unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” CAMPUS DE GUARATINGUETÁ IVYLIN GIOVANNA TAFARELLO PROCESSAMENTO DE PEÇAS EM MATERIAS COMPÓSITOS PARA O PROJETO BAJA SAE Guaratinguetá 2013 IVYLIN GIOVANNA TAFARELLO PROCESSAMENTO DE PEÇAS EM MATERIAS COMPÓSITOS PARA O PROJETO BAJA SAE Guaratinguetá 2013 Trabalho de Graduação apresentado ao Conselho de Curso de Graduação em Engenharia de Materiais da Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do diploma de Graduação em Engenharia de Materiais. Orientador: Prof. Dr. Angelo Caporalli Filho T124p Tafarello, Ivylin Giovanna Processamento de peças em materiais compósitos para o projeto BAJA SAE / Ivylin Giovanna Tafarello – Guaratinguetá : [s.n], 2013. 56 f. : il. Bibliografia: f. 45-46 Trabalho de Graduação em Engenharia de Materiais – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, 2013. Orientador: Prof. Dr. Angelo Caporalli Filho Coorientador: Prof. Dr. Edson Cocchieri Botelho 1. Materiais compostos 2. Indústria automobilística 3. Fibras de carbono I. Título CDU 620.1 DADOS CURRICULARES IVYLIN GIOVANNA TAFARELLO NASCIMENTO 01.08.1989 – SÃO PAULO / SP FILIAÇÃO Dalton Tafarello Elisabete Aparecida Rodrigues Antonio 2009/2013 Curso de Graduação Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá – Universidade Estadual Paulista De modo especial à minha família por me apoiarem em todos os momentos. AGRADECIMENTOS Meu primeiro agradecimento vai para minha família, que durante todos estes anos me deram suporte financeiro, me instruíram a honestidade, humildade e dedicação ao que faço, ao meu orientador e amigo, Prof. Dr. Angelo Caporalli Filho, por acreditar em meu potencial, por me orientar no desenvolvimento deste trabalho e por todo cuidado e dedicação à equipe Piratas do Vale Bardahl, a todos meus mestres que, com muita dedicação e paixão compartilharam seus valiosos conhecimentos e amizade, a todos os funcionários da FEG, que estavam sempre presentes e nos ajudando quando necessário, a todos os amigos que fizeram parte desta etapa da minha vida, em especial à Aline Emídio de Paula e Camila Omodei Coelho Gomes que dividiram momentos de alegria e dificuldades, aos meus amigos da equipe Piratas do Vale Bardahl com quem passei incontáveis horas compartilhando o aprendizado e adquiri valiosos conhecimentos para minha vida profissional e pessoal, formando uma nova família e levando estas amizades para o restante de nossas vidas, às amigas da República Tomara que Caia, que estiveram presente integralmente nesta etapa da minha vida, tornando-se verdadeiras amigas, que dividiram comigo angustias, lágrimas e risos, à Equipe de Piratas do Vale Bardahl de Baja SAE pelos momentos orgulhosamente vividos representando esta faculdade. "É aquilo que fazemos do que temos, e não o que nos foi dado, que distingue uma pessoa de outra.” Nelson Mandela Tafarello, I. G. Processamento de peças em materiais compósitos para o projeto Baja SAE. 2013. 56p. Trabalho de Graduação (Graduação em Engenharia de Materiais) – Faculdade de Engenharia, Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá 2013. RESUMO O peso de um veículo sempre foi considerado um fator de extrema importância, pois influencia no desempenho, dirigibilidade, consumo, impacto ambiental, desgaste de componentes, entre outros. Com as novas exigências, metas de redução de consumo e de emissões de gases aumentaram a necessidade de fabricarem-se veículos mais leves, garantindo o cumprimento das legislações internacionais de emissões. Além das exigências legais, o baixo peso certamente será fundamental para a competitividade das próximas gerações de veículos. É com essa mentalidade que os materiais compósitos têm sido introduzidos na indústria automobilística, pois apresentam excelente relação resistência/peso, significando consequentemente uma redução de consumo e aumento da capacidade de carga. Esses fatores justificam o crescente interesse demonstrado pela indústria e a necessidade de otimização desses materiais e de seus processos. Para este trabalho, o campo de aplicação será o projeto Baja SAE, que é um projeto totalmente desenvolvido por estudantes de engenharia, onde constroem um protótipo monoposto, na categoria fora de estrada, para a utilização em pistas acidentadas, com obstáculo. Esta pesquisa visa o estudo de duas peças fundamentais do protótipo que são feitas de materiais compósitos, analisando todo o processamento. Além disso, tem-se a análise da viabilidade de aplicação desse sistema de produção de peças a um veículo Baja SAE, com a finalidade de aumentar seu desempenho e reduzir seu peso, sem reduzir a segurança e a robustez do protótipo. Foi possível alcançar a redução de peso do subsistema de direção com a fabricação do volante em compósito híbrido (carbono/vidro) e a substituição do Aço SAE 1010 pelo compósito híbrido (carbono/aramida) na caixa de proteção do CVT. A importância desse estudo está na obtenção de um bom projeto para o veículo de forma técnica e científica, contribuindo para um know-how para a equipe e servindo como base para a otimização para os próximos projetos. PALAVRAS-CHAVE: Baja SAE. Processamento de materiais compósitos. Indústria automobilística. Fibra de carbono. Compósito híbrido. Tafarello, I. G. Processing of components in composite materials for Baja SAE Project. 2013. 56p. Graduate work (Graduate in Mechanical Engineering) – Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2013. ABSTRACT The weight of a vehicle has always been considered an extreme important factor, because it interferes in the performance, steering, consume, environmental impact, wear of components, among the others. Because of the new demand, consume reduction aim and gases emission increased the necessity to manufacture lighter vehicles, guaranteeing the complying with the gas emission international law. Besides the legal demand, the low weight will certainly be essential for the competitiveness for the next generation of vehicles. It is with this thinking the composite materials have been introduced in the automobilist industry, because those materials show an excellent relation of strength/weight, providing a reduction of consume and the increase of load capacity. Those factors justify the increase of interest of industry and the necessity of optimization of those materials and of their process. For this research, the field of application will be the Baja SAE Project, a project that is fully developed by engineering students, where they build a prototype single seat, off-road category, for use on hilly slopes with obstacle. This research aims to study two key components of the prototype are made of composite materials, analyzing all the processing. In addition, there is the analysis of the viability of this production parts to a Baja SAE vehicle, in order to increase their performance and reduce their weight without reducing the safety and robustness of the prototype. It was possible to achieve weight reduction of the steering subsystem with manufacturing the flywheel hybrid composite (carbon/glass) and the replacement of SAE 1010 steel by hybrid composite (carbon/aramid) in CVT box. The importance of this study is to obtain a good project for the vehicle of technical and scientific manner, contributing to the know-how to the team and providing a basis for optimization for upcoming projects. KEYWORDS: Baja SAE. Processing of composite materials. Automotive industry. Carbon fiber. Hybrid composite. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Protótipo Acará da Equipe Piratas do Vale Bardahl, da UNESP Guaratinguetá...16 Figura 2 – Classificação dos compósitos (CALLISTER, 2002)...............................................19 Figura 3 – Projeto MB 1012 – Guará........................................................................................25 Figura 4 – Gráfico do ensaio de DSC da resina Araldite LY5052. .........................................28 Figura 5 – Gráfico parcial do ensaio de DSC da resina Araldite LY5052................................29 Figura 6 – Gráfico do ensaio de DSC da resina Epocast 50-A1...............................................30 Figura 7 – Gráfico do ensaio de DSC da resina Hysol EA9396 ..............................................31 Figura 8 – Gráfico de análise viscosimétrica da resina Araldite LY5052 ...............................33 Figura 9 – Gráfico de análise viscosimétrica da resina EPOCAST 50-A1...............................33 Figura 10 – Gráfico de análise viscosimétrica da resina Hysol EA9396..................................34 Figura 11 – Tecido HexTow AS2C – Plain wave ....................................................................35 Figura 12 – Preparação do molde do volante............................................................................36 Figura 13 – Processo de laminação manual na parte inferior do molde do volante.................37 Figura 14 – Volante posicionado no protótipo..........................................................................38 Figura 15 – Tecido de fibra de aramida....................................................................................39 Figura 16.a – Máquina de ensaio..............................................................................................40 Figura 16.b – Dispositivo para ensaio de impacto....................................................................40 Figura 17.a – Energia de impacto absorvida pelo compósito...................................................41 Figura 17.b – Energia de impacto absorvida pelo aço..............................................................41 Figura 18 – Comparação entre as médias de energia absorvida pelos materiais......................42 Figura 19 – Caixa de proteção do CVT....................................................................................43 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Resultados da equipe na Competição Baja SAE Brasil..........................................17 Tabela 2 – Energia absorvida pelos materiais...........................................................................41 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ASTM American Society for Testing and Materials BS British Standard CDP Corpo-de-Prova CPS Centipoises CVT Continuously variable transmission DB Decibéis DCTA Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial DMT Departamento de Materiais e Tecnologia DSC Calorimetria Exploratória Diferencial DV Digital Viscosity FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo FEG Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá ISO International Organization for Standardization LV Low Viscosity RH Recursos Humanos SAE Society of Automobile Engineers TA Thermal Analysis TG Transição Vítrea TGA Análise Termogravimétrica UNESP Universidade Estadual Paulista LISTA DE SÍMBOLOS Mg Miligramas ºC Grau Celsius g Gramas mm Milímetros kg Kilograma J Joule SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................15 1.1 PROJETO BAJA SAE........................................................................................................15 1.2 EQUIPE PIRATAS DO VALE BARDAHL......................................................................16 2 OBJETIVO...........................................................................................................................17 3 JUSTIFICATIVA................................................................................................................18 4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................................18 4.1 MATERIAIS COMPÓSITOS.............................................................................................18 4.2 REFORÇO.........................................................................................................................19 4.2.1 Fibra de Vidro................................................................................................................20 4.2.2 Fibra de Carbono...........................................................................................................20 4.2.3 Fibra de Aramida...........................................................................................................20 4.3 MATRIZ.............................................................................................................................21 4.3.1 Matriz Epóxi...................................................................................................................21 4.4 PROCESSO DE LAMINAÇÃO.........................................................................................22 4.4.1 Laminação Manual........................................................................................................22 4.5 DEFEITOS PÓS LAMINAÇÃO........................................................................................23 4.5.1 Furo.................................................................................................................................23 4.5.2 Corte................................................................................................................................23 4.5.3 Impacto em Compósitos................................................................................................24 4.5.4 Uniões em Materiais Compósitos..................................................................................24 5 METODOLOGIA................................................................................................................25 5.1 SELEÇÃO DE MATERIAIS..............................................................................................26 5.1.1 Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC).............................................................26 5.1.2 Análise Viscosimétrica...................................................................................................26 5.2 ESCOLHA DO MATERIAL..............................................................................................27 5.2.1 Matriz..............................................................................................................................27 5.2.1.1 DSC: Araldite LY5052.................................................................................................28 5.2.1.2 DSC: EPOCAST 50-A1 Resin......................................................................................30 5.2.1.3 DSC: Hysol EA9396.....................................................................................................31 5.2.1.4 Viscosimetria: Araldite LY5052...................................................................................32 5.2.1.5 Viscosimetria: EPOCAST 50-A1 Resin.......................................................................33 5.2.1.6 Viscosimetria: Hysol EA9396......................................................................................34 5.3 REFORÇO..........................................................................................................................34 6 ESTUDO DE CASO.............................................................................................................35 6.1 ESTUDO DE CASO 1: VOLANTE...................................................................................35 6.1.1 Materiais utilizados........................................................................................................35 6.1.2 Metodologia....................................................................................................................36 6.1.3 Resultados......................................................................................................................37 6.1.4 Conclusão........................................................................................................................38 6.2 ESTUDO DE CASO 2: PROTEÇÃO DO CVT.................................................................39 6.2.1 Materiais utilizados........................................................................................................39 6.2.2 Metodologia de ensaio....................................................................................................40 6.2.3 Resultados.......................................................................................................................41 6.2.4 Conclusão do estudo de caso 2......................................................................................43 7 CONCLUSÃO......................................................................................................................43 8 CORRELAÇÃO ACADÊMICA........................................................................................44 9 TRABALHOS FUTUROS..................................................................................................44 BIBLIOGRAFIA...............................................................................................................….45 APÊNDICE A - ARALDITE LY 5052.................................................................................47 APÊNDICE B - HYSOL EA9396..........................................................................................52 APÊNDICE C - EPOCAST 50-A1........................................................................................55 APÊNDICE D - FIBRA DE CARBONO..............................................................................56 15 1 INTRODUÇÃO Na história recente da indústria automobilística, duas abordagens de redução de peso se destacam. A primeira delas é baseada no desenvolvimento e aplicação de materiais alternativos. A segunda abordagem baseia-se na otimização dos componentes e utiliza-se, principalmente, de simulações computacionais. Especialistas em diferentes materiais apresentam as novas tecnologias para o futuro dos veículos, sempre buscando baixa densidade e aumentando sua competitividade, com o grande objetivo de desenvolvê-los e torná-los cada vez mais resistentes. Os fabricantes brasileiros de materiais compósitos têm muitas novidades em se tratando de materiais, técnicas e produtos, além de contar com uma completa gama de produtos e processos com certificações internacionais para as o nosso mercado automobilístico (STEENKAMER, 1994). 1.1 Projeto Baja SAE A SAE (Society of Automobile Engineers) foi fundada nos Estados Unidos em 1905 para a união de profissionais do ramo automobilístico e estudantes de engenharia. Porém, somente em 1976 foi criada a competição Baja SAE, com a finalidade de ser uma atividade extracurricular para futuros engenheiros. E em 1997, a SAE Brasil trouxe essa categoria ao país, com o nome de Mini-Baja Brasil (SAE Brasil, 2013). O objetivo do Baja SAE é projetar e construir um veículo monoposto, fora de estrada, robusto e principalmente seguro (figura 1). As equipes, compostas por estudantes de engenharia, trabalham como se fossem empresas, se dividindo em subáreas administrativas e técnicas, e sob a orientação de um professor desenvolvem os veículos com os quais irão competir representando a sua instituição de ensino. Nas competições, os alunos são responsáveis pelo desenvolvimento do projeto, utilizando o conhecimento obtido em aulas e adquirindo novas habilidades, sempre em busca de melhores soluções. Além disso, também precisam levantar fundos e patrocínios, que são essenciais para a construção do veículo e participação nos eventos (Piratas do Vale Bardahl Baja SAE, 2013). 16 Figura 1: Protótipo Acará da Equipe Piratas do Vale Bardahl, da UNESP Guaratinguetá. Fonte: (Autora,2013). Atualmente na competição Baja SAE Brasil participam também outros países da América do Sul, como Uruguai e Argentina, e conta com, aproximadamente, 80 carros, 70 instituições de ensino e 1800 estudantes de graduação em engenharia (SAE Brasil, 2013). 1.2 Equipe Piratas do Vale Bardahl Fundada 1997 por alunos da Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, a Equipe Piratas do Vale Bardahl teve sua primeira participação na competição Baja SAE Brasil em 1998 e desde então participa das competições Nacional e Regional organizadas pela SAE Brasil. Sua estrutura organizacional é o conjunto ordenado de responsabilidades administrativas, como os setores de finanças, RH, marketing, processos, construção; e na área de projeto, para cada subsistema do protótipo, onde os próprios alunos são os responsáveis. 17 Tabela 1: Resultados da equipe na Competição Baja SAE Brasil. ANO COLOCAÇÃO GERAL 1998 41º lugar 1999 39 º lugar 2000 24 º lugar 2001 22 º lugar 2002 23 º lugar 2003 51 º lugar 2004 33 º lugar 2006 22 º lugar 2007 46 º lugar 2008 22 º lugar 2009 44 º lugar 2010 14 º lugar 2011 13 º lugar 2012 37º lugar 2013 6º lugar A partir de 2009, a equipe teve um notável crescimento, o que resultou nas posições apresentadas na tabela 1. Além dos resultados gerais a equipe recebeu, em 2011 o 3º lugar no prêmio FIAT de inovação e, em 2012, o prêmio pelo melhor sistema de reabastecimento de combustível. Atualmente em seu 14o protótipo, a equipe conquistou o 6º lugar na 19ª Competição Baja SAE Brasil. (Piratas do Vale Bardahl Baja SAE, 2013). 2 OBJETIVO Como o objetivo específico de analisar a produção, aplicação e desempenho de materiais compósitos no projeto Baja SAE, foi estudado o processo de fabricação visando adquirir dados para uma análise detalhada que permita a aplicação do componente produzido para o protótipo, garantindo os padrões e requisitos de projeto exigidos. Com isso, estudar a aplicação de compósitos termorrígidos na indústria automobilística. 18 3 JUSTIFICATIVA Atualmente as tecnologias modernas exigem materiais com propriedades que não podem ser alcançadas pelas ligas metálicas, cerâmicos e materiais poliméricos convencionais, e essencialmente quando se trata de materiais que serão aplicados nas áreas aeroespaciais, subaquáticas e de transporte (CALLISTER, 2002). Na indústria automobilística o custo do produto é um fator limitante da produção , para que o componente seja competitivo ele deve ser produzido em grande escala e baixo custo. Os materiais que mais atendem esses requisitos são a matriz poliéster e o reforço de fibra de vidro. (MOURA; MORAIS; MAGALHÃES, 2005). O presente trabalho pretende alinhar as ideologias da indústria automobilística com o projeto Baja SAE desenvolvido na universidade. Assim, com os resultados, será possível discutir qual material, dentre os estudados, proporciona melhor desempenho e resistência, aumentando a eficiência do veículo carro como um todo, reduzindo peso, proporcionando melhor resposta aos esforços envolvidos. 4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 4.1 Materiais Compósitos Um material compósito pode ser qualquer material multifásico, que apresente propriedades de ambas as fases constituintes, obtendo a melhor combinação entre elas (CALLISTER, 2002). A maioria destes materiais são compostos por duas fases: a denominada matriz, ou fase dispersa, e a denominada reforço, de modo tal que é obtida uma melhor combinação de propriedades. Esta combinação, matriz e reforço, pode ser definida de diversas maneiras, como pode se observar na figura 2 (CALLISTER, 2002). 19 Figura 2: Classificação dos compósitos. Fonte: (CALLISTER, 2002). São materiais heterogêneos, multifásicos, resultante da combinação racional de um reforço e de uma matriz, surgindo uma sinergia desses materiais, de modo a maximizar algumas propriedades no produto final. Pode-se destacar como características principais a redução de peso e melhor desempenho estrutural, resistência à fadiga e à corrosão, alta rigidez, baixo coeficiente de expansão térmica e a possibilidade de manufatura de peças com geometria complexa (NETO; PARDINI, 2006). As vantagens dos compósitos em termos de desempenho e de campo de aplicação, devem-se à facilidade de processamento e à baixa densidade dos polímeros (MOURA; MORAIS; MAGALHÃES, 2005). Outro fator importante, considerando os materiais compósitos, é a interface entre o reforço e a matriz. No caso estudado, de compósitos poliméricos, uma ótima interface, ou seja, a adesão reforço-matriz é essencial para que ocorra a transferência de esforços no laminado, principalmente as tensões de cisalhamento de modo a garantir boas propriedades fora do plano do laminado (REZENDE; COSTA; BOTELHO, 2011). 4.2 Reforço O reforço aparece, geralmente, na forma de fibras ou filamentos, para reduzir o número de defeitos em relação à sua forma mássica. Com essa configuração o reforço constitui um meio mais efetivo e suporta os carregamentos mecânicos que são destinados a ele, quando aglutinados com a matriz, caso contrário não tem função estrutural. As fibras apresentam propriedades mecânicas superiores às dos materiais na forma maciça, o que justifica as excelentes propriedades dos compósitos (NETO; PARDINI, 2006). Além de fornecer a principal resistência ao esforço, pode melhorar as propriedades físico-químicas, a processabilidade, fornecer a coloração desejada e reduzir custo do 20 compósito. Segundo o diâmetro, as fibras podem ser agrupadas em whiskers, fibras e fios (POUZADA; BERNARDO, 1983; WIEBECK; HARADA, 2005). Os objetivos de projeto dos compósitos reforçados com fibras incluem resistência e rigidez elevada em relação ao peso do material. (CALLISTER, 2002). As fibras cerâmicas, como fibras de carbono, são os reforços mais utilizados em aplicações nobres e podem ser combinadas tanto com resinas termoplásticas quanto termofixas nas formas de fibras contínuas ou como tecidos (WIEBECK; HARADA, 2005; KUMAR; ALAGAR; RAO, 2002). Os reforços podem ser particulados, quando as partículas de várias formas e tamanhos estão dispersas aleatoriamente na matriz; de fibra curta, pode ser encontrado na forma de manta de fibras picadas; fibra longas, na forma de tecidos. O comprimento da fibra deve ser considerado, pois interfere na resistência e rigidez de um material compósito (CALLISTER, 2002). 4.2.1 Fibra de Vidro As fibras de vidro são os reforços mais utilizados. Essas fibras são produzidas a partir do estiramento do vidro fundido através de uma fieira, seguidos de tratamento superficiais com a finalidade de aumentar a adesão matriz/reforço. São identificadas e classificadas por normas BS/ISO (CALLISTER, 2002). 4.2.2 Fibra de Carbono São fibras com 82 e 95% de carbono e as fibras de grafite chegam a 99%, estas são aplicadas em compósitos de elevado desempenho mecânico (MOURA; MORAIS; MAGALHÃES, 2005). A produção da fibra de carbono é baseada na decomposição térmica de vários precursores orgânicos, sendo eles: celulose, PAN e o Piche. A diferença entre os precursores se dá nas características mecânicas da fibra resultante. É possível fabricar com fibra de carbono e matriz um composto com coeficiente de dilatação nulo, o que garante as dimensões finais conforme o projeto (NETO; PARDINI, 2006). 4.2.3 Fibra de Aramida As fibras Aramídicas são produzidas a partir de poliamidas aromáticas. Estas apresentam excelentes resistências química, mecânica e relação rigidez-peso, além de resistências à fadiga e ao impacto, da capacidade de amortecimento de vibrações, características dielétricas e possuí elevada resistência a solventes, lubrificantes, ácidos e 21 combustíveis. Assemelha-se à fibra de carbono pelo comportamento de dilatação térmica. A principal desvantagem é a baixa resistência à flexão, compressão e elevado custo (MOURA; MORAIS; MAGALHÃES, 2005; NETO; PARDINI, 2006). 4.3 Matriz A matriz proporciona forma estável ao compósito e garante a distribuição de carga pelo reforço. Para os materiais compósitos reforçados com fibra a fase matriz une as fibras e atua como meio através do qual uma tensão aplicada externamente é transmitida e distribuída para as fibras (POUZADA; BERNARDO, 1983). As matrizes podem ser de metal, polímero ou cerâmico, tem como função proteger as fibras individuais contra danos superficiais em decorrência da abrasão mecânica ou de reações químicas com o ambiente, além de prevenir a propagação de trincas frágeis de uma fibra para a outra. Essa barreira à propagação de fissuras é resultado de sua relativa maciez e plasticidade (CALLISTER, 2002). É fundamental uma ligação adequada para maximizar a transmissão da tensão de uma matriz de baixa resistência para as fibras mais resistentes, ser dúctil e que a força de adesão entre a fibra e a matriz seja elevada, para que as fibras não sejam arrancadas (WIEBECK; HARADA, 2005). As matrizes poliméricas podem ser de duas categorias: termoplásticas e termorrígidas. Neste trabalho foi abordado as termorrígidas, que formam estruturas tridimensionais bastante rígidas, num processo de cura e impregnam com facilidade no reforço. Geralmente são fornecidas para processamento sob forma de uma mistura de dois ou três componentes (resina, catalisador e acelerador). Podem-se encontrar resinas com cura à temperatura ambiente e outras que requerem a aplicação adicional de calor e pressão para efetuar a cura (POUZADA; BERNARDO, 1983). 4.3.1 Matriz Epóxi As resinas poliméricas epóxi, são muito utilizadas como matriz, classificadas como termorrígidas de alto desempenho, com boa tenacidade e plasticidade, podendo reduzir a propagação de trincas frágeis de uma fibra pra outra. Destaca-se pela excelente compatibilidade com diversos substratos, facilitando a adesão. Apresentam bom grau de molhabilidade e fator de contração desprezível, podendo ser curadas a frio (Temperatura Ambiente) ou a quente (Estufa) (BECKWITH; HYLAND, 1999; SANTOS; SCHÕE, 2006). 22 Apresentam grande variedade de formulação química. A cura acontece com a adição de um agente endurecedor apropriado, como poliamidas, aminas alifáticas e aromáticas. A desvantagem é o elevado custo, sendo quatro vezes maior que a resina de poliéster. Por outro lado, possui elevada resistência mecânica, à abrasão e química, boa propriedade de adesão à fibra. Seu processo de cura ocorre um período superior á 4 horas, apresenta ótima processabilidade, baixa contração (2 a 3%) e baixa absorção de água. (SANTOS; SCHÕE, 2006; BAUER, 1989). Ao utilizar matrizes termorrígidas os ciclos de aquecimento e arrefecimento são utilizados para iniciar e controlar o processo de cura, assegurando a consolidação da peça (BAUER, 1989). 4.4 Processo de Laminação O processamento de um compósito refere-se ao conjunto de técnicas que conduzem à obtenção de peças. Atualmente esses processos tiveram grande desenvolvimento, com objetivo de tornar a técnica economicamente mais competitiva. Assim esses materiais têm ganhado espaço nas indústrias aeronáutica, automobilística de componentes elétricos e eletrônicos, construção civil e náutica. Os processos podem ser classificados em dois tipos, sendo estes: molde aberto e molde fechado. Neste projeto será discutido o primeiro tipo (MAZUMAR, 2002). O processo de molde aberto resulta uma peça com apenas uma superfície com bom acabamento, esta limitação é compensada pela possibilidade de fabricar componentes de geometria complexa e de grande dimensão, devido ao fato da pressão no sistema ser reduzida ou ausente (OWENS CORNING, 2013). 4.4.1 Laminação Manual Neste trabalho realizou-se o processo de laminação manual, onde o empilhamento e a impregnação de sucessivas camadas de reforço são feitos manualmente em molde aberto. A fim de facilitar a desmoldagem, é aplicado sobre o molde um agente desmoldante. Cada camada de reforço é impregnada com resina catalisada, com viscosidade entre 100 e 1500mPa.s e compactada com auxílio de rolos (POUZADA; BERNARDO, 1983). Uma limitação é a sua baixa produção, sendo uma produção inferior de 1000 peças por ano. Quanto a mão de obra influi significativamente no custo, embora sendo pouco qualificada (NETO; PARDINI, 2006). 23 As principais vantagens são a simplicidade, baixo investimento inicial e a possibilidade de se fabricar peças com geometria complexa. Quanto às desvantagens estão associadas à necessidade de mão de obra com experiência, dependendo de sua habilidade, cuidado e produtividade. A peça apresenta teor de fibra heterogêneo, há a necessidade de retirar as rebarbas, acabamento e há emissão de estireno (MOURA; MORAIS; MAGALHÃES, 2005). 4.5 Defeitos pós laminação 4.5.1 Furo Na furação dos compósitos são utilizadas ferramentas de corte revestidas com carboneto de tungstênio, nitreto de titânio ou diamante para aumentar seu tempo de vida útil. Há grande possibilidade de ocorrer defeitos na peça após essa operação, como delaminação, fissuras interlaminares, deslocamento fibra/matriz e danos de origem térmica (PIQUET et al., 2000). Sendo a delaminação o defeito mais importante. A broca ao iniciar o contato com a peça promove o arranchamento das camadas superiores, provocado pelo filete de corte. A broca ao sair atua como um punção e a força de avanço promovem as delaminações entre as camadas inferiores. Estudos realizados apontam que brocas mais pontiagudas reduzem a extensão das delaminações, por ter uma penetração mais gradual. E alguns resultados comprovaram que a força de avanço pode ser reduzida através da realização de um pré-furo de diâmetro menor (WILSON; MAEDE, 1978). 4.5.2 Corte O corte nesses materiais pode ser realizado por serra, jato d’água ou a laser. O corte com serra mais adequado é utilizando-se a serra diamantada, para ter maior resistência ao desgaste. Visando uma melhor qualidade de corte a velocidade de corte deve ser a mais elevada, com objetivo de minimizar as forças de avanço e os defeitos induzidos por esse processo. A orientação das fibras de 90º à direção de corte origina superfícies de corte mais rugosas, pois causa flexão das fibras (MAZUMAR; 2002). No corte com jato de água, esta é projetada em alta velocidade através de um orifício de pequena dimensão sobre a superfície a cortar. A vantagem é que não origina pó prejudicial à saúde do operador e nível de ruído baixo (inferior a 80db). Não se pode descartar a possibilidade da absorção de água por parte do laminado com delaminações. 24 Já no corte com laser é executado a partir de um feixe concentrado de luz monocromática focada na peça a cortar. O corte é executado por fusão, vaporização e degradação química. A desvantagem é que esse processo danifica a resina na zona de corte, devido ao aquecimento localizado. Há a necessidade de ventilação por causa dos voláteis liberados (WANG; ZHANG, 2003). 4.5.3 Impacto em Compósitos Apesar de o laminado carbono epóxi ser considerado compósito de alto desempenho mecânico que apresenta fraca resistência a solicitações de impacto, o que resulta em uma redução da sua resistência residual à compressão. As solicitações de impacto podem-se dividir em duas categorias diferentes conforme o valor da velocidade. A de impacto de baixa velocidade, caracterizado por uma extensa zona danificada e por uma resposta global da estrutura (WANG; YEW, 1990). Há a identificação da existência de delaminações entre as com orientações diferentes e ruptura transversal, e esta delaminação pode afetar a resistência residual da estrutura, quando submetida á solicitações de compressão. Outra preocupação é o dano não visível a olho nu, assim são necessárias técnicas de análise como ultrassons ou radiografia para detectar o dano no impacto. Já o impacto de alta velocidade é caracterizado por uma solicitação transitória que ocasiona uma resposta de caráter localizado, havendo ou não perfuração (ABRATE; 1991). 4.5.4 Uniões em Materiais Compósitos Com o aumento da utilização desses materiais, houve a necessidade de desenvolver tipos de uniões entre diferentes componentes, que podem ser de materiais compósitos ou metais. Para se obter uma ligação eficiente é necessário que haja transmissão de carga entre dois componentes, mantendo a sua integridade estrutural sob solicitações estáticas, dinâmicas ou ambientais (ERICKSON, 1989). As desvantagens são que a junta acrescenta um peso na peça, induz zonas de potencial colapso da estrutura e aumentam o custo. Devido á esses fatores deve-se restringir o máximo de juntas (ERICKSON, 1989). 25 5 METODOLOGIA Inicialmente foi feita uma pesquisa bibliográfica dentre livros, publicações e pesquisas na Internet de modo a catalogar os processos, materiais, aplicações e estudar o desempenho desses materiais (compósitos). Foram analisados o processamento de dois componentes do veículo Baja SAE, sendo o primeiro o volante do protótipo e o segundo a Proteção do CVT (Continuously variable transmission). A execução do processamento foi realizada na empresa ALLTEC Composites e, em parte, na Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá – UNESP, e a validação das peças foi feita no protótipo Guará (Figura 3), que participou das competições regionais e nacionais dos anos de 2011 e 2012. Figura 3: Projeto MB 1012 – Guará. Fonte: (Equipe Piratas do Vale Bardahl, 2013). 26 5.1 Seleção de Materiais A definição do projeto e material foi feita por meio de uma reunião em São José dos Campos com a empresa ALLTEC Composites, patrocinadora dos três projetos SAE da universidade. Nesta reunião foi apresentado este projeto de iniciação científica afim de estabelecer parceria com a empresa. Nessa ocasião foi discutido o material a ser fornecido, o projeto do componente do Baja SAE e o retorno da pesquisa ao patrocinador. Dentre as matrizes disponibilizadas foi feita análise térmica e viscosimétrica para selecionar a resina mais adequada para o processamento em estudo. 5.1.1 Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) Técnica na qual mede-se a diferença de energia fornecida à substância e a um material de referência, em função da temperatura enquanto estas estão sendo submetidas a uma programação controlada de temperatura. Procedimento onde a amostra proposta e o material de referência são aquecidas ou resfriadas em compartimentos separados individualmente, em condições isotérmicas (ao contrário da DTA) (IONASHIRO, 2004). Com esse ensaio, pode-se identificar os efeitos de calor associados com alterações físicas ou químicas da amostra, tais como transições de fase (fusão ebulição, sublimação, congelação, inversões de estruturas cristalinas) ou reações de desidratação, de dissociação, de decomposição, de óxido-redução, etc. capazes de causar variações de calor. Em geral transições de fase, desidratações, reduções e certas reações de decomposição produzem efeitos endotérmicos, enquanto que cristalizações, oxidações, algumas reações de decomposição produzem efeitos exotérmicos (IONASHIRO, 2004). As análises por calorimetria exploratória diferencial (DSC) da resina foram realizadas em um calorímetro TA Instruments modelo DSC Seiko, disponível no DMT/FEG/UNESP e adquirido no Processo FAPESP 08/00171-1, sob atmosfera de nitrogênio a uma razão de aquecimento 10ºC.min-1, aquecendo-se cerca de 5 mg de cada amostra de 0 a 100ºC. 5.1.2 Análise Viscosimétrica O estudo reológico dos materiais no estado sólido ou em solução nos permite obter informações muito importantes a respeito das propriedades de escoamento e deformação dos materiais, sendo a caracterização reológica dos polímeros no estado sólido ou no estado fundido importante para avaliar certas propriedades mecânicas, que estão associadas à 27 capacidade de processamento termomecânico de materiais poliméricos (injeção, extrusão, sopro, calandragem, etc.). A viscosidade é a medida da fricção interna de um fluido que resiste ao escoamento e é mensurada em viscosímetros, os quais podem ser classificados em dois grupos: primário e secundário. No grupo primário estão os instrumentos que realizam medidas diretas da tensão e da taxa de deformação do fluido. Instrumentos com diversos arranjos podem ser concebidos para este fim: entre eles há o de disco, o de cone-disco e o de cilindro rotativo, todos eles visando a reprodução do escoamento entre placas planas paralelas. Os viscosímetros do grupo secundário inferem a razão entre a tensão aplicada e a taxa de deformação por meios indiretos, isto é, sem medir a tensão e deformação diretamente. Nesta categoria estão o viscosímetro capilar, no qual a viscosidade é obtida por meio da medida do gradiente de pressão de um escoamento laminar em um tubo e o viscosímetro de Stokes, onde ela é determinada através de medições do tempo de queda livre de uma esfera através de um fluido estacionário. Nessa pesquisa foi utilizado um viscosímetro do tipo primário modelo Brookfield LV DV-II+ ProViscometer, que é muito utilizado nos laboratórios pela sua facilidade de manuseio, com o fuso Fuso FSC4-27 para manter o trabalho do fuso entre 10% e 90% do torque. A velocidade foi de 70 rpm e as medidas de ponto foram coletadas a cada 10 segundos. 4.1.2 Escolha do material 4.2.1 Matriz As resinas analisadas foram Araldite LY5052, EPOCAST 50-A1 e Hysol EA9396. O sistema epoxídico que apresentou em seu datasheet (apêndices A a C) melhores propriedades para o processamento foi Araldite LY5052, como alto tempo de manuseio, baixa viscosidade até 40oC, permitindo fácil processabilidade, e excelentes propriedades mecânicas e dinâmicas com cura de 60oC, considerada ainda uma cura á temperatura ambiente. A confirmação dos dados do datasheet do fabricante será realizada com ensaios de determinação de viscosidade, DSC de fluxo de calor, seguem resultados nas figuras 4 a 10: 28 5.2.1.1 DSC: Araldite LY5052 Figura 4: Gráfico do ensaio de DSC da resina Araldite LY5052. Fonte: (Autora, 2013). A partir da análise DSC da cura de um composto de resina epóxi verificou-se que o aumento da temperatura na primeira passagem causa a cura da resina epóxi, criando um pico exotérmico no DSC, e alterando o calor específico do material. Temp Cel 110.0100.090.080.070.060.050.040.030.0 D S C m W 6.000 5.000 4.000 3.000 2.000 1.000 0.000 Module: DSC Data Name: 5052 - resina Measurement Date: 13/04/2011 Sample Name: 5052 -resina Temperature Program: Cel Cel Cel/min min s 1* 25 100 3 1 0.5 Gas1: Ar estático Pan: aluminio 29 A partir desta curva pôde-se identificar a temperatura de cura, ao traçar uma reta na vertical até atingir a reta abscissa no segundo pico observado, assim encontra-se a temperatura de 63,5ºC, resultado bem próximo do valor fornecido de 60ºC, no datasheet da matriz (apêndice A). Figura 5: Gráfico parcial do ensaio de DSC da resina Araldite LY5052. Fonte: (Autora, 2013). A partir desta curva pôde-se identificar a temperatura de Tg de 57,93ºC, ao traçar as tangentes conforme demonstrado na figura 5. Esse resultado se aproxima ao tabelado de 52- 55ºC, no apêndice A. Esta temperatura é o valor médio da faixa de temperatura que, durante o aquecimento de um material polimérico de uma temperatura muito baixa para valores mais altos, permite que as cadeias poliméricas da fase amorfa adquiram mobilidade, ou seja, adquiram possibilidade de mudança de conformação. Abaixo da Tg o polímero não tem energia interna suficiente para permitir o deslocamento de uma cadeia com relação a outra por mudanças conformacionais. Temp Cel 80.0075.0070.0065.0060.0055.0050.0045.0040.0035.0030.00 D S C m W 4.000 3.000 2.000 1.000 0.000 -1.000 51.48Cel 59.55Cel 57.93Cel 0.104992mJ/deg.mg 30 5.2.1.2 DSC: EPOCAST 50-A1 Resin Figura 6: Gráfico do ensaio de DSC da resina Epocast 50-A1. Fonte: (Autora, 2013). Nesta corrida dinâmica realizou-se o primeiro aquecimento, resfriou o equipamento até a temperatura ambiente e iniciou-se o segundo aquecimento. A partir da curva pode-se identificar que no início do ensaio houve um erro operacional, iniciando a corrida antes do equipamento atingir a temperatura ambiente. Temp Cel 140.0120.0100.080.060.040.020.0 D S C m W 6.000 4.000 2.000 0.000 -2.000 -4.000 -6.000 -8.000 Module: DSC Data Name: Hardener 9816 Measurement Date: 03/06/2011 Sample Name: Hardener 9816 Temperature Program: Cel Cel Cel/min min s 1* 25 100 3 0 0.5 2* 100 100 0.01 1 0.5 Gas1: Nitrogenio (20ml/min) Pan: vazio 31 Considerando que a segunda corrida é a mais importante por não mascarar os dados, não foi possível identificar as mudanças da linha base na curva da figura 6. Assim não foi possível comparar os dados obtidos pelo ensaio com o os dados do datasheet da resina Epocast 50-A1 (apêndice B). 5.2.1.3 DSC: Hysol EA9396 Figura 7: Gráfico do ensaio de DSC da resina Hysol EA9396. Fonte: (Autora, 2013). Temp Cel 120.0100.080.060.040.020.0 D S C m W 8.000 6.000 4.000 2.000 0.000 -2.000 -4.000 -6.000 Module: DSC Data Name: Hysol EA 9693 Measurement Date: 03/06/2011 Sample Name: Hysol EA 9396 Temperature Program: Cel Cel Cel/min min s 1* 25 100 3 0 0.5 2* 100 100 0.01 1 0.5 Gas1: Nitrogenio (20ml/min) Pan: vazio 32 Novamente repetiu-se o procedimento para a amostra Hysol EA9396, realizando o primeiro aquecimento, seguido do resfriamento do equipamento até a temperatura ambiente e por último o segundo aquecimento. Pode-se observar que no inicio do ensaio houve a interferência de ruídos, o que acarretou o primeiro desvio. As corridas dinâmicas e isotermas das resinas Epocast 50-A1 e Hysol EA9396 não apresentaram resultados satisfatórios, pois não foi possível identificar a linha base, ou seja, a porção linear da Curva DSC não exibe desvio, Exotérmico ou Endotérmico, significativo na presença da amostra. Os fatores que influenciam a curva DSC podem ser por causa do nível de ruído, quantidade traços de resíduos de experimentos prévios pode ter atacado o sistema, como também o resíduo de material decomposto ou sublimado pode ter condensado no sistema e a não utilização de Regulador de voltagem, ou regulador de Voltagem ineficiente. Além da razão de aquecimento do forno, suporte de amostra, atmosfera do forno, sensibilidade do mecanismo de registro e a localização do termopar na amostra. 5.2.1.4 Viscosimetria: Araldite LY5052 As amostras pesadas e catalisadas foram levadas ao viscosímetro a fim de se encontrar o valor da viscosidade de cada amostra realizada quando essa sofre uma taxa de cisalhamento realizada pela rotação do fuso. Nos ensaios de viscosidade utilizou-se o Viscosímetro de Brookfield LV DV-II+ ProViscometer e o fuso FSC4-27. A escolha do fuso foi correta para esses materiais, com a porcentagem de torque acima de 10%, o que permitiu a analise de resistência, com o giro do fuso no material. 33 Figura 8: Gráfico de análise viscosimétrica da resina Araldite LY5052. Fonte: (Autora, 2013). 5.2.1.5 Viscosimetria: EPOCAST 50-A1 Resin Figura 9: Gráfico de análise viscosimétrica da resina EPOCAST 50-A1. Fonte: (Autora, 2013). As resinas Epocast 50-A1 e Hysol EA9396 apresentaram alta viscosidade, o que é um agravante para processos de moldagem líquida, que se tornam inviáveis em baixas temperaturas. 34 5.2.1.6 Viscosimetria: Hysol EA9396 Figura 10: Gráfico de análise viscosimétrica da resina Hysol EA9396. Fonte: (Autora, 2013). Nesta prática, determina que a viscosidade de um fluido, pode ser realizada através de método simples, com o equipamento Viscosímetro de Brookfield, onde os procedimentos também são bastante simples e práticos que podem facilmente serem aplicados em processos para controle de viscosidade. Através das analises das figuras 8, 9 e 10, nota-se que a viscosidade do polímero degradado em relação ao polímero inicial diminuiu, confirmando que a quebra das moléculas ocorreu de forma eficiente, considerando o ensaio de caráter qualitativo, ou seja, ele apenas qualifica, referencia a natureza do composto. E apenas a resina Araldite 5052 apresentou propriedades apropriadas para o processo de laminação manual com bolsa de vácuo. 5.3 Reforço O tecido de fibra de carbono utilizado (figura 11) produzido pela HEXEL Composites, o HexTow AS2C - Plain wave apresenta 3K de filamentos, densidade de 1,80 g/cm3 e teor de carbono de 94%. Com fibras contínuas de alto desempenho, com boa resistência ao cisalhamento e indicado para aplicações estruturais (dataSheet em Apêndice D). 35 Figura 11: Tecido HexTow AS2C – Plain wave. Fonte: (Autora, 2013). 6 ESTUDOS DE CASO 6.1 Estudo de caso 1: Volante O objetivo desse estudo é apresentar o processamento de um volante de compósito híbrido carbono/aramida confeccionado pela técnica de “saco de vácuo” para ser aplicado no projeto Baja SAE. Os requisitos do projeto do subsistema de direção eram reduzir a massa em 20%, alta relação resistência/peso, ergonomia, proporcionar maior desempenho e controle direcional. 6.1.1 Materiais utilizados O compósito foi laminado utilizando 20% de fibras de vidro e 80% de fibras de carbono, deixando sempre duas camadas de carbono na superfície exterior, unidas por uma resina de sistema epoxídico comercialmente denominada Araldite 5052. Como material de núcleo utilizou-se espuma expansiva de poliuretano, que é fornecida em dois componentes, e é usada na isolação de ambientes refrigerados, preenchimento de cavidades, canalizações térmicas, entre outras aplicações. Esse material apresenta baixo fator de condutibilidade térmica, como também ótima estabilidade dimensional às variações de temperaturas e umidade, baixa densidade, e é aplicado em diversos aspectos industriais. 36 6.1.2 Metodologia O processo se iniciou na fabricação do molde fêmea da peça, e para facilitar a laminação, foi feito em duas partes, sendo uma superior e outra inferior. O laminado foi confeccionado pelo processo de laminação manual em bolsa de vácuo para permitir impregnação adequada da resina e a cura de 4 hora á 60ºC em uma estufa para materiais compósitos. Figura 12: Preparação do molde do volante. Fonte: (Autora, 2013). Após as duas partes curadas e devidamente rebarbadas, preencheu-se a cavidade de cada uma delas, com espuma de poliuretano, limitando seu crescimento até tangenciar a fronteira da peça. 37 Figura 13: Processo de laminação manual na parte inferior do molde do volante. Fonte: (Autora, 2013). A junção das partes foi feita com tecido de fibra de carbono desfiado, para realizar esse método fez-se um chanfro no poliuretano em todo contorno da metade e em seguida preencheu com os fios de carbono retirados da trama umedecidos com a mesma matriz utilizada na laminação. Se repetiu esse processo para as duas partes e posteriormente, as metades, posicionadas novamente no molde, foram pressionadas adequando sua geometria para formar a peça final, e foi levado para a estufa para a cura da resina inserida. Assim, com o volante montado, o conjunto foi rebarbado e lixado na água para ter um bom acabamento superficial antes da aplicação de verniz. Por último, foram inseridos três recortes de borracha nas áreas de apoio das mãos, para melhorar o conforto do piloto. Na parte de montagem do volante no protótipo, houve a necessidade de realizar furos para a sua fixação no cubo de direção, e para inserir equipamentos da parte elétrica. Para esses furos, foram utilizadas brocas pontiagudas com penetração gradual, além do pré-furo, para reduzir as delaminações e deslocamento fibra/matriz. 38 6.1.3 Resultados O processo de fabricação se mostrou eficiente, dentro dos recursos disponíveis para a equipe e o produto final atingiu seu objetivo de ergonomia, desempenho mecânico e redução de massa de 318,0g do volante anterior, que era modelo comercial fabricado em alumínio. Figura 14: Volante posicionado no protótipo. Fonte: (Autora, 2013). Em um próximo trabalho, há a necessidade de melhorar o acabamento dos moldes para reduzir as etapas de retrabalho pós-laminação, o que irá otimizar o processo de fabricação e reduzir custos de produção. 6.1.4 Conclusão O compósito híbrido vidro/carbono (20%/80%) apresentou resultados satisfatórios atendendo às necessidades de projeto. A peça foi validada em 4 competições do protótipo Guará, somando mais de 14 horas de enduro, onde há constante solicitações de esforço. Após uma análise do componente, não foi possível encontrar trincas e delaminações no corpo do volante. Apenas apresentou delaminações nas zonas afetadas pela furação, contudo esse defeito não comprometeu a peça. Portanto, pode-se concluir que o material compósito pode ser usado em veículos fora de estrada. 39 6.2 Estudo de caso 2: Proteção do CVT O objetivo desse estudo é mostrar que o compósito híbrido carbono/aramida confeccionado pela técnica de saco de vácuo pode substituir peças metálicas confeccionadas em AÇO SAE 1010 em situações de solicitação em impacto, visto que os resultados de absorção de energia são similares e reprodutíveis. Será analisado a Proteção do CVT (Continuously variable transmission), que é um tipo de transmissão que simula uma quantidade infinita de relações de marcha, uma vez que funciona com um sistema de duas polias de tamanhos diferentes interligadas por uma correia metálica de alta resistência. A caixa protetora envolve o sistema de câmbio do veículo, com a função de impedir a entrada de impurezas que possam comprometer o funcionamento do CVT e pela segurança, devido à alta temperatura que esse sistema atinge e rompimento da correia que conecta as polias. 6.2.1 Materiais utilizados Foram confeccionados 8 corpos de prova para cada material, com as seguintes características: Figura 15: Tecido de fibra de aramida. Fonte: (Autora, 2013). Material compósito: O compósito foi laminado utilizando 50% de fibras de aramida (Kevlar) e 50% de fibras de carbono, sendo 5 lâminas de cada reforço intercalados, unidas por uma resina de sistema epoxídico comercialmente denominada ARALDITE 5052. O laminado foi confeccionado em bolsa de vácuo para permitir impregnação adequada da resina e espessura final de 3,0 mm. http://pt.wikipedia.org/wiki/Transmiss%C3%A3o 40 Material metálico: Os corpos de prova de aço 1010 foram retirados de uma chapa metálica como fornecida, com espessura de 1,5 mm. Os corpos de prova foram cortados nas dimensões de 100 X 150 mm, de acordo com a Norma ASTM D 7136. O ensaio foi realizado no DCTA, utilizando uma torre para ensaio de impacto construída por eles, com penetrador esférico e 1,5 Kg de carga. Este ensaio também obedeceu as solicitações da norma ASTM D 7136. 6.2.2 Metodologia de ensaio Os corpos de prova foram laminados na indústria Alltec, em São José dos Campos, utilizando saco de vácuo para dispersão uniforme da resina entre as fibras e eliminação de vazios. Os corpos de prova de compósito foram curados por aproximadamente 1 hora em temperatura ambiente e mais 1 hora em estufa a 60°C. Após curados os corpos de prova foram cortados nas dimensões requeridas pela norma citada acima. O ensaio de impacto foi realizado no Departamento de Engenharia Mecânica do ITA/DCTA, utilizando uma torre para ensaio de impacto, com penetrador esférico e 1,5 Kg de carga. Este ensaio obedeceu às solicitações da norma ASTM D 7136, sendo ensaiados 5 corpos de prova para cada material, que foram posicionados no dispositivo indicado na foto da Figura 16.b. Figura 16: a) máquina de ensaio; b) dispositivo para ensaio de impacto. a) FOTO DA MÁQUINA b) FOTO DO DISPOSITIVO Fonte: (Autora, 2013). 41 O ensaio consiste em soltar um dispositivo, com carga, de uma altura que promova o impacto com a energia desejada no material. E o penetrador recebeu uma carga de 1,5 Kg e foi ajustado a uma altura suficiente para impactar o material com 25J de energia. 6.2.3 Resultados Os dados de absorção de energia determinados no ensaio estão descritos na Tabela 2 e também foram plotados nos gráficos a seguir. Tabela 2: Energia absorvida pelos materiais. CDP Compósito CDP Aço SAE 1010 CDP Energia Absorvida (J) CDP Energia Absorvida (J) 2 22,29 2 21,00 4 21,52 4 22,65 5 20,67 5 21,82 6 21,65 6 22,63 7 20,42 7 22,40 Média 21,52 Média 22,40 Desv. Pad. 0,761872693 Desv. Pad. 0,700321355 Os valores da tabela mostram a similaridade na quantidade de energia absorvida pelos materiais. As avaliações da absorção de energia determinadas no ensaio estão apresentadas nas figuras 17 e 18. A figura 17.a mostra as curvas de Energia Absorvida por tempo de impacto para os cdps de compósito, a figura 17.b mostra os mesmos dados para os cdps de aço 1010. Os gráficos mostram um perfil de absorção semelhante e resultados pouco dispersos. Figura 17: a) Energia de impacto absorvida pelo compósito; b) Energia de impacto absorvida pelo aço. a) b) En e rg ia A b so rv id a (J ) Tempo (s) CDP - AÇO SAE 1010 CDP-2 CDP-4 CDP-5 CDP-6 CDP-7 0 25 42 As curvas apresentadas nesta figura mostram um perfil de absorção bastante semelhante e com baixa dispersão. Verifica-se na figura 18 apresenta uma comparação entre os valores médios de absorção de energia dos dois materiais. Considerando que o penetrador toca as amostras com mesma energia, cerca de 25J, a curva do compósito mais prolongada indica que o penetrador esférico ficou menos tempo em contato com o material, portanto a energia absorvida é inferior a absorvida pelo aço. No entanto, a diferença entre os valores é baixa o suficiente para permitir a substituição do material em componentes não estruturais, considerando a efetiva redução do peso que a substituição trará. Figura 18: Comparação entre as médias de energia absorvida pelos materiais. Fonte: (Autora, 2013). A energia média absorvida pelo compósito híbrido foi de 21,31 J enquanto a do aço SAE 1010 foi de 22,1J, uma diferença menor que 1J. O compósito descrito neste estudo foi aplicado, com função mecânica e de segurança, na confecção da caixa de proteção do CVT do Baja SAE do campus da Faculdade de Engenharia – Guaratinguetá, e parte dele pode ser vista na fotografia mostrada na figura 19. 43 Figura 19: Caixa de proteção do CVT. Fonte: (Autora, 2013). 6.2.4 Conclusão O compósito híbrido aramida/carbono (50%/50%) com 3,0mm de espessura apresenta nível similar de absorção de energia, considerando uma chapa de aço SAE 1010 de 1,5mm. Portanto, pode-se concluir que o material compósito pode ser usado para substituir peças metálicas confeccionadas em aço SAE 1010 desde que tenham o dobro da espessura do material metálico. 7 CONCLUSÃO O presente trabalho está orientado para o processamento de compósitos para aplicação no projeto Baja SAE e, portanto, comparando os resultados com os critérios apresentados conclui-se que o projeto proposto é adequado para o uso em um protótipo. Pode-se concluir que o processo de fabricação descrito é viável para o projeto, considerando a produção de peças atende a demanda da equipe e o baixo custo de fabricação do molde e de laminação. A metodologia do processo de laminação estabelecida nos estudos de caso foi validada e contribuiu para o desenvolvimento científico e tecnológico da equipe de Baja SAE da UNESP Guaratinguetá, o que auxiliou no melhor desempenho nas competições. 44 8 CORRELAÇÃO ACADÊMICA Ao longo da pesquisa foi possível adequar à prática, vários conteúdos acadêmicos, conforme a lista abaixo:  Introdução à Metodologia Científica;  Estrutura dos Materiais;  Estática e Introdução à Resistência dos Materiais;  Microscopia e Caracterização de Estruturas;  Análises Térmicas;  Processamento de Polímeros;  Propriedades dos Materiais;  Introdução à Reologia;  Processamento de Compósitos;  Usinagem e Metrologia.  Pesquisa e Desenvolvimento em Ciência dos Materiais;  Pesquisa e Desenvolvimento em Processamento dos Materiais;  Pesquisa e Desenvolvimento em Caracterização dos Materiais;  Trabalho de Conclusão de Curso. 9 TRABALHOS FUTUROS Há a necessidade para trabalhos futuros de se estudar o desgaste e a degradação das peças estudadas nesse presente trabalho, principalmente após o enduro de 4h onde o protótipo está sujeito á solicitações de impacto constante. A análise térmica aplicada à resina para se obter parâmetros de estabilidade térmica e estágios de degradação, essas análises serão realizadas em uma termobalança Seiko (modelo TGA-50), disponível no DMT/FEG/UNESP e adquirida no processo FAPESP 08/00171-1. Em acréscimo, tem-se a análise mecânica, através do ensaio de fadiga no corpo-de-prova e a caracterização microscópica. 45 BIBLIOGRAFIA ABRATE, S. Impact on Laminated Composites Materials, Applied Mechanics Review, 44: 155-190 (1991). BAUER, R. S. Application of epoxy resins in advanced composites. In: Internacional Sampe Symposium. Tomorrow's Materials: Today. Vol. 34-II, (1989), 1889-1900. BECKWITH, S. W., HYLAND, C. R. Resin tranfer molding: a decade of technology advances. In: Resin Tranfer Molding, SAMPE Monograph n. 3, 1999. CALLISTER, W.D., Jr. Ciência e Engenharia de Materiais: Uma introdução, 5 ed., 2002. ERICKSON, L. I., Contact Stress in Bolted Joints of Composite Laminates. Composite Structures, : 57-75 (1989). 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