Eu pertenço a esse lugar! A importância das relações espaciais para as vivências e resistências do povo Guarani nas Terras Indígenas de Palhoça-SC

Abstract

A produção da tese é um convite para conhecermos, sob uma perspectiva geográfica, a vida dos povos indígenas localizados na região sul do Brasil, próximo às áreas litorâneas do município de Palhoça/SC, onde se encontram três terras indígenas: Morro dos Cavalos, Cambirela e Massiambu. Permeados entre esses territórios indígenas há construções de casas, rodovias, plantações, florestas, comércios e serviços que resultam em conflitos sobre a quem deve pertencer esses espaços. Ao mesmo tempo em que os indígenas produzem as relações de pertencimento, há também uma necessidade de lutar pela sua sobrevivência no lugar onde estão situados, pois essa área representa um importante meio para a produção de mais valia. Os indígenas têm recorrido a meios legais pela homologação das terras e pela manutenção dos seus espaços. A União, por ação às medidas judiciais, têm afirmado a existências do povo Guarani na região e oferecido assistência em duas principais frentes: a educação e a saúde. A defesa pelo lugar onde vivem desenvolveu uma aliança de cooperação e ajuda mútua, uma organização que vem sendo fortalecida para garantir seus direitos, muito além da delimitação de seus territórios. O delineado da tese só ganhou forma e espacialidade à medida que os procedimentos metodológicos foram sendo construídos, nas entrevistas que viravam conversas, nas observações que viravam vivências, nas histórias de vida que se tornavam aprendizados. Essas distintas realidades possibilitam um olhar particular a cada localidade, mas também como tais práticas podem estabelecer diálogos que possibilitem o avanço nos estudos das geografias indígenas e uma ciência construída conjuntamente com os povos Guaranis.

The production of the thesis is an invitation to get to know, from a geographical perspective, the life of indigenous peoples located in the southern region of Brazil, close to the coastal areas of the Palhoça/SC’s city, where three indigenous lands: Morro dos Cavalos, Cambirela and Massiambu. Permeated among these indigenous territories there are constructions of houses, roads, plantations, forests, businesses and services that result in conflicts over who should belong to these spaces. At the same time that indigenous people produce relationships of belonging, they also need to fight for their survival in the place where they are located, because this area represents an important means of producing surplus value. Indigenous people resort to legal means for the approval of lands and fight for the maintenance of their spaces. The Union, through judicial action, has affirmed the existence of the Guarani in the region and offered assistance on two main fronts: education and health. The defense for the place where they live, has developed an alliance of cooperation and mutual aid, an organization that has been strengthened to guarantee their rights, far beyond the delimitation of their territories. The outline of the thesis only gained shape and spatiality as the methodological procedures were being constructed, in interviews that became conversations, in observations that became experiences, in life stories that became lessons learned. These different realities allow a particular perception at each location, but also how such practices can establish dialogues that make possible the advancement in the studies of indigenous geographies and a science built jointly with the Guarani peoples.