Associação entre complicações perioperatórias e mortalidade, no seguimento de um ano, de pacientes submetidos a cirurgias de fêmur e quadril

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Data

2018-08-27

Autores

Leme, Fabio Caetano Oliveira [UNESP]

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

Justificativa e objetivos: a população mundial está vivendo mais, incorrendo em aumento da incidência de doenças musculoesqueléticas com necessidade cirúrgica, sendo que fratura de fêmur (FF) e coxartrose (CXT) são lesões geriátricas típicas. Procedimentos cirúrgicos nessa população são de alto risco de morbimortalidade e há falta de dados nacionais sobre esses desfechos. O objetivo deste estudo foi analisar os eventos adversos intra e pós-operatórios precoces em pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico para correção de FF e para CXT e sua associação com a mortalidade em um ano de seguimento pós-operatório. Métodos: foi realizado estudo prospectivo, observacional para avaliar as complicações perioperatórias em pacientes submetidos à cirurgia para correção de FF e tratamento de CXT. Os pacientes foram avaliados em todo o período perioperatório e acompanhados durante um ano. Os testes de t de Student e qui-quadrado foram aplicados para a análise estatística para verificar as relações de dependência. A análise de sobrevivência foi realizada pelo modelo de Kaplan-Meier e pela regressão univariada e multivariada de Cox. Resultados: foram arrolados 235 pacientes candidatos a participar do estudo. Contudo 27 pacientes foram excluídos por diferentes razões. Entre os 208 pacientes inclusos, 42 foram submetidos ao tratamento cirúrgico de CXT; 166, à cirurgia para correção de FF. Houve predomínio de pacientes do sexo feminino no grupo que foi submetido à cirurgia para correção de FF, enquanto, no grupo de pacientes que foram submetidos à cirurgia para correção de CXT, a predominância foi do sexo masculino. Com relação à classificação do estado físico, a grande maioria dos pacientes submetidos à cirurgia para correção de CXT apresentou-se classificada com ASA I e II, enquanto 53% dos pacientes submetidos à cirurgia para correção de FF apresentaram-se classificados como ASA III e IV. Os pacientes com FF apresentaram idade média de 73,8±12,5 anos, intervalo médio entre a fratura e a cirurgia de 8,1±8,5 dias, e entre a internação e a cirurgia de 4,7±4,8 dias. Os pacientes submetidos ao tratamento para CXT apresentaram idade de 67,2±7,9 anos. Hipotensão destacou-se por ser o evento mais frequente no período intraoperatório. As complicações pós-operatórias mais frequentes foram distúrbio hidroeletrolítico, alteração cognitiva, reinternação, infecção do trato urinário, pneumonia e reabordagem cirúrgica. Nenhum paciente submetido à artroplastia de quadril morreu. Para os pacientes submetidos à correção de FF, a taxa de mortalidade foi de 25,3%. Dentre as causas esclarecidas, a mais comum foi sepse. As complicações pós-operatórias que mostraram relação com aumento da taxa de mortalidade foram idade, intervalo entre internação e cirurgia, distúrbio hidroeletrolítico, insuficiência respiratória, necessidade de intubação orotraqueal, reinternação hospitalar, arritmia e a soma da quantidade de complicações. Na análise multivariada, o modelo estatístico final apresentou as variáveis idade e DHE como as complicações que, conjuntamente, exerceram efeito sobre o aumento da mortalidade no período de 365 dias. Conclusões: as cirurgias para correção de CXT na população estudada relacionou-se com baixa incidência de complicações pós-operatórias e não ocorreram óbitos relacionados a esse procedimento. A taxa de mortalidade encontrada na população de FF, no primeiro ano de seguimento, foi de 25,3%. Idade avançada e distúrbio hidroeletrolítico pós-operatório foram fatores preditores de mortalidade no primeiro ano após cirurgia para pacientes idosos submetidos à correção de FF.
Background: The world population is aging, incurring an increase in the incidence of musculoskeletal diseases with surgical necessity. Femur fracture and coxarthrosis are typical geriatric lesions. Surgical procedures in this population are at high risk of morbidity and mortality, and there is a lack of national data on these outcomes. The objective of this study was to describe and analyze early intraoperative and postoperative adverse events in patients undergoing surgical treatment for femoral fracture and for coxarthrosis and its association with mortality in one year of postoperative follow-up. Methods: A prospective, observational study was conducted to evaluate perioperative complications in patients undergoing to surgery for treatment of femur fracture and coxarthrosis. The patients were evaluated throughout the perioperative period and followed up for one year. Student's t-test and chi-square test were applied to the statistical analysis to verify the dependency ratios. Survival analysis was performed using the Kaplan-Meier model and Cox's univariate and multivariate regression. Results: 235 patients were enrolled in the study. However, 27 patients were excluded for different reasons. Among the 208 patients included, 42 underwent surgical treatment of coxarthrosis, 166 to surgery for femoral fracture. There was a predominance of female patients in the group that underwent surgery for femur fracture, while in the group of patients who underwent surgery for correction of coxarthrosis, the predominance was male. Regarding the classification of the physical condition, the great majority of patients under going surgery for correction of coxarthrosis were classified as ASA I and II, while 53% of patients submitted to surgery for femur fracture were classified as ASA III and IV. Patients with a femoral fracture had a mean age of 73.8 ± 12.5 years, mean interval between fracture and surgery of 8.1 ± 8.5 days, and between hospitalization and surgery of 4.7 ± 4.8 days. Patients submitted to treatment for coxarthrosis presented age of 67.2 ± 7.9 years. Hypotension was noted as the most frequent event in the intraoperative period. The most frequent postoperative complications were hydroeletrolytic disorder, cognitive alteration, rehospitalization, urinary tract infection, pneumonia, need for re- operatorion. No patient undergoing treatment for coxarthrosis died. For patients submitted to femur fracture surgery, the mortality rate was 25.3%. Among the clarified causes of death, the most common was sepsis. The complications that were found to be related to increased mortality were age, interval between hospitalization and surgery, hydroelectrolytic disorder, respiratory failure, need for orotracheal intubation, rehospitalization, arrhythmia, and the sum of the number of complications. After the Multivariate Cox Regression, the final statistical model presented the variables age and hydroelectrolytic diturb as the complications that, all together, had an effect on the increase in mortality in the period of 365 days. Conclusions: surgery to treat coxarthrosis was associated with a low incidence of postoperative complications and there were no deaths related to this procedure. The mortality rate found in the femure fracture population in the first year of follow-up was 25.3%. Advanced age and postoperative hydroelectrolytic disturbance were predictors of mortality in the first year after surgery for elderly patients submitted to femoral fracture correction.

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Palavras-chave

análise de sobrevivência, complicações pós-operatórias, coxartrose, fratura de fêmur, mortalidade., survival analysis, postoperative complications, coxarthrosis, femoral fractures, mortality

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