Um capítulo da história da estética marxista no Brasil: debate sobre Franz Kafka (1960-1980)

Carregando...
Imagem de Miniatura

Data

2022-05-24

Autores

Silva, Edson Roberto de Oliveira da

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

Esta pesquisa tem como objetivo tratar do debate nacional sobre a literatura kafkiana entre o período de 1960-1980. Esse debate figurou um capítulo da história da estética marxista no Brasil, pois trouxe novas categorias para se pensar a arte e a literatura como um produto humano servindo para o conhecimento da realidade histórico-social. Com os acontecimentos culturais e políticos da década de 1960 a popularização da literatura kafkiana ficou marcada por trazer conteúdos históricos-estéticos que colaboravam para pensar e esclarecer os fenômenos da alienação e reificação da realidade brasileira. Sua literatura chamou atenção de filósofos e críticos literários marxistas. Roberto Schwarz, foi o primeiro marxista a tratar e publicar um ensaio sobre a literatura kafkiana. Debatendo com o filósofo Günther Anders, defendeu a literatura de Kafka como um “conto de fadas de sinal trocado” e, seu caminho técnico criativo, como ponto de partida “anti-realista”. Leandro Konder, mostrando a ligação da vida cotidiana e realidade histórica de Kafka com sua produção literária, utilizou a obras de Kafka para dar substancialidade estética para o fenômeno da alienação; e entrou em debate com György Lukács defendendo Kafka como um escritor realista que figurou, de maneira artística, o mundo reificado do imperialismo-monopolista. Carlos Nelson Coutinho buscou defender a literatura kafkiana como realismo fantástico, tratando Kafka como um novelista e, em debate com Lukács, também defendeu Kafka como um escritor realista, crítico do mundo reificado. Os debates, travados por Schwarz, Konder e Coutinho sobre a literatura kafkiana, contribuíram para formar um capítulo da história estética marxista no Brasil.
This research aims to address the national debate on Kafkaesque literature between the period 1960-1980. This debate represented a chapter in the history of Marxist aesthetics in Brazil, as it brought new categories to think about art and literature as a human product serving to understand the historical-social reality. With the cultural and political events of the 1960s, the popularization of Kafka's literature was marked by bringing historical-aesthetic content that collaborated to think and clarify the phenomena of alienation and reification of the brazilian reality. His literature caught the attention of Marxist philosophers and literary critics. Roberto Schwarz, was the first Marxist to treat and publish an essay on Kafkaesque literature. Debating with the philosopher Günther Anders, he defended Kafka's literature as a “fairy tale with a changed sign” and, his creative technical path, as an “anti-realist” starting point. Leandro Konder, showing the connection between Kafka's everyday life and historical reality with his literary production, used Kafka's works to give aesthetic substantiality to the phenomenon of alienation; and started a debate with György Lukács defending Kafka as a realist writer who artistically represented the reified world of monopolist-imperialism. Carlos Nelson Coutinho sought to defend Kafka's literature as fantastic realism, treating Kafka as a novelist and, in a debate with Lukács, also defended Kafka as a realist writer, critic of the reified world. The debates held by Schwarz, Konder and Coutinho on Kafkaesque literature contributed to form a chapter in the Marxist aesthetic history in Brazil.

Descrição

Palavras-chave

Kafka, Schwarz, Coutinho, Estética marxista, Marxist aesthetics

Como citar