UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS - RIO CLARO Aline de Moraes O estudo de Matemática nas Salas de Recurso de escolas do ensino fundamental Rio Claro 2015 Licenciatura Plena em Pedagogia Aline de Moraes O estudo de Matemática nas Salas de Recurso de escolas do ensino fundamental Orientador: Miriam Godoy Penteado Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Câmpus de Rio Claro, para obtenção do grau de licenciada em Pedagogia. Rio Claro 2015 Dedico esta obra a Deus, N.S. Senhora e minha querida família, pois todos sempre me ajudaram. Agradecimentos Agradeço primeiramente a Deus e minha Mãezinha do Céu, que espiritualmente me deram forças para realizar este trabalho. Minha mãe, que sempre me incentivou, e ajudou, mesmo não tendo noção do que eu tinha para fazer, e nos momentos mais difíceis durante a graduação me apoiou em tudo. Ao meu namorado Pether e sua família. Mesmo ele não entendendo, mas aceitando o que lhe pedia, e perdendo os finais de semana de diversão e as viagens para a casa de seus parentes, não me abandonou em nenhum momento. A minha querida e única irmã e seu noivo, que assim como eu, realizarão um sonho neste ano. As minhas eternas estrelinhas Vó Jandyra e Vô José, segui o que vocês sempre me disseram e tenho certeza que vocês também me deram forças dai de cima. A meu pai, mesmo distante, sempre me incentivou a continuar, me lembrando do meu fracasso quando menor, e dizendo que acreditava na minha capacidade até onde cheguei, neste momento. Não menos especial que todos, mas que sempre me incentivou a continuar e por diversas vezes pensei que me recusaria, minha orientadora Miriam. Muito obrigada por tudo. Meus amigos e colegas da graduação e do serviço, em especial Marina e Mariana, e Jonatas que sempre perguntava como estava meu TCC e me apoiava no dia a dia. Aos demais amigos, parentes e conhecidos, que me ajudaram de alguma forma. Muito obrigada a todos!!! Resumo Conforme a Declaração de Salamanca, toda criança tem direito fundamental à educação, em particular aquelas com deficiência. Para atender a esta recomendação, os Estados e Municípios brasileiros instalaram salas de recursos (salas para atendimento especial) em diversas escolas. Esta pesquisa vem apresentar uma análise do trabalho realizado com alunos com deficiência nas Salas de Recurso de escolas da cidade de Rio Claro, focando o ensino de matemática. Foi feito um levantamento das escolas que possuem estas salas e cinco delas foram selecionadas para a realização de entrevistas com os professores especialistas. O objetivo foi conversar sobre as dificuldades e potencialidades deste tipo de atendimento especializado, no que diz respeito à matemática. As análises dessas entrevistas indicaram os procedimentos para o atendimento na SR e as abordagens para o ensino de matemática. Palavras Chave: Educação Inclusiva. Educação Matemática. Sala de Recursos. Educação Especial. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AEE – Atendimento Educacional Especializado MEC – Ministério da Educação LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais EJA – Educação de Jovens e Adultos HTPC – Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo SR – Sala de Recursos TCC – Trabalho de Conclusão de Curso NEE – Necessidades Educacionais Especiais EM – Escola Municipal Emei – Escola Municipal de Educação Infantil CHI – Centro de Habilitação Infantil – Princesa Vitória CRIARI – Centro de Referência da Infância e Adolescência de Rio Claro APAE – Associação de Pais e Amigos do Excepcional TO – Terapeuta Ocupacional CNE – Conselho Nacional de Educação CEB – Câmara de Educação Básica SUMÁRIO 1. Capitulo I: Introdução ......................................................................................................... 7 1.1 Objetivo Geral ............................................................................................................................. 10 1.2 Objetivo Especifico ...................................................................................................................... 10 1.3 Metodologia ................................................................................................................................. 11 2. Capítulo II: A Sala de Recursos e o Atendimento Educacional Especializado (AEE) ........... 13 3. Capítulo III: A Educação Matemática e a Inclusão ............................................................. 16 4. Capítulo IV: Apresentação das professoras participantes ................................................. 19 4.1 Professora Vilma ......................................................................................................................... 20 4.2 Professora Andreia ...................................................................................................................... 23 4.3 Professora Monalisa .................................................................................................................... 25 4.4 Professora Lourdes ..................................................................................................................... 27 4.5 Professora Claudia ...................................................................................................................... 29 5. Capítulo V: Análise das entrevistas .................................................................................. 32 5.1 Os procedimentos iniciais para o Atendimento Educacional Especializado ............................... 32 5.2 A parceria entre as professoras da classe comum e a professora da SR .................................. 34 5.3 O oferecimento de recursos materiais ........................................................................................ 35 5.4 Trabalho com matemática ........................................................................................................... 35 6. Considerações Finais ....................................................................................................... 38 Referências Bibliográficas .................................................................................................... 39 Apêndices ............................................................................................................................ 41 Apêndice A – Roteiro da entrevista ................................................................................................... 41 Apêndice B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ............................................... 42 7 1. Capitulo I: Introdução Desde os tempos remotos, em que educadores se uniam em grupos, e que o “prédio” escolar ainda não existia, as pessoas com deficiência eram excluídas dos meios de instrução e educação. Ao logo da história da humanidade, as pessoas com deficiência eram tratadas de forma preconceituosa, chegando até mesmo, a serem exterminadas, ou consideradas demoníacas, demonstrando-se assim, o preconceito que existia em relação a elas, e a exclusão que sofriam. Com a necessidade de inclusão, solicitou-se um melhor ensino, provocando o movimento que envolveu países, estados, cidades na discussão sobre como deveria ser a aprendizagem de pessoas com deficiência. Em 1994, autoridades de diversos países, se reuniram em Salamanca, na Espanha, para a discussão “Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais” (SALAMANCA, 1994), conhecida mundialmente como Declaração de Salamanca, alavancando assim, novas concepções. Vivenciamos nos últimos 20 anos, no Brasil, um fortalecimento da inclusão escolar como organizadora das metas para a escolarização das pessoas com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação. Essa perspectiva exige que se institua um amplo debate sobre as diretrizes da escola brasileira, sua organização pedagógica e seus profissionais, no sentido de favorecer a pluralidade de ações que sejam complementares, articuladas e que garantam o acesso ao conhecimento, assim como a oferta de apoios demandados por um grande contingente de alunos. (BAPTISTA, 2011, p.59-60) Levando-se em consideração decretos, leis, resoluções e portarias, nosso país tenta, a cada novo ano, estabelecer normas em maior sintonia com outros países mais avançados na área de Educação Especial. Assim também encontramos cidades no interior dos estados brasileiros que demonstram melhor conhecimento e estudos, que se tornam exemplos na temática da Educação Especial. Em contrapartida, temos que a educação no Brasil deveria ser tratada como prioritária, mas infelizmente isso não ocorre para muitos jovens e crianças que não possuem condições necessárias para uma boa aprendizagem, contudo não apenas aqui em nosso país, como em outros que ainda estão em desenvolvimento. 8 Como pode ser observado pelas estatísticas estimadas pela UNESCO (2005) nos países pobres e em desenvolvimento, mais de 140 milhões de crianças e jovens não têm acesso à escolarização básica; e apenas 2% de uma população dos indivíduos com deficiências, estimada em mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo, recebem algum tipo de educação formal. (PASIAN; MENDES; CIA, p. 215, 2014). Além do ensino regular, as pessoas com necessidades educacionais especiais devem frequentar uma sala especial que possibilite melhores condições de aprendizagem. Considerando isso, nesta pesquisa apresentamos uma análise do trabalho com deficientes de algumas escolas do município de Rio Claro, focando o ensino de matemática no espaço da Sala de Recursos (SR). Essa Sala é o local em que professores especializados aplicam e descobrem novos meios de ensino para crianças e jovens, e auxiliam os professores da sala comum com atividades diferenciadas e materiais de apoio, confeccionados pelos professores de AEE. Segundo o Decreto Nº 6.571, de 17 de setembro de 2008: Art. 1o A União prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na forma deste Decreto, com a finalidade de ampliar a oferta do atendimento educacional especializado aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular. § 1º Considera-se atendimento educacional especializado o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular. § 2o O atendimento educacional especializado deve integrar a proposta pedagógica da escola, envolver a participação da família e ser realizado em articulação com as demais políticas públicas. Art. 2o São objetivos do atendimento educacional especializado: I - prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular aos alunos referidos no art. 1º; II - garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular; III - fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e IV - assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis de ensino. (BRASIL, 2008, p.1) 9 Percebemos que a Educação do Deficiente deve ser algo priorizado, de forma a favorecer a aprendizagem de forma continua e, sempre que possível, personalizada. O ensino na SR deve ser algo que incentive o aluno a conhecer e aprender, mas como podemos relatar o ensino de matemática para deficientes? Uma questão, que algumas pessoas tentam entender sobre as dificuldades de aprender a matemática pelos alunos ditos "normais", se eles não conseguem aprender e muito menos entender a relação de números com a sua vivência, como deve ser para os alunos deficientes? Como trabalhar com eles? Como o professor da SR consegue trabalhar esta matéria com os alunos que ali frequentam? Como determinam o que o aluno aprendeu e qual o seu desenvolvimento referente à turma e a deficiência que ele apresenta? A problemática envolve a SR e será discutida a partir do trabalho de educadores da rede de ensino do Município de Rio Claro, no interior de São Paulo, responsáveis por SR, que é destinada a apoiar as atividades desenvolvidas na sala comum de Ensino. De forma mais específica, pretende-se conhecer como é organizado o ensino de crianças com Necessidades Educacionais Especiais (NEE), no que diz respeito ao conteúdo de matemática. Sabendo da existência da inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais (NEE) nas escolas regulares, e conhecendo a dificuldade que vários cursos de pedagogia apresentam por não terem uma disciplina especifica sobre esse tema, encontrei no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) uma possibilidade de aprofundamento nesta temática. Cursei uma disciplina optativa na faculdade, TÓPICOS ESPECIAIS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: O ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA PARA ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA, que tratava da Educação Matemática para estudantes com NEE, oferecida pelo Departamento de Educação Matemática, da Unesp Rio Claro – IGCE. Assim, passei a conhecer um pouco mais sobre a problemática desse tema. Foi através dessa disciplina que soube da existência das SR para apoiar o ensino de estudantes com deficiência em escolas regulares. 10 Como está redigido em lei, o acesso das crianças a uma SR, se dá por meio do seu ensino regular, pois neste, é que o educador reconhece se determinada criança necessita deste atendimento especializado. Sendo assim: O ambiente de aprendizagem é o ensino regular, no qual se flexibiliza o processo pedagógico, para que todos possam ter acesso ao currículo, beneficiando-se da escolarização. Para avançar nesse processo, além de conhecimentos e informações, é importante a conscientização dos direitos dos alunos quanto as suas necessidades educacionais especiais para que sejam respeitadas e valorizadas as diferenças. (ALVES, 2006, p.7) Pretendo neste estudo aprofundar meu conhecimento sobre o funcionamento e o reconhecimento desta SR por parte de professores das séries iniciais do ensino fundamental. Com este trabalho, terei uma visão mais abrangente de como está se consolidando a proposta de educação inclusiva, na cidade em que resido. Considero que os resultados contribuirão para a minha atuação profissional e, também, para outras pessoas interessadas no assunto. 1.1 Objetivo Geral Conhecer como ocorre o trabalho dos professores que atuam em salas de recurso nas escolas da Secretaria Municipal de Educação de Rio Claro no que diz respeito ao ensino de matemática nas séries iniciais do ensino fundamental. 1.2 Objetivo Especifico Fazer um mapeamento das salas de Recurso existentes no município de Rio Claro. Conhecer como as educadoras da Sala de Recurso organizam as atividades de apoio ao ensino de matemática. Levantar as dificuldades que elas enfrentam para realizar este trabalho. Conhecer a visão que possuem sobre o sucesso desse apoio para a aprendizagem matemática dos alunos que atendem. 11 1.3 Metodologia Antes de organizar a coleta dos dados principais da pesquisa, fiz um estudo de literatura sobre o ensino de matemática nas séries iniciais, procurando aqueles específicos sobre este ensino para crianças com deficiência. Fiz também o estudo da legislação de educação inclusiva no Brasil. Os dados principais da pesquisa se constituíram de entrevistas com professoras de SR. Antes dessas entrevistas fiz um contato com a Secretaria Municipal de Educação, para a realização de um mapeamento das SR existentes em Rio Claro, em que foram indicadas as seguintes escolas: EM Antônio Marrote; EM Antônio Sebastião da Silva; EM Armando Grisi; EM Benedito Zaine; EM Clara Freire Castelano; EM Dennizard Machado; EM Diva Marques Gouvêa; EM Djiliah Camargo; EM Elpídio Mina; EM Ephraim Ribeiro dos Santos; EM Hamilton Prado; EM Hélio Jorge; EM Jardim das Palmeiras – CAIC; EM Jovelina Morateli; EM Laura Pena; EM Luiz Martins R. Filho; EM Monsenhor Martins; EM Paulo Koelle; EMA Rubens Foot; EM Sérgio Hernani Fittipaldi; EM Sylvio de Araújo; EM Victorino Machado. A partir de uma consulta feita pela Coordenadora de Educação Especial da SME cinco professoras se voluntariaram para as entrevistas. Nessas entrevistas procurei conhecer quantas pessoas são atendidas (entre crianças, jovens e adultos), os procedimentos adotados, os recursos metodológicos utilizados e quais as dificuldades que encontravam nesse atendimento. Antes das entrevistas fiz um piloto com uma professora de SR, que possibilitou ajustar o roteiro final. O processo seguinte foi o contato telefônico com as professoras nas escolas em que atuam, fazendo uma prévia apresentação minha e solicitando o e-mail de cada uma para disponibilizar o roteiro que usaria nas entrevistas, e assim, agendarmos um dia e horário em que elas não tivessem atendimentos, a fim de não atrapalhar o andamento da SR com os alunos em qualquer tipo de pesquisa, seja em que modalidade ocorrer, é sempre necessário que o pesquisador seja aceito pelo outro, por um grupo, pela comunidade, para que se coloque na condição ora de partícipe, ora de observador. E é preciso que esse outro se disponha a falar da sua vida. (MARTINS, 2004, p.294) As entrevistas procederam na forma de uma conversa onde não há a imposição de uma ordem rígida de questões, o entrevistado discorre sobre o tema proposto com base nas informações que ele detém e que no fundo são a verdadeira razão da entrevista. Na medida em que houver um clima de estímulo e de 12 aceitação mútua, as informações fluirão de maneira notável e autentica. (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p.33) Cada professora me recebeu de uma forma diferente, algumas com os materiais que utilizam expostos nas mesas, outras conforme conversávamos procuravam algo para me mostrar e outras ainda, que preferiram não apresentar nada, apenas conversar e comentar exemplos. Todas as entrevistas foram gravadas e para preservar a identidade, atribuímos um pseudônimo a cada participante. Com base nessas entrevistas elaboramos um texto de apresentação de cada professora, procurando destacar aqueles aspectos relacionados ao objetivo da pesquisa. Esses textos foram lidos várias vezes de forma a destacar aspectos relevantes sobre o trabalho dos professores que atuam em salas de recurso nas escolas da Secretaria Municipal de Educação de Rio Claro no que diz respeito ao ensino de matemática nas séries iniciais do ensino fundamental. Chegamos a quatro temas, sendo que os três primeiros tratam de forma geral dos procedimentos iniciais para o atendimento na SR, das interações entre a professora de AEE e a da sala comum e do uso de recursos materiais. O quarto e último tema diz respeito a opinião das professoras sobre o ensino de matemática. Todo o processo dessa pesquisa vem relatado neste texto, o qual está organizado da seguinte forma: o segundo capítulo traz uma discussão sobre a SR e o atendimento educacional especializado. O terceiro trata do ensino de matemática para alunos com deficiência e possíveis formas de abordagem. O quarto capítulo contém a apresentação das professoras e o quinto traz a análise. As considerações finais constituem o último capítulo que é seguido pela lista de referências bibliográficas. E no apêndice, o material utilizado para a realização da pesquisa. 13 2. Capítulo II: A Sala de Recursos e o Atendimento Educacional Especializado (AEE) Com a Inclusão repercutindo mundialmente, houve a necessidade de constituir parâmetros básicos e, para isso, foram organizados diversos Congressos, Seminários, Organizações, Reuniões, e muitos outros encontros, para a sistematização no ensino de pessoas com necessidades educacionais especiais (NEE). Dentre todos os documentos gerados nesses eventos, o mais conhecido, a Declaração de Salamanca (1994), prescreve que toda criança tem direito fundamental à educação, sendo oferecida a ela a oportunidade de ensino. Além de Salamanca, ainda temos, Convenção da Guatemala, Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes, Declaração Internacional de Montreal sobre Inclusão, Convenção ONU Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência em 2007 e também a Carta para o Terceiro Milênio, onde toma-se por base que Todas as nações devem ter programas contínuos e de âmbito nacional para reduzir ou prevenir qualquer risco que possa causar impedimento, deficiência ou incapacidade, bem como programas de intervenção precoce para crianças e adultos que se tornarem deficientes. Todas as pessoas com deficiência devem ter acesso ao tratamento, à informação sobre técnicas de auto-ajuda e, se necessário, à provisão de tecnologias assistivas e apropriadas. (GRÃ BRETANHA, 1999, p.1) Entendemos que a necessidade de Educação para os deficientes deve-se a todos os progressos ocasionados no século passado. Assim como a lei N. 7.853/89, que enfatiza os direitos a educação de deficientes Parágrafo único - Para o fim estabelecido no caput deste artigo, os órgãos e entidades da administração direta e indireta devem dispensar, no âmbito de sua competência e finalidade, aos assuntos objetos esta Lei, tratamento prioritário e adequado, tendente a viabilizar, sem prejuízo de outras, as seguintes medidas: I - na área da educação: a) a inclusão, no sistema educacional, da Educação Especial como modalidade educativa que abranja a educação precoce, a pré- escolar, as de 1º e 2º graus, a supletiva, a habilitação e reabilitação profissionais, com currículos, etapas e exigências de diplomação próprios; b) a inserção, no referido sistema educacional, das escolas especiais, privadas e públicas; c) a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial em estabelecimento público de ensino; 14 d) o oferecimento obrigatório de programas de Educação Especial a nível pré-escolar, em unidades hospitalares e congêneres nas quais estejam internados, por prazo igual ou superior a 1 (um) ano, educandos portadores de deficiência; e) o acesso de alunos portadores de deficiência aos benefícios conferidos aos demais educandos, inclusive material escolar, merenda escolar e bolsas de estudo; f) a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no sistema regular de ensino; (BRASIL, 1989, p.1) A expansão de fronteiras, os novos conhecimentos e a modernização, fizeram com que a população aderisse a todas as necessidades e diversificações, ampliando escolas, para o ensino de todas as crianças, vagas de empregos, para todos os tipos de mãos de obra, adequando-se as novas leis, impostas pelos governos. Para o trabalho com o aluno com NEE, muitas vezes os professores precisam reorganizar o currículo, pois As adaptações curriculares têm como pressuposto a compreensão dos diferentes ritmos e formas de aprender. Logo se constituem como uma ferramenta importante para pensar e propor um ensino responsivo aos alunos que delas necessitam para acessar a proposta educacional ofertada. (OLIVEIRA; LEITE, 2011, p.198) Neste constante trabalho dos professores e nas variações que ocorrem no dia a dia, durante os diversos atendimentos, o professor de AEE se torna um elemento fundamental para atender ao que for necessário. Numa alusão aos preceitos educacionais, tem-se a figura do professor que desempenha papel fundamental nesse processo, ao atuar como mediador na identificação dos elementos culturais que devem ser apropriados pelo aluno, para que este desenvolva habilidades acadêmicas, criadas ao longo da história e tão necessárias para o seu desenvolvimento humano. (OLIVEIRA; LEITE, 2011, p.198). Além do professor, a SR se transforma em um lugar de conhecimento, de diferentes formas, ajudando no desenvolvimento da criança e sua aprendizagem, complementando o que ela conhece na sala comum, além de ali ser um lugar em que há maior possibilidade de se compreender melhor o conteúdo. Há uma maior necessidade de diversificação nos conhecimentos da área de Educação Especial, mais estudos em que permitam discutir o que e como trabalhar. Com base nessa necessidade, cabe à Educação Especial enquanto área de conhecimento científico, aprofundar o conhecimento sobre o assunto produzindo mais e mais pesquisas sobre a temática da inclusão escolar, sem perder de vista que sua verdadeira missão é a de investigar como prover a melhor 15 educação possível para as crianças e jovens públicos alvo da educação especial. (PASIAN; MENDES; CIA, 2014, p. 215). Isso permite afirmar que há uma necessidade constante de estudos na área de Educação Especial por parte dos professores. Com isso são capazes de incentivar uma vivência de descobertas das crianças. Além da necessidade do professor especialista em encontrar novas formas, meios e adaptações, que ajudem a criança a aprender em todos os lugares que ela frequentar. Também encontramos dificuldades na rotina, em que os professores de sala comum têm receio de serem observados por colegas ou entendem que a SR é uma sala de reforço escolar, sendo que ao receberem ajuda de outros profissionais, acreditam que poderão dedicar-se mais aos demais alunos existe uma falta de preparo por parte dos professores para lidar com este tipo de trabalho colaborativo, uma vez que, a princípio, prevalece uma tendência de atribuir tarefas e esperar que o colaborador assuma a responsabilidade da criança com necessidades especiais matriculada em suas salas de aula, enquanto eles preferem dedicar o seu tempo para os outros alunos. (MENDES; ALMEIDA; TOYODA, 2011, p. 91) Este pensamento acaba se perdendo durante o ano escolar, em que a professora especialista realiza as conversas e apresenta sua forma de trabalho e o que ela pode beneficiar na sala comum, assim como na confecção de materiais de apoio para a criança e uma melhor aprendizagem. Podemos considerar uma outra configuração, por exemplo em que todo o grupo forme uma equipe para obter mais benefícios. Deste modo Sabemos que um professor sozinho pouco pode fazer diante da complexidade de questões que seus alunos colocam em jogo. Por este motivo, a constituição de uma equipe interdisciplinar, que permita pensar o trabalho educativo desde os diversos campos do conhecimento, é fundamental para compor uma prática inclusiva junto ao professor. (BRASIL, 2005, p.9) Isso é importante para garantir, conforme a Secretaria de Educação Especial, de que “não só o aluno precisa ser incluído, mas também o grupo do qual ele participará” (BRASIL, 2005, p.10), tendo uma melhor integração de ambas as partes e uma ajuda das demais crianças para o aluno com deficiência. 16 3. Capítulo III: A Educação Matemática e a Inclusão Nas séries iniciais, a Matemática é uma matéria fundamental assim como a Língua Portuguesa, pois ambas caminham juntas por toda a aprendizagem dos alunos. Durante os primeiros anos deste ciclo, os professores levam as crianças a aprenderem letras, sílabas e conjugações, ensinando também, adição, subtração e formas geométricas no primeiro ano, acrescentando nos demais anos expressões e cálculos variados. No decorrer do curso de pedagogia, aprendemos a trabalhar com as crianças em diversas temáticas, com formas e conteúdos variados, assim como a rotina que criamos no decorrer do ano. Contudo, a matemática abrange diversas áreas e conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) A Matemática comporta um amplo campo de relações, regularidades e coerências que despertam a curiosidade e instigam a capacidade de generalizar, projetar, prever e abstrair, favorecendo a estruturação do pensamento e o desenvolvimento do raciocínio lógico. Faz parte da vida de todas as pessoas nas experiências mais simples como contar, comparar e operar sobre quantidades. Nos cálculos relativos a salários, pagamentos e consumo, na organização de atividades como agricultura e pesca, a Matemática se apresenta como um conhecimento de muita aplicabilidade. Também é um instrumental importante para diferentes áreas do conhecimento, por ser utilizada em estudos tanto ligados às ciências da natureza como às ciências sociais e por estar presente na composição musical, na coreografia, na arte e nos esportes. (BRASIL, 1997, p. 24-25) Encontramos também programas fornecidos pelo governo que ajudam os professores da sala comum, um destes intitulado de Pacto Nacional, aborda formas diferentes de ensinar as crianças, que estão na fase de alfabetização (do primeiro ao terceiro ano), trabalhando cada período com uma matéria, encontramos um especifico de matemática, onde um dos cadernos aborda o tema de Inclusão Se há a necessidade de se falar em inclusão é porque muitos têm sido excluídos na esfera social e educacional e, portanto, é importante refletir sobre o que é ser ou estar incluído, ou pensar sobre quem são os excluídos e como as pessoas são excluídas quando estamos falando de educação. (BRASIL, 2014, p.7) Fazendo contradição com a realidade das salas comuns 17 No que diz respeito ao ensino de Matemática, particularmente nas escolas regulares, a realidade ainda encontrada nas salas de aula é a de professores pouco preparados e, às vezes, completamente perdidos para promover uma adequada adaptação das atividades a esses novos alunos, uma vez que antes, em geral, estes frequentavam apenas escolas especiais (ZUFFI; JACOMELLI; PALOMBO, 2011, p. 2). O que geralmente ocorre na sala comum é a presença de professores com formação básica e sem nenhuma informação de como deverá ser o seu trabalho com um aluno com deficiência. Isso tem acarretado um problema que gera infelicidade de ambas as partes reforçando a exclusão. Isso nos leva a destacar a importância da formação dos professores que segundo Zuffi; Jacomelli; Palombo (2011) muitas vezes não sabe como lidar com a deficiência em sala de aula e não pode contar com a instrução de um profissional especializado. Em muitos casos, ele acaba assumindo que o aluno com necessidades especiais não é capaz de aprender e continua trabalhando de acordo com o princípio da homogeneidade, sem oferecer lugar para a diferença (ZUFFI; JACOMELLI; PALOMBO, 2011, p. 3). Em relação a matemática, geralmente os professores da Educação Básica não se relacionam bem com esse assunto, deixando-o para um segundo plano, ensinando apenas o básico que conhecem e esquecendo de que as crianças precisam conhecer e receber o estímulo para aprenderem e gostarem. Contudo, é necessário que não se coloque a culpa do fracasso escolar na deficiência da criança, mas que a escola se adapte para fornecer os apoios que cada deficiência exige, trocando informações, e orientando sobre a continuidade ao trabalho escolar em casa ou em outros ambientes. (ZUFFI; JACOMELLI; PALOMBO, 2011, p. 5). Zuffi; Jacomelli; Palombo (2011) apresentam uma releitura do trabalho de Vasconcelos (2010), em que um professor de Matemática surdo apresenta suas dificuldades, e uma questão sobre a aprendizagem dessa matéria Ele (o professor) levanta a questão de que os alunos ouvintes já têm dificuldades de compreender o enunciado dos problemas e nada é feito para compensar a maior dificuldade dos surdos quanto a isso. Analisando este artigo, salientamos que nem todos os surdos em idade escolar são bem alfabetizados na língua materna e outros também não dominam a LIBRAS. Estes dois fatores associados podem gerar dificuldades adicionais para o professor de Matemática, principalmente na resolução de problemas com enunciados escritos e quando não se conta com um intérprete para surdos, em sala de 18 aula (VASCONCELOS, 2010 apud ZUFFI; JACOMELLI; PALOMBO, 2011, p. 8). Mesmo com essas dificuldades, os professores tentam ensinar os alunos com deficiência de forma a terem as mesmas oportunidades que as demais crianças Os alunos com deficiência, incluídos no ensino fundamental, também devem desenvolver as mesmas capacidades de aprendizagem dos conceitos matemáticos, assim como os demais alunos, sendo esta uma das formas de participar efetivamente da sociedade a que pertencem. Para isso, ressaltamos a importância das adaptações curriculares no ambiente escolar que se referem à organização e focalização por meio de procedimentos didático-pedagógicos que destacam o como fazer para favorecer. (BRITO; CAMPOS, 2012, p.3) Contudo, o entrosamento entre professores (de sala comum e o especialista), faz com que o desempenho do aluno melhore e auxilia nas formas de trabalho a realizar, demonstrando que “a colaboração entre o professor da sala comum com o profissional da educação especial pode fazer total diferença quanto à qualidade da aquisição dos conceitos educacionais” (BRITO; CAMPOS, 2012, p.7) para aquele aluno. 19 4. Capítulo IV: Apresentação das professoras participantes Entrevistada Dia Formação e atuação Vilma 20 de maio de 2014 Trabalhou como professora em sala comum, de Primeira à Quarta Série - nomenclatura na época - (fundamental ciclo 1) e de 5ª à 8ª Série (fundamental ciclo 2) e Colegial, até que conseguiu uma licença em sala especial (nomenclatura antiga da SR), onde começou a sua atuação com deficientes. Tem formação em Pedagogia com habilitação em deficiência metal (atualmente denominada deficiência intelectual), quando as Salas de Recursos começaram a atender todas as deficiências, ela procurou uma especialização em Educação Especial geral, e atualmente está terminando seu mestrado Andreia 30 de maio de 2014 Atua em duas escolas, uma delas pertence a um dos distritos da cidade de Rio Claro. É formada pela Unesp de Marília com habilitação em deficiência intelectual, especialização em Educação especial e atendimento educacional especializado Monalisa 04 de junho de 2014 É professora de Educação Especial há 10 anos, divididos na rede municipal de Rio Claro e na rede de São Paulo, além do seu tempo na sala comum. Ela possui a formação básica (pedagogia) com especialização e mestrado, mas procura sempre se manter informada na sua área, fazendo diversos cursos de formação continuada. Lourdes 13 de junho de 2014 Ela trabalha em dois períodos, em uma SR de uma escola num período e no outro faz atendimentos em uma instituição que atende crianças com deficiência intelectual. Tem formação em Pedagogia com habilitação em deficiência intelectual (na época em que cursou, se chamava deficiência mental) e capacitação para atender as outras áreas. Trabalha há mais de 30 anos com crianças, no início (na sua adolescência) com crianças sem deficiência, mas depois (na graduação), começou o trabalho nesta área Claudia 27 de junho de 2014 É formada em Educação Especial, especialista em deficiência metal e surdez, sempre trabalhou com inclusão 20 4.1 Professora Vilma Realizei a primeira entrevista no dia 20 de maio, com a professora Vilma (nome fictício), na escola onde trabalha há vários anos, como professora da SR. Durante a entrevista, ela explicou como ocorre o atendimento na SR, o subsidio/apoio no ensino regular para a criança que tem alguma deficiência. Apesar de não ser o público alvo, há também o atendimento para algumas crianças que ainda estão em análise. Na primeira etapa do atendimento, é feita uma avaliação para conhecer as necessidades específicas de cada criança. Nesta fase é possível determinar se o aluno precisa de algum recurso específico, material adaptado, ou trabalho com meios que possam suprir suas necessidades. A criança surda, que tem dificuldade na comunicação, aprende LIBRAS. Um caso apresentado na escola, de um deficiente múltiplo, foi o primeiro que essa professora trabalhou. Antes de a criança ser da escola em que está a SR ela era da Educação Infantil. A professora de AEE, providenciou mesas e cadeiras adaptáveis para o aluno, suprindo a primeira necessidade da criança. Surgiram dificuldades na alfabetização da criança, pois ele tem baixa visão e deficiência motora. Como a escola não possuía nenhum tipo de material adaptado para este caso, eles foram confeccionados pela professora e uma monitora. A entrevistada explicou que cada aluno de inclusão que a rede recebe, tem direito a uma monitora para acompanhamento, e elas geralmente também ajudam a professora da SR e da sala comum. As monitoras são divididas entre as que atendem os alunos de Creche, e as que atendem os alunos de Emei e Ensino Fundamental I. Em conjunto, confeccionaram letras móveis, utilizando potinhos de iogurte, fichas de EVA, além de mostrar o alfabeto. Contudo a criança tinha espasmo, portanto sempre derrubava o material. Atualmente há o material destinado a esta necessidade (no caso uma lousa especifica apropriada para deficientes com necessidades motoras) na escola. Hoje a criança evoluiu, e já trabalha diretamente no computador. O professor da SR ajuda os alunos a estarem no nível das outras crianças de sua sala comum, readaptando materiais, métodos e formas que ajudem a criança nas dificuldades que ela possa apresentar, além do ensino da Língua de Sinais. 21 As primeiras atividades inclusivas surgiram em 2000, antes havia na escola a “Classe Especial”, que era exclusiva de uma determinada necessidade especial. Nesta época, Vilma nos explicou que atuava na sala de deficiência intelectual. Entre os anos de 2008 e 2010, não havia ainda um público alvo específico, e algumas crianças eram mandadas para a SR apenas por questões de disciplina. Depois desse ano houve uma classificação mais específica das deficiências em: intelectual, física, auditiva, múltipla, transtorno globais do desenvolvimento (autismo, síndrome de Asperger) e altas habilidades. Havia também crianças consideradas limítrofes, que apresentando alguma dificuldade também tinham direito ao atendimento. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDHA) também recebiam o atendimento, com o olhar especial no que havia de necessidade, o que realmente precisava e o que não se precisava, ajudando o professor do ensino regular. Hoje existe também o atendimento específico para crianças de creche. Ele é diferenciado, pois neste caso, é feito onde a criança está, para que não haja problema com o transporte, a rotina e possa haver um acompanhamento do dia a dia do bebê. A escola também faz um atendimento diferente com os alunos de EJA (Educação de Jovens e Adultos), atendendo 5 alunos com diferentes deficiências no período noturno. Um dos casos atendidos no EJA é de um aluno que apresenta baixa visão, resultado de um procedimento cirúrgico realizado há alguns anos, devido a epilepsia. Vilma contou que o trabalho começa com a criança desde que entra na rede municipal de ensino, não havendo uma idade correta. Crianças e jovens que frequentam a rede estadual e particular não são atendidos, pois este serviço é apenas para a rede municipal. Ela atende em torno de 20 alunos de diferentes níveis educacionais e tipos de deficiências. Prefere dar atendimento individual e no contraturno. Porém, na pratica, os atendimentos ocorrem durante o período em que o aluno está na sala comum, pois há a dificuldade de locomoção e as crianças também fazem outros tratamentos e frequentam o CHI (Centro de Habilitação Infantil – Princesa Vitória). A retirada da criança para ser atendida na SR é negociada com a professora da sala comum. As professoras da sala comum aceitam sua orientação, apesar de que algumas ainda se queixam sobre a inclusão, pois dizem que não possuem conhecimento de como trabalhar com alunos com deficiência. 22 O seu trabalho com matemática se relaciona com a parte lúdica, com material dourado, jogos, um projeto diferente que consiga despertar o interesse da criança. Um deles foi o álbum de figurinha sobre a copa, onde ela conta que conseguiu trabalhar com números, além da interpretação do que havia ali na figura, parte muito importante para o aprendizado da matemática. Para ela, os conteúdos não possuem diferenças entre o mais fácil e o mais difícil, a dificuldade está no recurso correto utilizado para cada caso. O que é necessário hoje, pode amanhã se tornar supérfluo, não sendo mais útil conforme o desenvolvimento da criança. Os recursos tecnológicos estão presentes na sala na forma do computador, onde ela consegue trabalhar jogos e softwares com as crianças, sendo que uma vez ela levou seu tablet para trabalhar outras formas com eles, achando interessante e necessário para o desenvolvimento. Jogos, material dourado, computadores e vários outros materiais são fornecidos constantemente para o trabalho rotineiro, tanto pelo Ministério da Educação (MEC), como pela prefeitura. Materiais fornecidos pelo estado, quando a escola ainda não havia sido municipalizada, também fazem parte do repertório. Como neste polo eles atendem apenas alunos com baixa visão, e não cegos, ela destaca como materiais interessantes o ábaco, um alfabeto em braile, e a reglete. O soroban ela diz que ainda não teve a oportunidade de trabalhar. Para ela, apesar de uma mesma sala poder atender diferentes necessidades especiais, ela acredita que trabalhar com necessidades semelhantes colabora com um resultado positivo. No caso de surdos, por exemplo, ela citou um estudo que demonstra que a necessidade deles é a inclusão reversa, que eles devem estar em locais onde ele possa especializar a sua linguagem, possa conversar com outros em Libras, e na sala que ela atende, apenas ela tem uma noção básica da linguagem. O trabalho com matemática na sala geralmente é constante e corriqueiro, pois algumas crianças apresentam grandes dificuldades principalmente na relação entre números e quantidade. Algumas vezes o laudo da criança não é feito num momento correto, onde a criança apresente algum foco, pois algumas delas apresentam discalculia, mas não há um laudo comprovando. Para ela, a matemática mais interessante, tanto para o trabalho quanto para a aprendizagem das crianças, é a que utiliza o computador. 23 Alguns pais e professores pedem para que as crianças frequentem a SR, alguns nunca apresentam dificuldades na sala comum, mas fazem parte do público alvo de atendimento. Muitos professores encaminham seus alunos para a SR apenas por mau comportamento. Isso quando não confundem a SR com uma Sala de Reforço, sendo que, um exemplo apresentado de que um professor não mandaria um aluno de altas habilidades, que faz parte do público alvo, pois acredita que a SR não acrescentaria mais nada para sua aprendizagem. Além de que alguns alunos pedem para frequentar, pois ali é um lugar diferente, uma sala que apresenta vários materiais atrativos. Na época, a professora estava trabalhando sobre a copa do mundo, para expor os trabalhos na Casa Aberta que aconteceria no mês seguinte. Assim transformou o cotidiano deles em pequenos projetos, para o desenvolvimento rotineiro da criança/adulto, e assim ter algo que motive a aprendizagem deles além de que eles possam perceber o que fizeram e aprenderam. Quando a criança muda de escola, ela tenta ajudar e apresentar o que aquele aluno precisa, quais as necessidades dele, como está o seu desenvolvimento e quais as adaptações que a nova escola deverá fazer para receber o aluno. A escola sempre disponibiliza a conversa dela com as professoras de ensino comum, geralmente durante o HTPC (Horário De Trabalho Pedagógico Coletivo) assim, dedica um apoio para todas, explicando e acrescentando informações e noções sobre os deficientes. Ela também faz o encaminhamento para outros setores de atendimento na cidade de crianças da escola que não são atendidas na SR. Geralmente o seu encaminhamento ajuda no processo de atendimento das crianças, agilizando-o. 4.2 Professora Andreia Minha segunda entrevista ocorreu no dia 30 de maio com a professora Andreia (nome fictício), em uma das escolas que trabalha. Teve que ser na escola porque ela dobra período em outra num distrito da cidade de Rio Claro. Sobre o atendimento na SR, ela explicou que depois que o professor da sala comum indica qual aluno apresenta alguma dificuldade, é feita uma avaliação pedagógica para descobrir como está o desenvolvimento global da criança. Em seguida, a criança é encaminhada a um especialista em sua necessidade especial, e só depois disso é que começa o atendimento na SR. 24 Ela frisa que o professor da SR nunca faz o diagnóstico, ele apenas observa a dificuldade e encaminha o aluno para profissionais de saúde especializados. Neste polo, além dos alunos da própria escola, são atendidos também alunos da região, de Educação Infantil e Ensino Fundamental. Na SR ela realiza diversos atendimentos individuais, mas dependendo da necessidade de cada um, também podem ser realizados em grupo, o que muitas vezes colabora com o desenvolvimento. Ela, diferente da professora entrevistada antes, nunca trabalhou em sala comum desde que se formou, e também já trabalhou em Instituições que atendem apenas deficientes. Sempre que prestou concursos, a formação exigida para professora de AEE, era habilitação em alguma das deficiências, ou habilitação em Educação Especial. Sendo que no último concurso da rede municipal, foi exigido apenas o curso de Pedagogia, o que causou descontentamento em alguns profissionais com a qualificação em Educação Especial. Para ela, tem que haver bastante conversa entre o professor da SR e da sala comum, pois o trabalho da especialista, às vezes, não é percebido pela professora da classe comum. Ela explica que as professoras da sala comum, algumas vezes, esperam que os alunos da SR alcancem os seus em desenvolvimento, e acabam fazendo comparações desnecessárias. Algumas crianças que são encaminhadas para a SR, têm uma grande defasagem perante a turma, o que faz com que demore certo tempo para que ela comece a apresentar algum desenvolvimento. Algumas professoras percebem o trabalho continuo da SR, porém outras não. Neste caso há a necessidade de mostrar o desenvolvimento da criança, qual a forma de trabalho e quais avanços foram conseguidos. Algumas vezes, não foi o avanço esperado para a série dele, mas de alguma forma houve um avanço. Muitas confundem a SR com uma Sala de Reforço, e querem encaminhar crianças, sem avaliações, achando que a criança tem algum problema. Ao fazer a análise, geralmente ela percebe que a criança tem uma defasagem de aprendizagem, problemas no conteúdo trabalhado, sendo nítido que não há deficiência alguma. O trabalho com matemática sempre é o mais difícil, pois muitos não possuem conceitos simples de matemática como grande /pequeno, pesado /leve, conceitos matemáticos, contagem, identificação de número, sequência, entre outros. Neste 25 caso, é necessário primeiro o trabalho no concreto, para depois uma atividade em papel. Para desempenhar este trabalho ela conta somente com a formação básica que a Universidade oferece, e os conceitos matemáticos estudados nos ensinos fundamental e médio. Diz não gostar muito de matemática. Quando o trabalho é no concreto, sempre fica mais fácil o ensino/ aprendizagem, porém quando passa para a parte dos problemas, eles têm muitas dificuldades. Um exemplo disso é quando eles aprendem adição, subtração, mas na hora de elaborar um problema, não sabem como proceder. Na sala há um computador com softwares de jogos matemáticos, de classificação, numeração, e outros, que ajudam no caso dos alunos dela, onde a maioria apresenta deficiência intelectual. Além disso, ela trabalha com materiais que ela mesma confecciona, pois o MEC geralmente envia jogos pedagógicos (dominó, táteis, número/ quantidade, formas geométricas de encaixe, espaço), mas isso não supre a necessidade. Muitas vezes o professor de sala comum vem procurar a especialista, pois quer saber de recursos que pode usar na sala com a criança, e também entender como está o andamento de cada uma delas. Em alguns momentos ela faz o acompanhamento na sala comum, para ver o andamento junto com a turma. Ela cita como exemplo um de seus alunos do distrito que faz desenhos para conseguir realizar as operações, e dessa forma tenta descobrir qual o processo que ele utilizou. Em uma prova que ele havia feito dias antes, ele foi muito bem, a professora deu uma questão de múltiplas escolhas e ele tentou as operações (adição, subtração, multiplicação e divisão), para verificar qual resultado havia nas opções. No distrito também há a dificuldade com materiais, contudo as necessidades das crianças e o atendimento são os mesmos que ela realiza nessa escola dentro da cidade de Rio Claro. 4.3 Professora Monalisa A terceira entrevista ocorreu com a professora Monalisa (nome fictício). Segundo ela, para iniciar o atendimento na SR é feito primeiramente uma triagem/ avaliação do aluno, identificando qual a deficiência que ele possui. Depois 26 acontece uma entrevista com a família, ficha de anamnese, e assim define-se como será o atendimento: individual ou em grupo. Essa avaliação determina também se apenas a SR será suficiente ou se há a necessidade de um trabalho em conjunto com outros especialistas, associações e outras terapias. Alguns casos são encaminhados para Terapeutas Ocupacionais (TO), Fonoaudiólogos, Psicólogos, além de terapias alternativas como a Equoterapia, e também outros centros como Centro de Habilitação Infantil – Princesa Vitória (CHI), Centro de Referência da Infância e Adolescência de Rio Claro (CRIARI) e Associação de Pais e Amigos do Excepcional (APAE). Os alunos que frequentam a SR são definidos a partir da necessidade de algum auxílio no atendimento educacional especializado, assim a triagem ajuda a descobrir quais são. Esta SR não atende apenas os alunos da escola, mas também da região, tanto de Ensino Fundamental como de Educação Infantil, menos os de creche. Ela trabalha com grupos de 4 ou 5 alunos. Quando os casos são de baixa visão, deficiência múltipla e síndrome de down, o atendimento é individual. Nestes casos específicos, o trabalho em grupo não trará evoluções, pois as crianças precisam de atenção exclusiva para poderem aprender e se desenvolver. Ela já atuou na sala comum, logo que se formou, mas identificou que sua vocação é para a Educação Especial, e assim sempre realiza cursos nesta área, e cada vez mais quer se aperfeiçoar para desenvolver bem o trabalho com os alunos. Segundo ela, as professoras da sala comum sabem reconhecer seu trabalho, no entanto, algumas vezes confundem a SR com a sala de reforço, e pedem o encaminhamento de alunos que apenas estão com dificuldades no aprendizado, mas que não possuem necessidades especiais. Para ela, essa confusão não acontece com as professoras que tem uma formação mais qualificada. O trabalho de matemática é feito com materiais manipuláveis, dificilmente no papel, pois na sala comum a professora sempre trabalha com eles, com apoio nos livros. Um dos jogos que eles mais gostam é do Loto Numérico, que ajuda na aprendizagem dos cálculos e raciocínio logico. Para os alunos mais novos, ela gosta de trabalhar Numerais Quantidade, que faz com que eles aprendam a fazer a relação entre os dois. Tangram, formas geométricas, jogos de cores e dinheiro também ajudam. 27 Ela acredita que a matemática é algo importante para eles, pois ela envolve o cotidiano deles, data, dinheiro, espaço, tempo e numeral. No caso do dinheiro ela gosta de simular feiras, troco, valores dos objetos. No trabalho, a divisão é o mais difícil de entender, e os materiais de apoio são de fundamental importância. Além dos jogos manipuláveis, há também os computadores e seus jogos, que requerem que eles se movimentem ao usarem o mouse e o teclado. Tudo isso sempre ajuda no desenvolvimento geral das crianças, melhorando seu desempenho. Quando não há materiais industrializados disponíveis, ela utiliza sucata, assim como um jogo de boliche, um jogo de cores, instrumentos musicais e o dinheirinho, que ela tirou fotocopia do original. Assim, eles adoram o que aprendem, mesmo quando alguns chegam a impressão de que a matemática é um “bicho de sete cabeças”, percebem que ela é o cotidiano deles, aprendem brincando e demonstram que estão gostando mais dessa matéria. Há diversos fatores que colaboram com o aprendizado da criança, mas segundo ela, a integração da escola com a família é um dos principais. Quando a escola cumpre seu papel de ensinar, e a família apoia este processo, o resultado do trabalho, independente de onde ele aconteça, é sempre positivo. Para ela, há uma necessidade de trabalhar o cotidiano da criança deficiente, pois um dia ela poderá trabalhar, terá uma rotina igual às outras pessoas, e assim não se deve haver a exclusão do ensino/ aprendizagem das formas concretas que todos os adultos se relacionam, e também, assim, é uma forma mais fácil de entreter e ensinar para eles o necessário. 4.4 Professora Lourdes A penúltima entrevista foi com a professora Lourdes (nome fictício). Ela conta que nas SRs, apenas crianças com laudos como deficiências intelectuais, visuais, físicas e auditivas, transtornos do espectro autista e altas habilidades podem ser atendidas Existem também as escolas para atendimento especifico de surdos. Além do atendimento na SR, ela trabalha em outra escola especifica para deficientes intelectuais. Não atende creches, pois há outras salas na proximidade que já fazem o atendimento. Geralmente faz o atendimento individual, pois acredita que é de melhor qualidade. 28 Muitas professoras de sala comum não entendem a forma do atendimento, e não o veem com bons olhos, além de não entenderem as patologias das crianças. Segundo ela, quando isso acontece ela tem que demonstrar que não está ali para analisar a forma de trabalho dos professores, mas sim como apoio, uma ajuda, mas conta que é um pouco difícil de aceitarem a real função do seu trabalho. Para ela o trabalho com matemática é um pouco difícil, pois grande parte das crianças apresentam lesões no cérebro na parte de aprendizagem. Assim, ela trabalha com noção de números, adição, subtração e foca mais o que eles devem reconhecer, assim como as noções geométricas e lateralidade, por exemplo. Ela prefere fazer um trabalho mais simples, para que a criança e o jovem consiga aprender o que é necessário. Sua familiaridade com a matemática é constante, por ajudar os alunos e também sua família, seus filhos. Aprendeu na faculdade como trabalhar com a criança, principalmente com o deficiente. Conta com a ajuda do marido em questões matemáticas, pois ele compreende mais do que ela, então quando ela tem dificuldades pede ajuda a ele. Apenas aprendeu a avaliar a criança no seu desempenho matemático, da forma pedagógica tradicional se ele diferencia número de letra, cores, formas geométricas. Para ela, não há dificuldades para se trabalhar com as crianças, em nenhum conteúdo do Ensino Fundamental, pelo contrário, ela gosta de ensinar tudo às crianças. Quando o assunto é tecnologia, ela os ensina a trabalhar com a calculadora, além do computador, ábaco, material dourado (ensinando a unidade e a dezena, apenas apresenta a centena, mas tenta facilitar o ensino para o mais simples, pois geralmente no dia seguinte ela tem que relembra-los do que se trata cada conteúdo) e softwares que ajudam em alguns casos, como os específicos para paralisia cerebral. Para ela há uma necessidade de alguns softwares para o trabalho com as crianças, sendo que ela conhece alguns por fazer parte de blogs, e acredita que os mais avançados auxiliariam mais no entendimento e trabalho. Ela afirma que há dificuldade em trabalhar com a matemática, pois alguns alunos não conhecem mais do que a dezena, o que dificulta o ensino de noções básicas como, por exemplo, trabalhar com o dinheiro e também a diferença entre 29 direita e esquerda. Ela insiste que as professoras ensinem constantemente a matemática para eles, não foquem apenas na linguagem, pois são essenciais. Segundo ela, seu trabalho tanto na Instituição, quanto na SR é constante e complexo. As limitações apresentadas por alunos que têm sequelas no cérebro dificultam o trabalho interdisciplinar. Diante disso, ela defende a necessidade de revisão e inserção de novas metodologias de ensino. 4.5 Professora Claudia E a última entrevista foi com a professora Cláudia (nome fictício). O trabalho na SR é um apoio para o professor da sala comum, para se trabalhar algumas especificidades dependendo da necessidade da criança. Sendo atendidos alunos com deficiência em geral, altas habilidades e transtornos globais. A escola que ela atua é de Ensino Fundamental, mas também atende Educação Infantil, além de que já fez atendimentos em creche, pois são crianças mais difíceis da mãe trazer para a escola, por problemas de disponibilidade de horário. O atendimento, que começa desde quando a criança entra na rede escolar, na faixa etária dos 6 meses aos 12 anos, normalmente é feito de forma individual. Segundo ela, já trabalhou com grupos de até 3 crianças, mas percebeu que quando estão sozinhas, as mais dispersas, conseguem se concentrar melhor, e consequentemente o desenvolvimento é maior. No caso desta escola, as professoras dificilmente confundem seu trabalho com a sala de reforço, mas sim as crianças que dizem que “estão indo para a sala de reforço”, e adoram, por ter diversos recursos, brinquedos e pela atenção que recebem. O trabalho com matemática sempre é mais difícil, mas ainda assim a maior dedicação é com a linguagem, tentando juntar a matemática com a língua portuguesa em situações problemas. O material dourado ajuda as crianças na contagem, pois geralmente elas utilizam os dedos para contarem e se perdem no meio do cálculo. O material ajuda porque além de ter mais peças quando comparado aos dedos das mãos, elas podem acrescentar ou diminuir peças, além de dividir em “montinhos”. Ela gosta de trabalhar com matemática, apesar de muitas crianças não gostarem. Há sempre o incentivo por parte dela, para que eles aprendam. As 30 dificuldades de conteúdo variam de aluno para aluno, mas sempre partem de que aquela criança não gosta dessa matéria, então tem mais dificuldade nela, algumas vezes se opondo a aprendizagem da “matéria chata”, não havendo, por parte dela, o dilema de que “prefiro trabalhar isso, ou aquilo”. Os computadores da SR ajudam principalmente as crianças que não gostam de matemática, pois elas acabam trabalhando sem nem mesmo perceber que a matemática está envolvida Jogos didáticos, material dourado, brinquedos em que ela pode trabalhar com eles solicitando a quantidade, cor, forma sem que percebam, também colaboram com o ensino. Algumas crianças chegam à SR e não sabem sequência e divisão, mas que ela não entende se é uma dificuldade geral (da turma), ou se é alguma delimitação da deficiência. Um exemplo que ela deu foi de uma criança, que a mãe deixou vários cálculos para que ele fizesse, e foi colocar o irmãozinho para dormir, quando retornou ele estava com todas elas prontas. Desconfiada a mãe pressionou até que ele contou que havia feito pela calculadora do celular. Diferente da reação da mãe, a professora achou ótimo, pois ele conseguiu pensar e arranjar um meio de resolver o problema que ele tinha em mãos, conseguindo um resultado positivo, demonstrando que ele também havia aprendido qual era a operação matemática que resolveria o problema. A professora se sentiu “realizada”, por ele demonstrar que consegue ter iniciativa para resolver problemas, muito além da sua deficiência. A matemática é importante, mas sempre há mais ensino da linguagem, pois se o aluno não tiver uma boa interpretação ele não consegue realizar o cálculo. Ambas estão articuladas, assim como as outras matérias, que para a história ele deve conhecer os números para saber as datas, e afins. Para ela, alguns professores tendem a trabalhar o que mais tem conhecimento, deixam de lado o que menos conhecem. Uma dificuldade dela é o trabalho com altas habilidades, pois até o momento ela nunca atendeu um aluno deste nível, e assim ela deve se aperfeiçoar mais em todas as matérias para poder ajudar aquele aluno a evoluir. Com o tempo, e a falta de necessidade em trabalhar com certos temas mais elevados, acaba se acostumando com aquele conteúdo e deixa de estudar outros. 31 Quando o aluno passa a frequentar a escola do Estado, ele sente dificuldade, já que o atendimento para pessoas com deficiência nestas escolas é bem diferente sendo que nem sempre há SR. Há um questionamento por ela ser uma professora do Estado cedida para a prefeitura, sendo que no setor que ela oferta seu serviço há uma grande lacuna. Para ela é difícil de entender o porquê de se emprestar funcionário, sendo que também se precisa oferecer aquele serviço, e que no seu setor está mais agravante o andamento. A maior parte dos materiais presentes na SR é disponibilizado pelo MEC., Quando há a necessidade de algum material diferenciado, ela pode confeccionar para o aluno, e ele pode ser utilizado inclusive na sala comum. Alguns materiais são diferentes para cada aluno. Isso acontece porque o que para um ajuda, para outro pode atrapalhar, mesmo sendo a mesma deficiência. Uma fala interessante dela é que “todos temos que se auto respeitar, pois temos as nossas deficiências, no que você se sobressai, o que domina, sempre será o que mais irá trabalhar, sendo isso normal do ser humano. E o deficiente antes de ser o que é, ele é um Ser Humano igual às outras pessoas.” 32 5 Capítulo V: Análise das entrevistas O objetivo da pesquisa aqui relatada é apresentar como as professoras da SR organizam o apoio ao ensino de matemática, as dificuldades que enfrentam, e como avaliam o resultado desse apoio. Para isso, as entrevistas foram lidas várias vezes, de forma a destacar aspectos relevantes sobre o trabalho dos professores que atuam em Salas de Recurso nas escolas da Secretaria Municipal de Educação de Rio Claro, no que diz respeito ao ensino de matemática nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Chegamos a quatro temas, sendo que os três primeiros tratam de forma geral dos procedimentos iniciais para o atendimento na SR, das interações entre a professora de AEE e a da sala comum e do uso de recursos materiais. O quarto e último tema, diz respeito a opinião das professoras sobre o ensino de matemática. 5.1 Os procedimentos iniciais para o Atendimento Educacional Especializado Três, do total das cinco professoras entrevistadas, também fazem atendimentos de crianças que frequentam uma creche do entorno da escola, onde fica a SR. Isto está de acordo com a legislação, pois conforme consta no CNE/ CEB nº 02, de setembro de 2001 Parágrafo único. O atendimento escolar desses alunos terá início na educação infantil, nas creches e pré-escolas, assegurando-lhes os serviços de educação especial sempre que se evidencie, mediante avaliação e interação com a família e a comunidade, a necessidade de atendimento educacional especializado. (BRASIL, 2001, p.1) As professoras vão à creche para observar a rotina da criança e a partir disso desenvolvem um plano de atendimento. Apenas uma delas faz o atendimento de adultos que frequentam classes de EJA da rede municipal, sendo no total cinco alunos atendidos. Conforme a legislação, o aluno de altas habilidades também deve frequentar a SR, sendo assim, a professora Claudia relatou que para ela seria uma das dificuldades pessoais, pois até o momento nunca havia atendido um aluno deste nível, e deveria se aperfeiçoar mais em todas as matérias para poder ajudar aquele aluno. O atendimento educacional especializado, ocorre primeiramente com uma triagem em que o professor da classe comum solicita ao professor da SR que faça uma avaliação, determinando qual será a melhor forma de auxiliar aquele aluno. 33 Alguns, além de frequentarem a SR também passam por TO, CHI, Fonoaudiólogo, Ecoterapia (terapia com cavalos), e outras atividades que a criança assume para auxiliar no desenvolvimento de suas habilidades. As professoras da SR preferem o atendimento individual, pois podem dedicar mais atenção ao aluno de forma a atender melhor suas necessidades. Em especial esse atendimento individual ajuda aqueles alunos que tem muita dificuldade de concentração, e que em grupo ficariam muito dispersos. Contudo, há casos em que a interação que ocorre em pequenos grupos favorece o aprendizado. Segundo Pasian; Mendes; Cia, ao trabalhar o plano pedagógico, este deve levar em conta as características de forma individual para cada aluno, contendo as atividades a serem desenvolvidas, visando proporcionar melhor adaptação dos alunos na sala comum (BRASIL, 2007 apud PASIAN; MENDES; CIA, 2014, p. 214) A legislação indica que o atendimento deve ser feito preferencialmente em horário oposto ao que o aluno frequenta a classe comum. Art. 5º O AEE é realizado, prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino regular, no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser realizado, também, em centro de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com a Secretaria de Educação ou órgão equivalente dos Estados, Distrito Federal ou dos Municípios. (BRASIL, 2009, p.2) Porém na prática isso quase não ocorre, devido à dificuldade da criança retornar ou permanecer na escola fora do horário regular de aula. Além das dificuldades dos pais em trazerem as crianças para a escola, tem o fato de que muitas delas fazem atendimentos com outros especialistas. Sendo assim a maioria dos atendimentos é feito no mesmo turno em que o aluno frequenta a classe comum. Para isso, os alunos deixam a classe comum durante 50 minutos por duas vezes na semana. Contudo o atendimento no mesmo turno em que o aluno deveria estar na sala comum, engloba a questão de que: Nas situações em que esse atendimento é realizado no mesmo turno da classe comum, substituirá as atividades nela realizadas e estará em desacordo com a perspectiva inclusiva da Educação Especial (BARRETO, 2010 apud RAMOS; BARRETO, 2014, p. 127) 34 5.2 A parceria entre as professoras da classe comum e a professora da SR De acordo com a legislação, o público alvo do AEE é: Art. 4º Para fins destas Diretrizes, considera-se público-alvo do AEE: I – Alunos com deficiência: aqueles que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial. II – Alunos com transtornos globais do desenvolvimento: aqueles que apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou estereotipias motoras. Incluem-se nessa definição alunos com autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos invasivos sem outra especificação. III – Alunos com altas habilidades/superdotação: aqueles que apresentam um potencial elevado e grande envolvimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual, liderança, psicomotora, artes e criatividade. (BRASIL, 2009, p.1) Mas nem todas as professoras das classes comuns conhecem essa legislação e, de acordo com as professoras entrevistadas, muitas delas querem que alunos que apresentem problemas de disciplina sejam atendidos na SR. Elas não mandariam um aluno com altas habilidades para a essa sala, pois acreditam que tal aluno não precise do reforço escolar. De acordo com Lopes; Marquezine (2012, p. 503), o trabalho desenvolvido na SR não pode ser confundido com reforço escolar ou repetição de conteúdos programáticos da classe regular, sugerindo que esse fato relatado pelas professoras entrevistadas também aparece no âmbito de escolas de outras regiões. Para esclarecer esses aspectos, uma das professoras relatou que a sua escola utiliza alguns HTPC para que ela converse com as professoras da classe comum “dando um apoio para todas, explicando e acrescentando informações e noções sobre os deficientes.” (Vilma). Considero que essa conversa é fundamental para que as professoras compartilhem suas expectativas em relação aos alunos que frequentam a SR. Por exemplo, a professora Andreia relatou que algumas professoras das classes comuns esperam resultados rápidos em relação a capacidade do aluno com deficiência em participar em nível de igualdade com os demais alunos. Porém ela tem que esclarecer que muitas vezes o aluno supre defasagens de anos anteriores. Contudo, as profissionais que realizam o AEE sempre estão prontas para ajudar aquelas que mais ficam com os alunos com deficiência, ou seja, as professoras de sala comum. Mesmo com as dificuldades, a conversa constante 35 muda e transforma essa parceria, fazendo com que o aluno seja o maior beneficiado desta relação. 5.3 O oferecimento de recursos materiais Os atendimentos ocorrem de diferentes formas, assim como o trabalho que desenvolvem com os alunos variam, conforme a deficiência, seriação e a criança, além de prestarem apoio para as professoras da classe comum, desenvolvem materiais de apoio utilizados na SR e comum. Para a professora Vilma, “o professor da SR ajuda os alunos a estarem no nível das outras crianças de sua sala comum, readaptando materiais, métodos e formas, que ajudem a criança nas especificidades que ela possa apresentar, além do ensino da Língua de Sinais.” Muitas vezes o professor da classe comum vem procurar a especialista para saber de recursos que podem utilizar na sala com a criança deficiente. A maior parte dos materiais presentes na SR são disponibilizados pelo MEC, quando há a necessidade de algum material diferenciado, elas confeccionam para o aluno utilizar na classe comum também. Elas apresentaram diversas confecções que utilizam, dentre elas: jogos (dominó táteis, número e quantidade, formas geométricas de encaixe, e que trabalhem o espaço), tabuleiros, lousa, mobiliários (mesa e cadeira). A professora Monalisa relata que quando não há materiais disponíveis para o trabalho com as crianças, ela elabora com sucata, assim como um jogo de boliche, um jogo de cores e instrumentos musicais. Para a professora Vilma, o desafio é encontrar um recurso material adequado para que cada aluno aprenda. Muitas vezes o material enviado pelo governo chega atrasado em relação a necessidade do aluno, por exemplo a professora Vilma nos relata o caso em que necessitava de um quadro magnético para que o aluno pudesse escrever com letras móveis, mas ela não tinha o material. Só após algum tempo é que o quadro chegou na escola. Porém nesse momento o aluno já estava utilizando o computador para desenvolver suas atividades. 5.4 Trabalho com matemática Na SR as professoras dizem que os alunos que ali frequentem, apresentam bastante dificuldades com a relação número e quantidade e conceitos simples. 36 Para elas, o trabalho no concreto (materiais manipuláveis), sempre ajuda mais do que simplesmente a escrita no papel. Elas desenvolvem materiais, adaptando muitas vezes jogos tais como Loto numérico e Tangram. Também organização situações simulando o uso de dinheiro, tais como feiras, onde precisam comprar, vender e fazer troco. Além dos jogos de materiais manipuláveis, há também softewares, que estimulam a manipulação do mouse e o teclado. Para alguns alunos com deficiência, o seu uso auxilia signitivamente o seu desenvolvimento motor e cognitivo. Também trabalham com a calculadora, ábaco, material dourado “O material dourado ajuda as crianças na contagem, geralmente elas utilizam os dedos para contarem e se perdem no meio da somatória, com o material, além de ter peças a mais (do que apenas os 10 dedos), elas podem acrescentar ou diminuir peças, além de dividir em montes.” (PROFESSORA CLAUDIA). O conhecimento que essas professoras possuem para trabalhar matemática, foi o que tiveram na graduação, que em geral se reduz a um semestre de aula. Grande parte foi formada para valorizar uma prática centrada em memorização e repetição. Na opinião das entrevistadas, tal formação dificulta o ensino de matemática para qualquer aluno, e em particular aquele com deficiência. os professores, durante sua trajetória escolar como alunos, tiveram contato com uma cultura de aula de matemática que enfatizava a memorização e a repetição de técnicas. Por isso, reproduziam, em sua prática docente, esses valores e crenças (...) Assim, se o docente entende que a melhor forma de ensinar Matemática é trabalhar com algoritmos e fórmulas, seu ensino estará centrado nesses aspectos e será muito difícil fazer com que ele trabalhe em outra perspectiva. (CARNEIRO, 2014, p.881). Para a professora Andreia, o trabalho com matemática sempre apresenta dificuldades, tanto pela falta de conhecimento na área, e também pelos alunos em grande parte não conhecerem conceitos simples desta matéria. Já a professora Lourdes, atribui a sua dificuldade em trabalhar matemática exclusivamente aos alunos. O aluno não tem conhecimento do sistema de numeração e em geral alguma sequela no cérebro e são indisciplinados. A fala de Claudia ilustra bem essa situação “Algumas crianças, chegam na sala e não sabem sequência e divisão, que ao solicitar, se percebe a dificuldade, mas que não entende se é uma dificuldade geral (da turma), ou se é alguma delimitação da deficiência, tantas vezes sendo necessária a 37 utilização de material concreto. A matemática é importante, mas sempre há maior ensino da linguagem, pois se o aluno não tiver uma boa interpretação ele não consegue realizar o cálculo e não adianta ele ter uma boa interpretação, mas não dominar o raciocínio, ter noção de como realiza as operações. Ambas estão “casadas”, assim como as outras matérias, que para a história ele deve conhecer os números para saber as datas, e afins. Geralmente alguns professores tendem a trabalhar o que mais tem conhecimento, deixam de lado o que menos se aperfeiçoam”. (PROFESSORA CLAUDIA). Embora as professoras da SR têm essa dificuldade em trabalhar a matemática elas valorizam esse conhecimento e recomendam que as professoras da classe comum ensinem a matemática aos alunos com deficiência. 38 6 Considerações Finais Este trabalho possibilitou conhecer a forma que os professores da SR trabalham e ensinam as crianças e adultos que fazem parte do público alvo para o AEE. Dessa forma, pudemos perceber o trabalho e as diferentes temáticas abordadas, onde o ensino de matemática é desenvolvido de forma diferenciada, para estimular a participação de cada aluno, e o seu entusiasmo para a aprendizagem. Apesar das dificuldades encontradas durante o ano letivo as professoras especialistas enfrentam-nas para que o atendimento do aluno com deficiência possa ter melhores resultados, não apenas na SR, mas na sala comum também. As entrevistas revelam que existe um padrão de atendimento estabelecido pela rede municipal de ensino, mas as especialistas têm uma certa liberdade de atuação de forma a atender as diferentes necessidades das crianças. As atividades de matemática se diversificam de várias formas para favorecer a aprendizagem dos alunos com deficiência. Todas as professoras especialistas entrevistadas demonstraram sentir que desempenham bem a tarefa que lhes cabe. Elas acham que as crianças melhoram a forma com que elas passam a aprender na sala de aula comum, apesar de todas as dificuldades que enfrentam durante os trabalhos. Em relação as dificuldades, vale a pena destacar a necessidade de maior agilidade na disponibilização de recursos materiais para a SR, já que algumas professoras revelaram que a demora na chegada dos materiais prejudica o atendimento. As entrevistas revelaram informações que nos ajudaram a compreender como se dá o trabalho na SR. Contudo, acreditamos que algumas questões poderiam ter sido aprofundadas. Finalizamos esse trabalho com uma compreensão muito mais ampla da complexidade que envolve o trabalho das professoras da SR e espero que esse texto possa servir de inspiração para trabalhos futuros. 39 Referências Bibliográficas ALVES, Denise de Oliveira et al. Sala de Recursos Multifuncionais: espaços para atendimento educacional especializado. Brasília; MEC, Secretaria da Educação Especial, 2006. p.36. Disponível em: . Acesso em 21 nov. 2012. BAPTISTA, Claudio Roberto. Ação Pedagógica e Educação Especial: A Sala de Recursos como prioridade na Oferta de Serviços Especializados. Rev. Bras. Ed. Esp., Marília, v.17, p.59-76, Maio-Ago., 2011. Edição Especial. Disponível em: . Acesso em 21 nov. 2012. BRASIL. MEC. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Câmara de Educação Básica. Resolução CNE/CEB 2/2001. Diário Oficial da União, Brasília, 14 de setembro de 2001. Seção 1E, p. 39-40. Disponível em: . Acesso 22 dez. 2014 BRASIL. MEC. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Câmara de Educação Básica. Resolução CNE/CEB 4/2009. Diário Oficial da União, Brasília, 5 de outubro de 2009, Seção 1, p. 17. Disponível em: . Acesso: 22 dez. 2014. BRASIL. MEC, Secretaria de Educação Especial. Documento subsidiário à política de inclusão / Simone Mainieri Paulon, Lia Beatriz de Lucca Freitas, Gerson Smiech Pinho. 2005. 48 p. Disponível em: Acesso: 01 jan. 2015. BRASIL. MEC, Secretaria de Educação Especial. Decreto Nº 6.571/08. Dispõe sobre o atendimento educacional especializado – AEE. Brasilia. 2008. Disponível em: Acesso: 25 fev. 2014. BRASIL. MEC. LEI N. 7.853, DE 24 DE OUTUBRO DE 1989. Disponível em: . Acesso: 01 jan. 2015. BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Educação Inclusiva / Ministério da Educação. – Brasília: MEC, SEB, 2014. 96 p. Disponível em: Acesso: 21out. 2014. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: matemática / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: EC/SEF, 1997. 142 p. BRITO, Jéssica de; CAMPOS, Juliane Ap. de P. P. O Ensino Da Matemática A Um Aluno Com Deficiência Intelectual: Algumas Reflexões. XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas – 2012. 9p. Disponível em: 40 . Acesso: 03 jan. 2014. CARNEIRO, Reginaldo Fernando. 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E hoje? 6) Qual a formação necessária para ser uma Professora Especialista (AEE - Atendente Educacional Especializada), que atua na Sala de Recursos? 7) De que forma você acha que as professoras da sala regular reconhecem o seu trabalho? 8) Em relação a matemática, como é o trabalho realizado por você? 9) Qual sua relação com a matemática? 10) Qual conteúdo você considera mais fácil de trabalhar? E qual é o mais difícil, na sua opinião? 11) A utilização de meios tecnológicos, que facilitem o ensino de matemática é comum na sala? Quais são utilizados? 12) Quais materiais estão disponíveis para se trabalhar o ensino de matemática? 13) Com relação à Matemática, há algum material, que você conhece e ache necessário, mas não possui aqui na sala? 14) Qual sua opinião sobre o desenvolvimento das crianças que frequentam a S.R. no que diz respeito à aprendizagem matemática? 15) O que mais você poderia contar sobre o trabalho que faz com matemática na S.R., que ainda não foi abordado nas questões anteriores? 42 Apêndice B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) Termo De Consentimento Livre e Esclarecido – (TCLE). (Conselho Nacional De Saúde, Resolução 466/12). Aline de Moraes, RG 34.724.242-X, aluna do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, e sua orientadora Professora Miriam Godoy Penteado, lotada no Departamento de Matemática do IGCE, Unesp Câmpus de Rio Claro, convidam você a participar na pesquisa intitulada O estudo de Matemática nas Salas de Recurso de Escolas do Ensino Fundamental, que será utilizada no Trabalho de Conclusão de Curso. O objetivo da pesquisa é analisar as abordagens utilizadas pelos educadores no atendimento a alunos com deficiência que frequentam Salas de Recurso de escolas da educação básica, tendo como foco o processo de ensino de matemática. Sua participação será através da concessão de uma entrevista e as informações obtidas serão utilizadas apenas para fins acadêmicos sendo que a identificação será mantida em sigilo, não constando imagem, nome ou qualquer outro dado que possa identificar o participante no relatório final ou em qualquer publicação posterior sobre esta pesquisa. Será possível solicitar a inclusão ou exclusão de informações em qualquer momento da pesquisa, sem implicações para o participante. Quanto aos benefícios pretendidos, espera-se contribuir para a produção de conhecimento sobre a educação inclusiva nas escolas do ensino fundamental. A participação não envolverá auxílio financeiro, e também, não terá qualquer custo por parte do entrevistado. Caso não haja interesse de sua parte, sua decisão será respeitada. A entrevista será agendada previamente e realizada em lugar acordado com o entrevistado. Uma cópia deste termo será disponibilizada e nele constam o telefone e o endereço da pesquisadora responsável e da aluna/pesquisadora, que poderão esclarecer quaisquer dúvidas, agora ou a qualquer momento posterior. Também será possível obter esclarecimentos junto ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) por meio do telefone 19 3526-9678. Se o(a) Sr(a). se sentir suficientemente esclarecido sobre essa pesquisa, seus objetivos, eventuais riscos e benefícios, convido(a) a assinar este Termo, elaborado em duas vias, sendo que uma ficará com o(a) Sr(a) e outra com a pesquisadora. Rio Claro, ___/___/____. _________________________ ___________________ Miriam Godoy Penteado Participante da Pesquisa Pesquisadora Responsável 43 Dados sobre a Pesquisa: Título do Projeto: O estudo de Matemática nas Salas de Recurso de Escolas do Ensino Fundamental Pesquisador Responsável: Miriam Godoy Penteado Cargo/função: Professora Adjunta Instituição: Departamento de Matemática IGCE, Unesp Endereço: Av. 24-A, 1515, Bela Vista, Rio Claro, SP Dados para Contato: fone 19 3526 9381 e-mail: mirgps@rc.unesp.br Aluno/Pesquisador: Aline de Moraes Instituição: Unesp, Curso de Pedagogia, IB-Rio Claro Endereço: Rua 4A nº 196, Vila Alemã – Rio Claro - SP Dados para Contato: fone 19 99273 7914 e-mail: aline_likita@hotmail.com Comitê de Ética e Pesquisa: telefone 3526-9678 Dados sobre o sujeito da Pesquisa: Nome:_____________________________________________________________ Documento de Identidade:_____________________________________________ Sexo:__________________________Data de Nascimento:____/____/__________ Endereço:__________________________________________________________ Telefone para contato:________________________________________________