UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS - RIO CLARO Ricardo Sérgio Frias Fonseca Do Ciclismo ao Futebol: o Velo Clube de Rio Claro nos anos 1910 Rio Claro 2021 Educação Física Ricardo Sérgio Frias Fonseca Do Ciclismo ao Futebol: o Velo Clube de Rio Claro nos anos 1910 Orientador: Prof. Dr. José Roberto Gnecco Coorientador: Prof. Natália Varela González Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Câmpus de Rio Claro, para obtenção do grau de Bacharel em Educação Física. Rio Claro 2021 F676c Fonseca, Ricardo Sérgio Frias Do ciclismo ao futebol: o Velo clube de Rio Claro nos anos 1910 / Ricardo Sérgio Frias Fonseca. -- Rio Claro, 2021 31 f. : il., fotos Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado - Educação Física) - Universidade Estadual Paulista (Unesp), Instituto de Biociências, Rio Claro Orientador: José Roberto Gnecco Coorientadora: Natália Varela González 1. Ciclismo. 2. Futebol. I. Título. Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp. Biblioteca do Instituto de Biociências, Rio Claro. Dados fornecidos pelo autor(a). Essa ficha não pode ser modificada. RESUMO O futebol é considerado a paixão nacional dos brasileiros, mas, na passagem do século XIX para o século XX outros esportes como o ciclismo, o remo, a ginástica, por exemplo, eram mais populares. Clubes dessas modalidades foram criados não só em Rio Claro como em outros Municípios, os quais, em sua maioria, migraram sua dedicação para o futebol. O Velo Clube de Rio Claro é um dos principais clubes de futebol dessa cidade – fundado como clube de ciclismo -, o qual migrou para o futebol como esporte principal já em seus primeiros anos. O presente estudo busca identificar, resgatar, transcrever e analisar aspectos históricos da transformação d ciclismo para o futebol no Velo Clube, a qual ocorreu ainda no primeiro decênio de vida do clube a partir de 1910. As informações foram coletadas por meio de consulta aos documentos e arquivos do Velo Clube, do Arquivo Público e Histórico do Munícipio de Rio Claro, do bicentenário Diário do Rio Claro e demais jornais da época, assim como por meio de reportagens e entrevistas já publicadas na imprensa escrita contemporânea. No período em questão o futebol estava em ascensão no cenário nacional, o que pode ter relação direta com o fato de um clube recém fundado ter mudado sua própria de ser. Os resultados esperados foram consequência da análise e hipóteses dos motivos e razões que levaram a transição do Velo Clube do ciclismo para o futebol a partir dos fatos históricos encontrados nas fontes primárias e eventuais análises sobre o ocorrido encontradas nas fontes secundárias. Palavras-chave: Ciclismo, Futebol, Velo Clube de Rio Claro LISTA DE FIGURAS Figura 1 – O Velo Clube Rio-Clarense foi originalmente velódromo destinado ao ciclismo em 1910........................................................................................................07 Figura 2 – Jogadores de Futebol do Velo Clube........................................................07 Figura 3 – Primeira diretoria do Velo Clube...............................................................19 Figura 4 – Inauguração do Velo Club Rio Clarense...................................................20 Figura 5 – Inauguração do Velo Clube em sua nova fase.........................................21 Figura 6 – Equipe vencedora da Taça Briscoe..........................................................25 Figura 7 – Homenagem aos jogadores do Velo Clube Rioclarense...........................27 Figura 8 – Rio Claro investe no ciclismo de base com o Projeto Pedalar..................28 SUMÁRIO 1. Introdução.............................................................................................................06 2. Objetivo.................................................................................................................07 3. Materiais e métodos..............................................................................................08 4. Rio Claro até 1920................................................................................................09 5. O Ciclismo em Rio Claro.......................................................................................14 6. O Futebol em Rio Claro........................................................................................16 7. Velo Clube Rio Clarense.......................................................................................19 8. O que restou do Ciclismo em Rio Claro................................................................28 9. Considerações Finais............................................................................................29 10. Referências Bibliográficas.....................................................................................30 6 1. Introdução O objetivo do presente trabalho é identificar, resgatar, transcrever e analisar aspectos históricos da transformação do ciclismo para o futebol no Velo Clube. Para isso foram utilizados documentos do Velo Clube, o Arquivo do Velo Clube e Cartório de Fundação do Velo Clube como fontes primárias e Documentos do Arquivo Histórico, Reportagens e entrevistas já publicadas na imprensa escrita e a literatura física e virtual existente sobre a História de Rio Claro e a História do Ciclismo e Futebol como fontes secundárias. Foi descoberto que Rio Claro foi um importante pólo cafeeiro do estado de São Paulo, o que auxiliou no desenvolvimento financeiro e atraiu vários imigrantes para trabalhar nas fazendas da cidade. Com o passar do tempo a cidade foi se industrializando e os imigrantes foram se adaptando ao local e introduzindo sua cultura desde escolas de língua estrangeiras até mesmo ao uso de bicicletas como meio de transporte. Como as bicicletas eram “chiques” na época por serem produtos importados diretamente da Europa, com isso o Ciclismo começou a nascer em Rio Claro e em 1910 ocorreu a fundação do Velo Clube Rioclarense sendo um clube responsável por promover o Ciclismo na cidade. Devido a existência das Oficinas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, a vinda de pessoas de outros locais, o futebol começou a aparecer na cidade, tendo a formação de alguns times amadores e dentre eles um formado pelos funcionários do Grêmio Recreativo dos Empregados da Companhia Paulista de Estradas de Ferro e com o passar do tempo surgiria a fundação do Rio Claro Foot- Ball Club e de seu rival Velo Clube Rioclarense, após sua transição do Ciclismo. 7 2. Objetivo Identificar, resgatar, transcrever e analisar aspectos históricos da transformação do ciclismo para o futebol no Velo Clube. Figura 1: O Velo Clube Rio-Clarense foi originalmente velódromo destinado ao ciclismo em 1910 (VELO... 2021) Figura 2: Jogadores de Futebol do Velo Clube (HISTÓRIA... 2021) 8 3. Metodologia (ou Materiais e Métodos) O conhecimento histórico permite aos cidadãos o resgate de informações relevantes a respeito de sua identidade social em sua cidade e no mundo, assim como muitas pesquisas já desenvolvidas sobre Rio Claro (MARRACH, 1983). Fontes primárias  Documentos do Velo Clube  Arquivo do Velo Clube  Cartório fundação do Velo Clube Fontes secundárias  Documentos do Arquivo Histórico  Reportagens e entrevistas já publicadas na imprensa escrita  A literatura física e virtual existente sobre a História de Rio Claro e a História do Ciclismo e Futebol: livros, artigos, teses, dissertações, iniciações científicas, etc. Esta pesquisa se caracteriza por ser descritiva, histórica e bibliográfica: descritiva pela descrição dos acontecimentos e intencionalidades decorrentes do período pesquisado; pesquisa histórica pelo entrecruzamento das informações com o contexto histórico-social do período; e pesquisa bibliográfica pela construção do resgate histórico a partir de fontes bibliográficas, iconográfica, etc. (GNECCO, 2005) Em primeiro lugar, este trabalho se caracteriza como uma pesquisa descritiva. Esta caracterizada pelo estudo e registro dos fatos e pela análise e interpretação dos mesmos (BARROS, 2007). A etapa de coleta de dados acorreu por meio da busca e análise da literatura a respeito dos acontecimentos no período pesquisado. Por ser histórica, para seu desenvolvimento foram utilizadas as literaturas física e virtual que descrevem os fatos ocorridos durante os decênios de 1900 a 1920 na cidade de Rio Claro, no Brasil e no Velo Clube. Como pesquisa bibliográfica, porque as pessoas naturais que testemunharam os fatos e poderiam ser as fontes primárias já faleceram, sendo que o acesso a seus conhecimentos só pode se dar por meios bibliográficos e similares. 9 4. Rio Claro até 1920 No século XVIII, em consequência da descoberta do ouro em Cuiabá no Mato Grosso, desde 1719, os paulistas já cruzavam os campos ou sertões de Araraquara, além de Rio Claro, atualmente localizados os territórios dos municípios de Araraquara, São Carlos e Descalvado, para evitar os congestionamentos da rota do rio Anhembi (Tiete). Bandeirantes e aventureiros ali se fixaram, construindo as primeiras casas em suas propriedades, as margens do Ribeirão Claro. Tornando-se ali o ponto de pouso dos viajantes dos sertões (HISTÓRIA... 2020). Em 1817, Manoel De Barros Ferraz e a família Galvão, procedente de Itu, a qual foi representada por Joaquim Galvão de França que se responsabilizou pela primeira sesmaria nos sertões do Morro Azul. Após ser vendida grande parte desse território transformou-se na fazenda Ibicaba, localizada em Cordeirópolis, e o senhor Nicolau Vergueiro, associado ao Brigadeiro Luiz Antônio, fundou o Engenho de Ibicaba que se dedicava ao fabrico de açúcar e criação de animais, realizando um grande trabalho de colonização (HISTÓRIA... 2020). No ano seguinte foi concedida a segunda sesmaria a família Góes Maciel e, três anos depois, uma outra concessão aos irmãos Pereira, no lugar denominado Ribeirão Claro, onde formaram uma grande fazenda de criação conhecida como o "Curral dos Pereiras", onde, em 1822, com a criação da Vila da Constituição, hoje localizada Piracicaba, começou a formar um povoado que foi denominado São João Batista do Ribeirão Claro. Outra sesmaria importante foi concedida as margens do rio Corumbataí: a do capitão Francisco da Costa Alves, em cuja fazenda construiu uma capela com denominação de São João Batista (HISTÓRIA... 2020). Foi atribuída a Companhia Paulista de Estrada de Ferro a ligação entre Campinas e Rio Claro, inaugurada em 1876. Uma nova Ferrovia, ligando Rio Claro a São Carlos e Araraquara, foi construída entre 1881 e 1885, pela Companhia de Estradas de Ferro do Rio Claro, mais tarde adquirida pela Companhia Paulista, atual FEPASA (HISTÓRIA... 2020). O município surgiu em 1845, quando ganhou a sua autonomia administrativa, com a denominação de São João do Rio Claro, tendo seu nome simplificado para Rio Claro em 1905. Em 1886, Rio Claro era considerada o terceiro maior produtor de café da província paulista. O auge da produção de café ocorreu em 1901 com a colheita de 14824 toneladas, mas nessa época Rio Claro já não se encontrava entre 10 os dez principais municípios cafeeiros de São Paulo, perdendo sua importância devido a abertura da zona de Ribeirão Preto e pela expansão do plantio além de Jaú e Araraquara (DEAN, 1971, p. 154). Em 1903, houve um Decreto estadual taxando o plantio de novos pés de café, assim barrando novas plantações. Um especialista em 1909 opinou que os cafeeiros do município eram menos produtivos que a média devido ao se encontrarem em solos pobres (DEAN, 1971, p. 177). Com a transformação do regime de trabalho nas fazendas a economia do estado passou por uma diversificação principalmente pensando numa maior variedade de produtos necessários para satisfazer os consumidores. Parte dos imigrantes deixaram o trabalho agrícola e se dedicaram a ofícios (DEAN, 1971, p. 178). O centro da cidade de Rio Claro industrializou-se notavelmente, obtendo sua posição como terminal ferroviário e depois como ponto de baldeação entre a Paulista e a linha de Rio Claro, onde aconselhava-se a construção de depósitos de vagões de ambas ferrovias. A Usina do Corumbataí começou funcionar regularmente utilizando o potencial hidrelétrico do rio Corumbataí e Ribeirão Claro em 1900, responsável pela iluminação pública da cidade (DEAN, 1971, p. 155). Haviam oficinas de construção de carruagens, selarias, serrarias, olarias, fornos de cal, uma fábrica de sapatos, várias tipografias, oficinas mecânicas e de fundição. Alguns estabelecimentos menores que fabricavam massa, sabão, vinagre, colchões, chapéus de palha, charutos, foguetes e gelo. E uma grande cervejaria que vendia 600 mil litros para todo o estado (DEAN, 1971, p. 155-156). A força do trabalho rural e uma numerosa classe trabalhadora urbana fornecia usuários para setores variados: repartições públicas, hospitais, um teatro, cinemas e igrejas. Nessa época o mercado e o matadouro forneciam os produtos alimentícios enquanto os comerciantes e intermediários trabalhavam com pequenas quantidades de café, arroz, laticínios e aguardente. A classe média era bastante ampla devido ao acúmulo de empresas comerciais, cujas ambições e padrão de consumo diversificavam os tipos de empregos. Rio Claro possuía um ginásio de língua alemã que reunia os estudantes vindos dos estados sulistas (DEAN, 1971, p. 156). O comércio local era pequeno pelo fato de Rio Claro não ter um banco até 1926, sendo dependente de São Paulo como fonte de crédito, a classe média não conseguia abocanhar uma parcela maior da comercialização de café. Com a crise de 11 1901 a 1906 as grandes fazendas acabaram sofrendo ocorrendo quebras, divisões e leilões antes e depois do período. Mesmo com várias fazendas passando por prejuízos, outras estavam muito bem como principal destaque a fazenda Santa Gertrudes que servia de modelo para os estrangeiros devido sua gestão e proprietários ricos (DEAN, 1971, p. 156-157). Em Rio Claro o regime de trabalho nas lavouras era muito uniforme, as famílias imigrantes chegavam e se instalavam na Hospedaria dos Imigrantes, uma moradia gratuita, e assinavam contratos válidos por um ano que determinavam uma certa quantidade de pés de café que a família devia se responsabilizar, em torno de 2 mil pés por adulto, recebendo determinada quantia fixa após a capina de mil pés e colheita dos frutos. Os trabalhadores contratados por um ano eram chamados de colonos, havia outras formas de emprego dentro das fazendas que eram os camaradas, eles recebiam por mês e cuidavam das plantações em turmas (DEAN, 1971, p. 162). Nos empreendimentos agrícolas maiores havia outro pequeno grupo de trabalhadores qualificados que recebiam salários mais altos composto por capatazes, carpinteiros, pedreiros, carreteiros, podadores e operadores de maquinaria beneficiadora, aradores e exterminadores de formigas (DEAN, 1971, p. 164). Os imigrantes eram preferidos para trabalhar como colonos nas fazendas. Em Rio Claro, era preciso deixá-los desviar parte do seu trabalho para subsistência e outras culturas econômicas, haviam brasileiros trabalhando em quase todas as propriedades. De 326 empreendimentos cafeeiros em 1905, apenas seis tinham somente brasileiros e dentre eles apenas um tinha força de trabalho superior a 100. A prosperidade dos imigrantes deveu-se à discriminação contra os brasileiros, especialmente os negros, por tratar os europeus como racialmente superiores (DEAN, 1971, p. 165). Nos anos de 1902 e 1906 ocorreram movimentos grevistas em Rio Claro, tendo como principal causa a queda nos preços do café, mas as motivações específicas foram várias. Houve greves gerais de importância iniciadas pelos empregados das estradas de ferro em 1901 e 1906 (DEAN, 1971, p. 171-172). Após a queda do lucro cafeeiro algumas fazendas começaram a se dividir e abaixar seus valores para conseguirem ser vendidas facilmente, de início os imigrantes foram os maiores compradores. Havia um administrador no núcleo 12 responsável por selecionar inspetores que o ajudassem a supervisionar a distribuição dos lotes, cobrassem as prestações, supervisionassem os trabalhos comuns como os de reparos nas estradas, e fizessem cumprir os regulamentos, além de serem responsáveis por recolher os votos em dia de eleição (DEAN, 1971, p. 176). Foi fundado um núcleo, em 1905, na cidade de Rio Claro na segunda crise do café. Chamado de São José do Corumbataí era uma plantação falida, onde apenas 185 dos seus 4262 hectares estavam com café plantados (DEAN, 1971, p. 177). Na virada do século, o processo de crescimento da cidade se deu pela expansão gradual de sua própria renda e ocorreu ao longo de três décadas, segundo estudiosos da evolução socioeconômica do município existiam duas explicações para o ocorrido. Na primeira, a ferrovia foi considerada o fator principal para o crescimento urbano pois estendeu sua influência pela região entre as atuais cidades de Torrinha, Jaú, Jaboticabal, Descalvado e Cordeirópolis (TONINI, 2006, p. 12). A segunda explicação encontrada na obra de Davids (1968), o enfoque é político-social. Entorno de 1890 e 1900, o centro urbano já era considerado o motor da economia do município, enquanto o complexo socioeconômico- -político-cultural baseado na cafeicultura estava em processo de desintegração. A lavoura do café passou ser substituída por novos cultivos destinados ao mercado urbano, e não mais para exportação. A economia urbana dinamizou-se ampliando setores originalmente relacionados ao complexo cafeeiro (transportes, serviços urbanos, comércio) e favorecendo o aparecimento de pequenas indústrias (CAMPOS, 2012, p. 141). Com o surgimento de novas fábricas, algumas de grandes dimensões se sobressaíam, e assim acabavam sendo as responsáveis por colocar Rio Claro no mapa industrial paulista e outorgavam importância econômica. Além de serem consideradas como símbolos locais pelos rio-clarenses por proporcionarem trabalho e sustento para milhares de habitantes (CAMPOS, 2012, p. 142). Na época, os grandes investimentos industriais estavam relacionados ao acúmulo capitalista da cafeicultura proporcionado por empresários agrícolas (fazendeiros de café), comerciais (agentes importadores e exportadores) ou a burguesia cafeeira, sendo uma relação café – indústria direta (CAMPOS, 2012, p. 142). 13 Por parte do município houve um acúmulo capitalista muito pequeno, tendo ocorrido principalmente devido a maior parte do capital não ter sido reinvestida localmente já que alguns dos maiores proprietários rurais e das ferrovias não residiam no município, como no caso da Cia. Paulista onde os proprietários moravam em Campinas, Limeira e Araras. Outro fator importante foi a Rio Claro ter seu primeiro banco instalado apenas em 1926, assim dependendo creditícia e financeiramente à capital paulista (DEAN, 1971, p. 157). Nas pequenas unidades artesanais/ industriais que eram de grande maioria na época, os capitais eram detidos por em sua maior parte por imigrantes estrangeiros, que haviam o acumulado no trabalho assalariado ou na exploração de pequenos empreendimentos comerciais ou agrícolas, não havendo evidências da existência de “burguês imigrante” (CAMPOS, 2012, p. 143). Na atualidade ainda existem cinco estabelecimentos industrias da época mencionada, ainda que em novas instalações e com outra razão social, sendo eles: o Diário de Rio Claro, MGM Meyer Giometti Engenharia Mecânica, Tipografia Costa e Majograf (setor gráfico), as Oficinas da Paulista e a Cervejaria Rio Claro (CAMPOS, 2012, p. 155). 14 5. O Ciclismo em Rio Claro O Ciclismo é um esporte de corrida de bicicletas cujo objetivo dos participantes é chegar primeiro a determinada meta ou cumprir determinado percurso no menor tempo possível. Em termos de saúde, o ciclismo é uma atividade rítmica e cíclica, ideal para desenvolvimento dos sistemas de energia aeróbico e anaeróbico, dependendo do tipo de treinamento aplicado. Desenvolve o sistema cardiovascular dos praticantes, sendo ainda indicado por médicos especialistas como ótimo exercício para queima de gordura corporal e desenvolvimento de resistência de força muscular de pernas, em treinamentos (PACIEVITCH, 2020). São Paulo e Porto Alegre foram as portas de entrada do ciclismo de competição no Brasil. No final do século XIX, as bicicletas ainda eram consideradas artigos de luxo em grande parte das regiões do Brasil e chegavam na bagagem dos comerciantes que traziam novidades da Europa. Apesar do valor elevado, as bicicletas eram bastantes procuradas nas cidades litorâneas como Santos, Florianópolis e Rio de Janeiro, capital do país na época, por serem cidades mais planas (SESI-SP, 2015). Na última década do século havia centenas de milhares de bicicletas circulando pelas capitais do país, com isso um grupo de paulistanos construiu em 1895, próximo ao centro da cidade, o Velódromo Paulistano, o primeiro velódromo no Brasil. No mesmo ano foi disputada a primeira competição oficial da cidade com a presença de 30 ciclistas (ESPÍRITO-SANTO, 2005, p. 81). O estado de São Paulo começou trazer ciclistas do Rio de Janeiro, de outros estados e países para competirem em eventos concorridos, enquanto isso, Porto Alegre se organizava em torno do Velódromo Rio-Grandense, com a fundação de entidades ciclísticas como a União Velocipédica de Amadores em 1895, e no ano seguinte a Sociedade Ciclística Blitz (SESI-SP, 2015). Já em 1898, o italiano Luigi Caloi que havia chegado ao país, iniciou um projeto de importação de bicicletas que seria a gênese da célebre fábrica que ajudaria a construir a história do ciclismo brasileiro no século XX (CALOI, 2020). Na virada do século, basicamente todos os esportes começaram a perder espaço e prestígio para o futebol, e o ciclismo, como competição estruturada, começou a ter dificuldades para avançar e passou a crescer como forma de lazer e recreação. Ao longo do século XX esse panorama ficou ainda mais definido e 15 mesmo com milhões de bicicletas o país não conseguiu ter grande desenvolvimento ao ciclismo como modalidade esportiva (SESI-SP, 2015). A perda do terreno do Velódromo Paulistano para o Clube Atlético Paulistano, que precisava de uma sede administrativa e um local para receber seus jogos de futebol, foi um choque para o ciclismo competitivo mas não para o crescimento do mercado de bicicletas, as quais mesmo convivendo com os veículos motorizados ainda representavam um aprimoramento do perfil da mobilidade urbana. (SESI-SP, 2015) O ciclismo deu sinais de retomada graças a iniciativas regionais que estavam dispostas a criar novas competições e mesmo novos velódromos, como o construído na cidade de Rio Claro em 1910, em terreno doado pela prefeitura localizado na Rua 6 e 7 e Avenidas 13 e 15, onde hoje, se encontra o Instituto de Educação “Colégio Joaquim Ribeiro” (ESPÍRITO-SANTO, 2005, p.81). Isso se deu devido a iniciativa de Miguel Ângelo Brandozele, Miguel Ferrari e Amadeu Rocco para fundação de um clube que promovesse o ciclismo na cidade, com isso no dia 28 de agosto de 1910, na residência de Miguel Ângelo, foi realizada a assembleia oficial da fundação do Velo Clube Rioclarense (LOPES, 2010, p. 02). Durante dez anos o Velo Clube dedicou-se exclusivamente ao ciclismo, transformando Rio Claro em um pólo do esporte no interior paulista e atraindo desportistas de diversas localidades do estado (ASSOCIAÇÃO... 2020). 16 6. O Futebol em Rio Claro Na segunda metade do século XIX, o futebol começou chegar no Brasil por intermédio de marinheiros ingleses, holandeses e franceses que o praticavam nas praias brasileiras (DUARTE, 1994). Segundo Afif e Brunoro (1997), no início era praticado exclusivamente pela elite, pois apenas os jovens mais ricos que estudaram na Europa tiveram a oportunidade de ter um primeiro contato direto com esse esporte. O futebol começou ser transplantado para São Paulo, em 1894 pela iniciativa de Charles W. Miller, um brasileiro de origem inglesa, que trouxe de sua viagem da Europa duas bolas, camisas, calções e chuteiras, também trouxe consigo a experiência e sabedoria que tinha a respeito do futebol, e além de dominar as regras básicas para o desenvolvimento do esporte, apitava os jogos e era um excelente jogador. A intenção inicial era difundir o esporte entre os ingleses que moravam em São Paulo e praticavam cricket, mas após um período, o futebol começou se propagar no meio industrial e aristocrático (CALDAS, 1989, p. 23). Entre 1895 e 1920, o futebol ainda era considerado um esporte altamente elitista, praticado apenas por jovens brancos e ricos que eram descendentes da aristocrática colônia inglesa no Brasil. Nessa época, praticar ou assistir uma partida de futebol era considerado algo “chique” e os jovens de “boa família” compareciam em grande número a esses eventos, que eram vistos por todos como uma festa da alta sociedade (CALDAS, 1989, p. 44). Após Miller encontrar o alemão Hans Nobiling, no Brasil, passaram a organizar competições, promovendo inúmeros jogos reunindo altos funcionários das empresas inglesas e da elite econômica que se interessavam pelo esporte (CALDAS, 1989, p. 23). O primeiro jogo ocorreu em São Paulo em 1899, entre os associados do São Paulo Athletic Club, e contou com a presença de sessenta torcedores, o que era admirável considerando a falta de conhecimento sobre o esporte. Com isso, outros clubes passaram se empenhar na divulgação do futebol, ganhando a preferência dos jovens que praticavam outros esportes como o ciclismo, ginástica e remo (BORSARI, 1975; CALDAS, 1989; DUARTE, 1994). As primeiras equipes de futebol foram criadas no estado de São Paulo, sendo elas o São Paulo Athletic Club, A.A. Mackenzie, S.C. Germânia, S.C. Internacional e o C.A. Paulistana, onde inicialmente eram voltadas para as camadas altas e depois passaram para as médias (BORSARI, 1975; CALDAS, 1989). Essas equipes 17 formaram a Liga Paulista de Futebol em 1901 e no ano seguinte realizaram seu primeiro campeonato. Segundo uma publicação, do ano de 1904, em São Paulo existiam 118 instituições esportivas, sendo 72 dedicadas ao futebol (BETTI, 1997). Diferente do que acorreu em outros diversos países por onde o futebol passou, no Brasil o futebol nunca foi proibido. Pelo contrário, procuravam incentivar as pessoas a praticá-lo e os inúmeros colégios da alta sociedade, onde a presença do futebol era obrigatória, formavam excelentes jogadores. Caso não houvesse, os alunos reivindicavam a presença desse esporte, pois era uma forma ideal de lazer e desta maneira o futebol tornava-se a cada dia que passava a atividade mais procurada e assim ganhando o coração do brasileiro (CALDAS, 1989, p. 23). Em 1910, o Corinthians de Londres fez uma excursão ao Brasil, após sua visita foram fundados no estado de São Paulo clubes como Sport Club Corinthians Paulista, Associação Atlética Ponte Preta e o Paulistano (DUARTE, 1994). A popularidade do futebol atraía um público cada vez maior, assim os clubes se interessavam cada vez mais pelo retorno financeiro que poderiam ter com esse esporte e isso só dependia do desempenho de suas equipes, e para isso, eles começaram a contratar jogadores nas camadas mais baixas, que era onde haviam jogadores talentosos e que praticavam o futebol com dedicação. A partir do momento em que havia um público disposto a pagar para assistir um jogo, abriu-se o caminho para o profissionalismo. E assim, o futebol tornou-se uma espécie de trabalho e, desde 1910, as recompensas em dinheiro após as partidas, os famosos “bichos”, eram comuns (BETTI, 1997). Ao passar dos anos o futebol acabou sofrendo mudanças em suas regras originais, em 1912 estabeleceram a mudança do uniforme do goleiro em relação aos demais jogadores afim de facilitar sua localização no campo. Já em 1913, houve uma mudança na regra do impedimento, onde foi implementado que não haveria mais impedimento quando a bola viesse diretamente de um arremesso lateral (LOPES, 2010, p.17). No ano de 1914, fundou-se a Federação Brasileira de Sports, mas dois anos depois se viu necessário uma entidade que organizasse e consagrasse todas as federações regionais de futebol, contudo, surgindo a Confederação Brasileira de Desportos (BORSARI, 1975). Após esse período houveram mais alterações nas regras, onde a partir de 1916 os jogos de futebol, que possuíam 35 minutos cada tempo, passaram a ter dois 18 tempos de 40 minutos. Em 1918, os juízes receberam uma grande mudança no visual e no seu conforto, já que até o momento deviam usar terno, sapato e chapéu para apitar, passando a usar calções, meiões, chuteiras e paletó preto. No ano de 1919, pela primeira vez os jornais brasileiros utilizaram o termo Árbitro para se referir ao juiz da partida, até o momento era utilizado o termo inglês Referee nas referências (LOPES, 2010, p. 17-18). No início do século XX, mesmo após a primeira crise do café, a cidade de Rio Claro passou a ter uma dinâmica econômica própria e sustentável devido a existência das Oficinas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro e da Cervejaria Rio Claro. Contudo, com a vinda de pessoas de outros locais, o futebol começou a aparecer na cidade, tendo o time amador formado pelos funcionários do Grêmio Recreativo dos Empregados da Companhia Paulista de Estradas de Ferro como um dos primeiros voltados para o esporte. Onde futuramente surgiria a fundação do Rio Claro Foot-Ball Club em 1909 e de seu rival Velo Clube Rioclarense em 1910, que inicialmente era um clube de ciclismo mas em 1920 passaria a ser mais um clube de futebol de Rio Claro (TONINI, 2006, p. 37). 19 7. Velo Clube Rio Clarense Em 1910, ocorreu uma reunião em frente à Casa Castellano, localizada na Rua 3 com a Avenida 4, onde Venâncio Baptista Chaves, Miguel Ângelo Brandoleze, Miguel Ferrari e Amadeo Rocco, tiveram a ideia de fundar um clube que promovesse o ciclismo em Rio Claro. No dia 28 de agosto de 1910, na residência de Miguel Ângelo, localizada na Rua 1, Avenidas 4 e 6, ocorreu a assembleia oficial de fundação do Velo Clube Rioclarense, em que se encontravam presentes Venâncio Batista Chaves, Amadeo Rocco, Miguel Ferrari , Cezarino Giorgi e Miguel Ângelo Brandoleze (FUNDAÇÃO DO VELO, 1910). A primeira diretoria do Velo Clube foi constituída por: Amadeu Rocco (Presidente), Simão Hoffling (Vice-Presidente), Venâncio Baptista Chaves (Tesoureiro), Miguel Ângelo Brandoleze (Primeiro Secretario), Armindo Rodrigues Alves (Segundo Secretario) e Miguel Ferrari (Procurador) (FUNDAÇÃO DO VELO, 1910). Figura 3: Primeira diretoria do Velo Clube (LOPES, 2010, p. 05) A denominação Velo Clube veio da palavra Velódromo, local onde havia corridas de bicicleta, além de já existir na época outros clubes como o Velo Campineiro e o Velo Santista. As cores escolhidas para representar o clube foram vermelho e verde, em homenagem as cores da bandeira de Portugal, local de nascimento de Venâncio Baptista Chaves (LOPES, 2010, p. 04). Por ser um clube de Ciclismo (Corridas de Bicicletas), a diretoria decidiu construir um Velódromo tendo esta pista 240 metros de extensão, em um terreno doado pelo Prefeito Coronel Marcello Schmidt, na Rua 6 e 7 e Avenidas 13 e 15, onde hoje, se encontra o Instituto de Educação “Colégio Joaquim Ribeiro”. Teve sua inauguração no dia 18 de dezembro de 1910, realizando uma prova ciclística com 11 participantes e tendo como vencedor Alberto Lassen Filho (LOPES, 2010, p. 05-6). 20 Figura 4: Inauguração do Velo Club Rio Clarense (LOPES, 2010, p. 06) Em 1911, para comemorar o primeiro aniversário do Velo Clube, foi realizado um festival ciclístico, dividido em seis páreos, para animar e buscar a participação dos torcedores do clube. Os vencedores foram: Benjamim de Castro (1º Páreo), Alberto Lassen Filho (2º Páreo), Felício Castellano (3º Páreo), Alberto Lassen Filho (4º Páreo), Bertolai (5º Páreo) e Saturnino Franco (6º Páreo) (LOPES, 2010, p. 06). No dia 3 de setembro mesmo ano, foi constituída uma nova diretoria para o clube composta por: José B. Chaves (Presidente), Miguel Ferrari (Vice-Presidente), Venâncio B. Chaves (Tesoureiro), Miguel Ângelo Brandoleze (1º Secretário), Domingos Paraíso (2º Secretário), Raul Brunini (Procurador), Raphael Doria (Diretor de corridas), Agnello Castellano, Alfredo Minervino, Aldino Tebaldi e Miguel Caputo (Fiscais de corrida) (LOPES, 2010, p. 06-7). “O saldo financeiro das provas (como eram chamadas as corridas) era destinado à Santa Casa de Misericórdia, à Vila de Caridade São Vicente de Paula e ao Hospital dos Lázaros, [...] localizados na cidade de Rio Claro” (HISTÓRIA, 2020). Em 1912 o Velo Clube, comemorou festivamente o seu segundo aniversário. Após passar por reformas, a pista de ciclismo foi “reinaugurada” em 01/06/1913 com a realização de um evento beneficente onde ocorreram cinco provas, com intuito de ajudar a Santa Casa de Misericórdia e o Hospital dos Lázaros. Porém, no dia 20/07/1913, sem registro do motivo, foi realizada a última prova esportiva do Velo Clube, sendo um desafio ciclístico dividido em cinco páreos, antes da suspensão de suas atividades que se daria até outubro de 1919 (LOPES, 2010, p. 07). Em 1919, houve a reorganização do Velo Clube, devido aos esforços de Venâncio Batista Chaves, José Mattola, José Felix Teixeira e Domingos Giovanni, 21 com uma nova Diretoria, constituída por: Joaquim Alves Penna (Presidente), Olavo Quintella (Vice-Presidente), Alexandre Nociti (Tesoureiro), José Felix Teixeira (Primeiro Secretário), Afonso de Pilla (Segundo Secretário), Domingos Giovanni e Antonio Wieckmann (Procuradores), Miguel Angello Brandoleze (Orador); José Mottola, Alberto Duarte, David Corrêa e Emílio Ludke (Fiscais), Venâncio Baptista Chaves (Diretor Esportivo). Em outubro, promoveram corridas ciclísticas e a pé com percurso de Rio Claro a Santa Gertrudes (LOPES, 2010, p. 08-9). No dia 14/10/1919 foi nomeada a comissão responsável por escolher o local adequado para construção do novo campo composta por Joaquim Alves Penna, Venâncio B. Chaves, Alexandre Nociti, Afonso de Pilla, Francisco G. Costa e Alphoim Corrêa. O terreno escolhido pela comissão foi oferecido pelo Senhor Miguel A. Rinaldi, pertencia a uma prestigiada família rio-clarense, localizado entre as ruas dois e quatro e em frente a Vila São Vicente. A construção da nova pista teve início em 21/10/1919, afim de arrecadar dinheiro para o trabalho de construção foram exibidos novos espetáculos cinematográficos, no “Cine Variedades” e “Phoenix”, como os filmes “O Condutor do Monte Cenésio” e “Verdade Oculta” ambas sessões oferecidas pela empresa “Americana” de cinemas (LOPES, 2010, p. 09). O primeiro treino na nova pista foi realizado em 04/01/1920 com a presença dos entusiasmados ciclistas rio-clarenses. Como forma de melhor acomodar os frequentadores, no dia 07/01, foi aberta uma subscrição para recolher fundos para construção de arquibancadas, começou uma concorrência pública para instalação do bar no local e foi permitida a colocação de anúncios ao redor do campo como forma do Clube obter algum lucro. A inauguração oficial da nova pista ocorreu no dia 01/02 com uma competição em cinco páreos (LOPES, 2010, p. 09-10). Figura 5: Inauguração do Velo Clube em sua nova fase (FOTOS, 2020) 22 O Velo recebeu reconhecimento da capital no dia 22/02/1920, na época era o Rio de Janeiro, quando foi convidado pela revista “Autopropulsão”, especializada em ciclismo, para fornecer notícias sobre o Clube e assim receber uma maior circulação. A Diretoria se reuniu no dia 24/02 para definir como seria o uniforme do clube, após muitas ideias, opiniões e sugestões foi decidido que o primeiro uniforme velista oficial seria: calções brancos, camisas de Lã Creme, escudo ao lado, com as cores verde e vermelha e iniciais V.C.R.C., e bonés vermelhos (LOPES, 2010, p. 10-1). O 2° Festival ciclístico aconteceu no dia 07/03 para comemorar novamente a inauguração da pista nova e também das novas instalações de sua praça de esportes, com a realização de quatro páreos. No sábado, dia 11/04, ocorreu o 3° Festival velista realizado com quatro páreos e ainda uma corrida extra possuindo quatro voltas, para agraciar os frequentadores, onde participaram três atletas, dois de bicicletas e um a pé (este com duas voltas de vantagem), tendo como vencedor o pedestre (LOPES, 2010, p. 11-2). No dia 16/05, houve uma reunião em uma residência, na avenida Dois número 3 no Centro de Rio Claro, onde ocorreu uma transformação na vida do clube. Com o comparecimento de todos diretores do Velo e da comissão organizadora do Comercial F.C. de Rio Claro, ocorreu a introdução do futebol que surgiu da fusão entre os clubes, assim dando início a Associação Sportiva Velo Clube Rio-Clarense (LOPES, 2010, p. 13). Para trabalhar na parte do futebol foram eleitos os seguintes membros: Aldino Tebaldi (Diretor Esportivo), Humberto Cassatti (Capitão do time), Felício Castellano, Heleno Mônaco e Santo Santilli (Comissão de sindicância), e os responsáveis por elaborar o estatuto foram Felício Serafini, Agnello Castellano e Aldino Tebaldi (LOPES, 2010, p. 13). Após a fusão dos clubes, ocorreu uma reunião no dia 24/05 na residência de Venâncio Baptista Chaves para tratar sobre a construção do Campo de Futebol que seria localizado no terreno do Velo, abrindo a partir dessa data a concorrência pública para tal fim e para realizar o aplainamento e destocamento do campo, adequando-o para prática de Futebol (LOPES, 2010, p. 13-4). As obras do Campo de Futebol e da pista de ciclismo foram concluídas no dia 07/08, no dia seguinte já houve o primeiro treino da equipe de Futebol do Velo, sendo repetido no dia 10 o prosseguimento do trabalho técnico com os jogadores (LOPES, 2010, p. 18). 23 Como era importante entrar em campo para um treinamento mais efetivo a equipe Velista marcou um amistoso no dia 22/08 contra o time que representava a 6ª Cia de Metralhadoras Pesadas, órgão do Exército, sediado em Rio Claro. Sem registro do resultado da partida, o Velo mandou para campo no primeiro quadro a seguinte formação: Frantz, Paschoal, Izzi, Carlito, Rizieri, Butollo, Agrisani, Urbano, Walter, Wiechmann e Arlindo. Para o segundo quadro: Nicola, Zanardi, Pretone, Lincoln, Willi, Silas, Carlos, Cerri, Polastri, Tico e Nicoletti. Com os seguintes atletas na reserva: Luiz, Nicolino, Duarte, Ragonha e Alexandre (LOPES, 2010, p. 19). O primeiro patrocínio Velista partiu do Sr. Raul Brunini, proprietário da Loja Brasserie, que forneceu as camisas para o time de Futebol, assim a partir do dia 27/08 o Velo teve seu novo jogo de camisas (LOPES, 2010, p. 19). Para continuar a melhoria da equipe, um segundo amistoso foi marcado contra o Paulista F.C. de Rio Claro no dia 29/08. Embora o Velo tenha vencido o primeiro quadro por 1x0, acabou perdendo o segundo por 2x0, o jogo teve a arbitragem de Jodate David. O Velo entrou no primeiro quarto com a seguinte formação: Frantz, Paschoal, Izzi, Rizieri, Wiechmann, Simas, Angrisani, Urbano, Jonas, Walter e Aldino. Tendo participado do segundo quarto: Santilli, Zanardi, Chico, Carlito, Willi, Buttolo, Tito, Cerri, Polastri, Carlos e Micotti. Ainda possuindo como reservas: Arlindo, Pretone, Callado, Nico, Alexandre, Arruda, Américo, Luiz Duarte e João (LOPES, 2010, p. 20). Chegou o momento do Velo realizar seu primeiro jogo fora de casa em Araraquara contra o Contadoria F.C. no feriado de 07/09. O árbitro do jogo foi Francisco Serapião e o Velo entrou com a seguinte escalação: Arruda, Paschoal, Romeu, Rizieri, Wiechmann, Izzi, Dictinho, Walter, Jonas, Urbano e Nodi, tendo como reservas: Angrisani e Carlos. Com a equipe de Araraquara montando uma seleção regional, como citado na época, o Velo acabou sendo derrotado pelo placar de 4x2. No dia 19/09 em homenagem aos jornais de Rio Claro, foi realizado um amistoso entre Alpha e Diário de Rio Claro, por ser um jogo festivo o resultado não teve importância (LOPES, 2010, p. 20-1). A diretoria velista se reuniu em sua sede provisória, Avenida 2 nº3 no Centro, com a finalidade de organizar a inauguração oficial do campo de futebol que estava marcada para o dia 10/10 tendo como convidado o Contadoria F.C. de Araraquara para um jogo de futebol e também aconteceriam páreos ciclísticos. O jogo de inauguração valeria a Taça Briscoe, em homenagem à Sociedade Industrial de Automóveis Bom Retiro, representada em Rio Claro por Brunini & Cia. Na reunião 24 também foi tratado sobre o Festival do Clube Velo de Santos, que seria no dia 03/10, sendo escolhidos para representar o Velo os seguintes ciclistas: A. Wiechmann, Walter, Jonas e Alphoim, comandados pelo Capitão da equipe Venâncio Baptista Chaves (LOPES, 2010, p. 21). No dia 03/10, os atletas velistas partiram para Santos para participar do Festival que seria realizado na pista do Gonzaga. A programação do evento era de Ciclismo e Futebol, tendo o Velo participado apenas do Ciclismo, o Festival foi dividido em quatro páreos e no intervalo houve um jogo de futebol entre as equipes de Santos, Guarujá F.C. e Antárctica AC (LOPES, 2010, p. 21-2). Enfim chegou o grande dia da inauguração oficial do campo de Futebol do Velo e comemoração do aniversário de um ano do retorno do clube as atividades, o evento ocorreu no terreno do campo localizado em frente à Vila de São Vicente, bairro depois denominado Saúde. Abrindo o evento foi realizado um jogo de Futebol contra o Rio Claro F.C. onde participaram apenas os jogadores reservas de ambas equipes, seria o primeiro confronto entre as equipes rio-clarenses, acabando a partida com o placar de 1x0 para equipe do Rio Claro que estava constituída pelos seguintes jogadores: Arruda, Polletti, Mario, Tuta, Dudu, Olivio, Tóti, Arnold, Pilla, Juca e Petroni. Enquanto a equipe do velo utilizou: Nicola, Chico, Izzi, Carlito, Willi, Simas, Polastri, Carlos, Gumercindo, Tito e Oliva, o árbitro foi Arlindo de Barros Dias e o jogo foi em homenagem ao Sr. Vicente Izzi tendo como prêmio uma caixa de refrigerante “Lippsi” (LOPES, 2010, p. 23). No intervalo entre o jogo preliminar e o principal, foram realizados dois páreos de Ciclismo com a participação em ambos de quatro ciclistas, o primeiro páreo era composto por 8 voltas ou 4000 metros e teve como vencedor Ragonha que recebeu uma cigarreira como prêmio, já o segundo páreo era constituído por 15 voltas ou 7500 metros e teve como vencedor Lassen que teve como premiação uma piteira, item considerado moda na época dos cigarros (LOPES, 2010, p. 23). O jogo principal do dia seria realizado entre as equipes principais do Velo e do Contadoria F.C. de Araraquara, valendo a Taça “Briscoe”. O Velo veio a campo com: Góes, Romeu, Humberto, Alfredo, Wiechmann, Capello, Dictinho, Augusto, Jonas, Urbano e Nodi, e a equipe do Contadoria era composta por: Chamberlain, Gallani, Eneas, Moura, Vico, Saavedra, Carioca, Oswaldo, Lauro, Saldanha e Lino. O árbitro da partida foi João Gemigniani, de Rio Claro, e o Velo obteve uma espetacular vitória pelo placar de 3x1 (LOPES, 2010, p. 23-4). 25 Figura 6: Equipe vencedora da Taça Briscoe (LOPES, 2010, p. 19) Para finalizar esse grande evento houve o terceiro páreo ciclístico constituído por 10 voltas ou 5000 metros e quatro participantes, o vencedor foi Fischer que recebeu como prêmio um mimo de valor. Os árbitros das provas de Ciclismo ocorridas durante o dia foram o Tenente Lobo Machado e Luso Garrido. Após o evento houve um jantar no hotel do Chegadinho ao som da banda Lyra E.F.A. de Araraquara, o dia também ficou marcado pela estreia do novo uniforme Velista e ao lançamento da revista “O Velo Sportivo” (LOPES, 2010, p. 24). No dia 19/10 ocorreu o 9° Festival Ciclístico do Velo, o primeiro após as reformas e adaptações na nova pista. Foram realizados cinco páreos onde cada um possuía os seguintes objetivos: 1° Páreo (8 voltas), 2° Páreo (20 voltas), 3° Páreo (20 voltas), 4° Páreo (15 voltas) e o 5° Páreo era válido pelo campeonato da cidade e teria como participantes os vencedores do 2° e 3° páreos (LOPES, 2010, p. 24-5). O segundo volume da revista “Velo Sportivo” saiu no dia 24/10 e no dia seguinte nos salões da Sociedade Italiana foi realizado uma Assembleia Geral Ordinária para eleger a nova diretoria do clube, ficou constituída por: Olavo Quintela (Presidente), Dagoberto Fernandes (Vice-Presidente), Felicio Serafini (1° Secretário), Miguel Ângelo Brandoleze (2° Secretário), Casemiro Cerri (Tesoureiro), Caetano Pezzotti (Orador), Domingos Giovanni (1° Procurador), Antonio Wiechmann (2° Procurador), Venâncio Baptista Chaves (Diretor Esportivo de Ciclismo), Santo Santilli (Segundo Diretor de Ciclismo), Aldino Tebaldi (Diretor de Futebol), Jonas Hebling (1° Capitão), Carlos Santilli (2° Capitão), José Felix Teixeira (Fiscal Geral), Heleno Monaco, Emílio Ludke, Antonio Corrêa Fontes e José Montolla (Fiscais), Felicio Castellano, Alexandre Nociti e David Corrêa (Comissão de Sindicância), 26 Sebastião de Barros, Ezid Silveira e Santiago Raulino (Comissão Revisora de Contas) (LOPES, 2010, p. 25) Para fechar Outubro, no último dia do mês, ocorreu o 10° Festival Ciclístico do Velo onde compareceram atletas de São Paulo, dentre eles Paschoal Ferretti e Antonio Di Napoli que pertenciam à Sociedade Sportiva Paulista. O evento foi dividido em cinco páreos, onde o 5° Páreo consistia em uma corrida de 5 voltas entre os vencedores do 2° e 3° Páreos, sendo eles respectivamente Jonas Ferretti e Lassen, tendo como vencedor Jonas, atleta de São Paulo. Durante o evento foi realizado uma partida de Futebol entre o Velo e o Paulista F.C. de Rio Claro, e ainda no mesmo dia o lançamento da 3ª edição da revista “Velo Sportivo” (LOPES, 2010, p. 25-6). O 11° Festival Ciclístico do Velo Clube aconteceu no dia 15/11, tendo participação acústica da Banda do Grêmio da Cia Paulista, foram realizados cinco páreos, onde o 5° Páreo manteve o esquema de disputa entre os vencedores do 2° e 3° Páreos. Houve a primeira apresentação das categorias de base em um jogo entre o primeiro e segundo quadros dos times infantis, porém não foram noticiados o resultado da partida, bem como os das provas ciclísticas (LOPES, 2010, p. 26-7). No dia 28/11 aconteceu o 12° Festival Velista, ocorreram cinco páreos ciclísticos, provas de corrida a pé e um jogo de Futebol realizado entre os sócios do clube, que formaram dois times nomeados “COSLADA” e “PAGLIANO”, mas devido a falta de interesse da imprensa os resultados gerais não foram anunciados. O 13° Festival foi constituído por quatro páreos, mas devido ainda menos prestigio da imprensa não se tem mais informações a respeito do evento (LOPES, 2010, p. 27). 27 Figura 7: Homenagem aos jogadores do Velo Clube Rioclarense (VELO... 2021) 28 8. O que restou do Ciclismo em Rio Claro Mesmo após a transição para o Futebol, o Velo Clube não deixou de organizar eventos de Ciclismo, principal razão de sua origem, onde em 1921 ocorreram cinco Festivais Ciclísticos e no ano seguinte mais seis Festivais foram organizados (LOPES, 2010, p. 28-41). No período de 1923 até 1932 não foram encontradas informações relacionadas ao Ciclismo, talvez pelo fato de ser um período onde o clube manteve o foco em desenvolver melhorias no Futebol que participou de diversos eventos e competições como o campeonato do interior (LOPES, 2010, p. 41-57). De 1932 a 1934 o Velo Clube se afastou de todas atividades, sem informações dos motivos, mas de 1935 em diante continuou com a organização de alguns de seus Festivais Ciclísticos, embora nesses anos não se tenham muitas informações devido ao foco maior do clube no Futebol (LOPES, 2010, p. 59). O Velo Clube mantém até hoje suas atividades relacionadas ao Ciclismo com o objetivo de estimular o esporte na cidade e região, por ser um dos caminhos para reduzir e prevenir a violência, a dependência química, a marginalidade infanto- juvenil e outros desvios sociais. O clube mantém parceria com a ABEC | ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE DE ESPORTES E CULTURA DE RIO CLARO, entidade beneficente que tem como missão fomentar a prática do Ciclismo na cidade de Rio Claro, desenvolvendo-o como forma de transporte, lazer, transformação social e competição nas categorias de base. (CICLISMO, 2020) Figura 8: Rio Claro investe no ciclismo de base com o Projeto Pedalar (RIO... 2021) 29 9. Considerações Finais A cidade de Rio Claro já foi um dos principais centros cafeeiros do estado de São Paulo e com isso teve uma economia forte, principalmente para atrair investidores para tomar posse das terras férteis como para atrair os imigrantes que vinham atrás de trabalho, principalmente após o fim do trabalho escravo. Devido a economia cafeeira as ferrovias começaram se expandir e a Usina Corumbataí virou o potencial gerador de energia elétrica da cidade. Mesmo após a decadência do café, a economia começou a se diversificar de modo a atender melhor a população e assim Rio Claro começou se industrializar notavelmente. Devido ao crescimento da cidade muitos imigrantes, que haviam chegado para trabalhar nas colheitas, permaneceram e eram os principais responsáveis pelas pequenas empresas/ indústrias artesanais que eram a maioria na época. Isso contribuiu para a chegada das bicicletas a Rio Claro, eram itens inicialmente importados da Europa até o italiano Caloi abrir sua empresa no Brasil. Foi assim que em 1910 surgiu a fundação do Velo Clube Rioclarense que tinha intenção de promover o Ciclismo em Rio Claro. Por 10 anos o clube se dedicou totalmente ao ciclismo, porém em 1920 ocorreu a fusão com o Comercial F.C. e passou a denominar-se Associação Sportiva Velo Clube Rio-Clarense deixando de ser um clube exclusivamente de Ciclismo e passando a trabalhar com futebol. Sem indícios concretos sobre o que levou a transição do Ciclismo para o Futebol no Velo Clube, acredita-se que a popularidade do futebol na época conseguia atrair um público cada vez maior, e assim o clube se interessou cada vez mais pelo retorno financeiro que poderia obter com esse esporte. Tanto que ao passar do tempo o Futebol começou ser o principal foco do clube já que a popularidade do Ciclismo foi caindo com o passar do tempo. 30 10. Referências Bibliográficas AFIF, A; BRUNORO, J. C. Futebol 100% profissional. São Paulo: Editora Gente, 1997. ASSOCIAÇÃO Esportiva Velo Clube Rioclarense. Disponível em: http://2016.futebolpaulista.com.br/clube/106/Velo+Clube/Hist%C3%B3ria. Acesso em: 12 mar. 2020. BETTI, M. Violência em campo: dinheiro, mídia e transgressão ás regras no futebol espetáculo. Ijui, RS: Editora Unijui, 1997. BORSARI, J. R. Futebol de campo. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1975. CALDAS, W. O pontapé inicial: memória do futebol brasileiro. 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