Reatividade na ordenha em cabras primíparas da raça Saanen e suas relações com a produção e qualidade do leite

Abstract

A alta reatividade das cabras na ordenha pode atrapalhar o manejo e ter efeitos indesejáveis na produção do leite, nas características de qualidade do leite e no cortisol sanguíneo. No primeiro capítulo encontra-se uma revisão de literatura sobre os temas principais dessa tese. O objetivo do segundo capítulo foi avaliar os efeitos do treinamento pré-parto de cabras primíparas sobre o comportamento, produção do leite e características de qualidade do leite. As cabras treinadas apresentaram menor latência para se aproximar dos humanos aos 30 dias de lactação em comparação à avaliação realizada antes do treinamento e também tiveram uma produção média diária de leite superior (0,5kg/dia) do que as cabras sem treinamento. Além disso, no início da lactação 73% das cabras sem treinamento necessitaram de contenção, enquanto nas cabras treinadas, 45%. O cortisol sanguíneo apresentou maiores valores aos 60 dias de lactação quando comparadas ao pré-parto. As características de qualidade do leite apresentaram diferenças significativas entre os dias de avaliação, exceto na contagem bacteriana total e na contagem de estafilococos. Sendo assim, o protocolo de treinamento não impactou a reatividade, o cortisol sanguíneo e nem a qualidade do leite, entretanto, houve uma tendência de aumento de produção de leite e redução do número de animais contidos na ordenha. O objetivo do terceiro capítulo foi investigar a progressão da reatividade à ordenha de cabras primíparas ao longo do período da lactação e suas implicações no início do período de lactação na produção e qualidade do leite e na concentração do cortisol plasmático. A reatividade das cabras foi avaliada por meio de dois escores durante a ordenha e houve uma redução desses escores ao longo do período de lactação, indicando que as cabras se habituaram aos procedimentos de ordenha. O único efeito da reatividade na ordenha foi no percentual de gordura do leite, sendo que as cabras menos reativas apresentaram mais gordura no leite quando comparadas com as mais reativas, no dia 10 de lactação.

High goat’s milking reactivity can affect management and has undesirable effects on milk yield, milk quality traits, and blood cortisol levels. The first chapter provides a literature review on the main topics of this thesis. The second chapter aimed to evaluate the effects of prepartum training of primiparous goats on behavior, milk yield, and milk quality characteristics. The trained goats showed a lower latency to approach humans at 30 days of lactation compared to the evaluation carried out before training, and they also had a higher average daily milk yield (0.5 kg/day) than the untrained goats. Additionally, at the beginning of lactation, 73% of the untrained goats required restraint, while only 45% of the trained goats did. Blood cortisol levels were higher at 60 days of lactation compared to prepartum. The milk quality characteristics showed significant differences between the evaluation days, except for total bacterial and staphylococcal counts. Therefore, the training protocol did not impact milking reactivity, blood cortisol, or milk quality; however, there was a trend toward increased milk yield and a reduction in the number of animals requiring restraint during milking. The third chapter aimed to investigate the progression of primiparous goats' milking reactivity throughout the lactation period and its implications for milk production, milk quality, and plasma cortisol concentration at the beginning of lactation. The milking reactivity of goats was assessed using two scores. There were a reduction in milking reactivity scores throughout the lactation period, indicating that the goats became habituated to the milking procedures. The only effect of milking reactivity was on the milk fat percentage, with less reactive goats presenting higher milk fat content compared to highly reactive ones on day 10 of lactation.