UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA DCSO – Departamento de Comunicação Social FAAC – Faculdade de Arquitetura Artes e Comunicação Curso de Jornalismo MEMORIAL DE PROJETO EXPERIMENTAL “Sou jovem, sou suspeito – Violência e polícia, segundo a juventude” Bauru, 2014 Janaína Ferraz Muniz da Silva Lucas Vieira Santana MEMORIAL DE PROJETO EXPERIMENTAL “Sou jovem, sou suspeito – Violência e polícia, segundo a juventude” Memorial de Projeto Experimental apresentado em cumprimento parcial às exigências do Curso de Jornalismo da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, do Departamento de Comunicação Social, da UNESP – Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, para obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social – com habilitação em Jornalismo. Orientador(a) do Projeto Experimental: Prof. Dr. Maximiliano Martin Vicente Bauru, 2014 Dedicamos este produto aos nossos pais, amigos, mestres e aqueles que, mesmo neste pequeno espaço, puderam sentir-se representados através do nosso trabalho. AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente a Deus, por ter nos dado capacidade e o privilégio de concluir uma graduação nesta Universidade. Agradecemos aos nossos pais; Ivandira Pereira Ferraz da Silva e Admilson Muniz da Silva; Valdi Vieira da Silva Santana e Aparecido de Oliveira Santana, que nos amam, nos apoiam e puderam realizar através dos filhos o sonho de chegar ao ensino superior. Agradecemos a cada dia de trabalho duro que eles enfrentaram para que nós pudéssemos morar fora de casa e cursar uma universidade pública e, acima de tudo, por confiarem e acreditarem em nosso potencial. Agradecemos também aos nossos irmãos, Diogo Ferraz Muniz da Silva e Leila Santana Velho, pelo companheirismo e amor incondicional. Obrigado aos amigos das nossas cidades natais, que mesmo distantes, sempre torceram pela nossa felicidade e sucesso. Aos nossos amigos de Bauru, que juntos formamos uma nova família e fizemos desses quatro anos, os anos mais incríveis de nossas vidas até hoje. Agradecemos à UNESP e a todos os mestres que passaram por nossa graduação, e que nos ensinaram muito além do conhecimento profissional, contribuindo para nossa formação como cidadãos e indivíduos críticos, em constante transformação e aprendizado. Entre eles, um agradecimento especial ao professor Dr. Maximiliano Martin Vicente, que orientou este projeto e nos deu total liberdade para exercermos o que aprendemos ao longo da graduação. Um obrigado também a todos que contribuíram para que este trabalho fosse realizado, desde os entrevistados, até os que acompaharam a produção por detrás das câmeras e gravadores, nos cedendo equipamento, sugerindo ideias e ajudando no que foi preciso; além daqueles que ouviram pacientemente nossas frustrações e ansiedades ao longo do processo. Finalmente, não poderíamos deixar de agradecer um ao outro, pela confiança, carinho e respeito, resultados de uma grande e sincera amizade. Juntos, dividimos momentos marcantes e teremos boas lembranças para sempre. Entre elas, e não menos importante, a experiência de realizarmos em parceria o trabalho que conclui esta valiosa etapa de nossas vidas. "A imprensa livre é o olhar onipotente do povo, a confiança personalizada do povo nele mesmo, o vínculo articulado que une o indivíduo ao Estado e ao mundo, a cultura incorporada que transforma lutas materiais em lutas intelectuais, e idealiza suas formas brutas". Karl Marx RESUMO São inúmeros os casos noticiados de conflitos violentos envolvendo jovens e a polícia no Brasil. Entre os mais recentes, destaca-se a ação da Polícia Militar de São Paulo durante as manifestações de junho de 2013. Esta reportagem multmídia para dispositivos móveis tentará traçar um panorama, sob a ótica dos jovens, a respeito da violência, suas formas mais comuns no cotidiano deles e a complexa situação de confronto e necessidade que envolvem a policia do Estado de São Paulo e essa parcela da população. O trabalho foi feito através de depoimentos pessoais, dados estatísticos e análises de especialistas. PALAVRAS-CHAVES: jovens, violência, polícia, reportagem multimídia, tablets, jornalismo digital. SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO................................................................................................8 2- OBJETO.........................................................................................................9 2.1 - O tema..............................................................................................9 2.2- A plataforma.....................................................................................11 2.3- Objetivos gerais...............................................................................13 2.4- Objetivos específicos.......................................................................13 2.5- Justificativa.......................................................................................13 3- PRODUTO JORNALÍSTICO ........................................................................14 3.1- Público alvo......................................................................................14 3.2- Projeto Editorial ...............................................................................15 3.3- Descrição do Produto ......................................................................16 3.4- Circulação .......................................................................................17 3.5- Fontes e Entrevistados....................................................................17 3.5.1- Os Jovens..............................................................................17 3.5.2- Os Especialistas.....................................................................19 3.6- Custos do Projeto ............................................................................20 3.7- Equipamentos utilizados .................................................................20 3.8- Atividades Desenvolvidas ...............................................................20 4 – COMENTÁRIOS .........................................................................................21 4.1- Dificuldades encontradas ...............................................................21 4.2- Diário de Bordo................................................................................22 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................29 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................30 ANEXOS............................................................................................................32 8 1- INTRODUÇÃO A população jovem costuma pensar a questão da violência e da cidadania de forma diferente das intituições de segurança do governo de São Paulo. Essa discrepância reflete a relação conflituosa entre os poderes do Estado e a massa jovem da população. Embora a mídia dedique bastante tempo e espaço para tratar do tema policial, o que se aborda com frequência são casos isolados de conflitos envolvendo a polícia do estado de SP e jovens de variados níveis socioeconômicos, mas sempre de maneira muito rasa, deixando de lado os atores por trás do processo. Pensando nisso, elaboramos um projeto de reportagem que dá voz aos jovens a fim de descobrir o que eles pensam, o que viveram e como se sentem a respeito da violência e da polícia do estado. Entrevistamos ao longo do segundo semestre de 2013, jovens de faixas etárias diferentes e de diversos grupos sociais de Bauru (SP), cidade onde funciona a faculdade de comunicação da UNESP em que estudamos e onde têm crescido anualmente os números de casos de violência urbana, em que os jovens são os principais envolvidos. Diante disso, optamos por produzir uma reportagem baseada em dados qualitativos, surgidos das entrevistas com os pequenos grupos distintos de Bauru e que, de alguma forma, estão inseridos ou discutem realidades de violência. Para trabalhar com as diversas opiniões, sem perder conteúdo e sem tornar a leitura massante, produzimos uma reportagem multimídia, para plataformas móveis (tablets). Elas nos permitiram trabalhar com diversas mídias (textos, áudios, vídeos, gravações, fotos e animações) e nos proporcionaram o desafio de se produzir para uma recente plataforma de conteúdo digital, ainda muito pouco ensinada dentro da universidade, mas que vem ganhando, a cada dia, mais consumidores. 9 2- OBJETO 2.1 - O tema A violência é o gancho principal dessa reportagem, com ênfase, principalmente, na violência urbana. Neste produto, buscamos captar a relação do jovem com a violência presente em seu contexto e a maneira como ela afeta o cotidiano da juventude atual. Pode-se compreender o termo “violência urbana” como um comportamento agressor e transgressor ocorrido no convívio da sociedade urbana. Como define o cientista social Michel Misse, a violência urbana diz respeito... “(...) a uma multiplicidade de eventos (que nem sempre apontam para o significado mais forte da expressão violência) que parecem vinculados ao modo de vida das grandes metrópoles na modernidade. Esses eventos podem reunir, na mesma denominação geral, motivações muito distintas, desde vandalismos, desordens públicas, motins e saques até ações criminosas individuais de diferentes tipos, inclusive as não-intencionais como as provocadas por negligência ou consumo excessivo de álcool ou outras drogas. Além disso, a expressão violência urbana tenta dar um significado mais sociológico e menos criminal a esses eventos, interligando-os a causas mais complexas e a motivações muito variadas.” (MISSE, Michel). Como um termômetro, o fenômeno comportamental e social da violência tem o poder de medir a fragilidade das instituições, a desigualdade social e os preconceitos. Sobretudo, reflete a estrutra das políticas públicas1 de segurança e as instituições que às elas pertencem. É como uma teia que liga todas as principais bases que sustentam uma sociedade e que podem resultar na perda de sua estrutura. Os mecanismos de controle social legitimam o uso da violência como facilitadora da resolução de conflitos, principalmente, nos lugares onde a violência é tida como um meio necessário de defesa. 1 Políticas públicas são conjuntos de programas, ações e atividades desenvolvidas pelo Estado diretamente ou indiretamente, com a participação de entes públicos ou privados, que visam assegurar determinado direito de cidadania, de forma difusa ou para determinado seguimento social, cultural, étnico ou econômico. As políticas públicas correspondem a direitos assegurados constitucionalmente ou que se afirmam graças ao reconhecimento por parte da sociedade e/ou pelos poderes públicos enquanto novos direitos das pessoas, comunidades, coisas ou outros bens materiais ou imateriais. (Dicionário de Políticas Públicas do Governo Federal) 10 As vítimas desse sistema são inúmeras. Entre elas, nosso objeto de estudo centra-se nos jovens, que em agosto de 2013 eram 51 milhões de brasileiros com idade entre 15 e 29 anos, o maior número registrado na história do Brasil. Esse aumento da população jovem reflete no aumento da violência. Só no estado de São Paulo, por exemplo, o número de homicídios juvenis registrados em 2011 e divulgados pelo Mapa da Violência 2013, é de 20,3 homicídios por 100 mil habitantes. É mais que o dobro dos níveis considerados epidêmicos, que são de 10 homicídios por 100 mil casos. A relação dos jovens com os espaços públicos também vem mudando e aumentando consideravelmente. Segundo uma análise feita pelo Conselho Nacional de Juventude, em julho de 2013, quando finalmente foi aprovado o Estatuto da Juventude, após mais de nove anos de tramitação, os jovens têm feito da rua um espaço privilegiado de vivência, mas a violência e repressão policial continuam em confronto com essa realidade. Enquanto as ruas pedem mais direitos, mais liberdade e mais democracia, o Estado materializa esses direitos dos jovens sem falar nas recentes e violentas repressões. Neste trabalho de conclusão de curso, nos propusemos então, a abrir um diálogo com os jovens, principais atores do processo, e a trabalhar apenas com as formas de violência que os próprios entrevistados identificavam. Em pequenos grupos de diferentes culturas e classes sociais de Bauru (SP), as formas de violência abordadas por eles, foram: - violência contra a mulher; - racismo; - bullying; - violência policial. A última foi a forma de violência unânime citada entre os entrevistados. Todos ali, de alguma forma, já presenciaram ou viveram a violência policial. Em alguns casos de maneira positiva, em outros, negativa. Para os entrevistados, a polícia é vista como um órgão corrompido pelas instâncias políticas, a mais próxima das pessoas e sempre a mais pautada na meios de comunicação, representando assim, o sistema político socialmente desigual e opressor do Estado. Assim como disseram pensar os jovens entrevistados, Paulo Sérgio Pinheiro, coordanor do Núcleo de Estudos da 11 Violência da USP, também afirma que a polícia é o guarda que “protege” a fronteira que divide pobres e ricos no Brasil. “A polícia tende a agir como guarda de fronteira do rico contra os pobres e a violência policial permanece fechada na impunidade porque ela é exercida contra essas classes perigosas e raramente afeta as vidas dos bem-de-vida. As políticas de prevenção contra o crime são menos eficientes em controlar o crime e a delinqüência do que em diminuir o medo e a insegurança das classes dirigentes. A percepção das elites de que os pobres são perigosos é reforçada pelo sistema judiciário que acusa e pune apenas os crimes praticados pelos indivíduos das classes mais baixas enquanto os crimes praticados pelas elites ficam sem punição”. (PINHEIRO, Paulo Sérgio) A instituição policial e seu uso arbitrário de poder foram abordados pelos jovens que, em sua maioria, se diziam desprotegidos pelos agentes policiais. Contudo, a instituição “polícia” ainda foi considerada necessária e o principal meio de controle da violência urbana. 2.2- A plataforma Optamos por utilizar uma plataforma multimídia, que oferecesse suporte a todos os formatos tradicionais, como texto, áudio, vídeo, fotografia, infografia, e ainda fosse amigável à interação do leitor, naturalmente acostumado à mídia impressa. Desse pressuposto, a publicação digital para tablet se tornou o modelo ideal para o projeto. Seja pelo fato de que o mercado de tablets cresça a taxas maiores que 100% ao ano, seja pelo fato de que a interface multimídia gestual tem se tornado cada vez mais intuitiva aos usuários desde o advento dos dispositivos móveis. Tablets, diferentemente de outros dispositivos digitais, tem como característica básica a mobilidade. Não são smartphones, mas carregam várias características dos aparelhos celulares mais modernos, como a tela touchscreen e o sistema operacional. Embora já existam no mercado desde meados dos anos 2000, somente com o lançamento do modelo iPad, da fabricante Apple, os aparelhos se tornaram populares. Um dos pontos chave do sucesso é o tamanho da tela (7 polegadas ou mais), que torna mais amigável atividades como a leitura, jogos eletrônicos, escrita, entre outras. O êxito nas vendas também pode ser explicado em parte devido à simplicidade da experiência de interagir com a interface dos sistemas operacionais disponíveis 12 para tablets, como o iOS (Apple) e o Android (Google), em parte porque os usuários já estavam familiarizados com a interatividade gestual propiciada pelos smartphones, que os antecederam. O doutor em Design Luiz Agner busca em Dan Saffer, estudioso do design gestual, o que seria requerido para qualquer bom projeto desse tipo... “(...) (1) detectabilidade: refere-se à importância das affordances, conceito cunhado pelo psicólogo Gibson e popularizado por Don Norman; (2) confiabilidade: a interface deve parecer segura; (3) ser responsiva: fornecer uma resposta instantânea ao usuário (em até 100 milissegundos); (4) adequação: precisa ser adequada ao contexto (dependendo da cultura, há gestos que são insultuosos); (5) significância: ter significado específico para as necessidades do usuário; (6) inteligência: deve realizar eficientemente o trabalho que o ser humano não pode realizar tão bem; (7) sutileza: a capacidade de predizer as necessidades do usuário; (8) divertimento: gerar o engajamento do usuário através da diversão; (8) estética: deve ser prazerosa aos sentidos visual, auditivo e háptico; (9) ética: não solicitar gestos que façam as pessoas parecerem tolas em público ou que só possam ser executados por jovens e usuários saudáveis (AGNER, Luiz). Por ainda se tratar de objeto absolutamente novo para os estudos acadêmicos, são poucos aqueles que se debruçam sobre sobre a publicação digital enquanto veículo de comunicação. Embora agregue elementos do tradicional modelo multimídia consumido nos computadores pessoais, amplamente comercializado por meio de CD-ROM e websites, a publicação digital difere de um simples modelo multimídia por herdar a estrutura linear da publicação impressa, possibilitando, inclusive, uma simulação do ato de folhear, a estrutura de capa e páginas, entre outras características inerentes ao meio. O site do aplicativo de leitor digital IBA descreve a publicação digital como o formato onde “você encontra o conteúdo editorial na íntegra, assim como no formato impresso. Os jornais e revistas digitais, em algumas edições, ainda trazem recursos interativos (...), como vídeos, galeria de imagens, hiperlinks e outras coisas que tornam sua experiência com as publicações mais completa e divertida”. Mesmo que a nomenclatura mercadológica se refira à plataforma como publicação digital, trata-se, sobretudo, de um publicação multimídia. Estão 13 presentes no produto todos os elementos multimídia, que se complementam entre si e formam a unidade narrativa. O estudioso da mídia Ramon Salaverría define... A mensagem multimídia deve ser um produto polifônico no qual se conjuguem conteúdos expressados em diversos códigos. E mais que isso, deve ser unitário. A mensagem multimídia não se alcança mediante mera justaposição de códigos textuais e audiovisuais, mas através de uma integração harmônica desses códigos em uma mensagem unitária. Um produto informativo que só permita acessar um texto, um vídeo e uma gravação sonora, separadamente, não pode ser considerado propriamente uma mensagem multimídia; trata-se simplesmente de um conglomerado desintegrado de mensagens informativas independentes (Salaverría, 2001). 2.3- Objetivos gerais Expôr, através de uma reportagem multimídia, a opinião dos jovens de Bauru a respeito da violência, da problemática do conflito existente entre as políticas públicas de segurança no estado de São Paulo e a juventude, bem como a forma que os poderes policiais tratam os jovens como um todo. 2.4- Objetivos específicos - Traçar um perfil acerca do que a população jovem de Bauru pensa sobre violência e polícia; - Contextualizar as opniões dos jovens entrevistados, através de dados estatísticos e textos com base em entrevistas com especialistas sobre os tipos diferentes de violência que foram identificados por esses jovens; - Ter amplo material sobre o assunto, amparado pelos múltiplos formatos de apresentação multimídia. 2.5- Justificativa A realidade do jovem é algo que sempre nos interessou. Fazendo parte desse grupo e moradores da periferia, já presenciamos muitos casos de abuso do poder policial sobre essa parcela da população. Nos últimos meses, o tema ganhou ainda maior repercussão após as manifestações de junho de 20132, 2 Os protestos no Brasil em 2013 foram várias manifestações populares por todo o país que inicialmente surgiram para contestar os aumentos nas tarifas de transporte público, e que ganharam grande apoio 14 em que policiais entraram em confronto violento com os manifestantes do Movimento Passe Livre 3 , em sua maioria composta por estudantes universitários. Em dezembro, o tema voltou à tona. Policiais e adolescentes da periferia se confrontaram novamente nos chamados “rolêzinhos” nos shoppings de São Paulo. Ao acompanhar os noticiários, é visível que a juventude é a principal afetada pelo descaso do poder público em setores básicos como lazer, saúde, educação, moradia e trabalho. Quando não deixam-se seduzir pelo caminho fatal da criminalidade, os anseios dos jovens são reprimidos pelo aparato policial. Essa realidade, contudo, parece interessar muito pouco a mídia comercial, que não aborda em profundidade a questão. Por esse motivo, resolvemos nos aprofundar no tema e tratar sobre ele sob a ótica dos jovens, para entender que tipo de reflexão eles fazem a respeito de uma realidade marcada pela violência e pela repressão policial. A plataforma é um um produto multimídia voltado para dispositivos tablets, que nos permitem trabalhar com diversas mídias. 3- PRODUTO JORNALÍSTICO 3.1 Público alvo O produto, desde seu formato, linguagem e plataforma de veiculação, foi concebido para atender a homens e mulheres das classes B e C de Bauru e região, que estejam na faixa entre 18 e 29 anos, possuam um dispositivo tablet, tenham o hábito do consumo de publicações digitais e se identifiquem com o tema “violência e polícia”. Uma vez que a reportagem visa entender o que pensa o jovem de Bauru sobre violência e polícia, o público mais interessado são aqueles que estão envolvidos nesse contexto ou que tenham referências culturais relacionadas ao tema. Aí, incluem-se estudantes secundaristas, universitários, acadêmicos, servidores públicos e ocasionais leitores que tenham os gostos e hábitos já popular após a forte repressão policial contra as passeatas, levando grande parte da população a apoiar as mobilizações. 3 O Movimento Passe Livre (MPL) é um movimento social que surgiu em 2005 e luta por transporte público gratuito para o conjunto da população e fora da iniciativa privada. 15 citados, sejam eles da própria cidade ou de cidades com perfil populacional parecido. O interesse do leitor por dispositivos tablets e publicações digitais é decisivo pois o conhecimento prévio na tecnologia garantirá maior intuitividade na navegação pelo conteúdo multimídia do produto. 3.2 Projeto editorial “Sou jovem, sou suspeito – Violência e polícia segundo a juventude” é uma publicação que tem como objetivo trazer à tona uma discussão sobre o impacto da violência sobre a juventude, bem como a política de seguraça pública do estado de São Paulo, por meio da atuação da Polícia Militar. Através de linguagem simplificada – essa, adotada para estar mais próxima possível daquela utilizada pelos jovens nas entrevistas - e recursos multimídia e interativos, a missão da reportagem é levar ao leitor uma informação analítica, contextualizada, de fácil interpretação, de forma que ele consiga compreender a complexidade que envolve a realidade que se apresenta com maior dinamismo possível. A interatividade, aliás, está presente em todo o produto para tornar mais prazerosa e imersiva a experiência do leitor. Visualmente, optou-se por utilizar elementos da paisagem urbana para compôr o projeto gráfico. Muros de cimento e tipos que remetem ao grafite são os elementos básicos da composição visual. O primeiro serve de plano de fundo para todas as páginas. O segundo é utilizado nos títulos e textos que merecem destaque. Nas páginas que necessitavam de textos mais longos, optou-se por uma fonte sem serifa, que harmonizasse com o padrão visual e que fosse confortável para a leitura no dispositivo tablet. Outros grafismos utilizados foram as legendas explicativas representadas por um borrão de tinta preta – novamente uma referência ao grafite – e sombras das pessoas que foram alvo de nossa análise jornalística: os jovens e a polícia. A capa segue todos esses preceitos, com a adição da paisagem urbana ao fundo. O skyline da cidade e o sol que nasce ao fundo representa o cotidiano do jovem urbano. A música que acompanha a animação da capa se chama “Paper Planes”, composta e interpretada pela cantora britânica M.I.A, e 16 tem como pano de fundo a criminalidade inerente à miséria humana. Os tiros e o tilintar da caixa-registradora fazem alusão ao crime organizado. No que condiz às cores, optou-se pelos tons fortes e neutros: preto, cinza e branco, majoritariamente. A única cor que foge ao padrão é o vermelho, aqui utilizado como referência ao sangue derramado pela violência urbana. Combinados no produto, todos os elementos foram uma identidade visual unificada, com forte apelo ao universo urbano, à agressividade e à violência. 3.3 Descrição do produto A reportagem é um produto autóctone4. Trata-se de uma publicação digital multimídia, offline, própria para ser consumida em um dispositivo móvel conhecido como tablet, que tem como modelos mais populares o modelo da Apple, iPad. Aparelhos de outras marcas que funcionem sob o sistema operacional Android, do Google, também permitem acessar o conteúdo do produto. Sua resolução é de 1280 x 800 pixels, portanto, é melhor visualizado em aparelhos com tela igual ou maior a 8 polegadas. Além de botões de navegação, a reportagem conta com outros artifícios de interação, como 7 arquivos de vídeos, 10 de áudio, 3 animações, 2 infográficos e 4 textos com barra de rolagem. Suas 14 páginas podem ser visualizadas horizontal ou verticalmente, logo, o conteúdo automaticamente se reorganiza em ambas direções que o tablet for posicionado. Quando uma página não tem conteúdo na vertical (pois a organização do conteúdo nessa direção prejudicaria a experiência do leitor), surge uma tela que pede o posicionamento na horizontal. Para ser acessado, é necessário ter no tablet um programa específico de leitura de publicações digitais, e então fazer o download da publicação (ver 4 Compreendemos como produtos autóctones os aplicativos criados exclusivamente para tablet ou smartphone com características expressas em affordances (MURRAY, 2012), específicas dos dispositivos móveis de forma que representem um estágio adiantado/distinto das versões PDF ou remediadas do impresso. Considerando a tactilidade como uma das affordances (qualidade ou propriedade do dispositivo), as aplicações autóctones apresentam formato (estrutura) que incorpora recursos como navegação não linear, explora imagens em 3D ou 360 graus, trabalha com narrativas mais longas, recursos para visualizar imagens internas com o toque das mãos, bem como detalhamentos para dados, números, recursos de geolocalização, entre outros. 17 Circulação). O arquivo tem 262mb de tamanho, portanto, com uma conexão de 1mb o download é feito em pouco mais de 40 minutos. 3.4 Circulação A reportagem é um produto especial, sem periodicidade específica e gratuita. O produto trata-se de uma versão de teste, por isso só pode ser acessado das seguintes formas: - Distribuída através das lojas de aplicativos on-line App Store e Play Store. Ao acessar essas bibliotecas virtuais, o leitor pode buscar pela publicação e fazer o download para seus respectivos aparelhos tablet que funcionem sob o sistema operacional iOS ou Android; - Outra forma de acessá-lo é fazer o download do programa Adobe Content Viewer pelas mesmas bibliotecas on-line. Trata-se de um programa Adobe exclusivo para leitura de publicações digitais produzidas no software InDesign. Deve-se, então, fazer o login com o usuário e senha de quem produziu a revista, no caso, utilizamos como usuário lucsmall4000@yahoo.com.br e a senha como violencia. Logo que o login for efetuado, aparecerá a opção de download da publicação. 3.5 Fontes e entrevistados 3.5.1 – Os jovens - Projeto Ouro Verde 100% Arte: capacita futuros multiplicadores dentro da comunidade do Jardim Ouro Verde, periferia da cidade de Bauru, para que eles possam dar continuidade ao projeto. Oferece aulas de música e dança a cerca de 60 integrantes (jovens, crianças e adultos), que desenvolvem práticas de cidadania e formação de uma identidade cultural. Os jovens entrevistados para a reportagem formavam uma turma da aula de capoeira, com idade entre 12 e 25 anos, todos moradores do bairro. O Jardim Ouro Verde era considerado um dos bairros mais violentos de Bauru, com aparições quase diárias nas páginas policiais do jornal local. Após a criação do projeto, em 1982, essa realidade foi sendo modificada aos poucos e hoje o bairro é visto como ponto forte de arte e cidadania. mailto:lucsmall4000@yahoo.com.br 18 - República estudantil “Pagu”: com quase uma década de existência, a Pagu se tornou símbolo das repúblicas femininas de Bauru. Composta por 5 estudantes a cada “geração”, hoje abriga uma aluna de comunicação, uma intercambista espanhola e ex-alunas do curso de arquitetura, que se formaram e continuaram vivendo na república estudantil. No dia da entrevista para este trabalho, havia ainda um colega das moradoras, que transformou a república onde morava em uma casa de show, muito frequentada pelos estudantes da UNESP. Em 2013, a República Pagu promoveu a 8ª edição da tradicional festa “Grito das Mulheres – Pela Igualdade dos Sexos”, em que homens para entrarem, precisam ir vestidos de saia. Uma festa que ganhou força e adeptos do feminismo. - Ponto de Cultura Acesso Hip Hop: organização não-governamental, o Acesso Hip Hop tem como foco subsidiar ações voltadas ao Movimento Hip Hop, fomentando agentes sociais que atuam nessa área. Em Bauru, há dois Pontos de Cultura ligados ao Hip Hop, O “Acesso Hip Hop” e o “Periferia Legal”, que completaram, recentemente, um ano de atividades na cidade. Através da ONG, grafiteiros recebem material e um salário para que possam executar as atividades de forma profissional. A gravação para a reportagem foi feita durante a Semana do Hip Hop, em um debate com o tema “Extermínio da população pobre, preta e periférica”. No evento havia cerca de 100 pessoas, em sua maioria, jovens negros da periferia de Bauru, que se reuniram para discutir diversos temas à respeito do racismo, da violência e das ações afirmativas para os negros. - Primeira Igreja Batista de Bauru: fundada em 1920, é uma das mais antigas instituições religiosas pentecostais da cidade. A Igreja reconhece e proclama Jesus Cristo como seu único Salvador, aceita a Bíblia Sagrada como única regra de fé e prática, e adota a Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira. Possui diversos grupos de estudos bíblicos, entre eles, o de jovens, no qual visitamos em uma noite e produzimos um debate a respeito da violência e polícia. Este grupo foi escolhido, pois difere dos outros anteriormente entrevistados, por apresentar, muitas vezes, argumentações 19 baseadas em preceitos religiosos. A faixa etária dos jovens era entre 18 e 29 anos e são, em sua maioria, formados pela classe média bauruense. - 8º ano da Escola Estadual Ernesto Monte: Em 2013, completou 79 anos de existência. Fundada em agosto de 1935, o Ginásio de Bauru, como era chamada, teve as primeiras aulas ministradas em uma sala emprestada na praça Rui Barbosa. Anos mais tarde, no prédio da praça Dom Pedro II e, por fim, no imóvel construído com terreno doado em frente ao Palácio das Cerejeiras, onde funciona a Prefeitura de Bauru. Ao longo das décadas, acabou se transformando em escola dos ensinos fundamental e médio. Como ta maioria das escolas públicas e estaduais, a Ernesto Monte é composta por alunos de renda média a baixa. Nossos entrevistados foram os alunos do 8º ano (antiga 7ª série), com idade entre 12 e 14 anos. O tema mais debatido foi o bullying, principal forma de violência relatada pelos adolescentes. 3.5.1 – Os especialistas - Alexandre Bez: psicólogo-clínico e escritor. Especialista em relações interpessoais. Dr. em psicologia comportamental na Universidade de Miami, na Florida. - Caren Ruotti: cientista social e pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência, da Universidade de São Paulo (NEV). - Dagoberto José Fonseca: professor Dr. em ciências sociais da Universidade Estadual Paulista e membro da Comissão Assessora e Técnica Nacional da Diversidade e Assuntos Relacionados aos Afro-Brasileiros (CADARA), do Ministério da Educação e Cultura. - Fracimeire Leme: membro do Comitê de Combate ao Machismo e organizadora da Marcha das Vadias em Bauru. - Jonathas Salathiel: psicólogo-clínico especializado em cultura afro- brasileira e atendimento clínico a bebês, gestantes e adultos negros. - Juarez Xavier: professor Dr. de comunicação social da Universidade Estadual Paulista e pesquisador na área de afrodescendentes, racismo e espera pública. 20 - Márcia Regina Negrisoli Fernandez Polettini: advogada e coordenadora da Comissão da Mulher Advogada, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Bauru. - Priscila Bianchini: delegada na Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Bauru, onde funciona a Delegacia da Mulher. 3.6 Custos do projeto Itens Descrição Custo 1 Tablet Samsung Galaxy Tab 2 10.1” R$600,00 1 Cabo de áudio Le Son 4,57m R$45,00 5 Combustível (l/gasolina) R$13,45 3 Impressões Relatório Final do Produto R$20,00 1 Licença Adobe Creative Cloud R$3.000,00 TOTAL R$3.078,45 3.7 Equipamentos utilizados Todos os equipamentos utilizados na produção da reportagem foram obtidos por meio de empréstimos de terceiros ou foram comprados com o dinheiro dos alunos.  Câmera fotográfica Nikon D400 (empréstimo de terceiros);  Tripé (empréstimo de terceiros);  Câmera fotográfica Olympus X-15 (empréstimo de terceiros);  Microfone Le Son SM 58 Plus (empréstimo de terceiros);  Cabo de áudio Santo Ângelo 4,57m (próprio);  Gravador Digital Sony PX-312 com adaptador para telefone (próprio);  Tablet Samsung Galaxy Tab 2 10.1” (comprado);  Desktop Philco Intel Core i7 2600 4GB Ram (próprio);  Notebook CCE Intel Core i7 3612QM X745 4GB Ram (próprio);  HD Externo Samsung 500 GB (próprio). 3.8 Atividades desenvolvidas A reportagem foi produzida por meio de entrevistas em grupo com jovens de diferentes locais e classes sociais de Bauru, essas, realizadas presencialmente. Também foram entrevistados especialistas de forma presencial e à distância. 21 Por se tratar de um produto multimídia, era essencial que todas as entrevistas fossem registradas em áudio, vídeo e fotografias, visto a necessidade de enriquecer a reportagem com diferentes tipos de mídia. Durante a produção, enquanto um integrante conversava com as fontes, o outro era responsável por fazer os registros. Foi assim em todos os locais visitados para entrevistar os grupos de jovens. Nas entrevistas com especialistas de cada segmento as formas de captação de informação variaram. Enquanto algumas entrevistas foram feitas à distância, por meio de telefonemas, outras foram realizadas pessoalmente, com visita ao local de trabalho da fonte. O registro, nesse caso, foi feito com câmera de mão pelo próprio integrante que compareceu ao local. Na reportagem final, os registros foram utilizados compondo textos jornalísticso tradicionais, com declarações diretas, entre aspas, e indiretas. Também utilizou-se trechos editados dos vídeos captados nas entrevistas, da mesma forma que os áudios gravados por telefone ou extraídos dos vídeos. 4 – COMENTÁRIOS 4.1 Dificuldades encontradas Na produção deste trabalho, a principal dificuldade encontrada foi, sem dúvida, conseguir criar uma reportagem multimídia para a plataforma tablet dentro de nossas limitações. O programa que mais utilizamos foi o Adobe InDesign, que possui diversas ferramentas para a execução desse tipo de produto; porém, nós tivemos condições de usar apenas as ferramentas mais básicas do software. Foi ao longo do processo, que fomos aprendendo e descobrindo maneiras de executar as ideias que tínhamos para o produto final. Equipamento foi outra dificuldade encontrada. Tanto a câmera, tripé e microfone foram emprestados por terceiros, que também estavam utilizando-os para a produção de seus próprios trabalhos de conclusão de curso. Houve situações em que tínhamos uma gravação marcada, mas ainda não tínhamos a certeza se teríamos os equipamentos em mãos. Além disso, tivemos certa dificuldade com enquadramentos e técnicas de filmagem, que nunca foram o 22 forte de nenhum de nós e nem do curso de jornalismo da UNESP. Algumas gravações por telefone também não ficaram em perfeita qualidade, já que o adaptador que capta esse tipo de gravação também não era dos melhores. Outra grande dificuldade foi o método de publicação. Uma vez que a reportagem foi diagramada em um computador com sistema operacional Windows, o programa InDesign, da Adobe, não permite a criação de aplicativos. Logo, nossa distribuição fica restrita e, por isso, o consideramos um produto em fase de testes. Contudo, em relação ao conteúdo, trabalhar com o tema da violência entre jovens – na maioria dos quais se encontram na mesma faixa etária que nós – foi um desafio muito grande. Primeiro, porque é um tema que traz consigo uma carga emocional enorme por parte dos entrevistados. Todos ali tinham uma história pessoal para contar de algum tipo de violência que já sofreram ou presenciaram. Segundo, porque em muitos dos casos, nos vimos representados naquelas falas e opiniões, e precisávamos nos manter os mais isentos possíveis. Foi uma experiência jornalística enriquecedora e acreditamos que conseguimos cumprir com êxito. Em geral, foi um produto trabalhoso de se fazer, com ínumeros detalhes técnicos e com temas, que a cada dia, se tornavam mais presentes na mídia e na opinião pública ao longo dos acontecimentos ocorridos em 2013 pelo Brasil. 4.2- Diário de bordo DATA: 01/11/2013 - Os primeiros contatos Hoje, começamos a entrar em contato com os possíveis entrevistados para a reportagem. Ligamos para duas escolas de Bauru para tentar marcar um dia de gravação com os alunos. Uma das escolas, E.E. Ernesto Monte, recebeu a ideia com muito entusiasmo. Já o Colégio CriArte, nem tanto. Os alunos estão em semana de prova e depois têm um calendário lotado de atividades já previstas. 23 DATA: 05/11/2013 - Núcleo de Estudos da Violência Conseguimos o contato de uma das coordenadoras do Núcleo de Estudos da Violência da USP, Caren Ruotti. Ela se propôs a dar entrevistas e nos passar os contatos de outros especialistas nessa área. Falamos também com o coordenador do projeto Ouro Verde 100% Arte e já combinamos uma entrevista para amanhã à noite, em uma das aulas de capoeira. DATA: 06/11/2013 - Primeira entrevista com os jovens Hoje é quarta-feira. Temos aula de Cultura Brasileira, mas precisamos faltar porque hoje é a primeira gravação do TCC com os jovens do Ouro Verde, marcada para às 20h. O dia estava chuvoso e demoramos um pouco para encontrar o endereço certo. Ao chegarmos, vimos a Centro Comunitário onde funciona o projeto, com uma faixada muito bonita e criativa. O coordenador, Aloísio, nos recebeu muito bem. Nos contou sobre a história do projeto, do bairro, como foi a transformação daquela comunidade ao longo dos anos, trouxe até o acervo que ele guarda com todas as publicações sobre o 100% Arte, inclusive nos mostrou em primeira mão o samba enredo do bloco de carvaval, que vai desfilar em 2014. Enquanto tudo isso acontecia, tiramos fotos e filmamos a aula de capoeira que estava sendo dada ali. Depois dos alunos terem descansado do treino puxado do instrutor Franscislailon, organizamos uma roda e começamos a gravar a entrevista com eles. Atrás, ficaram as crianças menores de 13 anos, que não participaram por não estarem na faixa-etária que delimitamos para o projeto. Os meninos que conversaram com a gente foram muito abertos e falaram sobre tudo. Um deles, Denilson Junior (14 anos) nos chamou a atenção pela eloquência e argumentos bem construídos. Saímos muito animados com o resultado da gravação. DATA: 13/11/2013 – Uma noite e duas entrevistas Hoje, conseguimos marcar com mais dois grupos de jovens. Um na república estudantil Pagu e outro durante um debate na Semana do Hip Hop. Chegamos na república por volta das 19h30, as meninas (Maria Fernanda, Larissa e Cristina, a intercambista) ainda estavam jantando e esperamos que todas pudessem se sentar na sala (cenário onde gravamos) para começarmos 24 a entrevista. A outra moradora e nossa colega de classe, Laís Semis, não estava no dia e não foi entrevistada depois para evitarmos a influência nas respostas por ser alguém próxima a nós . Junto com as moradoras, participou também das gravações um amigo delas, Guilherme, que tem 34 anos, mas estava na casa e pediu para falar sobre o tema que é de muito interesse dele. A entrevista ocorreu muito bem e a principal forma de agressão discutida foi a violência contra a mulher. Às 21h30, estava marcado com o coordenador do Ponto de Cultura Acesso Hip Hop, Renato Magú, com quem combinamos pelo Facebook. A princípio, só queríamos ir até o local porque sabíamos que haveria muitos jovens por conta do show do rapper Dom Black. Mas o Renato sugeriu que participássemos do debate que iria acontecer após as apresentações musicais. Não sabíamos o tema do debate e quem estaria lá, mas aceitamos, é claro, porque queríamos muito gravar com os jovens que estivessem presentes. Chegamos ao Teatro Municipal, onde acontecia o evento no momento do show do Dom Black. O público realmente era marjoritariamente jovem, formado por negros e moradores das periferias de Bauru. Gravamos, tiramos fotos, registramos o que foi preciso. Quando começou o debate, o Magú anunciou os palestrantes, entre eles o professor Juarez Xavier, ex-coordenador do curso de jornalismo da Unesp, e o psicólogo Jonathas Salathiel. O debate, onde os jovens também puderam dar seus testemunhos e opiniões, durou até umas 23h30 e abordou o tema “Extermínio da população pobre, preta e periférica”. Foi um debate intenso em que, pela primeira vez, mesmo após 4 anos dentro de uma universidade pública, nós tivemos a oportunidade de discutir a questão do racismo, da violência contra os jovens pretos e pobres e a falta de ações afirmativas para essa população. Saímos extremamente animados! DATA: 18/11/2013 - Dia de oração O dia começou frustante. Queríamos muito gravar com um grupo de jovens que pertencessem às classes mais abastadas de Bauru, justamente para ter um contraste (ou não) de opiniões. Tentamos novamente com mais dois colégios particulares da cidade, mas todos já estavam em clima de fim de semestre e não conseguimos marcar com nenhum. Tentamos com um amigo de classe, o Henrique Tobias, que reside em Bauru e é de uma tradicional 25 família da cidade, inclusive no meio político. A ideia era reunir os primos e amigos dele para entrevistarmos. Todos também estavam em época de fim de semestre nos colégios e faculdades e não toparam. Foi então, naquele mesmo dia, que surgiu a ideia de entrevistarmos um grupo de jovens religiosos. Procuramos um dos designers da editora em que fizemos estágio, o Lucas Oliveira, que é membro da Primeira Igreja Batista de Bauru. Na mesma noite, aconteceria a reunião semanal dos jovens da igreja, às 22h30 como de costume. Ele avisou os outros membros e então combinamos de filmar. Chegando lá, encontramos jovens de 18 a 29 anos, cantando os louvores da igreja, batendo papo e organizando uma mesa com pães de queijo e sucos. Lancharam e depois, em uma roda de cadeiras, começamos a entrevista. Sem soltarem a bíblia das mãos, eles debateram bastante o tema. A entrevista foi longa, cheia de divergências e a questão que mais causou discordia entre eles foi a ação policial. Ao final da entrevista, eles nos convidaram para uma oração e para o testemunho. Todos ali contaram como haviam passado a semana e qual pedido gostariam de fazer a Deus. Deram detalhes íntimos, e o Pastor, que se manteve presente em todo o tempo, anotava com atenção cada pedido de oração dos participantes. DATA: 19/11/2013 - De volta aos tempos de escola Através do contato da professora de Língua Portuguesa, Aline Campesi, conseguimos finalmente uma data para gravarmos com um grupo de adolescentes na E.E. Ernesto Monte. A classe era do 8º ano (antiga 7ª série) e às 7h30 da manhã já estávamos na porta da escola. Logo no hall de entrada, onde esperávamos a secretária nos atender, entravam os alunos que perderam a hora e chegaram atrasados. Um deles, era uma menina de mais ou menos 14 anos. Ao ver o Lucas tirando fotos da faixada da escola, ela irritada, comentou gratuitamente em voz alta: “quem é esse idiota que tá tirando foto?”. Pronto, nos sentimos verdadeiramente de volta ao ambiente escolar. Bateu até uma nostalgia. Dentro da sala, encontramos uma classe comportada e que só de ouvir a voz da professora Aline, já prestava atenção no recado que ela dava para organizarem uma roda de discussão. Começamos a gravar e relembramos como tudo na adolescência é motivo de riso e chacota. Uns por interesse em 26 participar, outros por graça, ao pegarem o microfone na mão, era nítido como se sentiam importantes. O assunto principal foi o bullying e o momento mais interessante da entrevista foi quando uma das alunas, Larissa Chaves, contou que sofre bullying dos colegas por ser muito magra e que, desde então, nunca mais voltou a tirar o casaco de frio que ajuda a disfarçar seu corpo. Os rostos envergonhados dos outros colegas denunciaram a nós, quem ali eram os que praticam e os que sofrem esse tipo de violência naquela sala de aula. DATA: 21/11/2013 - Vamos às fontes Após quase um mês de procura por grupos de jovens, filmagens, fotos e entrevistas, finalmente tínhamos coletado o material suficiente para começarmos a reportagem. Após assistirmos a todos os vídeos, percebemos que havia em cada um dos grupos, uma forma de violência mais comentada. Decidimos então, dividir por temas, e buscar fontes que poderiam nos ajudar a escrever sobre o assunto. Cada um buscou suas próprias fontes e, juntos, montamos o espelho de como seria construída a reportagem. DATA: 30/11/2013 - Identidade visual Hoje foi o dia de começar a pensar como será a diagramação e a indentidade visual da reportagem. Procuramos nos sites de buscas todo tipo de ideia que remetesse a um contexto urbano. Prédios, muros altos, grafite, etc.. No fim das contas, as cores preto, cinza e vermelho serviram também como uma luva para o tema da violência. Procuramos trabalhar com desenhos vetoriais, muito utilizados para computação gráfica. Começamos também a criar o grid para a diagramação, para sabermos quanto espaço teremos para desenvolver a reportagem. DATA: 16/12/2013 - Especialistas Com o grid e a identidade visual pronta, dividimos entre nós quais matérias cada um iria fazer. Por telefone, conseguimos entrevistar e gravar com os especialistas que não são de Bauru: os sociólogos Caren Ruotti e Dagoberto José Fonseca, e o pricólogo Alexandre Bez. Esses, o conteúdo será disponibilizado em áudio. Para os de Bauru, demos prioridade à captação de vídeo. Aqui na cidade, entrevistamos a delegada Priscila Bianchini, a ativista 27 Fracimeire Leme e a advogada Márcia Regina. Para fechar o grupo de especialistas que precisávamos para as matérias, utilizamos os vídeos gravados na Semana do Hip Hop, em que o professor Juarez Xavier e o psicólogo Jonathas Salathiel palestraram. O processo de entrevistas com os especilistas durou 2 semanas. DATA: 20/12/2013 - Boas Festas! Hoje é sexta-feira que antecede o Natal, como já tínhamos viagens marcadas antes mesmo de começar a greve da UNESP-Bauru e atrasar a entrega do TCC, adiantamos bastante coisa nos último dias. Já temos a capa pronta, o menu, as primeiras páginas com os depoimentos dos jovens e alguns áudios editados. Após passar o período de festas, voltaremos com os textos prontos, vídeos editados, fotos tratadas e a parte mais díficil: começar a dar vida a tudo isso em uma plataforma multimídia. DATA: 06/01/2014 - Tutoriais do YouTube salvando vidas O ano finalmente começou. Todo aquele material que combinamos trazer prontos das “mini-férias” estão quase todos finalizados. Agora era hora do desafio! Depois de alguns testes e “milhares” de tutoriais do YouTube assistidos, aprendemos as ferramentas básicas do Adobe Indesign e dos outros programas utilizados para a criação de uma reportagem digital. Com essas ferramentas, começamos a diagramar as páginas como se fossem para o impresso, porém, já no formato utilizado para Tablets e com as possibilidades oferecidas pelo programa para criar movimento, botões e hiperlinks, que funcionem da forma mais interativa que conseguíssemos. DATA: 13/01/2014 – Orientação e Relatório Segunda-feira, dia de atendimento com o Professor Max. Levamos para ele ver as primeiras páginas diagramadas. Ele ficou muito surpreso com as ferramentas que conseguimos utilizar, sendo nós singelos jornalistas. Falamos sobre o relatório e ele nos disse para ficarmos tranquilos, pois um relatório de produto não deve ser uma monografia, como muitos estavam se matando para fazer. O mais importante era explicarmos como tudo foi feito, assim, o relatório 28 serveria como um “manual” para aqueles que posteriormente se interessarem em realizar um produto parecido com o nosso. DATA: 20/01/2014 – Deadline Temos agora 9 dias para terminarmos o produto e o relatório. O produto em si está praticamente pronto. A grande diferença para um produto impresso e um digital como este, é que a cada página diagramada, temos dezenas de botões, animações e testes para saber se tudo funcionou direitinho. Além do mais, a cada página surge mais uma, já que a plataforma é tablet e damos a opção para o leitor ler nas versões horizontal e vertical. E, claro, como qualquer toda produção, a cada vez que revemos o material já pronto, encontramos errinhos ou pequenas coisas que podemos melhorar. É um trabalho sem fim! DATA: 23/01/2014 - Nasceu!!! Nosso bebê nasceu! Pesando 14 páginas (mais as 14 em versão horizontal), uma capa animada, vídeos, áudios, infográficos animados, textos e galeria de fotos, ele está pronto! Ao todo, instalamos cerca de 10 softwares, entre editores de texto, áudio, vídeo, diagramação, animação, ilustração, conversores de áudio e de vídeo, plataformas de visualização, etc. Com o tempo da escolha e maturação do tema, pré-projetos, leituras, orientação, captação de mateiral, produção, finalização e este relatório, se passou quase um ano. Nossa reportagem multimídia para disposito móvel (tablet); “Sou jovem, sou suspeito – Violência e polícia, segundo a juventude”; está pronta para ser divulgada e avaliada. E nós, após tanto esforço e dedicação, estamos prontos para nos formar - e que assim seja! 29 CONSIDERAÇÕES FINAIS Quatro anos do curso de Jornalismo nos proporcionaram muitas oportunidades de pôr em prática o que aprendemos em sala de aula. Mas nunca em tamanha proporção, nunca de forma tão experimental e inovadora, nunca com tanto afinco pelo que estávamos apurando. Pela primeira vez, pudemos conceber um produto totalmente do zero, isso pois não conhecíamos nem mesmo a plataforma sobre a qual pretendíamos construir o produto jornalístico. Pela primeira vez, tivemos de ir fundo na pesquisa sobre a tecnologia a ser utilizada, suas possibilidades e suas limitações. Sobretudo, pudemos nos debruçar sobre um tema que nos é tão interessante e conversar com as pessoas que consideramos as mais esquecidas na escala etária que divide a sociedade brasileira: a juventude. Fazer esse projeto foi ter a possibilidade de conhecer a realidade das fontes e aprender com a tecnologia aquilo que pensamos nunca ser possível com nossa limitação técnica. Nós fomos buscar na plataforma algo além daquilo que nos foi ensinado em sala de aula para pôr em prática o que, de fato, nos foi ensinado sobre as práticas do jornalismo no espaço acadêmico. Aliás, a própria busca pela inovação e por dar voz a quem geralmente não tem foi proporcionada pela carga teórica e crítica sobre Jornalismo que nos foi oferecida pela Universidade. Sem essa visão contextualizada e analítica da realidade da imprensa, provavelmente estaríamos fadados a reproduzir o comportamento inadequado de boa parte dos veículos de comunicação e dos jornalistas que o representam. Este Projeto Experimental nos proporcionou, acima de tudo, habilidades de auto-organização e planejamento, assim como a certeza de que somos capazes de exercer nossa prática profissional com objetividade, eficiência, visão e, sobretudo, ética. 30 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADORNO, Sérgio. A delinquência juvenil em São Paulo: mitos, imagens e fatos. Pro-Posições, Campinas: Faculdade de Educação - Unicamp, v. 13, n. 3(39), p. 45-70, SET/DEZ/2002. ADORNO, Sérgio. Exclusão socioeconômica e violência urbana. Sociologias, Porto Alegre, ano 4, no8, jul/dez 2002, p.84-135. ADORNO, Sergio; BORDINI, Eliana; LIMA, R. Sergio. O adolescente na criminalidade urbana em São Paulo. São Paulo, Ministério da Justiça, 1999. AGNER, L. Usabilidade do jornalismo para tablets: uma avaliação da interação por gestos em um aplicativo de notícias. In: Congresso Anual De Ergonomia E Usabilidade De Interfaces Humano-Computador, 12º, 2012. USIHC. ALMEIDA, Y.; BARBOSA, S.; NOGUEIRA, L.; SILVA. F. F.; A atuação jornalística em plataformas móveis: estudo sobre produtos autóctones e a mudança no estatuto do jornalista. Brazilian journalism research, Brasília, v.9, n. 2, p.10-29, dez/2013 EDGON, Bittner. Aspectos do trabalho policial - Livro 8 da Série "Polícia e Sociedade". São Paulo, Ford Foundation/NEV/Edusp, 2000. JERKINS, Henry. A cultura da convergência. São Paulo, Ed. Aleph, 2009. KOTCHO, Ricardo. A prática da reportagem. São Paulo, Ed. Ática, 2005. MINAYO, Maria Cecília de Souza. Fala, galera: violência, juventude e cidadania. Rio de Janeiro, Ed. Garamond, 1999. MISSE, Michel. Crime e violência no Brasil contemporâneo: estudos de sociologia do crime e da violência urbana. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006. PINHEIRO, Paulo Sérgio. Violência, Direitos Humanos e Democracia No Brasil: O Reino da Impunidade. Trabalho, Cultura e Cidadania: um balanço da história social brasileira, São Paulo, p. 207-221, 1997. 31 Sites: ADOBE. Digital Publishing Suite Help Audio overlays. Disponível em: Acesso em: 5 nov. 2013. ADOBE. Tutorial rápido para usuários de DPS experientes. Disponível em: Acesso em: 5 nov. 2013. Vídeos: Scrolling Text Frame - Adobe InDesign and DPS. Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=k-20irfB4M8> Acesso em: 13 out. 2013. Adobe InDesign Digital Publishing Suite - Placing Video. Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=Nxj_nwNxWOQ> Acesso em: 13 out. 2013. Adobe InDesign Digital Publishing Suite -Creating an Animated. Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=wpTgvq1c_xE> Acesso em: 13 out. 2013. http://helpx.adobe.com/digital-publishing-suite/help/audio-video-overlays.html http://helpx.adobe.com/digital-publishing-suite/help/audio-video-overlays.html http://helpx.adobe.com/digital-publishing-suite/help/audio-video-overlays.html http://www.youtube.com/watch?v=k-20irfB4M8 http://www.youtube.com/watch?v=Nxj_nwNxWOQ http://www.youtube.com/watch?v=wpTgvq1c_xE 32 ANEXOS - PERGUNTAS REALIZADAS NAS ENTREVISTAS A opinião dos jovens sobre: Violência:  Como vocês definem a violência?  Quem são as vítimas da violência?  Já foram vítima de violência?  Quem pratica a violência?  A violência pode ser algo bom? Polícia:  Qual o papel da polícia?  Confiam na polícia, em sua forma de atuação e abordagem?  O que pensam sobre o crime? Quem são os criminosos?  O que acham sobre cadeia, punição e justiça? A opinião dos especialistas sobre: Bullying:  O que caracteriza um ato de violência como sendo bullying?  Qual o limite entre bullying e assédio moral?  O bullying é uma prática recente ou já havia estudos sobre esse tipo de violência? Se sim, quais?  A escola sendo o principal local onde o bullying acontece, como a educação infanto-juvenil deve lidar com o assunto?  Como identificar possíveis “agressores” e “vitimas” do bullying?  Qual a melhor maneira dos pais e responsáveis de punir ou reeducar a prática do bullying?  Quase todos os entrevistados na faixa-etária pré-adolescente identificam violência a partir do bullying. Como essas percepções atuam na construção do indivíduo adulto? A partir disso, existe uma perspectiva de diminuição dessa violência no futuro? Periferia:  Existe um termo utilizado por alguns pesquisadores chamado “demofobia”, conceito de medo e preconceito com pessoas residentes em certas regiões demográficas, principalmente as periféricas. Como jovens, em plena construção de identidade, são afetados pela prática da “demofobia”? 33  A violência nas periferias se mostra com forte presença da polícia, muitas vezes, vista como própria agente da violência. É possível estreitar as relações de confiança entre jovens e policiais?  A forte resistência das elites brasileiras em aceitar a ação das políticas sociais que vêm das periferias contribui de que maneira para a naturalização da violência nessas regiões?  O medo é umas das principais respostas imediatas à violência. Até que ponto o medo é um instrumento de defesa e quando é que ele se torna o próprio instrumento da prática violenta?  A desigualdade social pode ser considerada uma violência? Quem seriam os violentadores? Racismo:  O racismo é fortemente misturado com o preconceito de classes. De que forma as pessoas podem se desfazer desse preconceito tão arraigado na sociedade?  Existem políticas sociais provenientes do financiamento federal, em prol da diminuição do preconceito racial? Como se trabalha com ações afirmativas no Brasil?  Os jovens, principais vítimas de violência, sentem dificuldades em se sentir representados nos meios sócio-políticos e também na mídia. De que forma isso poderia ser mudado?  Diante um país miscigenado como o Brasil, como é definido a raça de cada indivíduo?  Um dos maiores debates a cerca do racismo é a questão das cotas nas universidades. Mesmo diante de diversas desigualdades históricas sofridas pelos negros, que refletem até hoje na sociedade, quais são os riscos apontados pelos que condenam as cotas de classificar pessoas por critério racial? Violência contra a mulher:  Os dados sobre violência contra a mulher deixa evidente que o grupo das mulheres jovens é o mais afetado. Como e por que esse grupo é especialmente vulnerável?  Como a jovem pode se defender da violência?  A política de proteção à mulher é eficiente? Como funciona?  Grande número de estupros na cidade refleta a política de defesa da mulher em Bauru? Por que tantos casos?  Quais são as políticas de combate a violência contra a mulher implementadas na cidade?  A Lei da Maria da Penha realmente funciona? Quais falhas são possíveis identificar na lei? 34 - ESPELHO Figura 1 - Capa (vertical) Figura 2 - Capa (horizontal) 35 Figura 3 - Introdução (vertical) Figura 4 - Introdução (horizontal) 36 Figura 5 - Menu (vertical) Figura 6 - Menu (horizontal) 37 Figura 7 - O que é violência? (vertical) Figura 8 - O que é violência? (horizontal) 38 Figura 9 - Infográfico: números da violência (vetical) Figura 10 - Infográfico: números da violência (horizontal) 39 Figura 11 - Perspectivas (vertical) Figura 12- Perspectivas (horizontal) 40 Figura 13 - Bullying (vertical) Figura 14 - Bullying (horizontal) 41 Figura 15 - Racismo (vertical) Figura 16 - Racismo (horizontal) 42 Figura 17 - As vítimas (vertical) Figura 18 - As vítimas (horizontal) 43 Figura 19 - Machismo (vertical) Figura 20 - Machismo (horizontal) 44 Figura 21 - O papel da polícia (vertical) Figura 22 - O papel da polícia (horizontal) 45 Figura 23 - Confiança na polícia (vertical) Figura 24 - Confinça na polícia (horizontal) 46 Figura 25 - Galeria de imagens (vertical) Figura 26 - Galeria de imagens (horizontal) 47 Figura 27 - Expediente (vertical) Figura 28 - Expediente (horizontal) 48 - PAGINAÇÃO/ ESTRUTURA Figura 29 - Paginação