GIOVANA ANDRADE OLIVEIRA CAMPOS Inserção de atividades de Extensão Universitária (EU) no curso de Engenharia Civil da UNESP-FEG: a visão dos alunos Guaratinguetá - SP 2021 Giovana Andrade Oliveira Campos Inserção de atividades de Extensão Universitária (EU) no curso de Engenharia Civil da UNESP-FEG: a visão dos alunos Trabalho de Graduação apresentado ao Conselho de Curso de Graduação em Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do diploma de Graduação em Engenharia Civil. Orientador: Prof. Dr. Paulo Valladares Soares Coorientador: Prof. Dr. Mateus Ricardo Nogueira Vilanova Guaratinguetá - SP 2021 C198i Campos, Giovana Andrade Oliveira Inserção de atividades de extensão universitária (EU) no curso de engenharia civil da UNESP-FEG: a visão dos alunos / Giovana Andrade Oliveira Campos – Guaratinguetá, 2021. 127 f. : il. Bibliografia : f. 92-95 Trabalho de Graduação em Engenharia Civil – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, 2021. Orientador: Prof. Dr. Paulo Valldares Soares Coorientador: Prof. Dr. Mateus Ricardo Nogueira Vilanova 1. Universidades. 2. Extensão universitária. 3. Ensino - Currículos. 4. Enriquecimento curricular. I.Título. CDU 378 http://www2.feg.unesp.br/#!/biblioteca/trabalho-conclusao-de-curso Pelo carinho, afeto, dedicação e cuidado que meus pais me deram durante toda a minha existência, dedico este trabalho a eles. Com muita gratidão. AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar agradeço a minha família, em especial meus pais, Ana e Airton, e aos meus amigos, pelo amor, incentivo, confiança e inspiração que me proporcionam sempre. Ao Prof. Dr. Paulo Valladares Soares e Prof. Dr. Mateus Ricardo Nogueira Vilanova, do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Campus de Guaratinguetá, pelo incentivo, paciência, orientação e confiança depositada. Ao Prof. Dr. José Antonio Perrella Balestieri, do Departamento de Química e Energia, e a Profa. Dra. Rosa Monteiro Paulo, do Departamento de Matemática, por terem aceitado o convite para participarem da banca e pelas sugestões e críticas sobre o trabalho. A todos os professores que colaboraram com seu conhecimento para minha formação acadêmica. A todos que colaboraram com o desenvolvimento do questionário aplicado nesse trabalho, em especial Prof. Dr. José Alexandre Matelli, atual diretor da unidade. Aos alunos que participaram dos testes realizados no questionário: Iani Dias Matos, Priscilla Pereira Gandolpho e Vinicius Gabriel de Oliveira e a todos os alunos do Curso de Engenharia Civil da UNESP-FEG que colaboraram com esse trabalho ao responderem o questionário. A equipe do Centro Acadêmico de Engenharia Civil e aos professores: Profa. Dra. Mariana Ferreira Benessiuti Motta e Profa. Dra. Estéfani Suana Sugahara, por ajudarem na divulgação do questionário. A todos que direta ou indiretamente, contribuíram em minha jornada, em especial aos que partilharam comigo vivências na Moradia Estudantil, no Centro Acadêmico de Engenharia Civil, na ENACTUS UNESP de Guaratinguetá e na Iniciativa Ponto Iluminado. “Você sabe que você precisa de mentores na vida, mas, no final, o que você realmente necessita é acreditar em si mesma.” Diana Ross RESUMO Este trabalho tem como objetivo contribuir nas discussões sobre o efetivo atendimento à Resolução nº 7/2018/CNE/MEC no curso de Engenharia Civil da UNESP-FEG. Essa contribuição foi feita a partir da análise e compreensão da visão dos alunos do curso sobre a curricularização das atividades de extensão. As informações analisadas foram obtidas através de um questionário online, composto por 25 questões, elaborado e aplicado a 131 alunos de diferentes períodos do curso, entre participantes e não participantes de atividades de Extensão Universitária. Os resultados apontam que, por estimular a aplicação do conhecimento teórico e interação com a sociedade, a extensão é compreendida como parte importante no processo de formação dos alunos indicando um crescimento acadêmico, profissional e pessoal. A interpretação das respostas permitiu considerar para a efetiva inserção das atividades de extensão universitária na grade curricular do curso de Engenharia Civil da UNESP-FEG, como pontos fundamentais de análise e ajuste: o semestre em que estas atividades serão realizadas e a distribuição das mesmas ao longo do curso; a categoria de atividade segundo a Resolução UNESP n. 33/2011 em que estas se adequam; as dificuldades com a extensa carga horária, entendimento do conceito de Extensão Universitária (EU) e a falta de apoio acadêmico a serem mitigadas; e a necessidade de integra-las as disciplinas do curso. PALAVRAS-CHAVE: Universidade. Extensão universitária. Ensino – Currículos. Enriquecimento curricular. ABSTRACT This work aims to contribute to the discussions on the effective compliance with Resolution No. 7/2018 / CNE / MEC in the Civil Engineering course at UNESP-FEG. This contribution was made from the analysis and understanding of the students' view of the course on the curriculum of extension activities. The analyzed information was obtained through an online questionnaire, composed of 25 questions, elaborated and applied to 131 students from different periods of the course, between participants and non-participants in University Extension activities. The results show that, by stimulating the application of theoretical knowledge and interaction with society, extension is understood as an important part in the process of training students, indicating academic, professional and personal growth. The interpretation of the answers made it possible to consider for the effective insertion of university extension activities in the curriculum of the Civil Engineering course at FEG / UNESP, as fundamental points of analysis and adjustment: the semester in which these activities will be carried out and their distribution to over the course; the category of activity according to Resolution UNESP n. 33/2011 in which these are adequate; the difficulties with the extensive workload, understanding of the concept of University Extension (EU) and the lack of academic support to be mitigated; and the need to integrate them into the course subjects. KEYWORDS: University. University extension. Teaching - Curricula. Curriculum enrichment. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Grupos acadêmicos atuantes na UNESP-FEG e o atendimento à Resolução UNESP nº 33/2011 ................................................................................................................................. 23 Figura 2 – Questão 2: Em que ano você ingressou no curso de Engenharia Civil da FEG? .... 40 Figura 3 – Questão 3: Você está cursando qual ano do curso de Engenharia Civil (a maioria das disciplinas que você cursa atualmente são de qual ano do curso?)? .................................. 41 Figura 4 – Questão 4: Em que ano você vai se formar, ou prevê que irá se formar? ............... 42 Figura 5 – Questão 5: Você sabe o que é extensão universitária? ............................................ 43 Figura 6 – Questão 6 : Você já participou de atividades de extensão universitária? ................ 44 Figura 7 – Questão 7: Em que período (semestre) do curso você começou a desenvolver atividades de extensão? ............................................................................................................ 45 Figura 8 – Questão 8: Em que período (semestre) do curso você encerrou as suas atividades de extensão? .............................................................................................................................. 46 Figura 9 – Questão 9: Quais atividades de extensão você já desenvolveu? ............................. 47 Figura 10 – Questão 12: Por quais motivos você não desenvolveu atividades de extensão universitária durante a graduação? ........................................................................................... 57 Figura 11 – Questão 14: De quais atividades de extensão você gostaria de participar durante a sua graduação ........................................................................................................................... 62 Figura 12 – Questão 15: Na sua opinião, quais atividades de extensão são mais adequadas e interessantes para os alunos da Engenharia Civil? ................................................................... 70 Figura 13 – Participação nas atividades de extensão definidas pela Resolução UNESP nº 33 (SÃO PAULO, 2011), comparação entre as respostas das questões 9,14 e 15 ........................ 71 Figura 14 – Questão 18: A partir de qual período (semestre) do curso de Engenharia Civil você considera mais adequado que os alunos iniciem o desenvolvimento de atividades de extensão? .................................................................................................................................. 72 Figura 15 – Comparação entre as respostas da questão 7 – “Em que período (semestre) do curso você começou a desenvolver atividades de extensão?” e questão 18 – “A partir de qual período (semestre) do curso de Engenharia Civil você considera mais adequado que os alunos iniciem o desenvolvimento de atividades de extensão?” .............................................. 73 Figura 16 – Questão 19: A partir de qual período (semestre) do curso de Engenharia Civil você considera que os alunos terão mais dificuldades para desenvolver atividades de extensão, em decorrência de outras atividades do curso e/ou outros fatores? .......................................... 74 Figura 17 – Comparação entre as respostas da questão 8 – “Em que período (semestre) do curso você encerrou as suas atividades de extensão?” e questão 19 – “A partir de qual período (semestre) do curso de Engenharia Civil você considera que os alunos terão mais dificuldades para desenvolver atividades de extensão, em decorrência de outras atividades do curso e/ou outros fatores?” ...................................................................................................... 75 Figura 18 – Questão 20: Você já participou de alguma atividade voluntária, ou programa de voluntariado? ............................................................................................................................ 76 Figura 19 – Questão 23: De que forma você prefere desenvolver as atividades obrigatórias de extensão durante a sua graduação? ........................................................................................... 80 Figura 20 – Nuvem de palavras obtidas na questão 26: “Cite uma palavra que, para você, define ou caracteriza a extensão universitária” ........................................................................ 82 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Atividades de Extensão desenvolvidas na UNESP-FEG em 2020 ........................ 21 Quadro 2 – Descrição do questionário ..................................................................................... 29 Quadro 3 – Dificuldades no desenvolvimento das atividades de EU ....................................... 49 Quadro 4 – Oportunidades no desenvolvimento das atividades de EU .................................... 53 Quadro 5 – Motivos da não participação em atividades de EU................................................ 58 Quadro 6 – Análise das outras atividades de EU que os alunos gostariam de participar ......... 65 Quadro 7 – Possíveis dificuldades no atendimento à Resolução nº 7/2018/CNE/MEC .......... 77 Quadro 8 – Possíveis atividades de EU .................................................................................... 85 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Amostra da pesquisa ............................................................................................... 39 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS DEC Departamento de Engenharia Civil DCNs Diretrizes Curriculares Nacionais EU Extensão Universitária EJ Empresa Júnior FEG Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá FORPROEX Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras PPP Projeto Político Pedagógico PROEX Pró-reitoria de Extensão Universitária e Cultura STAEP Seção Técnica de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão UNESP Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15 1.1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 16 1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO .......................................................................... 17 2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................... 18 2.1 CONCEITO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA ............................................... 18 2.2 CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA ...... 19 2.3 LEGISLAÇÃO NACIONAL ................................................................................ 19 2.4 LEGISLAÇÃO UNESP ........................................................................................ 20 2.5 A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA FEG ........................................................ 21 2.6 O CURSO DE ENGENHARIA CIVIL NA FEG E A EXTENSÃO UNIVERSI- TÁRIA ................................................................................................................... 24 2.7 A VISÃO DO ALUNO EXTENSIONISTA .......................................................... 24 3 MÉTODO ............................................................................................................. 26 3.1 CONCEPÇÃO E ELABORAÇÃO DO QUESTIONÁRIO .................................. 27 3.2 COMPOSIÇÃO E DESCRIÇÃO DO QUESTIONÁRIO .................................... 27 3.3 APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO ................................................................... 38 3.4 AMOSTRA (RESPONDENTES) .......................................................................... 38 3.5 ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................... 39 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 40 4.1 SEÇÃO 1- IDENTIFICAÇÃO .............................................................................. 40 4.2 SEÇÃO 2 - O QUE É EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA? .................................... 42 4.3 SEÇÃO 3 - ATIVIDADES DE EXTENSÃO QUE VOCÊ JÁ DESENVOLVEU 43 4.4 SEÇÃO 4 - INSERINDO A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL .......................................................................................... 62 4.5 SEÇÃO 5 - FINALIZANDO... .............................................................................. 81 4.6 POSSÍVEIS ATIVIDADES DE EU NO CURSO ................................................. 83 4.7 RECOMENDAÇÕES PARA CREDITAÇÃO DA EXTENSÃO NO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA FEG ........................................................................... 94 5 CONCLUSÕES .................................................................................................... 96 5.1 SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................ 97 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 99 ANEXO A – Resolução UNESP nº 33 (SÃO PAULO, 2011) .......................... 102 ANEXO B – Resolução UNESP nº 11 (SÃO PAULO, 2012) .......................... 104 ANEXO C – Resolução nº 7 (BRASIL, 2018) ................................................ 118 APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA ENGENHARIA CIVIL: A VISÃO DOS ALUNOS ........................................ 123 15 1 INTRODUÇÃO Cada vez mais se fala na importância do ensino superior para a carreira profissional, e a necessidade de que o conhecimento ultrapasse as fronteiras da técnica para alcançar o desenvolvimento de habilidades interpessoais, criatividade e inovação, as chamadas soft skills. Evidências destes apontamentos estão nas novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do Curso de Graduação em Engenharia, homologadas em abril de 2019, que apresentam como dever do curso “[...] estimular a realização de atividades curriculares, de extensão ou de aproximação profissional, que articulem o aprimoramento e a inovação de vivências relativas ao campo de formação, podendo oportunizar ações junto à comunidade, ou mesmo de caráter social [...]” (BRASIL, 2019, p. 33). Neste texto, trabalhou-se com os conceitos de softs skills apresentados por PENHAKI, 2019, p.17, “consiste em habilidades e capacidades pessoais que descrevem a atitude de cada um, a compatibilidade com os outros e como interações sociais são gerenciadas, especificamente no ambiente profissional” e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) de competências e habilidades: “Competências são as modalidades estruturais da inteligência, ou melhor, ações e operações que utilizamos para estabelecer relações com e entre objetos, situações, fenômenos e pessoas que desejamos conhecer. As habilidades decorrem das competências adquiridas e referem-se ao plano imediato do 'saber fazer'. Por meio das ações e operações, as habilidades aperfeiçoam-se e articulam-se, possibilitando nova reorganização das competências”. (BRASIL, 1999, p.7) Nesse sentido, a Extensão Universitária (EU) tem papel fundamental uma vez que, de acordo com o Fórum de Pró Reitoria de Extensão (FORPROEX, 2012) promove a interação transformadora entre universidade e outros setores da sociedade por meio de um processo interdisciplinar, educativo, cultural, científico e político. Consequente a esta transformação, a EU promove o desenvolvimento do aluno participante, como profissional e agente transformador da sociedade. O Plano Nacional de Educação (PNE) instituiu, por meio da Lei nº 13.005/2014 (Meta 12.7), a obrigatoriedade do ensino superior em “assegurar, no mínimo, 10% (dez por cento) do total de créditos curriculares exigidos para a graduação em programas e projetos de extensão universitária, orientando sua ação, prioritariamente, para áreas de grande pertinência social” (BRASIL, 2014, p.11). 16 Com o objetivo de apresentar diretrizes e regimentar o disposto pela Lei nº 13.005/2014, o Ministério de Educação (MEC) e o Conselho Nacional de Educação (CNE), em 2018, divulgaram a Resolução nº 7 (BRASIL, 2018), com prazo de implantação até 19 de dezembro de 2021. Todavia, por conta do cenário da pandemia causada pela Covid-19, esta foi prolongada para 19 de dezembro de 2022, cuja divulgação foi feita por meio do OFÍCIO Nº 487/2020/CES/SAO/CNE/CNE-MEC (BRASÍLIA, 2020). O atendimento a esta Resolução vem gerando, desde então, um movimento nas instituições de ensino superior, e certamente trará uma renovação na forma de aprendizagem. Assim, para o atendimento efetivo da mesma, é necessária uma análise crítica e detalhada do que se tem até o momento, de maneira a aproveitar os aspectos positivos e já atuantes no campus, evitando uma mudança abrupta. É necessário compreender este cenário por meio da visão de dois principais agentes transformadores da universidade, alunos e professores. Unir estas duas visões trará know-how para melhores estratégias e tomadas de decisões no atendimento à Resolução nº 7 (BRASIL, 2018) até 2022. Este trabalho apresenta o conhecimento dos alunos do curso de Engenharia Civil, da Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá (FEG) da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) explicitando sua compreensão acerca da EU no seu processo de aprendizagem indicando quais os possíveis caminhos para a inclusão da extensão em sua graduação e o que já vivenciaram no campus, tornando-se, assim, uma importante fonte de informação para tomada de decisões no atendimento à Resolução nº 7 (BRASIL, 2018). 1.1 OBJETIVOS O objetivo geral deste trabalho é contribuir para o atendimento efetivo a Resolução nº 7 (BRASIL, 2018) no curso de Engenharia Civil da FEG. Essa contribuição ocorrerá por meio da análise e do entendimento da visão dos alunos do curso sobre as atividades de extensão. São objetivos específicos do trabalho:  Apresentar um referencial teórico sobre a extensão universitária, considerando a legislação federal e da UNESP;  Elaborar e aplicar um questionário online, para coletar informações sobre a visão dos alunos do curso de Engenharia Civil sobre as atividades de extensão universitária; 17  Analisar as informações coletadas através do questionário para se obter um panorama sobre pontos fundamentais da curricularização da extensão universitária no curso de Engenharia Civil, sob a ótica dos alunos; A partir da análise e interpretação dos resultados, propõe-se recomendações para a prática da curricularização da EU no curso de Engenharia Civil da FEG. 1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO O trabalho é composto por cinco capítulos. No primeiro capítulo são apresentadas, além de uma breve contextualização, informações sobre o tema e os objetivos geral e específico, a serem alcançados com o desenvolvimento deste trabalho. O segundo capítulo traz uma revisão sobre a EU, em termos de definições, regulamentações e atual cenário na UNESP-FEG, promovendo uma maior fundamentação teórica para o desenvolvimento da pesquisa a ser aplicada. No terceiro capítulo é explicitada a metodologia utilizada para o desenvolvimento, aplicação e análise da pesquisa, que fornecerá os dados necessários para o trabalho. Os resultados da pesquisa serão apresentados no quarto capítulo, juntamente com a análise e interpretação dos dados coletados. Por fim, o quinto capítulo abarca as considerações finais dos resultados obtidos e recomendações para trabalhos futuros. 18 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. CONCEITO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA Em meados do século XX, de acordo com o Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras (FORPROEX, 2012), surgiram no Brasil as primeiras atividades de EU e que podem ser vistas a partir das influências históricas. GURGEL (1986) e NOGUEIRA (2005) apontam para duas principais inspirações: a europeia, através das universidades europeias, e o modelo extensionista de prestação de serviços, dos EUA. Essa fase inicial consistiu na realização de cursos e conferências. Com a evolução do cenário político pós-ditadura, ocorreu a reelaboração da universidade pública, incentivando a redefinição das práticas de ensino, na qual a EU passou a ser considerada como um processo de articulação de ensino e pesquisa relacionado à sociedade. De maneira a ampliar esse novo conceito, em 1987, foi criado o Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras (FORPROEX), o qual define a EU como: [...] o processo educativo, cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre Universidade e Sociedade. A Extensão é uma via de mão-dupla, com trânsito assegurado à comunidade acadêmica, que encontrará, na sociedade, a oportunidade de elaboração da praxis de um conhecimento acadêmico. No retorno à Universidade, docentes e discentes trarão um aprendizado que, submetido à reflexão teórica, será acrescido àquele conhecimento. Esse fluxo, que estabelece a troca de saberes sistematizados, acadêmico e popular, terá como consequências a produção do conhecimento resultante do confronto com a realidade brasileira e regional, a democratização do conhecimento acadêmico e a participação efetiva da comunidade na atuação da Universidade. Além de instrumentalizadora deste processo dialético de teoria/prática, a Extensão é um trabalho interdisciplinar que favorece a visão integrada do social (FORPROEX, 1987 apud FORPROEX, 2012, p.15). Atualmente, a definição apresentada na Política Nacional de Extensão Universitária é a que segue: A Extensão Universitária, sob o princípio constitucional da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, é um processo interdisciplinar, educativo, cultural, científico e político que promove a interação transformadora entre Universidade e outros setores da sociedade (FORPROEX, 2012, p.15). O Regimento Geral de Extensão Universitária da UNESP compreende a EU como “um meio de formar profissionais-cidadãos capacitados a responder, antecipar e criar respostas às 19 questões da sociedade” (UNESP, 2012, p.1), favorecendo assim a fuga do conceito de ensino somente em sala de aula, trazendo um aprendizado de estrutura ágil e dinâmico. 2.2 CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA Em 2018, o Conselho Nacional de Educação (CNE) estabeleceu, por meio da Resolução nº 7, as diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira, corroborando o instituído pelo PNE 2014-2024. A Resolução, em seu Art. 7, estabelece como atividade de extensão “[...] as intervenções que envolvam diretamente as comunidades externas às instituições de ensino superior e que estejam vinculadas à formação do estudante, nos termos desta Resolução, e conforme normas institucionais próprias” (BRASIL, 2018, p.02). As modalidades das atividades de EU são explicitadas no Art. 8 da Resolução: “programas; projetos; cursos e oficinas; eventos; e prestação de serviços.” (BRASIL, 2018, p.2). 2.3 LEGISLAÇÃO NACIONAL A curricularização da EU foi amiudadamente discutida, por vários anos e em diversas instâncias, no entanto, instituída somente no Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024 a partir da meta 12.7, que estabelece obrigatoriedade da EU representar 10% da carga horária total do curso de graduação. O PNE consiste em 20 metas convergindo para desarraigar as desigualdades históricas do país. A Meta 12 apresenta 21 estratégias para: Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e três por cento) da população de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das novas matrículas, no segmento público (BRASIL, 2014, p.11) A estratégia de número 7 desta Meta assegura “no mínimo, 10% (dez por cento) do total de créditos curriculares exigidos para a graduação em programas e projetos de extensão universitária, orientando sua ação, prioritariamente, para áreas de grande pertinência social” (BRASIL, 2014, p.11). 20 Compreende-se, desta maneira, a EU como uma possível estratégia para aumentar a taxa de matrícula nos cursos de graduação e conter a evasão estudantil. Avalia-se o papel da universidade em rever conceitos e estruturas a respeito da EU no tripé da formação acadêmica, formas de implementação, relação universidade-sociedade, parcerias e convênios. 2.4 LEGISLAÇÃO UNESP A definição das atividades caracterizadas como extensão na UNESP é disposta pela Resolução UNESP nº 33/2011 (SÃO PAULO, 2011). Precedente à especificação destas atividades, a Resolução considera a EU superior ao assistencialismo com o desenvolvimento de uma atividade que, para o docente, “promove e enriquece a formação acadêmica, cidadã e humana” (UNESP, 2011, p.1) e, para a universidade, apresenta “potencial gerador de pesquisa, novos saberes e publicações” (UNESP, 2011, p.01). O cenário atual da EU na UNESP, segundo a Resolução UNESP nº 33/2011, é de incessante crescimento e valorização, graças à ampla distribuição geográfica das unidades. O Art. 3 da Resolução UNESP nº 33 (SÃO PAULO, 2011) explicita as atividades de extensão universitária em seis subdivisões, similares às apresentadas por Resolução nº 7 (BRASIL, 2018): I. Educação continuada (realizada de forma presencial, semipresencial ou à distância): cursos de extensão universitária (Temático; Difusão de Conhecimento e Aperfeiçoamento); II. Eventos técnico-científicos: organização de congressos, colóquios, encontros, seminários, ciclos de debates, simpósios, mesas redondas, conferências e similares, dia de Campus, oficinas e workshops; III. Eventos artístico-culturais: concertos, oficinas, exposições, mostras, salões, espetáculos, festivais, recitais, shows e similares; IV. Atividades Articuladas com ensino, pesquisa e extensão universitária: [...] Restauração de Bens de acervos; Atendimento orientado a visitantes em Museus, Centros e Espaços de Ciência e Tecnologia; e Campanhas; V. Publicações e Produtos Acadêmicos de extensão universitária: Produção de publicações e de produtos acadêmicos advindos de atividades de extensão (difusão, divulgação social, cultural artística, científica ou tecnológica). VI. Prestação de Serviços: Assessoria; [...] Emissão de Laudo Pericial; [...] análise de solos, exames agronômicos e botânicos, análise farmacológica, qualidade de produtos etc. (UNESP, 2011, p.01) A coordenação das atividades de EU na UNESP, de acordo com a Resolução UNESP nº 11 (SÃO PAULO, 2012), é realizada pela Pró-Reitoria de Extensão Universitária e Cultura (PROEX) por meio do estabelecimento de políticas claras, efetiva indissociabilidade do 21 ensino/pesquisa/extensão, fundamentação e gerenciamento de instrumentos e propostas para apoio às unidades acadêmicas, além do acompanhamento e avaliação de propostas e projetos. 2.5 A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA FEG Segundo o site da PROEX (2020), a FEG apresentou seis projetos de extensão aceitos nos editais de 2019, sendo cinco na modalidade Difusão de Conhecimentos Científicos e Humanísticos e um de Metodologias Participativas/Tecnologias Sociais. Em 2020, segundo dados do SISPROEX (2020), a FEG apresentou como ativas as ações de extensão apresentadas no Quadro 1. Quadro 1 – Atividades de Extensão desenvolvidas na UNESP-FEG em 2020 Extensão Número de alunos participantes Cursinho Pré-vestibular da UNESP - Faculdade de Engenharia; 34 Empresa Júnior (EJ) - Júnior Eng. Ao tratar de EJ, as diretrizes e os conceitos são dispostos pela Portaria UNESP nº 79/2019 35 Universidade Aberta da Terceira Idade – UNATI; 8 Projeto - Difusão de um sistema de tratamento de esgoto doméstico para comunidades isoladas 1 Projeto - Divulgação da Captação de água pluvial: apresentação do sistema simples para conservação e geração de energia do Centro de Energias Re- nováveis 2 Projeto - Empreendedorismo no Ensino Médio 5 Projeto - Museu Itinerante para o Ensino de Ciências e o processo de inte- ração social em termos de ensino-aprendizagem 3 Projeto - Nexo água-energia: rodas de prosa de capacitação conceitual para políticas públicas no município de Potim – SP 2 Projeto - Robótica Educacional 4.0: habilidades do profissional do século XXI 6 Fonte: Autoria própria (2021). 22 O número de alunos explicitados no Quadro 1 foi obtido por meio de levantamentos com a equipe administrativa dessas atividades, e no caso dos projetos de extensão, por meio de dados obtidos com a Seção Técnica de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão (STAEP) do Campus . Verifica-se que as extensões atuais do campus envolvem 96 alunos participantes, quantidade que equivale a 5% dos 1917 matriculados (segundo anuário estatístico da UNESP, 2020) na UNESP-FEG. Além dessas atividades efetivamente reconhecidas como extensão pela PROEX, a UNESP-FEG ainda apresenta os denominados “grupos de extensão”, como são popularmente conhecidos no campus. Esses grupos não atendem às condições de extensão por não serem submetidas aos editais, ou por falta de direcionamento acerca dos mesmos, ou pelo não atendimento total à Resolução UNESP nº 33 (SÃO PAULO, 2011), desta forma acaba por ser mais adequado nomeá-los de grupos acadêmicos, termo pelo qual estes grupos serão citados ao longo desse trabalho. Os grupos acadêmicos são apresentados na Figura 1, junto a seu respectivo número de participantes, levantado com a própria equipe e apresenta, em escala de cores, a correlação quanto a seu nível de atendimento à Resolução vigente, o qual considera todas as atividades desenvolvidas por esses grupos, trazendo uma visão geral dos mesmos, de forma a verificar dois principais fatores: a aplicação de conhecimentos técnicos e o retorno à comunidade gerado por essas atividades. 23 Figura 1 – Grupos acadêmicos atuantes na UNESP-FEG e o atendimento à Resolução UNESP nº 33/2011 Fonte: Autoria própria (2021). Através da Figura 1 é possível contabilizar que os 29 grupos acadêmicos no Campus atendem 581 alunos, representando 30,3% dos 1917 matriculados (segundo anuário estatístico da UNESP, 2020) na UNESP-FEG. Ao considerar o nível de atendimento verifica-se que os grupos que já atendem totalmente a Resolução, somariam mais 6,8% de alunos participantes e, se adequados, os grupos classificados com atendimento parcial incluíram mais 22% de alunos. Desta forma é possível alcançar, com adequações as atividades dos grupos já existentes, 28,8% dos alunos. 24 Assim, considerando os dados apresentados em 4.2 relativos aos projetos de EU reconhecidos pelo SISPROEX, e os apresentados no parágrafo anterior, tem-se um total de 33,8% de alunos envolvidos em projetos de extensão/grupos acadêmicos. 2.6 O CURSO DE ENGENHARIA CIVIL NA FEG E A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA BRASIL (2019) ressalta que é dever do curso: […] estimular a realização de atividades curriculares, de extensão ou de aproximação profissional, que articulem o aprimoramento e a inovação de vivências relativas ao campo de formação, podendo oportunizar ações junto à comunidade, ou mesmo de caráter social, tais como clínicas e projetos (BRASIL, 2019, p.34). O curso de Engenharia Civil da UNESP-FEG em seu Projeto Político Pedagógico (PPP), elaborado em 2006, apresenta em suas seções 3.8.7. e 3.8.8 a participação em Empresa Júnior e Bolsa de Extensão Universitária como atividades que podem ser creditadas, limitadas a dois créditos por ano. Todavia, as especificações apresentadas ainda não são suficientes para atender a Resolução nº 7 (BRASIL, 2018). Como disposto na carta de Manaus, elaborada no XXXI ENCONTRO NACIONAL DO FORPROEX, se faz necessária a “incorporação curricular definitiva das ações de extensão, reconhecendo seu potencial formativo e inserindo-as, de modo qualificado, no projeto pedagógico dos cursos” (FORPROEX, 2012, p.2). 2.7 A VISÃO DO ALUNO EXTENSIONISTA Foi realizada pelo FORPROEX, em 2015, uma entrevista com alunos extensionistas sobre as contribuições da EU para a formação acadêmica e profissional. A pesquisa aponta que a EU “[...] leva o aluno a participar e a buscar ações e soluções para o contexto social e, diante deste contexto, atuar, experimentar, conhecer e conviver de forma cívica e responsável” (SANTOS, 2016, p. 25), gerando através desse contato aluno- sociedade, a percepção da prática enquanto um processo de aprendizado decorrente da “[...] possibilidade de formular problemas a partir do conhecimento teórico e desenvolver habilidades para lidar com a prática” (SANTOS,2016, p. 25). Entende-se, de acordo com SILVA (2017), a EU como um possível “[...] mecanismo para o desenvolvimento humano” decorrente da aproximação gerada entre universidade e 25 sociedade. Esta aproximação “[...] modifica o aluno e permite que ele tenha experiências diferenciadas que vão para além da teoria aprendida dentro da sala de aula” (SANTOS, 2016, p. 26). Para SILVA (2017), nos cursos há o predomínio de teorias, muitas vezes diferentes das expectativas dos alunos que anseiam pela prática. A EU então colabora “[...] para que tais alunos, através do contato com a realidade educacional, venham superar as barreiras encontradas na formação inicial.” (SILVA, 2017, p. 77). Na pesquisa, SANTOS (2016) explicita que “[...] os entrevistados apontam que a extensão permite abrir a visão para o mercado de trabalho e para atividades que antes não faziam parte das perspectivas dos alunos” (SANTOS, 2016, p. 26). SANTOS (2016) descreve este “[...] conhecimento da prática e do campo de atuação” como “[...] o momento de identificação com o mundo profissional, muitas vezes restrito no universo acadêmico tornando a extensão um indicador, para o aluno, do que ele deseja ou não seguir.” (SANTOS, 2016, p. 26). A entrevista apresenta ainda o desenvolvimento do aluno para o trabalho em equipe e interdisciplinar, “[...] a vivência com o outro permite troca de saberes e experiências, o que aprimora a desenvoltura profissional e acadêmica do aluno envolvido” (SANTOS, 2016, p. 26). Desta maneira, é possível analisar nos alunos extensionistas o desenvolvimento: humano e profissional, da correlação e experiência entre teoria e prática; e, do conhecimento do campo profissional. 26 3 MÉTODO Este trabalho consiste em uma pesquisa de abordagem majoritariamente qualitativa, que segundo Minayo (2009), ao se preocupar com um nível de realidade que não pode ser quantificado, trabalha com o “universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes” (MINAYO, 2009, p. 21) e, consequentemente, acaba por responder a questões muito características, propiciando um intenso e rico entendimento do tema. O processo da pesquisa compreende as três etapas apontadas por Minayo (2009): “(1) fase exploratória; (2) trabalho de campo; (3) análise e tratamento do material empírico e documental” (MINAYO, 2009, p. 26). A fase exploratória do trabalho constitui a “[…] produção do projeto de pesquisa e de todos os procedimentos necessários para preparar a entrada em campo” (MINAYO, 2009, p. 26) a qual baseou a parte conceitual do trabalho por meio da revisão e na análise estruturada de programas, relatórios, artigos científicos, trabalhos acadêmicos, teses, dissertações e outros materiais relativos à extensão universitária, nas bases de dados Scopus, Web of Science, Scielo, Capes, normas e legislações (decretos e diretrizes) nos sites MEC, PROEX e ABENGE. Essa revisão sistemática de textos acadêmicos e da legislação teve como finalidade “[...] proporcionar maiores informações sobre o assunto que se vai investigar; facilitar a delimitação do tema de pesquisa; orientar a fixação dos objetivos e a formulação das hipóteses; ou descobrir um novo tipo de enfoque sobre o assunto [...]” (RAUPP e BEUREN, 2006, p. 80) O trabalho de campo por sua vez, leva “[…] para a prática empírica a construção teórica elaborada na primeira etapa. Essa fase conbina instrumentos de observação, entrevistas ou outras modalidades de comunicação e interlocução com os pesquisados, levantamento de material documental e outros” (MINAYO, 2009, p. 26), o trabalho de campos compreendeu o desenvolvimento e a aplicação de um quesitonário aos alunos do curso de Engenharia Civil da UNESP-FEG, para obtenção de dados e informações sobre as atividades de extensão desenvolvidas e a visão discente acerca da curricularização da EU, e consequente atendimento à Resolução nº 7 (BRASIL, 2018). A etapa da Análise e tratamento do material empírico e documental compreende um “[…] conjunto de procedimentos para valorizar, compreender, interpretar os dados empíricos, articulá-los com a teoria que fundamentou o projeto ou com outras leituras teóricas e interpretativas cuja necessidade foi dada pelo trabalho de campo” (MINAYO, 2009, p. 27). 27 Essa terceira etapa pode ser subdividida, segundo Minayo (2009), na ordenação, classificação e análise dos dados obtidos. Ao tratar a pesquisa quanto à sua natureza, a mesma apresenta caráter aplicado, uma vez que por meio desta, de acordo com Barros e Lehfeld (2014), o pesquisador busca orientar de forma prática a solução dos problemas em questão. O detalhamento das atividades metodológicas do questionário elaborado na etapa do trabalho de campo é apresentado a seguir. 3.1 CONCEPÇÃO E ELABORAÇÃO DO QUESTIONÁRIO Através do referencial bibliográfico deste trabalho foi possível compreender o contexto acadêmico, didático e político da EU no ensino superior, corroborando o entendimento e o questionamento do cenário atual do curso de Engenharia Civil da UNESP-FEG perante a legislação, e assim, evidenciando a necessidade de um conhecimento em extensão do problema em estudo. O desenvolvimento do questionário foi realizado pela autora do presente trabalho de graduação juntamente aos seus orientadores, e elaborado seguindo uma sequência lógica de etapas, baseada em CARMO (2013): “1) Planejar o que vai ser mensurado; 2) Formular as perguntas para obter as informações necessárias; 3) Definir o texto e a ordem das perguntas e o aspecto visual do questionário; 4) Testar o questionário, utilizando uma pequena amostra, em relação a omissões e ambiguidade; 5) Caso necessário, corrigir o problema e fazer novo pré-teste” (CARMO, 2013, p.1) Desta forma, após a elaboração da primeira versão, o questionário foi apresentado a alguns docentes da FEG, que puderam contribuir com a sua melhoria (vide a seção de agradecimentos). Em complemento, após alguns ajustes e adaptações, o questionário foi aplicado a estes docentes e a alguns alunos do curso de Engenharia Civil (vide a seção de agradecimentos), a fim de testar o processo de resposta em si, e identificar dificuldades e possíveis erros na estrutura do questionário. 3.2 COMPOSIÇÃO E DESCRIÇÃO DO QUESTIONÁRIO A concepção do questionário visou produzir um instrumento que abordasse questões que possibilitassem o diagnóstico do conhecimento e da vivência dos alunos do curso de 28 Engenharia Civil da UNESP-FEG acerca da EU, e entender como a inserção destas atividades na grade curricular do curso é compreendida pelo corpo discente. As questões foram elaboradas de forma a contribuir com o atendimento à Resolução nº 7 (BRASIL, 2018), visando identificar elementos práticos e aplicados que tornarão a curricularização da EU o mais proveitosa possível para os alunos do curso. A versão completa do questionário está disponível no Apêndice A e a descrição de suas seções e questões é apresentada no Quadro 2, que inclui ainda as principais informações que se pretende compreender com as respostas obtidas. 29 Quadro 2 – Descrição do questionário (continua) Seção Número de questões Questões Objetivo Abertas Fechadas 1 Identificação 1 3 1. Nome completo 2. Em que ano você ingressou no curso de Engenharia Civil da FEG 3. Você está cursando qual ano do curso de Engenharia Civil (a maioria das disciplinas que você cursa atualmente são de qual ano do curso?)? 4. Em que ano você vai se formar, ou prevê que irá se formar? Identificar o período do curso que o entrevistado está cursando; Qualificar a amostra de entrevistados, e verificar a sua representatividade em relação a todos os anos do curso; Permitir que futuros trabalhos avaliem diferenças entre as respostas ao questionário relacionadas ao ano do curso do entrevistado. 30 Quadro 2 – Descrição do questionário (continuação) Seção Número de questões Questões Objetivo Abertas Fechadas 2 O que é extensão universitária 0 1 5. Você sabe o que é extensão universitária? Verificar se o entrevistado: (1) conhece efetivamente o conceito de EU; (2) acredita conhecer o conceito de EU, no caso da resposta positiva (“sim”), mas após a seção 3, verificar que tinham o conceito errado; ou (3) se o entrevistado não o sabe o que é EU. 3 Definição de extensão universitária 0 0 Esta seção apresenta a atual definição de EU de Resolução nº 7 (BRASIL, 2018) e ainda, como um complemento didático de aprendizagem foi inserido o vídeo da TV UNESP “O que é Extensão Universitária?”. Essa seção visa nivelar o conhecimento dos entrevistados, tanto daqueles que tem uma visão equivocada do conceito de EU, quanto daqueles que declararam não saber o que é a EU. Por meio deste nivelamento, buscou-se obter respostas mais fundamentadas ao longo das seções subsequentes. 31 Quadro 2 – Descrição do questionário (continuação) Seção Número de questões Questões Objetivo Abertas Fechadas 4 Atividades de extensão que você já desenvolveu 3 5 6. Você já participou de atividades de extensão universitária? Quantificar o atual nível de participação dos alunos da Engenharia Civil e qualificar a forma desta participação. 7. Em que período (semestre) do curso você começou a desenvolver atividades de extensão? 1 8. Em que período (semestre) do curso você encerrou as suas atividades de extensão? 1 Diagnosticar os aspectos operacionais/temporais da participação dos alunos em atividades de EU, no que se refere à compatibilização destas atividades com as demais do curso em cada semestre. 9. Quais atividades de extensão você já desenvolveu? (as atividades listadas a seguir são definidas pela Resolução Identificar as atividades de EU mais familiares, atualmente, aos alunos do curso. 1 Questões respondidas somente pelos alunos participantes de EU. 32 Quadro 2 – Descrição do questionário (continuação) Seção Número de questões Questões Objetivo Abertas Fechadas UNESP nº 33/2011) 1 10. Quais foram as dificuldades encontradas para o desenvolvimento das suas atividades de extensão? 1 11. Quais foram os fatores e resultados positivos da atividade de extensão (experiências, novos conhecimentos, etc) que mais se destacaram na sua visão? 1 Obter subsídios para facilitar a participação dos alunos na EU, por ocasião da sua curricularização; Subsidiar a proposta de soluções para reduzir as dificuldades elencadas pelos alunos; Identificar e potencializar, durante a curricularização, os aspectos positivos das atividades de EU relatados pelos alunos. 12. Por quais motivos você não desenvolveu atividades de extensão universitária durante a graduação? 2 Identificar, sob a ótica dos alunos, as principais dificuldades que deverão ser equacionadas para garantir a sua participação em atividades de EU, a 2 Questões respondidas somente pelos alunos não participantes de EU. 33 Quadro 2 – Descrição do questionário (continuação) Seção Número de questões Questões Objetivo Abertas Fechadas 13. Se na questão anterior você respondeu "Outros motivos", cite estes motivos. 2 partir da sua curricularização; Ao se equacionar, reduzir ou eliminar tais dificuldades, as atividades de EU serão mais proveitosas para os alunos. 5 Inserindo a extensão universitária no curso de Engenharia Civil 6 6 14. Na introdução desta seção é apresentado ao aluno o trecho da Resolução nº 7/2018/CNE/MEC que explicita a obrigatoriedade das atividades de EU representarem 10% da carga horária total do curso de graduação. Notificar os respondentes que não estão cientes desta informação. 15. De quais atividades de extensão você gostaria de participar durante a sua graduação? Conhecer as atividades, listadas segundo a Resolução UNESP nº 33 (SÃO PAULO, 2011), mais atrativas para o corpo discente de Engenharia Civil, ________________________ 2 Questões respondidas somente pelos alunos não participantes de EU. 34 Quadro 2 – Descrição do questionário (continuação) Seção Número de questões Questões Objetivo Abertas Fechadas 16. Se na resposta anterior você respondeu "outras", cite quais são as outras atividades de extensão das quais você gostaria de participar durante a sua graduação. 17. Na sua opinião, quais atividade de extensão são mais adequadas e interessantes para os alunos da Engenharia Civil? 18. Se na resposta anterior você respondeu "Outras", cite quais são as outras atividades de extensão mais adequadas e interessantes para os alunos da Engenharia Civil. viabilizar a análise das atividades que possivelmente serão as de maior adesão, portanto podendo estas ser as de maior ênfase em tomada de decisões e criação de condições e ofertas. 19. A partir de qual período (semestre) do curso de Engenharia Civil você considera Obter subsídios para um melhor planejamento da curricularização da EU no curso de Engenharia 35 Quadro 2 – Descrição do questionário (continuação) Seção Número de questões Questões Objetivo Abertas Fechadas mais adequado que os alunos iniciem o desenvolvimento de atividades de extensão? 20. A partir de qual período (semestre) do curso de Engenharia Civil você considera que os alunos terão mais dificuldades para desenvolver atividades de extensão, em decorrência de outras atividades do curso e/ou outros fatores? Civil, no que se refere à inserção destas atividades dentro da estrutura curricular do curso. Favorecer a compatibilização e a sinergia das atividades de EU com as outras atividades acadêmicas do curso, evitando, por exemplo, a sobrecarga de atividades em determinados semestres. 21. Você já participou de alguma atividade voluntária, ou programa de voluntariado? 22. Se na resposta anterior você respondeu "Sim", cite as atividades voluntárias das quais você já participou. Viabilizar a análise da proximidade da EU com as atividades de voluntariado, uma vez que em ambas o participante promove uma transformação na sociedade. A partir daí, pretende-se verificar opções para a utilização de programas de voluntariado já existentes como atividade curricular de extensão. 36 Quadro 2 – Descrição do questionário (continuação) Seção Número de questões Questões Objetivo Abertas Fechadas 23. Na sua opinião, quais fatores podem dificultar o cumprimento da carga horária de extensão (que será de 10% da carga horária total do curso)? Identificar as principais dificuldades previstas pelos alunos para o atendimento à Resolução nº 7 (BRASIL, 2018); Subsidiar soluções para reduzir e/ou eliminar as dificuldades previstas pelos alunos, auxiliando o planejamento da curricularização da EU. 24. De que forma você prefere desenvolver as atividades obrigatórias de extensão durante a sua graduação? Verificar as preferências dos alunos quanto ao desenvolvimento das atividades de extensão, que poderão ser realizadas de forma: . Isolada, através de projetos, eventos, serviços, etc; . Integrada dentro de disciplinas de graduação; . Combinada, unindo as duas formas anteriores. 37 Quadro 2 – Descrição do questionário (conclusão) Seção Número de questões Questões Objetivo Abertas Fechadas 25. Em quais disciplinas já existentes no curso de Engenharia Civil você acha possível inserir/integrar atividades de extensão universitária? 26. Considerando a resposta anterior, de que forma você acha possível inserir atividades de extensão em disciplinas já existentes? Identificar em quais disciplinas, na visão dos alunos, as atividades de EU podem ser realizadas de forma integrada. 6 Finalizando... 2 0 27. Cite uma palavra que, para você, define ou caracteriza a extensão universitária. 28 Se você deseja fazer algum comentário, utilize esse espaço. Permitir aos alunos expressar livremente a sua visão sobre a EU, no contexto desta pesquisa. Nesta seção os alunos tem a oportunidade de abordar aspectos que julgam importantes sobre a EU, e que não foram abordados nas questões anteriores. Fonte: Autoria própria (2021). 38 3.3 APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO O questionário foi aplicado de forma online, através do aplicativo Google Forms, no período de 2 a 21 de dezembro de 2020, sendo divulgado amplamente nas redes sociais por meio de grupos de classe com o apoio do Centro Acadêmico de Engenharia Civil (CAEC) e nas aulas das seguintes disciplinas do curso, por seus respectivos docentes (vide a seção de agradecimentos):  1º ano: Introdução à Engenharia Civil;  2ª ano: Geologia de Engenharia;  3º ano: Mecânica dos Solos;  4º ano: Saneamento Ambiental, Tecnologias de Construção Civil, e Fundações e Obras de Terra. No caso dos alunos do 5º ano, que estão preponderantemente fazendo estágio, a divulgação do questionário foi feita exclusivamente pelas redes sociais. Para estimular o sujeito da pesquisa a responder o questionário, utilizamos ainda contatos pessoais através das redes sociais, objetivando maximizar o número de respondentes. 3.4 AMOSTRA (RESPONDENTES) A fim de garantir a não duplicidade de dados, o questionário foi limitado a uma resposta por e-mail institucional. Todas as respostas obtidas foram voluntárias e com consentimento dos participantes, coletado no início do questionário, para utilização dos dados informados, garantido sigilo na identificação das respostas no presente trabalho e em posteriores artigos. A pesquisa coletou 131 respostas de graduandos em Engenharia Civil na FEG UNESP, equivalente a 57,96% do universo de 226 alunos matriculados em 2020, segundo informações obtidas com o Departamento de Engenharia Civil do Campus. A Tabela 1 apresenta a representatividade desses respondentes por anos de curso. 39 Tabela 1 – Amostra da pesquisa Ano do curso Alunos respondentes Percentual dos matriculados por ano 1º ano 27 65,85% 2º ano 31 88,57% 3º ano 22 75,86% 4º ano 30 75,00% 5º ano 21 25,93% Fonte: Autoria própria (2021). 3.5 ANÁLISE DOS RESULTADOS Conforme a proposta do trabalho, a análise dos resultados (bem com as respostas ao questionário) foi feita com base na visão dos alunos; no caso da análise, a interpretação foi feita a partir da visão da autora do TG, com sugestões metodológicas dos orientadores. A cada resultado, agregou-se a interpretação do atual cenário de extensão universitária no campus da FEG, e as possíveis alternativas metodológicas para a utilização dos resultados pelo Conselho do curso de Engenharia Civil na implementação das diretrizes previstas na Resolução nº 7 (BRASIL, 2018) e, ao mesmo tempo, propiciar aos alunos uma experiência de extensão universitária que contribua de forma efetiva para a sua formação. 40 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados da análise dos questionários são apresentados nas seções seguintes. 4.1 SEÇÃO 1- IDENTIFICAÇÃO A identificação dos anos de ingresso dos alunos respondentes foi realizada através da questão 2 – “Em que ano você ingressou no curso de Engenharia Civil da FEG?”. Como mostra o gráfico apresentado na Figura 2, 82% da amostra, por já ter vivenciado o primeiro ano do curso, já passou pelo período de adaptação à universidade, e consequentemente, possui maior familiaridade com as atividades acadêmicas. Figura 2 – Questão 2: Em que ano você ingressou no curso de Engenharia Civil da FEG? Fonte: Autoria própria (2021). 41 Ao considerar a grade curricular do curso, verifica-se por meio da Figura 3 que 56% desses alunos já estão cursando disciplinas do núcleo profissionalizante da graduação em Engenharia Civil, pois já concluiram a grade do primeiro e do segundo ano do curso. Figura 3 – Questão 3: Você está cursando qual ano do curso de Engenharia Civil (a maioria das disciplinas que você cursa atualmente são de qual ano do curso?)? Fonte: Autoria própria (2021). Quanto ao efetivo atendimento à Resolução nº 7 (BRASIL, 2018) que deve ser implementado pelas Universidades até 19 de dezembro de 2022, conforme o disposto no OFÍCIO nº 487 (BRASIL, 2020), é importante analisar como ocorrerá a creditação das atividades de EU para os alunos previamente matriculados a esse prazo, os quais representam 45% da amostragem do questionário, de acordo com as respostas obtidas na questão 4 – “Em que ano você vai se formar, ou prevê que irá se formar?” e dispostas na Figura 4. Em contato com a PROEX, confirmou-se que, até o momento da defesa deste Trabalho de Graduação, não há nenhum posicionamento oficial quanto ao estabelecimento de definições de como esses alunos serão incluídos nesta creditação, porém há um indicativo de que a curricularização será 42 aplicada somente aos alunos ingressantes após a sua efetivação em 2022, ou seja, para alunos ingressantes a partir de 2023. Isso ocorre pois é garantido em lei que, ao se mudar o regulamento de um curso, no caso da graduação o PPP, deve ser dada ao aluno em curso a opção de manter-se na grade curricular anterior ou migrar para a nova grade. Portanto, antes que as alterações sejam devidamente aprovadas e implementadas, os concluintes seguem a grade vigente. Figura 4 – Questão 4: Em que ano você vai se formar, ou prevê que irá se formar? Fonte: Autoria própria (2021). 4.2 SEÇÃO 2 - O QUE É EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA? Ao questionar os alunos sobre o conceito de EU, as respostas obtidas (Figura 5), indicam um cenário aparentemente positivo, pois somente 8% dos entrevistados afirmou não saber o que é EU. Embora este resultado possa levar a interpretação de que o conceito de EU está claro para os alunos, algumas respostas dadas o colocam em dúvida. Por exemplo, na questão 10 – “Quais foram as dificuldades encontradas para o desenvolvimento das suas 43 atividades de extensão?” houve um aluno que respondeu “[…] há um desacordo entre os alunos da FEG quanto à definição de extensão e entidades estudantis […]”; igualmente, na questão 12 - “Por quais motivos você não desenvolveu atividades de extensão universitária durante a graduação?”, em que um aluno comentou: “Pelo que entendi do vídeo, fiquei na dúvida se o CAEC se enquadraria como extensão”. Comentários como esses evidenciam que, mesmo após a definição de EU apresentada na seção 3 do questionário, há uma dificuldade proeminente no discernimento das atividades de EU. Essa análise evidencia que há a necessidade de uma ampla e efetiva divulgação da EU. Uma sugestão é que o conceito formal de extensão universitária, bem como exemplos desse tipo de atividade, faça parte do conteúdo obrigatório da disciplina de “Introdução à Engenharia Civil”, bem como a apresentação do PPP. Outra alternativa complementar a essa é a inserção de informações na página do curso no site da universidade, trazendo acessibilidade e facilidade de obtenção dessas. Figura 5 – Questão 5: Você sabe o que é extensão universitária? Fonte: Autoria própria (2021). 4.3 SEÇÃO 3 - ATIVIDADES DE EXTENSÃO QUE VOCÊ JÁ DESENVOLVEU Após a questão sobre o conceito de EU, realizada na seção 2, e a apresentação da sua definição formal junto a um vídeo institucional da própria UNESP 44 (http://youtube.com/watch?v=TFdfgCvxX5M) sobre EU na seção 3, constata-se, através da questão 6 – “Você já participou de atividades de extensão universitária?”, a presença dessas atividades no desenvolvimento acadêmico de 56% dos entrevistados (Figura 6). Conforme descrito anteriormente, deve-se atentar que alguns dos alunos que afirmaram ter desenvolvido atividades de extensão, podem ter apresentado essa afirmação de forma equivocada, por não entenderem plenamente o conceito em decorrência de o entendimento ter sido baseado em atividades realizadas nos grupos acadêmicos, que como explicitado na Figura 1, não necessariamente atendem plenamente a Resolução UNESP nº 33 (SÃO PAULO, 2011). Figura 6 – Questão 6 : Você já participou de atividades de extensão universitária? Fonte: Autoria própria (2021). Para compreender como as atividades de EU têm sido desenvolvidas é identificado, inicialmente, o período (semestre) em que essas têm ocorrido. Pelas respostas obtidas na questão 7 – “Em que período (semestre) do curso você começou a desenvolver atividades de extensão?”, apresentadas no gráfico da Figura 7, constata-se que 43% dos alunos participantes iniciam essas atividades no 1º semestre. Todavia, apesar de mais frequente, muitos alunos comentaram sobre a necessidade de adaptação a Universidade para posterior participação em EU, identificada em discursos como “[…] queria primeiro me adaptar ao curso e depois que me adaptasse puxaria alguma extensão”, e que colocam como justificativa 45 à protelação do início das atividades de EU o “medo de não conseguir acompanhar o curso junto às extensões”. Esta constatação não exclui a possibilidade de incluir atividades de EU desde o início do curso, no entanto, indica um ponto de atenção, para que não haja sobrecarga do aluno nestes períodos iniciais da graduação. Como alternativa, pode-se desenvolver atividades de EU nos períodos de adaptação, por exemplo, durante os eventos de recepção e integração dos alunos ingressantes (“calouros”), e na disciplina de “Introdução à Engenharia Civil” e/ou outras disciplinas que possam ser identificadas pelo Conselho Departamental. Além disso, podem ser considerados eventos e atividades que evidenciem não somente a interface aluno- universidade, como também, demonstre e desperte a importância da interface aluno-sociedade. Figura 7 – Questão 7: Em que período (semestre) do curso você começou a desenvolver atividades de extensão? Fonte: Autoria própria (2021). Ao analisar a Figura 7, verifica-se ainda, que os alunos iniciam as atividades de EU em sua maioria no início do ano letivo, além de haver uma redução significativa no início dessas atividades, a partir do 6º semestre do curso, chegando a zerar a partir do 8º semestre. Essa redução pode ser explicada pelo aumento no número de disciplinas profissionalizantes atreladas a esses semestres, além da baixa permanência nas atividades que o início a partir do 46 6º semestre acarreta quando se consideram os resultados apresentados na Figura 8 e explicitados a seguir. Tratando-se da finalização das atividades de EU, por meio dos resultados obtidos na questão 8 – “Em que período (semestre) do curso você encerrou as suas atividades de extensão?” evidencia-se na Figura 8 que 76% dos encerramentos das atuais atividades desenvolvidas ocorrem a partir do 6º semestre, dos quais 22% representam os encerramentos ocorridos no 8º semestre, período a partir do qual os alunos iniciam a busca por estágio e começam a se preparar para trabalharem no desenvolvimento do Trabalho de Graduação (Trabalho de Conclusão de Curso). Figura 8 – Questão 8: Em que período (semestre) do curso você encerrou as suas atividades de extensão? Fonte: Autoria própria (2021). Como explicitado por alguns alunos, a distribuição de carga horária destas atividades ao longo do curso “se não planejada corretamente, pode vir a entrar em conflito com matérias obrigatórias, estágio ou ainda na realização do trabalho de graduação”. Desta forma, compreender estas limitações implica em avaliar a distribuição da EU na carga horária por períodos do curso, visando maior engajamento e aproveitamento ao longo da graduação 47 nessas atividades, sem que haja interferência negativa na qualidade do ensino e do aprendizado. Identifica-se, através das respostas obtidas na questão 9 – “Quais atividades de extensão você já desenvolveu?” a especificação, perante o estabelecido pela Resolução UNESP nº 33 (SÃO PAULO, 2011) e apresentado na seção 2.4 deste trabalho, em que essas atividades desenvolvidas se enquadram. Os resultados desta questão (Figura 9) explicitam que 45,4% das atividades desenvolvidas compreendem eventos, sendo 26,3% técnico-científicos e 19,1% artístico-culturais. Nesse caso, uma sugestão de melhoria e aproveitamento deste cenário, compreende aumentar o período de desenvolvimento desses eventos, através da atribuição de atividades preliminares ao mesmo, de forma a promover a interação e preparação dos convidados da comunidade externa, possibilitando-os a participação em condições similares à comunidade universitária. Ao analisar as demais respostas obtidas nesta questão, verifica-se que 17,1% dos alunos desenvolveram atividades articuladas com ensino, pesquisa e EU, categoria que na Engenharia Civil consiste no “[…] atendimento orientado a visitantes em centros e espaços de ciência e tecnologia, campanhas” (UNESP, 2011, p. 1). Outra atividade, com índice de participação similar, engloba publicações e produtos acadêmicos de EU (15,8%) que correspondem à divulgação social, cultural artística, científica ou tecnológica. Os índices menos representativos obtidos identificaram que 11,2% dos alunos realizaram atividades de EU de educação continuada, e outros 10,5% prestaram serviços, os quais abrangem respectivamente, a realização de cursos de EU, e emissão de laudo pericial; análises de solo; análise de qualidade de produtos. Figura 9 – Questão 9: Quais atividades de extensão você já desenvolveu? Fonte: Autoria própria (2021). 48 Ao tratar das dificuldades enfrentadas pelos alunos no desenvolvido das atividades de EU, a interpretação das respostas obtidas na questão 10 – “Quais foram as dificuldades encontradas para o desenvolvimento das suas atividades de extensão?” resultou em quatro principais tópicos, apresentados junto a sua respectiva justificativa e alternativa para solução no Quadro 3. Referente aos aspectos positivos que o desenvolvimento da EU acarreta para os alunos, a análise é feita por meio da questão 11 – “Quais foram os fatores e resultados positivos da atividade de extensão (experiências, novos conhecimentos, etc) que mais se destacaram na sua visão?”, e as respostas obtidas estão sintetizadas no Quadro 4, com suas respectivas justificativas. 49 Quadro 3 – Dificuldades no desenvolvimento das atividades de EU (continua) Dificuldade Justificativa Alternativas Conciliar as atividades de EU com a grade horária curricular atual Os alunos explicitam que “a metodologia de ensino da universidade […] demanda uma carga horária extensa para as atividades acadêmicas” o que leva as “atividades de extensão, reuniões e eventos serem realizados no período noturno” e em consequência “como o tempo de dedicação às atividades não é considerado pela universidade na composição da grade horária, este pode sobrecarregar o aluno”. Com o atendimento a Resolução nº 7 (BRASIL, 2018) a necessidade de desenvolver as atividades de EU em períodos adicionais é extinta, visto que ao realizá-las os alunos estarão compondo horas da grade curricular. Assim, torna-se importante trabalhar na definição de períodos específicos em que essas possam ser desenvolvidas. Para isso deverão ser trabalhadas e analisadas atividades não só isoladas, como integradas às disciplinas, visando um melhor aproveitamento da grade horária, mantendo qualidade do curso e aprimorando o desenvolvimento do aluno na EU. Falta de apoio do corpo docente e administrativo É comentado que “as principais dificuldades estão ligadas a falta de amparo da instituição em relação O amparo administrativo pode ser iniciado através de uma ampla divulgação de informação acerca da EU, 50 Quadro 3 – Dificuldades no desenvolvimento das atividades de EU (continuação) Dificuldade Justificativa Alternativas à extensão, a atenção e o suporte que ela presta aos alunos […]”. Fato esse, também decorrente da extensa carga horária acadêmica, uma vez que no acompanhamento dos docentes às atividades é perceptível a “falta de cooperação de alguns professores em certos casos (em que é necessária uma reunião ou alguma avaliação, por exemplo) por inacessibilidade do mesmo […]”; a dificuldade na “base dos professores quanto ao assunto abordado na extensão” e em “trabalhar mais disciplinas do curso”. compostas por palestras, cursos, rodas de conversa e ainda, uma ouvidoria para que dúvidas sejam sanadas o mais breve possível, de forma a trazer não somente conceitos básicos e fundamentais para o efetivo desenvolvimento da EU, como também técnicas e exemplos para que hajam atualizações e constantes melhorias nas atividades desenvolvidas; A realização de atividades integradas às disciplinas também atuará como forma de instigar e potencializar o acompanhamento docente nas atividades de EU desenvolvidas. Baixa participação discente em atividades/eventos realizados Reflexo também da extensa carga horária é a “[…] falta de adesão das atividades pelos alunos […]”, Como meio de promover as atividades proporcionadas e aumentar o engajamento da 51 Quadro 3 – Dificuldades no desenvolvimento das atividades de EU (continuação) Dificuldade Justificativa Alternativas dificuldade diretamente relacionada à realização de atividades fora do horário de aula, como no comentário que expõe que os “[…] eventos eram realizados no período noturno […]”. comunidade acadêmica, é válido analisar a possibilidade de contabilizar a participação desses alunos. Os créditos a serem gerados através dessa participação devem ser delimitados por semestre, dessa forma, é apresentada uma quantidade mínima e máxima de horas a serem realizadas, e assim, elevar os índices da participação dos alunos nas atividades promovidas, sem que essa participação substitua o desenvolvimento de atividades de EU. Falta de financiamento e infraestrutura para o desenvolvimento das atividades De maneira geral, são encontradas dificuldades devido a “[…] falta de espaço adequado para desenvolvimento das atividades e encontros/reuniões” e na realização de atividades que incluem pesquisa “[…] dependendo da área É importante considerar a possibilidade da criação de um ambiente para o devido desenvolvimento dessas atividades, como um espaço de coworking, em que todas as equipes das atividades de EU possam realizar suas respectivas reuniões e 52 Quadro 3 – Dificuldades no desenvolvimento das atividades de EU (conclusão) Dificuldade Justificativa Alternativas escolhida existem inúmeros equipamentos e meios que possibilitam a realização da pesquisa, mas em outros casos a infraestrutura é escassa”. desenvolvimentos; A escassez de equipamentos e materiais em grande parte está diretamente relacionada às políticas de investimento da Universidade. Como alternativa, além da busca de parcerias com empresas, a submissão dessas atividades em editais de concessão de bolsas, como no caso de projetos de EU. Fonte: Autoria própria, 2021. 53 Quadro 4 – Oportunidades no desenvolvimento das atividades de EU (continua) Oportunidades Justificativa Novos conhecimentos A experiência nas atividades de EU são colocadas pelos alunos como “[…] um bom meio de sair do âmbito de aulas e provas que a faculdade propõe e estender a visão para novas áreas, maior contato com projetos de cunho técnico-científico que vão além dos temas abordados na graduação; possibilidade de elaboração de artigos, permitindo conhecer novas metodologias, aplicação de novos materiais e tendências na engenharia”. Trabalho em equipe As atividades de EU possibilitam o convívio com “[…] pessoas diferentes, de anos e cursos diferentes” gerando o desenvolvimento nos participantes de “[…] comunicação eficaz, liderança, flexibilidade e trabalho em equipe”. Desenvolvimento de soft skills Para os participantes de EU “o conhecimento adquirido e o desenvolvimento de soft skills, competências sociais e emocionais” são principais fatores positivos na realização destas atividades, de forma a corroborar com o contexto das novas DCN’S do Curso de Graduação em Engenharia, que focam no desenvolvimento de competências e visam “[…] estimular a realização de atividades curriculares, de extensão ou de aproximação profissional, que articulem o aprimoramento e a inovação de vivências relativas ao campo de formação […]” (BRASIL, 2019, p.34). 54 Quadro 4 – Oportunidades no desenvolvimento das atividades de EU (continuação) Oportunidades Justificativa Impacto na comunidade Os alunos enxergam na EU a “possibilidade de impactar nas vidas das pessoas da cidade, oferecendo conhecimento sobre a faculdade. A ideia de fazer parte de uma entidade que visa melhorar a qualidade de vida dos alunos durante essa fase da vida também é um ponto muito positivo pra mim”, para eles “[…] esse contato com a sociedade externa à FEG e o fato de retribuir tudo que é dado pela UNESP para a cidade foi o mais positivo” ao decorrer do desenvolvimento. Realidade prática Os aprendizados das atividades de EU complementam a teoria da sala de aula, de forma a possibilitar o aluno a “colocar em prática aquilo que de fato está aprendendo na graduação, assim como aumentar o contato com a realidade "pratica" aplicada fora dos casos teóricos. […]”. Relacionamento interpessoal As experiências no decorrer das atividades promovem o “[…] aprimoramento de capacidades pessoais de gestão e relação interpessoal”. 55 Quadro 4 – Oportunidades no desenvolvimento das atividades de EU (conclusão) Oportunidades Justificativa Gestão de tarefas As atividades de EU exigem maior “gerenciamento de processos/tarefas […]” e consequentemente leva o participante à “[…] evoluir na organização e experiências pessoais”. Fonte: Autoria própria, 2021. 56 Compreendido o desenvolvimento da EU por 56% dos alunos do curso de Engenharia Civil da UNESP-FEG entrevistados, analisam-se os demais 44% da amostra, correspondente aos não participantes de EU. Essa análise possibilita o entendimento do que leva a esta não participação, de forma a identificar os aspectos a serem trabalhados para que seja possível fornecer condições à participação de todos os alunos. Esse entendimento é feito por meio dos dados obtidos na questão 12 – “Por quais motivos você não desenvolveu atividades de extensão universitária durante a graduação?”, dispostos na Figura 10 e que especificam que 43% dos alunos não participaram das atividades de EU devido à falta de oportunidade para o desenvolvimento das mesmas, possivelmente decorrente da extensa grade horária da graduação, ou ainda a ocorrência das atividades de EU no período noturno o que acaba por limitar a participação, principalmente se tratando de alunos que moram mais distante do Campus, tal como o exposto no seguinte comentário: “Morava longe de Guaratinguetá, então participar de extensões com reuniões no período noturno era inviável […]”. Em ambos os casos, avaliar a integração das atividades nas disciplinas, tende a ser uma opção viável, todavia para isso é necessário considerar também as respostas obtidas nas Questões 14, 16 e 23 do questionário aplicado, respectivamente: “De quais atividades de extensão você gostaria de participar durante a sua graduação”; “Na sua opinião, quais atividade de extensão são mais adequadas e interessantes para os alunos da Engenharia Civil?”;e, “De que forma você prefere desenvolver as atividades obrigatórias de extensão durante a sua graduação?”. A falta de conhecimento sobre o que é EU levou 19% desses alunos a não participarem dessas atividades, em decorrência da baixa efetividade na divulgação do conceito de EU e que como comentado anteriormente, pode ser ampliada com a inclusão da apresentação, não somente do conceito, como de exemplos, na disciplina de “Introdução a Engenharia” (apresentado na seção 4.2), além de um maior amparo administrativo, por meio da divulgação de informações fundamentais e para constantes melhorias e atualizações (apresentado no Quadro 3). A ausência de interesse em participar de atividades de EU foi evidenciada em 11% dos alunos não participantes, o que pode ser ocasionado não somente pela falta de conhecimento acerca da EU, como pela dificuldade atrelada a conciliar as atividades à extensa carga horária da graduação. Com o atendimento à Resolução nº 7 (BRASIL, 2018), mesmo esses alunos que não demonstram interesse deverão participar das atividades de EU, tornando-se assim necessário promover a efetiva participação, visando despertar o interesse desses alunos. Desta forma, é conveniente trabalhar em conjunto com as opções previamente apresentadas, de 57 integração das atividades às disciplinas, e de maior repasse dos conhecimentos acerca da EU, desde conceitos a exemplos de aplicação das atividades. Figura 10 – Questão 12: Por quais motivos você não desenvolveu atividades de extensão universitária durante a graduação? Fonte: Autoria própria (2021). Os outros motivos (27%) citados nos comentários acabam por fornecer informações ainda mais específicas com relação a não participação nas atividades de EU, e são agrupados no Quadro 5, junto aos principais comentários onde foram expostos e as alternativas para os mesmos. 58 Quadro 5 – Motivos da não participação em atividades de EU (continua) Motivo Comentário Alternativas Conciliar as atividades de EU com a grade horária do curso Decorrente à extensa carga horária do curso, alguns alunos não participaram em atividades de EU devido à “falta de tempo para conseguir conciliar os estudos (aulas) e a extensão”. Ao atender a Resolução nº 7 (BRASIL, 2018) será necessário trabalhar para conciliar os horários das atividades de EU com o da grade do curso, por meio do ajuste da carga horária das disciplinas de forma equilibrada às: (1) especificidades de cada semestre (questão de períodos de adaptação iniciais, nível das disciplinas, etc); (2) integração de atividades de EU às disciplinas, que posteriores a uma análise sejam intituladas como adequáveis a essa inclusão; (3) Reorganização das disciplinas, que após análise permitam a mesma sem que haja interferência na qualidade do ensino, para que sejam liberados horários para realização de atividades de EU isoladas às disciplinas. 59 Quadro 5 – Motivos da não participação em atividades de EU (continuação) Motivo Comentário Alternativas Adaptação ao ano inicial do curso Verifica-se a condição preliminar ao desenvolvimento das atividades de EU de adaptação ao curso, em comentários como o do aluno: “Eu queria primeiro me adaptar ao curso e depois que me adaptasse puxaria alguma extensão”. Como já sugerido na análise da questão 7, uma alternativa é aproveitar os períodos iniciais do curso como períodos de adaptação, introdução e apresentação destes alunos ao universo da EU, por meio de eventos, atividades, proporcionados pelo corpo administrativo e docente do campus, além de todo o conteúdo a ser integrado a disciplina de “Introdução a Engenharia” acerca da EU. Dúvidas se a atividade que participa se encaixa como extensão Os alunos demonstraram incerteza quanto à validação se as atividades em que participam seriam consideradas como extensão, como o apresentado no seguinte comentário “pelo que entendi do vídeo, fiquei na duvida se o CAEC se enquadraria como extensão”. É necessário um trabalho de esclarecimento junto aos alunos (principalmente os ingressantes no curso), sobre a EU e as atividades enquadradas como tal. Para as atividades já existentes, e com o objetivo de solucionar estas dúvidas é de extrema importância que os órgãos colegiados locais 60 Quadro 5 – Motivos da não participação em atividades de EU (continuação) Motivo Comentário Alternativas (principalmente a Comisso Permanente de Extensão Universitária e Cultura) divulguem e delimitem as atividades que se enquadram como EU, nas suas diferentes modalidades. Outras soluções incluem aquelas apresentadas no Quadro 3: promover oficinas para a construção do referencial teórico e diagnóstico da realidade extensionista, podendo ainda serem incluídas como pautas de assembleias; além disso também é sugerido a criação de uma ouvidoria para que dúvidas mais simples sejam sanadas com breve tempo de resposta. Processo seletivo A baixa oferta de atividades para o número de alunos reflete na não participação dos mesmos devido a elevada Para criar condição de atingir a totalidade de alunos nas atividades de EU pode-se aumentar a 61 Quadro 5 – Motivos da não participação em atividades de EU (conclusão) Motivo Comentário Alternativas concorrência em processos seletivos, como no caso da aluna que comenta que: “Uma extensão na qual me interessei, não fui aprovada no processo seletivo”. oferta das mesmas, por meio da: busca por adequação das atividades já desenvolvidas, como os grupos acadêmicos que podem vir a se encaixar como EU, explicitadas na seção 2.5; e, ainda da inclusão de novas atividades integradas ou isoladas às disciplinas; De maneira complementar, é interessante definir para cada atividade o número adequado de participantes e os requisitos para participação. Fonte: Autoria própria, 2021. 62 Ao comparar as dificuldades enfrentadas na realização das atividades de EU, apresentadas no Quadro 2, e os motivos que levam à não participação das mesmas, apresentados no Quadro 3, verifica-se que em ambos são considerados a extensa carga horária do curso, evidenciando-a como um ponto de extrema atenção a ser considerado na creditação das atividades de EU, bem como a efetiva apresentação e divulgação do conceito e características da EU para suprimir as dúvidas quanto ao discernimento das mesmas. 4.4 SEÇÃO 4 - INSERINDO A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL Com o atendimento à Resolução nº 7 (BRASIL, 2018) será necessário não somente a interpretação do atual cenário das atividades já desenvolvidas, mas também a verificação da maneira como os alunos enxergam o desenvolvimento adequado das mesmas. O objetivo dessa seção é, além de identificar esses resultados e analisa-los, compara-los ao que já se têm analisado na seção anterior (4.3) deste trabalho. Compreende-se, através dos resultados (Figura 11) da questão 14 –“De quais atividades de extensão você gostaria de participar durante a sua graduação”, que os maiores interesses por atividades de EU estão entre prestação de serviços (24,3%), atividades articuladas com ensino, pesquisa e extensão (18,8%) e eventos técnicos científicos (15,8%). Figura 11 – Questão 14: De quais atividades de extensão você gostaria de participar durante a sua graduação Fonte: Autoria própria (2021). 63 A preferência pelo desenvolvimento de atividades de EU categorizadas como prestação de serviços, apresenta o entendimento claro quando analisados através da questão 25 – “Considerando a resposta anterior, de que forma você acha possível inserir atividades de extensão em disciplinas já existentes?”, a maneira como os alunos enxergam a integração das disciplinas com as atividades de EU, foi explicitada com frequência em comentários como este do aluno que coloca a possibilidade de “Prestar serviços como análises de solo e análise de qualidade de produto […]”. Essa visibilidade de aplicação do conhecimento teórico é a maior evidencia dessa categoria de atividade, bem como o entendimento preliminar de que prestar serviço já é um ato diretamente ligado à comunidade. Sugere-se a inclusão dessas atividades de modo integrada às disciplinas, correlacionando-as a aplicação teórica. Pode-se, por exemplo, promover aos alunos da disciplina de “Materiais da Construção Civil” a possibilidade de analisar materiais de pequenas construções e divulgar resultados obtidos a comunidade. Já os alunos de “Mecânica de Solos” e “Fundação de Obras de Terra” podem receber da população e do poder público informações sobre as áreas de risco do município, visando aprimorar o Plano Municipal de Defesa Civil (PMDC). Ao tratar de eventos técnicos científicos, a interpretação das respostas da questão 11 – “Quais foram os fatores e resultados positivos da atividade de extensão (experiências, novos conhecimentos, etc) que mais se destacaram na sua visão?" evidenciou a visão de alunos que acreditam “[…] que integrar um conhecimento teórico e passá-lo adiante de uma forma prática, como em cursos ou em organizações de evento é bastante gratificante e é benéfico” e especificaram que estas atividades oferecem a “possibilidade de impactar nas vidas das pessoas da cidade, oferecendo conhecimento sobre a faculdade, […] trazer conteúdos que ajudam na especialização dos alunos da faculdade para o mercado de trabalho e a realização de eventos de impacto nacional na faculdade, engrandecendo o nome da faculdade e capacitando e informando alunos de todo Brasil […]”. Desta forma, a realização de eventos técnicos científicos pode ser atendida com o oferecimento de cursos e capacitações para a comunidade, por meio de oficinas e workshops, que agreguem conhecimentos teóricos acerca de temas relacionados às disciplinas da graduação em engenharia civil, como por exemplo, a realização de cursos sobre o gerenciamento da construção civil, softwares e programas utilizados em projetos, concurso de pontes (como o que já é realizado pelo CAEC), oficinas de construção civil, dentre outras. 64 As opções, além das definidas pela Resolução UNESP nº 33 (SÃO PAULO, 2011), foram apresentadas pelos alunos na opção “outras” (Quadro 6), com suas respectivas análises de relação com as especificações estabelecidas em Resolução e alternativas de melhorias. 65 Quadro 6 – Análise das outras atividades de EU que os alunos gostariam de participar (continua) Atividade Atende especificações das atividades definidas pela Resolução UNESP nº11/2012? Especificação Sugestões de aprimoramento Sim Não Parcialmente Empresa Júnior Prestação de serviços; - Equipes e grupos de competição, como os já atuantes no Campus:  AeroFEG;  Baja;  FEG Robótica; Eventos técnico-científicos; Publicações e produtos acadêmicos de extensão universitária; Prestação de serviços. Nenhum dos grupos que atuam na UNESP-FEG, explicitados na coluna “Atividades” desse quadro, desenvolve atividades no âmbito da Engenharia Civil. Assim, sugere-se buscar por competições que estejam relacionadas ao curso de Engenharia Civil, como por exemplo: a Solar 66 Quadro 6 – Análise das outras atividades de EU que os alunos gostariam de participar (continuação) Atividade Atende especificações das atividades definidas pela Resolução UNESP nº11/2012? Especificação Sugestões de aprimoramento Sim Não Parcialmente  FEG Rocket;  FENRIR;  Fórmula. Decathlon, que consiste em uma competição de projetos residenciais com sistema de geração de energia fotovoltaica ecos-eficientes e de bom custo-benefício; As atividades realizadas para competições exigem a aplicação de conhecimentos técnicos, necessitando incluir em maiores escalas a atuação junto à 67 Quadro 6 – Análise das outras atividades de EU que os alunos gostariam de participar (continuação) Atividade Atende especificações das atividades definidas pela Resolução UNESP nº11/2012? Especificação Sugestões de aprimoramento Sim Não Parcialmente comunidade, por meio de capacitações e treinamentos relacionados a teoria e prática e também pela inclusão de algum grupo social nessa competição, criando uma esfera de interação Universidade-comunidade. Elaboração e análise de projetos Publicações e Produtos Acadêmicos de extensão universitária; Prestação de - 68 Quadro 6 – Análise das outras atividades de EU que os alunos gostariam de participar (continuação) Atividade Atende especificações das atividades definidas pela Resolução UNESP nº11/2012? Especificação Sugestões de aprimoramento Sim Não Parcialmente Serviços. Grupos acadêmicos Variável Informalmente, muitos grupos estudantis e acadêmicos da FEG se reconhecem como grupos extensionistas. Porém, atendem parcialmente (ou não atendem) às diretrizes estabelecidas pela Resolução UNESP nº 33 (SÃO PAULO, 2011). A falta de envolvimento direto da comunidade 69 Quadro 6 – Análise das outras atividades de EU que os alunos gostariam de participar (conclusão) Atividade Atende especificações das atividades definidas pela Resolução UNESP nº11/2012? Especificação Sugestões de aprimoramento Sim Não Parcialmente extramuros é, provavelmente, o principal fator que deve ser trabalhado para que as atividades destes grupos possam ser efetivamente qualificadas como EU. Fonte: Autoria própria (2021). 70 Os interesses pelas atividades de EU direcionados a graduação específica em Engenharia Civil foram analisados através da questão 15 – “Na sua opinião, quais atividades de extensão são mais adequadas e interessantes para os alunos da Engenharia Civil?” e apresentados na Figura 12, e contemplam em sua maioria a prestação de serviços (27,4%), atividades articuladas com ensino, pesquisa e extensão (18,9%) e eventos técnicos científicos (18,2%), resultado semelhante ao da questão 14. Figura 12 – Questão 15: Na sua opinião, quais atividades de extensão são mais adequadas e interessantes para os alunos da Engenharia Civil? Fonte: Autoria própria (2021). Em relação às outras atividades que os alunos julgam adequadas e interessantes para o corpo discente, é citado como opção o desenvolvimento de estágios ao decorrer do curso, com o intuito de gerar maior vínculo com empresas, o que por si só não compõe atividades de EU. No entanto, desde que o estágio apresente um vínculo com a comunidade, e, seguindo o disposto no Art. 17 da Resolução UNESP nº 11 (SÃO PAULO, 2012) cumpra com as exigências curriculares e conte com a supervisão, poderão ser contabilizadas as atividades de EU como estágio. O aumento do vínculo com empresas pode se dar tanto pela realização do estágio em si, seguindo as especificações apresentadas anteriormente, como também ser elaborada com base nas atividades listadas na Resolução UNESP nº 33 (SÃO PAULO, 2011) e realizada por meio de parcerias com empresas da região para: realização de educação continuada, eventos, tanto técnicos-científicos quanto artísticos-culturais, publicações e produtos acadêmicos e ainda a prestação de serviços. 71 De forma a comparar as especificações de atividades que são realizadas, desejadas e consideradas adequadas, relacionam-se os dados apresentados nas Figuras 8, 10 e 11 no gráfico da Figura 13, por meio do qual se verifica que apesar da prestação de serviços ser considerada como a atividade mais adequada para os graduandos em Engenharia Civil (27,4%) é atualmente a menos desenvolvida (realizada por apenas 10,5% da amostra de participantes de EU). Essa divergência pode ser explicada pelo fato de a prestação de serviços ser vista atrelada a um maior desenvolvimento acadêmico e aplicabilidade dos conceitos do curso, desta forma, acabam por exigir maior rigor técnico e, consequente, maior amparo docente e carga horária. Por outro lado, os eventos, tanto técnico-científicos quanto artístico-culturais, representam 45,4% dos participantes de EU deste questionário, e tendem a ocorrer com maior frequência por serem atividades desenvolvidas em menor espaço de tempo e esporádicas, favorecendo a realização, muitas das vezes, com a participação, apoio e/ou parceria de empresas e profissionais da área. Figura 13 – Participação nas atividades de extensão definidas pela Resolução UNESP nº 33 (SÃO PAULO, 2011), comparação entre as respostas das questões 9,14 e 15 Fonte: Autoria própria (2021). 72 Para ampliar a inclusão das atividades vistas como mais interessantes e adequadas pelos alunos, sugere-se implementá-las gradualmente nas disciplinas do curso fomentando a necessidade de maior amparo acadêmico e demanda de carga horária. Para isso, sugere-se que as atividades de prestação de serviço e eventos técnicos científicos sejam integradas às disciplinas do curso, sendo necessária uma análise de quais disciplinas atenderiam essas atividades Essa análise é apresentada no Quadro 8 da seção 4.6. Ao analisar o período considerado adequado para o desenvolvimento da EU, verifica- se através dos dados coletados da questão 18 – “A partir de qual período (semestre) do curso de Engenharia Civil você considera mais adequado que os alunos iniciem o desenvolvimento de atividades de extensão?” apresentados na Figura 14, que 44% dos respondentes consideram o 3º semestre como período adequado para o início destas atividades, reflexo direto da insegurança presente no primeiro ano do curso e que confirma comentários como este “[…] queria primeiro me adaptar ao curso e depois que me adaptasse puxaria alguma extensão”. Desta forma, sugere-se que antes desse período, além de uma ampla divulgação dos conceitos e exemplos de EU, tanto em disciplinas como “Introdução à Engenharia” e em eventos específicos (propostos respectivamente nas análises das questões 5 e 10), sejam incluídas atividades de EU que apresentem caráter introdutório e potencializem essa adaptação necessária no 1º e 2º semestre do curso. Figura 14 – Questão 18: A partir de qual período (semestre) do curso de Engenharia Civil você considera mais adequado que os alunos iniciem o desenvolvimento de atividades de extensão? Fonte: Autoria própria (2021). 73 Ao comparar o período ideal para o início do desenvolvimento das atividades de EU com o atualmente realizado pelos alunos, através da junção na Figura 15 dos dados das Figuras 6 e 13, verifica-se que, apesar do 3º semestre ser considerado como o mais adequado, o mesmo não corresponde ao mais frequente no atual desenvolvimento dessas atividades. Figura 15 – Comparação entre as respostas da questão 7 – “Em que período (semestre) do curso você começou a desenvolver atividades de extensão?” e questão 18 – “A partir de qual período (semestre) do curso de Engenharia Civil você considera mais adequado que os alunos iniciem o desenvolvimento de atividades de extensão?” Fonte: Autoria própria (2021). Com relação ao período a partir do qual o desenvolvimento de atividades de EU se torna mais difícil na visão dos alunos, a Figura 16 apresenta as respostas obtidas na questão 19 – “A partir de qual período (semestre) do curso de Engenharia Civil você considera que os alunos terão mais dificuldades para desenvolver atividades de extensão, em decorrência de outras atividades do curso e/ou outros fatores?”, e aponta maior dificuldade a partir do 9º semestre (20%). Compreende-se essa escolha através de CGEC (2006) que apresenta nas disciplinas do 5º ano, além do Trabalho de Graduação, o estágio obrigatório, que devido à localização do campus, acaba, muitas vezes, por deslocar o aluno e ausentá-lo da Universidade na maior parte da semana. Complementar a essa compreensão, incluem-se os comentários obtidos no questionário, os quais explicitam que “o estágio e o trabalho de 74 graduação, no último ano do curso, podem acabar tomando o tempo/foco do aluno”. Ao considerar essa limitação atrelada ao 9º e 10º semestre do curso, sugere-se que a distribuição de atividades de EU na grade horária desses períodos seja menor quando comparada aos demais. Verifica-se ainda que 19% das respostas obtidas na Questão 19 atribuem ao 5º semestre o segundo maior índice percentual de dificuldades para a realização de atividades de EU. Isso se justifica em decorrência do aumento no número de disciplinas do núcleo profissionalizante a partir desse período, como sugestão de aprimoramento tem-se a integração das atividades de EU às disciplinas. Figura 16 – Questão 19: A partir de qual período (semestre) do curso de Engenharia Civil você considera que os alunos terão mais dificuldades para desenvolver atividades de extensão, em decorrência de outras atividades do curso e/ou outros fatores? Fonte: Autoria própria (2021). A análise entre os dados apresentados nas Figuras 7 e 15 permite agrupar na Figura 17 a interpretação da comparação entre os mesmos, o que possibilita constatar que o maior índice de encerramentos do desenvolvimento de atividades de EU ocorre no 8º semestre, anterior ao levantado como o de maior dificuldade para realização de EU (9º semestre). Considerando o contexto já apresentado anteriormente, de conflito entre essas atividades e a realização do Estágio Curricular e Trabalho de Graduação, compreende-se que essas etapas curriculares exigem um período de preparação, principalmente se tratando de processos seletivos para estágio, o que acaba por reduzir significativamente a participação a partir do 8º período. Desta forma, a alternativa (apresentada na análise da Figura 16) de reduzir a carga horária das 75 atividades de EU no 9º e 10º semestre, pode ser também considerada para o 8º semestre, mesmo que em menores proporções, junto a uma maior integração das disciplinas desse semestre com atividades de EU. Figura 17 – Comp