UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS - RIO CLARO JÚLIA REZENDE FERNANDES EEFEITOS DO CICLO MENSTRUAL E DA SÍNDROME PRÉ- MENSTRUAL NO DESEMPENHO DE ATLETAS: UMA REVISÃO NARRATIVA DE LITERATURA Rio Claro 2020 EDUCAÇÃO FÍSICA JÚLIA REZENDE FERNANDES EFEITOS DO CICLO MENTRUAL E DA SÍNDROME PRÉ-MENTRUAL NO DESEMPENHO DE ATLETAS: UMA REVISÃO NARRATIVA DE LITERATURA Orientador: Profº Drº Eduardo Kokubun Co-orientadora: Profª Daniela Ambrósio de Almeida Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Câmpus de Rio Claro, para obtenção do grau de Bacharela em Educação Física. Rio Claro 2020 Dedico este trabalho aos meus pais e meu irmão, que sempre estiveram ao meu lado, meus exemplos de dedicação e resiliência. Obrigada por tudo. AGRADECIMENTOS Antes de mais nada, quero começar agradecendo a Deus, por ter me dado a oportunidade de cursar Educação Física na faculdade dos meus sonhos. Esses 4 anos foram os melhores da minha vida, e vou levar cada aprendizado e cada segundo vivido no meu coração para sempre. Quero agradecer aos meus pais, Adriane e Fernandes, por sempre terem me apoiado nessa jornada e por estarem do meu lado em todos os momentos. Drica, obrigada por me ensinar a ter paciência e amor com as pessoas e coisas a minha volta, você é meu maior exemplo de compaixão e carinho, e me incentiva todos os dias a ser uma pessoa melhor. Pa, obrigada por todas as conversas sobre o futuro, todos os conselhos, todos os sermões, obrigada por me ensinar a correr atrás dos meus sonhos e ser meu maior exemplo de dedicação. Deixo aqui um agradecimento especial à minha Tia Vaine, minha segunda mãe, que sempre esteve presente na minha vida com um sorriso no rosto e muito amor para dar. Amo vocês. Tato, obrigada por ser o melhor irmão mais velho do mundo, me ensinando a levar a vida mais leve, e a sempre ir atrás do que se quer. Você sempre foi meu companheiro, meu amigo, e mesmo com os sete anos de diferença, sempre me deixou participar da sua vida, e me deixar ser seu chaveirinho. Obrigada por ter deixado eu destruir seus brinquedos quando a gente era criança sem nem brigar comigo. Você ainda me deu o melhor presente do mundo, a nossa neneca linda Luísa, que a tia ama mais que tudo. Aos meus amigos, Mi, Montanha, Jacó, Leozinho, Victinho e Jean, obrigada por todos os momentos juntos, por terem se tornado minha família de Rio Claro. Não sei muito bem como nosso grupinho surgiu, mas sem vocês eu não teria conseguido. Agradeço por todas as risadas, por toparem minhas maluquices, por tomarem xingo dos professores comigo, porque a gente nunca parava de falar nas aulas, por terem me aceitado como eu sou. Vou levar vocês comigo pro resto da vida, porque nossa amizade é pra sempre. Aline, minha amiga, que virou parceira de casa, que virou irmã: nosso amor e conexão é de outra vida com certeza. Você se tornou minha melhor amiga já na primeira semana de aula e depois disso nunca mais nos separamos. Não tenho palavras por descrever minha gratidão a você. Te amo, sua louca. San, amorzinho, desde da primeira mensagem trocada, eu já sabia que você seria o amor da minha vida. Aparecemos na vida um do outro pra mudar tudo de lugar, e sou grata ao universo por ter nos unido. Você é o melhor presente que a UNESP me deu, e agradeço todos os dias por tudo que você faz por mim e por nós. Obrigada por todos os momentos, por me acalmar nas horas de desespero, por me amar e ter paciência comigo, e por viver ao meu lado. Sei que esse é só o começo de uma longa vida de amor e companheirismo. A natação Câimbra, agradeço do fundo do coração todos os treinos, as risadas, a parceria, todas as amizades que fiz dentro da piscina, por ser sempre um time tão unido, mesmo que em uma modalidade individual. Vocês são fantásticos! Agradeço em especial a Ni, Gabigol e San, por terem me ensinado a nadar no meu terceiro ano de graduação e terem me dado a oportunidade de nadar um Inter. Vocês já são profissionais incríveis e desejo toda a felicidade do mundo pra vocês. Dani, obrigada por ter me ajudado a fazer um TCC no meio de uma pandemia, sempre com muito carinho e preocupação. Você é uma mãezona pra mim, exemplo de profissional e pessoa, e sempre vou ser grata por tudo o que você fez por mim. Por fim, agradeço a todos que participaram da minha vida e da minha graduação. Todos vocês foram fundamentais para que eu pudesse chegar aqui hoje. Gratidão a todos. Amo muito todos vocês. RESUMO: Introdução: Durante as fases do ciclo menstrual (folicular, ovulatória e lútea), há modificações nas concentrações hormonais de estrogênio e progesterona. Tais modificações podem causar respostas fisiológicas que alteram as capacidades físicas e mentais do organismo ao longo do ciclo. A Síndrome Pré-Menstrual (SPM) é um conjunto de sintomas físicos e emocionais que aparecem na fase lútea, cerca de 10 dias antes da menstruação. Objetivo: Essa revisão narrativa de literatura busca esclarecer os efeitos dessa Síndrome, em especial em mulheres atletas, e entender os impactos fisiológicos e psicológicos na performance em decorrência de tal síndrome. Métodos: Para isso, esse estudo compilou artigos e publicações das bases de dados Pubmed, Lilacs e Scielo, utilizando as palavras chaves “Síndrome Pré-Menstrual”, “Esporte”, “Performance”, “Desempenho”, e “Ciclo Menstrual”, realizando combinações. Foram coletadas publicações em inglês e português e selecionadas através dos critérios de inclusão e exclusão. Aqueles de acordo, tiveram métodos, resultados e conclusão descritos e analisados, com o intuito de se concluir com maior profundidade se e como a Síndrome Pré-Menstrual pode interferir na performance da mulher atleta. Resultados: Dessa forma, foram encontrados um total de 1.272 publicações, onde foram utilizadas nessa revisão 22 delas, sendo 3 em relação a influência do ciclo menstrual/Síndrome pré-menstrual no desempenho psicológico de atletas, 3 em relação a influência do ciclo menstrual/Síndrome pré-menstrual na percepção subjetiva de impacto no desempenho de atletas, 10 em relação a influência do ciclo menstrual/Síndrome pré- menstrual no desempenho físico de atletas, 6 em relação a influência do ciclo menstrual/Síndrome pré-menstrual em atletas que fazem uso de contraceptivo oral. No primeiro tópico, as publicações demonstram que o ciclo menstrual/SPM afetam negativamente o estado de humor das atletas. No segundo tópico, demonstraram que o ciclo menstrual/SPM causa uma perda subjetiva do desempenho esportivo. No terceiro tópico, as conclusões são heterogêneas, onde 6 concluem que há perda de desempenho, e 4 concluem que o ciclo menstrual/SPM não afeta a performance. Por fim, no quarto tópico, os estudos demonstram que a performance tem pouca ou nenhuma interferência em razão do ciclo menstrual/SPM. Conclusão: Dessa forma, pode-se concluir que o ciclo menstrual/Síndrome pré-menstrual pode afetar negativamente o desempenho físico e psicológico de atletas, principalmente na fase lútea, e o uso de CO monofásico pode atenuar tais efeitos. Em relação as publicações, novos estudos devem ser feitos, com um número maior de participantes. Palavras Chave: Síndrome Pré-Menstrual, Esporte, Performance, Desempenho, Ciclo Menstrual Sumário RESUMO..................................................................................................................... 7 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 10 2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 13 3.JUSTIFICATIVA......................................................................................................14 4. MÉTODOS E PROCEDIMENTO DE PESQUISA................................................. 15 4.1 Critérios de Inclusão............................................................................................ 15 4.2 Critérios de Exclusão............................................................................................16 5. RESULTADOS.......................................................................................................17 5.1 Influência do Ciclo Menstrual/SPM no desempenho psicológico de atletas........................................................................................................................ 21 5.2. Influência do Ciclo Menstrual/SPM na percepção subjetiva de impacto no desempenho de atletas............................................................................................. 24 5.3. Influência do Ciclo Menstrual/SPM no desempenho físico de atletas.................26 5.4 Influência do Ciclo menstrual/SPM em atletas que fazem uso de CO monofásicos...............................................................................................................35 6. CONCLUSÃO.........................................................................................................41 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................42 10 1. INTRODUÇÃO O ciclo sexual mensal feminino, também chamado de ciclo menstrual é um fenômeno biológico que dura entre 21 a 35 dias em mulheres saudáveis, o qual se caracteriza por mudanças rítmicas nas secreções de hormônios femininos durante as diferentes fases do ciclo e por mudanças físicas nos ovários e em outros órgãos sexuais (TORTORA, 2000). Tal ciclo consiste na preparação do organismo para a fecundação e tem seu início ao primeiro dia da menstruação, e é dividido em 3 fases diferentes, em função da secreção hormonal: fase folicular, entre o 1º dia e o 14º dia, fase ovulatória, entre o 14º e o 16º dia, e por fim, a fase lútea, entre o 16º e o 28º dia, em um ciclo de 28 dias. Os dias de cada fase podem variar dependendo de quantos dias o ciclo tem, sendo mais comuns os ciclos de 28 dias. A fase folicular ocorre antes da liberação do óvulo, onde os níveis de progesterona e estrogênio estão baixos, e há um aumento progressivo dos hormônios Estradiol, Hormônio Luteinizante (LH) e Hormônio Folículo-Estimulante (FSH), estimulados pelo hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), até ocorrência do aumento brusco de LH, resultando na liberação do óvulo. A fase ovulatória ocorre de 16 a 32 horas após a liberação do óvulo, fase em que o organismo se prepara para a fecundação. Na fase lútea, o corpo lúteo se forma, aumentando as concentrações de progesterona, fazendo com que o endométrio engrosse, se enchendo de líquidos e nutrientes para nutrir um possível embrião; se o óvulo não for fecundado, o corpo lúteo se degenera, as concentrações de progesterona e estrogênio caem, e um novo ciclo se inicia. (MOORE; PERSAUD, 2004). Tais mudanças hormonais próximas ao último dia do ciclo menstrual podem provocar a Síndrome Pré-Menstrual (SPM) (anteriormente chamada de Tensão Pré- Menstrual) (GREENE; DALTON, 1953), que segundo Valadares et al (2006), é o conjunto de alterações físicas, do humor, cognitivas e comportamentais com a presença de queixas de desconforto, irritabilidade, depressão ou fadiga. Um estudo feito com estudantes atletas mostrou que cerca de 71% delas sofre de Síndrome Pré-Menstrual, onde tem como principais sintomas irritabilidade, mudanças de humor, cólica, e ansiedade (DAVID et al., 2009). Outro estudo demonstrou que quanto maior o nível de atividade física, menor a incidência de SPM, ou até 11 diminuição dos sintomas (TEIXEIRA; OLIVEIRA; DIAS, 2013). Contudo, outros estudos mostraram que em mulheres atletas existe uma alta prevalência da incidência da síndrome pré-menstrual, sugerindo que altos níveis de treinamento podem exercer influência na ocorrência da SPM. (DAVID et al., 2009; GAION; VIEIRA, 2010). Além da função reprodutiva no organismo, o estrogênio pode exercer mudanças nos neurotransmissores GABA e serotonina, relacionados a controle motor, fadiga e percepção sensorial (SMITH et al., 2002). Ainda, o estrogênio e a progesterona podem ter interferência sobre funções fisiológicas como a capacidade aeróbia e anaeróbia, alteração em tecidos moles, força muscular, propriocepção, coordenação neuromuscular e controle postural (BARBOSA; MONTEBELO; GUIRRO, 2007; JANSE DE JONGE et al., 2001; KAMI; VIDIGAL; MACEDO, 2017). Além disso, o estrogênio possui ação antidepressiva, melhorando assim o humor, em oposição, a progesterona possui efeito depressivo, pois está relacionado a diminuição da serotonina (ROSA E SILVA; SÁ, 2006). O desempenho funcional também é influenciado pelas diferentes fases do ciclo, apresentando os piores índices na fase menstrual, onde coordenação e velocidade são os mais afetados (KAMI; VIDIGAL; MACEDO, 2017). Dessa forma, é possível dizer que essas alterações hormonais durante o ciclo menstrual podem modificar o desempenho esportivo (DAVID et al., 2009). Um estudo feito com atletas de ginástica rítmica de alto rendimento, em preparação para a Olimpíada de Beijing demonstrou que 65% delas estavam abaixo do valor referencial clínico na concentração de estrogênio, e as concentrações de progesterona e LH ficaram próximas ao limite inferior, concluindo-se que tais atletas apresentam maior risco de disfunção menstrual e desequilíbrio hormonal (COELHO; SIMÕES; LUNZ, 2015).Além disso, as diferentes concentrações hormonais e a síndrome pré-menstrual podem causar alterações no desempenho cognitivo. Estão entre os principais sintomas: Irritabilidade, mudanças de humor, depressão, ansiedade, sentimento de fora do controle, aumento de desejos alimentares, sentimento de estar sobrecarregada, dificuldade de concentração, fadiga, distanciamento de atividades sociais, piora na memória visual e verbal e insônia (PEARLSTEIN; STONE, 1998; SOUZA et al., 2012). Tais sintomas são detectados na fase lútea do ciclo menstrual. Um estudo realizado com mulheres atletas de futebol de campo, de 18 a 35 anos, demonstrou que as jogadoras com SPM (59,6% delas) apresentavam maior ansiedade pré e pós jogo, assim como maior irritabilidade e mudanças de humor (FOSTER et al., 2017). Ainda, sabe-se que 12 indivíduos expostos a carga de treinamento intensa podem apresentar mudanças de humor negativas, com aumento da fadiga e diminuição do afeto positivo, indicando proximidade a depressão (PELUSO, 2003). Assim, com a alta carga de treinamento que mulheres atletas são submetidas, e a alta prevalência de Síndrome Pré- Menstrual entre elas, que possui como sintoma também a depressão, fazem necessários estudos com maior profundidade no estado físico e mental da mulher atleta com tal síndrome. No entanto, em mulheres que fazem o uso de contraceptivos hormonais, não há um ciclo menstrual completo. Tal método age inibindo a secreção de GnRH, e por consequência, do FSH e LH, produzindo um ciclo anovulatório, ou seja, sem ovulação. Dessa forma, há apenas pequenas mudanças no endométrio, mas não há a formação do corpo lúteo, e portanto, não há fase lútea, o organismo permanece na fase proliferativa (MOORE; PERSAUD, 2004). Os contraceptivos hormonais orais (CO) são compostos normalmente por pílulas de estrogênio, consumidas ativamente durante 21 dias, e com 7 dias de interrupção, podendo haver pílulas inativas. A revisão de literatura de Martin e Vendas Elliott (2016) concluiu que há ainda muitas divergências sobre os efeitos do uso de contraceptivos orais no desempenho esportivo, mas que há fortes indícios de que não há prejuízo de performance em decorrência de seu uso, não interferindo na composição corporal, força muscular e absorção de oxigênio. Dessa forma, essa revisão narrativa de literatura também fará uma breve análise da interferência do uso de contraceptivos orais na performance de atletas. 13 2. OBJETIVO 2.1. Objetivo principal O objetivo desta revisão narrativa de literatura é verificar se a Síndrome Pré- Menstrual pode causar mudanças físicas ou psicológicas capazes de influenciar no desempenho esportivo de atletas. 2.2. Objetivo secundário Observar se essas possíveis mudanças também são encontradas em atletas que fazem uso de contraceptivos hormonais orais. 14 3. JUSTIFICATIVA Ainda não é claro na literatura se e como as diferentes fases do ciclo menstrual podem exercer influência sobre a performance. Dessa forma, este estudo se faz necessário para que sejam investigados, com maior profundidade, os efeitos da SPM em mulheres atletas e seus efeitos no desempenho esportivo. Com a compilação de diversos estudos sobre as mudanças físicas e psicológicas, devido às diferentes concentrações hormonais durante o ciclo, será possível analisar e concluir de forma conjunta os dois fatores, uma vez que a maioria dos estudos analisa os dois separadamente. Assim, técnicos e treinadores poderão otimizar suas periodizações de treinamento e se basear no ciclo menstrual de suas atletas para a elaboração de tal, a fim de coordenar fases de melhor resposta física e psicológica para treinos mais intensos e se adaptar em fases de menor rendimento esportivo. Além disso, uma revisão narrativa de literatura é de fundamental importância para a realização de um futuro estudo experimental, pois dessa forma é possível verificar possíveis divergências de resultados e analisar porque ocorreram e onde há maior necessidade de esclarecimento sobre o assunto, quais os métodos utilizados em antigos estudos e se são necessárias modificações. Portanto, essa revisão de literatura visa esclarecer e concluir os efeitos da SPM na performance de atletas e também aquelas que fazem de uso de contraceptivos hormonais. 15 4. MÉTODOS E PROCEDIMENTOS DE PESQUISA Este trabalho é uma revisão narrativa de literatura, com a intenção de descrever e ampliar a discussão, a fim de esclarecer e buscar uma conclusão sobre o tema. Através de uma pesquisa eletrônica nas bases de dados Pubmed, Lilacs e Scielo, serão selecionados artigos originais e livros relacionados a Síndrome Pré- Menstrual em mulheres atletas e alteração de performance. Serão incluídos estudos publicados nos anos de 2000 a 2020. As palavras chaves utilizadas serão “Síndrome Pré-Menstrual”, “Atleta”, “Performance”, “Desempenho” “Ciclo Menstrual”, e “Contraceptivo Oral”, combinadas da seguinte forma: 1 - “Síndrome Pré-Menstrual” e “Performance”; 2 - “Síndrome Pré-Menstrual” e “Atleta”; 3 - “Síndrome Pré-Menstrual” e “Desempenho”; 4 - “Ciclo Menstrual” e “Performance”; 5 - “Ciclo Menstrual” e “Atleta”; 6 - “Ciclo Menstrual” e “Desempenho”; 7 - “Contraceptivo Oral” e “Desempenho” 8 - “Síndrome Pré-Menstrual” e “Ciclo Menstrual”. Dessa forma, todas as publicações encontradas serão coletadas e analisadas de acordo com os critérios de inclusão e exclusão. Assim, de acordo com o tema, os resultados serão divididos em capítulos, sendo eles “Influências do ciclo menstrual/SPM no desempenho psicológico de atletas”, “Influência do ciclo menstrual/SPM na percepção subjetiva de impacto no desempenho esportivo”, “Influência do ciclo menstrual/SPM no desempenho físico de atletas” e “Influência do ciclo menstrual no desempenho esportivo em atletas que fazem uso de CO”. 4.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO As publicações encontradas através das pesquisas nas bases de dados Pubmed, Lilacs e Scielo deverão ser do ano 2000 a julho de 2020, ter pelo menos uma palavra-chave no título do artigo ou livro, as participantes dos estudos devem ser atletas, saudáveis, seja de esporte universitário ou profissional, e deve ter como 16 tema principal as alterações fisiológicas e/ou psicológicas na ocorrência da SPM ou durante o ciclo menstrual. 4.2 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO Serão excluídas desta revisão narrativa de literatura publicações com participantes não atletas, que não abordarem como tema principal o Ciclo Menstrual, publicações duplicadas, e artigos não originais. Dessa forma, todas as publicações que passarem pelos critérios de inclusão e exclusão terão os objetivos, métodos, resultados e conclusão descritos e analisados, a fim de entender como as alterações fisiológicas e/ou psicológicas advindas da Síndrome Pré-Menstrual podem influenciar no desempenho esportivo de mulheres atletas. 17 5. RESULTADOS Após as buscas nas bases de dados Scielo, Pubmed e Lilacs, foram encontrados um total de 1272 publicações, onde 640 foram excluídas por não tratarem o ciclo menstrual/SPM como tema principal, 433 por não relacionar o ciclo menstrual/SPM com desempenho esportivo, 133 foram excluídas por não englobar mulheres atletas, 11 por não serem artigos originais, 1 por não serem mulheres atletas saudáveis, e 62 foram excluídas por serem publicações duplicadas, como mostra o organograma 1. Dessa forma, 1250 publicações foram excluídas, e 22 utilizadas nesta revisão narrativa de literatura. Os dados específicos de cada base de dados estão demonstrados nos organogramas 2 (Scielo), 3 (Pubmed) e 4 (Lilacs). Dessa forma, vale ressaltar como o tema em assunto é relativamente novo em pesquisas científicas, visto que dos 22 estudos encontrados, 15 deles foram feitos nos últimos 10 anos, e desses, 11 nos últimos 5 anos. Organograma 1- Publicações totais 18 Organograma 3 - publicações LIlacs Organograma 2 - publicações Scielo 19 Em relação à influência do ciclo menstrual/Síndrome pré-menstrual no desempenho psicológico de atletas, foram encontrados 3 estudos, que demonstraram de forma homogênea que o estado de humor de atletas sofre alteração no grupo com SPM, onde os principais sintomas relatados são ansiedade e depressão, principalmente na fase lútea, e com menos força na fase folicular. Ainda, mostraram que as participantes com SPM sofriam de alterações nas concentrações de citocinas, havendo diminuição de IL-10 e TNF-α, e aumento nas IL-1β, IL-6, e IL-8. Em relação à influência do ciclo menstrual/Síndrome pré-menstrual na percepção subjetiva de impacto no desempenho de atletas, foram encontrados 3 estudos, que mostraram heterogeneidade nos resultados, contudo, em todos, uma parcela significativa das atletas com SPM relataram uma queda na performance. Dois estudos concluíram que a Síndrome pré-menstrual causa perda de desempenho esportivo, e um estudo concluiu que não há alterações significativas entre os grupos, entretanto, apresentou que 21,2% das atletas que sofrem da síndrome, tem perda de desempenho. Os principais sintomas relatados foram depressão, irritabilidade ou raiva, dificuldade de concentração, e sintomas físicos como desconforto abdominal, Organograma 4- Publicações Pubmed 20 cefaléia e mastalgia. Todos tiveram métodos semelhantes, através da aplicação de questionários sobre características do ciclo menstrual da atleta, sendo dois estudos relacionados aos últimos três ciclos (3 meses). Em relação à influência do ciclo menstrual/Síndrome pré-menstrual no desempenho físico de atletas, foram encontrados um total de 10 estudos, sendo um sobre desempenho técnico do nado sincronizado, um sobre os efeitos da mastalgia no desempenho, um sobre ergonomia na corrida, três sobre o desempenho de jogadoras de futebol, e quatro sobre as características do joelho durante as fases do ciclo menstrual. No geral, quatro estudos concluíram que as fases do ciclo menstrual não afetam o desempenho esportivo e seis concluíram que há alterações ao longo do ciclo. No nado sincronizado, não foram encontradas diferenças nos parâmetros antropométricos, neuromotores e desempenho técnico específico da modalidade durante as fases do ciclo menstrual. Em relação à mastalgia, o estudo encontrou que 63% das atletas sofrem de dor nas mamas, e 33% delas sentem piora com o treinamento, e concluiu que esse sintoma pré-menstrual pode afetar negativamente a performance. Na corrida, não foram encontradas diferenças significativas nas medidas antropométricas e fisiológicas em repouso, mas concluiu que as atletas apresentam menor economia de corrida na fase folicular do que na lútea. Os três estudos feitos com jogadoras de futebol não mostraram diferenças significativas para resistência específica do futebol, capacidade de sprints de corrida repetidamente e saltos, não havendo alteração de performance durante as fases do ciclo menstrual. Contudo, há um possível efeito negativo no desempenho de resistência máxima na fase lútea. Em relação aos estudos que analisam as características dos joelhos durante as fases do ciclo menstrual, não foram encontradas diferenças no controle neuromuscular e na frouxidão articular do joelho. Contudo, durante a menstruação, o tempo para atingir o pico da aceleração tibial é menor, quando comparada às fases lútea e folicular, mostrando que as diferentes concentrações de estrogênio durante o ciclo interferem na aceleração tibial. Outro estudo demonstrou que a propriocepção da articulação do joelho sofre alteração ao longo do ciclo, onde tem seus piores índices durante a menstruação. O último estudo, realizado com atletas adolescentes, concluiu que as maiores porcentagens de lesão no ligamento cruzado anterior ocorreram durante a fase ovulatória, e que, ainda, sintomas pré-menstruais e menstruais podem não influenciar em tal lesão. Dessa forma, os estudos que 21 abordam os efeitos físicos consequentes das fases do ciclo menstrual apresentam resultados muito heterogêneos. Por fim, em relação à influência do ciclo menstrual/Síndrome pré-menstrual em atletas que fazem uso de contraceptivo oral, foram coletadas 6 publicações. Não foram encontradas diferenças no desempenho esportivo de nadadoras de 200m, em atletas de esportes coletivos e em remadoras, além de não haver diferenças nas propriedades mecânicas no tendão patelar. Entretanto, a percepção subjetiva de esforço parece ser maior durante a fase lútea e a força muscular pode ser afetada durante a fase folicular em nadadoras. Ainda, a flexibilidade de atletas de handebol durante a fase anovulatória (entre os dias 12 e 15 após o início da menstruação) apresentou melhora quando comparada a fase ovulatória (durante a menstruação). Os estudos que avaliaram também a prevalência de SPM demonstram majoritariamente que há alta incidência dessa síndrome em atletas. 5.1 INFLUÊNCIAS DO CICLO MENSTRUAL/SPM NO DESEMPENHO PSICOLÓGICO DE ATLETAS O estudo de Roberta Foster et al. (2017), teve como objetivo analisar o nível de ansiedade e sua relação com a interleucina (IL) - 10 (citocina anti-inflamatória que modula as mudanças de humor) em um grupo de jogadoras de futebol com e sem a presença de SPM em duas fases diferentes do ciclo menstrual, folicular e lútea, antes e depois de um jogo. Para isso, participaram 52 mulheres com ciclo menstrual regular, com idade de 19,8 ± 4,7 anos, jogadoras profissionais de futebol de campo, que não faziam uso de contraceptivos hormonais. Para determinar se a atleta sofria de síndrome pré-menstrual, foi aplicado um relatório diário, respondido durante três meses de sintomas (DSR). A concentração de citocina IL-10 foi medida através de amostras de urina, coletadas em 4 momentos, nas fases folicular e lútea do ciclo menstrual, e pré e pós um jogo simulado. Ainda, o nível de ansiedade foi medido no mesmo momento das coletas de urina, através do questionário de ansiedade validado, BAI. Assim, o ciclo menstrual das atletas foi monitorado para que a coleta da urina fosse precisa de acordo com as fases. Das 52 atletas avaliadas, 59,6% (31 atletas) apresentavam SPM, enquanto 40,4% (21 atletas) não apresentava. Das que apresentavam, os sintomas mais relatados foram: Irritabilidade (80,6%), mudanças 22 de humor (77,4%), cólicas (67,7%), ansiedade (64,5%), mastalgia (61,3%) e tensão nervosa (54,8%). Ainda, através da análise do questionário BAI, foi possível identificar que as atletas quem apresentavam SPM, tinham maior nível de ansiedade comparadas ao grupo sem SPM. Por meio da análise das concentrações de IL -10 na urina das atletas constatou-se que há uma diminuição significativa de tais concentrações pré-jogo e durante a fase lútea nas que apresentavam SPM, enquanto as que não apresentavam, não sofreram alterações em nenhum dos momentos coletados. Dessa forma, o estudo conclui que a presença da síndrome pré menstrual em atletas pode aumentar os níveis de ansiedade, pela redução de interleucina-10 no organismo, enquanto em mulheres atletas sem a síndrome, não há alterações. Ainda, sugere que a SPM e o ciclo menstrual de atletas deve ser monitorado por médicos, treinadores e fisiologistas, mas que novos estudos sobre o efeito da SPM na saúde e performance de atletas devem ser feitos. O estudo de Lenamar Vieira e Patrícia Gaion (2009), teve como objetivo verificar o impacto da Síndrome Pré-Menstrual no estado de humor de atletas ao longo do ciclo menstrual. Para isso, participaram 25 atletas com ciclo menstrual regular e que não faziam uso de contraceptivos hormonais, de uma cidade do noroeste do Paraná, com idades entre 18 e 49 anos, de dez modalidades esportivas diferentes, sendo elas: atletismo, basquetebol, ciclismo, ginástica rítmica, handebol, karatê, natação, voleibol, vôlei de praia e xadrez. Para diagnosticar as atletas com SPM, foi aplicado um diário de sintomas baseado nos critérios estabelecidos pelo American College of Obstetricians and Gynecologist, no qual continha sintomas emocionais, físicos e uma opção para que a participante relatasse algo que não estivesse no diário. O diário foi aplicado por dois meses consecutivos. Para avaliar o estudo de humor das atletas, foi aplicado o questionário Profile of Mood States, onde as participantes pontuaram de zero a quatro 65 adjetivos que descrevem sentimentos. Os questionários foram aplicados em 5 momentos durante o ciclo menstrual: 1º dia do ciclo menstrual, 7º dia do ciclo menstrual, 14º dia do ciclo menstrual, última semana do ciclo menstrual (um dia na semana que antecedeu a próxima menstruação - semana pré-menstrual) e último dia do ciclo menstrual. Dessa forma, quanto maior a pontuação, pior o estado emocional. Quando se analisaram as alterações no estado de humor das atletas sem levar em consideração a presença de SPM, os valores encontrados no 1º ciclo menstrual foram: Média = 22,5 para o 1º dia, Média = 4 para o 7º dia, Média = 6,5 para o 14º dia, Média = 2,5 para a última semana e Média = 8 para o último dia. 23 Já no 2º ciclo menstrual verificaram-se: Média = 11 para o 1º dia, Média = 10,5 para o 7º dia, Média = 2,5 para o 14º dia, Média = 8,5 para a última semana e Média = 8,5 para o último dia. Dessa forma, não foram observadas diferenças significativas no total de alteração do humor das atletas em nenhum dos ciclos menstruais analisados. Contudo, quando a análise foi feita considerando a presença de SPM, notou-se diferença significativa entre os grupos no último dia do 1º ciclo menstrual, mas nenhuma diferença no segundo ciclo. Ainda, as atletas com SPM apresentaram em ambos os ciclos menstruais, redução na alteração total de humor do sétimo dia à última semana e aumento da última semana para o último dia. Dessa forma, o artigo conclui que a presença de SPM em atletas pode afetar o estado de humor. Ainda, ressalta que profissionais da saúde ligados a equipes femininas monitorem o ciclo menstrual das atletas, oferecendo suporte emocional. O estudo de Roberta Foster et al.(2019) avaliou o perfil inflamatório relacionado aos estados de humor de atletas com e sem síndrome pré-menstrual (SPM) nas diferentes fases do ciclo. Para isso, o estudo contou com a participação de 52 mulheres com ciclo menstrual regular, que não faziam uso de contraceptivos hormonais com idade média de 24 anos, e jogadoras profissionais de futebol de campo. Para averiguar a presença de SPM, foi aplicado o Daily Symptom Report (DSR), respondido por 3 meses consecutivos. Para medir o estado de humor das atletas, foi utilizado o questionário Brunel Mood Scale (BRUMS), onde consta 24 adjetivos, organizados em 6 subescalas de humor onde a participante coloca pontuações de 0 a 4, podendo totalizar de 0 a 16 pontos, aplicado em 4 momentos diferentes: nas fases folicular e lútea do ciclo menstrual, e pré e pós um jogo simulado. Ainda, as concentrações das citocinas IL-1β, IL-6, IL-8, IL-10, e TNF-α, e do hormônio do crescimento (GH) foram medidas através da coleta de urina, por citometria, nos mesmos 4 momentos. Após as coletas, foi encontrado que as atletas com SPM quando comparadas com atletas sem SPM, revelaram alteração significativa nas citocinas IL-1β, IL-6, e IL-8, mostrando um aumento no grupo com SPM, e ainda, a citocina IL-6 diminuiu na fase folicular e lútea após o jogo. Os níveis de fator de necrose tumoral-α foram maiores no grupo sem TPM durante a fase folicular pós-jogo do que antes do jogo. Ainda, no grupo com SPM, houve maior tensão na fase folicular e depressão na fase lútea, ambas pré jogo, quando comparado ao grupo sem SPM. As atletas com SPM 24 apresentaram correlação negativa entre depressão e níveis de IL-10 na fase folicular, também pré jogo, e na fase lútea foram encontradas correlações positivas entre o hormônio do crescimento e a IL-10. Assim, o artigo conclui que a SPM evidencia um estado inflamatório devido a síndrome, e que esta influência no estado de humor das atletas. 5.2 INFLUÊNCIA DO CICLO MENSTRUAL/SPM NA PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE IMPACTO NO DESEMPENHO DE ATLETAS. O estudo de Linamar Vieira e Patrícia Gaion (2009) verificou a relação entre a Síndrome Pré-Menstrual e a percepção de impacto no desempenho esportivo de jogadoras de futsal de alto rendimento. Para isso, participaram do estudo 112 mulheres, maiores de 18 anos, atletas de futsal, que não faziam uso de contraceptivos hormonais. Foi aplicado a Ficha de Diagnóstico da SPM, durante 3 ciclos consecutivos, onde compreendia vários sintomas físicos e emocionais para a participante assinalar o que estava sentindo e ainda um espaço onde podia escrever algum sintoma que não estava presente na ficha. Foram consideradas com SPM aquelas que apresentavam a combinação de pelo menos um sintoma físico e um sintoma emocional. Assim, foi aplicado também uma ficha de percepção de impacto da SPM na performance, onde a atleta atribuiu valores de 0 (“não é afetado”) a 3 (“extremamente afetado”). Após a aplicação dos testes, observou-se que 47,32% (53) das participantes apresentavam SPM, enquanto 52,68% (59) não apresentavam SPM. O grupo com SPM apresentou risco significativo para prejuízo de desempenho esportivo, onde os sintomas de depressão, irritabilidade, explosões de raiva, mastalgia, desconforto abdominal, cefaléia, edema, dificuldade de concentração e dor lombar apresentaram relação significativa com a Síndrome Pré-Menstrual. Ainda, aquelas que apresentaram de 6 a 9 sintomas obtiveram maiores riscos do aquelas com 4 a 5 sintomas e com 2 a 3 sintomas. Dessa forma, o artigo conclui que a prevalência de SPM é considerada alta entre as atletas. Ainda, aquelas que apresentam SPM sentem o desempenho esportivo mais afetado durante o ciclo menstrual do que aquelas que não apresentam, onde quanto mais sintomas apresentados, maior interferência na performance. Ainda, o artigo ressalta que se faz necessário que técnicos e profissionais que trabalham com 25 equipes femininas devem se atentar ao ciclo menstrual das atletas e ainda mais a aquelas que sofrem de Síndrome Pré-Menstrual, não só para adequar o treinamento de acordo com as fases, mas para oferecer suporte psicológico a essas atletas. O estudo de Necip Kishali et al. (2006) verificou o efeito do ciclo menstrual no desempenho esportivo de atletas. Para isso, participaram do estudo 241 atletas da Turquia, que não faziam uso de contraceptivos hormonais, sendo 48 de taekwondo, 76 de judô, 81 de voleibol, e 36 de basquetebol, com idades entre 15 e 26 anos. Foram medidos peso, altura, e IMC e aplicado um questionário de 21 perguntas sobre o ciclo menstrual, como regularidade do ciclo, dores menstruais pré e pós treinamento e percepção de desempenho. Após a aplicação dos testes, observou-se que 14,5% das atletas apresentaram irregularidades no ciclo, e durante o exercício intenso esse número aumentou para 20,7%. Durante competição, 36,9% tem uma menstruação dolorosa, 17,4% não tem menstruação dolorosa e 45,6% às vezes tem uma menstruação dolorosa. No entanto, 63,1% das atletas afirmou que a dor diminuiu durante competição. No geral, as atletas apresentaram ciclo menstrual regular. Em relação a performance, 71% das atletas afirmou que se sentem melhores nos primeiro 14 dias do ciclo e se sentem pior logo antes do ciclo menstrual, 62,2% afirmou que o desempenho esportivo não se alterou com a menstruação, e 21,2% relatou que seu desempenho piorou no ciclo menstrual. Assim, os resultados indicaram que as atletas no geral se sentem bem antes e durante o ciclo menstrual, e se sentem melhor nos primeiros 14 dias. Ainda, a performance durante o ciclo menstrual não sofreu alteração quando comparada ao não-ciclo. Dessa forma, o estudo conclui que o desempenho esportivo de atletas não tem prejuízo durante o ciclo menstrual, e que o treinamento e a competição podem diminuir as dores causadas pelo ciclo menstrual. O estudo de Takashi Takeda et al. (2015) teve como objetivo observar a prevalência de Síndrome Pré-Menstrual e Transtorno Disfórico Pré-Menstrual em atletas universitárias japonesas, e verificar os seus impactos no desempenho atlético. Dessa forma, participaram do estudo 174 atletas japonesas, com ciclo menstrual regular, que não faziam uso de contraceptivos hormonais, onde todas elas estavam em período de treinamento intenso. Dessa forma, foi aplicado um questionário de 26 sintomas pré-menstruais, para verificar a presença de SPM ou TDPM. Assim, o questionário contava perguntas como: em qual período a atleta começava a sentir a presença de algum sintoma, em relação aos últimos 3 meses; se o ciclo menstrual afetava suas tarefas do dia a dia, treino, e sua produtividade; e ainda listava sintomas físicos e psicológicos, onde a atleta colocava “Nada”, “leve”, “moderado” ou “grave”. Foram coletadas também informações como idade, esporte praticado e participação de competições nacionais e internacionais. Após a aplicação do questionário, verificou-se que as atletas tinham idade de 18 a 23 anos. Dos sintomas pré menstruais avaliados, “sentimento de depressão” (53,4%), “ansiedade ou tensão” (79,9%), “raiva ou irritabilidade” (73,6%), dificuldade de concentração (60,3%), fatiga ou sem energia (71,8%), comer demais ou sem fome (72,4%) insônia ou hipersonia (54,6%) e sintomas físicos (71,3%), foram encontrados em mais de 50% das atletas, somando quem respondeu “leve”, “moderado”, ou severo”. A prevalência de TDPM foi de 2,9% (5 atletas) e de SPM foi de 8,6% (15 atletas). Ainda, 44,3% delas, afirmou que os sintomas influenciaram o desempenho atlético durante o treino ou competição. O estudo ainda mostrou que os sintomas “dificuldade de concentração” e “fadiga ou falta de energia” apresentaram um risco significativamente maior de afetar a performance. Dessa forma, o estudo conclui que a prevalência de sintomas pré menstruais em atleta foi alta e que tais sintomas afetam não só atividades do dia a dia, mas também o desempenho atlético. 5.3 INFLUÊNCIA DO CICLO MENSTRUAL/SPM NO DESEMPENHO FÍSICO DE ATLETAS O estudo de Angélica Souza et al. (2017) teve como objetivo principal investigar o desempenho físico e técnico de atletas de nado sincronizado nas três diferentes fases do ciclo menstrual. Para isso, foram selecionadas 6 atletas de nível nacional, das categorias juvenil, júnior e sênior de nado sincronizado, com idade de 17,6 ± 6,15, cujo ciclo menstrual foi considerado normal e não faziam uso de contraceptivos hormonais. Estas, foram avaliadas a cada fase do ciclo menstrual, sendo folicular (F) entre o 1º e o 3º dia, Ovulatória (O) entre o 10º e o 14º dia, e fase Lútea (L) entre 25º e o 28º do ciclo. 27 Foram avaliados os parâmetros antropométricos, como massa corporal (kg), estatura (m), IMC (kg/m2), percentual de gordura, massa gorda (kg), massa livre de gordura (kg), circunferência abdominal (cm) e circunferência quadril (cm), parâmetros neuromotores, como força abdominal (repetições), flexão de braço (repetições), flexibilidade (cm), o deslocamento vertical da alçada de eggbeater (cm) e o desempenho na rotina técnica, medido por meio de pontuação atribuída por juízes, referente a alçada de eggbeater, vertical dupla, e deslocamento em eggbeater simples e duplo. Com nível de significância adotado de p≤0,05, não foram encontradas alterações de parâmetros antropométricos e parâmetros neuromotores, como força dos membros superiores, abdominal, flexibilidade em nenhuma das fases do ciclo menstrual (F, O, L). Ainda, nos testes específicos da modalidade, como deslocamento vertical, alçada de eggbeater e desempenho técnico, com pontuação de: F: 77 ± 4; O: 80 ± 5 e L: 77 ± 4; pontos, não foram encontradas alterações significativas ao longo das fases do ciclo menstrual. Os dados do estudo concluem que as diferentes fases do ciclo menstrual não exercem influência direta no desempenho de atletas de nado sincronizado, seja em parâmetros antropométricos, neuromotores ou no desempenho físico técnico. O estudo de Brooke Brisbine et al. (2020) verificou se a dor nas mamas (mastalgia) de mulheres atletas afetam o desempenho esportivo, e qual a prevalência da dor. Participaram do estudo 540 mulheres, competidoras de nível nacional e internacional de 49 esportes diferentes, que não faziam uso de contraceptivos hormonais. Assim, as participantes responderam um questionário contendo 42 perguntas, 36 fechadas e 6 abertas, onde a atleta relatava algum problema com as mamas vivenciado por ela, como por exemplo características da dor, hábito de uso de sutiã. Assim, a atleta respondia com “sempre”, “perto dos dias do meu ciclo menstrual”, ou “nunca”. Caso respondesse uma das primeiras, ela deveria informar se a dor piorou ou não depois do treinamento. Ainda, era perguntado se a atleta sentia que sua performance era prejudicada pela mastalgia, com qual frequência a dor induzida pelo treinamento ocorria, se sentia que a dor induzida pelo treinamento prejudicou sua performance e por fim, pontuar de 0 a 5 o tamanho da dor, sendo 1 dor muito severa, e 5 nenhuma dor. 28 Após a aplicação dos questionários, identificou-se que 63% das atletas sofrem de mastalgia, e 33% delas tinha a dor piorada pelo treinamento. Ainda, 20% das que sentiam mastalgia, também sentiram que sua performance é prejudicada pela dor. As atletas que sentiam dores nas mamas induzido pelo treinamento representaram 44%, onde 37% considera que sua capacidade de treinar é prejudicada e 32% que sua performance é prejudicada. Dessa forma, o artigo conclui que a dor nas mamas causada pela mastalgia ou induzida pelo treinamento podem prejudicar a performance de atletas, tendo uma prevalência muito alta entre elas. Ainda, sugere que treinadores e médicos associados com atletas, assim como elas mesmas, devem estar consciente dos potenciais negativos que a dor nas mamas pode causar e ainda ressalta que novos estudos devem ser feitos para criação de estratégias para administração da dor. O estudo de Bircan Dokumaci e de Tahir Hazir (2019) teve como objetivo investigar os efeitos das fases do ciclo menstrual na economia de corrida. Para isso, participaram do estudo 11 mulheres com o ciclo menstrual regular, atletas, com idades de 21.1 ± 3.6 anos e que não faziam uso de contraceptivos hormonais. As voluntárias foram testadas em variáveis antropométricas (altura, peso, porcentagem de gordura e porcentagem de massa livre de gordura) e em respostas fisiológicas (consumo de oxigênio [VO2], lactato [LA], frecuencia cardíaca [FC], e a razão de troca respiratória [RER] em repouso e durante a corrida]). Dessa forma, a razão de troca respiratória foi analisada nas velocidade de 75%, 85% e 95% do limiar de lactato a 3,5 mmol·L-1 durante as fases folicular e lútea, confirmada pela realização de um exame de sangue. O RER foi avaliado como consumo de oxigênio(mL · kg · min-1 [O2C_ min], mL · kg-1 · km-1 [O2C_km]) e custo unitário calórico (kcal · kg-1 · km-1 [CE]) durante ambas as fases. Após a aplicação dos testes, constatou-se que não houve diferenças significativas nas medidas antropométricas e ainda nas medidas fisiológicas de repouso durante as fases folicular e lútea das atletas. Ainda, a resposta fisiológica durante o teste de RER foi semelhante durante as fases do ciclo. A razão de troca respiratória medido como O2C_min, O2C_km e custo unitário calórico foi significativamente menor durante a fase lútea, quando comparada a folicular. O RER definido como O2C_min aumentou significativamente com a velocidade, mas quando definido como O2C_km e custo unitário calórico, não houve efeito. https://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22Dokumaci,%20Bircan%22 https://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22Dokumaci,%20Bircan%22 https://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22Hazir,%20Tahir%22 29 Dessa forma, o artigo conclui que as fases do ciclo menstrual não alteram as medidas antropométricas e fisiológicas em repouso. Contudo, conclui que as atletas apresentam menor economia de corrida na fase folicular do que na lútea. Por fim, ressalta que treinadores e atletas devem planejar o treino aeróbico baseado no ciclo menstrual da atleta, uma vez que a razão de troca respiratória (RER) é um fator de influência na performance aeróbica. O estudo de Mohamed Tounsi et al. (2018) analisou a interação entre a fase do ciclo menstrual e o momento do dia com a performance de jogadores de futebol. Assim, participaram do estudo 11 atletas de futebol da Tunísia, com idade 21.18±3.15 anos, com ciclo menstrual regular e que não faziam uso de contraceptivos hormonais. Realizaram os testes: 5JT (the Five Jump Test), que consiste em 5 passadas com alternância de pernas, onde a participante deve iniciar e finalizar com os pés unidos, medindo a estabilidade; RSSA (The Repeated Shuttle- Sprint Ability test), que consiste em 6 corridas de vai e vem de 40 metros (20+20 com mudança de direção de 180°), com recuperação passiva de 20s, e o tempo média das 6 repetições foi usado como pontuação; YYIRT1 (The Yo-Yo Intermittent Recovery Test level 1), que consiste em duas marcas a 20 metros de distância, e a participante localizada em uma marca, deve correr ao outro lado na velocidade ditada a partir de um áudio pré-gravado, onde essa velocidade vai aumentando a cada turno, sendo que a atleta tem 10 segundos de descanso ativo entre eles. O teste acaba quando a atleta não conseguir duas vezes chegar ao outro lado antes da marcação do áudio. A pontuação consiste na distância total percorrida pela atleta. Os testes foram realizados em 3 momentos diferentes: no início da menstruação (2º ao 4° dia), final da fase folicular (7° ao 9° dia), e fase lútea (20° ao 22° dia). Em cada fase, os testes foram aplicados de forma aleatória às 07:30 e as 17:30, onde uma atleta realizava apenas um teste no dia. Os testes realizados eram familiares as atletas, pois faziam parte do monitoramento de performance regular. Após a aplicação dos testes, não foram encontradas diferenças significativas nos resultados dos testes nas diferentes fases do ciclo menstrual. O tempo médio para a realização do teste RSSA foi significativamente menor quando feito a tarde quando comparado ao feito de manhã, enquanto o desempenho no 5JT foi significativamente maior à tarde em comparação com a manhã. 30 Dessa forma, o artigo conclui que a resistência específica do futebol, capacidade de sprints de corrida repetidamente e saltos não sofrem interferência das fases do ciclo menstrual. Além disso, os sprint de corrida e saltos apresentam melhor performance durante o período da tarde, independentemente da fase do ciclo menstrual. O estudo ressalta que o treinador e a equipe de treinamento devem levar em consideração esse ritmo para planejamento dos treinos. O estudo de Ross Julian et al. (2017) teve como objetivo analisar se as diferentes fases do ciclo menstrual afetam o desempenho físico de jogadoras de futebol de alto nível. Participaram do estudo 9 mulheres, com idade de 18,6 ± 3,8 anos, jogadoras de futebol de campo profissional, e com o ciclo menstrual regular e sem o uso de contraceptivos hormonais. As participantes realizaram testes para medir: potência dos membros inferiores, utilizando o teste de salto de movimento contrário (CMJ), realizando 5 saltos, onde a média era feita com o 3 melhores saltos; capacidade de corrida, medido através do tempo de corrida de 30 metros, feito 3 vezes, e usando o valor de menor tempo; e capacidade de resistência, medida através do teste de resistência intermitente Yo-Yo, específico do futebol. Tais testes foram aplicados durante a fase folicular (entre 5º e 7º dia após o início da menstruação) e a fase lútea (entre 21º e 22º dia após o início da menstruação). Foram realizadas coletas de sangue, antes da aplicação dos testes, para a medição das concentrações de estrogênio e progesterona. Além disso, foram coletadas informações antropométricas das participantes, como massa corporal e porcentagem de gordura, e ainda frequência cardíaca e concentração de lactato pré e após 1, 3, e 5 minutos do teste Yo-Yo. Após a realização dos testes e coletas de dados, não foram encontradas diferenças significativas nos parâmetros antropométricos. Na fase lútea, os níveis de estrogênio e progesterona foram significativamente mais altos do que na fase folicular. Não foram observadas diferenças significativas no desempenho dos três testes realizados durante as fases folicular e lútea, mas o teste Yo-Yo apresentou uma tendência a significância, onde há possivelmente um efeito prejudicial no desempenho durante a fase lútea. Em relação a frequência cardíaca e concentração de lactato, houve diferenças significativas na FC de repouso durante a fase folicular, onde ela se encontrava mais baixa, e na concentração de lactato após 5 minutos do 31 exercício, onde há maiores concentrações na fase folicular. Não foram encontradas diferenças significativas na frequência cardíaca pós teste, e lactato pré e 1 minutos pós teste. Dessa forma, o estudo conclui que há um possível efeito negativo no desempenho de resistência máxima na fase lútea, mas esse efeito não foi observado nas capacidades de salto e corrida. Ainda, ressalta que treinadores devem manter o ciclo menstrual entre as avaliações de rotina para que se possa ver se as mudanças de performance são causadas pelo ciclo ou devido ao treinamento. No estudo de Jay Hertel et al. (2006), o objetivo foi analisar as mudanças no controle neuromuscular e frouxidão ligamentar no joelho durante o ciclo menstrual em mulheres atletas. Para isso, participaram do estudo 14 mulheres atletas, com ciclo menstrual regular, que não faziam uso de contraceptivos hormonais, idade de 19.3±1.3 anos, e que não apresentavam lesões no joelho anteriormente. Para identificar a fase do ciclo da participante, elas realizavam exame de urina todos os dias durante um mês, para determinar através das concentrações hormonais. A aplicação dos testes se deu em três momentos diferentes: Meio da fase folicular (entre 4 e 7 dias antes da ovulação), fase ovulatória (±2 da ovulação), e meio da fase lútea (entre 7 e 10 dias depois da ovulação). Dessa forma, as atletas realizaram os seguintes testes: teste de força de quadríceps e isquiotibiais, utilizando dinamômetro isocinético; teste de sentido da posição articular, utilizando dinamômetro isocinético; teste de controle postural, utilizando uma plataforma de força; e teste de frouxidão da articulação do joelho, avaliada pela quantificação da translação anterior da tíbia, utilizando artrômetro de joelho. Após a análise dos testes, não foram encontradas diferenças significativas em nenhum dos testes realizados, ou seja, força dos isquiotibiais e quadríceps, sentido da posição da articulação do joelho, controle postural e flacidez da articulação do joelho durante as 3 fases medidas. Dessa forma, o artigo conclui que as diferentes fases do ciclo menstrual e as diferentes concentrações hormonais não influenciam no controle neuromuscular e na frouxidão articular do joelho. Ainda, sugere que mais estudos sejam feitos para prevenir de possíveis lesões relacionadas ao ciclo menstrual. 32 O estudo de Juraiporn Somboonwong, Ladawan Chutimakul e Sompol Sanguanrungsirikul (2015) analisou o aumento da temperatura corporal e a performance da corrida de velocidade (sprint), depois de um aquecimento de 15 minutos em um ambiente quente e úmido, durantes diferentes fases do ciclo menstrual de atletas. Para isso, participaram do estudo 13 atletas de futebol, com idade de 18.8±1.3 anos, com ciclo menstrual regular, saudáveis e que não faziam uso de contraceptivos hormonais. As participantes foram submetidas a um aquecimento de 15 minutos, em temperatura ambiente (32,5 ± 1,6°C), e umidade relativa de (53,6 ± 10,2%). Dessa forma, as atletas realizaram 5 minutos de corrida, 5 minutos de movimentação das pernas em diferentes direções, e 5 minutos de uma combinação de corrida (15 metros) e corrida em velocidade máxima (sprint) em 75% por 20 metros, e por fim, corrida novamente (15 metros). Foi medido frequência cardíaca e temperatura a cada 5 minutos durante o aquecimento, e no repouso pós aquecimento. Dois dias antes dos testes, as atletas realizaram os mesmos protocolos para familiarização e para a apreensão dos valores de base. Os testes foram aplicados durante as fases folicular (3 a 6 dias depois do início da menstruação) e lútea (20 a 23 dias depois do início da menstruação). Após a aplicação dos testes, os resultados apontaram que a temperatura na fase lútea antes do aquecimento foi significativamente maior do que na fase folicular. Durante ambas as fases, a temperatura pós aquecimento foram significativamente maiores do que os valores de base. A temperatura durante aquecimento e pós aquecimento tendeu a ser maior na fase lútea, mas não foi significativamente relevante. Em relação a frequência cardíaca, na fase lútea antes do aquecimento, observa-se que ela foi significativamente maior quando comparada a fase folicular, mas não tem diferença pós aquecimento. Não foram encontradas diferenças na velocidade do sprint durante as fases do ciclo menstrual, mas em houve melhora em ambas quando comparada aos valores de base. Assim, o artigo conclui que não há diferença na performance em diferentes fases do ciclo menstrual. Ainda, 15 minutos de aquecimento em um ambiente quente e úmido melhoraram a velocidade de sprint de jogadoras de futebol, independente da fase do ciclo menstrual. https://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22Somboonwong,%20Juraiporn%22 https://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22Somboonwong,%20Juraiporn%22 https://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22Chutimakul,%20Ladawan%22 https://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22Chutimakul,%20Ladawan%22 https://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22Sanguanrungsirikul,%20Sompol%22 https://pesquisa.bvsalud.org/portal/?lang=pt&q=au:%22Sanguanrungsirikul,%20Sompol%22 33 O estudo de Erik Hohmann et al. (2015) teve como objetivo investigar os efeitos das diferentes concentrações hormonais durante o ciclo menstrual na aceleração da tíbia proximal em jovens fêmeas fisicamente ativas . Para isso, participaram do estudo 11 jogadoras de netball, com idade média de 16,3 anos, que não faziam uso de contraceptivos hormonais, e ainda, como grupo controle, um grupo de homens, jogadores de rugby, com idade média de 16 anos. Ambos os grupos preencheram um questionário ortopédico para que fosse descartado frouxidão ligamentar. As atletas mulheres também preencheu um diário documentando seu ciclo menstrual 3 meses antes do teste, durante, e 3 meses depois. Dessa forma, foram medidos tempo de aceleração tibial, pico de aceleração tibial, tempo para atingir o pico da aceleração tibial, e tempo zero para aceleração tibial, medido através de um acelerômetro uniaxial fixado a tuberosidade da tíbia com fita adesiva e tiras de velcro, onde os participantes ficavam em cima de uma plataforma de força sobre um único pé e recebiam um passe de bola na altura do peito. As participantes femininas realizaram os testes 4 vezes, nas fases menstrual, folicular, ovulatória, e lútea, enquanto os participantes realizaram 2 vezes, com uma semana de intervalo entre elas. Após a análise dos resultados, não foram encontradas diferenças significativas durante as fases do menstrual para pico de aceleração tibial e para tempo zero da aceleração tibial. Contudo, houve diferenças significativas no tempo para atingir o pico de aceleração tibial entre menstruação e fase folicular, menstruação e fase ovulatória e menstruação e fase lútea, onde na menstruação, o tempo foi menor. No grupo controle masculino, não houve diferenças significativas entre as sessões. Entre os grupos, houve diferenças significativas apenas do tempo para atingir o pico de aceleração tibial, onde o tempo do grupo masculino foi menor. Dessa forma, o estudo conclui que os resultados encontrados sugerem fortemente que as flutuações de estrogênio ao longo do ciclo menstrual afetam a aceleração tibial. Ainda, sugere que o sistema musculoesquelético feminino está em constantes adaptações devido às mudanças hormonais, e que a adaptação neuromuscular para prevenção de lesões. Essa constante adaptação pode aumentar o risco de lesões no ligamento cruzado anterior. O estudo de Rose Fouladi et al. (2012) verificou a relação entre as fases do ciclo menstrual e a propriocepção, medindo o sentido da posição articular do joelho. 34 Participaram do estudo 16 atletas saudáveis do sexo feminino, com idade entre 20 e 35 anos, e que não faziam uso de contraceptivos hormonais. Para a realização do teste, foi usado um sistema com marcadores de pele, fotografia digital e software AutoCAD. Nesse sentido, a participante deveria permanecer reta, com a cabeça olhando para frente, e com a perna não testada levantada do chão. Com os olhos fechados, deveria agachar num ângulo de 30º lentamente, e permanecer na posição por 5 segundos, enquanto uma foto do ângulo era tirada. Assim, a participante voltava à posição original, e depois de 7 segundos, realizava o movimento novamente. O teste foi feito durante 3 fases do ciclo menstrual: Início da fase folicular (menstruação), meio da fase folicular (7 a 9 dias depois do início do ciclo), e meio da fase lútea (20 a 23 dias após o início do ciclo). Foram feitas coletas de sangue para verificar as concentrações de estrogênio e progesterona. Após a aplicação dos testes, verificou-se que o maior valor de erro no teste foi durante a menstruação e o menor valor de erro foi durante o meio da fase lútea. Ainda, foram encontradas diferenças significativas durante as 3 fases do ciclo. Em relação às concentrações hormonais, a concentração de estrogênio foi maior durante o meio da fase folicular (179,5 Pg/ml) e meio da fase lútea (125 Pg/ml), quando comparada a menstruação (22,8 Pg/ml). Já a concentração de progesterona, foi significativamente maior durante o meio da fase lútea (7,35 Ng/ml), quando comparado a menstruação (0,58 Ng/ml) e meio da fase folicular (0,5 Ng/ml) Dessa forma, o artigo conclui que os resultados sugerem que a propriocepção da posição da articulação do joelho se altera durantes as fases do ciclo menstrual, sendo pior durante a menstruação, onde as concentrações hormonais são as mais baixas. Dessa forma, pode-se dizer que atletas do sexo feminino correm maior risco de lesão durante a menstruação. O artigo ressalta que conscientizar as atletas sobre tais fatores e alterações pode diminuir o risco de lesões. No estudo de Noriko Adachi et al. (2008), o objetivo foi verificar se há uma relação entre lesões no ligamento cruzado anterior (causadas sem contato físico) e a fase do ciclo menstrual, e ainda, determinar se disfunções pré menstruais e menstruais influenciam tais lesões. Para isso, participaram do estudo 18 atletas adolescentes, com média de idade de 16,2 anos e que não faziam uso de contraceptivos hormonais. Todas as participantes haviam sofrido lesões no ligamento cruzado anterior, causada sem 35 contato físico. Dessa forma, responderam um questionário, onde continha perguntas sobre histórico de lesões, histórico do ciclo menstrual, incluindo frequência e regularidade, data do último período menstrual e duração média dos sintomas pré menstruais e menstruais e os níveis subjetivos de atividade em cada fase do ciclo menstrual. Foram determinadas 3 fases do ciclo menstrual: folicular (1), ovulatória (2), e lútea (3). Através do questionário, observou-se que 50% (9 atletas) das lesões foram causadas pelo pouso no chão após um salto, e os outros 50% enquanto as atletas estavam torcendo, girando ou desacelerando um movimento. Ainda, 10 lesões ocorreram em situação de jogo. Em relação ao histórico menstrual, todas apresentavam ciclos regulares, 72% das atletas (13) apresentaram pelo menos um sintoma pré menstrual e 83% (15 atletas) apresentaram diversos sintomas durante o ciclo. O nível subjetivo de atividade foram 74% na fase folicular, 98% na fase ovulatória e 100% na fase lútea. A fase 1 foi significativamente menor quando comparada as outras duas e não houve diferenças entre a fase 2 e 3. Ainda, 10 atletas relataram que seu desempenho esportivo foi dificultado na fase folicular. Por fim, 13 lesões ocorreram durante a fase ovulatória, 3 ocorreram na fase lútea, 2 ocorreram na fase folicular. Uma associação significativa foi encontrada entre a fase do ciclo menstrual e a lesão. Dessa forma, o artigo conclui que atletas adolescentes apresentaram maiores porcentagens de lesão no ligamento cruzado anterior durante a fase ovulatória, e que sintomas pré menstruais e menstruais podem não influenciar em tal lesão. Ressalta que os resultados encontrados sugerem que as concentrações hormonais podem exercer influência na incidência de lesões no ligamento cruzado anterior. 5.4 INFLUÊNCIA DO CICLO MENSTRUAL/SPM EM ATLETAS QUE FAZEM USO DE CO MONOFÁSICOS O estudo de Claire Rechichi e Brian Dawson (2012), teve como objetivo verificar se há mudanças no desempenho da natação devido às flutuações hormonais ciclo contraceptivo oral monofásico (CO). Para isso, participaram do estudo 6 atletas de natação e de polo aquático, com idade média de 26 anos, que faziam uso de CO monofásico, onde 21 dias do mês 36 tomam uma pílula contendo estradiol e progesterona, e 7 dias tomam uma pílula inativa. Antes e depois da realização de cada teste, foi feito uma coleta de sangue para analisar as concentrações hormonais, níveis de lactato e glicose. Os testes foram realizados três vezes: primeiro entre os dias 17 e 21 de consumo ativo da pílula, segundo entre os dias 2 e 3 após o início da pílula inativa, e por último entre os dias 6 e 7 após o início da pílula inativa. Dessa forma, em uma piscina de 50 metros, as atletas realizaram um aquecimento de mil a mil e quinhentos metros nadados, e após aproximadamente 5 minutos, nadaram 200 metros na menor velocidade possível, e no estilo escolhido pela atleta. A frequência cardíaca foi monitorada durante todo o teste e composição corporal foi medida antes dos testes. Após a aplicação dos testes, os resultados indicaram que não houve diferenças significativas na frequência cardíaca, tempo de nado, concentração de progesterona, composição corporal e glicose. Os níveis de lactato foram significativamente menores entre os dias 6 e 7 após o início da pílula inativa, e a concentração de estradiol foi maior durante os mesmos dias. Não foram encontradas diferenças da performance das participantes entre as fases. Dessa forma, o estudo conclui que atletas de natação e polo aquático que fazem uso de contraceptivo oral monofásico não tem alteração de desempenho durante o ciclo. No entanto, o artigo que ressalta que os treinadores devem estar atentos para a concentração de lactato e devem considerar a fase do ciclo que a atleta se encontra. O estudo de Sille Vaiksaar et al. (2011) verificou os efeitos das fases do ciclo menstrual no desempenho esportivo e em testes de resistência em remadoras que fazem uso de contraceptivo oral (CO) monofásico. Participaram do estudo 24 mulheres atletas de remo, sendo 8 atletas com ciclo menstrual regular, de nível internacional que não fazem uso de CO monofásico, 7 atletas de nível não internacional, com ciclo menstrual regular que não fazem uso de CO monofásico, e 9 atletas de nível não internacional que fazem uso de CO monofásico, onde 21 dias consomem pílulas contendo estrogênio e progesterona, e 7 dias consomem pílulas inativas. As fases do ciclo menstrual foram confirmadas através de coletas de sangue. Dessa forma, os testes foram feitos 2 vezes, durante a fase folicular (aproximadamente 8 dias após o início da menstruação) e durante a fase lútea (aproximadamente 20 dias após o início da menstruação). Um teste incremental de remo foi utilizado, executado em um ergômetro de remo com 37 resistência ao vento, onde a atleta era familiarizada com o equipamento. Dessa forma, a participante se sentava em silencia por um minutos, e começava o exercício com uma força de 40W, aumentando 15W a cada 1 minuto, até que a atleta chegasse a exaustão. Foram medidos os níveis de lactato 3, 5 e 7 minutos após a realização do teste, e ainda, frequência cardíaca, consumo de oxigênio, frequência de respiração e produção de dióxido de carbono foram medidos durante todo o teste. Foram analisados também composição corporal, porcentagem de massa gorda, porcentagem de massa magra, peso, e mineral ósseo. Após a aplicação dos testes, não houve diferenças entre composição corporal e experiência de treino entre os grupos. Os níveis de estradiol foram menores no grupo que fazia uso de CO monofásico, e maiores na fase lútea nos grupos que não faziam uso de CO. Em relação aos níveis de progesterona, durante a fase lútea, os níveis eram mais altos nos grupos que não faziam uso de CO monofásico. Não foram encontradas diferenças significativas para níveis de lactato, consumo de oxigênio, frequência cardíaca, produção de dióxido de carbono e frequência de respiração entre os grupos e entre as fases do ciclo menstrual. Ainda, não houve diferenças entre a carga máxima e intensidade entre os grupos e fases do ciclo menstrual. Assim, o estudo conclui que não há alteração de performance específica da modalidade e nos parâmetros de resistência em atletas de remo que fazem uso ou não de contraceptivos orais monofásicos entre as fases do ciclo menstrual. O estudo de Claire Rechichi e Brian Dawson (2009) teve como objetivo analisar se atletas de esportes coletivos, que fazem uso de contraceptivo oral monofásico, tem a performance alterada devido às flutuações hormonais do ciclo menstrual. Para isso, participaram do estudo 10 atletas de esporte coletivo, que faziam uso de contraceptivo oral monofásico (CO), onde esse consiste de 21 pílulas contendo concentrações hormonais de estradiol e progesterona, e 7 pílulas inativas. Dessa forma, os testes foram aplicados em 3 momentos: entre 13° e 17° do consumo ativo da pílula, entre 2° e 3° dias após o início da pílula inativa, e entre 6° e 7° dia após o início da pílula inativa. Foram coletadas amostras de sangue para analisar as concentrações hormonais, e ainda, foi medido a massa corporal. Assim, os testes realizados foram: salto de contra movimento, sem ajuda do impulso dos braços, para medir a força explosiva; teste drop jump, onde a atleta fica em pé em uma caixa (30 38 cm e 45 cm) com as pernas estendidas e mãos no quadril, pisa saindo da caixa, e assim que toca o chão, salta o mais alto que conseguir, para medir a força reativa; teste de 10 segundos de esforço máximo em um ergômetro; e por fim, teste de velocidade, que consistia em 5 tiros de 6 segundos, separados por 24 segundos de descanso, realizado também no ergômetro. Após a aplicação dos testes, não foram encontradas diferenças significativas entre as fases do ciclo para massa corporal, teste de salto de contra movimento, teste de esforço máximo e teste de velocidade. No teste drop jump, a média de força na caixa de 30 cm foi menor entre o 6° e 7°, e na caixa de 45 cm, a média de força foi maior durante o 13° e 17° dia do consumo ativo da pílula. Ainda, não houve diferenças na concentração de progesterona ao longo do ciclo, porém, o estradiol teve valores maiores entre o 6° e 7° dia após o início da pílula inativa. Dessa forma, o artigo conclui que em mulheres atletas de esporte coletivo que fazem uso de contraceptivo oral monofásico, apenas a força reativa sofre alteração durante o ciclo, não afetando força explosiva, força máxima e velocidade. O estudo de Lua Fortes et al. (2015) verificou se as diferentes fases do ciclo menstrual influencia a força muscular e a percepção subjetiva de esforço em atletas de natação que fazem uso de contraceptivo hormonal (CO) monofásico. Para isso, participaram do estudo 10 atletas de natação com idade de 18,7 ± 1,6 anos, de nível nacional, que faziam uso de CO monofásico. O teste foi realizado 3 vezes, nas diferentes fases do ciclo, sendo folicular (1° a 4° dia após o início da menstruação), ovulatória (12° e 15° dia após o início da menstruação), e lútea (21° a 27° dia após o início da menstruação). Dessa forma, o teste realizado foi o de repetições máximas (10RM), com os exercícios leg press 45°, puxada pela frente, agachamento livre e supino reto, com aquecimento de 15 repetições a 30% da força máxima. Após a realização de cada exercício, era coletado a percepção subjetiva de esforço através da escala de OMINI-RES (0 a 10). Após a aplicação do teste, foram encontradas diferenças significativas na puxada pela frente e no agachamento livre, onde a atleta apresentou maior força na fase ovulatória comparada a folicular. Nos outros exercícios, não foram encontradas diferenças entre as três fases do ciclo. Em relação a percepção subjetiva de esforço, foi encontrado diferença apenas no supino reto, onde foi maior na fase lútea quando 39 comparada a fase folicular. Nos outros exercícios, não foram encontradas diferenças significativas entre as fases do ciclo menstrual. Dessa forma, o artigo conclui que os resultados encontrados sugerem que mulheres atletas que fazem uso de CO monofásicos podem ter alterações na força muscular e percepção subjetiva de esforço durante o ciclo, onde a força muscular pode ser afetada durante a fase folicular. Ainda, ressalta que atletas e treinadores devem estar cientes dessas fases, para melhor programação de treinamento e competições, uma vez que a força muscular é muito exigida em uma prova de natação. No estudo de Mette Hansen et al. (2013), o objetivo principal foi avaliar as propriedades mecânicas do tendão patelar em atletas que fazem uso de contraceptivo oral (CO) e que não fazem uso, durante duas fases do ciclo menstrual. Para isso, participaram do estudo 30 mulheres atletas de handebol, entre 18 e 30 anos, onde 15 faziam uso de CO e, como grupo controle, 15 não faziam uso de contraceptivos orais (NCO). Para aplicação do testes, no grupo CO 7 atletas realizaram durante os dias 15 a 21 após o início da pílula, e as outras 8 atletas realizaram durante os dias em que não se estava consumindo a pílula (2º a 5° dia). Já no grupo NCO, 7 foram testadas na fase folicular (1 a 7 dia após o início da menstruação), e 8 durante a fase lútea (1 a 4 dias após a realização do teste de urina para ovulação. Dessa forma, os testes realizados foram: verificação das propriedades mecânicas do tendão patelar em cada perna, como tensão e força, avaliado através da contração voluntária máxima; biópsias dos tendões patelares, para analisar as ligações cruzadas, concentração de colágeno, e caracterização das fibrilas; avaliação da área transversal do tendão patelar, utilizando ressonância magnética. Amostras de sangue foram coletadas, para análise das concentrações de progesterona, estradiol, testosterona, LH e FSH. Após a aplicação dos testes, não foram encontradas diferenças significativas na área transversal do tendão patelar, nas propriedades mecânicas, e na estrutura do tendão patelar. As concentrações de progesterona e estradiol foram maiores na fase lútea no grupo NCO, do que no grupo OC. Não houve diferenças nas concentrações de progesterona entre os grupos. As concentrações de LH foram maiores durante a fase lútea, quando comparada a fase folicular e na fase de consumo ativo da pílula. A área transversal do tendão patelar foi maior na perna de preferência para salto da atleta, apresentando também maior rigidez e tensão. 40 Dessa forma, o estudo conclui que as fases do ciclo menstrual em atletas de handebol que fazem uso prolongado de contraceptivos orais não afetam a estrutura ou propriedades mecânicas do tendão patelar, assim como em atletas que não fazem uso de tais contraceptivos. O estudo de Francine Bisi et al. (2009) teve como objetivo verificar se as fases do ciclo menstrual influenciam a flexibilidade de atletas que fazem uso de contraceptivos orais. Para isso, participaram do estudo 10 atletas de handebol, com idades entre 17 e 23 anos, que faziam uso de contraceptivo oral (CO). As atletas foram avaliadas em duas fases do ciclo, sendo divido em fase ovulatória (durante a menstruação, entre dias 2 e 5 após o início da menstruação), e fase anovulatória (entre os dias 12 e 15 após o início da menstruação). As participantes responderam um questionário sobre características do ciclo e do uso de CO. Dessa forma, para medir o nível de flexibilidade, foram usados os testes de banco de wells (teste de sentar e alcançar), e o segundo foi utilizado um flexômetro, onde a participante, posicionada em ortostase com os membros inferiores em extensão e o flexômetro fixado ao tronco, realizava uma flexão anterior do tronco com os membros superiores fletidos e mãos na nuca. Assim, através do questionário aplicado, observou-se que os sintomas pré menstruais mais comuns eram: dor nos seios (80%), cólicas menstruais (50%), e dor de cabeça (40%). Os resultados do teste do banco de wells não apresentaram diferenças significativas entre as fases do ciclo menstrual. Entretanto, com o teste utilizando o flexômetro, a flexibilidade foi melhor durante a fase anovulatória do que na fase ovulatória. Dessa forma, o estudo conclui que a flexibilidade de atletas que fazem uso de contraceptivos orais pode ser afetada durante as fases do ciclo menstrual, apresentando melhora durante a fase anovulatória, relacionado ao aumento da temperatura corporal e da extensibilidade dos tecidos moles em tal fase. 41 6. CONCLUSÃO Após a análise dos artigos encontrados nas bases de dados, pode se dizer que uma limitação presente em alguns estudos, foi o baixo número de participantes, onde o número de voluntárias foi de 11 ou menos em 7 deles (31,8%). Esse fator pode ter influenciado alguns resultados. Outro aspecto limitante é que alguns questionários foram aplicados em um único dia, com perguntas em relação aos últimos três ciclos, podendo afetar as respostas, visto que mulheres muitas vezes apresentam características diferentes de um ciclo para outro, como demonstrado em um dos estudos analisados. Dessa forma, a aplicação de tais questionários deveriam ser sincronizadas com o ciclo atual da participante, e caso investigasse os últimos três ciclos, deveria ser aplicado durante os mesmos três meses. Ainda, nota-se que cada organismo reage de uma forma diferente ao ciclo menstrual, podendo apresentar diversos sintomas, apenas um, ou até mesmo nenhum, além da variação de ciclo para ciclo. Em relação ao uso de contraceptivo oral monofásico, seu uso parece amenizar os efeitos do ciclo menstrual e da síndrome pré-menstrual, pela mudança das concentrações hormonais naturais do ciclo. Assim, mais estudos devem ser feitos, com o intuito de esclarecer quais os motivos dessas variações entre indivíduos e ciclos. Dessa forma, estudos como este são imprescindíveis, uma vez que possibilita uma visão mais objetiva sobre o assunto, ressaltando as limitações e resultados de estudos já feitos. Por fim, pode-se concluir que o ciclo menstrual/Síndrome pré-menstrual pode afetar negativamente o desempenho físico e psicológico de atletas, principalmente na fase lútea, e o uso de CO monofásico pode atenuar tais efeitos. Treinadores físicos, técnicos e comissão técnica devem ter o controle e levar em consideração o ciclo menstrual da atleta para a periodização e planejamento dos treinos, além de oferecer auxílio psicológico para essas atletas. 42 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADACHI, Noriko et al. Relationship of the menstrual cycle phase to anterior cruciate ligament injuries in teenaged female athletes. Archives of Orthopaedic and Trauma Surgery, Berlim, v. 128 (5), p. 473-478, maio, 2008 BARBOSA, M. B.; MONTEBELO, M. I. L.; GUIRRO, E. C. O. Determinação dos limiares de percepção sensorial e de resposta motora nas diferentes fases do ciclo menstrual. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, v. 11 (6), p. 443-449, dezembro, 2007 BISI, Francine B. et al. 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