UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
CÂMPUS DE BOTUCATU
Caracterização da avifauna presente em um Sistema Agroflorestal
na Fazenda Experimental Lageado – Botucatu, SP
Jonas da Costa Vieira
Botucatu – SP
2016
Jonas da Costa Vieira
Caracterização da avifauna presente em um Sistema Agroflorestal
na Fazenda Experimental Lageado – Botucatu, SP
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como requisito para a
obtenção do grau de Bacharel em Ciências
Biológicas no Instituto de Biociências da
Universidade Estadual Paulista “Julio de
Mesquita Filho” – Câmpus de Botucatu
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Renata Cristina Batista Fonseca
Supervisora: Prof ª. Dr. ª Silvia Mitiko Nishida
Botucatu – SP
2016
Agradecimentos
A minha orientadora Renata Cristina Batista Fonseca, que tanto me ensinou e me
recebeu, sempre com muita disposição e dedicação, muito obrigado.
Agradeço a docente Silvia Mitiko Nishida, por me apresentar e despertar um grande
fascínio pela comunidade de aves.
Ao meu amigo Rodrigo Santiago Oliveira Carvalho (Boga), que considero meu
padrinho, envolvendo estudos com avifauna.
A Beatriz Tenore Blanco, por ser companheira e estar presente neste estudo.
Ao professor Lin Chau Ming e ao grupo Timbó de Agroecologia por todas as
vivências agroecológicas, na área de estudo.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico pelo apoio
financeiro para a concretização deste trabalho.
Aos professores Luiz Fernando Rolim de Almeida e Robson Carvalho, agradeço por
toda confiança no meu trabalho e oportunidade de conclusão do mesmo.
Sou muito grato a vocês.
Resumo
Considerando os modelos atuais de produção agrícola, os sistemas agroflorestais
têm se mostrado uma alternativa positiva para a manutenção da biodiversidade e
conservação das espécies de aves. O objetivo deste trabalho foi caracterizar a
avifauna do Sistema Agroflorestal localizado na Fazenda Experimental Lageado
“UNESP Botucatu”. A amostragem foi realizada durante um ano, de julho de 2014 a
julho de 2015, seguindo a metodologia das listas de Mackinnon. Foram registradas
54 espécies de aves no total, sendo que ao longo deste período foi registrada uma
média do número de espécies, das quais 29 ocorreram no outono, 27 no inverno, 32
na primavera e 34 no verão. Os maiores valores foram verificados na primavera e
verão, isso devido à presença de espécies migratórias. Houve diferença significativa
entre as médias do número de espécies de aves em cada estação, exceto entre o
outono e inverno. As guildas tróficas predominantes foram as de insetívoros,
seguindo por frugívoros. A família Tyrannidae e Thraupidae, foram as mais
representativas no fragmento, com 8 espécies cada. Os resultados obtidos
demonstram que o sistema agroflorestal pode servir de suporte para a comunidade
de aves. Isso pode estar relacionado com a diversidade na oferta de alimento e
também à estratificação do habitat.
Palavras-chave: avifauna; sistema agroflorestal; biodiversidade; agroecossistema.
Introdução
A presença da fauna selvagem em áreas agrícolas é um fato ainda pouco estudado.
A conversão de florestas tropicais em áreas agrícolas é a principal ameaça à
biodiversidade mundial (TURNER e CORLETT, 1996), entretanto, naquelas em que
se pratica o cultivo orgânico e o manejo agroecológico, espera-se encontrar uma
biodiversidade ampliada (BEECHER et al., 2002).
Os sistemas agroflorestais podem contribuir para a solução de problemas no uso
dos recursos naturais, devido às funções biológicas e socioeconômicas que podem
cumprir. A presença de árvores no sistema traz benefícios diretos e indiretos, tais
como o controle da erosão e manutenção da fertilidade do solo, o aumento da
biodiversidade, a diversificação da produção e o alongamento do ciclo de manejo de
uma área (ENGEL, 1999).
Considerando a comunidade de aves, a América do Sul é o um continente
biodiverso e vivem aqui cerca de um terço das espécies de aves existentes na Terra
(NEGRET et al., 1984). Especificamente no Brasil, ocorrem 1.676 espécies de aves,
considerando as espécies residentes e visitantes, correspondendo a mais da metade
das espécies de aves registradas para a América do Sul (ANDRADE, 1995).
A partir de diversos estudos observou-se que as aves podem ser utilizadas como
bioindicadoras de alterações ambientais (VERNER, 1981), e os conhecimentos
sobre sua biologia e suas interações podem ajudar a indicar certas condições às
quais são sensíveis, visto que alterações na vegetação podem tornar o ambiente
impróprio para abrigar aves que exigem condições específicas para sua
sobrevivência.
Sabendo da importância de divulgar listas de espécies de aves (ARGEL-DE-
OLIVEIRA, 1993) que além de contribuir para o conhecimento da distribuição
geográfica, é de extrema utilidade em estudos de conservação (VASCONCELLOS &
STRAUBE, 2006), este trabalho teve como objetivo caracterizar a avifauna do
Sistema Agroflorestal localizado na Fazenda Experimental Lageado “UNESP
Botucatu”.
Para a realização desta pesquisa, foram utilizados dados de um estudo comparativo
da avifauna na área de estudo e uma área adjacente, de produção convencional de
Citrus sp.(BLANCO, 2016).
Metodologia
Área de Estudo
O presente estudo foi realizado no sistema agroflorestal situado na Área
Experimental do Departamento de Horticultura da Fazenda Lageado da Faculdade
de Ciências Agronômicas – UNESP/Botucatu, Estado de São Paulo (22°50'28.2"S
48°25'56.3"W), entre o período de julho de 2014 a julho de 2015.
O município de Botucatu (22°52’20’’S, 48°26’30’’W) está localizado a 750 metros de
altitude em relação ao nível do mar, em uma Área de Proteção Ambiental (APA).
Apresenta clima temperado quente (mesotérmico) úmido, com médias anuais de
precipitação 1.428,4mm e temperatura 20,4ºC. Há uma pequena deficiência hídrica
em abril, julho e agosto, com evapotranspiração potencial anual de 945,15 mm e
concentração da evapotranspiração potencial no verão igual a 33% (CUNHA &
MARTINS, 2009). Sabe-se que regiões com climas subtropicais passam por
mudanças sazonais na composição da fauna e flora ao longo de um ciclo anual
(DAVIS, 1945), devendo-se, portanto, levar em conta essas mudanças ao se estudar
a estrutura da avifauna em tais regiões (ACCORDI, 2003).
A área de estudo possui uma matriz vegetal adjacente que é composta por um
fragmento de floresta estacional semidecidual com área aproximada de 17 ha. e
caracteriza-se como mata secundária em estágio médio de sucessão, originária de
regeneração natural após o abandono de uma plantação de café há cerca de 50
anos. Por localizar-se próxima a um pomar, há a ocorrência de frutíferas exóticas
[e.g. Artocarpus heterophyllus (jaca), Persea americana (abacate), Citrus spp.]. Essa
área é conectada a um remanescente florestal com área de 300 ha em bom estado
de conservação, no qual houve somente extração seletiva de madeira como impacto
mais significativo. Estudos pré-existentes contam com o registro de 40 espécies de
aves na área da matriz florestal (FERREIRA, 2014).
O sistema agroflorestal estudado (22°50'28.2"S 48°25'56.3"W) foi implantado no ano
2000 em uma área degradada de 8862,83m², anteriormente ocupada por plantação
convencional de cítricos. Diversas espécies com funções diferentes foram
introduzidas para o início do sistema agroflorestal: agrícolas heliófilas, frutíferas
exóticas, pioneiras nativas e não pioneiras nativas. Após o ciclo de produção das
espécies agrícolas heliófilas (devido ao sombreamento proporcionado pelo
crescimento das espécies arbóreas), houve baixa intensidade de manejo, tendo
objetivo didático como o principal. O pouco manejo resumiu-se a raros
procedimentos de raleamento de galhos, incorporação de matéria orgânica ao solo e
plantios posteriores de enriquecimento (SERAPHIM, 2014).
Levantamento Qualitativo
As aves foram quinzenalmente amostradas na área de estudo, através de
observação direta com binóculo, captura de imagens e gravação de vocalização
para posterior identificação. Cada amostragem consistiu no deslocamento ao longo
da área, em intervalos nos períodos da manhã (06h00 as 10h00) e tarde (16h00 as
18h00).
Os dados foram coletados utilizando a metodologia de listas de Mackinnon
(RIBBON, 2010), com a qual se obtêm os dados sobre riqueza e composição de
espécies. Além disso, foram obtidos dados de abundância relativa das espécies a
partir da frequência de ocorrência nas listas.
As guildas tróficas foram definidas através de consulta bibliográfica (SIGRIST, 2009;
SICK, 2001) e observação direta do comportamento alimentar, quando possível.
Materiais
As aves foram amostradas na área de estudo através da observação direta com
binóculo Bushnell 10X42, captura de imagens utilizando uma câmera Canon
PowerShot SX50 HS e a gravação das vocalizações com um gravador digital Sony
Px312. O guia de campo Avis Brasilis – Avifauna Brasileira – Tomas Sigrist foi
consultado.
Análise de dados
A frequência de ocorrência nas listas (FO) corresponde ao número de listas em que
determinada espécie foi observada em relação ao número total de listas.
Para testar se houve diferença significativa entre as médias do número de espécies
de aves em cada estação do ano, foi utilizado ANOVA e teste de Tukey para
verificar diferenças entre as médias. Foi considerado como estatisticamente
diferentes quando p < 0,05 (ZAR, 1996).
A curva de acúmulo de espécies permite avaliar o quanto um estudo se aproxima de
capturar todas as espécies do local. Quando a curva estabiliza, significa que a
riqueza total observada está muito próxima riqueza esperada no local. Foi utilizado o
software ESTIMATES, para a obtenção dos dados da curva de acúmulo.
Resultados e discussão
Foram inventariadas no sistema agroflorestal 54 espécies de aves, distribuídas em
23 famílias, 10 não Passeriformes (42,60% das espécies) e 13 Passeriformes
(57,40% das espécies) em 18 saídas a campo, totalizando 72 horas de amostragem.
Entre os não Passeriformes, destacam-se como mais representativas as famílias
Trochilidae e Columbidae, com 5 espécies em cada (21,73%) e entre os
Passeriformes, as famílias Tyrannidae e Thraupidae, com 8 espécies cada (25,80%).
Merece destaque também a ocorrência da espécie Amazona aestiva (Psittacidae), a
qual se encontra em situação de “quase ameaçada” (NT) no Estado de São Paulo,
de acordo com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas emitida pelo IUCN. O
status de conservação das outras espécies registradas no presente trabalho é pouco
preocupante (LC).
A curva de acumulação de espécies mostrou-se moderadamente estável ao final do
estudo, sugerindo uma riqueza um pouco maior que aquela observada no ambiente.
(Figura 1).
FIGURA 1. Curva de acúmulo da riqueza de espécies de aves estimadas para o sistema
agroflorestal.
Em termos de guildas alimentares, houve predomínio das espécies insetívoras
seguidas pelas frugívoras no sistema agroflorestal. Segundo Sick (2001), a grande
porcentagem de aves insetívoras registradas é padrão para as matas da região
tropical.
A média do número de espécies registradas demonstrou diferença estatística
significativa para todas as estações do ano, com exceção dos meses de outono e
inverno (Figura 2). Observa-se um decrescimento nas estações mais frias, que é
caracterizado pela diminuição na riqueza de espécies de passeriformes, mas
apresentam aumento na quantidade de espécies migratórias de inverno,
principalmente marinhas e limícolas (EFE et al., 2010).
A partir do mês de setembro, quando iniciou a primavera, houve um aumento do
número médio da riqueza de espécies. Esse fato se explica por ser o período do ano
em que as aves migratórias chegam à região, fugindo de áreas onde os rigores do
clima tornam a vida difícil. Além de que, esses meses corresponderam ao início da
estação reprodutiva para a maioria das aves (SICK, 1997), seguido da diversidade
de espécies vegetais, que significa uma oferta mais diversificada de recursos para a
fauna (DURIGAN et al., 2009). O comportamento migratório austral pôde ser
identificado com Tyrannus savana e fluxo migratório de verão com Tyrannus
melancholicus (LUCINDO et al., 2011).
Foi observada a presença de um grupo de Cacicus haemorrhous durante a estação
fria, se alimentando de Plinia cauliflora (Myrtaceae) presente no sistema
agroflorestal.
FIGURA 2. Número médio das espécies de aves registradas nos períodos da primavera, verão,
outono e inverno. Os valores expressam as médias seguidas de seus desvios padrões. As diferentes
letras nas barras indicam diferença estatística (P < 0,05).
Diferentes espécies de plantas apresentam características que podem influenciar na
atração das aves frutívoras, como a quantidade de frutos produzidos, o valor
nutritivo dos frutos, a presença de compostos secundários e a variedade de cores
(FRANCISCO et al., 2007). Ramphastos toco, por exemplo, foi detectado diversas
vezes alimentando-se dos frutos de Inga edulis (Fabaceae) e Cecropia sp.
(Urticaceae) em horários próximos às dez horas. Ao longo do ano esta ave foi
observada na região de estudo, sendo considerada uma espécie residente.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Myrtaceae
https://pt.wikipedia.org/wiki/Urticaceae
Segundo Mikich e Silva (2001), o período mais propício para a dispersão das
sementes e para o estabelecimento das plântulas é durante a estação chuvosa,
provavelmente em função de condições climáticas e da maior atividade dos animais
dispersores neste período do ano. Durante o verão, foi observada a presença da
espécie Chiroxiphia caudata, que possui hábito alimentar basicamente frugívoro,
muito atraídos pelas bagas de melastomatáceas que frutificam todos os meses
(SICK, 2001).
Aves da família Trochilidae, como Eupetomena macroura, Thalurania glaucopis,
Chlorostilbon lucidus, Phaethornis pretrei e Amazilia láctea foram observadas na
área de estudo. Os beija flores podem ser responsáveis pela polinização de até 15%
das espécies de plantas das comunidades na região Neotropical (FEINSINGER,
1983). A espécie Amazilia láctea, Chlorostilbon lucidus e Eupetomena macroura
foram registradas se alimentando do néctar de Bauhinia variegata (Fabaceae) e
Phaethornis pretrei forrageando em um indivíduo de Musa sp. (Musaceae), durante
a primavera.
A alta frequência de ocorrência total da maioria das espécies da família Columbidae,
deve-se às suas tendências sinântropas. Segundo Sick (1997), elas têm sido
beneficiadas pelo desmatamento e pela expansão das culturas.
A espécie Thraupis sayaca foi registrada com uma alta frequência (F.O. = 83,3%). É
uma das espécies mais comuns nas cidades, é rara ou ausente no interior da mata,
mas pode aparecer em clareiras. Alimenta-se de insetos, néctar, pétalas de flores e
sementes, sendo uma das aves importante na dispersão de sementes dentro, pois
ingere os frutos sem danificar as sementes (ARGEL, 2002).
Foi constatada a alta frequência de ocorrência de Turdus leucomelas, considerado o
sabiá mais comum do interior do Brasil, principalmente em regiões de cerrado
(SANTIAGO, 2007). Apresenta fluxo migratório altitudinal de inverno (LUCINDO et
al., 2011). Enquanto Turdus rufiventris foi detectado menos vezes (F.O. = 12,5%),
pois, embora este possa ser encontrado com frequência em ambientes urbanos, sua
distribuição natural está mais relacionada a áreas florestadas, provável motivo pela
presença no sistema agroflorestal.
Quanto ao padrão sazonal, algumas espécies são consideradas residentes, se
registradas ao longo do ano todo (mesmo que não avistados em meses não
consecutivos), ou não-residentes, quando não avistadas em dois ou mais meses
consecutivos (MACHADO, 2009).
Tabela 1. Espécies registradas no sistema agroflorestal. Ocorrência: frequência de ocorrência nas
listas; Guilda Tróficas → car – carnívoro, det – detritívoro, fru – frugívoro, gra – granívoro, ins –
insetívoro, nec – nectarívoro, oni – onívoro. Categorias: R = categoria residente; P = categoria
provável residente; O = categoria ocasional ou sobrevoante. Status migratório (M) definido quando
apresentando algum tipo de deslocamento/migração na área, segundo observações próprias e Motta-
Junior et al. (2008). Dados coletados entre julho de 2014 e julho de 2015.
Espécies Ocorrência Guilda
Trófica Categoria
Ardeidae
Syrigma sibilatrix (Temminck, 1824) 12,5% ins O
Cathartidae
Coragyps atratus (Bechstein, 1793) 12,5% det O
Accipitridae
Ictinia plúmbea (Gmelin, 1788) 4,2% ins, car O
Falconidae
Milvago chimachima (Vieillot, 1816) 4,2% Ins, car O
Caracara plancus (Miller, 1777) 12,5% car P
Columbidae
Patagioenas cayennensis (Bonnaterre, 1792) 8,3% fru O
Columbina squammata (Lesson, 1831) 4,2% gra O
Columbina talpacoti (Temminck, 1811) 29,2% gra P
Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) 25% fru O
Zenaida auriculata (Des Murs, 1847) 16,7% gra O
Psittacidae
Psittacara leucophthalmus (Statius Muller, 1776) 20,8% fru P
Pionus maximilliani (Kuhl, 1820) 8,3% fru O
Brotogeris chiriri (Vieillot, 1818) 16,7% fru O
Amazona aestiva (Linnaeus, 1758) 4,2% fru O
Cuculidae
Piaya cayana (Linnaeus, 1766) 4,2% ins O
continuação da tabela
Espécies Ocorrência Guilda
Trófica Categoria
Trochilidae
Eupetomena macroura (Gmelin, 1788) 16,7% nec P
Thalurania glaucopis (Gmelin, 1788) 12,5% nec P
Chlorostilbon lucidus (Shaw, 1812) 16,7% nec P
Phaethornis pretrei (Lesson & Delattre, 1839) 12,5% nec P
Amazilia láctea (Lesson, 1832) 12,5% nec P
Ramphastidae
Ramphastos toco (Statius Muller, 1776) 45,8% oni R
Picidae
Colaptes campestres (Vieillot, 1818) 4,2% ins O
Vernilornis spilogaster (Wagler, 1827) 4,2% ins O
Furnariidae
Synallaxis spixi (Sclater, 1856) 4,2% ins O
Tyrannidae
Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) 50% oni R
Myiodynastes maculatus (Statius Muller, 1776) 4,2% oni M
Tyrannus melancholicus (Vieillot, 1819) 25% ins M
Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822) 16,7% oni O
Colonia colonus (Vieillot, 1818) 8,3% ins O
Myiarchus swainsoni (Cabanis & Heine, 1859) 8,3% ins, fru O
Serpophaga subcristata (Vieillot, 1817) 4,2% ins O
Tyrannus savana (Vieillot, 1808) 4,2% ins M
Pipridae
Chiroxiphia caudata (Shaw & Nodder, 1793) 4,2% oni O
Vireonidae
Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789) 20,8% ins P
Corvidae
Cyanocorax cristatellus (Temminck, 1823) 12,5% oni O
Hirundinidae
Pygochelidon cyanoleuca (Vieillot, 1817) 20,8% ins P
Troglodytidae
Troglodytes musculus (Naumann, 1823) 50% ins R
continuação da tabela
Espécies Ocorrência Guilda
Trófica Categoria
Turdidae
Turdus leucomelas (Vieillot, 1818) 50% oni R
Turdus rufiventris (Vieillot, 1818) 12,5% ins P
Thraupidae
Thraupis sayaca (Linnaeus, 1766) 83,3% oni R
Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766) 8,3% gra O
Tangara cayana (Linnaeus, 1766) 4,2% fru, ins O
Tachyphonus coronatus (Vieillot, 1822) 29,2% oni P
Dacnis cayana (Linnaeus, 1766) 4,2% nec, fru O
Ramphocelus carbo (Pallas, 1764) 58,3% fru, ins R
Lanio cucullatus (Statius Muller, 1776) 8,3% fru, ins O
Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) 12,5% nec, ins P
Emberizidae
Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) 12,5% gra O
Zonotrichia capensis (Statius Muller, 1776) 50% gra, ins P
Dendrocolaptidae
Lepidocolaptes angustirostris (Vieillot, 1818) 8,3% ins O
Thamnophilidae
Taraba major (Vieillot, 1816) 4,2% ins O
Ictiridae
Chrysomus ruficapillus (Vieillot, 1819) 4,2% ins, fru O
Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789) 4,2% ins, gra O
Cacicus haemorrhous (Linnaeus, 1766) 8,3% oni O
Segundo Stotz (1996), as espécies de aves registradas no sistema agroflorestal são
consideradas de baixa sensibilidade à perturbação ambiental. Com exceção das
espécies Patagioenas cayennensis, Pionus maximilliani, Amazona aestiva,
Thalurania glaucopis, Synallaxis spixi, Cyanocorax cristatellus, Ictinia plúmbea,
Patagioenas picazuro e Lepidocolaptes angustirostris e Tangara cayana,
consideradas espécies de média sensibilidade. Espécies com alta ou média
sensibilidade são ótimos indicadores de qualidade ambiental.
Conclusão
O sistema agroflorestal favorece a comunidade de aves. Isso pode estar relacionado
com a diversidade na oferta de alimento e também à estratificação do habitat. Este
espaço, portanto, é um importante recurso para pesquisa e utilização didática,
devido ao acesso dentro da universidade e a capacidade de suporte da avifauna,
que exerce um fundamental papel na manutenção e conservação das funções das
florestas tropicais.
Percebe-se a importância de se consolidar as informações e os estudos tanto na
ecologia das espécies da fauna silvestre, bem com na interação destas com a
vegetação arbórea, para permitir propostas de modelos de revegetação e produção
agrícola mais eficientes e compatíveis com as características naturais.
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manipulation. Studies in Avian Biology, Los Angeles, 1981. 543-547.
ZAR, J.H.. New Jersey: Pretince Hall, 1996. 718p.
Apêndices
Registros fotográficos da avifauna no sistema agroflorestal - Fazenda Experimental
Lageado – Botucatu/SP, entre os meses de julho de 2014 e julho de 2015.
Foto 1 - Vista geral (externa) do sistema agroflorestal (registro: Jonas da Costa Vieira, 14 de abril de
2015).
Foto 2 - Vista geral (interna) do sistema agroflorestal (registro: Beatriz Tenore Blanco, 14 de abril de
2015).
Foto 3 - Indivíduos da espécie Ramphastos toco (Ramphastidae) repousando sobre uma Cecropia
sp. (Urticaceae) (registro: Jonas da Costa Vieira, 10 de setembro de 2014).
Foto 4 - Indivíduo da espécie Chiroxiphia caudata (Pipridae) no sub-bosque do sistema
agroflorestal (registro: Jonas da Costa Vieira, 10 de setembro de 2014).
https://pt.wikipedia.org/wiki/Urticaceae
Foto 5 - Indivíduo da espécie Thalurania glaucopis (Trochilidae) no sistema agroflorestal (registro:
Jonas da Costa Vieira, 02 de fevereiro de 2015).
Foto 6 - Indivíduo da espécie Rupornis magnirostris (Accipitridae) no sistema agroflorestal (registro:
Jonas da Costa Vieira, 02 de fevereiro de 2015).
Foto 7 - Indivíduo da espécie Turdus leucomelas (Turdidae) no sistema agroflorestal (registro: Jonas
da Costa Vieira, 17 de outubro de 2014).
http://www.wikiaves.com/turdidae