A desconstrução do mito português no romance poético de António Lobo Antunes

Carregando...
Imagem de Miniatura

Data

2022-11-17

Autores

Pereira, Daniella Sigoli

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

O presente trabalho analisa a desconstrução do mito português em romances poéticos representativos da obra do escritor António Lobo Antunes. Entendemos que, no seu processo de construção de narrativas poéticas, o autor gera um movimento pendular, assim como pensa Eduardo Lourenço (1999), de desconstrução e reconstrução antagônica dos mitos ideológicos de Portugal, criando, assim, uma espécie de antimito português. Ora, ainda que tematicamente oposto aos grandes mitos fundadores de Portugal no que concerne às questões temáticas, a linguagem para a desconstrução dessas narrativas não deixa também de ser lírica. Porém, enquanto a construção dos mitos ideológicos apresenta o tom enaltecedor da ode, a sua desconstrução tal como observamos em Lobo Antunes, apresenta o da elegia. Isso porque seu “canto” irônico é marcado por imagens da falência, amargura, solidão, ruína, desamparo e desilusão. A obra de António Lobo Antunes, ao contribuir para o movimento oscilatório da euforia e desencantamento, descobre todas as ilusões pelas quais os mitos foram revestidos durante o governo Salazarista. Por fim, considerando que o escritor português escolhido por nós como objeto de análise apresenta uma obra extensa, foi necessário que uma seleção fosse feita, sendo ela composta pelos seguintes romances: Memória de Elefante, (1979); Auto dos danados, (1985); As naus (1988); A Morte de Carlos Gardel, (1994); Manual dos Inquisidores (1996) e O Arquipélago da Insónia, (2008); e Não é meia-noite quem quer (2012). Tais obras foram escolhidas por representarem diferentes ciclos da escrita de Lobo Antunes e por apresentarem usos diferentes da linguagem e mundos coesos muito singulares, mas que levam a um resultado poético similar.
This study analyzes the desconstruction of the Portuguese myth in representative poetic novels written by António Lobo Antunes. As Eduardo Lourenço (1999) thinks in the process of building poetic narratives the author generates a pendulum movement of deconstruction and antagonistic reconstruction of the Portuguese ideological myths, thus creating a kind of Portuguese anti-myth. Although thematically opposed to the great founding myths regarding thematic issues, the language for his desconstruction is also lyrical. However, while the construction of ideological myths presents the ode’s exalting tone, the desconstruction presents that of the elegy in Lobo Antunes. This occurs because his narratives are marked by images of ruins, bitterness, loneliness and disillusionment. The work of António Lobo Antunes, by contributing to the oscillatory movement of euphoria and disenchantment, uncovers all the illusions by which the myths were covered during the Salazarist government. Finally, considering that Lobo Antunes has an extensive work, there was a selections of books, which was composed of the following novels: Memória de Elefante, (1979); Auto dos danados, (1985); As naus (1988); A Morte de Carlos Gardel, (1994); Manual dos Inquisidores (1996) e O Arquipélago da Insónia, (2008); e Não é meia-noite quem quer (2012). These works were chosen because they represent different cycles of Lobo Antunes' writing and because they present different uses of language and very unique cohesive worlds, but which lead to a similar poetic result.

Descrição

Palavras-chave

Mito, Ironia, Romance poético, António Lobo Antunes, Myth, Irony, Poetic novel

Como citar