p.6318 1 ANÁLISE DO PERFIL DE PROFESSORES DO CURSO DE EXTENSÃO DE LIBRAS NA MODALIDADE A DISTÂNCIA: UMA PROPOSTA DE FORMAÇÃO CONTINUADA NA PERPECTIVA DA EDUCACÃO INCLUSIVA Sandra Eli Sartoreto de Oliveira Martins (FFC-Unesp/Marilia Departamento de Educação Especial; Elisa Tomoe Moriya Schulunzen (FCT-Unesp/Presidente Prudente), Eliza Márcia Oliveira Lippe (FC-Unesp/ Bauru Pós Graduação em Educação para a Ciência) Eixo temático: A Formação Docente na Perspectiva da Inclusão. INTRODUÇÃO O presente trabalho apresenta uma análise do perfil dos cursistas que participaram do Curso de Extensão de “LIBRAS A DISTÂNCIA UMA PROPOSTA DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES NO CONTEXTO EDUCACIONAL INCLUSIVO”, financiado pelo Programa de Formação Continuada de professores em educação especial, da Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação e Cultura (SEESP/MEC). O curso foi desenvolvido pela Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade de São Paulo (FFC/Unesp) no campus de Marília, na modalidade a distância. O apoio financeiro, contou com o apoio da Universidade Aberta do Brasil (UAB) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento em Educação (FNDE) ambas do MEC e a certificação ocorreu por meio da Pró-reitoria de extensão (PROEX) da UNESP. Tal iniciativa oportunizou a discussão e análise sobre a forma que os cursos de extensão na modalidade a distância favorecem a reflexão sobre a Política Nacional de Educação que, atualmente, tem como enfoque a Educação Inclusiva. Em 2007, a FCC/Unesp - Marília/SP, por meio de edital público (No 02 de 26 de abril de 2007), passou a integrar a rede de formação da SEESP, com o oferecimento do referido curso na modalidade de extensão à distância, sendo organizado em três módulos, subdivididos em discussões teóricas e práticas. Os dois primeiros (30 e 40 horas cada) abordaram o uso das tecnologias no processo de formação continuada de professores e a acessibilidade comunicacional do surdo em sala de aula comum. O terceiro módulo (50 horas) envolveu atividades práticas e reflexivas sobre interlocução com o surdo em LIBRAS no contexto educacional inclusivo. Em contrapartica a este oferecimento as Secretarias e/ou Diretorias de Ensino de cada município parceiro teve a responsabilidade de o oferecimento de pólos de aprendizagens e/ou laboratórios p.6319 2 informacionais para os cursistas efetuarem as atividades solicitadas no decorrer dos módulos. A partir do pressuposto que a formação de professor implica a revisão constante do papel da escola na sua formação continuada, Leite (2003) reitera o papel deste profissional como mediador da construção do conhecimento a partir de suas experiências dentro e fora da sala de aula, num ciclo de formação permanente. Complementando estas afirmações, Dias e Lopes (2003), apontam que as políticas educacionais, em geral, mostram-se amplamente influenciadas pelos movimentos e reformas na educação, que sempre se esbarram nas competências exigidas na formação docente. Nas décadas de 60 e 70, essas competências representavam: Um modelo de estratégias metodológicas, mediante perfil do profissional que se deseja a) formar; Um perfil com base nos comportamentos desejáveis aos professores, para garantir a b) eficiência do processo de ensino e aprendizagem; Uma formação para o desenvolvimento do professor baseado no mundo do trabalho.c) Assim, conforme o documento (BRASIL, 1999), a educação a distância surge como uma nova modalidade de formação continuada, devendo atender a uma grande demanda de profissionais em educação, carentes de cursos e recursos para a formação e informação, a partir destas demandas surgem novos métodos para a formação de educadores. A Educação à distância como estratégia para formação continuada dos professores A EaD, segundo o Decreto n.º 2.494 do MEC (1998), é uma modalidade de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação. Ao considerar esta forma de educação os cursistas são levados à reflexão crítica dos processos de aprendizagem. Trata-se de analisar as modificações que se operam nos modos de percepção, nas possibilidades de interconectividade, nos conceitos de tempo e de espaço das possibilidades em aprender (GRUMBACH, 2006) Nesta modalidade de ensino são agentes fundamentais o Professor, tutor e/ou o monitor que assumem, no processo educacional, posições de proximidades e tensão. A inexistência de um modelo que dê conta das diferenças nas posições ocupadas por estes agentes nos múltiplos projetos, contaminados de peculiaridades técnicas, tecnológicas e até relativas às linguagens e perfis das áreas de conhecimento a que se destinam, é um fator desestabilizador nas muitas formas de equacionar a EaD. p.6320 3 Normalmente, nos cursos desta modalidade de ensino buscam-se encontrar opiniões prontas, regras protetoras que situem o interessado numa posição de domínio do que se passa. Isso fica ainda mais evidente num cenário que facilmente se deixa capturar pelas limitações impostas por softwares que nada mais são do que máquinas de repetição. A EaD é amplamente usada na formação de professores em serviço, no Brasil, principalmente porque constitui a possibilidade de proporcionar um espaço para a formação desses profissionais, sem a necessidade de retirá-los do espaço escolar. Pesquisas mostram que, ao retirar o professor do ambiente escolar, para promover sua formação continuada, perde-se toda a riqueza do contexto, de sorte que, ao retornar à sala de aula, o professor tem dificuldades em aplicar o que aprendeu no curso (Silva, M, 2006). Assim sendo, empregando os recursos da EaD, este trabalho apresentará uma análise do perfil dos cursistas inscritos no curso de LIBRAS a distância, pois cursos nesta modalidade, permitirá a avaliação direta e indireta da relação entre o conteúdo e sua aplicação, no contexto de atuação profissional. Também permitirá reavaliar como os recursos tecnológicos foram usados no diálogo diário entre os cursistas e os profissionais envolvidos na formação. Assim, avaliar o perfil do profissional que busca investir em sua formação a distância pode-se tornar um informação importante na revisão das possibilidades que as Tecnologias em EaD oferecem para auxiliá-los em sua prática docente, além de favorecer o seu contato com novos materiais, teorias e métodos para a criação de redes de aprendizagem. Em ambientes virtuais de aprendizagem, observa-se que há grande possibilidade de haver interatividade, curiosidade e afetos que estão presentes tanto na modalidade presencial quanto na modalidade a distância. Com base nestes pensamentos a seguir será apresentado um panorama sucinto do curso. Desenvolvimento do curso Participaram do curso em questão 674 professores da rede pública de ensino divididos em 22 secretarias de municípios parceiros neste projeto de Formação Continuada em 13 estados brasileiros: Anicuns (GO), Goiânia (GO), Aratuba(CE), Itarema (CE), Assis (SP), Bom Jesus da Lapa (BA), Cachoeiro do Itapemirim (ES), Campo Grande (MS), Carapebus (RJ), Croatá (CE), Feira de Santana(BA), Joinville(SC), Nova Friburgo (RJ), Mossoró (RN), Oiapoque (PA), Paranavaí (PR), Rio do Sul (RS), Santana do Livramento (RS), São Borja (RS), São Paulo (SP), Teresina (PI) e Teodoro Sampaio (SP). Os professores atuantes no curso foram inscritos em suas secretarias estaduais p.6321 4 e/ou municipais credenciadas no Plano Articulado da Educação (PAR) do MEC visando uma capacitação para estar atuando com alunos com surdez. Os cursistas de cada município parceiro foram divididos em suas turmas com variação entre 17 e 30 alunos cada. Porém, vale ressaltar que a diferença do número de cursistas por turma deu-se em função das dificuldades que a coordenação e as secretarias enfrentaram para manter os mesmos interessados na temática do curso, uma vez que houve um atraso considerável para o inicio de suas atividades e agregação de turmas de outro curso. A carga horária de atividades do curso foi de 150 horas, com 20 semanas, correspondendo a 05 meses de duração, no período de agosto a dezembro de 2008. Considera-se importante mencionar que dentro do período execução do curso, 04 semanas foram destinadas ao processo de recuperação dos cursistas, visando intercalar suas atividades ao final de cada módulo e uma geral ao término do curso. Vale destacar ainda que o curso de LIBRAS a distância foi dividido em três módulos: I (40 horas) - abordou o uso das tecnologias no processo de formação continuada de• professores; II (50 horas) acessibilidade comunicacional do surdo em sala de aula comum. • III (60 horas) envolveu atividades práticas e reflexivas sobre interlocução com o surdo • em LIBRAS no contexto educacional inclusivo. METODOLOGIA Os dados coletados para análise do perfil dos professores inscritos no curso em questão foram recolhidos a partir do preenchimento de uma planilha objetivando levantar informações sobre: a localidade, o sexo, o estado civil, a idade, a formação escolar e a experiência dos participantes em educação especial. O seu preenchimento foi realizado pelos tutores a distância, responsáveis pela transcrição dos dados que foram disponibilizados pelos cursistas na ferramenta “perfil” na plataforma Teleduc de sua respectiva turma. Ao final do processo, o pesquisador responsável pelo MI, reuniu os dados coletados nas 33 planilhas encaminhadas pelos tutores responsáveis por cada turma inscrita no curso de LIBRAS. Os dados foram tabulados a partir programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) objetivando demonstrar uma análise quantitativa e descritiva dos mesmos. Considera-se importante mencionar que os dados apresentados neste artigo referem-se tabulação de parte do material recolhido para o relatório do curso de Extensão de LIBRAS à distância, realizado pelo professor Wilson Yonezawa (Departamento de Ciências da Computação – p.6322 5 FC/UNESP-Bauru), que atuou como pesquisador no curso em questão. Desse modo, a pré-análise do material coletado consistiu no processo de organização e de sistematização das idéias “... de maneira a conduzir a um esquema preciso do desenvolvimento das operações sucessivas, num plano de análise” (BARDIN, 1977, p. 95). Posteriormente a esta etapa, passou-se a explorar as idéias contidas nas planilhas coletadas, momento caracterizado pela codificação e categorização das informações encontradas. Segundo Bardin, a codificação é um processo de transformação dos “dados brutos” em uma real representação do conteúdo, através de agregação (BARDIN, 1977, p. 103). Enquanto que a categorização visa complementar esse processo, uma vez que as categorias emergem dessa codificação. A partir das considerações descritas até o momento, este trabalho teve como foco analisar o perfil dos professores que participaram de curso de extensão à distância. Também procurou descrever a diferenças existentes da clientela atendida que auxiliassem a equipe na elaboração e revisão de estratégias a serem utilizadas na organização das próximas edições deste curso, em novos estados e/ou municípios. RESULTADOS E ANÁLISE Considera-se importante mencionar os resultados aqui demonstrados referem-se à análise de 299 perfis, que corresponderá aproximadamente 42% das planilhas avaliadas. Assim do total das planilhas analisadas, 33,11% foram do Estado de São Paulo, 12,37 % da Bahia, 8,03% do Espírito Santo, 6,35% de Goiás, 16,39% do Paraná, 7,69% do Rio Grande do Norte, 8,33% do Rio Grande do Sul, 8,03% de Santa Catarina. Evidencia-se que a maior parte das planilhas entregue estão circunscritas ao estado de São Paulo, seguidos dos estados do Paraná e Bahia. Tal fato é importante constata-se que a maioria dos pólos de Formação Continuada estão no sudeste do nosso pais. Neste contexto, a Bahia vem se destacando como um dos estados que apresenta um maior índice de cursos oferecidos pelo MEC, de acordo com a divulgação da SEESP (Secretaria de Educação Especial). Estes dados reiteram a discrepância que ocorre entre as diversas regiões brasileiras, no que se refere ao oferecimento dos cursos de formação continuada, no qual a distribuição ainda aparece de modo desigual. Como mencionado anteriormente a educação a distância passou a ser uma realidade no sistema de ensino apenas há poucas décadas, sendo assim, é fato que em alguns estados brasileiros que possuem pouca infraestrutura do governo possam realmente estar ofertando cursos totalmente na modalidade à distância. Na questão relacionada à idade do cursista de um total de 299 perfis analisados, a média geral parece ter ficado entre 39 anos, como idade mínima e a máxima de 62 anos. Evidencia-se que a maior parte dos cursistas estive na faixa dos 31 – 40 anos de p.6323 6 idade (42%), ou seja, a idade em que o professor aparece como mais atuante em sala de aula, porém em ainda 35% da amostra, relataram possuir de 41 -50 anos. Neste sentido, apesar de não termos analisado no decorrer do curso o tempo de formação docente, observa-se que a faixa etária predominante no curso foi entre 31-50 anos, evidenciando que os professores possuem um tempo de experiência no magistério que possivelmente não estava inserido na legislação vigente atualmente que infere sobre a escola inclusiva. Muitos professores estavam já adaptados na sala de aula quando os alunos com necessidades educacionais especiais foram inseridos em sala de aula regular, ocasionando, portanto, uma busca por cursos de formação continuada com intuito de buscar informações para atuarem de forma mais adequada com os alunos deficientes. A necessidade de buscar por estratégias pedagógicas para atuar com os alunos deficientes auditivos em sala de aula leva os professores a procurar por cursos que lhe proporcionem estratégias para ensinarem estes alunos. Contudo, devido a alta carga horária presente atualmente nas escolas estaduais brasileiras, muitos professores não conseguem participar de cursos na modalidade presencial, pelo deslocamento ate o mesmo, falta de tempo para as atividades extracurriculares, entre outros fatores, por isso, a modalidade a distância, cursos totalmente online torna-se uma das saídas para os professores que necessitam aprimorar os seus conhecimentos. Diante desta problemática foi realizada uma análise com relação aos dados que mostram as localidades (cidade e distritos) nas quais residiam os cursistas, revelam que os mesmos apesar do vínculo profissional com os municípios parceiros ao projeto, residiam em geral, em outras localidades, na grande maioria das vezes até a mais de 200 km de distância do pólo que eram a sede do curso no município. Entretanto, Paranavaí no Paraná com 46% e Assis no estado de SP com 44%, foram os municípios com maior concentração dos cursistas residentes no mesmo local do vínculo profissional. Nos demais municípios parceiros, houve uma variação das localidades, nas quais residiam os cursistas da amostra analisada. Este dado sugere que alguns cursistas, por não residirem na mesma localidade do vínculo profissional, apresentaram certa dificuldade no cumprimento de algumas atividades no decorrer do curso, principalmente nas reuniões presencias com os tutores presenciais. Aliado a este fator havia também a dificuldade de acesso à internet, que ocasionava com freqüência o atraso na entrega das mesmas. Tal medida em alguns municípios gerou desconforto por parte da equipe e cursistas, pelo fato de tais implicações alterarem o funcionamento do curso e a qualidade na entrega das atividades programadas. O fator da distância não foi o único mencionado que dificultou a realização e entrega das atividades, mas por outro lado aparece o estado civil dos cursistas constituído em sua maioria por mulheres, cuja p.6324 7 literatura especifica já discute a dificuldades da sua jornada dupla de trabalho. A Figura 1 mostra também a distribuição do estado civil dos alunos participantes nesta análise. Aproximadamente 60% são casados (as), 20% representam os solteiros (as) e 11% compreende a quantidade de viúvos (as) e divorciados (as). Entretanto, considera importante mencionar que 9% dos sujeitos analisados deixaram de informar o estado civil. Inferimos, portanto, que a maior parte dos professores da educação básica que buscam por cursos de extensão na modalidade a distância, declaram-se casados. Observa-se ainda que pela faixa etária predominante neste curso, foi a dos docentes que possuem uma vida estável profissionalmente e que estão em busca de cursos na modalidade a distancia na área de educação especial para melhorar a sua comunicação com os alunos surdos em sala de aula. Em uma análise paralela aos dados aqui apresentados, considera-se importante mencionar que havia uma expectativa inicial dos cursistas para aprender LIBRAS. Entretanto, com o desenvolvimento das atividades. Tal expectativa foi esclarecida na medida em que conseguiram compreender que seria impossível ensiná-los uma nova língua, em um curso de 120 horas, mas que problematizaríamos alguns aspectos da importância desse sistema no desenvolvimento educacional do surdo. Figura 1 – Estado Civil dos alunos participantes Com relação ao numero de filhos, do total de 299 alunos analisados, 32 pessoas não informaram o número de filhos. Dos sujeitos analisados, identificou-se que 83% dos cursistas possuíam de 0 e 2 filhos e 16,96% para os que responderam ter mais de 3 filhos. Conclui-se, portanto, que possuir filhos num curso a distância muitas vezes não é um fator que atrapalhe o desempenho dos cursistas no andamento das atividades p.6325 8 semanais, mas pode ser considerado como um dos fatores que contribuem para o atraso da entrega das atividades, devido ao excesso de tempo despendido a educação dos filhos. A Figura 2 mostra as profissões/ocupações ou cargos informados pelos participantes. Sendo assim, pode-se dizer que 98% são professores e 8% coordenadoras de ensino, porém três dos participantes deixaram de informar a profissão. Houve, portanto, por parte dos professores da educação básica a preocupação por aprimorar a sua prática docente, fato que o fizeram se inscreverem e cursarem cursos na modalidade a distância. Já em relação ao interesse da coordenação por cursos desta temática relacionou também pela busca pelo aprimoramento profissional. Figura 2 – Profissão / Ocupação Em sua maioria, se inscreveram no curso, professores que se encontrava em exercício na rede básica de ensino, porém também participaram profissionais ligados a cargos de supervisão, coordenação e/ou direção de ensino. Além desses, embora percebido em uma porcentagem mínima, identificou-se cursistas com formação completares à educação, tais como: fisioterapia e psicopedagogia. Tal fato se justificou pelo interesse dos profissionais pela temática do curso. Informa-se que tais inscrições ocorrerão a partir da anuência da coordenação do curso, mediante a disponibilização de p.6326 9 vaga e da confirmação do vínculo destes profissionais com a área da educação junto a uma secretaria municipal. Com relação ao questionamento sobre a experiência docente, destaca-se que do total de 299 planilhas analisadas, 258 cursistas informaram ter em média 11 e 20 anos de experiência docente na educação básica, o que corresponde a 41% da amostra investigada. Já 32% dos cursistas relataram estar atuando na função docente entre 1 e 10 anos e 12% acima ultrapassaram a 21 anos de experiência no magistério (Tabela 1). O tempo de experiência docente é importante, pois é uma forma de demonstrar a relação entre o tempo no magistério e a busca por novas experiências relacionadas a cursos de formação continuada. Devido a estar em voga hoje cursos à distância, as universidades cada vez mais estão se adequando a esta nova modalidade de ensino, fazendo com que muitos professores que já possuem anos consideráveis de experiência docente voltem às salas de aulas. Tais fatores conduzem-nos a desejarem a aprenderem a manusear as novas ferramentas tecnológicas, fazendo com que muitos cursos sejam oferecidos para professores já com nível de experiência cada vez mais elevado para que ele se aprimore na sua pratica acadêmica. Tabela 1 – Tempo no magistério Faixa de Idade Qt d % Não informou 41 13, 7 1 – 10 anos 96 32, 1 11 – 20 anos 124 41, 5 21 – 30 anos 36 12, 0 Acima de 30 anos 2 0,6 Observa-se que grande parte dos professores da rede pública de ensino já cursou pós-graduação, na modalidade lato senso ou stricto senso, dos 299 alunos, 115 (41,22%) disseram ter cursado uma pós-graduação. Dos sujeitos analisados, 133 informaram possuir diploma de curso superior, 9% relataram terem formação no âmbito do magistério (2º grau completo) e apenas 1% possuem o 1º grau completo. Deste total analisado, considera-se importante mencionar que 20 cursistas deixaram de informar sua formação escolar (Figura 3). O fato de 41,22% estar cursando ou ter cursado pós-graduação, na modalidade lato senso ou na modalidade stricto senso, faz p.6327 10 com que ele, mesmo tento uma formação de um grau maior ao exigido para a sua atuação buscou um curso de extensão, demonstrando a necessidade dos subsídios dos que o MEC com a parceria da SEESP estão ofertando pela REDE. Isto se justifica na medida em que tem o conhecimento das potencialidades dos cursos de extensão. Figura 3 – Formação escolar A questão relacionada à experiência com alunos deficientes esta descrita a seguir, do total de 299 alunos, 199 responderam que sim (76%), 76 responderam que nunca tiveram experiência (27,64%) 24 não responderam a pergunta. A distribuição da freqüência das respostas pode ser vista na Figura 4. Esta experiência para o cursista é fundamental na medida em que ele consegue entender na prática as questões teóricas que foram abordadas no decorrer do curso, bem como as problemáticas que surgem ao se depararem com estas experiências. A grande maioria dos professores possui experiência com a educação especial, entretanto, nesta pesquisa não foi possível verificar qual o tipo de experiência e o tempo da mesma com relação aos professores da educação básica. No entanto, foi evidenciado que mesmo com as experiências os professores estão buscando se inserir em propostas que discutam as questões pedagógicas e inclusão do aluno surdo em sala de aula regular, principalmente aqueles com mais de 10 anos de magistério, que tiveram sua formação antes das novas políticas de educação inclusiva e de educação para todos. p.6328 11 Figura 4– Experiência com educação especial Considerações finais Apresentamos aqui uma breve síntese dos resultados discutidos ao longo do artigo. Em primeiro lugar, observa-se que os professores buscam por cursos de extensão visando aprimorar alguns conhecimentos que já possuem no tema em questão, e também pela necessidade de se capacitar para estar atuando com os alunos deficientes, em especial, neste caso com alunos surdos. Verificou-se, portanto, que dentro da análise do perfil do professor que busca por cursos de extensão na modalidade a distância que eles estão em exercício das atividades docentes a mais de 10 anos (a grande maioria deste curso). Com a exposição do perfil do professor que esta participando do curso de extensão na modalidade a distãncia, observa-se que, apesar da distância da localidade dos cursistas com a secretaria de seus municipios, houve interação entre os cursistas e observa-se grande semelhança entre eles, com a presença de filhos, de ter uma vida conjugal que muitas não lhe permite uma atenção no curso presencial, porém na modalidade a distância, os alunos puderam se desenvolver nos horários que lhes eram disponiveis. Um dos grandes desafios da educação brasileira é tornar-se uma educação inclusiva. Ao pensar a formação de professores, não se pode perder de vista a necessidade da formação continuada, o que permitirá uma permanente reflexão sobre o p.6329 12 fazer pedagógico e o enfrentamento dos desafios constantemente colocados para a superação das dificuldades do cotidiano escolar. Diante deste cenário encontrado nos municípios parceiros do Programa de Formação Continuada, espera-se que os resultados deste trabalho sirvam de exemplo e inspiração para organização de novas práticas que garantam a formação em serviço de professores e que também favoreçam a comunicação e aprendizagem dos surdos na escola inclusiva. Referências Bibliográficas BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: adaptações Curriculares. Brasília: MEC/SEESP, vol I, 1999. DIAS, R.E & LOPES, A.C. competências na formação de professores no Brasil: o que (não) há de novo. Revista Educação e Sociedade, v.24, n.85, p.1155-1177 dez-2003 GEORGE, D.; MALLERY, P. SPSS for Windows Step by Step - A Simple Guide and Reference. Allyn and Bacon, Needham Heights. 2001. GOUVÊA, G., OLIVEIRA, C.I. Educação a distância na formação de professores: viabilidades, potencialidades e limites. 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