UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL CRESCIMENTO DE AMENDOINZEIRO E MONITORAMENTO DA UMIDADE DO SOLO SOB NÍVEIS DE IRRIGAÇÃO EDUARDO DA SILVA BOM JESUS Orientador: Prof. Dr. Rogerio Teixeira de Faria Coorientador: Ms. Antonio Michael Pereira Bertino Trabalho apresentado à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - UNESP, Campus de Jaboticabal, para graduação em ENGENHARIA AGRONÔMICA. Jaboticabal - SP 1º semestre /2021 I Sistema de geração automática de fichas catalográficas da Unesp. Biblioteca da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal. Dados fornecidos pelo autor(a). Essa ficha não pode ser modificada. J58c Jesus, Eduardo da Silva Bom Crescimento de amendoinzeiro e monitoramento da umidade do solo sob níveis de irrigação / Eduardo da Silva Bom Jesus. -- Jaboticabal, 2021 20 f. : il., tabs. Trabalho de conclusão de curso ( - ) - Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal Orientador: Rogério Teixeira de Faria Coorientador: Antônio Michael Pereira Bertino 1. Arachis. 2. Água de irrigação. 3. Leguminosa. I. Título. unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CÂMPUS DE JABOTICABAL DEPARTAMENTO: ENGENHARIA E CIÊNCIAS EXATAS CERTIFICADO TRABALHO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA TÍTULO : CRESCIMENTO DE AMENDOINZEIRO E MONITORAMENTO DA UMIDADE DO SOLO SOB NÍVEIS DE IRRIGAÇÃO ACADÊMICO: Eduardo da Silva Bom Jesus CURSO: ENGENHARIA AGRONÔMICA ORIENTADOR : CO-ORIENTADOR : Rogerio Teixeira de Faria Antonio Michael Pereira Bertino PERÍODO : Julho/2021 À Julho/2021 Este trabalho é recomendado para compor a base de dados CAPELO. Sim Não BANCA EXAMINADORA: Presidente Antonio Michael Pereira Bertino Membro Anderson Prates Coelho Membro Ancelmo Cazuza Neto Jaboticabal 30 / Junho / 2021 Aprovado em reunião do Conselho do Departamento em: 22 / 07 / 2021 Aprovado "ad referendum" do Conselho do Departamento Chefe do Departamento Prof. Dr. Rogério Teixeira de Faria Chefe do Depto. de Engenharia e Ciências Exatas X 1 Índice RESUMO ..........................................................................................................................2 SUMMARY ......................................................................................................................3 INTRODUÇÃO .................................................................................................................4 MATERIAL E MÉTODOS ...............................................................................................5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................9 CONCLUSÃO .................................................................................................................12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................13 2 CRESCIMENTO DE AMENDOINZEIRO E MONITORAMENTO DA UMIDADE DO SOLO SOB NÍVEIS DE IRRIGAÇÃO RESUMO: A deficiência hídrica é o fator limitante mais crítico para a produção de amendoim no Brasil, sendo um dos maiores obstáculos para a expansão do cultivo nas regiões no país. A determinação da demanda hídrica é fundamental para o aumento na produtividade com menor consumo hídrico. O objetivo no trabalho foi avaliar os efeitos de níveis de irrigação (L1=10%; L2=29%; L3=56%; L4=81% e L5=100% da evapotranspiração da cultura), sobre o desenvolvimento, crescimento do amendoinzeiro, e monitoramento das condições hídricas do solo em cada nível de manejo de irrigação, durante a safrinha, em Jaboticabal, SP. Os tratamentos foram distribuídos em delineamento com blocos em faixa, com quatro repetições, utilizando-se um sistema de "aspersão em linha”. Foram aplicadas lâminas de 65 a 314 mm nos níveis L5 a L1, durante o ciclo. O amendoinzeiro prolonga o ciclo quando plantado na segunda safra, na região de Jaboticabal. Para a semeadura em março, concluiu-se que o estresse hídrico devido a irrigação deficitária reduziu altura de plantas, fração de cobertura e índice de área foliar. Palavras-chave: Arachis, água de irrigação, leguminosa. 3 SUMMARY: Water deficit is the most critical limiting factor for peanut production in Brazil, being one of the biggest obstacles to the expansion of the crop in the regions of the country. Determining water demand is essential for increasing productivity with less water consumption. The objective of this work was to evaluate the effects of irrigation levels (L1=10%; L2=29%; L3=56%; L4=81% and L5=100% of crop evapotranspiration) on the development and growth of the peanut tree , and monitoring of soil water conditions at each level of irrigation management, during the off-season, in Jaboticabal, SP. The treatments were distributed in a strip block design, with four replications, using a "line spray" system. 65 to 314 mm blades were applied at levels L5 to L1 during the cycle. The peanut tree prolongs the cycle. when planted in the second crop, in the region of Jaboticabal. For sowing in March, it was concluded that water stress due to deficit irrigation reduced plant height, cover fraction and leaf area index. Keywords: Arachis, irrigation water, legume. 4 INTRODUÇÃO O amendoim (Arachis hypogaea L.), originário da América do Sul, tem elevada adaptação em solos tropicais e subtropicais. É a quarta oleaginosa mais produzida no mundo e os maiores produtores são China, Índia e Nigéria, respectivamente (USDA, 2020). O Brasil é o segundo maior produtor e exportador de amendoim da América Latina, com 466 mil toneladas, ficando atrás apenas da Argentina (EMBRAPA, 2019), com área plantada de 157 mil hectares em 2019/20, com aproximadamente 90% de toda a produção nacional localizada no estado de São Paulo (CONAB, 2020). No estado de São Paulo, o cultivo do amendoinzeiro é realizado durante a entressafra da cana-de-açúcar, em áreas de reformas, durante a estação chuvosa, denominada de primeira safra ou safra das águas, com semeadura entre outubro e dezembro. A primeira safra representa 96,8% da área anual cultivada com amendoim no Sudeste, o que demonstra a maciça produção de trabalhos de pesquisa nesse período. Entretanto, incipientemente a segunda safra, ou safrinha de amendoim, com semeadura de janeiro a março, tem se tornado uma alternativa para produtores que desejam melhor retorno de investimento e que não se dedicam à atividade canavieira (CONAB, 2020). Um dos entraves para a implantação das áreas de cultivo de amendoim é a dificuldade na aquisição de sementes de qualidade, que apresentam custo estimado em 15% do custo total de produção (BARBOSA et al.,2014). Na safrinha, a ocorrência de problemas fitossanitários é menor, garantindo sementes de qualidade para a safra das águas consecutiva. Nesse sentido, o cultivo de amendoim na safrinha para a produção de sementes pode gerar elevado retorno econômico devido ao alto preço na venda de sementes. Entretanto, são necessários manejos que dão condições ideais ao desenvolvimento da cultura, uma vez que na safrinha as precipitações são baixas e os veranicos são frequentes (COELHO et al., 2017). 5 Em qualquer estádio fenológico da cultura, a deficiência hídrica induz mecanismos de adaptação à seca, seja ele bioquímico, fisiológico ou morfológico, afetando diretamente o crescimento e a produtividade do amendoim. Entretanto, a deficiência hídrica em determinados estádios fenológicos afeta diferentemente o amendoim, pois, verifica-se que na fase vegetativa pode resultar em leve perda de rendimento, enquanto a maior demanda de água ocorre na fase reprodutiva, onde a cultura é mais afetada (NETO et al., 2012). A baixa precipitação que ocorre em grande parte do território brasileiro entre o outono e o inverno pode reduzir muito a produtividade do amendoim cultivado na safrinha, necessitando de irrigação para a obtenção de elevadas produtividades. Embora a irrigação plena proporcione as maiores produtividades nas diversas culturas, a irrigação deficitária é uma estratégia de otimização, na qual a renda liquida é maximizada pela redução da água aplicada, apesar da redução da produtividade da cultura em determinado grau, em consequência da redução da lâmina aplicada (CAPRA, et al., 2008). Assim, a avaliação do crescimento do amendoim cultivado na safrinha sob diversos manejos de irrigação é necessária para verificar os danos do déficit hídrico na cultura, a fim de recomendar os melhores manejos para os produtores. Os objetivos desse trabalho foram avaliar o crescimento vegetativo do amendoim sob irrigação deficitária, durante a fase reprodutiva, determinar as lâminas requeridas e monitorar as condições hídricas do solo em cada nível de manejo de irrigação durante a safrinha. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV/UNESP), em Jaboticabal, latitude 21º15’22", longitude 48º18'58" e altitude 570 m, com clima Aw (subtropical), de acordo com a classificação de Köppen. Também tem 6 invernos relativamente secos e chuvas de verão; sua precipitação média anual é de 1.424 mm e temperatura média anual de 22,22˚ C (ALVARES et al., 2013). O solo da área é classificado como Latossolo Vermelho Eutroférrico típico, com textura muito argilosa, A moderado, caulinítico, relevo suave ondulado e ondulado (EMBRAPA, 2013). Os atributos químicos foram determinados na camada de 0 – 0,2 m antes da semeadura do amendoim. Resultados foram: pH (CaCl2) 5,9; matéria orgânica = 21 g dm-3; P (resina) = 35 mg dm-3; K = 3,9 mmolc dm-3; Ca = 36 mmolc dm-3; Mg = 12 mmolc dm-3; S = 8 mg dm-3; H + Al = 23 mmolc dm-3; CTC = 74, 9mmolc dm-3; V = 70%; B =0,33 mg dm- 3; Cu = 4,6 mg dm-3; Fe = 23 mg dm-3; Mn = 15,8 mg dm-3; Zn = 3,7 mg dm-3. O experimento foi conduzido em delineamento em blocos em faixas, com quatro repetições, utilizando-se um sistema de "aspersão em linha”, com quatro repetições, as parcelas tiveram dimensões de 3,6 m x 2,4 m, com bordadura externas de 1,2 m. Foi instalado em área 500 m², com 20 parcelas. Cada parcela foi composta por 4 linhas da cultura com 2,4 m de comprimento, destas, as duas linhas da extremidade, bem como 0,5 m de cada extremidade das linhas centrais, foram consideradas como bordadura, não sendo utilizadas para as avaliações, e o restante constituiu a parcela útil (Figura 1). As avaliações foram realizadas em amendoinzeiro da cultivar IAC 503, do grupo Virginia Runner, com semeadura em 6 de março de 2019. Utilizando-se um sistema de aspersão em linha, foram estabelecidos cinco níveis de irrigação deficitária, L1, L2, L3, L4, e L5, correspondentes às reposições de 10% 29%, 56%, 81% e 100% da evapotranspiração da cultura - ETc, respectivamente, na fase fenológica reprodutiva. A faixa de temperatura adequada para o crescimento da cultura do amendoim é considerada por alguns autores como sendo entre 10°C e 33°C (AWAL & IKEDA, 2003). No presente experimento, os valores de temperatura se mantiveram dentro da faixa aceitável, exceto para a temperatura mínima, que em meados de maio e final de julho 7 atingiram valores abaixo do limite inferior (Figura 2). Em meados de maio, a semeada em março encontrava-se em início de formação de vagens (R3); no final de junho. Os valores de temperatura de temperatura máxima diária observada foi de 33,7 ° C, enquanto a temperatura mínima observada foi de 3,3 ° C (Figura 2). Aspersores da marca Senninger Irrigation Brasil, modelo 3023-2 ¾”, foram testados previamente para se estabelecer o perfil de distribuição de água no experimento. Para certificar sobre a correta aplicação das lâminas de irrigação em cada tratamento, quatro novas avaliações foram realizadas durante o experimento com coletores de precipitação espaçados 1 m (78 coletores) e com pressão de serviço e espaçamento considerados adequados no teste anterior (300 kPa e 12 m x 6 m). A demanda de irrigação foi estimada segundo o método FAO - 56, utilizando-se dados meteorológicos da FCAV/UNESP para calcular a evapotranspiração de referência pela equação de Penman-Monteith (ALLEN et al., 1998), que multiplicada pelo coeficiente de cultivo, com os valores interpolados ao longo do ciclo fenológico ( i.e 0,4; 1,15 e 0,6), resultou na ETc. As irrigações foram realizadas após a depleção de 23 mm da água no solo, correspondente ao armazenamento de água facilmente disponível do solo. Essa lâmina foi calculada assumindo-se água disponível do solo com base na curva de retenção de água de 0,115 cm3 cm-3, profundidade efetiva de raízes de 40 cm e fator de disponibilidade de água no solo de 50% (ALLEN et al., 1998). A aplicação de água na fase de irrigação plena será realizada por três linhas de aspersores (Figura1). Nas fases de irrigação deficitária, a distribuição gradual da lâmina de irrigação requerida nos tratamentos será obtida por uma linha de aspersores (Figura 1), com a distribuição da precipitação apresentada na Figura 4, conforme os testes prévios realizados. 8 Podemos observar que da emergência até a fase fenológica de formação dos ginóforos (R2) a ETo se mantem superior a ETm, pois até a floração o consumo de água é baixo; do florescimento à formação das vagens o consumo hídrico é crescente e proporcional ao desenvolvimento da cultura; da formação das vagens até a maturação das sementes o consumo hídrico é estável, com valores de ETm muito próximos, mas, superiores a ETo estando em seu pleno desenvolvimento, com índice área foliar elevado e enchimento dos grãos, tendo como consequência alta evapotranspiração (Figura 3). Pesquisadores de duas universidades Americanas, lançaram um aplicativo intitulado Canopeo©, que visa quantificar a cobertura de dossel da cultura, tendo como base a leitura de imagens da vegetação (PATRIGNANI & OCHSNER, 2015). Sua operação é baseada em colorimetria, oferecendo resultados in situ precisos e com menor tempo. É útil no monitoramento do crescimento das culturas, quantificação do efeito de fatores ambientais como estresse hídrico e estimativa da interceptação de luz. Durante o ciclo da cultura as seguintes características agronômicas da cultura foram avaliadas a partir de 20 dias após a semeadura (DAS) até a colheita, foram realizadas as seguintes avaliações para se verificar o efeito do manejo da irrigação nas variáveis- resposta - Fenologia: foram anotadas as datas de ocorrência dos estádios fenológicos, segundo a escala fenológica de Boot (1982); Crescimento: foram determinados estande inicial, comprimento da haste principal e do ramo primário mais desenvolvido, índice de área foliar e fração de cobertura foliar (determinada com o auxílio do aplicativo de celular Canopeo® (PATRIGNANI & OCHSNER, 2015); Umidade do solo: foi medida com sonda TDR (Hydrosense) na profundidade de 0,20 m; . Usando métodos indiretos, que estimam o teor de água no solo a partir de propriedades físicas deste, como no caso da Reflectometria no Domínio do Tempo – TDR baseado na constante dielétrica do solo (K) e Lâmina de irrigação aplicada e evapotranspiração: ao final do ciclo de cultivo foram 9 totalizados os valores de lâmina de irrigação aplicada nos tratamentos, evapotranspiração da cultura e de referência. Os dados foram submetidos a análise de regressão utilizando o programa estatístico SISVAR® ao nível de 5% de significância (FERREIRA, 2011). RESULTADOS E DISCUSSÃO O ciclo de desenvolvimento do amendoinzeiro da cultivar IAC 503, Virginia Runner, foi concluído com 1952 graus-dias e 159 dias após a semeadura (Figura 5), Godoy (2017) descreve essa cultivar com característica de ciclo superior a 130 DAS, no entanto, o prolongamento do ciclo reprodutivo pode estar relacionado a baixas temperaturas ocorridas durante o estádio fenológico entre R7 e R8, sendo reforçado pelo fato de que até R7 a cultura estava completando normalmente o período estabelecido para a cultivar. O amendoim pode sobreviver a temperaturas acima de 35º C durante um tempo curto, sendo sensível à geada, algumas cultivares apresentar danos a 15º C (WAELE & SWANEVELDER, 2001). Esse fato foi demonstrado em mesmas condições onde temperaturas menores que a temperatura base causaram prolongamento do ciclo para a cultivar IAC 505 (FRANÇA, 2019). Para o cultivo do amendoim, na fase compreendida entre a semeadura e a colheita, Marin et aI. (2006) determinaram, para o grupo Virgínia, de 1930 Graus-dia. No presente estudo e nos demais citados, considerou-se a temperatura- base da cultura como 10°C (ONG, 1986). A água é um dos principais recursos que as plantas necessitam para o crescimento, sendo considerada fator limitante no desenvolvimento das culturas e produtividade agrícola. Larcher (2006), menciona que a deficiência hídrica promove a diminuição na turgescência, o qual, afeta diretamente o processo de crescimento e desenvolvimento das plantas. O amendoim é uma oleaginosa conhecida por apresentar potencial para se 10 desenvolver em áreas com menor disponibilidade hídrica, demonstrando, assim, certa tolerância em conviver em ambientes com baixa disponibilidade hídrica (PEREIRA et al., 2012). A altura de planta do amendoim, não diferiu entre os tratamentos de lâminas de irrigação (Figura 6). O que foi mencionado por Nogueira e Távora (2005), ainda que a planta apresente resistência e adaptação a falta de água a fase reprodutiva é mais comprometida pela deficiência hídrica, principalmente durante o florescimento e enchimento dos frutos. Quanto a fração de cobertura, as avaliações comprovaram a diferença de crescimento no dossel das plantas entre os tratamentos ao longo do ciclo da cultura, com disparidade entre os tratamentos L1 e L5 (10% e 100% da ETc, respectivamente), esse efeito está diretamente relacionado às lâminas de irrigação aplicadas. As lâminas de reposições equivalentes à ETc (L5 e L4) resultaram em coberturas vegetais máximas superiores a 90% na fase reprodutiva (R5) da cultura, enquanto que as lâminas deficitárias (L3, L2 e L1) apresentaram coberturas vegetais máximas entre 40 e 60% para a mesma fase. A diferenciação do fator de cobertura entre os tratamentos se iniciou a partir do estádio R1, após os 35 DAS em ambos os tratamentos. Nos tratamentos com menor reposição hídrica houve também redução no crescimento em altura de plantas, similarmente ao efeito no fator de cobertura. Fatores abióticos estressantes, como o estresse hídrico, podem causar modificações no crescimento e metabolismo desde o início do ciclo de desenvolvimento, promovendo reduções na captura de radiação solar e, consequentemente, menor velocidade de crescimento e redução na produtividade da cultura (NI et al., 2000).A área foliar também não teve diferença entre lâminas, (Figura 7). A quantidade de água no solo 11 modifica o estado hídrico das plantas e isso, promove alterações nos processos fisiológicos, como o fechamento estomático, que reduz a transpiração, influenciando negativamente na taxa de absorção de CO2 pelas folhas para realização da fotossíntese e, como consequência promove redução na área foliar (HARO et al., 2008). Avaliado as lâminas de reposição o IAF apresenta diferença entre os tratamentos, a redução nas lâminas de reposição reduziu o IAF. A redução da área foliar e como consequência o IAF depende do grau de estresse que a planta foi submetida, o déficit hídrico pode não afetar essas variáveis (TAIZ et al., 2017). A água está contida no solo, sendo assim um manejo adequado de irrigação não deve permitir uma redução significativa da produção devido a deficiência hídrica, pois o teor de água no solo deve ser mantido num nível que permita a planta elaborar seus processos fisiológicos de forma a maximizar a taxa fotossintética. Isso só é possível quando a taxa de absorção de água pelas raízes é suficiente para atender a demanda evapotranspirativa da cultura, mantendo assim a evapotranspiração próxima ao nível máximo. As irrigações foram realizadas antes que a quantidade de água no solo no tratamento controle (L5 = 100%) atingisse um nível capaz de reduzir os processos fisiológicos da planta. Com o cálculo de água disponível, é possível acompanhar o nível de esgotamento de água no solo, por meio da irrigação, retornar o teor de água no solo à capacidade de campo. No entanto no período reprodutivo houve intensificação no estresse o que reduziu a umidade do solo ao passo que as reposições das lâminas aplicadas diminuíram ao longo do ciclo (Figura 8). As lâminas de irrigação para o manejo de déficit no período reprodutivo da cultura variaram entre 48,2 a 227,5 mm, sendo assim as lâminas totais (chuva + irrigação) 12 recebidas nos tratamentos variaram de 151,9 a 331,2 mm no manejo de déficit no período reprodutivo. A maior lâmina de irrigação aplicada foi menor do que a maior lâmina aplicada por FRANÇA (2019) no mesmo período. Isso ocorreu pois no presente trabalho a precipitação foi maior, com valores maiores que os históricos da região (Figura 2), demandando menos aplicações, que foram realizadas somente para atender à exigência da cultura em períodos de estiagem. No cultivo de segunda safra a irrigação é fundamental durante todo o período da cultura, especialmente nos estádios reprodutivos, pois nessa safra o cultivo do amendoim ocorre no final de verão e no outono, em que grande parte do território brasileiro, especialmente as regiões produtoras de amendoim, apresentam baixas precipitações. Houve diferença significativa quando comparado os níveis de irrigação. Sendo proporcional a redução dos níveis com a redução da lâmina, demostrado que houve estresse nos menores níveis de irrigação (Figura 9). CONCLUSÃO Para a semeadura em março, conclui-se que é mais vantajoso o cultivo do amendoinzeiro com irrigação deficitária (L4), devido à economia de água de 19% em relação ao manejo com irrigação plena. O amendoinzeiro prolonga o ciclo quando plantado na segunda safra, na região de Jaboticabal. O déficit hídrico na fase reprodutiva reduz os valores de fração de cobertura, IAF, e altura de plantas. 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALLEN, R.G., PEREIRA, L.S., RAES, D., SMITH, M. Crop evapotranspiration - Guidelines for computing crop water requirements. Rome: FAO. 1998. 300 p. (FAO Irrigation and Drainage Paper 56). ALVARES, C. A., STAPE, J. L., SENTELHAS, P. C., de MORAES, G., Leonardo, J., SPAROVEK, G. (2013). Köppen's climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift, 22: 711-728. https://doi.org.10.1127/0941-2948/2013/0507. AWAL, M. A., IKEDA, T., (2003) Controlling canopy formation, flowering, and yield in fieldgrown stands of peanut (Arachis hypogaea L.) with ambient and regulated soil temperature. Field crops research 81:121-132. BARBOSA, R. M., HOMEM, B. F. M., TARSITANO, M. A. A. Custo de produção e lucratividade da cultura do amendoim no município de Jaboticabal, São Paulo. Revista Ceres. Viçosa, v.61, n.4, p.475-481, jul/ago. 2014. BOOTE, K. J. 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L1, L2, L3, L4 e L5, correspondentes às reposições de 10% 29%, 56%, 81% e 100% da (ETc). 17 Mínima Limite superior Máxima Média Limite inferior chuva Irrigação ETm ETo ETm ETo C h u v a e ir ri g aç ão ( m m ) 40 60 6 35 50 5 30 25 40 4 20 30 3 15 20 2 10 5 10 1 0 0 0 Datas Datas Figura 2. Temperatura máxima mínima e média do período experimental de 2019, delimitação máxima e mínima da temperatura ideal para o desenvolvimento da cultura do amendoinzeiro e dinâmica da água no sistema de cultivo durante todo o experimento, respectivamente. 6 Kc 1,4 5 4 3 2 1 0 Figura 3. Coeficiente de cultura, evapotranspiração de referencia e de cultura na condição de lâmina plena ao longo do cultivo do amendoinzeiro. T e m p er st u ra ( °C ) E T m e E T o ( m m d ia -1 ) E T m e E T o ( m m d ia -1 ) 18 Figura 4. Frações de distribuição da precipitação dos aspersores em função da distância ou tratamentos das linhas de irrigação espaçadas de 12 m e aspersores espaçados de 6 m na linha. Figura 5. Estádios fenológico da cultivar IAC 503 em graus-dia (A) e dias após a semeadura (DAS). 19 Figura 6. Altura de planta com estresse no estádio reprodutivo, em função das lâminas de irrigação ao longo do tempo da cultura de amendoinzeiro, 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 21 29 35 43 50 57 71 78 85 92 99 113 120 134 141 DAS 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 21 35 49 63 77 84 91 119 133 147 DAS Figura 7. Fração de cobertura e índice de área foliar com estresse no estádio reprodutivo, em função das lâminas ao longo do tempo da cultura do amendoinzeiro, respectivamente. 100% Etc 81% Etc 56% Etc 29% Etc 10% Etc R1 R5 100% Etc 81% Etc 56% Etc 29% Etc 10% Etc R1 R5 F ra çã o d e co b er tu ra (% ) IA F ( m ² m ²) 20 47 42 37 32 27 22 17 Datas Figura 8. Umidade volumétrica do solo com estresse no estádio reprodutivo, em função das lâminas de irrigação ao longo do tempo da cultura do amendoinzeiro. 350 300 250 200 150 100 50 0 100% ETc 81% ETc 56% ETc 29% ETc 10% ETc Níveis de irrrigação Figura 9. Lâmina (chuva + irrigação) com estresse no estádio reprodutivo, em função das lâminas de irrigação ao longo da cultura do amendoinzeiro. 100% ETc 29% ETc 81% ETc 10% ETc 56% ETc Chuva Irrigação 227,5 189,6 139,8 86,0 48,2 103,7 103,7 103,7 103,7 103,7 U m id a d e v o lu m et ri ca (% )