RESSALVA Atendendo solicitação do(a) autor(a), o texto completo desta tese será disponibilizado somente a partir de 01/02/2023. MODELAGEM MATEMÁTICA DA CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS CUTÂNEAS COM BASE EM MODELO BIOLÓGICO EM RATOS Marta Helena de Oliveira Tese apresentada à Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” para a ob- tenção do t́ıtulo de Doutor em Biometria. BOTUCATU São Paulo - Brasil Fevereiro – 2021 MODELAGEM MATEMÁTICA DA CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS CUTÂNEAS COM BASE EM MODELO BIOLÓGICO EM RATOS Marta Helena de Oliveira Orientador: Dr. Paulo Fernando de Arruda Mancera Coorientadora: Dra. Cláudia Helena Pellizzon Tese apresentada à Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” para a ob- tenção do t́ıtulo de Doutor em Biometria. BOTUCATU São Paulo - Brasil Fevereiro – 2021 Palavras-chave: Angiogênese; Celularidade; Cicatrização ; Equações diferenciais; Feridas na pele. Oliveira, Marta Helena de. Modelagem matemática da cicatrização de feridas cutâneas com base em modelos biológicos em ratos / Marta Helena de Oliveira. - Botucatu, 2021 Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Instituto de Biociências de Botucatu Orientador: Paulo Fernando de Arruda Mancera Coorientador: Cláudia Helena Pellizzon Capes: 90194000 1. Modelos matemáticos. 2. Angiogênese. 3. Pele - Ferimentos e lesões. 4. Cicatrização. 5. Equações diferenciais. DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CÂMPUS DE BOTUCATU - UNESP BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: ROSEMEIRE APARECIDA VICENTE-CRB 8/5651 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉC. AQUIS. TRATAMENTO DA INFORM. Dedicatória Esse trabalho é dedicado à minha famı́lia. Agradecimentos Entre tropeços e recomeços escolhi viver essa aventura. Um árduo caminho a ser trilhado e o que seria deste sem meus apoiadores? Na concretização desse sonho ouso dizer que de nada valeria a conquista sem que eles estivessem comigo. Sempre tive apoio e companhia, fosse na glória ou na tribulação. E em primeiro lugar devo agradecer aos meus heróis: meus pais José e Áurea, guerreiros incansáveis e não muito além aos meus irmãos Ailton, Meirinês e Inês por todo apoio, carinho e incentivo. Aos meus sobrinhos André, Let́ıcia, Camila, Artur e Alexandre, meus eternos meninos, pelo sorriso e pelo brilho no olhar esternando constante orgulho, admiração e me impulsionando a resistir as grandes dificuldades. À todos os amigos que me acompanharam nessa jornada tornando-a mais gratificante e aqui devo citar Lucas Fernando Sérgio Gushiken, Eduardo Ribeiro Pinto, Jairo Gomes da Silva, Daniel Chieregato Vicentin, Francini Piccolo Ferreira, Gabriela Colovati de Almeida, Juliana Aparecida Gualberto, Felipe Teles Barbosa, Luiz Gustavo Lyra, Janielly Matos Vieira, Roniel Antonio de Araújo e Felipe de Almeida Camargo. À todos os docentes e funcionários do Departamento de Bioestat́ıstica, Biologia Vegetal, Parasitologia e Zoologia pela cordialidade e profissionalismo. Ao meu orientador do mestrado César Guilherme de Almeida que muito contribuiu com meus conhecimentos cient́ıficos e a Rosana Sueli da Motta Jafelice pelo incentivo. À minha coorientadora Cláudia Helena Pellizzon pela sua presteza, pelo companherismo e por todo apoio e aqui não poderia deixar de relatar minha v admiração por sua competência profissional e humana. Ao meu orientador Paulo Fernando de Arruda Mancera por todo com- panherismo, pela prontidão, pelos ensinamentos didáticos, cient́ıficos e humanos a quem devo muito mais que agradecimentos. Por ele tenho profunda admiração, me sinto honrada de ter sido agraciada com sua orientação e agora ouso chamá-lo de amigo. À Faculdade de Matemática da Universidade Federal de Uberlândia por todo apoio, inclusive financeiro. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nı́vel Superior – CAPES. Ao programa de pós-graduação em Biometria da Universidade Esta- dual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP, Botucatu. À banca examinadora pela disposição e pelo zelo. Às demais pessoas que contribúıram direta ou indiretamente na ela- boração deste trabalho ou participaram da minha vida, e que, porventura, não te- nham sido citadas. Sumário Página LISTA DE FIGURAS viii LISTA DE TABELAS xiv RESUMO xviii SUMMARY xx 1 INTRODUÇÃO 1 1.1 Células . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.2 Cicatrização de feridas na pele . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.2.1 Fase Inflamatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.2.2 Fase Proliferativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 1.2.3 Fase de Remodelamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.3 Angiogênese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 1.4 Tratamentos de Feridas na Pele . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 1.5 Dados Experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 1.6 Modelagem Matemática da Cicatrização de Feridas na Pele . . . . . . . . 26 1.7 Estrutura do Texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 1.8 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2 MODELAGEM MATEMÁTICA DA FASE INFLAMATÓRIA 29 2.1 Equação de Hill . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 2.2 Problemas Stiff . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 vii 2.3 Modelos Matemáticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 2.3.1 Calibração dos Parâmetros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 2.3.2 Resultados e Discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 2.4 Modelo Matemático da Fase Inflamatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 3 MODELAGEM MATEMÁTICA DA DIFUSÃO CELULAR 59 3.1 Equação de Fisher-Kolmogorov . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 3.1.1 Solução Numérica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 3.1.2 Ondas Viajantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 3.2 Sistema Reação-Difusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 3.3 Modelagem Matemática da Fase Proliferativa . . . . . . . . . . . . . . . 68 3.4 Um Modelo Matemático Difusivo da Fase Inflamatória . . . . . . . . . . 73 4 UM MODELO MATEMÁTICO PARA ANGIOGÊNESE DE FE- RIDAS CUTÂNEAS 81 4.1 Modelagem Matemática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 4.2 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 5 CONCLUSÃO 93 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 95 Lista de Figuras Página 1 Representação esquemática da organização hierárquica da hematopoese na vida adulta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 2 Ilustração das fases de cicatrização de feridas. Figura modificada de Eming et al. (2017). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 3 Ilustração de eventos que ocorrem na fase inflamatória da cicatrização de fe- ridas na pele. Fonte: Gushiken (2017), figura modificada de Reinke & Sorg (2012). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 4 Ilustração de eventos que ocorrem na fase proliferativa da cicatrização de feridas na pele. Fonte: Gushiken (2017), figura modificada de Reinke & Sorg (2012). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 5 Ilustração de eventos que ocorrem na fase de remodelamento da cicatrização de feridas na pele. Fonte: Gushiken (2017), figura modificada de Reinke & Sorg (2012). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 6 Ilustração do processo de formação dos vasos sangúıneos . . . . . . . . . 15 7 Ilustração da formação dos brotos (buds) e do brotamento proximal (sprout). Figura modificada de Bischoff (1995) e gerada pelo aplicativo BioRender (Aoki, 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 8 Esquema (A) e fotografia (B) ilustrando o modelo de excisão de lesão cutânea de segunda intenção utilizando punch de 2 cm de diâmetro. Fonte: Gushiken (2017). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 ix 9 Fotografias das lesões dos animais tratados com cremes Lanette, Colagenase, 10% EH e 10% OR durante 3, 7 e 14 dias de experimentação. Os grupos 10% EH e 10% OR apresentavam no local somente a cicatriz da lesão enquanto os grupos CL e colagenase apresentavam crosta fibrinosa. Fonte: Gushiken (2017). 22 10 Dispersão da média das concentrações de IL-6 (pg/mg de protéına) dos resul- tados obtidos em laboratório. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 11 Dispersão da média das concentrações de IL-10 (pg/mg de protéına) dos resul- tados obtidos em laboratório. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 12 Curva de dispersão da média dos dados experimentais da celularidade total na borda da ferida (cel mm−3). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 13 Dispersão da média dos dados experimentais da concentração qúımica da mi- tose (PCNA) na borda da ferida (pg mm−3). . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 14 Curva de dispersão da média dos dados experimentais do quimiotratante VEGF na borda da ferida (mm2). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 15 Dispersão da média dos dados experimentais da densidade do brotamento distal na borda da ferida (U). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 16 Ilustração dos gráficos da função de Hill para diferentes valores de nh. . . 31 17 Ilustração dos gráficos da equação (3) para diferentes valores de Vmax. . . . . 31 18 Ilustração dos gráficos da equação (3) para diferentes valores de k0.5. . . . . . 31 19 Diagrama representativo do modelo matemático (7). . . . . . . . . . . . 35 20 Diagrama representativo do modelo matemático (10) . . . . . . . . . . . 40 21 Ilustração da dinâmica do 10% OR, para o modelo 10. Tempo de cicatrização da ferida: 31,4 dias, quando a celularidade total retorna ao estado basal, ultra- passando de forma descendente a linha pontilhada, a qual corresponde a 30% da celularidade total. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 22 Ilustração da dinâmica do 10% EH, para o modelo 10. Tempo de cicatrização da ferida: 28,4 dias, quando a celularidade total retorna ao estado basal, ultra- passando de forma descendente a linha pontilhada, a qual corresponde a 30% da celularidade total. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 x 23 Ilustração da dinâmica do CL, para o modelo 10. Tempo de cicatrização da ferida: 16,9 dias, quando a celularidade total retorna ao estado basal, ultra- passando de forma descendente a linha pontilhada, a qual corresponde a 30% da celularidade total. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 24 Ilustração da dinâmica da Colagenase, para o modelo 10. Tempo de cica- trização da ferida: 41,5 dias, quando a celularidade total retorna ao estado basal, ultrapassando de forma descendente a linha pontilhada, a qual corres- ponde a 30% da celularidade total. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 25 Ilustração da dinâmica do tratamento 10% OR, para o modelo 26. Tempo de cicatrização da ferida: 18,9 dias, quando a celularidade total retorna ao estado basal, ultrapassando a linha pontilhada de forma descendente, a qual corresponde a 30% da celularidade total. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 26 Ilustração da dinâmica do tratamento 10% EH, para o modelo 26. Tempo de cicatrização da ferida: 17,3 dias, quando a celularidade total retorna ao estado basal, ultrapassando a linha pontilhada de forma descendente, a qual corresponde a 30% da celularidade total. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 27 Ilustração da dinâmica do CL, para o modelo 26. Tempo de cicatrização da ferida: 19,5 dias, quando a celularidade total retorna ao estado basal, ultra- passando a linha pontilhada de forma descendente, a qual corresponde a 30% da celularidade total. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 28 Ilustração da dinâmica da Colagenase, para o modelo 26. Tempo de cica- trização da ferida: 11,3 dias, quando a celularidade total retorna ao estado basal, ultrapassando a linha pontilhada de forma descendente, a qual corres- ponde a 30% da celularidade total. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 29 Diagrama representativo do domı́nio das EDP ilustrando o sentido da propagação. 61 30 Solução numérica do modelo para o caso linear p = 0 com D = 10−3, ∆x = 5× 10−3 e ∆t = 6, 25× 10−3. A celularidade evolui da direita para a esquerda. A linha tracejada corresponde ao critério de cicatrização imposto: 80% da celularidade total. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 xi 31 Solução numérica do modelo para o caso não linear p = 4 com D = 10−3, ∆x = 5 × 10−3 e ∆t = 6, 25 × 10−3. A celularidade evolui da direita para a esquerda. A linha tracejada corresponde ao critério de cicatrização imposto: 80% da celularidade total. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 32 Solução numérica do modelo matemático (37). Densidade celular N do caso ativador. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 33 Solução numérica do modelo (37). Concentração qúımica da mitose C do caso ativador. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 34 Solução numérica do modelo (37). Densidade celular N do caso inibidor. 68 35 Solução numérica do modelo (37). Concentração qúımica da mitose C do caso inibidor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 36 Ilustração do gráfico da função N(1, t) da fronteira de Dirichlet para 10% OR. 70 37 Ilustração do gráfico da função N(1, t) da fronteira de Dirichlet para 10% EH. 70 38 Ilustração do gráfico da função N(1, t) da fronteira de Dirichlet para CL. . . . 71 39 Ilustração do gráfico da função N(1, t) da fronteira de Dirichlet para Colagenase. 71 40 Ilustração do gráfico da função C(1, t) da fronteira de Dirichlet para 10% OR. 71 41 Ilustração do gráfico da função C(1, t) da fronteira de Dirichlet para 10% EH. 71 42 Ilustração do gráfico da função C(1, t) da fronteira de Dirichlet para CL. . . . 72 43 Ilustração do gráfico da função C(1, t) da fronteira de Dirichlet para Colagenase. 72 44 Solução numérica do modelo (36). Densidade celular N , caso inibidor, do tratamento 10% OR. DN = 9, 9 × 10−6, DC = 1, 2 × 10−7, k = 3, 7 × 10−2 e λ = 10−3. A linha tracejada corresponde ao critério de cicatrização imposto: 80% da celularidade total. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 45 Solução numérica do modelo (36). Densidade celular N , caso inibidor, do tratamento colagenase. DN = 9, 7× 10−6, DC = 3, 9× 10−6, k = 3, 7× 10−2 e λ = 10−3. A linha tracejada corresponde ao critério de cicatrização imposto: 80% da celularidade total. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 46 Ilustração do gráfico da função c(1, t) da fronteira de Dirichlet para 10% OR. . 75 47 Ilustração do gráfico da função g(1, t) da fronteira de Dirichlet para 10% OR. 75 xii 48 Ilustração do gráfico da função c(1, t) da fronteira de Dirichlet para 10% EH. . 76 49 Ilustração do gráfico da função g(1, t) da fronteira de Dirichlet para 10% EH. . 76 50 Ilustração do gráfico da função c(1, t) da fronteira de Dirichlet para CL. . . . 76 51 Ilustração do gráfico da função g(1, t) da fronteira de Dirichlet para CL. . . . 76 52 Ilustração do gráfico da função c(1, t) da fronteira de Dirichlet para Colagenase. 77 53 Ilustração do gráfico da função g(1, t) da fronteira de Dirichlet para Colagenase. 77 54 Solução numérica do modelo matemático (38). Celularidade total 10% OR. Ferida cicatrizada no tempo 14,2 dias. DN = 5 × 10−3, DC = 10−2, γc = 3, 0 e ω = 0, 03. A linha tracejada corresponde ao critério de cicatrização imposto: 80% da celularidade total. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 55 Solução numérica do modelo (38). Celularidade total 10% EH. Ferida cica- trizada no tempo 13,7 dias. DN = 5 × 10−3, DC = 10−2, γc = 5 9 γ̃c = 2, 5 e ω = 0, 03. A linha tracejada corresponde ao critério de cicatrização imposto: 80% da celularidade total. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 56 Solução numérica do modelo matemático (38). Celularidade total do CL. Fe- rida cicatrizada no tempo 18,8 dias. DN = 5×10−3, DC = 10−2, γc = 4, 4785, χn = χ̃n/10 = 0, 3915 e ω = 0, 03. A linha tracejada corresponde ao critério de cicatrização imposto: 80% da celularidade total. . . . . . . . . . . . . . . 78 57 Solução numérica do modelo matemático (38). Celularidade total colagenase. Ferida cicatrizada no tempo 16,3 dias. DN = 5× 10−3, DC = 10−2, γc = 3, 6, χn = χ̃n = 5, 0 e ω = 0, 03. A linha tracejada corresponde ao critério de cicatrização imposto: 80% da celularidade total. . . . . . . . . . . . . . . . 78 58 Ilustração do gráfico da função b(1, t) da fronteira de Dirichlet para 10% OR. . 86 59 Ilustração do gráfico da função p(1, t) da fronteira de Dirichlet para 10% OR. 86 60 Ilustração do gráfico da função b(1, t) da fronteira de Dirichlet para 10% EH. . 87 61 Ilustração do gráfico da função p(1, t) da fronteira de Dirichlet para 10% EH. . 87 62 Ilustração do gráfico da função b(1, t) da fronteira de Dirichlet para CL. . . . 87 63 Ilustração do gráfico da função p(1, t) da fronteira de Dirichlet para CL. . . . 87 64 Ilustração do gráfico da função b(1, t) da fronteira de Dirichlet para Colagenase. 88 xiii 65 Ilustração do gráfico da função p(1, t) da fronteira de Dirichlet para Colagenase. 88 66 Ilustração da dinâmica da concentração de VEGF, no leito da ferida, para o tratamento 10% OR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 67 Ilustração da dinâmica da concentração de VEGF, no leito da ferida, para o tratamento 10% EH. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 68 Ilustração da dinâmica da concentração de VEGF, no leito da ferida, para o tratamento CL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 69 Ilustração da dinâmica da concentração de VEGF, no leito da ferida, para o tratamento Colagenase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 70 Ilustração da densidade brotamento distal, no leito da ferida, para o tratamento 10% OR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 71 Ilustração da densidade brotamento distal, no leito da ferida, para o tratamento 10% EH. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 72 Ilustração da densidade brotamento distal, no leito da ferida, para o tratamento CL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 73 Ilustração da densidade brotamento distal, no leito da ferida, para o tratamento Colagenase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 Lista de Tabelas Página 1 Substâncias biologicamente ativas produzidas pelos macrófagos e algumas de suas funções. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2 Algumas substâncias biologicamente ativas produzidas pelos macrófagos. 6 3 Descrição das variáveis para os modelos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 4 Descrição dos parâmetros para os modelos matemáticos. Todos os parâmetros são positivos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 5 Parâmetros do modelo matemático (10) para os tratamentos 10% OR e 10% EH. Apresentamos os valores numéricos e as respectivas proporções desses valores comparados aos à condição inicial. . . . . . . . . . . . . . 49 6 Parâmetros do modelo matemático (10) para os tratamentos CL e Cola- genase. Apresentamos os valores numéricos e as respectivas proporções desses valores comparados aos à condição inicial. . . . . . . . . . . . . . . 50 7 Resultados dos ńıveis celulares e os respectivos tempos do modelo (10). . 51 8 Parâmetros do modelo (26) para os tratamentos 10% OR e 10% EH. Apresentamos os valores dos parâmetros e as respectivas expressões de proporção desses valores quando comparados aos obtidos no modelo 10. . 55 9 Parâmetros do modelo (26) para os tratamentos CL e Colagenasse. Apre- sentamos os valores dos parâmetros e as respectivas expressões de pro- porção desses valores quando comparados aos obtidos no modelo 10. . . . 56 10 Resultados dos ńıveis celulares e os respectivos tempos do modelo (26). . 57 11 Descrição das variáveis e dos parâmetros do modelo (36). . . . . . . . . . 69 xv 12 Constantes das funções fronteira de Dirichlet para celularidade total N(1, t) e concentração qúımica da mitose C(1, t). . . . . . . . . . . . . . 70 13 Constantes das funções fronteira de Dirichlet para IL-6, c(1, t), e IL-10, g(1, t). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 14 Descrição das variáveis do modelo (39). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 15 Descrição dos parâmetros do modelo (39). . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 16 Constantes das funções fronteira de Dirichlet para concentração do qui- miotático, b(1, t), e densidade das pontas capilares, p(1, t). . . . . . . . . 86 17 Resultados numéricos estimados pelo modelo (39) para VEGF, b, e bro- tamento distal dos capilares, p, no centro da ferida. . . . . . . . . . . . . 91 xvi Lista de Śımbolos CFC Células Formadoras de Colônias Cel Célula CL Creme Lanette CR Coeficiente de Rigidez CTH Célula Tronco Hematopoética DBEH Dados biológicos e equação de Hill EDO Equação Diferencial Ordinária EDP Equação Diferencial Parcial EGF Fator de crescimento epidermal FGF-a Fator de crescimento de fibroblasto a FGF-b Fator de crescimento de fibroblasto b FGF-2 Fator de crescimento de fibroblasto 2 IFN Interferon IL-1 Interleucina 1 IL-4 Interleucina 4 IL-6 Interleucina 6 IL-8 Interleucina 8 IL-10 Interleucina 10 IL-1a Interleucina 1 a IL-1b Interleucina 1 b LTC-IC Linhagens de progenitores capazes de estensa proliferação e diferenciação MIF Fator inibidor de migração de macrófago xvii mRNA Ácido ribonucleico mensageiro PCNA Ant́ıgeno nuclear de proliferação celular PDGF Fator de crescimento derivado de plaqueta pH Potencial Hidrogeniônico TNF-a Fator de necrose tumoral a TNF-b Fator de necrose tumoral b VEGF Fator de crescimento endotelial vascular TGF-b Fator de crescimento transformador b mm2 Micrômetros quadrados pg Picograma U Unidade MODELAGEM MATEMÁTICA DA CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS CUTÂNEAS COM BASE EM MODELO BIOLÓGICO EM RATOS Autora: MARTA HELENA DE OLIVEIRA Orientador: Prof. Dr. PAULO FERNANDO DE ARRUDA MANCERA Coorientadora: Profa. Dra. CLÁUDIA HELENA PELLIZZON RESUMO O acometimento de feridas na pele aciona o imediato processo de ci- catrização para reparar a lesão. A cicatrização de feridas é um processo complexo e composto por fases sucessivas e sobrepostas: inflamação, proliferação e remodela- mento. A cicatrização de feridas cutâneas é um processo complexo, devido aos es- tados patológicos associados, como a diabete, a localização e profundidade da lesão, presença ou não de infecção, estado nutricional do paciente, doenças crônicas, faixa etária e obesidade. As falhas no processo de cicatrização de feridas são um problema cĺınico importante com grandes impactos nos custos e cuidados com a saúde abrindo espaço para pesquisas. Uma alternativa de tratamento é o uso de produtos baseados em plantas medicinais por serem utilizadas popularmente desde o ińıcio da humani- dade. As formulações dos tratamentos 10% óleo-resina e 10% extrato hidroalcoólico xix da copáıba apresentam atividade anti-inflamatória, est́ımulo da angiogênese, da ree- pitelização, remodelamento da matriz extracelular e retração da área lesada. Como investigações in vivo, não invasivas, são dif́ıceis de executar, modelos matemáticos, biologicamente reaĺısticos, fornecem uma ferramenta importante para compreender a cicatrização de feridas por meio de previsões teóricas não obtidas de outra forma. Nesse trabalho é proposto a modelagem matemática dos tratamentos 10% óleo-resina e 10% extrato hidroalcoólico através de equações diferenciais ordinárias e equações diferenciais parciais determińısticas afim de obter o tempo de cicatrização das fe- ridas, evidenciar aspectos fundamentais da angiogênese e fazer predições acerca de resultados não obtidos em laboratório. Para verificar a eficiência dos tratamentos comparou-se os tratamentos à base de copáıba com o creme referência Colagenase e com o creme lanette, véıculo dos cremes 10% óleo-resina e 10% extrato hidroalcoólico. O modelo de equações diferenciais ordinárias estudado reproduziu a resolução do pro- cesso inflamatório, o primeiro modelo de equações diferenciais parciais reproduziu a dinâmica de dispersão celular ao longo do raio da ferida e possibilitou encontrar o tempo de cicatrização das feridas. O segundo modelo de equações diferenciais parci- ais estimou a concentração de fator de crescimento endotelial vascular e a densidade do brotamento distal no leito da ferida. MATHEMATICAL MODELLING OF SKIN WOUND HEALING BASED ON RATS BIOLOGICAL MODEL Author: MARTA HELENA DE OLIVEIRA Adviser: Prof. Dr. PAULO FERNANDO DE ARRUDA MANCERA Coadviser: Profa. Dra. CLÁUDIA HELENA PELLIZZON SUMMARY The skin wounds occurrence triggers the immediate healing process to repair the injury. The wound healing is a complex process and consists of successive and overlapping phases: inflammation, proliferation and remodeling. The healing of skin wounds is difficult due to the associated pathological conditions, such as di- abetes, the location, depth of the lesion, the presence or absence of infection, the patient’s nutritional status, chronic diseases, age range and obesity. The failures in the wound healing process are an important clinical problem with major impacts on costs and health care, and many researches are being developed. The use of products based on medicinal plants is an alternative treatment for wound healing due to their popularity since the beginning of the humanity. The formulations of the treatments, 10% oilresin and 10% hydroalcoholic extract of copaiba, have anti- inflammatory activity, stimulating angiogenesis, re-epithelialization, the extracellular xxi matrix remodeling and injured area retraction. As non-invasive in vivo investigati- ons are difficult to perform, then mathematical models, biologically realistic, provide an important tool for the understanding of the wound healing through theoretical predictions whic can not be obtained by other ways. In this work, we propose the mathematical modelling of the treatments, 10% oilresin and 10% hydroalcoholic ex- tract, using ordinary differential equations and partial differential equations to find the time for the wound healing, to highlight fundamental aspects of angiogenesis and to make predictions about results not obtained in the laboratory. In order to verify the treatment efficacy the copaiba-based treatments were compared with the collagenase cream reference and with the lanette cream, which is the vehicle for the creams 10% oilresin and 10% hydroalcoholic extract. The resolution of the inflam- matory process was reproduced by the model of ordinary differential equations, the first model of partial differential equations replicated the dynamics of cell dispersion along the radius of the wound and made it possible to find the healing time of the wounds. The second model of partial differential equations estimated the concentra- tion of vascular endothelial growth factor and the density of the capillary tips in the wound centre. ”Não existe sucesso sem sucessor.” John Maxwell 1 INTRODUÇÃO A cicatrização de feridas é um processo dinâmico, complexo, de grande demanda metabólica e regulado por mecanismos celulares, moleculares, bioqúımicos e humorais (relativo à imunidade), que se inicia logo após a ocorrência do ferimento e pode durar anos (Eming et al., 2017; Reinke & Sorg, 2012). A cicatrização de feridas cutâneas é reconhecida como importante para a saúde desde o prinćıpio da humanidade. Pergaminhos do antigo Egito (3200- 300 A.C.) já descrevem procedimentos de tratamentos de feridas, com o uso de compressão para hemostasia e prinćıpios de cicatrização em diferentes tipos de feridas (Reinke & Sorg, 2012; Murray, 2000b). A pele, maior orgão do corpo humano, é composto por duas camadas: a epiderme (superf́ıcie da pele) e a derme (alguns autores consideram a hipoderme, ou camada adiposa, como camada da pele). A pele possui anexos (foĺıculos capila- res, glândulas sebáceas e sudoŕıparas), nervos, corpúsculos sensoriais e vasculatura (Moreski et al., 2018; Rittié, 2016; Reinke & Sorg, 2012). Os vasos sangúıneos que fornecem oxigênio e nutrientes para a pele e que removem reśıduos de produtos me- tabólicos são encontrados na derme (Flegg et al., 2015). Entre as principais funções da pele normal pode-se destacar a garantia de uma barreira protetora ao ambiente externo, a termorregulação corpórea e a proteção contra perda de água (Gushiken, 2017; Horng et al., 2017; Rittié, 2016). Quando essa barreira protetora é rompida por trauma, lesão, radiação, lesão qúımica ou lesão térmica ocorre a injúria, que resulta na ruptura da pele, chamada de ferida ou úlcera e, imediatamente é acionado o processo de cicatrização para reparar o dano (Horng et al., 2017; Gushiken, 2017). 2 As feridas podem afetar uma ou mais camadas da pele. Feridas super- ficiais afetam a epiderme e, possivelmente, uma parte da derme, cuja cicatrização é, basicamente, por reepitelização. Feridas profundas destroem a derme e, possi- velmente, mais camadas e a cicatrização requer a formação de tecido de granulação (Rittié, 2016; Murray, 2000b). O sucesso na cicatrização de feridas profundas depende tanto de fa- tores intŕınsecos, como espécies oxidantes e fatores induźıveis por hipóxia, quanto de fatores extŕınsecos como medicação, estresse emocional, nutrição e idade (Flegg et al., 2015). Três principais abordagens são utilizadas para classificar/tratar uma ferida (Rittié, 2016): • primeira intenção: locais cirúrgicos não infectados com perda mı́nima de tecido fechados com suturas (as mais simples); • segunda intenção: processo de reparo de grandes perdas de tecido; • terceira intenção: feridas abertas por determinado tempo, intencionalmente para observação, desinfecção e desbridamento, e suturadas quando estiverem limpas (as mais complicadas). Nos seres humanos a maioria das feridas profundas são de primeira intenção. As feridas superficiais são pouco estudadas em pequenos roedores (ratos, camundongos, coelhos), pois sua epiderme possui cerca de 50 mm (0.05 mm) de espessura, o que inviabiliza a repetição dos ferimentos (Rittié, 2016). A epiderme e a derme, combinadas, têm a expessura de, aproximadamente, 1-3 mm, em porcos e humanos, e a camada do tecido adiposo pode ter mais de 1 cm de espessura em alguns locais da pele. No entanto, existem diferenças no mecanismo de cicatrização, no tecido fibroso, entre humanos e animais dificultando a transposição de estudos de animais para humanos (Rittié, 2016; Abdullahi et al., 2014). Segundo Chvapil et al. (1979) existem similaridades, na biologia do tecido conjuntivo, entre ratos e cavalos possibilitando a extrapolação de resultados obtidos nos experimentos com ratos para 3 cavalos, animais de grande porte e alto valor econômico. Em equinos, a cicatrização de feridas cirúrgicas ou traumáticas se estende por peŕıodos prolongados e muitas vezes o custo limita ou inviabiliza o sucesso do processo de cicatrização (DeRossi et al., 2009). 1.1 Células As células tronco hematopoéticas (CTH), produzidas na médula óssea, são pluripotentes (originam todas as células sangúıneas). As células precursoras resultantes da diferenciação das CTH expressam diferentes genes, a cada ciclo de mitose, e diferenciam-se em apenas um tipo celular, alguns destes estão representados na Figura 1. A diferenciação celular ocorre sob influência de fatores solúveis (por exemplo CSF - colony stimulatory-factor) e de interleucinas (IL-1, IL-3, IL-4, IL-5 e IL-6) produzidas por células maduras (Vilas Boas, 2019; Carvalho & Collares-Buzato, 2005). Os monócitos circulam na corrente sangúınea e quando são recruta- dos no tecido, por fatores qúımicos, se diferenciam em macrófagos. A função dos macrófagos é regulada por diversas citocinas, leucotrienos e quimiocinas (fatores que controlam a locomoção celular). O monócito é a maior das células brancas sangúıneas, seu diâmetro mede de 12 a 15 mm e seu núcleo é grande e localizado centralmente. Os macrófagos dos tecidos possuem aparência semelhante, porém são um pouco maiores, possuindo de 20 a 25 mm de diâmetro. Tanto a vida média, quanto a capacidade migratória dos macrófagos são pouco conhecidas (Carvalho & Collares-Buzato, 2005). A principal função dos macrófagos é a defesa do organismo, a partir da fagocitose, e apresentação de ant́ıgenos. Em estágio avançado de um processo inflamatório estas células podem se acumular em grandes quantidades englobando e digerindo detritos de células destrúıdas, protéınas indesejadas, microrganismos, células senescentes e tumorais e, até mesmo células com potencial fagoćıtico como os 5 CONCLUSÃO Os modelos de EDO nos permitiram determinar alguns pontos de ação das interleucinas pró e anti-inflamatórias durante o processo de cicatrização de feridas cutâneas. Os dados numéricos obtidos são compat́ıveis com aqueles in vivo, e as aproximações do último modelo de EDO foram mais precisas. Os modelos de EDO reproduziram a dinâmica celular de cicatrização de feridas na pele de ratos, apresentando resultados para os ńıveis de celularidade de macrófagos e neutrófilos, consistentes com os valores de celularidade total obtidos em laboratório. A curva do mediador pró-inflamatório ajustou com precisão o ńıvel máximo de IL-6 que ocorreu no dia 7 para os tratamentos 10% OR e 10% EH. O ńıvel máximo de IL-6 para os tratamentos com CL e Colagenase ocorreu no dia 3 e a abordagem do modelo não foi tão eficiente quanto para os tratamentos a base de copáıba. O tempo de cicatrização obtido pelo tratamento com 10% EH foi inferior a 10% OR, o que confirma a eficiência do tratamento. A inserção do termo na equação da produção da IL-6 advinda dos macrófagos, no modelo EDO, reduziu o coeficiente de rigidez do modelo proporcio- nando um aumento no intervalo de busca dos parâmetros para o método numérico e tornou o modelo mais reaĺıstico biologicamente. O primeiro modelo de EDP proposto reproduziu a celularidade na borda da ferida, que é maior para 10% EH do que para 10% OR, o que corro- bora com os dados in vivo. Observamos a dispersão e o ńıvel celular ao longo do raio da ferida, para todos os tratamentos, o que está de acordo com os dados in vivo. Notamos que a densidade celular é influenciada diretamente pelos neutrófilos no leito 94 da ferida, pelos macrófagos na borda da ferida e também encontramos o tempo de cicatrização para todos os tratamentos por meio da inserção dos termos difusivos no modelo de EDO. O segundo modelo de EDP proposto, o de angiogênese, estimou os valores do VEGF e do brotamento distal no centro da ferida para o tempo final de experimentação, dos quatro tratamentos, além de permitir o cálculo do tempo de cicatrização das feridas. Verificou-se a relação entre o processo inflamatório e a angiogênese e também a preponderância da quimiotaxia na formação e no direciona- mento dos novos capilares. Os modelos propostos levaram a obtenção de resultados que aproxi- maram resultados de experimentos biológicos in vivo, os quais são invasivos, de alto valor econômico e de dif́ıcil operacionalização. Os modelos matemáticos evidencia- ram aspectos importantes da celularidade e da angiogênese da cicatrização de feridas mostrando o mútuo benef́ıcio da colaboração entre pesquisadores de diferentes áreas. Portanto, esperamos que nosso estudo possa contribuir para a compre- ensão da cicatrização de feridas cutâneas, bem como, em trabalhos futuros, auxiliar no desenvolvimento de novos tratamentos como alternativa para a utilização de fe- ridas cutâneas em modelos animais. Como trabalho futuro propõe-se a aplicação de ferramentas computa- cionais com abordagem discreta, em dimensão maior que um, para simular tempos de cicatrização de feridas e taxas de crescimento de tecidos de múltiplas populações de células em proliferação e migração e o desenvolvimento da rede vascular. REFERÊNCIAS ABDULLAHI, A.; AMINI-NIK, S.; JESCHKE, M. G. Animal models in burn rese- arch. Cellular and Molecular Life Sciences, v.71, n.17, p.3241–3255, 2014. ADAMS, R. H.; ALITALO, K. 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