Criando parcerias entre a Universidade e a Comunidade na análise da qualidade ambiental

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Data

2001

Autores

Freitas, Maria Isabel Castreghini de [UNESP]

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

Este projeto objetiva desencadear ações conjuntas envolvendo pesquisadores da Universidade, Organizações Não Governamentais (ONGs) e a Comunidade que estejam atuando na análise da qualidade ambiental no Estado de São Paulo. No ano de 1995 teve início a elaboração da proposta encaminhada para o Programa para Suporte às Universidades da United States Information Agency (USIA), especificamente na área de Meio Ambiente, por iniciativa de professores do Departamento de Geografia da Universidade de Auburn (AL), em parceria com o professores do Departamento de Cartografia e Análise da Informação Geográfica e do Centro de Análise e Planejamento Ambiental (CEAPLA) do IGCE. Somente no final de 1996 o projeto teve seu início efetivo, com o objetivo de realizar uma análise comparativa das atuações de Universidades e ONGs nos Estados de São Paulo e do Alabama, desenvolver projetos de pesquisa de cunho ambiental voltados para Educação, utilizando técnicas de percepção e recursos da informática, bem como promover eventos científicos e cursos que permitissem o amplo debate e discussão tendo como tema central o Meio Ambiente. Hoje o projeto funciona com a participação de 2 professores americanos (Dr. Richard Perritt e Dr. Michele Masucci) e 2 professores da UNESP (Profa. Dra. Maria Isabel C. Freitas Viadana e Profa. Dra. Magda Adelaide Lombardo), 2 funcionários da SOS MATA ATLÂNTICA (Márcia Hirota e Samuel R. Barreto) além de professores da rede estadual de ensino, bolsistas e estagiários. O projeto de pesquisa visando o Mapeamento das ONGs Ambientalistas do Estado de São Paulo, sob minha coordenação, objetiva identificar as ONGs que atuam no Estado de São Paulo, conhecer sua estrutura e formas de atuação, além de realizar um mapa de distribuição espacial das mesmas. Aplicou-se um questionário nas ONGs Ambientalistas, das quais 40 enviaram resposta, a grande maioria localizada na Grande São Paulo, setores central e litorâneo do Estado, área de grande concentração populacional e pólos de atração turística. Como resultado da pesquisa pode-se observar que a maioria das ONGs consultadas atua no Estado de São Paulo e tem caráter regional, tendo como prioridade os projetos de educação ambiental. Com respeito aos projetos em desenvolvimento, elas podem ser classificadas em ONGs de Grande, Médio e Pequeno Porte, considerando-se infra-estrutura, número de funcionários e acesso a órgãos financiadores. Com relação ao trabalho em parceria, reconhecem as vantagens dos projetos com o poder público no que se refere ao reconhecimento e à credibilidade, além do ganho bilateral de experiência. Consideram como desvantagens a falta de continuidade administrativa, as divergências ideológicas, a pouca eficiência de alguns setores e a burocracia. Nas parcerias com outras ONGs são consideradas vantagens o fortalecimento das posições do grupo, a possibilidade de interação e articulação dos diversos setores da sociedade. Dentre as desvantagens estão a necessidade de negociação permanente e a influência da política partidária sobre o movimento ambientalista, além da grande concentração de recursos em poucas ONGs, sendo que a maioria tem dificuldades de acesso a financiamentos. Pode-se observar que os recursos tecnológicos e financeiros são aplicados, na maior parte dos casos, em projetos visando o monitoramento de áreas degradadas e em educação ambiental. Os projetos envolvendo o controle do processo de degradação e a recomposição da paisagem em áreas críticas, são desenvolvidos a nível local e de forma pontual, muito provavelmente em função da complexidade da questão, que tem como requisito transformações profundas em nossa sociedade. O projeto de pesquisa intitulado Educação Ambiental como subsídio para a Escola do Futuro - Estudo de Caso: Bacia do Corumbataí (SP), sob coordenação da Profa. Dra. Magda Adelaide Lombardo, está sendo realizado com o apoio da FAPESP em parceria com a Universidade Estadual Paulista e as Escolas Públicas no município de Rio Claro (SP), visando desenvolver metodologias de análise interdisciplinar relacionadas com a prática da Educação Ambiental. As escolas participantes do projeto são E. E. "Cel. Joaquim Sales" e E. E. "Joaquim Ribeiro", localizadas na cidade de Rio Claro (SP). O objetivo geral é estimular, através de práticas de ensino, a sensibilização e a conscientização ambiental no contexto do cotidiano dos alunos. As práticas didáticas desenvolvidas constituem-se, primeiramente, numa abordagem teórica das disciplinas envolvidas no estudo de análise ambiental e na interdisciplinaridade e multidisciplinaridade que ocorre com o estudo do meio, onde os alunos são deslocados através de 2 Laboratórios Móveis nas diferentes unidades de paisagem, com principal ênfase na bacia hidrográfica, onde são realizados diversos tipos de análises e medições de parâmetros ambientais. O Laboratório Móvel compreende equipamentos de análises físico-químicas da água e do solo, estação meteorológica móvel, cartas e mapas da região de estudo, fotografias aéreas, imagens de satélite, GPS, notebook, máquina fotográfica e filmadora, instalados em uma Van, a qual também auxilia no transporte dos alunos e professores. Os dados são coletados no local de estudo e a análise laboratorial é realizada em cada ponto de coleta no Laboratório Móvel. O projeto busca também novas abordagens paradidáticas como desenhos e imagens fotográficas baseados na representação da paisagem, e atividades lúdicas e de expressão corporal, técnicas teatrais, elaboração de jornais e a criação de vários núcleos de atividades envolvendo a concretização e o desenvolvimento das seguintes atividades: 1) Estudo e análise da água, do ar e do solo; 2) Elaboração de tabelas e gráficos; 3) Replantio de uma área-exemplo de recomposição de mata ciliar, envolvendo os escolares e a comunidade local; 4) Revelação de fotos tiradas pelos próprios alunos; 5) Atividades artísticas como desenhos, painéis e maquetes; 6) Confecção de jornais sobre o meio ambiente; 7) Elaboração e execução de uma peça teatral desenvolvida sobre a temática ambiental; No que se refere à organização de cursos relativos às questões ambientais foram realizados, até o momento, um curso de educação continuada e um curso de extensão universitária, com uma clientela média de 60 pessoas. Teve-se o cuidado de imprimir nos cursos ministrados o caráter multidisciplinar, contando com a participação de professores de 7 diferentes departamentos do Instituto de Biociências e do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da UNESP Rio Claro, além de professores do Ensino Médio e profissionais da Prefeitura Municipal. A clientela principal foi a comunidade de Rio Claro e região, incluindo professores do ensino fundamental e médio, membros de ONGs e de associações de bairro, membros de sindicato rural, funcionários da Casa da Agricultura e de prefeituras da região, participantes de grupos de 3ª idade, estudantes de graduação e pós-graduação. Foram realizados ainda dois eventos de repercussão regional, sendo um Seminário intitulado Pensando e Repensando as Ações no Trato das Questões Ambientais (22/08/97), com 100 participantes inscritos e um Encontro denominado I Encontro entre Universidade e Comunidade na Gestão Ambiental (27/08/98) com 300 participantes. Ambos os eventos possibilitaram amplo debate sobre questões relativas à Análise da Qualidade Ambiental e à Gestão do Meio Ambiente envolvendo profissionais das três Universidades Públicas Paulistas, Organizações Não Governamentais de atuação nacional e regional e representantes da Administração Pública Estadual e Municipal (Secretarias de Planejamento e Meio Ambiente). Os participantes do projeto tiveram a oportunidade de realizar viagens de intercâmbio envolvendo as universidades e ONGs parceiras. Esta experiência de contato com os pesquisadores nos seus locais de origem, o trabalho nas universidades envolvidas, visitas técnicas, trabalhos de campo, participações em reuniões científicas, workshops e a possibilidade de ministrar palestras, possibilitaram um conhecimento aprofundado das diferentes realidades dos Estados envolvidos no projeto - São Paulo e Alabama - e a dimensão da complexidade desta ação. Considero que o maior mérito desta iniciativa esta em integrar profissionais de origens diferentes, com objetivos diversos, em torno de uma única temática: a Análise da Qualidade Ambiental, reflexo das formas de interação entre homem e meio ambiente nas áreas de estudo. Observei, ao longo do processo, que era grande a dificuldade de sistematização metodológica entre a equipe americana e brasileira para atingir este objetivo maior. Esta dificuldade foi contornada a partir do momento que decidimos conduzir as pesquisas na UNESP em conformidade com nossa tradição, mesmo considerando o prejuízo causado no que se refere, por exemplo, à análise comparativa das ações das ONGs Ambientalistas nos Estados de São Paulo e Alabama. Concluindo, considero que esta ação conjunta está proporcionando resultados positivos para os profissionais e instituições envolvidos, seja nos aspectos relativos aos projetos de pesquisa, promoção de cursos, eventos e viagens de intercâmbio, seja no exercício da tolerância e do respeito às diferentes formações culturais, tradições e costumes dos envolvidos neste projeto.

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