A literatura de autoajuda no cotidiano docente: questões para se pensar sobre a identidade do professor
Abstract
O trabalho reporta-se ao universo da formação de professores, focando a afetividade e a identidade docente. Nesse contexto, privilegiou-se a literatura de autoajuda e suas influências ao exercício da docência, pois notou-se que essa tem sido recorrente no discurso de professores da educação básica, além de emergir como um fenômeno de vendas. Assim, pontuou-se como objetivos: (a) averiguar entre professores de um município do interior paulista a existência ou não da literatura de autoajuda em seu cotidiano; (b) verificar se e como essa literatura influencia a prática pedagógica e a identidade desses professores. Realizamos uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório, com a aplicação de questionários e análise de conteúdo (BARDIN, 1979). 55 professores que lecionam na Educação Infantil e no Ensino Fundamental I responderam aos questionários. Os dados mostram que 43 professores utilizaram a literatura de autoajuda em sua vida pessoal e/ou profissional. Ficou clara a relação entre a dimensão pessoal e profissional dos professores. No plano pessoal, os livros corroboram com os relacionamentos humanos ou com fatores internos (para amadurecimento espiritual, redução da ansiedade, etc.). No plano profissional, os livros colaboram com as dimensões técnica e humana do trabalho docente (CANDAU, 1991), mas destacou-se a contribuição para as interações humanas estabelecidas no exercício da profissão. Reconhecemos que a literatura de autoajuda gerou contribuições aos professores, podendo influenciar a constituição de sua identidade. Mas questionamos: Por que os professores optam por buscar apoio nessa literatura? Será que eles buscam, nesses livros, uma formação que não tem sido devidamente contemplada nos cursos de formação de professores e nas políticas públicas?
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