Florescimento da cana-de-açúcar: efeitos genotípicos, climáticos, perdas e estratégias de controle

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Data

2017-12-06

Autores

Cardozo, Nilceu Piffer

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

O cultivo da cana-de-açúcar sofreu muitas mudanças nos últimos 15 anos. Extinção da queima, mecanização completa do plantio e colheita, expansão rumo a áreas de cerrado são apenas algumas delas. Entretanto, alguns velhos e bem conhecidos problemas permanecem presentes. Embora conhecido e extensamente estudado, o florescimento da cana-de-açúcar continua a causar perdas de produtividade. O método de controle mais utilizado envolve o uso de ethephon, o qual, apesar de conhecida eficiência, não raro tem seus resultados questionados, principalmente por uso inadequado. O objetivo do presente trabalho foi caracterizar as variáveis envolvidas no processo de florescimento que afetam a eficiência de seu controle pelo ethephon e propor estratégias de manejo que otimizem seus resultados. O trabalho foi realizado durante os anos de 2014 e 2016 em quatro regiões produtoras de cana-de-açúcar do centro-sul brasileiro e envolveu a avaliação do uso de ethephon em diferentes épocas de aplicação em três cultivares de cana-de-açúcar. Os melhores resultados foram obtidos com aplicações realizadas entre 20 dias antes à 5 dias após o início do período indutivo (P.I.). O ponto ótimo de controle ocorreu quando a aplicação foi realizada entre 9 a 6 dias antes do início de P.I. A menor intensidade de florescimento foi acompanhada dos maiores ganhos em produtividade (p<0,05), com média oscilando entre 12 a 16 % em relação à testemunha. Aplicações realizadas durante e após o término do P.I. apresentaram redução gradual na eficiência de controle do florescimento. Contudo, observou-se atraso na emissão das panículas e redução na intensidade de fatores adversos como a isoporização, com redução média de 40% em relação à testemunha. Apesar de apresentarem produtividade menor do que a dos tratamentos realizados no ponto ótimo de controle, sua produtividade foi superior (p<0,05) a da testemunha, com média de 6%. A antecipação da aplicação (acima de 25 a 30 dias) mostrou-se igualmente ineficiente no controle do florescimento e com produtividade inferior às aplicações realizadas após o término do P.I. e muito próximos aos da testemunha. A intensidade de isoporização apresentou relação com o florescimento, mas também com o tempo de exposição da panícula no campo e, principalmente, com as condições de restrição hídrica. O uso de ethephon em momentos de baixo armazenamento de água no solo seguido de intensificação de tais condições pelos 20 dias subsequentes a aplicação, mostrou-se diretamente relacionado a redução nos ganhos de produtividade e, em condições extremas, resultados inferiores aos da testemunha. É fato que o ethephon controla o florescimento e promove benefícios à produtividade da cultura. Todavia, sua aplicação demanda cuidado e precisão técnica que tem faltado ao setor. Os resultados demonstram que o uso de ethephon requer cuidados quanto a sua época de aplicação e adaptações nas recomendações gerais de seu uso, pois as existentes estão atreladas ao calendário e não às condições específicas de cada cultivar e região. Assim sendo, é essencial o planejamento de sua aplicação, o qual deve incluir todas as premissas envolvidas, sob pena de permanecer na estagnação, instabilidade de resultados obtidos com ethephon e, a saída mais simples, o questionamento e abandono de seu uso.

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Palavras-chave

Ethephon. Isoporização. Interação genótipo-ambiente. Análise estatística multivariada. Redução de produtividade.

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