-se certa semelhança com valor do escoamento de base (LIAZI, et al, 1988; ANA, 2005). Como visto anteriormente, a estimativa da vazão de permanência de 95% para um certo período em uma área pode ser obtido com relativa facilidade, e assim sendo, caso confirmada a possibilidade de sua utilização para estimar a recarga subterrânea, esse dado se tornaria uma importante ferramenta para o gerenciamento dos recursos hídricos subterrâneos da bacia de interesse. 4.6.Vazão de 95 % de permanência: Q95 A curva de permanência ou de duração é obtida da frequência da ocorrência das vazões ou níveis em rios de uma determinada bacia. Essa curva demonstra a parcela do tempo em que uma determinada vazão é igualada ou superada durante o período analisado. A curva de permanência é utilizada quando é necessário conhecer a permanência no tempo de determinados valores de vazão (TUCCI, 2002). Geralmente é definida com base em vazões diárias para o período da série histórica, mas pode ser elaborada para dados mensais ou anuais. A Figura 8 apresenta um exemplo de curva de permanência obtida para a área de estudo por meio do método da regionalização hidrológica por meio do programa fornecido pelo SIGRH – Sistema de Informações para o Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo (SIGRH, 2014). A variável Q95 representa então, um valor de vazão do corpo hídrico superficial que é igualado ou superado durante 95% do período de observação. A vazão de 95% de permanência é um valor característico do comportamento em estiagem de uma bacia, e é utilizada na definição de energia firme de aproveitamentos hidrelétricos (TUCCI, 2002). A curva de permanência permite a identificação de valores característicos de níveis ou vazões associados a diferentes probabilidades de permanência no tempo, importantes para estudos de enchimento de reservatórios, operação de usinas hidrelétricas e, em alguns casos, para o estudo do desvio do rio e estudos energéticos, dentre outros. A vazão para 95% de permanência é utilizada em projetos de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) como ���� referência para avaliação preliminar da potência instalada e da energia firme, definida como a máxima produção contínua de energia que pode ser obtida supondo a ocorrência da seqüência mais seca registrada no histórico de vazões do rio onde está localizada (ELETROBRÁS, 2000; ANEEL, 2005). Figura 8 - Curva de Permanência para a área de estudo. Fonte: SIGRH (2014). ���� 5. MÉTODOS PARA ESTIMATIVA DA RECARGA DE ÁGUA SUBTERRÂNEA Os vários métodos para estimar a recarga de água subterrânea resultam em informações ao longo de várias escalas de tempo e espaço e podem ser usados em uma gama de complexidades e adversidades. Porém, existe a preocupação quanto à dificuldade em avaliar a incerteza associada com os resultados obtidos; é extremamente difícil atingir a acurácia em qualquer um dos métodos (HEALY e COOK, 2002). A facilidade de obtenção de dados e a simplicidade na estimativa da recarga, bem como a confiabilidade do método, são fatores que influenciam na escolha da metodologia aplicável. Portanto, estudos devem buscar uma metodologia com essas características, de modo a fornecer subsídios para uma melhor gestão dos recursos hídricos, mesmo que em locais com deficiência de dados disponíveis. Dentre os vários métodos existentes para estimar a recarga de águas subterrâneas, é possível citar como métodos mais comumente utilizados a Variação dos Níveis D’água – VNA e o método do Balanço Hídrico. Para Maziero e Wendland (2005) os métodos baseados em relações entre precipitação e variações da superfície piezométrica têm um maior potencial de predizer a recarga subterrânea com valores que tendem a ser mais representativos da realidade. Porém, esses métodos necessitam grande número de parâmetros de entrada, específicos para a área, equipamentos e acompanhamento diário das oscilações do nível freático, tornando inviável sua aplicação em algumas áreas, diante da indisponibilidade de dados. A proposta deste estudo é estimar a recarga através de métodos que utilizam o mínimo de dados possíveis, no caso necessitando apenas dos dados de precipitação acumulada anual, e que apesar da simplicidade são confiáveis. A seguir serão apresentados os conceitos referentes aos métodos utilizados. 5.1.Métodos para estimativa da recarga de águas subterrâneas por meio da precipitação pluviométrica. Na Índia, várias fórmulas empíricas foram elaboradas a fim de fornecer um valor estimado da recarga para várias regiões, com base em estudos detalhados. A mais antiga delas é a equação de Chaturvedi, modificada pelo U.P. Irrigation Research Institute, Roorkee, Índia ���� (equação 1) (KUMAR, 2004), que a partir de dados de flutuação do nível d’água e dados de precipitação derivou uma relação empírica para calcular a recarga em função da precipitação anual. Rr = 1,35 (P - 14) 0,5 (1) Onde: Rr = Recarga do aquífero relativa somente à água originada das chuvas (polegadas); P = Precipitação pluviométrica média anual da estação (polegadas). A fórmula Chaturvedi (1973, apud KUMAR & SEETHAPATHI, 2002) tem sido amplamente utilizada na Índia para estimativas da recarga de água subterrânea devido à chuva, porém, nota-se que há um limite inferior da precipitação abaixo do qual a recarga subterrânea devido a chuva é zero (P = 14). Este limite inferior de precipitação na fórmula pode representar o déficit de umidade do solo, as perdas por interceptação e evaporação potencial. Por conta desses fatores específicos, a fórmula de Chaturvedi não deve ser usada de modo generalizado. No trabalho de Kumar e Seethapathi (2002) é proposta uma nova fórmula empírica, garantindo 8% de precisão para a região do Canal do Ganges Superior, Índia (equação 2). A partir de estudo detalhado do balanço hídrico sazonal (12 anos de observação), observaram que a recarga aumentava conforme o aumento da precipitação, mas que a relação entre ambos não era linearmente proporcional. Então, a equação proposta foi uma relação empírica (similar à fórmula Chaturvedi) derivada do ajuste dos valores estimados de recarga devido à chuvas e os valores correspondentes de precipitação na época das monções, através da técnica de regressão não-linear (KUMAR, 2004). Rr = 0,63 (P – 15,28) 0,76 (2) Onde: Rr = Recarga devido somente a águas das chuvas na estação das monções (polegadas); P = Precipitação média anual na estação das monções (polegadas). O trabalho de Krishna Rao (KUMAR, 2004) aplica o método com o objetivo de obter uma regionalização, fornecendo relação empírica (equação 3) para estimar a recarga em áreas hidrologicamente homogêneas, qual seja: ���� Rr = K (P – X) (equação genérica) (3) Onde: Rr = Recarga do período de chuva de monções (mm); K = Coeficiente de recarga; P = Precipitação média do período de monções (mm); X = Constante referente à precipitação. Aplicada em Karnataka, Índia, a recarga pode ser estimada para áreas com semelhante intervalo de precipitação. A equação 4 para áreas com precipitação anual entre 400 mm e 600 mm, a equação 5 para áreas com precipitação entre 600 mm e 1000 mm e a equação 6 para áreas com precipitações maiores que 1000 mm. Rr = 0,20 (P – 400) (4) Rr = 0,25 (P – 400) (5) Rr = 0,35 (P – 600) (6) Onde: Rr = Recarga devido a chuvas (mm/ano); P = Precipitação média anual (mm). Convém destacar que esses métodos consideram apenas as chuvas do período de monções, onde os índices pluviométricos são maiores. 5.2. Estimativa da recarga a partir de valores de Vazão de Permanência O método para estimativa da recarga através da Q95 considera a recarga como sendo o volume de água necessário para a regularização do curso d’água em períodos de estiagem, ou seja, o fluxo de base. Assim sendo, a recarga pode ser calculada através de dados pluviométricos, da área e da metodologia de Liazi et al. (1988) com a obtenção da Q95, seguindo as etapas: ���� • Classificar a região de interesse dentro da região hidrológica correspondente, conforme localização no mapa da Figura 6; • Obter os parâmetros da reta de regressão (a e b) conforme Tabela 1, abaixo; • Calcular a Vazão Média Plurianual (��), a partir da precipitação média anual local e a área de drenagem da região de interesse (área da bacia); • A partir do parâmetro probabilístico regional (qp) para 95% e a vazão média plurianual anteriormente calculada, é obtida a Q95. Tabela 1 - Parâmetros regionais: a e b (vazão média), e parâmetro probabilístico regional qp para as freqüências acumuladas 50, 90, 95 e 100. Região Hidrológica Média Plurianual Curvas de Permanência qp a b Frequência Acumulada em Porcentagem 50 90 95 100 A -22,14 0,0292 0,081 0,393 0,348 0,26 B -29,47 0,0315 0,846 0,43 0,371 0,165 C -29,47 0,0315 0,846 0,43 0,371 0,165 D -22,14 0,0292 0,897 0,56 0,51 0,423 E -22,14 0,0292 0,834 0,504 0,44 0,358 F -22,14 0,0292 0,905 0,598 0,558 0,465 G -26,23 0,0278 0,789 0,42 0,363 0,223 H -29,47 0,0315 0,845 0,49 0,434 0,324 I -29,47 0,0315 0,895 0,585 0,54 0,413 J -29,47 0,0315 0,807 0,462 0,414 0,288 K -26,23 0,0278 0,845 0,49 0,434 0,324 L -26,23 0,0278 0,915 0,583 0,527 0,42 M -4,62 0,0098 0,874 0,57 0,516 0,429 N -26,23 0,0278 0,789 0,42 0,363 0,223 O -26,23 0,0278 0,775 0,374 0,316 0,17 P -26,23 0,0278 0,775 0,374 0,316 0,17 Q -4,62 0,098 0,915 0,583 0,527 0,42 R -4,62 0,098 0,873 0,527 0,463 0,34 S -4,62 0,098 0,81 0,488 0,42 0,293 T -4,62 0,098 0,781 0,38 0,316 0,241 U -4,62 0,098 0,781 0,38 0,316 0,241 Fonte: Adaptado de Liazi et a. (1988). A vazão Q95 distribuída para a área de drenagem, ou seja, pela divisão do valor pela área em metros quadrados, após transformações de unidades, resultará o valor da recarga em milímetros por ano. ���� 6. MATERIAL E APLICAÇÃO DOS MÉTODOS 6.1. Material O estudo foi desenvolvido na área urbana do município de Rio Claro/SP, utilizando-se de dados do monitoramento dos níveis d’água de dois poços localizados na Universidade Estadual Paulista – Unesp – Campus de Rio Claro e dados pluviométricos diários (de 2002 a 2005), além da aplicação da técnica de regionalização de vazões para o cálculo da Vazão de Permanência de 95% do período - Q95. Para uma melhor compreensão e desenvolvimento da temática de estudos, foi realizado um levantamento de dados para a área de estudo abrangendo: • Fisiografia (geologia e hidrogeologia); • Características hidroclimáticas (clima, pluviosidade média anual); • Levantamento de dados a cerca de estudos hidrofaciológicos, geofísicos e de monitoramento do nível d’água de poços realizados na área. Esses dados serviram de base para o entendimento das condições pluviométricas da área, para a caracterização geológica e hidrogeológica da área estudada, apresentada nos itens iniciais desse estudo, bem como verificar a existência de demais trabalhos relacionados ao tema, também aplicados à mesma área, com os quais foi possível comparar os resultados finais. 6.1.1. Levantamento de dados de pluviosidade Os dados pluviométrios utilizados neste estudo foram medidos na estação meteorológica de Rio Claro (CEAPLA - Centro de Análise e Planejamento Ambiental da Unesp) e apresentados por Carnier Neto (2006). Os dados obtidos compreendem ao período entre 2002 e 2005, quando foi realizado o monitoramento dos poços. 6.1.2. Dados de Monitoramento de Poços Foram utilizados dados do estudo realizado por Carnier Neto (2006), que monitorou a coluna de água de dois poços localizados na Unesp – Campus de Rio Claro, (IGCE-3 e IGCE- 6) e estudo hidrofaciológico do Aquífero Rio Claro realizado por Oliva (2006). O primeiro poço, o IGCE-3, foi perfurado em março de 2001, com profundidade de 17m, e monitorado � �� até abril de 2004, quando os equipamentos foram desmobilizados. A partir de então, o monitoramento prosseguiu no poço IGCE-6, de 20,1m de profundidade, o qual foi perfurado em setembro de 2006 para substituir o poço IGCE-3. Na Figura 9 é possível ver a localização dos poços de monitoramento. Figura 9 - Localização dos poços de monitoramento IGCE-3 e IGCE-6. Fonte: Google Earth (2013). 6.2.Aplicação dos métodos Com os dados diários de precipitação e coluna d’água foram plotados gráficos para melhor visualização das oscilações e estações secas e chuvosas, bem como observar as relações entre precipitação e recarga. A recarga em si, foi estimada a partir da Vazão de Permanência de 95% do período, a Q95, aplicada à área de 97,5 Km 2 de ocorrência da Formação Rio Claro, considerando-se esta como sendo a área de contribuição para o Aquífero Rio Claro. Esta metodologia não foi anteriormente testada e praticamente não se tem dados bibliográficos a esse respeito. Sabe-se por conhecimento de especialistas que há semelhança entre os valores encontrados para esta � �� vazão e o fluxo de base. Por esta razão, a recarga também foi calculada por outras metodologias mais amplamente utilizadas e publicadas. A partir da somatória das precipitações acumuladas mensais para cada ano foi possível calcular a recarga pelas metodologias apresentadas por Kumar e Seethapathi (2002) e Krishna Rao (KUMAR, 2004). A utilização desses dois métodos empíricos se justifica pela simplicidade, em termos da quantidade de parâmetros de entrada, e por representar a correlação entre precipitação e recarga. De forma complementar, por meio da comparação a partir da consulta aos demais estudos relacionados ao tema das águas subterrâneas na região de Rio Claro-SP, foi possível analisar os resultados obtidos pelos métodos empregados. ���� 7. RESULTADOS E DISCUSSÕES Com os dados de precipitação e coluna d’água apresentados na Tabela 2, foram plotados gráficos por meio dos quais foi possível observar a relação entre a precipitação e o incremento na recarga do aquífero, com defasagem de aproximadamente 2 meses ou segundo Carnier Neto (2006), 87 dias, entre o pico de maior precipitação e o pico da coluna de água, conforme se verifica nas Figuras 10 e 11. Esta defasagem está ligada ao tempo de percolação das águas infiltradas no meio geológico. Nota-se que a amplitude da coluna d’água (valor mínimo ao máximo) para os 3 primeiros anos é maior que a de 2005 e que os picos de chuva não correspondem diretamente aos picos de coluna d’água. Isso é atribuido ao fato de que no aquífero, o armazenamento e a passagem da água pela zona não-saturada acabam por somar os eventos de chuva, suavizando as flutuações de forma a exibir um incremento contínuo e praticamente constante durante a época de recarga (CARNIER NETO e CHANG, 2008). Os trechos da curva correspondentes à recarga do poço apresentam elevada inclinação positiva e os trechos de recessão, por sua vez, apresentam uma inclinação negativa e menos acentuada, de duração mais longa, cujo decaimento segue uma função exponencial. Esses trechos de recessão são ligados ao período de estiagem, onde se observa a manutenção da vazão do rio apenas pela descarga do aquífero. A partir dos gráficos, nota-se, assim como Carnier Neto (2006), como a recarga é influenciada pela quantidade e pela distribuição da pluviosidade: chuvas mais bem distribuídas em 2004 fizeram com que a curva da coluna d’água atingisse seu maior valor, enquanto que em 2005, embora se tenha o maior pico de chuva da série de dados, a estação chuvosa teve uma duração mais curta, de forma que a recarga não foi tão grande quanto o ano anterior. Chuvas mais bem distribuídas infiltram de modo mais efetivo no solo, pois o escoamento superficial é menor e, portanto, tem-se uma maior recarga. ������ ���� Tabela 2 - Médias mensais da coluna d’água e precipitação (P). Ano Mês Coluna d água média mensal (mm) P acumulada mensal (mm) Somatória P acumulada/ano (mm/ano) 2002 Janeiro 1.593,29 285,90 1532,40 Fevereiro 2.723,02 276,70 Março 3.390,91 94,90 Abril 3.163,32 4,10 Maio 2.755,11 93,90 Junho 2.402,34 0,00 Julho 2.093,48 5,60 Agosto 1.809,65 125,80 Setembro 1.578,89 38,70 Outubro 1.376,47 62,40 Novembro 1.233,61 288,20 Dezembro 1.723,15 256,20 2003 Janeiro 2.710,95 411,20 1336,20 Fevereiro 3.761,73 113,30 Março 3.818,10 96,90 Abril 3.442,42 42,30 Maio 3.070,31 45,80 Junho 2.819,95 15,60 Julho 2.457,37 3,50 Agosto 2.122,43 16,30 Setembro 1.878,83 25,60 Outubro 1.676,65 109,20 Novembro 1.606,84 229,00 Dezembro 2.101,34 227,50 2004 Janeiro 2.603,76 351,40 1742,40 Fevereiro 3.393,58 314,40 Março 4.369,67 199,00 Abril 4.508,59 175,30 Maio 4.428,52 94,70 Junho 4.156,51 50,90 Julho 3.889,77 97,90 Agosto 3.594,99 0,00 Setembro 3.270,30 11,00 Outubro 2.970,63 113,20 Novembro 2.741,90 192,30 Dezembro 2.645,77 142,30 2005 Janeiro 2.858,91 482,20 1398,3 Fevereiro 3.867,23 72,60 Março 3.660,35 167,50 Abril 3.489,15 32,60 Maio 3.290,63 93,60 Junho 3.006,64 48,10 Julho 2.665,58 3,60 Agosto 2.344,97 19,30 Setembro 2.076,40 81,10 Outubro 1.797,69 79,70 Novembro 1.612,25 142,50 Dezembro 1.554,83 175,50 ���� Figura 10 – Gráfico de precipitação e coluna d’água. 0 100 200 300 400 500 600 0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500 4.000 4.500 5.000 JA N F E V M A R A B R M A I J U N JU L A G O S E T O U T N O V D E Z JA N F E V M A R A B R M A I J U N JU L A G O S E T O U T N O V D E Z JA N F E V M A R A B R M A I J U N JU L A G O S E T O U T N O V D E Z JA N F E V M A R A B R M A I J U N JU L A G O S E T O U T N O V D E Z 2002 2003 2004 2005 P re ci p it aç ã o ( m m ) C o lu n a d ´água (mm) Coluna d´água (mm) Precipitação (mm) Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 11 – Gráfico de coluna d’água e precipitação deslocada em 2 meses. 0 100 200 300 400 500 600 0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500 4.000 4.500 5.000 JA N F E V M A R A B R M A I J U N J U L A G O S E T O U T N O V D E Z JA N F E V M A R A B R M A I J U N J U L A G O S E T O U T N O V D E Z JA N F E V M A R A B R M A I J U N J U L A G O S E T O U T N O V D E Z JA N F E V M A R A B R M A I J U N J U L A G O S E T O U T N O V D E Z 2002 2003 2004 2005 P re c ip it a çã o (m m ) C o lu n a d ´água (mm) coluna d´água (mm) precipitação (mm) Fonte: Elaborado pelo autor. ���� 7.1.Estimativa da recarga utilizando a fórmula empírica de Kumar e Seethapathi De acordo com a fórmula proposta por Kumar e Seethapathi (2002), a recarga foi calculada para cada ano, pela equação 2 modificada (TOMAZ, 2011), pois no Brasil é adotada a unidade de precipitação em milímetros. Rr = 1,37 x (P – 388) 0,76 (7) Onde Rr = recarga devido às chuvas (mm/ano); P = Precipitação pluviométrica (mm). Utilizou-se para o cálculo a precipitação anual acumulada, uma vez que a fórmula indiana é aplicada ao dado de precipitação do período de monções 1 , onde o índice pluviométrico é maior (na Índia), 75% da contribuição pluviométrica anual média (1.182,8 mm) advém das chuvas do período de monções, entre junho e setembro (ATTRI e TYAGI, 2010) e a estação seca e chuvosa é bem pronunciada; outro fator refere-se aos valores precipitados no período de monções que atingem, em algumas regiões indianas, 1.350 mm (região nordeste) (IMD, 2014), e então, as médias para este período estariam em torno da precipitação total acumulada na região de estudo. A estimativa da recarga para os anos analisados está apresentada na Tabela 3. Tabela 3 - Recarga anual do Aquífero Rio Claro (mm/ano) estimada pelo método de Kumar e Seethapathi. Ano Precipitação (mm) Recarga (Rr) (mm/ano) 2002 1532,40 289,23 2003 1336,20 250,71 2004 1742,40 328,74 2005 1398,30 263,09 ������������������������������������������������������������� Monção: sistema de ventos cujo sentido se inverte sazonalmente. Na época mais quente (verão), sopra do oceano para o continente, caracterizando um período de chuvas intensas. Na época mais fria, sopra do continente para o oceano, caracterizando um período de seca. Comumente observado na África e Ásia (BARRY e CHORLEY, 2013). Aqui, o termo é usado para relacionar a estação climática caracterizada por chuva intensa que ocorre na Índia entre os meses de junho e setembro.� ���� 7.2.Estimativa da recarga pelo método de Krishna Rao Adotando o método de Krishna Rao (KUMAR, 2004), para as áreas cuja precipitação pluviométrica anual acumulada é maior que 1000 mm, pode-se obter: Rr = 0,35 x (P-600) (8) Onde: Rr = recarga em mm/ano; P = Precipitação pluviométrica acumulada anual em mm. As estimativas da recarga obtidas pelo método de Krishna Rao para cada ano analisado, são listadas na Tabela 4. Tabela 4 – Valores da recarga anual do Aquífero Rio Claro estimadas pelo método de Krishna Rao (KUMAR, 2004). Ano Precipitação (mm) Recarga (Rr) (mm/ano) 2002 1532,40 326,34 2003 1336,20 257,67 2004 1742,40 399,84 2005 1398,30 279,42 7.3.Estimativa da recarga utilizando a vazão de 95% de permanência no período A vazão para 95% de permanência foi calculada a partir da metodologia apresentada por LIAZI et al. (1988) para regionalização de vazões e a recarga do aquífero Rio Claro foi estimada a partir da Q95 aplicada para a área de 95,7 Km 2 de ocorrência da Formação Rio Claro entre os rios Ribeirão Claro e Corumbataí. Segundo o método de LIAZI et al. (1988), a Vazão Média de Longo Período pode ser calculada como mostrado a seguir (equação 9): =Q [a + (b . P )] . A (9) Onde: ���� =Q Vazão Média Plurianual (l/s); a e b = parâmetros da reta de regressão; P = Precipitação pluviométrica em mm/ano; A = Área em Km 2 . As vazões de permanência que geram a Curva de Permanência podem ser calculadas pela equação 10, qual seja: Qp = qp . Q (10) Onde: Qp = Vazão média de permanência de p % do período; qp = Parâmetro probabilístico regional em p % do período. Para a área de estudo, os parâmetros de entrada para as equações são os apresentados na Tabela 5. Tabela 5 – Dados dos parâmetros para a região hidrológica G utilizados para o cálculo das vazões. Parâmetro Valor Valor de a -26,23 Valor de b 0,0278 qp para 95 % 0,363 Portanto, substituindo-se os parâmetros de entrada e utilizando a área de 95,7 Km 2 e os valores de precipitação acumulada referente a cada ano, foram obtidas as vazões Q95, em litros por segundo. Os valores em litros por segundo foram convertidos para litros por ano, e depois divididos pela área da bacia em metros quadrados, de modo a obter a lâmina de água em milímetros por ano, estimando assim, a recarga. Assim, a Tabela 6 apresenta os resultados obtidos para a recarga. ���� Tabela 6 – Recarga do Aquífero Rio Claro obtida pela vazão Q95. Ano Q95 (l/s) Recarga (Rr) (mm/ano) 2002 568,70 184,84 2003 379,22 123,25 2004 771,51 250,75 2005 439,18 142,75 7.4.Comparação entre os métodos utilizados A partir dos resultados obtidos nas etapas anteriores, foi possível verificar relações entre os dados encontrados no trabalho de Carnier Neto (2006), a estimativa da recarga encontrada por Zanetti (2012), por Oliva (2006), e a estimativa obtida pela Vazão de Permanência Q95 e pelos métodos de Kumar e Seethapathi e Krishna Rao, a partir dos dados pluviométricos. As recargas estimadas neste estudo são apresentadas na Tabela 7 e Figura 12, onde também se pode verificar a porcentagem da precipitação anual que representa a recarga. Em média, a estimativa pela equação de Krishna Rao (KUMAR, 2004) representa aproximadamente 21% da precipitação anual; pela equação de Kumar e Seethapathi (2002) a recarga corresponde aproximadamente 20% da precipitação anual e pela Q95, o valor chega a 12%, aproximadamente. Tabela 7 – Recarga do Aquífero Rio Claro obtida pelos diferentes métodos. Onde P = Precipitação Acumulada Anual. Ano Recarga (Rr) (mm/ano) Krishna Rao % de P Kumar e Seethapathi % de P Q95 % de P 2002 326,34 21,30 289,23 18,87 184,84 12,06 2003 257,67 19,28 250,71 18,76 123,25 9,22 2004 399,84 22,95 328,74 18,87 250,75 14,39 2005 279,42 19,98 263,09 18,81 142,75 10,21 ���� Figura 12 – Gráfico comparativo dos valores de recarga. Fonte: Elaborado pelo autor. Em comparação aos métodos de Kumar e Seethapathy e Krishna Rao, a recarga pela Q95 resultou em um volume menor: 38% menor que a encontrada pelo método de Kumar e Seethapathy e 45% menor que a encontrada pelo método de Krishna Rao. Isso pode ser explicado pela origem dos métodos, por estarem relacionados às particularidades da Índia, sobretudo o período de monções, em que a precipitação pluviométrica é maior. A explicação também pode ser encontrada em OKE et al. (2013), que aponta três principais críticas às fórmulas simples para estimativa da recarga em função da precipitação pluviométrica, em particular a de Kumar e Seethapathi: • As relações podem não ser transferíveis para outros locais que não aquele em que a derivação foi obtida; • Elas ignoram a distribuição temporal das chuvas, pois se restringem ao período de monções; e • A equação é resultante da relação entre dados de precipitação e dados de recarga e por isso, sua precisão é dependente da metodologia aplicada para o cálculo da recarga. Com relação aos demais estudos desenvolvidos na área, no trabalho de Oliva (2006) são calculadas as reservas reguladora, permanente e total para o Aquífero Rio Claro, considerando a área de ocorrência do Aquífero Rio Claro na porção central do município (8,3 x 10 7 m 2 ), a espessura média saturada de 17,29 m e a porosidade específica de 17,6%, medida para o PM - 06. Os valores encontrados são 34,18 x 10 6 m 3 , para reserva reguladora, calculada a partir da vazão de escoamento natural, do coeficiente de porosidade e a variação dos níveis 3 2 6 ,3 4 2 5 7 ,6 7 3 9 9 ,8 4 2 7 9 ,4 2 2 8 9 ,2 3 2 5 0 ,7 1 3 2 8 ,7 4 2 6 3 ,0 9 1 8 4 ,8 4 1 2 3 ,2 5 2 5 0 ,7 5 1 4 2 ,7 5 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 2002 2003 2004 2005 R e c a rg a ( m m /a n o ) Ano Krishna Rao Kumar e Seethapathi Q�� ���� da superfície potenciométrica dos poços de monitoramento; para a reserva permanente, 252,57 x 10 6 m 3 , calculada pelo volume de saturação; e 286,75 x 10 6 m 3 para reserva total, sendo a somatória das reservas reguladora e permanente. Considerando a reserva reguladora como sendo a recarga subterrânea, o valor encontrado por Oliva (2006) de 34,18 x 10 9 litros, dividido pela área de ocorrência do Aquífero Rio Claro, fornece um valor de recarga de 411,81 mm (ou 411,81 L/m 2 ), bem maior do que os estimados pelo presente estudo. Porém, as fórmulas indianas não consideram a área de drenagem e para o cálculo da recarga pela Q95, a área de recarga considerada foi de 95,7 Km 2 . Caso a reserva reguladora de 34,18 x 10 9 L fosse distribuída pela área de ocorrência da Formação Rio Claro, de 95,7 Km 2 , e dividida pelo período de observação, aproximadamente 4 anos, a recarga estaria em torno de 89,29 mm/ano. Neste caso, os valores de recarga obtidos pela Q95 mostram-se mais próximos da realidade. Demais valores de recarga para a área estudada foram apresentados em Zanetti (2012) e Carnier Neto e Chang (2008). O primeiro autor obteve a recarga de 145,98 mm/ano, a partir da vazão de permanência Q95, considerando-se a área de recarga como sendo a Bacia do Rio Corumbataí. O outro trabalho obteve a recarga total pelo método WTF para os anos de 2003, 2004 e 2005, chegando aos valores de 53,8 cm, 63,6 cm, e 29,8 cm. Convertendo esses resultados para milímetros temos uma recarga de 538 mm para o ano de 2003 (40,26% da precipitação total acumulada), 636 mm para o ano de 2004 (36,50% da precipitação) e 298 mm para o ano de 2005 (21,31% da precipitação). Nota-se que em comparação à essas recargas estimadas, os valores obtidos no presente estudo se aproximam ao encontrado por Zanetti (2012), uma vez que o método empregado foi o mesmo embora a área considerada fosse maior, e ficam bem abaixo dos encontrados por Neto e Kiang (2008). Porém, conforme estes últimos autores, se no aquífero o armazenamento e passagem de água pela zona não-saturada somam os eventos de chuva, então o método WTF garante valores superestimados para a recarga. ���� 8. CONCLUSÕES A escolha de um método para estimar recarga de águas subterrâneas deve considerar, dentre outros parâmetros, a disponibilidade de dados, a quantidade de parâmetros, o período de observação, e os recursos disponíveis. Em locais desprovidos de dados de poços, valores relativos à taxas de infiltração e evaporação, por exemplo, a recarga subterrânea não é possível de ser calculada pelos métodos convencionais (Método da Variação dos Níveis D’água, Balanço Hídrico e Precipitação Cumulativa), resultando em dificuldades para o gerenciamento dos recursos hídricos na área, em especial no que diz respeito a quantidade possível de ser explotada dos aquíferos. De modo a auxiliar esses casos, a recarga estimada através da vazão de permanência obtida pelo método da regionalização hidrológica mostra-se como uma alternativa viável, pela pequena quantidade de parâmetros de entrada, e recursos necessários para sua estimativa. O método da Q95 pode ser considerado confiável, pois deriva da técnica da Regionalização Hidrológica, conceituada e amplamente utilizada pelo DAEE. Porém, a incerteza do método é devido à essa técnica, uma vez que se baseia em extrapolação de dados hidrológicos, e também à incerteza do método de coleta de dados de chuva utilizado nas estações pluviométricas. Diferente das metodologias indianas, a recarga estimada pela Q95 considera a área de contribuição, ou de drenagem, o que garante um resultado menor, porém, mais próximo do valor encontrado por Oliva (2006) e Zanetti (2012) que também consideraram a área para estimar a reserva reguladora e a recarga, respectivamente. Assim sendo, a metodologia da Q95 mostra vantagens como a possibilidade de utilizar dados de precipitação não só dos períodos mais chuvosos, e sua relação poder ser transferível para outros locais, pois tem por base a regionalização hidrológica. Porém, é necessário dispor de um estudo de regionalização que englobe a área de interesse. O caso apresentado nesse trabalho se aplica apenas para o Estado de São Paulo. Em contrapartida, os valores das recargas estimadas por Carnier Neto & Chang (2008) pelo método WTF estão muito acima dos encontrados pelas 3 metodologias adotadas no presente estudo, o que pode ser explicado pelos níveis d’água refletirem aos eventos de chuva de forma acumulada, conforme citado pelos próprios autores, e porque foi utilizado apenas 1 poço para o monitoramento, por assim dizer, pois ocorreu até certo período no poço IGCE-3, continuando as medições no poço IGCE-6. � �� Por considerar a recarga como sendo o fluxo de base, a estimativa pela Q95 desconsidera os demais componentes do balanço hídrico, como a variação do armazenamento em subsuperfície, o valor líquido do fluxo em subsuperfície e a evapotranspiração, e por esta razão, os resultados são subestimados em relação às demais metodologias. Mesmo que seja tomado por base o ciclo hidrológico, a relação das águas subterrâneas e sua contribuição ao corpo hídrico superficial em períodos de estiagem, relacionar um dado de águas superficiais (vazão de permanência) a um dado de águas subterrâneas (recarga). Este fato não garante acurácia, ou seja, o dado poderá ser superestimado ou subestimado, pois nos períodos de baixa vazão, por exemplo, estaria sendo considerado que toda água do curso superficial é derivada do escoamento subterrâneo, algo que já não seria aplicado em barramentos na drenagem. Portanto, convém observar a aplicabilidade do método da vazão de permanência em outras regiões e comparar os resultados à outras metodologias que utilizam de maior quantidade de parâmetros e dados locais, bem como verificar os resultados também através do acompanhamento das vazões do curso d’água superficial. Como recomendação a partir dos estudos ora desenvolvidos, poderia ser testada e desenvolvida uma fórmula empírica, similar à indiana, para a área de estudo, tomando por base os dados de precipitação anuais e monitoramento da variação dos níveis d’água, em uma maior quantidade de poços. � �� 9. BIBLIOGRAFIA AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA. Disponibilidade e demandas de recursos hídricos no Brasil. Cadernos de Recursos Hídricos. Brasília: Agência Nacional de Águas: 2005. Disponível em: . Acesso em 24 mai. 13. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA. Diagnóstico da outorga de direito de uso de recursos hídricos no Brasil, e, Fiscalização dos usos de recursos hídricos no Brasil. Caderno de Recursos Hídricos 4, Brasília : Agência Nacional de Águas, 2007. Disponível em: . Acesso em: 24 mai. 13. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA. Atlas Brasil: Abastecimento urbano de água: panorama nacional. Volume 1. Brasília: Agência Nacional de Águas, 2010. AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL. 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