1 LUCIVÂNIA DA SILVA MENDES Perfil de alunos do Ensino Médio quanto à carreira docente Ilha Solteira 2016 Campus de Ilha Solteira 2 LUCIVÂNIA DA SILVA MENDES Perfil de alunos do Ensino Médio quanto à carreira docente Trabalho de Conclusão de Curso apresentada à Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira – UNESP como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Ciências Biológicas. Orientadora: Prof.ª Dra. Ângela Coletto Morales Escolano Ilha Solteira 2016 Campus de Ilha Solteira 3 DEDICATÓRIA Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso a Deus que me sustentou em amor todos os dias. A minha família pela confiança, encorajamento e força ao longo desses cinco anos. Aos amigos, poucos, mas fiéis, que me apoiaram e compreenderam sempre. A minha orientadora pela atenção, dedicação e paciência demonstrada no decorrer deste trabalho. Enfim, a todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para tornar este sonho uma realidade. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente а Deus, por ter me abraçado com seu amor e graça todos os dias ao longo da minha vida. Toda Honra e Glória somente a Ele. Agradeço а meus pais, Vital e Maria Neuza que me apoiaram em todos os sentidos, tanto financeira como emocionalmente, em horas que somente a minha vontade era de desistir, eles estiveram ao meu lado, mesmo diante das dificuldades sempre deram o melhor de vocês. Sem vocês esse sonho seria apenas sonho, espero que possa retribuir tudo a vocês da melhor forma possível, Aos meus irmãos Luciano, Vando e Lei. As minhas cunhadas Juliana e Carla e meus sobrinhos Evellyn, Kawan, Danielle e Lívia que entenderam minhas ausências, mas que sempre estiveram dispostos e prontos pra ajudar no que era necessário com todo carinho e amor. Aos meus pequenos que todo final de semana ao ve-los me renovam as forças com a paz e afeto que só podia sentir estando com eles. Ao André que mesmo diante de todas as coisas, sempre esteve me apoiando, amparando e orando por mim. A Gabriela minha companheira e amiga que dividimos juntas mais que um quarto, e sim uma vida. Juntas choramos, rimos, nos desesperamos, mas a cumplicidade e amor que nutrimos uma pela outra foram mais fortes que se tivéssemos laços de sangue. Meus agradecimentos а todos os amigos da UNESP, mas em especial a Letícia e Marjori que foram minha família nesses 5 anos, quе fizeram parte da minha vida acadêmica е quе pra sempre levarei em meu coração. Agradeço também aos amigos mais chegados do que irmãos da IEQ, mas especialmente a Daniela, Ivan e a Jéssica que me sustentaram e suportaram em amor, orações e que foram e continuam sendo os melhores amigos que alguém poderia ter. Agradeço a minha Orientadora Prof. Drª Ângela Coletto Morales Escolano pela orientação, apoio, confiança, e empenho dedicado à elaboração deste trabalho. E finalmente agradeço a UNESP – Campus de Ilha Solteira, pela oportunidade de fazer parte desta instituição. 5 “Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes”. Martin Luther King 6 Resumo A sociedade brasileira está passando por um momento bastante turbulento, sendo a crise em relação a educação um reflexo desta situação, influenciando a profissão de professor que atualmente mostra-se desvalorizada. Deste modo o presente trabalho tem como objetivo analisar a opinião de alunos da terceira série do Ensino Médio sobre a profissão docente. Pretende-se verificar o interesse desses alunos em cursar uma Licenciatura e se a valorizam enquanto profissão. O trabalho foi desenvolvido com alunos da 3ª série do Ensino Médio de duas Escolas Públicas Estaduais e uma Particular do município de Ilha Solteira – SP. Foram participantes da pesquisa 170 alunos (80 meninos e 90 meninas) com idade entre 16 e 19 anos. Para a coleta de dados foi confeccionado um questionário de escala likert com 8 afirmações acerca da valorização da profissão docente e da pretensão dos alunos quanto a cursar uma Licenciatura e a se tornar professor. De modo geral podemos verificar que a profissão professor não é a carreira almejada pelos jovens da 3ª série do Ensino Médio pesquisados, onde 76% afirmam que não pretendem prestar vestibular para serem professores. Contudo, consideramos que este trabalho pode servir como ponto de partida para contribuir com investigações sobre a atratividade da carreira docente. Palavras chave: Professor; Escolha Profissional; Licenciatura 7 Abstract Brazilian society is going through a very turbulent time, the crisis is in relation to education a reflection of this situation, influencing the teaching profession which currently appears to be undervalued. Thus this study aims to analyze the opinion of students of the third high school series on the teaching profession. It is intended to verify the interest of these students attend a degree and value it as a profession. The study was conducted with students from 3rd high school series of two state public schools and a private in the city of Ilha Solteira - SP. Survey participants 170 students (80 boys and 90 girls) aged between 16 and 19 years. For data collection was made one Likert scale questionnaire with 8 statements about the value of the teaching profession and the students claim as to attend a degree and become a teacher. In general we can see that the teacher profession is not the desired career by young people of the 3rd high school number surveyed, where 76% say they do not intend to take entrance exams to be teachers. However, we believe that this work can serve as a starting point to contribute to research on the attractiveness of the teaching career. Keywords: Teacher; Professional Choice; Graduation 8 Sumário 1. Introdução .............................................................................................................. 09 2. Objetivo ................................................................................................................ 11 3. Metodologia ........................................................................................................... 12 4. Resultado e Discussão ........................................................................................... 13 5. Considerações ........................................................................................................ 18 6. Referências ............................................................................................................ 19 Anexo 1 – Questionário sobre carreira docente ......................................................... 21 9 1. Introdução As profissões que se estabeleceram diante do tempo, que têm um reconhecimento instituído de profissionalidade como médicos, engenheiros, arquitetos, entre outros, são reconhecidas, se afirmam são caracterizadas e fortemente representadas na sociedade. Todavia estas só foram concebidas e abarcadas no meio social porque tiveram professores capazes de transmitir o conhecimento, esse que lhe autentica o aprendizado do desempenho profissional em razão (DO CÉU ROLDÃO, 2007). Porém, estamos situados numa sociedade pós-moderna onde vivenciamos um movimento intelectual organizado, na qual a escola se encontra em crise em todos os âmbitos e a profissão de professor é comumente desvalorizada, á luz de parâmetros avaliativos que posicionam o poder, especialmente o econômico à frente do saber. (BIZARRO; BRAGA, 2005). Diante desse fato, de alguns anos pra cá a redução da busca por parte dos adolescentes da profissão professor tem sido um item preocupante. A escassez de docentes com formação adequada para determinadas disciplinas dos anos finais do Ensino Fundamental e principalmente do Ensino Médio é abordada tanto no meio acadêmico como nas principais mídias. Perante isso, anuncia-se não só a convergência de diminuição na procura pelas licenciaturas e na quantidade de jovens formandos, mas ainda a modificação de aspecto do público que busca o magistério, como jovens de baixa renda, que trabalham e buscam na licenciatura um modo de obtenção de um diploma de curso superior (NETO/sd). O país já experimenta o baixo interesse pela profissão. Segundo Ratier e Salla (2010) em pesquisa dirigida pelo INEP, apenas no Ensino Médio e nas séries finais do Ensino Fundamental a carência de professores com formação adequada á área que ensinam chega a 710 mil. E não se trata de ausência de vagas. Dentre os anos de 2001 e 2006, houve um acréscimo de 65% no número de cursos de licenciatura. Os ingressos, porém se ampliaram somente em 39%. De acordo com dados do censo da Educação Superior de 2009, o número de vagas inativas chega a 55% do total ofertados em cursos de pedagogia e de formação de professores. É indispensável também não omitir, quando se debate a questão da formação de professores, as condições atuais da educação brasileira. Isso porque são inúmeros os fatores externos e internos ao processo pedagógico que vêm afetando a formação inicial e 10 continuada dos docentes no país, ressaltando-se o baixo ganho salarial e a instabilidade do trabalho escolar. (PEREIRA,1999) Usualmente, a renúncia à profissão docente é corrente entre os jovens. Os próprios apontam que, em uma coletividade em que os ensejos sobre as profissões foram depreciadas, por este fato, vem se reduzindo o fascínio do magistério como probabilidade de constância financeira e ascensão social. Os alunos veem na profissão más condições financeiras, falta de reconhecimento social, à própria experiência escolar e à influência familiar negativa como um dos pontos cruciais para não optar por cursar uma licenciatura futuramente. (ALMEIDA; TATURCE; NUNES, 2014) Ademais, segundo Abdalla (2010, p. 80): “Todos sabemos que esta precarização pode ser traduzida pelos baixos salários e pelo desprestígio social reforçado pelo número elevado de trabalhadores de educação; nível de qualificação e atualização exigido; e feminização crescente e predominante no campo educacional. Fatores que determinam e condicionam, também, a intensificação dos processos de trabalho que os profissionais têm que enfrentar, assim como as situações de sofrimento e angústia por que passam.” Ainda nessa perspectiva de sociedade onde a informação tem circulado em grande escala através de várias mídias e as identidades são cada vez mais afastadas da escola, as tecnologias de informação, a própria disparidade das probabilidades de experiências e de práticas ocasionadas pela vida civilizada (sempre muito complexa e variada) levou o ambiente escolar habitual a se tornar um espaço destituído de importância, de vontade, de deslumbramento para os alunos e desmotivando-os. Dessa forma, a valorização e a motivação para o trabalho docente dependem da confluência de alguns elementos: a existência de condições de trabalho adequadas, uma formação de qualidade que fortaleça a capacidade dos docentes em sua prática, e o reconhecimento social. Não obstante, são escassos os estímulos para que a carreira seja cativante, no que se refere às condições de formação, trabalho e salário. E as tendências políticas não têm indicado mudanças nessa direção (VERISSIMI; TROJAN, 2011). Enquanto a profissão não for alvo de interesse e investimento por parte dos governos e ser reconhecida de forma qualitativa diante da sociedade e demais setores, os nossos jovens não vão encarar essa profissão nobre e muito árdua que é o ato de ensinar. 11 2. Objetivo Pelo exposto acima, o presente trabalho teve como objetivo analisar a opinião de alunos da terceira série do Ensino Médio sobre a profissão docente. Pretendeu-se verificar o interesse desses alunos em cursar uma Licenciatura e se a valorizam enquanto profissão. 12 3. Metodologia O trabalho foi desenvolvido com alunos da 3ª série do Ensino Médio de duas Escolas Públicas Estaduais e uma Particular do município de Ilha Solteira – SP. Foram participantes da pesquisa 170 alunos, destes sendo 80 alunos do sexo masculino e 90 do sexo feminino com média de idade de 16 anos e 19 meses, variando de 16 a 19 anos. Para a coleta de dados foi confeccionado um questionário de escala likert com 8 afirmações acerca da valorização da profissão docente e da pretensão dos alunos quanto a cursar uma Licenciatura e a se tornar professor (Anexo 1). Com base na afirmação apresentada os alunos deveriam escolher a alternativa que mais correspondia com sua opinião, ou seja, se concordo plenamente, concordo parcialmente, discordo parcialmente ou discordo plenamente. A aplicação foi realizada durante as aulas regulares, com autorização prévia da escola. Os participantes da pesquisa responderam as questões voluntariamente sendo identificados apenas pelo o sexo e a idade. A análise dos resultados se deu de forma quantitativa, verificando-se quantos alunos responderam cada uma das opções, em cada uma das afirmações e posteriormente foi realizada a tabulação dos dados e cálculo das porcentagens para meninos, meninas e média geral. 13 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1 2 3 4 5 6 7 8 4. Resultados e Discussão No gráfico 1 temos as porcentagens das respostas dos alunos (meninos e meninas) e a média geral para cada uma das afirmativas. Gráfico 1. Distribuição percentual das respostas emitidas pelos participantes. Meninos Meninas Média Geral 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1 2 3 4 5 6 7 8 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1 2 3 4 5 6 7 8 concordo plenamente concordo parcialmente discordo parcialmente discordo plenamente *1. É muito fácil ser professor *2. Eu gostaria de ser professor, mas o salário é baixo. *3. Meus professores servem de exemplo para eu continuar os estudos *4. O professor não é valorizado profissionalmente *5. Os professores tem a capacidade de mudar as opiniões dos alunos *6. Eu nunca pensei em ser professor. *7. Depois de terminar o ensino médio, pretendo prestar vestibular para ser professor. *8. Se os professores fossem mais valorizados eu seria professor. P O R C E N T A G E N S AFIRMAÇÕES * AFIRMAÇÕES * AFIRMAÇÕES * P O R C E N T A G E N S 14 Na primeira questão em que se afirma ser muito fácil ser professor, verificamos que 46% dos meninos e que 54% das meninas, discordam totalmente dessa afirmação, ou seja, a maioria dos participantes (51% na média geral) tem o conceito de que não é fácil ser professor. Umas das explicações para tal fato se dá por n motivos, entres eles destacamos que a profissão docente exige um grande investimento pessoal e familiar (diplomas e aprovação em concursos), oferece uma futura profissão muito incerta, baixa remuneração, limitando possibilidades de crescimento pessoal, condições precárias de trabalho, tanto de ambiente quanto de material, além de requerer uma grande versatilidade por parte docente. O exercício da profissão professor implica inevitavelmente a conciliação da atividade de ensinar e de outras que lhe são complementares, seja por sua essência, seja em razão da organização do trabalho escolar (VALLE, 2007). Os alunos também se deparam com outras experiências que os professores vivenciam em sala de aula, como: “[...] diversas formas de desrespeito pela função docente ou pelo adulto que a cumpre, ou ainda uma incapacidade de funcionar segundo regras usuais de civilidade da instituição, recusa de empenhar-se no trabalho escolar, indisciplina, violência gratuita, etc.” (Lessard, Tardif, 2008, p. 258). Na segunda afirmação “Eu gostaria de ser professor, mas o salário é muito baixo”, entre os meninos a afirmativa esteve entre o concordo plenamente e discordo plenamente com 30% e 33% respectivamente e na média geral permaneceu o discordo plenamente com 35%. Este resultado nos faz pensar se estes alunos se recusam a serem professores pelos salários baixos ou não querem mesmo seguir esta carreira. Os fatores supracitados como desestimuladores da carreira docente contribuem para as inseguranças dos jovens ao escolherem esta profissão, levando-os a pensar em outras atuações profissionais, ou seja, qualquer uma que exige outras habilidades, menos a carreira docente (ANDRÉ et.al, 2010). O desinteresse pela carreira docente também pode ser porque os discentes tenham afinidades com outras áreas e gostarem de outras profissões, ou até mesmo por acreditar que não tenham habilidade para ensinar. (TATURCE; NUNES; ALMEIDA, 2013). 15 Observamos na terceira afirmação “Meus professores servem de exemplo para eu continuar os estudos” que os alunos do sexo feminino e masculino concordam parcialmente com essa afirmação (57% e 54 % respectivamente, média de 56%) Diante desse fato podemos inferir que a realidade escolar em que o aluno e o professor estão inseridos não faz com que o sujeito esteja e seja motivado a percorrer esse caminho. Nessa visão vemos que os alunos não tem uma visão formada a respeito de o professor o motivar para continuar os estudos, no entanto vemos que na média geral os alunos, cerca de 76% estão mais concordando do que discordando dessa afirmação. Não obstante, de acordo com PINHEIRO (2009), o professor é, por excelência, o principal agente motivador. Precisa estar motivado, ter compromisso pessoal e profissional com a educação, demonstrar dedicação, interesse, entusiasmo, amor e prazer no que faz. O educador deve ser aquele que estabelece uma relação de afetividade com o aluno, que busca mobilizar a energia interna do mesmo. Se o clima de calor humano, desenvolvido pelo professor, é percebido no processo de interação, passando a imagem de pessoa digna de confiança, amistosa, é provável que os estudantes se esforcem para corresponder às suas expectativas. Verificamos na afirmação de número 4 “O professor não é valorizado profissionalmente” que a maioria dos alunos (meninos 55%, meninas 61%; média geral 58%) concordam plenamente com esta informação. No entanto a constante desvalorização do professor tanto de forma profissional e social, em que a profissão docente não é mais aquela em que a sociedade admirava, onde os pais eram os primeiros a serem respeitados e depois os professores, onde ser professor era a ambição de muitos, principalmente das moças, hoje vemos total descaso. Gatti e Barreto (2009) ressalta um quesito que desvaloriza continuamente a profissão: A remuneração. O seu estudo deixa evidente que a condição de remuneração de professores no Brasil é precária, sendo este um país com o terceiro pior salário para professores do mundo. Nessa perspectiva nos demais estados do país, essa situação vem sendo muito desigual em todos os níveis da educação, principalmente nos anos iniciais, como nas demais séries da Educação Básica, e também conforme a região e as demais dependências administrativas do país. Em média, ela não é considerada atraente quando comparada a outras profissões com exigência de nível superior. No conjunto de dados relativos a salários, observa-se que há regiões em que a remuneração dos professores tem sido baixa demais. Claro que vale ressaltar aqui a lei de oferta de empregos. 16 Analisando a quinta afirmação “Os professores tem a capacidade de mudar a opinião dos alunos.” Tanto meninos como meninas concordam parcialmente, sendo o percentual das meninas maior que a dos meninos, estando com 50% e 52% respectivamente. Na média geral temos que 51% concordam parcialmente, entretanto se somarmos este resultado aos 30% de concordo plenamente, temos que na média geral os alunos consideram que as opiniões dos professores possam, mesmo que em parte, mudar as suas opiniões. Se o professor não é valorizado é recorrente que os mesmos não são mais agentes que possam modificar opiniões e pensamentos, que não estejam transmitindo o conhecimento e suas experiências de forma efetiva, nesse contexto, observamos em nossa pesquisa que mais da metade dos alunos, não tem plena certeza de que os mestres possam os instigar a mudar suas indagações e conceitos por meio do aprendizado. O problema usual aqui enfrentado é que os professores passam por diversos estresses e grandes cargas emocionais em seu ambiente de trabalho, às vezes tendo que trabalhar muito, em até três períodos para complementar seu salário, e muitas vezes não implementam seu trabalho de maneira competente, dando ao aluno a impressão de que o mestre não está satisfeito com seu trabalho, e não tendo assim, estimulação necessária por parte do docente, no entanto o docente tenta estimular os alunos de todas as formas e os alunos não estão interessados de forma alguma, então, salientamos que nem sempre o peso de motivação está apenas sobre o professor. Na sexta questão “Eu nunca pensei em ser professor.”, notamos que grande parte dos alunos (57%) concordam plenamente com esta afirmação. Comparando-se as respostas de meninos (68%) e meninas (48%) podemos concordar com as afirmações de Santos (2008) que destaca que a profissão, ao passar dos anos, transformou-se em um trabalho feminino, e de acordo com a pesquisa do site de informações Uol Educação escrita por Harnik (2011), de cada dez professores da Educação Básica do país, oito são mulheres. Cabe destacar que 17% das meninas discordam plenamente desta afirmação, ou seja, já pensaram em serem professoras. Pontuamos na sétima afirmação “Depois de terminar o Ensino Médio pretendo prestar vestibular para ser professor”, observamos que meninos (81%) e meninas (72%) possuem a mesma apreciação, discordam plenamente desta sentença. Nota-se que a carreira do magistério não é opção quando os discentes prestarem vestibular, sendo que na média geral 76% não pretendem prestar um curso de Licenciatura. 17 Estes dados corroboraram com o resultado de um levantamento feito pela Fundação Carlos Chagas, com 1,5 mil alunos de Ensino Médio de escolas públicas e particulares que revelou que apenas 2% dos estudantes revelaram seguir carreira docente e cerca de 83% manifestaram como primeira opção do vestibular disciplinas desvinculadas da carreira do magistério. Novamente, um dos principais fatores para não escolher a profissão esta a baixa remuneração, com cerca de 25% de estudantes que responderam a pesquisa, e 17% consideram que a desvalorização e o desrespeito no ambiente escolar são uns dos motivos para não seguir em frente com a opção da carreira (VALENZA, 2010). Por fim, na oitava afirmação “Se os professores fossem mais valorizados eu seria professor” também persistiu a alternativa discordo plenamente tanto para meninos quanto para meninas, com percentual de 45% e 42 % respectivamente e média de 43%. Observa- se persistência por parte dos alunos que os mesmos não serão professores de modo algum, pois não tem a menção de que ser professor seja bom, que não é bem visto profissionalmente e logo não é objetivo dos jovens que sairão do Ensino Médio. A comprovação disso é esta última afirmativa que declara que mesmo que se a profissão fosse valorizada ela não seria opção de carreira para quase metade do total de investigados. No entanto, a não escolha pela profissão pode ter influências no ambiente familiar, onde os mesmos são pressionados para escolherem carreiras que tenham aparentemente sucesso financeiro garantido, estabilidade financeira e emocional e outros fatores diversos. 18 5. Considerações Finais Nos resultados podemos explanar que a profissão professor não é a carreira almejada pelos jovens da 3ª série do Ensino Médio pesquisados, inferimos que a valorização profissional seja uma explicação para tal, pois, a maioria dos alunos que responderam a pesquisa são alunos da rede pública, onde, o descaso com a profissão é mais vista por eles. Os sujeitos da investigação se deparam todos os dias com o professor desmotivado, reclamando de baixos salários, da indisciplina dos alunos em sala de aula e a falta de aporte necessário para aplicar uma boa aula e fazer de maneira efetiva o seu trabalho. Mesmo diante desse fato, existem poucos alunos, cerca de 4% que pretendem prestar vestibular para ser professor, um número pequeno, mas que expressa que talvez nem tudo esteja perdido. Contudo, consideramos que este trabalho pode servir como ponto de partida para maiores investigações que se fazem necessárias para outros desdobramentos a respeito, e, contribuir com investigações sobre a atratividade da carreira docente pelos alunos do Ensino Médio mediante todos esses aspectos aqui abordados. 19 6. Referências ABDALLA, MFB. Trabalhadores da educação: políticas de prevenção e atendimento à saúde. Cadernos de Educação da CNTE, Brasília, n. 22, 2010. ALMEIDA, Patrícia Albieri de; TARTUCE, Gisela Lobo BP; NUNES, Marina Muniz Rossa. Quais as razões para a baixa atratividade da docência por alunos do Ensino Médio?. Psicologia Ensino & Formação, v. 5, n. 2, p. 103-121, 2014. BIZARRO, Rosa; BRAGA, Fátima. Ser professor em época de mal-estar docente. Revista da Faculdade de Letras, II série, v. 22, p. 17-27, 2005. DE ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso et al. O trabalho docente do professor formador no contexto atual das reformas e das mudanças no mundo contemporâneo. 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Jornal de Políticas Educacionais, v. 5, n. 10, 2011. 21 ANEXO 1 Este questionário tem como finalidade saber a respeito do que você seus colegas pensam sobre a profissão docente, para isso solicitamos a sua colaboração direta e voluntária. Temos a informar que: a) vocês não serão identificados em nenhum momento, ou seja, será mantida a privacidade dos participantes; b) as informações sobre o conjunto final das respostas do questionário serão apresentadas à classe. Dados pessoais: a) Qual a sua idade? ________ b) Qual o seu sexo? __________________ Analise até que ponto essas afirmações correspondem ao que pensam e marque uma opção no quadro ao lado de cada afirmação, utilizando o seguinte critério: Seja sincero (a) respondendo aquilo que você realmente pensa. 1 – É muito fácil ser professor. Concordo plenamente Concordo parcialmente Discordo parcialmente Discordo plenamente 2 – Eu gostaria de ser professor, mas o salário é muito baixo. Concordo plenamente Concordo parcialmente Discordo parcialmente Discordo plenamente 3 – Meus professores servem de exemplo para eu continuar os estudos. Concordo plenamente Concordo parcialmente Discordo parcialmente Discordo plenamente 4 – O professor não é valorizado profissionalmente. Concordo plenamente Concordo parcialmente Discordo parcialmente Discordo plenamente 5 – Os professores tem a capacidade de mudar as opiniões dos alunos. Concordo plenamente Concordo parcialmente Discordo parcialmente Discordo plenamente 6 – Eu nunca pensei em ser professor. Concordo plenamente Concordo parcialmente Discordo parcialmente Discordo plenamente 7 – Depois de terminar o ensino médio, pretendo prestar vestibular para ser professor. Concordo plenamente Concordo parcialmente Discordo parcialmente Discordo plenamente 8 – Se os professores fossem mais valorizados eu seria professor. Concordo plenamente Concordo parcialmente Discordo parcialmente Discordo plenamente