Ozualdo Candeias: entre o cinema de gênero e o autorismo

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Data

2021-07-27

Autores

Delboni, Natália de Oliveira Conte

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

Ozualdo R. Candeias foi um cineasta brasileiro com farta produção a partir dos anos 60, conhecido por seu estilo de fazer cinema, sempre com poucos recursos e por ter exercido diversas funções em seus processos de trabalho. Era diretor, fotógrafo, cinegrafista e até figurinista. Sua estreia em longa-metragem de ficção, A Margem de 1967, foi destaque entre os críticos e abriu espaço para o pensamento do movimento Cinema Marginal entre os anos de Ditadura do Brasil. Visitante assíduo da Boca do Lixo construiu sua carreira pelos caminhos da Rua Triumpho e em longas conversas no Bar Soberano, onde conhecia histórias que contribuíram para as suas narrativas. Candeias já foi tema de pesquisas acadêmicas; estudos procuraram compreender o seu trabalho e suas composições imagéticas. Porém, ainda há uma lacuna sobre a produção cinematográfica de Candeias, principalmente ao que se realizou posterior à A Margem. Assim, este trabalho é uma proposta de análise da seguinte problemática: se há dimensões em seu cinema que parecem tender para o autorismo, por outro lado, filmes como Meu Nome é Tonho e A Herança indicam apontamentos para o “filme de gênero”, paradigma cuja homogeneização nega o próprio autorismo. Tomando tal tensão como ponto incitador da análise, esta tese se dirige a quatro de suas obras, filmes produzidos entre 1967 e 1974, anos em que se considera o Cinema Marginal como principal movimento cinematográfico nacional do momento. A Margem (1967), Meu Nome é Tonho (1969), A Herança (1970/71) e Zézero (1974) compõem o objeto desta pesquisa que vai procurar identificar estratégias estilísticas como indício de autoria em tais obras, as quais certamente entram em tensão com aspectos do “filme de gênero”. A tese se fundamentou no conceito de política de autor defendido pela revista Cahiers du Cinéma e para apoio metodológico sobre questões de gêneros textuais e intertextualidade terá apoio em Mikhail Bakhtin e Julia Kristeva, bem como Jacques Aumont, David Bordwell, Robert Stam e Francis Vanoyé, que serão base para as análises fílmicas. O cinema nacional será contextualizado a partir de nomes que integram a própria trajetória de estudos da sétima arte no Brasil, tais como Ismail Xavier, Jairo Ferreira, Fernão Ramos, Paulo Emília e Jean-Claude Bernardet.
Ozualdo R. Candeias was a Brazilian filmmaker with extensive production from the 1960s, known for a style of making cinema, always with few technical resources and for handling various functions during the filming. He was at the same time a director, photographer, videographer, and even costume designer. His debut film in a fictional feature film, A Margem, from 1967, stood out among critics and opened space for the spirit of the Cinema Marginal movement between the years of the Dictatorship of Brazil. A frequent visitor to Boca do Lixo, Ozualdo built his career along the paths of Rua Triumpho and in long conversations at the Soberano Bar, where he learned stories that contributed to his narratives. Candeias was the subject of academic research, in which studies sought to understand his work and his imagery compositions. However, there is still a gap in Candeias' cinematographic production, mainly what he did after A Margem. Therefore, this work aims to analyze the following problem: if there are dimensions in his cinema that seems to tend towards authorism. However, films such as Meu Nome é Tonho and A Herança indicate notes for the genre film, a paradigm whose homogenization denies authorism itself. Having such tension as an inciting point in the analysis, this thesis addresses four of his works, produced between 1967 and 1974, years when Cinema Marginal is considered the main national cinematographic movement of the moment. The films A Margem (1967), Meu Nome é Tonho (1969), A Herança (1970/71), and Zézero (1974) compose the object of this investigation, that explores to identify stylistic strategies as evidence of authorship, which surely come into tension with aspects of the genre film. The thesis is based upon the concept of author policy advocated by the magazine Cahiers du Cinéma. As methodological support in matters of textual genres and intertextuality, authors such as Mikhail Bakhtin and Julia Kristeva, as well as Jacques Aumont, David Bordwell, Robert Stam, and Francis Vanoyé, will be the basis for the analysis of films. The "National Cinema" is contextualized from names that integrate the trajectory of studies of the seventh art in Brazil, such as Ismail Xavier, Jairo Ferreira, Fernão Ramos, Paulo Emília, and Jean-Claude Bernardet.

Descrição

Palavras-chave

Ozualdo Candeias, Cinema brasileiro, Política de autor, Ditadura militar, Brazilian cinema, Author policy, Dictatorship, Censorship, Cinematic aesthetics

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