1 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA CÂMPUS DE BOTUCATU RELAÇÃO DOS AGENTES E ESTRUTURA DE GOVERNANÇA NO ARRANJO PRODUTIVO DA OVINOCULTURA DE CORTE NA REGIÃO DE GUARAPUAVA, PR Rafael Fernando dos Santos Dissertação apresentada ao Programa de Pós- graduação em Zootecnia como parte das exigências para obtenção do título de Mestre BOTUCATU - SP JANEIRO – 2017 2 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA CÂMPUS DE BOTUCATU RELAÇÃO DOS AGENTES E ESTRUTURA DE GOVERNANÇA NO ARRANJO PRODUTIVO DA OVINOCULTURA DE CORTE NA REGIÃO DE GUARAPUAVA, PR Rafael Fernando dos Santos Zootecnista Orientador: Prof. Dr. Ciniro Costa Dissertação apresentada ao Programa de Pós- graduação em Zootecnia como parte das exigências para obtenção do título de Mestre BOTUCATU - SP JANEIRO – 2017 3 4 DEDICATÓRIA Aos trabalhadores, produtores rurais, técnicos, pesquisadores e entusiastas da ovinocultura, que com dedicação e perseverança fomentam a atividade no Brasil. Vocês são minha inspiração para atuar neste segmento da Zootecnia. 5 AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradeço ao meu orientador Professor Dr. Ciniro Costa pela oportunidade de integrar sua equipe de pesquisa e principalmente por compreender a proposta do estudo, que permitiu minha atuação como empresário em conjunto com a pesquisa. A transferência tecnológica depende de posturas como esta e estou muito realizado com os resultados alcançados. Ao Professor Dr. Paulo Roberto de Lima Meirelles, pela prontidão no auxílio às questões técnicas da pesquisa e da produção de ovinos como um todo. Este amparo foi fundamental para manter a motivação constante. A equipe do Professor Ciniro, dedicada em melhorar os sistemas de produção de ovinos. Em especial, agradeço a todos pela realização do I Workshop Internacional em Sistemas Integrados de Produção Agropecuária – Ovinocultura de Corte. Ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP, Campus de Botucatu, aos coordenadores e funcionários e à CAPES (Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior) que cedeu-me a bolsa de estudo. Estruturas fundamentais para a realização do curso de mestrado. A equipe da CooperAliança pela disponibilidade e confiança no trabalho proposto. Em especial a Adriane Araujo que desenvolve um trabalho inspirador como gestora da Cooperativa, além de ser uma pessoa comprometida, humana e visionária. A equipe da CORDEIROBIZ, que compartilhou comigo todas as etapas para a realização da pesquisa de mestrado, com orientações e auxílios, além do suporte com as atividades da empresa, enquanto eu estava dedicado ao estudo. Em especial, agradeço a Livia Capelluppi e Natalia Aono que estiveram comigo no dia a dia. O amparo e amizade foram fundamentais. Ao meu irmão Matheus Santos, que sempre esteve como conselheiro nas decisões que foram tomadas no caminho. Além do apoio emocional, sua participação técnica com conhecimentos em engenharia foi norteadora para os resultados deste estudo. 6 Aos meus pais Francisco e Marcia, que concederam apoio incondicional desde que decidi retornar a Botucatu para desenvolver a pesquisa e trabalhar com transferência tecnológica. Um sonho que se sonha sozinho é apenas um sonho. Um sonho que se sonha em conjunto, se torna realidade. A toda minha família que acompanha o meu trabalho, me questiona e me incentiva a lutar pelos meus sonhos. Em especial a minha avó Nice e minha tia Cristina que compartilham das conquistas. Ao meu amigo de mais de uma década, André Albuquerque, que me acolheu quando retornei a Botucatu. Nossa rotina descontraída foi fundamental para tornar o peso das responsabilidades mais leve e a vida mais divertida e saudável. Aos amigos que são seres de luz que o universo coloca em nossa vida por razões especiais. A Cristiane (Katota) pela vitalidade, a Barbara (Paga) pela fraternidade, a Letícia (Skalar) pela serenidade, a Livia Matsu e Ana Paula pela sociabilidade, a Maria Fernanda (Liminha) pela perseverança, a Fabiana (Xica) pela fidelidade, a Dani Lazarini pela confidencialidade e ao Gustavo (Mukeka) pelo companheirismo, além do meu profundo agradecimento a todas as pessoas que contribuíram para que eu pudesse alcançar tais conquistas. 7 SUMÁRIO CAPÍTULO 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................. 11 1. QUALIDADE DA CARNE OVINA.................................................................. 14 2. GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS................................................... 15 3. GOVERNANÇA E TEORIA DA ECONOMIA DOS CUSTOS DE TRANSAÇÃO.................................................................................................................... 20 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 24 CAPÍTULO 2 ANÁLISE DA RELAÇÃO DOS AGENTES E ESTRUTURA DE GOVERNANÇA NO ARRANJO PRODUTIVO DA OVINOCULTURA DE CORTE RESUMO .............................................................................................................. 33 ABSTRACT .......................................................................................................... 34 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 35 2. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................... 36 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................ 40 3.1. Relação entre os agentes do arranjo produtivo................................................ 47 3.2. Estruturas de Governança................................................................................ 53 4. CONCLUSÕES .................................................................................................. 61 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 61 CAPÍTULO 3 IMPLICAÇÕES ..................................................................................................... 67 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Fluxos de informação e de materiais entre os agentes da cadeia estudada....... 43 Figura 2. A incerteza entre os agentes e estruturas de governança na cadeia de ovinocultura estudada. Nível de incerteza médio entre cooperativa e cooperado. Níveis de incerteza baixo entre cooperativa, processador e atacado/varejo................................................................. 57 9 LISTA DE QUADROS Quadro 1. Requisitos de qualidade controlados pela cooperativa nos agentes estudados............................................................................................................................. 40 Quadro 2. Principais entraves nas transações entre a cooperativa e os produtores cooperados no caso estudado.................................................................................................................. 47 Quadro 3. Principais entraves nas transações entre a cooperativa e o transportador, processador e clientes no caso estudado.............................................................................. 51 Quadro 4. Consolidação da análise dos atributos de transação para os agentes da cadeia de ovinos estudada.................................................................................................................... 53 Quadro 5. Alinhamento dos contratos: especificidade dos ativos e incerteza.................... 56 10 CAPÍTULO 1 11 CONSIDERAÇÕES INICIAIS A carne ovina clandestina representa um problema para a ovinocultura de corte brasileira devido à falta de inspeção sanitária e padronização do produto final (SOUZA, 2012). O abate clandestino é um fator que limita a melhora das relações contratuais entre a indústria e o varejo, pois não resulta em cortes padronizados e marcas, nem garante a segurança sanitária ao consumidor, vez que no mercado informal não se faz exigências quanto a qualidade dos produtos, que são distribuídos sem condições adequadas de transporte (SORIO e RASI, 2010). O volume do rebanho ovino no Brasil apresentou tendência de crescimento nos últimos dez anos, apesar da redução ocorrida entre 2011 e 2012, sendo a possível causa do crescimento a menor concentração regional dos animais e a crescente demanda por produtos da ovinocultura (EMBRAPA, 2016). Durante o período de 1976 a 2010 houve a consolidação do rebanho ovino nas regiões Nordeste e Sul do país, seguido do crescimento no rebanho ovino da região Centro-Oeste (HERMUCHE, 2012), abrindo mercados de grande potencial para consumo da carne ovina e de seus coprodutos (GERON, 2012), sendo a ovinocultura uma importante atividade pecuária por gerar renda e subsistência (MARANHÃO, 2013). Em 2014, o rebanho ovino foi registrado com 17.614.454 cabeças, das quais 10.126.799 estão no Nordeste (57,5%) e 5.166.225 na Região Sul (29,3%), posicionando o Brasil com o 18º maior rebanho de ovinos no planeta (EMBRAPA, 2016). Mesmo com a expansão da ovinocultura nacional na última década, o consumo de carne ovina ainda é considerado muito baixo, em torno de 700 gramas anual por habitante, contra um consumo anual per capita de 30,6 kg de carne bovina, 44,4 kg carne de frango e 14,8 kg carne suína registrados em 2015 (IBGE, 2016). No mesmo ano, o consumo per capita anual de carne ovina na Austrália e na Nova Zelândia foi de 18,4 e 49,6 kg/habitante/ano, respectivamente (FAO, 2015). Para abastecer a demanda do consumo interno, o Brasil ainda recorre a importação de carne ovina proveniente principalmente do Uruguai e o destino mais frequente destes produtos são os grandes centros consumidores das capitais brasileiras, dado que aponta as oportunidades que a cadeia produtiva nacional encontra para o desenvolvimento deste mercado (SOUZA, 2012). Um estudo de caso realizado por Medeiros (2009) apontou que a informalidade no mercado é considerada pelos entrevistados como um gargalo, pois causa a desconfiança do consumidor e uma competição por preço com as carnes inspecionadas. Medeiros (2005) 12 reforça o conceito de estabelecer uma coordenação técnica da produção que resulte na padronização tecnológica e favoreça a adoção de sistemas de produção dos animais relativamente padronizado na escolha das raças e manejos (reprodutivo, alimentar, sanitário), estendendo para a padronização das instalações e outros mecanismos que garantirão certo nível de uniformidade na oferta da matéria-prima (animais). A jusante do produtor de ovinos, destacando os frigoríficos e a grande distribuição, é preciso que a coordenação técnica se estabeleça de modo uniforme sobre os fornecedores, permitindo o atendimento às exigências de padronização, qualidade e preferência do mercado consumidor (MEDEIROS, 2009). Os problemas na produção afetam a entrega da matéria-prima para a indústria processadora e o abate clandestino torna-se o principal destino de mais 50% dos animais entregues ao mercado, com a distribuição da carne preferencialmente em açougues (LUCENA, 2006). Para Nogueira Filho (2003), os frigoríficos especializados ainda eram poucos e mesmo assim trabalhavam de forma ociosa e pouco articulada com os produtores. Sorio e Rasi (2010) discute sobre a existência de poucas indústrias dedicadas ao abate de ovinos no Brasil, atrelado a uma tradição de autoconsumo de carne ovina nas propriedades rurais, com a utilização de técnicas de abate pela população rural. Segundo Lucena (2006), algumas tecnologias ganharam espaço dentro da produção de ovinos, como a inseminação artificial, melhoramento genético e técnicas de nutrição, como a utilização de flushing, pastejo rotacionado e implantação dos sistemas integrados de produção agropecuária, resultando na produção e entrega de animais precoces e padronizados para frigoríficos legalizados. Porto (2011) considera necessária a utilização de brincos, software, chips, computador ou mesmo caderno de anotações para a identificação e registros de ocorrências importantes no rebanho que influenciam na produtividade e redução dos custos. Porém, o mesmo autor identificou que pelo menos 50% dos produtores não controlam adequadamente sua produção. De acordo com Bortoli (2016), a carne ovina está em ascensão no mercado e os consumidores passarão a exigir requisitos de qualidade e padronização, e sugere melhorias dos indicadores zootécnicos para atingir o potencial de consumo nos principais centros urbanos do país, além das oportunidades para exportação. Ainda de acordo com o autor, a ovinocultura é promissora no estado do Paraná e mostra-se como alternativa de diversificação das propriedades rurais. Firreti (2013) desenvolveu estudos sobre preferência 13 e satisfação quanto ao consumo e aquisição de carne ovina nas cidades de Londrina e Maringá no estado do Paraná, e identificaram que existe possibilidade de expansão ou aumento na frequência de consumo da carne desde que aspectos negativos, tais como disponibilidade e preço, sejam contornados. As quantidades de carnes consumidas em cada mercado dependem do poder aquisitivo das populações, das tradições, dos costumes e da oferta de produtos (GIROTTO, 2013). A produção de ovinos no estado do Paraná possui aptidão para corte, em sistemas mais intensificados, organizados em cooperativas e utilizam tecnologias de produção como pastagens plantadas, suplementação e sistemas integrados de produção agropecuária (PIRES, 2014). O estado possui um rebanho estimado de 650 mil cabeças (IBGE, 2014). Dentre os atuais estudos em produção de ovinos, destacam-se estudos referentes a aspectos nutricionais, uma vez que a melhoria do sistema alimentar pode proporcionar redução nos custos de produção (PARIZ, 2013). Em contrapartida, são escassos os estudos que contemplem a caracterização das relações sociais e econômicas entre os agentes da cadeia produtiva da carne de ovinos, assim como o conhecimento dos direitos e deveres que cada agente deve possuir para estabelecimento de um padrão de qualidade de produção. O padrão de qualidade engloba aspectos inerentes à demanda, escala de produção e produtos que possam atender tanto às necessidades regionais quanto a aquelas de âmbito internacional. As relações entre os mercados globais com a adoção de novas tecnologias, principalmente em relação a sistemas avançados de informações, fazem com que cada vez mais os produtos e serviços disponíveis no mercado se assemelhem entre si e exige das organizações a busca de diferenciais competitivos (PORTER, 1999). Essas transformações em ritmo acelerado afetam de forma significativa as organizações e seus modelos gerenciais, e exigem delas adaptação a uma nova realidade e postura perante a gestão estratégica organizacional (ALDRICH, 2004). Portanto, o processo de gestão exige um nível cada vez maior de competência e não permite procedimentos amadores e improvisações, sendo imprescindível que a ação de gerir e planejar seja a base fundamental de uma organização (AZEVEDO; COSTA, 2001). 14 1. QUALIDADE DA CARNE OVINA Na ovinocultura de corte brasileira, o abate clandestino é uma das principais vias de escoamento da produção, vez que existe uma tradição de autoconsumo de carne ovina nas propriedades rurais e leva o consumidor a crer que a carne vinda diretamente do produtor é de melhor qualidade, estimulando assim o aprendizado das técnicas de abate pelas populações rurais e continuidade do mercado informal (SORIO e RASI 2010). Argenta (2013) destaca que para atender uma determinada necessidade, o ovinocultor precisará adotar métodos de gestão empresarial e utilizar a inovação como estratégia de produção e comercialização de carnes de ovinos, pois de acordo com o autor, mesmo com estabelecimento de um produto com padrão de qualidade, coloca-se a importância da realização de uma pesquisa de satisfação dos consumidores, o que possibilitaria um melhor conhecimento de seus clientes. Costa (2007) aponta a carência de informações sobre a produção de ovinos no Brasil desde questões relacionadas a técnicas de produção da matéria-prima até o entendimento dos mercados consumidores. Bortoli (2008) caracterizou o consumidor da carne ovina em Porto Alegre, RS. Os entrevistados consideraram que a aparência do produto, registro de inspeção e certificação da qualidade foram os atributos com maior valorização. Outra informação importante do estudo é o local da compra, onde a carne ovina foi adquirida nos supermercados/hipermercados por 45% dos consumidores e 30% adquiriram os produtores em casas de carnes especializadas e açougues. A qualidade da carne ovina pode ser definida pelo aspecto sanitário, cor da carne e gordura, a quantidade de gordura intermuscular, de marmoreio de cobertura no músculo, associada aos atributos sensoriais, aroma, maciez, sabor entres outros. Estes atributos podem ser influenciados pelos fatores intrínsecos: idade do animal, sexo, raça, nutrição, sistemas de terminação (pastejo, semiconfinamento ou confinamento) e peso de abate e/ou pelos fatores extrínsecos: condições de abate, armazenamento na câmara fria e métodos de conservação (OSÓRIO et al., 2009a; OLIVEIRA et al., 2013; PANEA et al., 2013, ALVES et al. 2014). Um estudo realizado por Viana (2013) apontou como principal entrave no setor produtivo da carne ovina reside na capacidade de oferta de produtos para diferentes mercados sem uma figura de proteção que identifique e garanta estes produtos. Nesse sentido, caso o ovinocultor atenda os padrões de qualidade preestabelecida conseguirá 15 entregar e associar seu produto a diferentes marcas e oferecer produtos que possam propiciar satisfação aos consumidores mais exigentes (OSÓRIO, 2009). O mesmo autor realizou um estudo em relação as exigências mínimas adotadas pelo programa gestor do Cordeiro de Herval Premium, Rio Grande do Sul, no qual os critérios identificados para seleção dos ovinos são: 1. Condições sanitárias (isentos de ectoparasitas, foot rot, cegueira, miíases, verminose acentuada entre outras); 2. Dentição (dois pares de dentre de leite trocados); 3. Peso corporal (mínimo 25 kg e no máximo 45 kg); 4. Condição corporal (notas de escore entre 3,0 e 3,5); 5. Cobertura de gordura na carcaça (1 a 4 mm); 6. Lã (mínimo 10mm e máximo 30mm); 7. Machos inteiros (até seis meses de idade); 8. Machos castrados (até seis meses de idade); 9. Fêmeas (não prenhes); 10. Todas as raças, desde que cumpram os requisitos anteriores (ALVES, 2014). Portanto, para condições de produção no país, questionamentos deverão ser solucionados nos elos da cadeia produtiva e industrial, pois na maioria das vezes o ovinocultor não recebe pelas características qualitativas do produto final, e é remunerado apenas pelo peso vivo ou da carcaça, com exceção das marcas e modelos de produção já consolidados. Características importantes ainda não são configuradas nas planilhas de rentabilidade, como os resultados de cobertura de gordura nas carcaças, as proporções teciduais e as propriedades nutricionais do produto final (SORIO, 2010). O consumidor tem papel fundamental no sistema produtivo da carne ovina no Brasil, uma vez que é ele quem deve determinar as características de maior importância na carne através do grau de satisfação que o produto lhe proporciona (OSÓRIO, 2013a). 2. GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS Os agentes que participam dos processos de produção da carne ovina podem se organizar em diferentes estruturas para realizar a gestão entre a demanda e a oferta do produto no mercado. Entender a atual estrutura e os possíveis arranjos produtivos da ovinoculltura de corte é fundamental para desenvolver Sistemas de Gestão da Qualidade (SGQ) que minimizem as perdas que ocorrem ao longo da produção, principalmente dentro da propriedade rural, e melhore a relação entre os agentes com transações mais confiáveis eficientes entre eles. Goulart (2009) identificou que o setor da ovinocultura na região central no estado do Rio Grande do Norte encontra-se bastante desorganizado devido a problemática de abate e 16 processamento pela falta de frigoríficos ou abatedouros aproprieados, além da cultura popular regional dos ovinocultures que destinam sua produção para o abate informal, pois ainda mostram-se incapazes de produzir com qualidade e regularidade. Carvalho e Souza (2008) analisaram a cadeia produtiva no município de Garanhuns, PE, e identificaram sérios problemas de coordenação, que combinados, resultam na ineficiência da cadeia e de cada elo especificamente. Segundo Furlanetto e Cândido (2006), a constituição da cadeia ocorre entre diferentes empresas, porém interdependentes, o que requer gerenciamento e coordenação dos elos para o adequado relacionamento, desenvolvimento de inovações, aumento da produtividade e vantagem competitiva. A cadeia de suprimentos é um ciclo de atividades que se incia com a extração de matérias-primas de recursos naturais que são processadas em diversas etapas para a produção de um produto final que, tendo atendido aos requisitos dos consumidores, passam para a estocagem e são distribuídos até chegar ao consumidor (BATTEN, 2008). De acordo com Alvarenga (2011), há a necessidade de coordenar estas relações para cumprir com o objetivo principal da cadeia, que é a produção de bens e serviços esperados pelos consumidores, com o menor desperdício de recursos materiais e humanos, maior eficiência e eficácia. Ainda de acordo com o autor, há a necessidade de entendimento da cadeia, as relações entre seus agentes e as suas necessidades, que é realizado por meio da teoria da Economia dos Custos de Transação (ECT). Du (2009) descreve que devido à alta perecibilidade dos produtos agrícolas, os seus preços diminuem à medida que alcançam a vida-de-prateleira, e que por outro lado, uma falta de previsão na demanda pode provocar uma escassez destes produtos nas prateleiras o que, reunidos, pode resultar em perdas significantivas de receita para as empresas, sendo necessária uma gestão efetiva nestas cadeias. As principais iniciativas de organização da produção, na ovinocultura de corte no Brasil, podem ser caracterizadas como: Associativismo, Cooperativismo, Integração Vertical (domínio hierárquico) e Formas Hibrídas. O associativismo e o cooperativismo têm a função de organizar um número de produtores, coordenando a produção de forma horizontal, com o objetivo de escoar a produção para o mercado. Na integração vertical a produção do bem ou serviço pode dividir-se em uma série de etapas tecnologicamente separadas, mas organizadas e coordenadas numa hierarquia, com o objetivo de atender o mercado com escala. As formas híbridas envolvem a adoção de arranjos diversos nas transações de uma mesma matéria-prima, como 17 exemplo o caso de cooperativas e associações que alugam frigoríficos para o abate dos animais (MEDEIROS, 2009). Yokoya (2009) realizou uma análise qualitativa através do método de estudo de caso da VPJ Comércio de Produtos Alimentícios, no estado de São Paulo, e avaliou os mecanismos de garantia da qualidade ao longo do sistema agroindustrial da carne ovina. O estudo apontou que a empresa adota três principais estratégias de coordenação do seu sistema produtivo: 1. À montante pela integração com outros produtores (associativismo); 2. Produção própria dos animais (integração vertical) e 3. À jusante pelo arrendamento do frigorífico (forma híbrida). Segundo Neves (1995) e Medeiros (2009), existem outras formas de organização da produção, como a quase-integração, que ocorre quando uma empresa possui os equipamentos, insumos específicos, tecnologias ou marcas, e esses são operados por outra firma pertencente a segmentos correlatos, formando alianças mediante contratos formais ou informais (acordos entre atores da cadeia produtiva). Medeiros (2009) observou alianças estratégicas em duas iniciativas: Projeto Londrina de carnes ovinas e Cooperativa da Região de Castro, que coordenam o processo de industrialização e comercialização dos produtos por meio de parcerias com outras organizações. Quanto às diferenças entre as formações dos arranjos produtivos, De Mori, Batalha e Alves Filho (2009) dizem que elas acontecem na forma como ocorre o fluxo de recursos e informações, na intensidade das trocas, nas relações de cooperação, no grau de especialização e desintegração vertical da aglomeração e na capacidade inovativa. Lastres e Cassiolato (2005) apresentam alguns elementos delimitadores de arranjo, como: dimensão territorial; diversidade de atividades e atores econômicos, políticos e sociais; conhecimento tácito, inovação e aprendizado interativo, governança e grau de enraizamento. Para identificar o tipo de um determinado arranjo é necessário analisar algumas particularidades, como a forma de gestão, organização, conformidade com os outros agentes, fluxo de recursos e informações, o grau de articulação e interação dos membros, organização da produção e as estratégias adotadas para obter vantagens competitivas (GONÇALVES, 2012). Para desenvolver novos instrumentos de gestão aplicáveis aos arranjos produtivos é condição necessária conhecer suas particularidades, dado que um arranjo devidamente caracterizado e diferenciado poderá ser gerenciado e tratado adequadamente de acordo com o seu perfil (LEITE; BRITO; OLIVEIRA, 2009). 18 Gonçalves (2012) analisou diferentes tipos de Arranjos, entre eles, o Arranjo Produtivo Local (APL), que abrange Pequenas e Médias Empresas (TEIXEIRA, NASCIMENTO FILHO, 2007), onde a concentração geográfica é uma de suas principais características e há um apoio de sistemas de valores incluindo outros tipos de organizações como universidades, instituições financeiras, etc. Cario (2012) analisou o APL de ovino-caprinocultura em Quixadá e Quixeramobim, CE, e destacou como relevantes os programas direcionados à promoção de assistência técnica, melhoramento genético e adoção de técnicas de manejo sanitário, reprodutivo e alimentar, apoiados pelas prefeituras municipais, em convênio com a Secretaria Estadual da Agricultura e com o Sebrae. No tocante às Cooperativas comparando-as aos Arranjos, foi identificado que elas apresentam peculiaridades em sua constituição legal, pois adotam princípios e doutrinas que exercem significativos reflexos na sua estruturação e governança, delegação e exercício de poder, como na forma que ocorre o processo decisório (BARREIROS; PROTIL, 2005). Consiste em uma organização em que os seus membros concordam entre si para criar uma empresa e operá-la em conjunto como parte integrante de suas empresas individuais (FENG; HENDRIKSE, 2007), o que não ocorre nos casos dos APL. Existem algumas diferenças relevantes entre os arranjos, principalmente em relação à sua composição (GONÇALVES, 2012). Em revisão bibliográfica realizada por Alvarenga (2011), os autores estudados definem que Cadeia Produtiva seria um conjunto sucessivo de etapas ou operações ou atividades de transformação da matéria-prima em produto acabado, sendo cada membro do arranjo responsável pela realização de diferentes etapas do processo (LASTRES E CASSIOLATO, 2005). Toledo (2003) definiu a cadeia de produção como um conjunto de transações seqüenciais e verticalmente organizadas, representando etapas sucessivas de criação de valor, com foco nas atividades envolvidas no processo de fabricação do produto, enquanto que a cadeia de suprimentos também desempenha ações relacionadas à logística entre as unidades produtivas. Croom (2000) definiu a Cadeia de Suprimentos como a gestão integrada e coordenada do fluxo de materiais e informações entre os agentes, desde a obtenção de matéria-prima até a distribuição final de um produto ou serviço de valor agregado. Borrás (2005) afirma que a coordenação de uma cadeia de produção sob o ponto de vista da gestão da cadeia de suprimentos (GCS) difere da abordagem da economia dos custos de transação (ECT) por se tratar essencialmente do gerenciamento dos fluxos de materiais e informações ao longo da cadeia de produção, com foco na maior eficiência técnica. Enquanto 19 a ECT trata dos mesmos fluxos, porém com enfoque nas relações entre firmas individuais com base nas características das transações e no comportamento humano dos agentes, e busca maior eficiência das relações de troca. Alvarenga (2011) destaca que o enfoque da ECT se torna igualmente importante para o entendimento das relações entre agentes na cadeia estudada e que podem afetar a qualidade do produto final. O mesmo autor destacou ainda que a cadeia de suprimentos é composta de atividades logísticas e da cadeia de produção com transações, cujas características dependem do comportamento humano dos agentes. Zylbersztajn e Farina (1999) mostram a necessidade de desenvolver sistemas rigorosamente coordenados de informações e de comprometimento por parte dos agentes da cadeia produtiva para alcançar os atributos de qualidade ou de outros aspectos demandados pelo consumidor. Cardoso (2002) observaram que os fatores determinantes da competitividade em cadeias produtivas agroindustriais estão relacionados ao controle de aspectos intrínsecos ao produto (preço, tecnologia empregada, qualidade) e aos aspectos relacionados ao ambiente institucional, macro-econômico, de infra-estrutura econômica e de infra-estrutura técnico- científica. Ao trazer esta teoria para os arranjos produtivos da ovinocultura, com a coordenação dos fatores que impactam diretamente na eficência da cadeia, será possível aumentar sua competitividade. Batten (2008) observou que quando os princípios da gestão da qualidade total (GQT) são aplicados à GCS, cria-se um sistema robusto que padroniza procedimentos para a qualidade na cadeia de suprimentos desde os fornecedores de matéria-prima até os clientes. Como resultado, é estabelecido melhor confiança entre os agentes, com foco no fornecedor que, com produtos de melhor qualidade, obtém clientes mais satisfeitos. Batalha e Silva (2007) realizaram uma revisão sobre o tema e concluíram que uma abordagem sistêmica da GCS se apresenta como uma ferramenta poderosa para estudar a dinâmica de funcionamento de um sistema agroalimentar, com o surgimento de novas ferramentas, à medida que se observa mudanças na dinâmica competitiva dos sistemas agroindustriais. Azevedo (2000) concluiu que a caracterização da eficiência de um determinado sistema produtivo não depende apenas da identificação da eficácia com que seus segmentos mensuram seus problemas de produção. Quanto mais apropriada for a coordenação entre os componentes do sistema, menores serão os custos de cada um deles, mais rápida será a adaptação às modificações de ambiente e menos dispendioso serão os conflitos inerentes às relações entre cliente e fornecedor. 20 3. GOVERNANÇA E TEORIA DA ECONOMIA DOS CUSTOS DE TRANSAÇÃO O conceito de custos de transação foi ampliado, a partir de sua introdução por Coase (1937), que considera os custos para planejar, adaptar e monitorar as relações entre os agentes de uma determinada cadeia para garantir o cumprimento dos termos contratuais ou acordos formais. Quando as informações são distribuídas assimetricamente entre as partes da transação, aumenta a possibilidade de ocorrerem ações oportunistas e a racionalidade limitada entre as partes que transacionam (WILLIAMSON, 1985). As ações oportunistas podem acontecer como consequência de um forte auto interesse das partes, podendo, se houver interesse, mentir, trapacear ou quebrar promessas, que é derivado da incerteza e que leva à falta de previsibilidade e à falta de cooperação. A racionalidade limitada deriva da incompletude contratual, de tal forma que, devido aos limites cognitivos dos indivíduos, não existe a possibilidade de se estabelecer contratos que prevejam todos os acontecimentos futuros, gerando contratos intrinsecamente incompletos e elevando os custos de transação (AZEVEDO, 2000). Os custos de transação podem ser definidos como os custos necessários para movimentar o mecanismo econômico e social, distintos dos custos de produção, que surgem à medida que agentes se relacionam para trocarem direitos de propriedade entre si (ALVARENGA, 2011). As transações podem ser definidas por meio de elaboração e negociação de contratos, mensuração, fiscalização, monitoramento, desempenho e organização de atividades, incluindo os custos relacionados à ineficiência de adaptação das partes frente às mudanças no ambiente econômico (MACHADO, 2002). A partir desta definição, atividades relacionadas à gestão de qualidade, tais como a definição contratual dos requisitos da qualidade de matéria-prima, insumos e produtos finais, o monitoramento destes requisitos, a documentação necessária, a formação e análise de indicadores de desempenho e processos relacionados à melhoria contínua, estão relacionadas a custos de transação (ALVARENGA, 2011). Para ter uma visão mais ampla da gestão da qualidade, durante o processo produtivo, podem ocorrer não-conformidades em matérias-primas, insumos e produtos finais geram o descarte ou reprocessamento destes materiais, como ocorre quando o produtor rural entrega ovinos fora do padrão de abate, abaixo do peso ou idade avançada, ou ainda as perdas 21 ocorridas por descarte de carcaças por contusões, por exemplo, quando o transporte não é adequado. Como consequência, ocorre a diminuição da produtividade, o não atendimento a pedidos e prazos, impactos nas características de qualidade. Estas consequências implicam em maior ou menor custo, que estão diretamente ligadas à menor ou maior coordenação entre os agentes da cadeia, respectivamente. É possível identificar e mensurar os custos de transação a partir da compreensão do funcionamento do arranjo produtivo, com a utilização de estudos da engenharia de produção. Williamson (1985) identifica três atributos que interferem em maior ou menor custo de transação e que ditam a estrutura de governança de transações entre firmas, de acordo com as características das transações frente a esses atributos: a especificidade do ativo, a incerteza e a frequência. A especificidade do ativo refere-se o quão específico é um negócio e quão custosa é a sua realocação para outro negócio. Quanto mais específico for um ativo, maior o custo de transação e maior a probabilidade de ocorrer uma ação oportunista. Os ativos específicos são aqueles que não podem ser reempregados sem perda de valor, que depende da continuidade da transação na qual ele é específico, gerando uma quase-renda, definida como a diferença entre o retorno de uma ativo empregado em uma transação específica e seu retorno em outro emprego alternativo (FARINA, 1997; NEVES, 1999, ALVARENGA, 2011). Assim, quanto maior esta diferença, mais específico é o ativo. Breitenbach (2008) resume que a formação de estruturas de gestão, que definem a estrutura de governança, são influenciadas por meio de leis, regulamentações, regras de conduta, hábitos culturais, e a assimetria de poder entre os agentes, entre outros, que levam à diminuição da incerteza entre os agentes, a limitação de termos da negociação, e a construção de reputação entre as partes, tendo como consequência a diminuição dos custos de transação. Ainda segundo esta autora, a análise dos pressupostos comportamentais e dos atributos de transação levará à melhor estrutura de governança para a cadeia que são as relações de compra e venda simples (mercado), estruturas internas às firmas (hierárquicas) e formas mistas (híbridas) constituem exemplos de estrutura de gestão distintas. Paulillo (2007) destaca a importância da abordagem das estruturas de governança para tratar a complexidade das relações estruturais de um encadeamento agroindustrial e a questão de eficiência, por meio da capacidade de negociação dos agentes de um determinado setor, e da redução dos custos de transação como forma de manter ou elevar esta capacidade 22 de negociar ou atuar em cadeia. De acordo com Alvarenga (2011) ao interpretar Williamson (1985), no mercado não existem relações de dependência entre compradores e vendedores, estando cada um destes livres para novas transações sem que isto afete a outra parte; na estrutura de governança hierárquica existem as especificidades do ativo, podendo haver perdas econômicas no reposicionamento do produto no mercado, em meio à incerteza e aos pressupostos comportamentais das partes (oportunismo e racionalidade limitada), sendo necessária uma coordenação e monitoramento destas partes envolvidas. Ainda de acordo com o autor, na estrutura de governança híbrida, as partes são autônomas, porém são interdependentes. Pitelli (2004) relaciona, baseado em Williamson (1985), os pressupostos comportamentais dos agentes e a especificidade dos ativos na contratação das atividades relacionadas às transações necessárias. A ausência da racionalidade limitada leva à teoria econômica clássica onde todas as partes envolvidas têm todas as informações para as escolhas nas transações. Em contrapartida, a ausência do oportunismo leva a relações de confiança entre as partes. A ausência de especificidade dos ativos faz com que o ativo seja facilmente realocado para outros usos, em caso de necessidade, sem quaisquer perdas de valor. A existência de todos os pressupostos comportamentais e especificidade dos ativos em uma transação torna-a custosa e todo processo de contratação leva à incompletude dos contratos, constituindo um ambiente de alta incerteza, o que confere forte tendência a ocorrer ações oportunistas, e nestes casos, a verticalização das transações tornam-se menos dispendiosas e de menos riscos para as firmas (ALVARENGA, 2011). A frequência é outro atributo de transação que indica a quantidade de vezes que determinadas transações ocorrem entre os agentes. Esta é uma medida da recorrência de transação. Uma alta frequência de transação pode levar à diminuição dos custos de transação, desde que tenha desenvolvimento de reputação. Se a frequência for baixa, pode ocorrer o oportunismo, aumentando assim os custos de transação (LUCCI; SCARE, 2004; MACHADO, 2002; NEVES, 1999; PITELLI, 2004). A maior parte das transações são recorrentes e possibilitam que as partes adquiram conhecimento uma das outras, o que reduz a incerteza e constrói uma reputação em torno da marca. Dessa forma, surge um ativo específico e a criação de um compromisso contínuo entre as partes em torno do objetivo comum, que possibilite a continuidade na relação (LEME, 2007). 23 Ainda em relação aos atributos de transação, a incerteza refere-se à imprevisibilidade do futuro, à falta de transparência no mercado, à assimetria das informações (ausentes ou incompletas), que eleva o risco de não serem cumpridos os termos e ações previstos e aumenta a probabilidade de ações oportunistas. A incerteza está fortemente associada à racionalidade ilimitada gerando contratos incompletos (AZEVEDO, 2000). O risco moral, segundo Arrow (1968), pode surgir em decorrência de ação oportunista de uma das partes, sobre um contrato pré-estabelecido, onde há falta de cumprimento real de cláusulas contratuais. A motivação pode surgir pela incapacidade da avaliação e observação da parte principal (quem coordena as transações) com os demais agentes, que resulta no risco moral (AZEVEDO, 1999). De acordo com Machado (2002), os problemas gerados pela assimetria de informação são associados ao comportamento de natureza ética e afeta diretamente as relações entre os agentes. Ainda, segundo este autor, se os agentes econômicos tivessem uma orientação benigna, não oportunista, os custos de transação não seriam relevantes. Borrás (2005), por meio de uma revisão bibliográfica, apresentou alguns resultados que podem ser alcançados por meio da implementação de programas de garantia da qualidade em cadeias de produção agroalimentar, como o aumento da probabilidade de fornecimento de produtos de qualidade por meio de monitoramento; ação corretiva e melhoria contínua; habilidade de responder e controlar situações de emergência; habilidade para responder a requisitos de órgãos públicos e de consumidores; aumento da confiança do consumidor por toda a cadeia; adição de valor ao produto e redução de custos nas etapas produtivas da cadeia. A cadeia da ovinocultura está em fase de estruturação e pesquisas são necessárias para diagnosticar modelos de organização para a produção da carne ovina em escala comercial. Um modelo de organização promissor constitui-se nas cooperativas, que visa fortalecer as regiões produtoras e assim atender o mercado interno em níveis municipais, estaduais e interestaduais. Este modelo é bem implementado no estado do Paraná, e pode servir de referência na compreensão dos mecanismos tecnológicos e de gestão, bem como os pontos críticos de controle, que possam ser definidos como modelos replicáveis para outras regiões produzirem ovinos de forma cooperada como no estado de São Paulo. Esse modelo de estruturação de cadeia produtiva, tem no produtor o principal elo da cadeia, pois o módulo rural constitui a base da organização da produção dos ovinos para abate. Seu planejamento 24 depende do acesso à assistência técnica, insumos, tecnologias e mercado consumidor. No sistema cooperativista, a gestão passa pelos principais agentes da cadeia para que o consumidor final tenha acesso a carne ovina de qualidade e oferta que atenda a demanda do produto. Compreender a dinâmica das relações que sustentam uma infraestrutura baseada no convívio social e no vínculo econômico por meio do estudo exploratório de caso é a primeira etapa para a ser cumprida para consolidar uma proposta de um sistema de gestão da qualidade no modelo cooperativista para a ovinocultura de corte no Brasil. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALDRICH, Clark. Simulation and the Future of Learning: An innovation (And Perhaps Revolutionary) Approach to E- Learning. San Francisco: Pfeiffer, 2004 ALVARENGA, A.L.B. ALVARENGA, M.B.; GOMES, C.A.O.; NASCIMENTO NETO, F. Princípios das Boas Práticas de Fabricação – Requisitos para a Implementação de Agroindústria de Agricultores Familiares In: NASCIMENTO NETO, F. (org.) Recomendações básicas para a aplicação das Boas Práticas Agrícolas e de Fabricação na agricultura familiar. Programa de agroindustrialização da agricultura familiar. Secretaria de Agricultura Familiar (MDA). Embrapa Informação Tecnológica. 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Este trabalho teve por objetivo geral estudar a relação entre os agentes da cadeia da ovinocultura de corte. Para tanto, primeiramente foi realizada uma pesquisa bibliográfica baseada na teoria da segurança alimentar, produção de ovinos de corte, cooperativismo, gestão da qualidade, custos de transação, de gestão da cadeia de suprimentos, com o propósito de reunir elementos para guiar o estudo de caso único. A pesquisa de campo teve como objeto de estudo uma cooperativa na cidade de Guarapuava, Paraná, e reuniu ao todo unidades de análises compostas por: produtores rurais, gestores da cooperativa, processador e distribuidores (mercados varejista e institucional). Foram realizadas entrevistas com os agentes para identificação da gestão pelos atributos da qualidade exigidos pelos clientes em diferentes formatos: por meio dos seus desdobramentos ao longo da cadeia; das estruturas de governança; da relação e confiança entre os agentes como componentes de avaliação e de desempenho, incertezas e especificidade dos ativos para melhoria contínua dos processos. Esta estrutura resultou em um nível de gestão simples, com visão sistêmica e cooperação mútua entre os agentes desta cadeia, onde a cooperativa lidera e coordena estas ações. A principal relação entre os agentes da cooperativa é a confiança. Os resultados podem ser utilizados como referência para o planejamento da implantação da gestão da qualidade da produção animal e distribuição entre os agentes da cooperativa, assim como para estruturar e guiar auditorias internas e em fornecedores para as processadoras da carne de cordeiro e as empresas do mercado varejista/institucional, respectivamente. Palavras-chave: cooperativismo, gestão da qualidade, cadeia de suprimentos 34 AGENTS RELATIONSHIP AND GOVERNANCE STRUCTURE IN THE PRODUCTION ARRANGEMENT OF SHEEP MEAT IN THE REGION OF GUARAPUAVA, PR ABSTRACT - The chain of sheep meat industry requires structuring to supply the demands of the domestic and foreign markets. Food safety is a priority need for primary producers, processors and distributors of food, in addition to consumers themselves and government agencies. These issues become even more important considering that this production chain is made up of small and medium farmers and small businesses that need to eliminate the legal uncertainty factors in the field, improve logistics infrastructure, reduce costs, among other factors. This work aims to study the relationship between the agentes on the sheep meat chain. Therefore, a literature search based on the theory of food security, production of sheep meat, cooperative, quality management, transaction costs, supply chain management, in order to gather information to guide the case study one of a kind. The field research was to study the object of a cooperative and gathered the whole, composite analysis units by: farmers, the cooperative managers, processors, distributors (retail and institutional markets). Interviews were conducted with agents for quality attributes for identity management required by customers in different formats: through its development along the chain; the relationship and trust between the agents as components of evaluation and performance, uncertainty and assets specificity for continuous process improvement. This structure resulted in a level of simple management, systemic vision and mutual cooperation between actors of the chain, where the cooperative leads and coordinates these actions. The main relationship between cooperative agents is trust. The results can be used as a reference for planning the deployment of animal production quality management and distribution between cooperative agents, as well as to structure and guide internal audits and suppliers to the processing of lamb and for companies retail / institutional market, respectively. Keywords: Cooperativism, quality management, supply chain 35 1. INTRODUÇÃO A análise da evolução da produção mundial de carne ovina nos últimos cinco anos, mostra que o desempenho do mercado não apresenta o mesmo padrão de crescimento do rebanho ovino. Neste período, a produção de carne ovina no mundo teve uma taxa de crescimento de 0,6% ao ano, inferior ao crescimento do rebanho com taxas de 1,5% ao ano (Food and Agriculture Organization, 2015). No entanto, os estudos de cenários realizados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD, 2014), indicaram provável aumento de preço correspondente a redução do rebanho na Nova Zelândia devido aos fatores climáticos, como a seca. Também segundo a OECD (2014), os preços de cordeiro devem se manter elevados devido à grande importação da China e EUA, aliado à reestruturação de rebanhos na Austrália. O mesmo estudo de cenários da FAO (2015) estimou aumento do consumo da carne de cordeiro de 1,9% ao ano devido a demandas da Ásia e Oriente Médio. Para os países em desenvolvimento esta estimativa de crescimento da produção é de 2,23% e aumento de consumo de 2,31% para 2016. Neste sentido, destaca-se a crescente participação brasileira no comércio internacional de alimentos, com destaque para a produção e exportação de carne bovina, suína e de frango. A expectativa é que a produção nacional de carnes suprirá 44,5% do mercado mundial e indica que o Brasil manterá sua posição de primeiro exportador mundial de carnes bovina e de frango nos próximos anos (MAPA, 2013). Em contrapartida, no mercado de carnes do Brasil, a criação de ovinos se encontra em reestruturação. A carne ovina, que era considerada um subproduto, consumida apenas nos estabelecimentos rurais ou comercializada de forma desorganizada, passou a assumir uma posição de destaque na atividade (NETO, 2004). Assim, a carne ovina despontou como principal produto da atividade, alavancada, fundamentalmente, pelo crescimento do rebanho ovino do nordeste brasileiro (SORIO e RASI, 2010). No entanto, o desafio do setor produtivo, segundo Viana et al. (2013), reside em criar capacidade de oferta de produtos cárneos ovinos para diferentes mercados, desde nichos altamente especializados até mercados de consumo em massa. Neste cenário competitivo estão inseridas as cooperativas, que ao longo do tempo demonstraram que estão cada vez mais adaptadas ao ambiente empresarial. As cooperativas são organizações de grande influência nacional em diversos setores da sociedade, principalmente na agroindústria, sendo destaque no estado do Paraná, principalmente na região oeste do estado onde é fortemente marcado por esta atividade (BORGES, 2011). Estudos de Cardoso et al. (2001) observaram que os fatores determinantes da 36 competitividade em cadeias produtivas agroindustriais estão relacionados ao controle de aspectos intrínsecos ao produto (preço, tecnologia empregada, produto, qualidade) e à imposição dos aspectos relacionados ao ambiente institucional, macroeconômico, de infraestrutura econômica e de infraestrutura técnico-científica. Estes fatores impactam diretamente na eficiência da cadeia e, quando coordenados, determinam a sua competitividade. Leucena (2006) reforça os conceitos de Perosa (1998) que alianças mercadológicas são compromissos estabelecidos pelos agentes de produção, abate, processamento e distribuição de carne, independentemente de qualquer pecuária, que tem como objetivo ofertar um produto com atributos de qualidade que o diferencie da commodity disponível no varejo. A estrutura de governança a ser adotada nas transações entre as firmas depende dos atributos de transação, conhecida como Economia dos Custos de Transação (ECT), que fornece base para analisar as organizações e seu relacionamento com o mercado e as instituições, a partir das características das transações e de pressupostos comportamentais dos agentes (ROSINA et al., 2007). Os dois pressupostos comportamentais envolvidos são a racionalidade limitada e o oportunismo, e as três características das transações são: frequência, incerteza e especificidade dos ativos (WILLIAMSON, 1985). O panorama exposto induziu o presente estudo exploratório, que pesquisou um sistema de gestão e relacionamento, com a hipótese de que o arranjo produtivo no sistema cooperativista apresente um sistema de coordenação que possa contribuir para garantir a qualidade e a segurança da carne ovina, com o objetivo central de identificar gargalos e propor soluções para a gestão da cadeia de suprimentos estudada. O trabalho justifica-se pela necessidade de estruturação da cadeia da ovinocultura de corte e organização entre os agentes por meio de uma relação duradoura de confiança, sendo as cooperativas agroindustriais cada vez mais competitivas, com novas técnicas de gestão dos agentes e da produção. 2. MATERIAL E MÉTODOS Esta é uma pesquisa exploratória de abordagem qualitativa, na qual o estudo realizado está focado prioritariamente na compreensão e interpretação dos fatos. Ao abordar uma realidade sob a óptica subjetiva e múltipla, o pesquisador interage com o objeto de estudo (as empresas do arranjo estudado). Dessa forma, o estudo foi delimitado pelo contexto 37 da pesquisa onde a riqueza de detalhes é mais importante do que as informações quantitativas (BRYMAN, 1989; CRESWELL, 1997). De acordo com Marconi & Lakatos (2007), o método é o conjunto de atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permitem alcançar os objetivos, traça o caminho a ser seguido, detecta erros e auxilia nas decisões do cientista. O método de pesquisa empregado para este estudo exploratório foi o estudo de caso único de um arranjo produtivo local, que compreende a região de Guarapuava, PR. Esta metodologia foi escolhida para compreender a coordenação de um caso específico, e testar principalmente as teorias da GCS e ECT. De acordo com Yin (2007), encontra-se um fundamento lógico para um caso único quando ele representa o caso decisivo para testar uma teoria bem-formulada, no qual acredita-se que as preposições sejam verdadeiras, para confirmar, contestar ou estender a teoria. O estudo de caso é uma inquirição empírica que investiga com métodos científicos um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, quando a fronteira entre o fenômeno e o contexto não é claramente evidente e onde múltiplas fontes de evidência são utilizadas. Este método é adequado para responder às questões “como” e “porque” que são questões explicativas, e tratam de relações operacionais que ocorrem ao longo do tempo em situações onde os comportamentos relevantes não podem ser manipulados (Yin, 2007). A pesquisa foi conduzida em três etapas. A primeira etapa está relacionada à pesquisa bibliográfica sustentada nas principais literaturas relacionadas ao tema. O objetivo desta etapa foi oferecer a base teórica necessária para atender os objetivos da pesquisa na fundamentação dos custos de transação na cooperativa para a definição da avaliação proposta. A pesquisa bibliográfica foi realizada por meio de busca de artigos científicos (artigos em revistas e em congressos) nacionais e internacionais nas principais bases de dados digitais, livros, resenhas, dissertações e teses, além de outras publicações correlatas com validade científica (comunicados técnicos, relatórios de pesquisa e outros). Com base nestas informações, foram relacionados os principais temas necessários para a revisão da literatura, a saber: teoria em Sistemas de Produção de Ovinos no Brasil; teoria sobre Sistemas Cooperativistas no Brasil, teoria sobre Cooperativas no estado do Paraná, teoria sobre Segurança Alimentar, teoria relacionada a sistemas de garantia da qualidade e da segurança de alimentos, teoria sobre Inovação Tecnológica, teoria de Gestão da Cadeia de Suprimentos; a teoria de coordenação de qualidade de cadeias agroindustriais. Para entender as relações entre os agentes e suas possíveis influências na qualidade e segurança da produção da carne ovina, incluiu-se uma fundamentação teórica sobre custos de transação. 38 O objeto de estudo foi a cadeia da ovinocultura de corte em sistema cooperativista, estritamente focada na produção rural, no processamento tecnológico, no transporte e na sua distribuição (mercados). A cadeia foi definida e focada nesta pesquisa por quatro agentes: produtores rurais (fornecedores); empresa frigorífica (processadores); cooperativa e distribuidores que são empresas relacionadas ao mercado varejista (restaurantes e mercados). Na segunda etapa foi realizada a escolha de uma cooperativa para a realização da pesquisa com base na sua organização gerencial (menor complexidade), histórico de produção (balanços e relatórios anuais) e especialidade em ovinocultura de corte, além da disponibilidade e interesse da equipe para a realização do estudo de caso. Sendo assim, foi escolhida a Cooperativa Agroindustrial Aliança de Carnes Nobres - Cooperaliança, com sede no município de Guarapuava – PR, que é caracterizada como uma sociedade de pessoas, de natureza civil, e que tem como objetivo social à congregação dos seus 115 sócios para o exercício de suas atividades, sem o objetivo de lucro (Relatório Anual Cooperaliança, 2015). Esta definição da cooperativa condiz com o conceito utilizado na Lei 5.764 de 16/12/1971 que em seu Artigo 3o diz que: “celebram contrato de sociedade Cooperativa as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro”. A Cooperativa, fundada em 12 de dezembro de 2007, adquiriu personalidade jurídica no dia 4 de julho de 2008, mediante o registro de seu estatuto social perante a Junta Comercial do Paraná e, após cumpridas as demais formalidades, iniciou suas operações no dia 1 de setembro de 2008, voltadas para dois projetos idealizados em conjunto pelos cooperados: Projeto Bovinos e o Projeto Ovinos. Além dessas atividades, ainda presta serviços de fretes para transporte dos animais e, desde o mês de abril de 2009, agregou as suas atividades a aquisição e revenda de rações e insumos. A expressão Cooperativa foi definida em Manchester (Inglaterra), em 1995, no Congresso do Centenário da Aliança Cooperativista Internacional (ACI), como uma associação autônoma de pessoas que se unem, voluntariamente para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida. De acordo com o relatório anual de 2015 publicado pela CooperAliança, “as atividades desenvolvidas pela Cooperativa voltam-se, primordialmente, para atender as necessidades e os interesses dos seus cooperados, sempre com base em seus objetivos sociais definidos no estatuto. ” Ainda nesta segunda etapa, foi realizada uma visita na cooperativa, além de reuniões à distância para alinhar os objetivos. A visita foi realizada no mês de setembro de 2015 para 39 conhecer o objeto de estudo, estabelecer as parcerias para o desenvolvimento do trabalho, selecionar os agentes para o estudo, esclarecer os objetivos do trabalho aos agentes selecionados, conhecer a estrutura da cadeia, conhecer a tecnologia empregada na produção, processamento e distribuição da carne ovina da cooperativa e as respectivas instalações. Foram estudados a cooperativa, os ovinocultores cooperados, restaurantes clientes da carne ovina e o Sindicato Rural de Guarapuava. Buscou-se entender as relações existentes entre os seus agentes e as principais dificuldades enfrentadas nestas relações, tais como fornecimento de ovinos para abate, transporte e distribuição dos produtos finais. Nesta segunda etapa foram também selecionados e identificados os produtores rurais, transportadores e distribuidores que fizeram parte das unidades de análise. As informações preliminares foram obtidas por meio de entrevistas com seus dirigentes e técnicos, com base nos resultados encontrados na primeira etapa com a revisão de literatura. A seleção dos produtores rurais e distribuidores como unidades de análise foi realizada com base nos requisitos de comprometimento e importância dos produtores rurais para a cooperativa (em termos de quantidade de matéria-prima fornecida e frequência de fornecimento), a importância estratégica do distribuidor para o processador (principais clientes em termos de mercado e parceria), o interesse e comprometimento para a realização da pesquisa e à limitação logística para a pesquisa. A terceira etapa do método de pesquisa foi a obtenção da informação necessária para avaliar as estruturas de governança na produção de carne ovina na cooperativa e os principais custos de transação. Para juntar elementos, foi aplicado um questionário junto aos dirigentes da cooperativa, em maio de 2016, estruturado com perguntas abertas para as entrevistas como instrumento de coleta de dados. Foram entrevistados os três produtores rurais mais representativos, dois distribuidores (restaurante e supermercado) e a gestora e vice- presidenta da cooperativa, que foram previamente identificados. As entrevistas tiveram duração entre uma e três horas. As visitas tiveram por objetivo não apenas a realização das entrevistas qualitativas, como também das observações de práticas de gestão da cooperativa, estudo de documentos e coleta de informações administrativas. O questionário utilizado como roteiro nas entrevistas aos agentes da cadeia foi composto de 99 questões com base nas visitas realizadas no início do estudo e nos elementos identificados na revisão bibliográfica, e pode ser acessado em www.cordeirobiz.com.br/cordeiro/relacao_agentes_governança_ovinocultura. Houve uma primeira aplicação do questionário no 2º Encontro Mercadológico da Carne no mês de maio 40 de 2016, em Ponta Grossa, Paraná, para testar a dinâmica das respostas e realizar ajustes necessários e, em seguida, foi realizado a aplicação nos agentes da cooperativa estudada. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O arranjo produtivo estudado se caracteriza por agentes (produtores rurais cooperados, transportadores, processador e atacado/varejo) que são coordenados pela cooperativa de acordo com o planejamento das atividades para atendimento das demandas dos clientes. De acordo com Toledo (2004), o agente coordenador possui quatro principais funções: 1. Gerenciamento do sistema de informações (requisitos, gestão e indicadores da qualidade); 2. Identificação e comunicação de problemas e oportunidades de melhoria; 3. Análise de problemas e soluções (definição de planos de ações de melhorias) e 4. Acompanhamento (implementação de ações de melhoria e resultados). Sendo assim, a cooperativa é a responsável por identificar as demandas e requisitos de qualidade oriundos dos clientes, bem como por controlar o processo de produção da matéria-prima, entrega e processamento. Dessa forma, foi desenvolvido pela equipe técnica um sistema de rastreabilidade denominado “romaneio”, que estabelece critérios e padrões de qualidade que devem ser atendidos desde o produtor rural cooperado até a distribuição dos produtos aos clientes da cooperativa, conforme detalhado no Quadro 1. O romaneio inicia-se quando o produtor rural cooperado sinaliza para a cooperativa que a matéria-prima está pronta para ser carregada para a indústria processadora. Uma representante da cooperativa (técnica graduada em Zootecnia) se direciona até a propriedade rural para iniciar a coleta de informações, que compreende o número (brinco), sexo, raça, peso, idade e categoria dos animais. Também são realizadas avaliações visuais do rebanho, bem como avaliação do histórico de produção, calendário de vacinações e aplicação de medicamentos, além de eventuais não conformidades. As informações são anotadas nas fichas de campo. Concluída esta etapa, a técnica da cooperativa avalia as condições do transporte e acompanha o embarque dos animais, com o objetivo de identificar possíveis falhas no carregamento, como lotação inadequada dos caminhões e bem-estar animal. Inicia- se nesse momento o fluxo de materiais dentro do arranjo. 41 Quadro 1. Requisitos de qualidade controlados pela cooperativa nos agentes estudados Mercadoria (distribuidor) – Requisitos de qualidade do Produto Resultados Cooperativa Atributos físicos-químicos da mercadoria Resfriamento da carcaça Mínimo de 12 horas na câmara fria conforme Limpeza do caminhão Antes do embarque dos produtos conforme Temperatura dos caminhões 2 a 4 graus celcius conforme Atributos de embalagem Rótulo Sem rasuras e boa visualização conforme Informações Número do abate, origem (cooperado), conteúdo (carcaça inteira), peso, distribuidor, data de abate, validade (7 dias) conforme Integridade Capa plástica sem deformações conforme Produto Industrial (processamento) - Requisitos de Qualidade do Produto Atributos Físicos Peso da Carcaça 13 a 23 kg n.i. Rendimento da Carcaça Mínimo 40% 47% Cobertura de gordura 3 mm n.i. Bonificação ao cooperado 0 a 4% não se aplica Atributos organolépticos Hematomas Critério de devolução da matéria-prima conforme Nódulos (injeções, outros) Critério de devolução da matéria-prima conforme Conformação e acabamento de gordura Advertência ao fornecedor da matéria- prima conforme Atributos Microbiológicos Presença de parasitas Advertência ao fornecedor da matéria- prima e devolução quando necessário conforme Matéria-prima (produção pecuária) - Requisitos da Qualidade do Produto Atributos físicos Peso Vivo 38 a 45 kg n.i. Idade Ideal = 90 dias / até 180 dias 150 dias Raças Ille de France e Texel n.i. Bonificação ao cooperado pelos dados da ficha de campo 0 a 1% não se aplica Atributos Microbiológicos Carência de vermífugos Critério de devolução da matéria-prima conforme n.i. = não informado O fluxo de materiais coordenado pela cooperativa compreende duas etapas principais: transporte dos ovinos vivos e transporte das carcaças resfriadas aos clientes. O 42 transporte dos ovinos vivos é realizado pelo próprio produtor cooperado e a cooperativa além de monitorar o processo, realiza treinamentos para evitar possíveis não conformidades resultantes do transporte inadequado. Com relação as carcaças resfriadas, a cooperativa considera ponto crítico de controle garantir a qualidade do produto pós abate, e adquiriu caminhões próprios para realizar esta etapa de transporte do frigorífico até o cliente. Os motoristas da cooperativa também são treinados para exercerem boas práticas no transporte dos produtos alimentícios. Outra responsabilidade da cooperativa é conferir e providenciar, quando necessário, documentos como a GTA – guia de transporte animal e as notas fiscais de compra. Quando o carregamento contendo os ovinos chega ao frigorífico, a técnica da cooperativa recepciona o desembarque e analisa as condições de espera no local. Os ovinos ficam em jejum alimentar e, após o tempo de descanso, estipulado conforme a agenda de abate, se inicia o processo de abate. A técnica também acompanha o processo por completo, e coleta as informações que serão utilizadas para tipificar as carcaças, tais como: peso da carcaça quente e fria, espessura da cobertura de gordura e porcentagem do rendimento da carcaça, bem como os problemas e as não conformidades. Esses dados são processados com os dados coletados nas fichas de campo e então são emitidas as fichas de romaneio/rastreabilidade que serão distribuídas junto com os produtos (carcaças inteiras) aos clientes do atacado, mercados e restaurantes. As fichas de romaneio ficam expostas junto aos produtos nas gôndolas dos mercados e fixadas nos murais dos restaurantes, contendo as seguintes informações: nome do ponto de venda, data do abate, identificação do animal (número do abate, sexo, idade, raça), identificação da carne (peso da carcaça, rendimento, espessura gordura) e nome dos cooperados que produziram a matéria-prima que originou na carcaça, posteriormente processada em cortes e pratos. A opção da cooperativa em realizar o romaneio foi pela crença que, através do fluxo de informações que se inicia com a coleta de dados pela ficha de campo, é possível gerar maior confiança entre os agentes do arranjo ao longo do processo de produção e distribuição da carne ovina e com o consumidor final. Um estímulo oferecido neste sentido é a bonificação de 1% em cima do valor pago ao produtor pelo quilograma da carcaça quando este entrega as fichas de campo com os dados anotados. Esta bonificação pode chegar até 5%, sendo os outros 4% correspondentes aos requisitos de qualidade da carcaça, detalhados no Quadro 1. Dessa forma, a coleta, controle e organização dos dados se mostra crucial para que o sistema de bonificações possa funcionar e, consequentemente, estimular a melhoria 43 contínua da qualidade dos produtos ofertados, a começar pela produção da matéria-prima dentro do padrão demandado. Para promover a garantia e melhoria da qualidade ao longo de uma cadeia de produção agroalimentar, é preciso estabelecer um enfoque coordenado orientando-se para o mercado, e a aplicação de um sistema de informações, de acordo com Schiefer (2002), diz respeito ao fluxo de informações sobre as características de produção, as características da qualidade, o controle de produto e de processos e sobre o suporte a atividades de melhoria da qualidade. Segundo o autor, existem as abordagens do fluxo de informações de forma centralizada (coordenado por uma instituição central) e descentralizada (consensos estabelecidos entre empresas individuais). Um exemplo dessa segunda abordagem seria o caso da cadeia da carne na Dinamarca, cuja coordenação envolve elementos de abordagens gerenciais do Total Quality Management (TQM), integrados com um sistema sofisticado de grupos de discussão em diferentes níveis de gerenciamento na cadeia. Ainda dentro da discussão sobre o fluxo de informações na cadeia de produção agroalimentar, observa-se uma “evolução” deste conceito, que passa a abranger a nutrição, agregando informações sobre saúde, sistema cultural e meio-ambiental. Essa transação de informações deve ocorrer por intermédio de um agente coordenador (BORRÁS, 2004). Um exemplo é a Meat and Livestock Australia (MLA), que incentiva a adoção de procedimentos de boas práticas por todos os agentes da cadeia e atua financiando pesquisas médicas e de nutrição humana, que forneceram informações sobre aspectos nutricionais e nutracêuticos da carne ovina. Com esses dados, realizaram uma campanha para promover os benefícios da carne para os consumidores, inclusive comparando os resultados com muitas outras comidas e fontes de proteína (PETHICK, 2006). Para auxiliar a compreensão do fluxo de informações e de materiais na cooperativa estudada, bem como a coordenação entre os agentes da cadeia e a realização do romaneio, foi desenvolvido o modelo conceitual representado pela Figura 1. 44 Figura 1: Fluxos de informação e de materiais entre os agentes da cadeia estudada. 45 Por meio da análise da Figura 1, observa-se que a gestão do fluxo de informações e de materiais é realizada exclusivamente pela cooperativa, e reativamente pelos outros agentes. Esta gestão apresenta alguns entraves que podem impactar negativamente na relação entre os agentes, como a incerteza no fornecimento da matéria-prima para a indústria processadora. Desta forma, a cadeia funciona satisfatoriamente com a entrega dos produtos no mercado e cada agente envolvido busca cumprir a sua responsabilidade acordada informalmente junto à cooperativa. O produtor cooperado participa de assembleias bimestrais, onde são definidas as metas e a demanda, bem como o comprometimento do produtor em entregar a matéria-prima no volume e requisitos acordados. Não há contratos, e o compromisso dar-se-á por outros documentos, como e-mails e pautas de reuniões. Caso o cooperado não cumpra com suas responsabilidades, a cooperativa poderá retirá-lo das transações, com consequente perda dos benefícios concedidos dentro do arranjo. A cooperativa, por sua vez, é cobrada pelos clientes com relação a qualidade do produto, de maneira informal, a cada contato feito para solicitação de pedidos que normalmente ocorrem semanalmente, sendo este o único contato entre os clientes e o processador da carne ovina e os produtores cooperados. Assim, problemas de qualidade com o produto final são interpretados pelos clientes como de responsabilidade exclusiva da cooperativa que, de acordo com os clientes, realiza grande empenho em cumprir os acordos com relação aos prazos de entrega e qualidade dos produtos. O controle dos padrões e indicadores de qualidade é realizado pela cooperativa através do romaneio, que leva a informação do campo para o consumidor final. É exigido do cooperado exclusividade no fornecimento da matéria-prima, como também não é permitido a entrada de outros produtores sem aprovação do conselho gestor da cooperativa, após processo de avaliação. Um novo modelo de organização começou a ser testado na cooperativa, que é a compra de cordeiros jovens (até seis meses) do Rio Grande do Sul para serem engordados nas propriedades rurais dos cooperados, selecionados por possuírem estrutura adequada de confinamento. Esta alternativa entrou em vigor para suprir a carência da produção de cordeiros por parte dos cooperados, sendo este um ponto de incerteza dentro do arranjo produtivo, principalmente na entressafra (abril a setembro). Os ovinos comprados chegam na maioria dos casos sem identificação, passam por um período de descanso de 48 horas sem serem manejados, para depois receberem a aplicação de vacinas (clostridiose) e vermífugos, e então são realocados para os confinamentos. Esses animais recebem identificação e são 46 avaliados pelos critérios de qualidade exigidos pela cooperativa para serem abatidos e comercializados. Em 2015, o faturamento da cooperativa estudada teve incremento de 37,81% se comparado ao ano anterior. Da mesma forma, a produção alcançou a meta de crescimento de 13,92%. O Projeto Ovinos teve uma evolução de 7% no número de animais abatidos se comparado ao ano de 2014, enquanto o Projeto Bovinos obteve crescimento de 14% em relação ao ano anterior. O faturamento alcançado em 2015 foi de R$ 72,3 milhões, cerca de 38% maior se comparado ao ano de 2014, quando o faturamento atingiu R$ 52,4 milhões. A sobra do exercício de 2015 foi de R$ 1.772.774,60. De acordo com OLIVEIRA JUNIOR (1991), as sobras representam um saldo de receitas e despesas contabilizadas nas cooperativas, que competem em mercados dinâmicos e em crescimento contínuo, obrigam- se a extrair em seus negócios uma margem de rentabilidade que possa manter sua capacidade estratégica de obtenção de tecnologia e acumulação de capital. As Demonstrações Financeiras foram elaboradas em conformidade com as Práticas Contábeis adotadas no Brasil aplicáveis às empresas de pequeno e médio porte (NBC TG 1000 – aprovada pela Resolução 1.255/09 do Conselho Federal de Contabilidade), consideradas ainda os aspectos específicos da Lei 5.764/71 que rege o sistema cooperativo e a NBC T 10.8 do Conselho Federal de Contabilidade específica para as sociedades cooperativas, tendo sido aprovadas pela Diretoria da Cooperativa em 16/02/2016. Em 2015, a Cooperaliança investiu cerca de R$ 9 milhões para iniciar as obras da Unidade Industrial, além de outros investimentos em estrutura logística. Com um investimento aproximado de 25 milhões, além do frigorífico, a cooperativa construirá a sede administrativa e área social. Os cooperados participam como investidores financeiros e fiadores no financiamento do capital total investido. Esta participação foi possível pela relação de confiança entre os ovinocultores cooperados e a Cooperaliança. Simioni et al. (2009) afirmam que “existe na relação entre dirigentes e cooperados uma tendência ao atendimento das demandas individuais, que caracterizam o oportunismo recíproco, em detrimento daquelas derivadas da filosofia cooperativista”. Para compreender esta relação e propor melhorias na gestão, o estudo avaliou os custos de transação e identificou as incertezas nas relações entre os agentes. As transações no arranjo produtivo da carne ovina são foco nas análises e há custos envolvidos. Há necessidade de sua identificação e estudo por serem indutores das formas de governança adotadas. A economia dos custos de transação permite o estudo das transações 47 entre os agentes de modo a reduzir riscos nas relações de troca e com isso reduzir os custos de transação (AZEVEDO, 1996). 3.1. Relação entre os agentes do arranjo produtivo Sendo a cooperativa quem coordena as transações, a análise das relações é definida entre ela e cada agente estudado. A relação entre produtores rurais e a cooperativa é caracterizada por uma alta frequência nas transações. O dia a dia nestas transações faz com que a cooperativa selecione seus fornecedores de acordo com as expectativas mútuas de cada parte. Assim, elas se adaptam entre si e procuram entender as necessidades de cada um para construir uma relação de confiança por meio do cumprimento das obrigações individuais, regidas por acordos informais. Como consequência desta adaptação, procuram estabelecer e manter relações de longo prazo. A base da integração entre a cooperativa e os cooperados é a confiança. As ameaças identificadas nesta relação podem acontecer com a falta de transparência por parte da cooperativa e do cooperado, o que indica um comportamento oportunista. Dessa forma, a cooperativa investe em minimizar a assimetria das informações, como a abertura das contas, o que leva à construção de boa reputação entre eles e à minimização de ações oportunistas. Outra ameaça encontrada é com relação a produção da matéria prima, pois se esta necessidade não for atendida, a cooperativa deixa de atender o cliente, ou o atende parcialmente. A cooperativa define como objetivo comum entre os agentes a qualidade do produto entregue ao cliente. Este processo começa na produção “dentro da porteira”, e é estendido aos demais agentes. A cooperativa implantou um sistema de rastreabilidade, denominada “romaneio”, onde os produtores recebem instruções para documentar as transações da saída dos animais da fazenda, que segue para o processador e, posteriormente, essas informações ficam acessíveis aos clientes, através de um painel que é exposto no local da venda da carne ovina, com informações sobre o processamento e a origem. Os problemas encontrados nas transações entre as partes podem ser resultado direto da falta de comprometimento com os objetivos em comum, principalmente com relação a produção e entrega da matéria-prima. A falta de interação entre as equipes que atuam nas empresas e a prioridade em satisfazer a necessidade individual em detrimento do coletivo é uma ameaça ao objetivo comum. 48 Os produtores entrevistados têm como principal objetivo o crescimento da cooperativa e a satisfação pessoal com a ovinocultura, que é alcançado quando recebem elogios pela entrega de produtos de qualidade; o principal objetivo da cooperativa é obter matéria-prima com qualidade e escala, para que o cliente seja atendido. A falta de cumprimento com as obrigações, principalmente financeiras, por parte da cooperativa poderia iniciar um processo de desconfiança e quebra de reputação. Quadro 2. Principais entraves nas transações entre a cooperativa e os produtores cooperados no caso estudado. A g en te Entraves observados Causas C o o p er a ti v a Dificuldade de comunicação entre os agentes no pré e pós transações Insegurança na adoção de novas tecnologias de comunicação e ferramentas gerenciais Falta de fidelidade dos clientes Atribuição de maior valor ao preço em detrimento da qualidade dos produtos Ausência de auditorias nos clientes para evitar ações oportunistas Equipe técnica insuficiente e ausência de protocolos de avaliação e gestão Desconhecimento das condições de armazenamento e segurança dos produtos nos clientes P ro d u to r ru ra l Não entrega do volume programado de animais para abate Falta de planejamento da cooperativa junto aos produtores e assistência técnica e gerencial insuficiente Atraso na entrega dos animais para abate na qualidade acordada nas pré-transações Falta de compromisso dos produtores com os objetivos comuns Falta de comprometimento com os compromissos acordados Falta de alinhamento com os objetivos em comum e clareza dos acordos pré-transacionais Dificuldade em atingir o potencial produtivo da fazenda Insegurança em realizar investimentos e acomodação com a estrutura vigente Falta de empreendedorismo para arriscar maiores investimentos na atividade Insegurança de que os investimentos possam aumentar os custos de produção Entrega de produtos não conformes para o processador Assimetria de informações e assistência técnica insuficiente 49 No contexto geral, observou-se que as transações entre produtores rurais e a cooperativa influenciam diretamente na qualidade e segurança da carne ovina ofertada ao consumidor. As reuniões para balanço dos resultados e estabelecimento de metas, a remuneração justa, bem como a confiança dos cooperados na marca da cooperativa, contribuem para a relação duradoura entre estes agentes. As suas causas estão inter- relacionadas e dependem da capacidade de integração destes agentes, de forma a diminuir o possível oportunismo entre eles. Os principais entraves que contribuem para a ocorrência de ações oportunistas estão descritos no Quadro 2. A relação entre os transportadores e a cooperativa é caracterizada por uma baixa frequência nas transações, que acontecem em duas etapas: transporte do animal vivo do cooperado para o processador e transporte da carne ovina para o mercado realizado pela cooperativa. O transportador do cordeiro é o cooperado na grande maioria, sendo o ovinocultor o responsável por providenciar o veículo. Para lotes pequenos costuma-se utilizar caminhonetes próprias com gaiolas (aproximadamente oito animais por viagem) e alguns possuem carretas. As transações entre a cooperativa e os cooperados são semanais e, portanto, de alta frequência o que minimiza a possibilidade de ações oportunistas, como o não cumprimento de prazos e horários. Quando não é o cooperado o transportador, o serviço é terceirizado, orientado pela cooperativa. De 45 cooperados, 6 terceirizam o serviço. O cooperado é o responsável pela contratação e pagamento do serviço de transporte. As transações entre a cooperativa e os transportadores são esporádicas, e, portanto, de baixa frequência, o que aumenta a possibilidade de ações oportunistas. Os ovinocultores que terceirizam o transporte contratam 80% do serviço pelo transportador A e 20% pelo transportador B. Pela experiência, os cooperados que terceirizam o transporte se familiarizaram mais com o transportador A devido a alguns entraves entre estes agentes, descritos no Quadro 3. O transportador da carne ovina é a própria cooperativa, que possui os caminhões especializados. O capital investido para a compra destes caminhões veio do “projeto bovinos” da cooperativa. A carne ovina é transportada nestes caminhões e paga um frete para o “projeto bovinos”, no valor de R$ 0,57 por quilograma transportado. O segmento de ovinos utiliza esta estrutura de transporte e distribuição da carne ovina no mercado. Os caminhões são tipo “furgão” refrigerados e realizam a logística pelo estado do Paraná. De acordo com os entrevistados, as relações entre as partes são cordiais. As responsabilidades para a entrega dos produtos são cumpridas na maior parte dos casos e as ameaças encontradas foram com relação ao horário de entrega dos animais do cooperado 50 para o processador, no qual eventualmente ocorrem atrasos que prejudicam a logística de abate. As relações se resumem ao atendimento mútuo das responsabilidades individuais