Estratégias para preservação da função ovariana em pacientes com câncer de colo uterino submetidas à radioterapia pélvica: desenvolvimento de modelo matemático e simulações virtuais da transposição ovariana

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Data

2018-02-28

Autores

Gil, Gabriel Oliveira Bernardes

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

Introdução: O câncer de colo uterino é uma das neoplasias mais incidentes nas mulheres, frequentemente, acometendo jovens em fase reprodutiva.A radioterapia desempenha importante papel no tratamento após a cirurgia ou no tratamento definitivo. Porém, pode induzir à falência ovariana precoce pela grande sensibilidade ovariana à irradiação ionizante. Além das questões associadas ao futuro reprodutivo, a menopausa induzida está associada a doenças cardiovasculares, osteoporose, atrofia genital, sintomas vasomotores e impacto significativo na qualidade de vida dessas mulheres. Uma das alternativas descritas para preservação da função ovariana é a transposição dos ovários, afastando-os da área a ser irradiada. A associação entre a perda da função e a dose de irradiação recebida pelos ovários não está clara na literatura e não existe consenso sobre o melhor sítio para a transposição. Objetivos: Desenvolver um modelo matemático capaz de associar de maneira prática a dose de irradiação recebida pelos ovários com a função ovariana. Estabelecer uma proposta, por meio de simulações virtuais, para definição do posicionamento dos ovários na transposição, considerando diferentes doses de irradiação e a perda da função ovariana. Materiais e métodos: Através do método de Runge-Kutta de quarta ordem, foram calculadas as idades previstas para falência ovariana induzida, a partir das diversas doses de irradiação recebidas pelos ovários. Para simulação virtual do sítio de transposição, foram selecionadas 13 pacientes portadoras de câncer de colo uterino em idade fértil submetidas à histerectomia e radioterapia adjuvante. Na tomografia computadorizada de planejamento, foram realizados o delineamento de variadas posições virtuais dos ovários na cavidade abdominal e o planejamento da radioterapia pélvica adjuvante com três técnicas: radioterapia conformada, radioterapia de intensidade modulada (IMRT do inglês, Intensity Modulated Radiation Therapy) e radioterapia modulada por terapia em arco (VMAT do inglês, Volumetric Modulated Arc Therapy). A dose de prescrição utilizada foi 45 Gy em 25 frações. Resultados: No modelo matemático desenvolvido, a diminuição no tempo esperado Resumo para falência ovariana após a exposição à irradiação ionizante foi descrita como a perda da função ovariana (PFO) em percentual. Na equação encontrada, PFO = 2,70 + 11,08 x D, observa-se que a perda da função ovariana, está diretamente relacionada com a dose (D) em Gy recebida pelos ovários. As simulações virtuais mostraram que o posicionamento dos ovários, acima de 7 cm ou 10 cm do promontório em sentido cranial, resulta numa perda de função ovariana menor que 50% ou 20%, respectivamente. Não foi evidenciada diferença na preservação ovariana entre as técnicas de radioterapia conformada, IMRT e VMAT testadas. Conclusões: Esse modelo matemático determina a perda da função ovariana de maneira simplificada e facilmente aplicável, durante o planejamento da radioterapia. Através das simulações computadorizadas, pode-se relacionar diretamente a distância os ovários e o promontório à função ovariana. O presente estudo foi o primeiro a utilizar o promontório como referencial de posicionamento na transposição ovariana. Sua aplicação na prática clínica pode ajudar no manejo e aconselhamento das pacientes portadoras de câncer de colo uterino em idade fértil.

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Palavras-chave

câncer de colo uterino, falência ovariana induzida, radioterapia, transposição ovariana, função ovariana

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