Dissertações - Sociologia em Rede Nacional - FFC

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https://hdl.handle.net/11449/191461

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Identidade cultural do estudante de Rondônia: uma organização de ensino para aprendizagem de conceitos da sociologia no ensino médio
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-10-25) Maia, Daniele da Silva; Mendonça, Sueli Guadelupe de Lima [UNESP]
A pesquisa teve por objetivo propor uma organização de ensino para aprendizagem de conceitos da Sociologia a partir de uma sequência didática pautada no contexto regional para compreensão da identidade cultural dos estudantes do Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos (EJA) de Rondônia. Para tanto pautou-se na perspectiva da teoria histórico-cultural, e, na estruturação dos caminhos da sequência didática recorreu-se à organização de ensino e ao estudo documental da legislação e do currículo de Rondônia para o levantamento das necessidades dos sujeitos da EJA. Na etapa de aplicação da sequência didática intitulada “você pertence aos povos da floresta? ”, optou-se por trabalhar os conceitos de socialização, cultura, identidade e grupos sociais durante sete aulas realizadas com os estudantes do 1º ano do Ensino Médio da EJA. Em cada aula realizada, foram utilizados textos didáticos que foram trabalhados com ações e operações e a mediação pedagógica da professora. Entre os resultados alcançados, observou-se a apropriação conceitual por parte dos estudantes, numa interação dialética, entre estes sujeitos e as temáticas desenvolvidas nesta pesquisa, e a utilização da pergunta norteadora contribuiu para compreensão da maioria dos estudantes em relação aos conceitos de identidade e cultura, principalmente no que diz respeito à relação com os povos da floresta. Quanto às ações e operações pedagógicas, pode-se inferir que se revelaram eficazes no desenvolvimento da sequência didática, e, dentre elas, destacaram-se: a criação de situações-problema; árvore genealógica; a promoção de diálogos por meio da roda de conversa, a elaboração de síntese conceituais; e a análise imagética dos grupos sociais. Em síntese, a organização de ensino estabelecida para aprendizagem dos conceitos da Sociologia a partir da estruturação de uma sequência didática possibilitou a compreensão dos conceitos por parte dos estudantes; entretanto, na mediação pedagógica, vislumbrou-se a necessidade de melhorias em sua estruturação, bem como reconhece-se a relevância de se considerar na ação pedagógica a autonomia de cada professor em relação às ações e operações para o desenvolvimento das funções psíquicas e cognitivas dos estudantes propostas a partir da organização de ensino na perspectiva da teoria Histórico Cultural.
A diferença faz diferença? Perspectivas de jovens estudantes sobre a diversidade sexual e de gênero
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-09-26) Biajone, Adriano Rodrigues; Souza, Luís Antônio Francisco de
A presente pesquisa parte do interesse em conhecimentos didáticos que promovam o entendimento da temática da diversidade sexual e de gênero nas escolas. Para a realização dessa pesquisa foi adotada a pesquisa-ação, pois esse método visa elucidar problemas sociais relevantes por meio da participação de grupos interessados na sua resolução. Pretende-se contribuir para o entendimento das necessidades de jovens estudantes em relação à temática e buscar soluções didáticas para transformar a situação atual. A dissertação aborda os tabus no ambiente escolar, enfatizando a importância de tornar a escola um espaço propício para reflexões e debates sobre diversidade e liberdade de expressão. O grupo focal realizado com estudantes do ensino médio revelou a falta de abordagem da diversidade sexual e gênero na escola e a necessidade de materiais adequados, bem como da adoção de novas posturas e necessidades de aprendizagens por parte do corpo docente. A partir disso, foi realizada uma formação para as equipes gestoras das escolas estaduais da Regional de Apiaí - SP, sendo destacadas a importância do diálogo e da abordagem lúdica, e manifestaram interesse no tema e na necessidade de implementar estratégias eficazes na abordagem sobre a diversidade sexual e de gênero, resultando no que chamamos de "Trans_formação Continuada". A experiência pedagógica promoveu o respeito às diferenças e combate a opressão por meio de práticas educativas adequadas à realidade, reforçando a importância de abordar essas questões na escola, como estratégia de inclusão e de promoção de uma educação livre de preconceitos. Como resultado desta experiência, são apresentados dois recursos pedagógicos para professores e professoras desenvolverem atividades relacionadas à diversidade sexual e de gênero. O primeiro recurso, um roteiro detalhado para realização de grupo focal, que permite conhecer as perspectivas de jovens estudantes e identificar ações necessárias a ser desenvolvidas na escola e o segundo recurso, a apresentação de Estudos de Casos, que utilizados em formação de professoras e professores, podem contribuir com o enfrentamento da LGBTIfobia na escola.
Antropologia visual e o olhar dos estudantes para os direitos humanos: uma experiência sociológica no Laboratório de Ciências Humanas numa escola pública periférica
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-05-29) Santos, Simone Cristina dos; Cordeiro, Ana Paula [UNESP]; Universidade Federal do Ceará (UFCE)
Na sociedade brasileira ressignificar a democracia e exercitar o diálogo interdisciplinar para uma formação sociológica é uma tarefa árdua. O objetivo geral da pesquisa de campo foi compreender se as representações imagéticas e icnográficas produzidas pelos estudantes através da Antropologia Visual, junto ao Laboratório de Ciências Humanas (LACH) no ano de 2022 expressavam narrativas que aprimorariam o ensino-aprendizagem e se tais recursos auxiliariam no desenvolvimento do olhar sociológico e numa cultura de direitos humanos na escola. Fez parte dos objetivos específicos, o desenvolver a partir das técnicas de produção de imagens leituras de mundos despertando a narrativas antirracistas, de respeito às diversidades religiosas e de gênero. Refletiu-se conjunturas das experiências cotidianas e fatos sociais que expressaram violações dos direitos humanos e debateu-se as novas narrativas que contrapõem a comunicação violenta, os discursos racistas, homofóbicos, xenófobos e misóginos dinamizando oficinas de direitos humanos e produtos finais tecnológicas (portifólios, blogs, etc). Fortaleceu-se a área de Ciências Humanas contrapondo através de sua produção antropológica os vazios deixados nos conteúdos sociológicos por competências e habilidades aprovados na nova BNCC e sua aplicabilidade para o novo ensino médio. O diálogo com os campos das Artes, Linguagens, Tecnologia, Matemática, Geografia e História motivaram os(as) estudantes, que deixaram de ser os “agentes passivos” receptores dos conteúdos instrumentalizados e tornaram-se “agentes ativos” produtores do conhecimento. A compreensão das imagens, das subjetividades e potencialidades, se tornou rica fonte de memória e história em movimento. A metodologia participante trouxe reflexões dos atores sociais (estudantes) e seus espaços interculturais. O Laboratório de Ciências Humanas (LACH) buscou parcerias com linguagens e códigos para trabalhar o Slam resistência, os saraus de canto e poesia para as interlocuções dos jovens artistas na expressão de seus talentos poéticos e literários. Tanto as poesias quanto as fotografias, vídeos, teatros ou diários de campos fizeram parte de um leque de possibilidades e recursos. Durante a pesquisa houve a opção de priorizar os recursos da fotografia na área da antropologia visual para o desenvolvimento deste projeto. Os resultados deste projeto foram surpreendentes. Os desafios dos direitos humanos sensibilizaram a produção iconográfica e visual tornando as representações, referências estéticas e cognitivas, que se transformaram em recursos para o debates e reflexões sociológicas. A iconografia estudantil é um recurso importantíssimo em ciências sociais para sensibilização e desenvolvimento do olhar sociológico. As visitas aos museus ampliaram a formação, vivência e convivência humana e social entre estudantes e professores. A Organização do acervo, memória e banco de imagens da escola foi uma conquista relevante. Assim como, o fortalecimento de argumentos para o enfrentamento dos discursos e narrativas extremistas. A juventude defensora dos direitos humanos, se organizou com representantes de todas as turmas, se reúnem duas vezes por mês e de forma autônoma. Para além dos objetivos, o surgimento do Observatório dos Direitos Humanos- Marielle Franco, as Comissões de Direitos Humanos dos professores e a Comissão Gremista dos Estudantes acompanhada pela gestão da escola. O fazer antropológico descrito nesta dissertação legitimou aprendizagens humanizadas que puderam refletir as demandas, os desafios e as problemáticas que trazem a educação pública na atualidade.
É possível não ser racista numa sociedade racista? Uma proposta de sequência didática para o ensino de sociologia
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-03-31) Martinez, Elizabeth Aparecida Pereira Tapias; Mendonça, Sueli Guadelupe de Lima [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Esta dissertação teve como objetivo a produção e implementação de uma sequência didática com o tema racismo em turmas do ensino médio de uma escola pública do estado de São Paulo. A justificativa da pesquisa se pautou pela fragilidade do currículo no enfrentamento desse importante tema, expressa na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e no Currículo Paulista etapa Ensino Médio (CP) e também pela vulnerabilidade das juventudes negras, afetadas por políticas educacionais, resultado de problemas estruturais do Brasil. A hipótese é que o currículo, materializando políticas neoliberais, dificulta o desenvolvimento do ensino-aprendizagem para a população negra, não havendo um processo emancipatório nessas relações. A metodologia utilizada foi a pesquisa-ação e pesquisa qualitativa, que fundamentaram a elaboração da sequência didática e análise do tema e do currículo, tendo como referencial teórico a Teoria Histórico-Cultural para discutir o tema do racismo com estudantes de Sociologia no ensino médio como uma alternativa ao currículo atual. Os resultados da pesquisa apontam para a contribuição da sequência didática aos avanços na aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes, verificáveis durante o processo de implementação, expressos nas sínteses coletivas das aulas, em que várias manifestações explicitam momentos de ruptura com o senso comum e a internalização/externalização dos conceitos científicos sobre o racismo. Também foi possível identificar impacto positivo na escola, por meio de manifestações de interesse de docentes de outras disciplinas em trabalhar de modo conjunto, com possibilidades futuras de um trabalho interdisciplinar, bem como na construção e realização coletiva da II Semana de Consciência Negra em 2022, momento do ápice desse processo, constatado nos depoimentos de diferentes participantes da escola e os externos a ela.
Admirável mundo novo: literatura e ensino de sociologia
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-05-05) Messias, Juliana Mirele; Teixeira, Paulo Eduardo [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A Sociologia e a Modernidade possuem origens no desenvolvimento das associações humanas, as mudanças no modo de vida e de produção foram os temas das primeiras sociologias que focaram na racionalização dos costumes, hábitos e comportamentos dos indivíduos em diferentes esferas coletivas, portanto o princípio geral mais importante para os pensadores que perceberam estas transformações como fenômenos passíveis de serem estudados, o progresso era visto como inexorável. Com os avanços rápidos da urbanização e das novas formas de organização social,devido a industrialização e os fluxos de indivíduos,trabalhadores,comerciantes,artistas, profissionais liberais e servidores públicos precisou ser caracterizada e entendida sob alguns aspectos, a partir dos conceitos de classe, poder e dominação propostos pelos clássicos da sociologia foi possível dar bases para a interpretação do perfil do professor, o tipo ideal de conhecimentos escolares (educação de qualidade) e as “fake news” como um problema para a formação contínua do profissional de ensino e para a construção epistemológica da classe em função da replicabilidade de padrões tidos como modernos, mas que são movidos por forças mercadológicas e ideológicas. O texto de Aldous Huxley serviu de ponte para interpretar de maneira didática a construção material e prática da divisão das classes, a dominação por meio das funções de cada um e a produção de verdades por meio da repetição, vista como racionalização.os enredos fornecem ao educador reflexões sobre o seu próprio papel dentro de uma instituição chamada escola pública atualmente, com vistas no recorte temporal do início do século XX, para entender as ações coletivas e individuais deste século XXI, ou seja, compreender a minha própria literatura no processo de interpretação de um clássico com abordagens de conceitos da sociologia e apoio de uma contextualização histórica.
Dialogando com os jovens do ensino médio sobre o conceito de trabalho
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-03-30) Afonso, Gisele Aparecida Alves; Vieira, Rosângela de Lima; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
O presente trabalho, desenvolvido junto ao PROFSOCIO, tem por objetivo caracterizar os jovens do ensino médio, estabelecendo sua relação com a categoria trabalho sob a perspectiva teórica do marxismo e descrevê-los a partir da análise do formulário com questões sobre raça/cor, escolaridade dos pais, renda familiar, atividade remunerada exercida e rodas de conversas desenvolvidas em sala de aula para compreender os conhecimentos prévios dos estudantes. Em seguida, a proposta é a elaboração de uma sequência didática baseada na temática “trabalho”, direcionada ao ensino e aprendizagem de Sociologia para os estudantes do Ensino Médio da rede pública de ensino, posteriormente aplicar e avaliar. A sequência didática terá aporte teórico a partir da Teoria histórico-cultural, em especial, a Teoria da Atividade desenvolvida por Leontiev (2004) e contribuições de Davidov (1999) com a Atividade de Estudo. O propósito é desnaturalizar o conceito de trabalho entre os estudantes. Para tanto, a organização do ensino e aprendizagem será pautada a partir da contribuição Teoria histórico-cultural, que tem um potencial transformador no estudante, pois há superação do pensamento empírico pelo pensamento teórico. A atividade de estudo tem a proposta de dar sentido ao estudante sobre o conteúdo e, pensando nisso, de acordo com a reflexão e entendimento de suas próprias ações cognitivas, o estudante se apropriará dos conceitos sociológicos como meio para desvendar a sua realidade social. Sendo assim, este trabalho caracteriza-se, portanto, com estudos dirigidos que se valerão de levantamento e análise de dados bibliográficos e utilização da pesquisa-ação, como metodologia de implementação em sala de aula e consequentemente da sequência didática.
Diálogos sociológicos: uma prática de (e para a) juventude à luz da pedagogia histórico-crítica
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-03-30) Essi, Maiara Coroquer; Totti, Marcelo Augusto [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A pesquisa intitulada “Diálogos sociológicos” foi realizada com o objetivo de aliar o conhecimento sociológico às demandas dos estudantes, por meio da elaboração de aulas de Sociologia a partir de sugestões de temas dos próprios alunos. Executado desde 2016 enquanto um projeto escolar, apresentava bons resultados. Porém, havia, em alguns momentos, falta de objetividade nas discussões. Com o objetivo de suprir a ausência de ordem metodológica constatada, a partir de uma reflexão sobre os pressupostos epistemológicos que orientam a prática docente, construiu-se a pesquisa sob a perspectiva da Pedagogia Histórico-crítica, por meio da proposição de sequências didáticas derivadas de temáticas sugeridas pelos estudantes, a duas turmas da Primeira Série do Ensino Médio da Escola Estadual José Inocêncio da Costa, em Matão/SP – escola que aderiu ao PEI (Programa de Ensino Integral) híbrido no ano de 2022, gerando alguns elementos de análise para além do projeto. A pesquisa se ancorou em reflexões acerca do lugar da Sociologia, da docência e da juventude num contexto de retrocessos educacionais fomentado pela conjuntura de Reforma do Ensino Médio. Em contraposição, ressalta-se a defesa de práticas pedagógicas contra-hegemônicas, com destaque para os elementos teóricos e didáticos da Pedagogia Histórico-crítica (SAVIANI, 2021a). A metodologia materializou-se por meio da pesquisa-ação, onde foi possível articular as esferas de professora-pesquisadora, bem como fazer adequações durante o processo de aplicação das sequências didáticas visando superar as limitações em curso. As produções dos estudantes foram analisadas buscando encontrar elementos de superação do senso comum e, consequentemente, de apropriação do conhecimento sociológico como meio para a compreensão da realidade. Os resultados apresentados demonstraram-se qualitativamente novos acerca da totalidade social, superando o sincretismo inicial e, portanto, comprovando a possibilidade de uma nova prática social ao ensino de Sociologia nos moldes da Pedagogia Histórico-crítica.
Os gritos na escola pública: uma breve análise em escolas marilienses
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-04-30) Freitas, Silvio Silvério Feitosa de; Souza, Luis Antônio Francisco de [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Esta pesquisa tem por objetivo compreender como os discentes e docentes de sociologia (e demais funcionários da escola) lidam com o grito dentro da escola pública, sendo este um fenômeno que faz parte da cultura escolar, se mostrando um tipo de violência escolar. Foi adotada a metodologia de pesquisa participativa de abordagem etnográfica e observação participante. As hipóteses levantadas são, do grito ser algo que faz parte da cultura escolar, e os docentes de sociologia não estão desnaturalizando e nem criando estratégias para lidar com esse fenômeno. Para teste estudo foi adotada a pesquisa participativa, de abordagem do tipo etnográfica, onde se colhe dados de ações, significados e relatos orais para conseguir gerar uma interpretação à luz de diversos autores e correntes teóricas sobre este fenômeno. Até o presente momento o grito foi pouco abordado pela academia, sendo, em geral, de áreas como psicologia, filosofia, fonoaudiologia e jornalismo, onde estes focam por um ponto de vista ensaístico, carecendo de pesquisa bibliográfica e de campo mais detalhadas. Após a análise e teorização dos dados, pode se concluir que os docentes abordados para esta pesquisa ainda apresentam dificuldades em criar estratégias para lidar com o grito em sala de aula, bem como não fazem a desnaturalização e estranhamento deste. Também é possível concluir que o grito tem relações com o autoritarismo, bem como compreender que tal faz parte da cultura das práticas escolares, aprendido no cotidiano por meio da observação, memórias e diálogo entre os pares.
Uma sequência didática utilizando as pedagogias críticas: questão da fome e dos movimentos sociais
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-04-13) Inácio, Diego Denobi; Novaes, Henrique Tahan [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A atividade de ensino e de aprendizagem produzidas em sala de aula é o momento em que se busca nas escolas desenvolver o processo de aprender e organizar os conhecimentos científicos. Tendo em vista a realidade histórica em que vivemos no Brasil – o avanço do neoliberalismo e o seu compromisso com o desmonte do serviço público e de qualidade – um ensino de Sociologia organizado para a assumir o caráter de uma técnica racional de consciência, explicação das condições de existência e do curso dos eventos histórico-sociais, se faz necessário. Em vista disso, a presente pesquisa desenvolveu a produção de uma sequência didática que trabalhou com o conceito sociológico de movimentos sociais, em específico a atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com os alunos do Ensino Médio de uma escola pública estadual no município de Carlópolis. A escolha do conceito ocorreu em razão da ausência significativa de materiais didáticos de sociologia sobre o maior movimento social da América Latina. Ao trabalhar o conceito principal, notamos que outros conceitos sociológicos se tornaram fundamentais para que as abstrações pudessem acontecer, assim como possibilitaram a ampliação da interpretação teórica. A pergunta norteadora, que inicia o desdobramento da sequência, é realizada a partir do seguinte questionamento: "É possível erradicar a fome no Brasil?”. A elaboração da referente sequência didática foi previamente construída e planejada sob a luz da Pedagogia Histórico-Crítica conjuntamente com a Pedagogia Histórico-cultural, desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Sociologia em Rede Nacional (PROFSOCIO) da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, campus Marília. Objetivou-se a organização de uma atividade de ensino que fosse desenvolvente, isto é, o professor e o aluno assumirem a responsabilidade pela aprendizagem de conceitos científicos e pelo desenvolvimento do pensamento teórico. Para que fosse possível a mediação entre o empírico e o concreto, utilizamos o conceito de atividade de Leontiev (1978, 1983) e o conceito de atividade orientadora de ensino de Moura (1996a, 2002) como abordagem metodológica na organização da atividade de ensino e de aprendizagem para a formação dos alunos e do pesquisador. Fundamentado no levantamento bibliográfico e estudos realizados, da elaboração e implementação da sequência na escola e dos relatos da pesquisa, foram observados os aspectos negativos e assertivos dessa vivência. Como resultado final da observação, foi desenvolvida uma nova proposta de sequência, adequando os aspectos conforme a necessidade real e concreta da situação. Por fim, conclui-se que o resultado de um ensino organizado adequadamente para fins de aprendizagem do conhecimento, constitui na apropriação do saber objetivo produzido no decurso do desenvolvimento histórico da sociedade humana.
A ofensiva liberal conservadora sob o bolsonarismo: um estudo dos livros no PNLD 2021 sociologia
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-04-28) Pereira, Fabrício Mendes; Barbosa, Jefferson Rodrigues [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A educação se constitui como um importante campo de disputa de visão de sociedade e de mundo. Onde grupos com os mais diversos ideais tentam influenciar, seja pela via democrática com proposições e disputas de poder, seja pela via de aparelhamento privado do Estado. De modo que a conjuntura histórica e social é de grande importância na compreensão destes grupos ideológicos liberais e conservadores na busca por implementar um projeto de poder e de sociedade. E dentro deste bojo as disputas e polarizações em nível de discurso são bem presentes. Neste ensejo de disputas em torno do sistema educacional, e mais precisamente em uma das suas principais políticas públicas em nível federal que é o Plano Nacional do Livro Didático 2021. Tendo por objetivo a imposição do que estudar e sob quais perspectivas estudar, delimitando inclusive o que é ciência. Decorrendo que nesse processo se busca inclusive impor visões de mundo alinhadas às suas perspectivas. Assim, esta dissertação busca apresentar os aspectos relacionados ao lugar das ciências humanas e da sociologia no Plano Nacional do Livro Didático 2021. E os impactos de um PNLD sob o bolsonarismo e sua ofensiva ultradireitista contra a educação nacional.
Sociologia e educação ambiental: proposta histórico-crítica de sequência didática no ensino médio em uma escola pública de Santana de Parnaíba/SP
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-03-30) Gonçalves, Alcir José; Totti, Marcelo Augusto [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
O presente trabalho parte da necessidade de analisar as relações entre meio ambiente, sociedade e educação no ensino médio. O objetivo central do projeto está na elaboração de uma proposta de sequência didática ancorada no materialismo histórico, com metodologia direcionada para a pedagogia Histórico-Crítica. A partir da relação dialética da escola e dos estudantes com a realidade social concreta, busca-se incentivar a desnaturalização das aparências e a compreensão consciente do real. Essas escolhas não são aleatórias, mas baseiam-se na observação pedagógica do pátio da escola e da efervescente dinâmica do cotidiano estudantil, permeado pelo atual estágio de produção capitalista, que visa transformar o homem e a natureza em mercadorias. O objetivo não é apenas entender os problemas expostos, mas considerar a educação escolar como mecanismo concreto de mudanças, a fim de promover os primeiros atributos de uma educação socioambiental crítica. Dentro desta perspectiva, o trabalho procura estabelecer um diálogo entre a Sociologia e a temática socioambiental, utilizando referenciais teóricos marxistas como Karel Kosik, John Bellamy Foster, Michel Löwy, Demerval Saviani, Luiz Marques, entre outros. A pretensão é que essa investigação contribua para a ampliação dos debates sócio-ambientais, adentrando nas premissas do que é ensinar e aprender sociologia a partir de um diálogo com a Educação Socioambiental.
Intervenção pedagógica frente à nova reforma do ensino médio no estado de São Paulo ocorrida a partir de 2021
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-03-28) Boaretto, Camilla Maysa Caires; Ocada, Fábio Kazuo [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
O currículo do estado de São Paulo no ano de 2021 passou por uma reforma no ensino médio que estava prevista e formulada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Esta reforma tem em discurso tornar a escola mais atrativa, flexível, com uma formação direcionada para o protagonismo dos alunos. Nesta nova reforma do ensino médio, encontramos uma mudança na estrutura curricular que é direcionada a flexibilização do currículo via os itinerários formativos/ aprofundamentos curriculares. Os alunos escolhem no primeiro ano do ensino médio qual itinerário/aprofundamento irá cursar segundo o seu projeto de vida, afinal, uma das promessas do itinerário é a de direcionar o aluno para sua profissão e mercado de trabalho (BNCC, 2018). Além dessa reforma do ensino médio, conto com a minha formação no mestrado profissional PROFISSIO-UNESP-MARÍLIA. Com as leituras propostas em minha pós-graduação, realizei uma intervenção pedagógica no material proposto para a disciplina do aprofundamento curricular: Cultura e movimento: Diferentes formas de narrar a experiência humana, especificamente na unidade curricular I- Ressignificando o povo brasileiro. Essa intervenção está relacionada com a metodologia de Paulo Freire. Para Paulo (1996), a pós- graduação é fundamental para codificação, criação, afirmação e negação que constituem os “conteúdos obrigatórios à organização programática e o desenvolvimento da formação docente"(FREIRE, 1996, p. 07). “Fundada na ética, no respeito à dignidade e à própria autonomia do educando” (FREIRE, 1996, p. 07). Desse modo, partindo da minha autonomia docente de tornar o material oficial do estado de São Paulo como apoio, procurei estruturar e modificar algumas atividades a fim de tentar constituir uma educação na abordagem freireana, pautada no diálogo e na relação horizontal com os alunos.
Há “ideologia de gênero” nos materiais didáticos de sociologia? Uma análise do PNLD 2021 da área de ciências humanas e sociais aplicadas
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-03-29) Vasconcelos, Priscilla dos Santos; Lovatto, Angélica [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A dissertação que se segue possui como objetivo compreender se existe ou não ideologia de gênero, dentro dos materiais didáticos aprovados pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) 2021. Buscamos analisar a categoria gênero a partir das contribuições da Sociologia, e compreender como e se essas contribuições estão presentes nas coleções da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Esse objetivo da pesquisa comunga com o avanço da ofensiva antigênero que pode ser vislumbrada tanto no cenário nacional como no contexto mundial. Dito de outra maneira, esta pesquisa visa verificar se – tal como acusa os setores conservadores e religiosos da classe dominante – os materiais promovem uma formação doutrinária com base na ideologia de gênero ou se os conteúdos referentes a temática de gênero, quando aparecem, possuem o intuito de socializarem os conhecimentos científicos acumulados – teorias, conceito, autores etc. – sobre esse tema. Para tal, utilizaremos do materialismo histórico-dialético para realizarmos uma análise bibliográfica, documental e de conteúdos, na busca de compreender o que é ideologia de gênero a partir da perspectiva conservadora; como os conceitos de gênero e ideologia são entendidos pelas Ciências Sociais; e, se, os materiais didáticos produzidos após as mudanças do Ensino Médio executadas a partir da aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), abordam a temática de gênero e, quando abordam, como esses conteúdos são apresentados.
O uso do gênero textual jornalístico como meio para o processo de humanização do indivíduo nas aulas de sociologia: um olhar para as relações raciais na sociedade contemporânea
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-03-29) Cambacim, Débora Cristina; Barbosa, Maria Valéria [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
O presente trabalho pretende lançar uma reflexão sobre os processos de formação e humanização do indivíduo, e, da mesma forma, destacar a importância do trabalho educativo e da atividade de ensino para o desenvolvimento desses processos. Para tanto leva-se em consideração a objetivação e apropriação do conhecimento apresentando uma proposta de trabalho por meio de sequência didática, fundamentada na Teoria da Atividade de Leontiev. Será utilizado como recurso didático o uso do gênero textual jornalístico como alternativa para tornar os conteúdos do currículo de Sociologia mais concretos ao aluno, possibilitando ao mesmo tempo uma relação mais direta com o objeto de conhecimento. Dentro desta proposta pretende-se oferecer o trabalho com o gênero textual jornalístico como ponto de partida para as atividades de ensino, compreendendo que através desse tipo de gênero textual pode-se criar uma sensibilização do aluno para a realidade que o cerca, oportunizando meios para os processos de objetivação e apropriação do conhecimento social, ou seja, utilizar a leitura crítica de notícias em rodas de conversas para aprofundar os conteúdos do currículo de Sociologia. Dentro desta perspectiva, a referida pesquisa se debruçou sobre a temática das relações raciais na sociedade contemporânea, com o objetivo de promover a desnaturalização de pré-conceitos que se mantêm arraigados na estrutura social. Toda essa reflexão só foi possível mediante pesquisa bibliográfica com o levantamento e estudo de referencial teórico sobre a temática em questão. Em seguida, partiu-se para a pesquisa-ação com vistas à aplicação das etapas da sequência didática sobre as relações raciais na sociedade contemporânea, tendo por objetivo promover uma mudança no modo de pensar e agir sobre o preconceito racial construído historicamente na sociedade.
A "cultura do cancelamento" como tema de sociologia no ensino médio
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2023-03-22) Martins, Tamires de Assis Lima; Cordeiro, Ana Paula [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
O objeto desta pesquisa é a “cultura do cancelamento”, um fenômeno contemporâneo, apresentado aqui como tema de sociologia no Ensino Médio. O objetivo é elaborar o conceito e situar as bases econômicas e sociais do fato, situando-o na sociedade em rede, permitindo, a partir daí, que professores e alunos discutam livremente a respeito das preocupações que surgem quando refletem acerca da “cultura do cancelamento”. A proposta é que a inclusão do tema nas aulas de sociologia se justifica pela necessidade de motivar os jovens a se engajarem e participarem ativamente, como protagonistas, na construção do conhecimento, respeitando-os como sujeitos históricos que possuem referências culturais e trajetórias de vidas próprias, distintas em muitos aspectos das preocupações do mundo adulto. Ressalta-se que um dos desafios que os professores enfrentam nas escolas de ensino médio atualmente é o desinteresse dos jovens pelos temas curriculares consolidados, como se estes não fizessem sentido para suas vidas no presente. A ideia é estabelecer a “cultura do cancelamento” como tema de aula próximo à condição juvenil, às culturas juvenis e ao mundo do entretenimento, iniciativa que exemplifica uma estratégia do professor para mitigar os conflitos existentes entre as juventudes e a escola. Em relação à metodologia, desenvolve-se revisão bibliográfica das conceituações da “cultura do cancelamento” e aprofunda-se o entendimento, mediante análise de conteúdo de comentários no twitter em que os internautas expressaram suas leituras a respeito da atuação das empresas Gerdau e Fiat no caso Maurício Souza. Como resultados, constata-se que a “cultura do cancelamento” é definida em três níveis. Em perspectiva centrada no ato sancionatório, o “cancelamento” é definido pelos seus resultados na vida do sujeito “cancelado”, ou seja, o propósito do “cancelamento” é reduzir ao mínimo o capital simbólico do sujeito “cancelado”, com consequências negativas em sua vida econômica e profissional. Em segundo nível, as transformações sociais e econômicas que tornam possível a “cultura do cancelamento” referem-se às novas tecnologias de comunicação em rede, estas que permitem registrar e compartilhar comportamentos com enorme rapidez e facilidade, o que possibilita que as condutas sociais em face de valores e identidades socialmente relevantes sejam tratadas como valores de mercado pelos agentes econômicos. Empresas que assumem com seu engajamento, na opinião de parte dos internautas, o papel de agentes transformadores da realidade social e política, em substituição às políticas públicas e ao papel do Estado, como retrato do ceticismo em relação às instituições estatais, sendo este o significado da “cultura do cancelamento” em terceiro nível de análise. Por fim, em sua relação com mudanças econômicas e sociais recentes, a “cultura do cancelamento” é um dos instrumentos que colaboram para reunir a audiência tendencialmente dispersa na era da internet, o que interessa a grupos de comunicação, aos formadores de opinião, a influenciadores digitais, a celebridades tradicionais e às estratégias de publicidade do setor empresarial.
O ensino de sociologia diante do programa educacional liberal conservador: influências do discurso antidoutrinação fomentado pelo ideário “Escola sem Partido”
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-09-30) Oliveira, Dominyque Domingos de; Barbosa, Jefferson Rodrigues [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A dissertação aborda a influência do discurso antidoutrinação sobre o Ensino de Sociologia. Investiga a disseminação deste discurso através do movimento conhecido como “Escola sem Partido”. Aponta sua difusão como expressão de um processo de reordenamento de grupos de direita no Brasil, organizado por uma rede de conformação do contrapúblico ultraliberal no país. A dissertação debate a diferenciação entre Educação e Instrução, reivindicada no discurso antidoutrinação do Escola Sem Partido, como resultado de influências de alguns aspectos de concepções funcionalistas, no que tange ao debate sobre “Educação moral”, retomadas no contexto de aprofundamento do neoliberalismo. Os resultados alcançados contemplam a discussão de parte da bibliografia especializada sobre o assunto; a análise de fontes primárias como o livro “Professor não é Educador”, material da bibliografia oficial sugerida pelo movimento, e uma discussão relacionada ao conceito de ideologia. Por fim, propõe uma sequência didática que objetiva a desnaturalização do conceito de ideologia.
A lei 10.639/03 e o ensino de sociologia: uma análise sobre a presença do negro no livro didático “Tempos modernos, tempos de sociologia”
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-09-28) Silva, Rayanne dos Santos; Lopes, Daniel Henrique [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A escola e o currículo escolar são espaços em constante disputa de concepções e visões de mundo. Em relação às questões de ordem étnico-raciais essa disputa pode se configurar no caráter eurocentrista, que reproduz uma suposta inferioridade dos povos africanos e de seus descendentes, ou aqueles que percebem esses espaços como um lugar de desconstrução dessa “inferioridade” e um caminho importante para transformações nesse sentido. Na prática escolar a transposição do currículo vem sendo feita, principalente, por meio dos livros didáticos, que ainda contam com uma grande aderência na cultura escolar. Nesse sentido, na tentativa de identificar qual o lugar e o tratamento conferido à história e cultura afro-brasileira e africana nos livros didáticos de sociologia, esta pesquisa, de natureza qualitativa, tem por objetivo analisar as três edições do livro didático “Tempos modernos, tempos de sociologia” em diálogo com inserção de conteúdos relacionados à História e Cultura Afro-brasileira e Africana, propostos pela Lei 10.639/2003 e sistematizados nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais. O livro analisado foi aprovado nos três PNLD´s em que a disciplina de Sociologia foi contemplada, sendo estes os de 2012, 2015 e 2018. A metodologia analítica utilizada é inspirada na Análise do Conteúdo, de Bardin (2016). Desenvolvemos essa pesquisa apoiada em investigações anteriores sobre o negro no livro didático, na perspectiva crítica e pós-crítica do currículo, e nos estudos direcionados à educação das relações étnico-raciais. Os estudos étnico-raciais aparecem aqui não só como aporte teórico, mas também como base para todo o desenvolvimento do trabalho. Os resultados apontaram que a presença do negro no livro didático “Tempos modernos, tempos de sociologia” está condicionada a um capítulo do livro, no tema da desigualdade social, colocado majoritariamente nas situações de conflito e desigualdade social. Houveram algumas transformações ao longo da publicação das edições, com relação as imagens e breves mudanças no conteúdo textual. Dessa forma, evidencia a necessidade de que o material explore as possibilidades que o ensino de sociologia dispõe para tratar a temática, como também, é preciso repensar o lugar do intelectual negro como referencial teórico no conteúdo textual, bem como, na autoria de livros e materiais didáticos, para além da representatividade, pois é preciso dialogar profundamente como os que dedicaram suas vidas/obras para pensar com rigor a questão racial.
Contribuições da literatura ao ensino de sociologia: o cortiço como conteúdo na mediação didática
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-08-13) Falchetti, Crisliane Aparecida; Totti, Marcelo Augusto [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
A história da sociologia no Brasil é marcada por uma série de particularidades que aponta para a dificuldade de permanência no núcleo de ensino obrigatório da Educação Básica, bem como da elaboração de práticas de ensino voltadas para a aprendizagem da sociologia. Assim, este trabalho está dividido em três seções. Na primeira, é apresentada a trajetória do ensino de sociologia nas escolas, alocando o debate para o tempo presente, em que, com a Nova BNCC, a sociologia mais uma vez deixa de integrar o currículo como disciplina obrigatória. Na defesa da sociologia como disciplina capaz de dar sentido à escola, é apresentada a proposta de abordagem da disciplina a partir da leitura literária, apontando para a possibilidade de trabalhar com os estudantes de maneira interligada com o ensino de literatura. Na segunda seção é feito um balanço da relação existente entre a sociologia e a literatura, propondo aproximações que possam confirmar a dimensão epistemológica da literatura para a produção de conhecimento sobre a sociedade, bem como o desenvolvimento do pensamento social brasileiro em íntima relação com o ensaio e a literatura. Por fim, na última seção, é desenvolvida uma sequência didática com a obra O Cortiço, de Aluísio Azevedo, com o objetivo de exemplificar as aproximações entre a literatura e temas de pertinência sociológica, como a sociabilidade, a cultura, a identidade e a desigualdade. Sem perder de vista que a análise das partes não se separa do conjunto, e tomando como referência o currículo do Estado de São Paulo, a abordagem sugere o permanente exercício de integração e revisão do conhecimento.
O uso da literatura como apoio didático no ensino de sociologia: educação e trabalho na sociedade capitalista
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-08-24) Silva, Jabis Ronaldo Evaristo da; Cordeiro, Ana Paula [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
O presente trabalho tem como enfoque contribuir, por meio do desenvolvimento de uma proposta de sequência didática, com o ensino de Sociologia no Ensino Médio. A pesquisa tem como objetivo propor um diálogo entre a Literatura e o ensino de Sociologia visando, por meio de textos literários, desenvolver o tema “Trabalho”, em sala de aula, de forma a ampliar a experiência humana do aluno, visando a aprofundar sua consciência. Além disso, uma parcela importante dos alunos do ensino médio, assim como os profissionais da educação são trabalhadores. Esse fator foi determinante para a escolha do tema a ser desenvolvido na sequência didática: o tema “Trabalho”, a partir das obras de Karl Marx e do marxismo. Esse trabalho de pesquisa tem como justificativa os desafios da disciplina de Sociologia e do reconhecimento da escola pública como um espaço de conhecimento. Escolhemos a Literatura como elemento principal na produção de uma sequência didática, porque a arte representa sempre e exclusivamente o mundo humano. Elaboramos uma proposta de sequência didática, e para isso usamos a obra “Hard Times” de Charles Dickens, como o elemento de mediação entre essa realidade reificada e o próprio indivíduo, assumindo, nesse contexto de formação do homem, um papel de esclarecimento que levará o aluno a percepção da totalidade do mundo. Para o desenvolvimento da proposta de sequência didática utilizamos elementos dos referenciais da Teoria Histórico-Cultural e da Pedagogia Histórico-Crítica e seus princípios metodológicos, pois entendemos que a didática da Pedagogia Histórico-Crítica traduz para a sala de aula o processo dialético “prática-teoria-prática” na elaboração do conhecimento científico, constituindo-se em um método eficiente de leitura de mundo. Buscamos, utilizando metodologias de ensino que sejam significativas, alcançar maior êxito no processo de ensino-aprendizagem: o conhecimento. Os objetivos da pesquisa foram atingidos, e a proposta da sequência didática foi devidamente elaborada e apresentada como possibilidade de aplicação em aulas de Sociologia no Ensino Médio.
Lei 11.645/2008 e o ensino de sociologia(s): problematizando invisibilidades indígenas urbanas dentro de uma escola pública de Tupã/SP
(Universidade Estadual Paulista (Unesp), 2021-05-27) Jesus, Marleide Maria de; Ocada, Fábio Kazuo [UNESP]; Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Apesar de uma década da lei federal 11.645/2008 que tornam obrigatórias as “temáticas” indígenas e afro-brasileiras nas escolas públicas/particulares e da lei federal 11.684/2008 que torna obrigatório a “disciplina” de sociologia(s) no(s) ensino(s) médio(s), ainda encontramos muitos abismos e lacunas na implementação da primeira legislação quando se trata das incursões pedagógicas das temáticas indígenas e de inclusões educacionais biculturais (indígena/brasileira) em diferentes áreas/níveis de ensino dentro da educação básica monocultural. O presente trabalho busca refletir sobre estes dois contextos a partir da presença de estudantes indígenas dentro de uma escola pública na cidade de Tupã/SP. A pesquisa tem como proposta teórico-metodológica reflexões decoloniais como suporte para propostas didáticas interculturais na disciplina de sociologia(s). Para coleta de dados foram utilizados recursos quantitativos-qualitativos na aplicação de questionários para 11 professoras/es, 8 estudantes do 2º ano de ensino médio. Além de entrevista com a única estudante indígena a ter na sua “cidadania brasileira” o seu nome étnico: Xerente. É importante conjugar as duas legislações citadas e buscar reflexões sobre como juntas podem contribuir para reflexões sobre a presença das temáticas indígenas e a falta de reconhecimento de estudantes de diferentes pertencimentos étnicos nativos no interior desses espaços. Apresenta também uma pequena proposta intercultural para o ensino de sociologia(s). Pelos resultados deduz-se que apesar da conquista da lei 11.645/08 são extensos os desafios para implementação concreta dessa legislação desde “dentro” das escolas, visto os poucos espaços interculturais no ensino de sociologia(s) e mais ainda a não “inclusão de fato” de educações indígenas específicas diferenciadas, interculturais e bilíngues (pluriétnicas/pluriculturais) nos contextos urbanos diante de conjunturas educacionais indígenas e não-indígenas de tramas altamente complexas.

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