Implantação de incubadoras de empresas

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Data

2001

Autores

Fonseca, Sergio Azevedo [UNESP]

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

O projeto foi concebido no primeiro semestre de 1996, a partir da constatação das dificuldades que a maioria dos municípios de pequeno e médio porte do interior do Estado de São Paulo vinha enfrentando para implantar programas que contribuíssem para a geração de emprego e renda em âmbito local. Outro fator que motivou a concepção do projeto foi a consciência da necessidade de se desenvolver ações em parceria com prefeituras, que propiciassem elementos para o fortalecimento e que dessem maior visibilidade para o curso de Administração Pública. O objetivo inicial do projeto era implantar incubadoras de micro e pequenas empresas de base local em sete municípios do interior do Estado. Dado o êxito da iniciativa, a ação foi ampliada, já no primeiro semestre de 1997, para outros dezenove municípios, sendo o período de execução prolongado até abril de 1998. Sob o enfoque temático o projeto está inserido em um duplo contexto: o das políticas públicas voltadas para o desenvolvimento sócio econômico de base local e o da cooperação universidade-empresa. No curso das atividades foram identificados, como fatores facilitadores das ações, a vontade política dos prefeitos, a disposição favorável de representantes das comunidades locais, o apoio financeiro recebido do SEBRAE-SP, a qualidade técnica da equipe de apoio dos alunos da FCL-Ar, dentre outros. Os dois principais fatores inibidores foram a dificuldade na obtenção de locais adequados para abrigarem as incubadoras e a escassez de recursos por parte das prefeitruas para a composição das respectivas contrapartidas. Os três agentes centrais envolvidos no projeto foram as prefeituras, a universidade e o SEBRAE-SP. A principal motivação do poder público municipal foi, além da possibilidade de obtenção de dividendos políticos, a perspectiva de executar uma ação para ampliar a receita tributária, reduzindo, ao mesmo tempo, os efeitos do desemprego. Para o SEBRAE-SP, a motivação foi a de cumprir com a sua missão de apoiar a micro e pequena empresa. Para a universidade, a perspectiva de combinar a missão de extensão com a de ensino e a de pesquisa. A primeira etapa, e a mais árdua, no processo de implementação do projeto, foi a de negociação com o SEBRAE-SP. Durante um período de nove meses, entre dezembro de 1995 e agosto de 1996, foram realizadas inúmeras rodadas de discussão acerca da configuração do projeto, da relação entre as partes envolvidas, do montante e da destinação dos recursos financeiros aportados. Vale observar que o SEBRAE-SP responsabilizou-se pelo pagamento de todas as despesas decorrentes das atividades para a implantação das incubadoras, tais como gastos com viagens, estadia, alimentação, pagamento de bolsas aos alunos da equipe, taxa de administração da FUNDUNESP, dentre outras. Paralelamente a essa etapa buscou-se identificar municípios com potencial e disposição para abrigar as incubadoras. Foram realizadas conversações com prefeitos de diversos municípios, com o intuito de expor o projeto, seus objetivos, seus benefícios e as responsabilidades das partes. Essas duas etapas concluíram com a assinatura de protocolos de intenção envolvendo as prefeituras, o SEBRAE-SP e a UNESP. A partir daí iniciaram-se as atividades de implantação das incubadoras. O primeiro passo foi o treinamento da equipe. Foram selecionados 14 alunos dos últimos anos do curso de Administração Pública, divididos em duplas, cada qual responsável pela execução dos trabalhos em um dos municípios envolvidos. Para o segundo conjunto de municípios, em 1997, o acompanhamento passou a ser efetuado individualmente, por um novo grupo de alunos. Foram realizadas, durante todo o curso das atividades, reuniões semanais com um duplo objetivo: o de transmitir os conceitos associados à idéia de incubadora e a metodologia de trabalho e o de acompanhar as atividades, com a correspondente troca de experiências e a busca de soluções para os problemas encontrados. O passo seguinte foi a realização das atividades em campo. Essas forma conduzidas na forma de viagens semanais dos alunos aos municípios. O coordenador procurou manter uma freqüência mensal de comparecimento a cada município envolvido. Durante essas visitas foram executadas as seguintes ações: seleção dos prédios; orientação na elaboração dos projetos para reforma e adequação dos prédios; escolha ou montagem da entidade para ser a gestora da incubadora; sensibilização da comunidade local, com vistas a obter respaldo para o projeto; elaboração da proposta para a obtenção de recursos junto ao SEBRAE-SP; cadastramento de interessados e seleção de candidatos às incubadoras; organização da documentação de suporte jurídico, dentre outras. Uma vez firmados os convênios entre as entidades locais e o SEBRAE-SP, este último passou a assumir o controle das atividades, prescindindo do apoio da universidade. No curso das ações, uma série de dificuldades surgidas comprometeram o êxito do projeto ou retardaram a sua execução em alguns municípios. O primeiro fator foi a descontinuidade administrativa. Em janeiro de 1997 tomaram posse novos prefeitos nos municípios que já vinham sendo trabalhados em 1996. Isso implicou o reinicio das atividades da estaca zero. O segundo foi a dificuldade na disponibilização de prédios adequados. O terceiro foi a ausência ou o despreparo de pessoas do próprio município, capazes de assumir a condução do projeto. O quarto foi a interrupção do projeto por parte do SEBRAE-SP, por dificuldades de ordem orçamentaria. O resultado é que, dos 26 municípios onde foram iniciados os trabalhos, restaram 12 com suas incubadoras em funcionamento. Numa avaliação preliminar de resultados, o que pode ser destacado é que o projeto possibilitou o apoio a cerca de 100 unidades de negócio, novas ou pré-existentes, envolvendo aproximadamente 300 empregos. Esse tipo de apoio implica o fortalecimento dessas empresas, reduzindo, substancialmente, o seu risco de mortalidade e, conseqüentemente, a queima de empregos. Para as administrações municipais, ainda não se dispõe de dados que permitam uma avaliação de resultados. Para a universidade, os principais resultados foram o treinamento prático propiciado a 25 alunos dos cursos de administração pública e economia, a inclusão, no conteúdo programático de uma disciplina do curso de administração pública, de tópico referente a incubadora de empresas, a construção de uma base empírica para pesquisa que irá resultar em tese de doutoramento e a geração de três empregos, como gerentes de incubadoras, para ex-alunos que participaram da equipe.

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