Os preceptores da Residência Médica em Medicina de Família e Comunidade do Estado de São Paulo: Quem são? Onde estão? O que fazem?

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Data

2019-04-12

Autores

Ribeiro, Lucas Gaspar

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

Introdução: A Residência Médica é considerada o padrão-ouro para a formação de médicos especialistas, tanto no Brasil quanto em outros países, sendo institucionalizada oficialmente a partir de 1977 no país. Um dos programas que mais cresceu nos últimos anos, em termos de vagas ofertadas, foi o de medicina de família e comunidade. Dentro da organização dos programas de residência consta a participação de um profissional responsável pela formação, o preceptor. Esse profissional pode ser considerado o principal responsável pelo residente em medicina de família e comunidade, pois estarão juntos por 2 anos consecutivos e exercerá a função de modelo, na prática do trabalho, na formação desse profissional. Contudo, o termo preceptor pode estar bem consolidado para outras residências, mas na medicina de família e comunidade há necessidade de maior exploração sobre o papel desse profissional. Assim, se reconhece a necessidade de se conhecer as características desse profissional, sua formação, tanto técnica (dentro da área) quanto pedagógica para exercer seu papel, quais as potencialidades e desafios que esse trabalho exige e se tem algum apoio pedagógico para tal. Objetivos: Identificar o perfil dos preceptores dos programas de residência médica em medicina de família e comunidade do estado de São Paulo, conhecendo suas características pessoais, profissionais e formação. Materiais e Métodos: Estudo exploratório, de caráter qualitativo e quantitativo, no qual foram aplicados questionários para os preceptores das residências e para os coordenadores dos programas, com questões abertas e fechadas. O questionário foi aplicado por meio virtual, utilizando-se o endereço eletrônico dos entrevistados, obtido na Comissão Estadual de Residência Médica. Os profissionais foram convidados via endereço eletrônico a participar da pesquisa, tendo o período de novembro de 2017 a maio de 2018 como prazo para fazê-lo. Os dados foram analisados qualitativamente a partir da análise de conteúdo de Bardin e análise quantitativa por estatística descritiva simples. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Medicina de Botucatu. Resultados: Foi possível obter 67 respostas de preceptores (50% do número de contatados) e 24 coordenadores (52% do número de contatados) em 27 programas diferentes (58% do número de contatados). São 52% de mulheres, com idade variando de 27 - 62 anos, sendo a mediana de formação de 12 anos. Observou-se que 73% dos entrevistados atuaram como médicos de família antes de serem preceptores, com mediana de 60 meses. A mediana expressa que atuam na residência há 24 meses no atual programa referido. Têm vínculo em rede 64% dos programas. Os residentes variam de 1 a 9 por preceptor e 67% atuam também na formação de graduandos. São 70,1% especialistas em medicina de família e comunidade e 82,1% têm ao menos uma formação de educação para a preceptoria. Observou-se que 62% estão satisfeitos com a atuação e 40% demonstram dificuldade em atuar como preceptor. As categorias temáticas foram divididas em 4 grupos e subgrupos nos núcleos de sentido. Grupo 1 – O Que é ser Médico de Família e Comunidade: Princípios da Atenção Primária; Características do Médico de Família e Comunidade; Saúde Pública e Gestão e Outros. O grupo 2 – O que é ser Preceptor: Processo de trabalho direto com o residente; Acolher, formar e transformar; Organização e gestão da unidade; Outros resultados interessantes. Grupo 3 – Recompensas e desafios de ser preceptor. As recompensas foram divididas em 11 grupos desde melhora da assistência até satisfação pessoal. Os desafios também foram divididos em 11 grupos, desde a demanda da unidade até o espaço físico. Grupo 4 - Formação do preceptor: Sem formação; estímulo para cursos externos; atualização de metodologias de ensino e planejamento; aulas e matriciamento. Considerações Finais Há singularidades entre os programas e os profissionais que atuam hoje como preceptores dos programas de residência médica em medicina de família e comunidade, fato importante de se conhecer para balizar um campo de conhecimento e evolução em comum de todos os programas. Há necessidade de formação continuada dos preceptores em seus programas, através da educação permanente.
Introduction: The Medical Residency is considered the gold standard for the training of medical specialists, both in Brazil and in other countries, being officially institutionalized from 1977 in the country. One of the programs that most grew in recent years, in terms of vacancies offered, was the General Practice/Family Physician field. In the organization of the residency programs there is a professional responsible for the student training, the preceptor. This professional can be considered the main responsible for the resident in General Practice/Family Physician, as they will be together for two consecutive years and the preceptor will be the example, in the practice of work and in the training of this professional. However, the term “preceptor” may be well consolidated for other residences fields, but in the General Practice/Family Physician field there is a need for greater exploration on the role of this professional. Thus, it is necessary to know the characteristics of this professional, its formation, both technical (inside his area) and pedagogical, what the potentialities and challenges that this work requires and whether he has some pedagogical support. Aims: To identify the profile of preceptors in General Practice/Family Physician residency programs of the São Paulo state, knowing their personal, professional and training characteristics. Materials and Methods: This was a qualitative and quantitative exploratory study, in which questionnaires were applied to the preceptors of the residences and to the coordinators of the programs, with open and closed questions. The questionnaire was applied by virtual way, using the electronic address of the interviewees, obtained from the State Committee of Medical Residency. The professionals were invited via an electronic address to participate in the research, with the period from November 2017 to May 2018 as a deadline. Data were analyzed qualitatively from Bardin Content Analysis and quantitative analysis by simple descriptive statistics. The study was approved by the Ethics Committee of the Faculty of Medicine of Botucatu. Results: It was possible to obtain 67 preceptors’ responses (50% of the contacted number) and 24 coordinators (52% of the contacted number) in 27 different programs (58% of the contacted number). There are 52% of women, with ages varying from 27-62 years, with a median formation of 12 years. It was observed that 73% of respondents acted as General Practice/Family Physician before they became preceptors, with a median of 60 months. The median expressed that they work in the residence for 24 months in the current program mentioned by them. They have network link in 64% of the programs. Residents vary from 1 to 9 per preceptor and 67% also stay with undergraduate students. There are 70.1% specialists in General Practice/Family Physician and 82.1% have at least one education formation for preceptorship. It was observed that 62% are satisfied with the performance and 40% show difficulty in acting as preceptor. The thematic categories were divided into 4 groups and subgroups according to the meaning. Group 1 – What it is to be a General Practice/Family Physician: principles of primary care; Characteristics of the General Practice/Family Physician; public health, management and others. Group 2 – What it is to be preceptor: direct work process with the resident; Welcoming, forming and transforming; Organization and management of the health place; Other interesting results. Group 3 – Rewards and challenges of being a preceptor. The rewards were divided into 11 groups from improved assistance to personal satisfaction. The challenges were also divided into 11 groups, from the demand of the health place to the physical space. Group 4 - Formation of the preceptor: no training; Stimulus to make external courses; Updating of teaching and planning methodologies; Classes and Professional Supervision. Final Considerations: There is a singularity between the programs and the professionals who current work as preceptors of the medical residency programs in General Practice/Family Physician field, an important fact to consider in order to well delimit the area of knowledge and temporal changes between all programs. It is necessary to make continuing education of preceptors in their programs, through the permanent education.

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Palavras-chave

Residência Médica, Medicina de Família e Comunidade, Preceptoria, Capacitação Profissional, Internship and residency, Family practice, Preceptorship, Professional training

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