A psiquiatrização da existência: dos manicômios à neuroquímica da subjetividade

Carregando...
Imagem de Miniatura

Data

2013-08-09

Autores

Ferrazza, Daniele de Andrade [UNESP]

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo elaborar uma crítica da psiquiatrização da existência focalizando, particularmente, as relações entre a racionalidade biológica e as estratégias de ampliação da intervenção psiquiátrica em contingentes populacionais cada vez maiores e nas mais variadas esferas da vida. Inspirada na genealogia foucaultiana, a pesquisa inicia seu exame histórico pelo alienismo pineliano compreendido como o modo disciplinar pelo qual se deu a apropriação inaugural da loucura pela medicina. São, a seguir, analisados os diferentes formatos historicamente apresentados pelo organicismo psiquiátrico desde sua introdução pela teoria da degenerescência moreliana do século XIX até as reformas preventivistas do pós-guerra. Desenvolve-se, então, à luz da análise histórica encetada, um exame do conjunto de fatores envolvidos na atual ênfase psicofarmacológica pela qual a psiquiatria contemporânea vai estender seu reducionismo biológico, agora apoiado na química da neurotransmissão, às mais diversas circunstâncias da existência humana. No percurso da análise são abordados o conluio entre a psiquiatria e a indústria farmacêutica e o correlato papel desempenhado pelas sucessivas edições dos DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) na extraordinária multiplicação das possibilidades diagnósticas pela qual a psiquiatria vem dispondo a sua psicofarmacologia como recurso explicativo e regulador da pluralidade das manifestações da subjetividade contemporânea. Sob essa base, são criticamente problematizadas as perspectivas atuais de uma psiquiatria que, na busca de realizar o sonho de integrar-se à medicina científica que a embala desde o século XIX, teria aceitado a sobredeterminação da identidade de seu domínio de saber e de sua prática clínica por...
This work aims to develop a critique of psychiatrization of existence focusing particularly relations between the biological rationale and strategies for expansion of psychiatric intervention in increasing population contingents and in various walks of life. Inspired by Foucault's genealogy, the research begins its historical review from pinelian alienism, this understood as the disciplinary mode appropriation inaugural of madness by medicine. Following, are analyzed the different historical formats presented by psychiatric organicism since its introduction by the morelian theory of degeneration in the XIX century until the preventive reforms of the postwar. Develops, so, in the light of initiated historical analysis, an examination of the set factors involved in the current emphasis on psychopharmacological which contemporary psychiatry will extend its biological reductionism, basing many circumstances of human existence on chemical neurotransmission. On the way of the analysis are addressed the complicity between psychiatry and pharmaceutical industry and the correlative role played by successive editions of the DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) in its extraordinary multiplication of possibilities diagnostic which psychiatry has been providing its psychopharmacology object as explanatory regulator and plurality of manifestations of contemporary subjectivity. Under this basis, are critically problematized current perspectives of psychiatry that, in seeking to realize the dream to integrate scientific medicine to packs since the XIX century, have been accepting the over determination of this field identity knowledge and its clinical practice by a promoted psychopharmacology in major companies psychopharmacs. Finally, it is suggested that psychiatry, reduced to a mere prescription intermediation... (Complete abstract click electronic access below)

Descrição

Palavras-chave

Psiquiatria, Saude mental, Subjetividade, Psicologia social, Social psychology

Como citar

FERRAZZA, Daniele de Andrade. A psiquiatrização da existência: dos manicômios à neuroquímica da subjetividade. 2013. 148 f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Assis, 2013.