Capacidade de trabalho e qualidade de vida relacionada a saúde de cuidadores formais e informais.

Abstract

Contexto: O número de pessoas que apresenta limitações e/ou incapacidade funcional vem aumentando consideravelmente no Brasil e no mundo nas últimas décadas, e os cuidadores são considerados um pilar fundamental na assistência à saúde dessas pessoas. Objetivo: Investigar a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) e a capacidade para o trabalho (CT) de cuidadores formais e informais. Métodos: Este estudo transversal – vinculado à linha de pesquisa “Estudos de doenças infecciosas e parasitárias, crônicas não transmissíveis e de agravos à saúde do trabalhador” do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina de Botucatu/UNESP – contou com a participação de 188 cuidadores formais e informais. As seguintes informações foram obtidas por meio de um questionário auto aplicável: características sociodemográficas e laborais, sobrecarga de cuidado, apoio social, indepêndencia funcional do(s) indivíduo(s) sob cuidado, QVRS e CT. A análise descritiva dos dados foi feita por meio de distribuições brutas e percentuais, além de medidas de tendência central e de dispersão. As diferenças entre os cuidadores foram avaliadas usando os testes de Mann-Whitney U e qui-quadrado. Dois modelos de regressão logística foram usados para analisar os fatores associados à baixa QVRS e à CT inadequada: um modelo hierárquico de dois níveis e outro explorando a relação entre a sobrecarga de cuidado e o apoio social com os desfechos. Resultados: Tanto a QVRS quanto a CT dos cuidadores informais obtiveram pontuação significativamente menor que a dos cuidadores formais, os resultados mostram também que os cuidadores informais relataram maior sobrecarga de cuidado e menor apoio social. As horas diárias de cuidado foram positivamente associadas aos desfechos, enquanto a boa aptidão física foi inversamente associada a eles. Os níveis de sobrecarga moderada e grave mostraram uma forte associação dose-resposta positiva com os desfechos. Conclusão: Os cuidadores informais apresentam maiores desafios em termos de QVRS e CT, destacando a necessidade de intervenções específicas para apoiar esses trabalhadores.

Context: The number of people with limitations and/or functional disabilities has been increasing considerably in Brazil and worldwide in recent decades, and caregivers are considered a fundamental pillar in providing health care for these individuals. Objective: To investigate the health-related quality of life (HRQoL) and work ability (WA) of formal and informal caregivers. Methods: This cross-sectional study — associated with the research line “Studies of infectious and parasitic diseases, noncommunicable chronic diseases, and occupational health issues” of the Botucatu Medical School/UNESP’s Graduate Program in Public Health — included the participation of 188 paid and family caregivers. The following information was obtained through a self-administered questionnaire: sociodemographic and labor characteristics, caregiver burden, social support, functional independence of the individual(s) under care, HRQoL, and WA. Descriptive data analysis was performed using raw and percentage distributions, as well as measures of central tendency and dispersion. Differences between caregivers were assessed using Mann-Whitney U and chi-square tests. Two logistic regression models were used to analyze the factors associated with poor HRQoL and inadequate WA: a two-level hierarchical model and another exploring the relationship between caregiver burden and social support with the outcomes. Results: Both HRQoL and WA scores of family caregivers were significantly lower than those of paid caregivers. The results also show that family caregivers reported a higher caregiver burden and lower social support. Daily care hours were positively associated with the outcomes, while good physical fitness was inversely associated with them. Moderate and severe levels of burden showed a strong positive dose-response association with the outcomes. Conclusion: Family caregivers face greater challenges in terms of HRQoL and WA, highlighting the need for specific interventions to support these workers.