Saúde mental de trabalhadores de saúde no contexto da pandemia da covid-19. Estudo de caso na atenção primária à saúde no interior paulista.

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Data

2022-07-21

Orientador

Dias, Maria Dionísia do Amaral

Coorientador

Pós-graduação

Saúde Coletiva - FMB

Curso de graduação

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Tipo

Dissertação de mestrado

Direito de acesso

Acesso abertoAcesso Aberto

Resumo

Resumo (português)

As novas formas de acumulação flexível e da hegemonia neoliberal trouxeram diversas consequências para as relações e as condições de trabalho. O setor de saúde, apesar de possuir particularidades, também é afetado, incluindo a Atenção Primária à Saúde (APS). Neste contexto, as novas condições laborais, com alta demanda, exigências excessivas por metas e produtividade e escassez da força de trabalho, levam à precarização do serviço e, consequentemente, ao sofrimento mental dos trabalhadores. Soma-se a este cenário os impactos decorrentes da pandemia da covid-19, que agravam as condições de saúde destes profissionais. Assim, o estudo em questão teve por objetivo compreender as cargas e desgastes psíquicos decorrentes do trabalho na APS no contexto da pandemia da covid-19, conforme a vivência de trabalhadores da rede municipal de saúde de Botucatu (SP). Para a coleta de dados utilizou-se de entrevistas semiestruturadas individuais, reunindo trabalhadores de unidades de saúde do modelo tradicional e de saúde da família. Optou-se por realizar a pesquisa com trabalhadores de saúde das diversas funções existentes na equipe. Da análise emergiram seis núcleos de significação, a saber: a) Tudo mudou! “É virado no avesso o serviço nosso” - a pandemia impõe diversas mudanças na organização do trabalho o que alia-se às incertezas em relação à covid-19 e todas as transformações na vida cotidiana; b) Condições adversas: “eles querem o seu máximo” - as condições de trabalho precarizadas na saúde são anteriores à pandemia e se exacerbam na situação de excepcionalidade; c) Difíceis relações de cuidado: “não entende que você tá tentando proteger” - o relacionamento com os usuários dos serviços é permeado por desconfianças e violências; d) “Você jura ser fiel à sua profissão”: compromisso em primeiro lugar – o comprometimento com a profissão em detrimento da própria saúde; e) Consequências à saúde do trabalhador: o trabalho em situação de pandemia e os impactos ao corpo e mente dos trabalhadores; f) Solidariedade e trabalho em equipe: possibilidades de resistência em meio à precarização social e do trabalho. Esta pesquisa revela que as condições laborais precarizadas no âmbito da saúde já ocorriam anteriormente à situação excepcional abordada, com impactos na saúde dos trabalhadores; contudo, a pandemia intensifica o contexto já dificultoso, com consequências adicionais à saúde dos mesmos. Indica também a necessidade de mais estudos relacionados à saúde mental dos profissionais da saúde, sobretudo em um contexto de desmonte de políticas públicas. Cabe salientar, contudo, a importância da manutenção de uma participação social ativa e do fortalecimento de espaços coletivos, para que seja possível resistir, preservar e reconquistar direitos sociais e trabalhistas. Portanto, espera-se que os resultados da pesquisa contribuam para estratégias de enfrentamento das condições e relações de trabalho, bem como para possíveis intervenções que possam minimizar ou prevenir consequências à saúde dos trabalhadores em situações semelhantes à analisada.

Resumo (inglês)

The new forms of flexible accumulation and neoliberal hegemony had several consequences for working relationships and conditions. The health sector, despite having particularities, is also affected, including Primary Health Care (PHC). In this context, the new working conditions, with high demand, excessive demands for goals and productivity and shortage of the workforce, lead to the precariousness of the service and, consequently, to the mental suffering of workers. Added to this scenario are the impacts resulting from the covid-19 pandemic, which worsen the health conditions of these professionals. Thus, the study in question aimed to understand the psychic burdens and wear and tear resulting from work in PHC in the context of the covid-19 pandemic, according to the experience of workers in the municipal health network of Botucatu (SP). For data collection, semi-structured individual interviews were used, bringing together workers from health care units of the traditional model and family health. It was decided to carry out the research with health workers from the various functions existing in the team. Six meaning cores emerged from the analysis, namely: a) Everything has changed! “Our service is turned inside out” - the pandemic imposes several changes in the organization of work, which is combined with the uncertainties regarding covid-19 and all the transformations in daily life; b) Adverse conditions: “they want the most” - precarious working conditions in health pre-date the pandemic and are exacerbated in exceptional situations; c) Difficult care relationships: “they don't understand that you're trying to protect” - the relationship with service users is permeated by mistrust and violence; d) “You swear to be faithful to your profession”: commitment in the first place – commitment to the profession to the detriment of your own health; e) Consequences for workers' health: work in a pandemic situation and the impacts on the body and mind of workers; f) Solidarity and teamwork: possibilities of resistance in the midst of social and work precariousness. This research reveals that the precarious working conditions in the field of health already occurred before the exceptional situation addressed, with impacts on the health of workers; however, the pandemic intensifies the already difficult context, with additional consequences for their health. It also indicates the need for more studies related to the mental health of health professionals, especially in a context of dismantling public policies. It is worth noting, however, the importance of maintaining active social participation and strengthening collective spaces, so that it is possible to resist, preserve and regain social and labor rights. Therefore, it is expected that the research results will contribute to strategies for coping with working conditions and relationships, as well as possible interventions that can minimize or prevent consequences to the health of workers in situations similar to the one analyzed.

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Português

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