“JULIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS E CIÊNCIAS EXATAS Trabalho de Formatura Curso de Graduação em Engenharia Ambiental EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL: BRINCADEIRAS COM A TURMA DO “SAPINHO AMIGO” Juliana Caruso Soares Prof.ª Dr.ª Maria Bernadete Sarti da Silva Carvalho Rio Claro (SP) 2016 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA Instituto de Geociências e Ciências Exatas Campus de Rio Claro JULIANA CARUSO SOARES EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL: BRINCADEIRAS COM A TURMA DO “SAPINHO AMIGO” Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Geociências e Ciências Exatas - Campus de Rio Claro, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, para obtenção do grau de bacharel em Engenheira Ambiental. Rio Claro - SP 2016 Soares, Juliana Caruso Educação ambiental na educação infantil: brincadeiras com a turma do "Sapinho amigo" / Juliana Caruso Soares. - Rio Claro, 2016 87 f. : il., fots. Trabalho de conclusão de curso (Engenharia Ambiental) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Geociências e Ciências Exatas Orientador: Maria Bernadete Sarti da Silva Carvalho 1. Educação ambiental. 2. Meio Ambiente. 3. Pré-escola. 4. Brincar. I. Título. 372.357 S676e Ficha Catalográfica elaborada pela STATI - Biblioteca da UNESP Campus de Rio Claro/SP JULIANA CARUSO SOARES EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL: BRINCADEIRAS COM A TURMA DO “SAPINHO AMIGO” Trabalho de Formatura apresentado ao Instituto de Geociências e Ciências Exatas - Campus de Rio Claro, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, para obtenção do grau de Engenheiro Ambiental. Comissão Examinadora Maria Bernadete Sarti da Silva Carvalho (orientadora) Dalva Maria Bianchini Bonotto Josiane Tomasella Bordignon Rio Claro, 13 de janeiro de 2016. Assinatura da aluna Assinatura da orientadora AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradeço à vida, por me proporcionar tantos momentos bonitos e por permitir que eu conhecesse muita gente boa. Agradeço imensamente a meus pais, minha mãe Miriam (mama) e meu pai Marco, pelo amor, carinho, atenção, cuidado, incentivo e apoio em todos os momentos. Agradeço também às minhas irmãs, Paula e Bia, pelo fato de existirem em minha vida, à minha tia Nê, pelo apoio, incentivo e pelos inúmeros florais feitos para meus medos, às minhas lindas avós, Ana e Vitória, por todo o carinho. Agradeço do fundo do meu coração à família de amigos que criei em Rio Claro. Muito obrigada aos meus amigos da EA10, especialmente às “menininhas”: Feru (minha eterna irmãzinha), Livete, Tati, Aline, Rach e Fê, pelas várias conversas, dilemas e alegrias compartilhadas. Muito obrigada pela força que vocês me deram durante estes 6 anos! Amo muito todas vocês! Gratidão à família Oro Ari, por me mostrar o quão rica é a cultura brasileira e à família Semente Viva, por fazer com que eu percebesse como é bonito trabalhar com crianças. Vocês me fizeram crescer como pessoa. Agradeço ao Moço Bonito (Zeca), por ter aparecido na minha vida. Muito obrigada por compartilhar minhas angústias e alegrias, por me incentivar a seguir meus sonhos (e compartilhá-los comigo) e por me mostrar o quão bonita e simples a vida pode ser. Sem palavras para dizer o quanto você foi importante para a realização deste trabalho, mas pode ter certeza que sua companhia e amor foram essenciais! Agradeço muito a Prof.ª Maria Bernadete Sarti da Silva Carvalho por ter aceitado realizar esta pesquisa comigo e por ter me auxiliado na concepção deste trabalho de forma sempre muito gentil. Agradeço também a todos os funcionários da E. M. Benjamim Ferreira, especialmente à Prof.ª Juliana Possato, por ter me recebido tão bem em suas aulas e por ter confiado em nosso trabalho. Por fim, agradeço e muito a todas as crianças da turma do “Sapinho Amigo”, pela alegria, disposição e pelo carinho. Sem vocês este trabalho não seria possível! RESUMO Com o objetivo de construir novas formas de a sociedade se relacionar com o meio ambiente, ou seja, para solucionar o quadro de crise ambiental que veio se instalando com o passar dos tempos, a educação ambiental tem sido colocada, por diferentes segmentos sociais, políticos, científicos e da organização civil, como umas das ferramentas possíveis para o enfrentamento dos chamados problemas ambientais. Porém, para que seja mais efetiva, a prática de educação ambiental deve estar presente durante todo o ensino formal e, portanto, ter início na Educação Infantil. Dessa forma, o presente trabalho pretende analisar a importância da prática da educação ambiental nesta etapa de ensino, discutindo o papel da ludicidade, das brincadeiras como ferramentas de aprendizagem e desenvolvimento na educação das crianças pré- escolares, podendo ser apropriadas pelos professores em suas práticas, com o objetivo da educação ambiental. A pesquisa teve como referencial teórico a Educação Ambiental Crítica e como caminho metodológico a pesquisa qualitativa, sendo que a coleta de dados deu-se por meio da observação participante, entrevista e análise documental. Ao todo, foram realizadas oito atividades com a turma de Maternal II – turma do “Sapinho Amigo” - da Escola Municipal Benjamim Ferreira, em Rio Claro, sendo que em todas as atividades a temática ambiental e o lúdico estiveram presentes. Ao finalizarmos a pesquisa concluímos que as atividades e brincadeiras propostas, em diferentes momentos e graus de intensidade, desencadearam interesse e participação, promoveram a curiosidade das crianças participantes da pesquisa, indicando que, de fato, o brincar potencializa o trabalho de educação ambiental com crianças da Educação Infantil. Palavras chave: Educação. Educação Ambiental. Educação Infantil. Brincar. ABSTRACT In order to build new forms of society relate to the environment, and so to solve the environmental situation of crisis that came settling with the passage of time, environmental education has been placed by different social groups, political, scientific and civil organization, as one of the possible tools to face the so-called environmental problems. However, to make it more effective, the practice of environmental education must be present throughout the formal education and therefore must begin in kindergarten. In this way, this study aims to analyze the importance of the practice of environmental education in this educational stage, discussing the role of playfulness, of games as learning tools and development in the education of preschool children and can be appropriated by teachers in their practices with the goal of environmental education. The research was theoretical Environmental Education Critical and methodological way as qualitative research, with data collection through participant observation, interviews and document analysis. In all, eight activities were carried out with the gang of Maternal II - class of "Thrush Friend" - the Municipal School Benjamin Ferreira in Rio Claro, and in all activities to environmental issues and the playful attended. To finish the research we concluded that the activities and the play proposed, at different times and levels of intensity, have sparked interest and participation, promoted the curiosity of children participating in the survey, indicating that, in fact, the play enhances the environmental education work with children from kindergarten. Keywords: Education. Environmental Education. Kindergarten. Play. SUMÁRIO INTRODUÇÃO......................................................................................................... 7 1- EDUCAÇÃO AMBIENTAL............................................................................... 9 2- EDUCAÇÃO INFANTIL..................................................................................... 12 2.1- O trabalho de Educação Ambiental na Educação Infantil........................................................................................................................ 14 3- O BRINCAR COMO FERRAMENTA PARA A APRENDIZAGEM.............................................................................................. 17 4- A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL: pesquisando as possibilidades do brincar............................................................................................ 19 4.1- Metodologia da pesquisa.................................................................................... 19 4.2- Procedimentos para coleta de dados................................................................... 20 5- OS RESULTADOS EM ANÁLISE...................................................................... 22 5.1- A Escola Municipal Benjamim Ferreira e seu Projeto Político Pedagógico.................................................................................................................. 22 5.2- A turma do “Sapinho Amigo”: observações....................................................... 25 5.3- As atividades realizadas...................................................................................... 29 5.4- Entrevista com a professora regente.................................................................... 5.5- Buscando uma síntese.......................................................................................... 73 76 6- CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 78 REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 81 APÊNDICE 1 – ROTEIRO DA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA REALIZADA COM A PROFESSORA REGENTE.................................................. APÊNDICE 2 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO........ 85 86 7 INTRODUÇÃO No decorrer dos anos, o número de pessoas que escolhem viver em cidades só aumenta e, assim, várias são as gerações que nascem distantes do convívio com a natureza (DIAS, 2002). Diante do crescimento urbano e do desenvolvimento econômico, a percepção do homem com relação à natureza foi alterada. Antigamente essa percepção estava ligada à questão da sobrevivência, enquanto que atualmente a natureza passou a ocupar uma posição de subserviência em relação à humanidade (SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE, 1997). Dessa forma, diversos problemas de ordem ambiental e social se instalaram na sociedade contemporânea, como as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade, os danos à camada de ozônio, as taxas elevadas de mortalidade por doenças transmitidas pela água, além das guerras motivadas pela exploração de recursos naturais e dos numerosos contingentes humanos que sobrevivem do lixo (LIMA, 2011). Aliado a esse quadro de crise ambiental e social, está o fato de que a população, no geral, possui uma visão de meio ambiente como algo distante, autônomo, intocado e independente da interação com o mundo cultural humano (CARVALHO, 2012). Nessa visão, a presença do ser humano na natureza é vista como problemática e devastadora. Entretanto, segundo Carvalho (2012, p. 36) é necessário observar a questão sob o ângulo socioambiental, no qual “a natureza e os humanos, bem como a sociedade e o ambiente, estabelecem uma relação de mútua interação e copertença, formando um único mundo”. Assim, a autora ainda comenta que para se conhecer melhor sobre a problemática ambiental é preciso ter uma visão mais complexa de meio ambiente, “em que a natureza integra uma rede de relações não apenas naturais, mas também sociais e culturais”. Diante dessa perspectiva, a educação ambiental surge como um dentre os vários instrumentos existentes com o objetivo de construir novas formas de a sociedade se relacionar com o meio ambiente. Os próximos capítulos deste trabalho serão destinados, respectivamente, a uma breve reflexão sobre a bibliografia relacionada à Educação Ambiental, à Educação Infantil e ao Brincar; aos relatos da coleta de dados e posterior análise dos resultados obtidos. O Capítulo 1 refere-se a um breve histórico da Educação Ambiental e à caracterização da Educação Ambiental Crítica. No Capítulo 2 são descritos os objetivos da Educação Infantil 8 e é abordada a importância do trabalho da Educação Ambiental na Educação Infantil. O Capítulo 3 trata do brincar como ferramenta para a aprendizagem. No Capítulo 4, são descritos os objetivos da pesquisa e a forma como foi feita a coleta de dados. Já o capítulo 5 traz as descrições das atividades realizadas com as crianças e as impressões obtidas nesta etapa, buscando, pelo esforço interpretativo da pesquisadora, estabelecer a relação entre os acontecimentos promovidos pelas atividades realizadas, os documentos e o resultado de entrevista, na busca por dar as respostas para as questões de pesquisa. No capítulo 6 tecemos as Considerações Finais, buscando relacionar o conhecimento produzido com a realidade e com as demandas postas para a educação ambiental. 9 1. EDUCAÇÃO AMBIENTAL Historicamente, segundo Layrargues (2003), o termo “educação ambiental” surge pela primeira vez em 1965, na Conferência em Educação, realizada na Universidade de Keele, na Grã-Bretanha, para propagar a necessidade de inserir na educação dos cidadãos conceitos básicos de ecologia e de conservação dos recursos naturais. Em 1972, a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, recomenda o desenvolvimento da EA como elemento estratégico no combate à crise ambiental, o que representa o primeiro marco internacional de constituição de um novo campo social, associando a educação à problemática ambiental (LIMA, 2011). Já em 1977 ocorreu um dos eventos mais expressivos no campo da EA: a I Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental, realizada em Tbilisi, organizada pela UNESCO em cooperação com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) (TELLES et al, 2002). Isso porque nesse evento foram estabelecidos os valores, os objetivos e as estratégias que deveriam orientar esse novo campo de atividade. Em 1992, ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio/92. Nesse encontro foi elaborada a Agenda 21, a qual trata da educação no capítulo 36 (“Promoção do ensino, da conscientização e do treinamento”); além de outros documentos como o Tratado das ONGs, que focaliza a EA no Tratado de Educação Ambiental para as Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global e a Carta da Terra, os quais são referências importantes para muitos educadores até hoje (LIMA, 2011). Assim, com o decorrer dos anos, o conceito de educação ambiental foi sofrendo alterações, visto que, no começo, estava relacionado somente ao meio ambiente natural, enquanto que atualmente leva em conta também as esferas sociais, econômicas, culturais e históricas (TOLEDO, 2005). Segundo a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), em seu artigo 1º da Lei 9.795 de abril de 1999, “entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”. E em seu artigo 4º, define que um dos princípios da educação ambiental é “a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade”. 10 A educação ambiental é um processo educativo que objetiva formar cidadãos éticos nas suas relações com a sociedade e com a natureza. Por meio da aquisição de conhecimentos e responsabilidade para com o meio ambiente e as gerações futuras, cada indivíduo é levado a uma reflexão sobre seus comportamentos e valores. Portanto, a educação ambiental possibilita que cada indivíduo seja parte atuante na sociedade, aprendendo a agir individual e coletivamente na busca de soluções (REIGADA; REIS, 2004). De acordo com Sauvé (2005), a educação ambiental tem como objetivo promover dinâmicas sociais tanto locais, como em comunidades, quanto em redes mais amplas, promovendo a abordagem colaborativa e crítica das realidades socioambientais e uma compreensão autônoma e criativa dos problemas existentes e de suas possíveis soluções. A autora comenta ainda que, mais do que uma educação “a respeito do, para o, no, pelo ou em prol do meio ambiente”, o objeto da educação ambiental é a relação dos homens com o meio ambiente. Existem diversas formas de se denominar a educação ambiental de acordo com seu posicionamento político-pedagógico, tais como: educação ambiental popular, crítica, política, comunitária, formal, não formal, para o desenvolvimento sustentável, ao ar livre, dentre outras. Para Carvalho (2004), a educação crítica origina-se nos ideais democráticos e emancipatórios do pensamento crítico aplicado à educação, sendo que estes ideais defendem a educação como formação de sujeitos sociais emancipados, ou seja, autores de sua própria história. Inspirada nestas ideias, a educação ambiental vem somar mais uma característica, a de entender as relações entre sociedade e natureza e interferir sobre os problemas ambientais. Assim, a autora acredita que o projeto político pedagógico de uma Educação Ambiental Crítica seria “o de contribuir para uma mudança de valores e atitudes, contribuindo para a formação de um sujeito ecológico”. Ou seja, a Educação Ambiental Crítica tem o intuito de formar indivíduos e grupos sociais que sejam “capazes de identificar, problematizar e agir em relação às questões socioambientais, tendo como horizonte uma ética preocupada com a justiça ambiental.”. Loureiro (2007) diz ainda que por ser uma prática social, a Educação Ambiental Crítica precisa vincular os processos ecológicos aos sociais na leitura de mundo, na forma de intervir na realidade e de existir na natureza. A adoção de uma perspectiva crítica de Educação Ambiental envolve, segundo Carvalho (2000), o trabalho com três dimensões: a dos conhecimentos, a dimensão dos 11 valores e a da participação política. Sobre a dimensão dos valores e sobre como realizar esse trabalho, ou seja, sobre o modo como se educa em valores, Bonotto (2008) aponta que existem várias propostas, inclusive as relacionadas aos procedimentos didáticos para este fim específico. Em seu texto aponta que “a educação em valores geralmente é considerada ou como processo de socialização, clarificação de valores, desenvolvimento do juízo moral ou como formação de hábitos virtuosos”. Diante das inúmeras tendências teóricas para subsidiar o trabalho com a dimensão valorativa da Educação Ambiental, a autora defende que “como somos seres biológicos, afetivos, sociais e cognitivos, ao mesmo tempo, nenhum desses aspectos deve ser desconsiderado em um modelo teórico que busque dar conta da complexidade humana.” (BONOTTO, 2008, p. 318). Para tanto, em seus estudos, tem indicado como possibilidade a incorporação de diferentes estratégias para o trabalho com valores, buscando proporcionar não apenas oportunidades de conhecer e refletir sobre valores, mas, também, a possibilidade de apreciá-los esteticamente, assim como, quando possível, trazê-los para a vida real, através de ações neles embasadas.” (BONOTTO 2005, p.6). Vemos, portanto, como necessário o trabalho com a dimensão dos valores para que a Educação Ambiental Crítica venha a cumprir com seu objetivo de formar pessoas que compreenderão a temática ambiental em toda a sua complexidade, podendo, ao longo da escolarização, e desde as primeiras experiências escolares já na Educação Infantil, admirar, conhecer, desenvolver o espírito investigativo e crítico sobre o que acontece na natureza e no ambiente a sua volta, podendo assim agir no mundo de forma mais consciente e equilibrada. Obviamente, a educação ambiental não solucionará por si só os diversos problemas ambientais existentes atualmente. No entanto, ela pode influenciar decisivamente para isso, ao formar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres. A partir da consciência e do conhecimento sobre a problemática global, e com atuação em comunidade, ocorrerá uma mudança no sistema, que mesmo não apresentando resultados imediatos, possibilitará efeitos concretos (REIGOTA, 2004). 12 2. A EDUCAÇÃO INFANTIL Por muito tempo, não existiu nenhuma instituição que tivesse o objetivo de compartilhar a responsabilidade pela educação das crianças com seus pais ou com a comunidade na qual estavam inseridas. Isto porque, durante muitos anos, a educação das crianças era vista somente como responsabilidade familiar, especialmente da mãe e de outras mulheres. Logo após o desmame, a criança já era vista como um pequeno adulto e, quando se tornava independente dos outros para ter atendidas suas necessidades físicas, já era escalada para colaborar com os mais velhos nos afazeres do dia a dia (OLIVEIRA, 2010). Durante estes momentos, é que as tradições e os conhecimentos necessários para o desenvolvimento das crianças eram passados pelos adultos ou pelo grupo social do qual faziam parte. A expansão da educação infantil no Brasil e no mundo deu-se como consequência do processo de urbanização, da inserção da mulher no mercado de trabalho e das mudanças na organização e estrutura das famílias, segundo o Referencial Curricular para a Educação Infantil (BRASIL, 1998). Além destas transformações sofridas pela sociedade, o surgimento da educação infantil deve-se também às modificações ocorridas com relação ao modo de se pensar o que é ser criança e a importância que foi dada ao momento específico da infância (CRAIDY; KAERCHER, 2001). Desta forma, a educação infantil como se conhece hoje, de forma complementar a educação dada pela família, é um fato recente. A educação infantil, como é conhecida hoje, envolve simultaneamente dois processos complementares: educar e cuidar. Cuidar não diz respeito somente ao atendimento das necessidades físicas das crianças, como higiene, sono e alimentação. De acordo com Oliveira (2010, p. 47), o cuidar inclui a “criação de um ambiente que garanta segurança física e psicológica às crianças, que lhes assegure a oportunidade de exploração e construção dos sentidos pessoais, que se preocupe com a forma pela qual elas estão se percebendo como sujeitos”. Educar é o processo responsável por fazer com que a criança passe a participar de uma “experiência cultural que é própria de seu grupo social”. Esta participação, no entanto, não ocorre isoladamente, mas sim, está ligada a um “ambiente de cuidados, de uma experiência de vida afetiva e de um contexto material que lhes dá suporte”. (CRAIDY; KAERCHER, 2001, p. 16). Ainda, segundo Kishimoto (2010, p.2), para educar uma criança da educação infantil “é necessário integrar não apenas a educação ao cuidado, mas também a educação, o cuidado e a brincadeira”. 13 De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998), educar significa: Propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Neste processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis (BRASIL, 1998, p. 23). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em seu artigo 29º da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, define a educação infantil como sendo a primeira etapa da educação básica. Este artigo ainda define que a finalidade desta etapa da educação é o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Em seu artigo 30º da lei, complementa que “a educação infantil será oferecida em: creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; pré-escolas, para crianças de quatro a seis anos de idade”. (BRASIL, 1996, p. 12). De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, fixada pela Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009, as propostas pedagógicas de educação infantil devem respeitar os seguintes princípios: Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e singularidades; Políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática; Estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais (BRASIL, 2010, p. 16). Ainda segundo o artigo 9º das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, “as práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira” (BRASIL, 2010, p. 25). Além disso, devem garantir experiências que ampliem a confiança das crianças em atividades individuais e coletivas; possibilitem situações de aprendizagem mediadas para a elaboração da autonomia das crianças; incentivem a curiosidade, o questionamento em relação ao mundo físico e social, ao tempo e à natureza; promovam a interação, o cuidado e o conhecimento da 14 biodiversidade e da sustentabilidade da vida na Terra, assim como o não desperdício dos recursos naturais. Nesta mesma linha, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998) descreve quais são os objetivos gerais da educação infantil, alguns deles são: - Estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças, fortalecendo sua autoestima e ampliando gradativamente suas possibilidades de comunicação e interação social; - Estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos poucos a articular seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração; - Observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se cada vez mais como integrante, dependente e agente transformador do meio ambiente e valorizando atitudes que contribuam para sua conservação; - Brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades (BRASIL, 1998, p. 63). Diante disso, pode-se notar que tanto as Diretrizes Nacionais quanto os Referenciais Curriculares para a educação infantil, abordam questões relacionadas ao meio ambiente e ao lúdico para esta etapa da educação formal, reafirmando a importância destes tópicos para a educação infantil. 2.1 O trabalho de Educação Ambiental na Educação Infantil Segundo o artigo 225º da Constituição Federal, de 1988, “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Para que esse direito seja efetivado, o inciso VI do § 1º determina que o Poder Público deva promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino. Assim, de acordo com o artigo 2º da PNEA, Lei 9.795 de abril de 1999, “A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal”. Além disso, é importante que a prática da educação ambiental seja um processo contínuo e permanente durante todas as fases do ensino formal, e que tenha início desde a educação infantil, para que desse modo seja possível proporcionar para as crianças uma sensibilização em relação ao meio ambiente como um todo e aos problemas a ele relacionados (TELLES et al, 2002). 15 A Resolução nº 2, de 15 de junho de 2012, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental, em seu artigo 8º aborda que: A Educação Ambiental, respeitando a autonomia da dinâmica acadêmica, deve ser desenvolvida como uma prática educativa integrada e interdisciplinar, contínua e permanente em todas as fases, etapas, níveis e modalidades, não devendo, como regra, ser implantada como disciplina ou componente curricular específico. Jacobi (2004), ao falar sobre a importância da temática ambiental nas escolas, relata que a educação ambiental, como tantas outras áreas do conhecimento, pode assumir “uma parte ativa de um processo intelectual, constantemente a serviço da comunicação, do entendimento e da solução dos problemas”. Diante disso, segundo o autor, a escola pode se transformar “no espaço onde o aluno poderá analisar a natureza dentro de um contexto entrelaçado de práticas sociais, parte componente de uma realidade mais complexa e multifacetada”. Para Ribeiro (2005), parte da tarefa de construir uma sociedade com relações mais harmoniosas entre homens e o ambiente cabe, de forma geral, à educação, principalmente à educação ambiental, por apresentar uma visão mais abrangente dos elementos que compõem os ambientes e das relações entre esses ambientes. Além disso, a autora ainda comenta que a grande motivadora de mudanças de valores e de atitudes é a afetividade, a qual deve estar presente no processo de aprendizagem. Na educação infantil, é necessário focar a sensibilização com percepção, interação, cuidado e respeito das crianças para com a natureza e cultura, levando em conta a diversidade desta relação (TIRIBA, 2007). Ainda para a autora, desfrutar da vida ao ar livre deve ser um direito das crianças num ambiente escolar, sendo que, somente deste modo, será possível formar pessoas que respeitem a natureza. Assim, desde a creche e a pré-escola, é importante que se crie uma aproximação física, em que sejam estabelecidas relações cotidianas com o sol, com a água, com a terra, fazendo com que estes elementos estejam sempre presentes, como pano de fundo para a maior parte das atividades. Nesta mesma linha, Capra (2006, p. 15) defende que a horta escolar é uma “sala de aula” especialmente apropriada para as crianças, por “religá-las aos fundamentos básicos da comida – na realidade, com a essência da vida – ao mesmo tempo em que integra e enriquece praticamente todas as atividades escolares”. Para o autor, quando a horta da escola passa a fazer parte do currículo, torna-se possível o aprendizado de diversos temas ligados à educação 16 ambiental, tais como fertilidade do solo, ciclos alimentares, os quais englobam os ciclos de plantio, cultivo, colheita, compostagem e reciclagem, além de ciclos maiores como o ciclo da água, o ciclo das estações, dentre outros. Assim, os autores acreditam que o espaço da horta não faz apenas vínculos intelectuais, mas também emocionais com as crianças, sendo importante para a formação de cidadãos mais responsáveis e preocupados com a sustentabilidade da vida. Deste modo, pode-se concluir que criar vínculos emocionais com as crianças é fundamental para o trabalho de educação ambiental. 17 3. O BRINCAR COMO FERRAMENTA PARA A APRENDIZAGEM Brincar conecta o ser humano com sua essência, com a possibilidade da criação; é uma característica primordial da humanidade; é um encontro do humor, com o impossível e o invisível, com o corpo. (BLAUTH, 2013). Brincar é uma ação livre, que surge a qualquer hora, iniciada e conduzida pela criança; dá prazer, não exige como condição um produto final; relaxa, envolve, ensina regras, linguagens, desenvolve habilidades e introduz a criança no mundo imaginário. (KISHIMOTO, 2010). Existem diversas formas de aprendizagem, entretanto, segundo Lyon (1977 apud RIBEIRO, 2005, p. 101) “o afetivo (sentimento ou aspecto emocional da experiência) e o cognitivo (atividade da mente ao entender algo) devem estar integrados no processo de aprendizagem de um indivíduo”. No entanto, o autor comenta que nos tempos de hoje valoriza-se mais o intelectual, enquanto que o afetivo foi deixado de lado e que, dessa forma, as chances de motivar uma mudança de valores e comportamentos são praticamente nulas. No processo de aprendizagem, é preciso proporcionar às crianças experiências prazerosas, pois assim, a probabilidade de retenção de informações é ampliada, tornando-as parte da memória de médio e longo prazo (ALVES, 1986). Para Cornell, (1996), “as crianças entendem e gravam mais na memória os conceitos quando aprendem por meio de experiência direta e pessoal”, além de serem mais estimuladas a aprender dentro de uma atmosfera de alegria e entusiasmo. Deste modo, quando sentimentos de alegria ou algum tipo de satisfação são associados às informações conceituais, essa experiência é incorporada ao sistema límbico. Diante disso, o brincar pode ser visto como ferramenta importante para o ensino na educação infantil, já que permite que as crianças aprendam e se desenvolvam de maneira divertida e agradável. Para Kishimoto (2010), a opção pelo brincar desde o início da educação infantil é o que garante “a cidadania da criança e ações pedagógicas de maior qualidade”. Segundo o documentário nacional lançado em circuito aberto de cinema em 2014, “TARJA BRANCA, A REVOLUÇÃO QUE FALTAVA”, é por meio do brincar que as crianças começam a se relacionar umas com as outras, que aprendem sobre si mesmas, que acham soluções para os problemas, que investigam e vivenciam o mundo no qual estão inseridas. Sendo assim, o brincar torna-se necessário para o desenvolvimento motor, emocional, social e cognitivo da criança (SANTOS, 2008). 18 Nesta linha, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil também defende que as especificidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas das crianças de zero a seis anos, assim como a qualidade das experiências que possam exercer para o exercício da cidadania, devam estar embasadas no “direito das crianças a brincar, como forma particular de expressão, interação e comunicação infantil” (BRASIL, 1998, p. 13). O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil comenta ainda que, é na brincadeira que as crianças conseguem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação e a autonomia, além de amadurecerem algumas capacidades de socialização, por meio da interação e da experimentação de regras e papéis sociais. A criança se expressa pelo ato lúdico e é por meio deste ato que a infância carrega consigo as brincadeiras. Brincadeiras estas que “perpetuam e renovam a cultura infantil, desenvolvendo formas de convivência social, modificando-se e recebendo novos conteúdos, a fim de se renovar a cada nova geração” (CRAIDY E KAERCHER, 2001, p. 103). Deste modo, é brincando e repetindo a brincadeira que a criança conquista um novo saber, incorporando-o a cada novo brincar. Assim, como as brincadeiras sempre fizeram e farão parte da vida das crianças, usar o lúdico para educar é fundamental, visto que impulsiona nelas um crescimento saudável e transformador (ANDRADE; SOUSA, 2011). Portanto, se o intuito é a prática de educação ambiental, o brincar tem papel fundamental, visto que o corpo tem maior facilidade em guardar as ideias que são úteis e significativas de alguma forma, como aquelas que possuem caráter lúdico e afetivo, as quais estimulam a incorporação da natureza como parte de si próprio (RUIZ; SCHWARTZ, 2002). 19 4- A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL: pesquisando as possibilidades do brincar Ao longo da história, a sociedade humana passou por diversas transformações, seja cultural, social ou econômica e, como consequência, a percepção do homem em relação ao meio ambiente sofreu alterações. Como já apontado, tais mudanças afetam de forma significativa a educação de modo geral, e em particular a Educação Ambiental, que passam por profundas mudanças ao longo do tempo, inclusive pela inclusão da Educação Infantil. Nesta etapa, as brincadeiras são parte fundamental da proposta pedagógica para o ensino das crianças pequenas. Assim, este trabalho toma como problema de pesquisa a educação ambiental que pode ser desenvolvida junto aos alunos da Educação Infantil, preocupando-se com a forma como este trabalho tem sido feito e o papel que as brincadeiras e a ludicidade desempenham para que haja efetividade das propostas de educar as pessoas a partir desta fase da vida para uma melhor relação com o meio ambiente. Diante deste quadro, entendemos ser necessário realizar nossa pesquisa em um ambiente escolar e com as crianças da Educação Infantil, para que assim discutíssemos a importância do brincar no trabalho de Educação Ambiental. Diante do problema, tem-se que a questão principal da pesquisa é a seguinte: - As brincadeiras envolvendo a temática ambiental potencializam o interesse das crianças pela natureza e pelas problemáticas ambientais? Portanto, o presente estudo tem como objetivo central discutir o papel do brincar e suas possibilidades para o trabalho de educação ambiental na educação infantil. A partir disto, foram colocados os seguintes objetivos de intervenção: - Organizar atividades que trabalhem conceitos ambientais de forma lúdica com crianças em idade pré-escolar, incluindo a contação de histórias, brincadeiras de roda, jogos, faz de conta, entre outras; - Realizar atividades para desenvolver o espírito de coletividade e solidariedade, o respeito às diferenças entre as crianças, por meio de brincadeiras e jogos em grupo, com destaque para a afetividade e o sentimento de pertença. 20 4.1-Metodologia da pesquisa O estudo que desenvolvemos teve como caminho metodológico a abordagem qualitativa da pesquisa em educação. Segundo Ludke e André (1986), a pesquisa qualitativa supõe: um contato direto do pesquisador com a situação estudada, isto porque, para entender determinado objeto, é necessário perceber as circunstâncias particulares em que o mesmo encontra-se inserido; uma coleta de dados, em sua maioria, descritivos, tais como, transcrições de entrevistas e de depoimentos, fotografias, desenhos e extratos de documentos; uma ênfase maior no processo do que no produto; uma preocupação em retratar a perspectiva do participante, ou seja, a maneira como os participantes da pesquisa encaram as questões que estão sendo focadas. A pesquisa qualitativa apresenta um número variado de métodos e instrumentos de coleta de dados, sendo que para este trabalho, na modalidade estudo de caso, escolhemos a observação participante, a entrevista e a análise documental. A observação participante é uma técnica bastante utilizada em pesquisas qualitativas e consiste na inserção do pesquisador no grupo observado, interagindo com os sujeitos, buscando compartilhar o seu cotidiano para sentir o que significa estar naquela situação (QUEIROZ, 2007). Deste modo, a observação possibilita um contato pessoal e estreito do pesquisador com o fenômeno estudado, fazendo com que o mesmo se aproxime da perspectiva dos participantes da pesquisa (LUDKE; ANDRÉ 1986). Além da observação, a entrevista apresenta-se como um dos instrumentos básicos para a coleta de dados dentro da pesquisa qualitativa. Lakatos e Marconi (1991) definem entrevista como “um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante conversação de natureza profissional”. Para Ludke e André (1986), a principal vantagem da entrevista é que ela possibilita a coleta imediata e corrente da informação desejada. A análise documental pode ser vista também como uma técnica importante de abordagem de dados qualitativos seja para complementar informações obtidas por outras técnicas como para revelar aspectos novos de determinado tema. São considerados documentos todo tipo de material escrito que possa ser usado como fonte de informação sobre o comportamento humano (LUDKE; ANDRÉ, 1986). 21 4.2- Procedimentos para coleta de dados Por conta do caráter desta pesquisa, a mesma passou por aprovação do Comitê de Ética antes de seu início. Após o aceite, optamos por realizar o projeto na Escola Municipal Benjamin Ferreira, por conta de a escola ser receptiva com pesquisas provenientes da UNESP. Em conversa com a coordenadora pedagógica do local, foi sugerido que a pesquisa passasse por aprovação da Secretaria Municipal de Educação, a qual foi concedida. No dia 16 de setembro de 2015, iniciamos a pesquisa na E. M. Benjamim Ferreira, juntamente com a turma de Maternal II. Primeiramente, realizamos uma conversa com a professora regente sobre como seria a pesquisa e se ela autorizava a observação de suas aulas. Optamos pela observação com o intuito de conhecermos melhor as crianças e sua rotina escolar. A seguir, começamos a acompanhar o Maternal II duas vezes por semana, durante um mês. Para isto, durante o período de observação, ficávamos presentes em todas as atividades realizadas pelos alunos ao longo da manhã, desde as 7h30, quando chegavam à escola até as 11h30, quando saíam. Além disso, propusemos uma entrevista para a professora regente para obtermos maiores informações sobre como ela trabalha o lúdico e questões ambientais em suas aulas. No entanto, a professora não se sentiu confortável com o modelo da entrevista e, portanto, adotamos outro modelo. Entregamos a ela uma folha com as perguntas que pretendíamos realizar durante a entrevista para que nos respondesse de forma escrita. Sabemos que, desta forma, não conseguimos atingir os objetivos esperados por uma entrevista, no entanto, as respostas cedidas pela professora regente puderam ser confirmadas durante o período de observações de suas aulas e por meio de conversas informais realizadas com a mesma. Sendo assim, achamos que o resultado da pesquisa não foi prejudicado por este fato. Concomitante ao período de observação realizamos uma análise documental ao Projeto Político Pedagógico da escola para verificarmos qual a sua Proposta Pedagógica e como a mesma inclui a educação ambiental como parte do currículo, além de averiguarmos se desenvolve projetos e ações educativas com a temática ambiental. 22 5- OS RESULTADOS 5.1- A Escola Municipal Benjamim Ferreira e seu Projeto Político Pedagógico  Organização da escola e sua infraestrutura A Escola Municipal Benjamim Ferreira, localizada na rua 4B, nº 70, Bairro Cidade Nova, Rio Claro (SP), ministra a Educação Infantil, organizada nos seguintes níveis: Maternal II, Infantil I e II e Período Integral. Atende, atualmente, 130 alunos, os quais são divididos em oito salas de Ensino Regular, no período da manhã e da tarde, e do Projeto Recreando, com um total de 20 alunos que passam o dia todo na escola intercalando o ensino regular e atividades lúdicas no período contrário às aulas. A Figura 01, abaixo, mostra a fachada da escola. Figura 01: Fachada da Escola Municipal Benjamim Ferreira. Fonte: Autora. A escola possui uma área de 430 m² de construção, ocupando parte do Centro Social Urbano Niazi Hussini, porém mantém entrada e funcionamento independentes deste. O espaço da escola abrange as salas de aula, os banheiros, o refeitório, a cozinha, a secretaria, a horta, os parquinhos e um salão. Dos espaços pertencentes à escola, o que mais chamou nossa atenção foi o da horta, por ser ampla, bem cuidada e aberta para as crianças, diferentemente de outras escolas que já visitamos onde a horta é um lugar restrito para os alunos. Além disso, ali se encontram plantados diversos legumes e verduras e várias árvores frutíferas, tais como jaca, acerola, 23 pitanga, araticum. A manutenção da horta é feita por um funcionário eventual da escola, o qual mantém o local sempre limpo para que as crianças possam frequentá-lo.  A Proposta Pedagógica Segundo a Proposta Pedagógica, consultada no Projeto Político Pedagógico da escola, a E. M. Benjamim Ferreira “se propõe a trabalhar, tendo como eixo norteador das intervenções pedagógicas a interação e o brincar, baseado nas diferenças individuais e na consideração de particularidades das crianças na faixa etária atendida pela Educação Infantil – Etapa I e II” (PPP, p. 26). A escola busca promover a construção da autonomia moral, social e intelectual dos seus alunos, levando em conta os aspectos afetivo, cognitivo e social. Assim, as diretrizes da proposta pedagógica baseiam-se nos princípios: éticos, políticos e estéticos, definidos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, fixada pela Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009. A proposta pedagógica da E. M. Benjamim Ferreira ainda busca assegurar o direito que a criança tem de se desenvolver, interagir com o que ocorre a sua volta e consigo mesma, aprimorando suas formas de agir, pensar e sentir. Desta forma, apresenta como objetivos o desenvolvimento da autonomia com relação ao saber, ao adulto e com relação às outras crianças.  O Brincar enquanto Eixo Metodológico Na E. M. Benjamim Ferreira, o brincar é tido como essencial no cotidiano dos alunos, presente das seguintes formas: - Livre: momento em que a própria brincadeira se transforma na arte criadora; - Com intervenção: momento em que o adulto faz os questionamentos oportunizando a reflexão, a tomada de consciência, a argumentação e a contra argumentação; - Dirigido: jogos ou brincadeiras que possuam um objetivo, um clímax a ser cumprido.  A organização da sala de aula O espaço escolar é organizado para que a criança tenha a oportunidade de desenvolver sua autonomia em relação ao adulto e as demais crianças. Assim como as salas de aula, que 24 são organizadas para que as crianças exercitem sua autonomia e possam participar ativamente no processo de ensino-aprendizagem, de acordo com suas necessidades, facilitando sua interação com os colegas e o exercício de sua responsabilidade.  A Educação Ambiental Segundo seu Projeto Político Pedagógico, a E. M. Benjamim Ferreira realiza ações com a temática ambiental no seu dia a dia, dando maior ênfase ao destino dado ao óleo de cozinha usado, às sacolas plásticas de supermercados, ao lixo, que é jogado na rua pela população em geral, e ao consumo de água, por serem ações próximas das crianças, na faixa etária atendida pela escola. O Projeto Político Pedagógico propõe, ainda, que estes temas sejam sempre pautados nos princípios de sustentabilidade e de preservação ambiental. Assim, os objetivos da E. M. Benjamim Ferreira com relação à temática ambiental são: - Promover a Educação Ambiental; - Conscientizar pais, alunos e a comunidade escolar sobre a importância da coleta de óleo de cozinha usado; - Reavaliar as ações cotidianas de respeito ao meio ambiente com relação ao lixo descartado nas ruas da cidade; - Estimular o trabalho em grupo, envolvendo as crianças para serem multiplicadoras de informações sobre atitudes ambientalmente corretas, em casa, na escola e na comunidade onde vivem; - Incentivar uma atitude de colaboração com funcionários e pessoas da comunidade, apresentando informações sobre a importância da coleta seletiva; - Compreender que é possível transformar o material coletado do lixo em brinquedos e recursos financeiros. O trabalho com estas temáticas será realizado durante o ano letivo, dependendo do planejamento docente. 25 5.2- A turma do “Sapinho Amigo”: observações No dia 16 de setembro começamos a acompanhar as aulas da professora regente responsável pela turma de Maternal II, chamada de “Sapinho Amigo”. Primeiramente, conversamos com a professora sobre como seria desenvolvida a pesquisa e perguntamos o porquê de a turma ser chamada de “Sapinho Amigo”. A professora nos disse que todas as turmas da escola têm um tema, o qual é escolhido de acordo com o interesse apresentado pelas crianças e que diversas atividades realizadas ao longo do ano, sejam de matemática, de música, de artes, dentre outras, apresentam este tema como base. A professora nos disse ainda que, no início do ano letivo, ela leu para a turma um livro chamado “Sapo Bocarrão”, de Keith Faulkner e Jonatahn Lambert, e que as crianças adoraram a história e se interessaram em saber mais sobre o cotidiano do sapo. Assim, o tema escolhido para o Maternal II foi o SAPO e a turma ficou nomeada de turma do “Sapinho Amigo”. Por conta deste fato, em uma conversa com a professora, a mesma pediu para que, se possível, em alguma das atividades que fossemos desenvolver, estivesse presente o tema sapo. O pedido foi aceito e, assim, elaboramos um teatro de sombras com o tema proposto, o qual foi apresentado no dia 22 de outubro. Acompanhamos, ao todo, oito dias de aula do Maternal II, sendo feitas duas visitas por semana à escola (quartas e quintas-feiras), ao longo de um mês. Desse modo, foi possível observar o dia a dia do Maternal II, desde a hora da chegada à escola até a hora da saída. A professora regente mostrou-se muito receptiva para com a pesquisa que estávamos desenvolvendo, deixando-nos a vontade para tirar qualquer dúvida sobre a rotina escolar ou para saber mais sobre o trabalho realizado por ela. A turma do “Sapinho Amigo” é formada por 19 crianças, sendo que uma delas possui Síndrome de Down e, por isso, é acompanhada por uma monitora1. As crianças têm em torno de quatro anos de idade. • Rotina escolar da turma do “Sapinho Amigo” Todos os dias, ao chegarem à sala de aula, às 7h30, a professora pede às crianças para que lhe deem seus cadernos, os quais funcionam como meio de comunicação entre a escola/professora e os pais, e para que tirem a caneca da mochila, a qual é usada para beberem leite ou água. A seguir, as crianças têm a opção de irem ao refeitório tomar café da manhã, 1 Coordenadoria da educação especial da Secretaria da Educação Municipal 26 com leite e bolacha. Quando todas retornam do refeitório para a sala, elas sentam-se em roda num colchonete vermelho para cantar uma música de “Bom Dia”. No meio da música é dito o nome de todos os alunos presentes, inclusive o da professora e o da monitora, e ao final, todos cumprimentam o colega ao lado com um “bom dia”. Ao término da música, a professora começa a fazer o “Calendário”, que consiste em conversar com as crianças sobre qual é o dia da semana e do mês e sobre como está o tempo (ensolarado, nublado ou chuvoso). Após o calendário, acontece a “Chamada”, que é feita sempre com brincadeiras ou jogos. Os nomes de todas as crianças e da professora estão escritos em crachás, os quais são mostrados para todos. É nesta hora que a criança tem contato com a escrita convencional, percebendo como é escrito seu nome e o dos demais alunos. Em seguida, ocorre uma roda de conversa sobre quais atividades serão desenvolvidas ao longo da manhã. Neste momento, ainda pode ocorrer a “Hora da História”, ocasião em que a professora lê um livro infantil; ou pode ocorrer o momento da música, em que cada criança tem um espaço para cantar sua música preferida, acompanhada por todos os outros alunos. Porém, dependendo do dia, a “Hora da História” ocorre mais para o fim da manhã, por conta de alguma outra atividade que precise ser desenvolvida com as crianças, nos “cantinhos” (cantos de trabalho), ou por conta da aula de educação física, que acontece todas as terças e quartas-feiras. Logo depois, é a “Hora do Lanche” da turma do “Sapinho Amigo”. A merenda é servida no refeitório, no estilo self-service, para que as crianças tenham autonomia para escolherem o que desejam comer e para se servirem sozinhas, acompanhadas sempre por monitoras. Após a merenda, a professora continua com a atividade que estava sendo desenvolvida anteriormente ou leva as crianças até o parquinho da escola, o que ocorre em torno de quatro vezes na semana (durante 30-50 minutos), onde elas podem brincar livremente e descalças na areia. A brincadeira mais comum que presenciamos durante este momento foi a de brincar de “cozinha”, em que as crianças “preparavam” bolos e sorvetes de areia e os “serviam” para experimentarmos. Quando está perto da hora de as crianças irem para casa, que ocorre às 11h30, todos retornam para a sala para pegar o caderno, que estava com a professora, a caneca e a mochila, com exceção dos alunos que são do “PR: Projeto Recriando”, já que estes ficam o período da tarde também na escola. Em seguida, forma-se uma roda no colchonete para conversarem 27 sobre as atividades realizadas durante a manhã. Após a conversa, as crianças se dirigem ao refeitório para esperarem a chegada dos pais. Enquanto esperam, a professora canta alguma música, já desenvolvida em sala, com as crianças.  Cantos de Trabalho: “Cantinhos” Durante o período de observação e nas conversas com a professora regente, percebemos que a escola utiliza uma metodologia para desenvolver a autonomia das crianças e ao mesmo tempo para motivá-las em alguma atividade. Essa metodologia chama-se “Cantos de Trabalho” ou “Cantinhos Pedagógicos” e consiste em uma hora de atividades diversificadas que ocorrem dentro da sala de aula. Ou seja, ao mesmo tempo são propostas para as crianças em torno de cinco atividades diferentes, que respeitam os aspectos do desenvolvimento infantil, em “cantos” variados da sala, tais como: faz de conta, desafio, jogo com regras, leitura/escrita, artes, construção com blocos. A criança não é obrigada a passar por todos os “cantinhos” propostos, sendo que ela é quem escolhe qual atividade deseja realizar. O único “canto” obrigatório é aquele em que a professora está presente, que é organizado com base em algum aspecto listado acima que a professora queira priorizar no dia. Esta forma de trabalho ocorre todos os dias e as crianças estão bastante familiarizadas com a metodologia. Todos os materiais existentes na escola que podem ser usados neste momento estão listados em cartelas, com o nome do material e a figura. Assim, antes de iniciar as atividades, a professora seleciona as cartelas dos materiais que serão necessários e as dá para algumas crianças irem buscar, com a ajuda das monitoras. Após o término das atividades, todas as crianças devem arrumar a sala e devolver os materiais utilizados. Por conta desta prática comum na escola, decidimos, junto com a professora regente, que a mesma seria aplicada em todas as atividades propostas pela pesquisadora.  Educação Física As aulas de Educação Física ocorrem duas vezes por semana, de terças e quartas- feiras, sendo que decidimos acompanhar as aulas de quarta-feira. Antes de iniciarmos o acompanhamento de suas atividades, pedimos autorização para a professora responsável pela aula, a qual não colocou nenhum tipo de restrição. Ao final de todas as aulas, a professora de Educação Física deixava as crianças livres para brincarem na horta da escola; estimulava-as a colherem pitanga e acerola, dos pés ali 28 presentes que estavam carregados de frutas. Assim, durante estas aulas percebemos que atividades lúdicas ligadas ao meio ambiente eram comuns na rotina das crianças. Isso mostra que a temática ambiental pode ser trabalhada em qualquer atividade e a qualquer momento na vida das crianças, não sendo necessário ser desenvolvida somente em aulas específicas para o tema. Além disso, esses momentos foram importantes para estreitarmos os laços com as crianças e para que pudéssemos estimulá-las a observar melhor aquele ambiente, prestando atenção nas plantas ali presentes, nos animais que ali vivem e nos sons daquele espaço. Em uma dessas atividades, tivemos a oportunidade de conhecer o Senhor R que trabalha como eventual na E. M. Benjamim Ferreira, e que é o responsável pelo espaço da horta estar tão bem cuidado. As crianças o apresentaram como o “homem que cuida das plantas” e como o “homem que dá água para as plantinhas crescerem”. Em conversa informal, o Sr. R nos disse que cuida daquele espaço e que faz isso pelas crianças, e que quando quiséssemos poderíamos fazer atividades na horta, podendo contar com a sua ajuda no que fosse preciso. Assim como a aula de Educação Física, as crianças possuem também aulas de Musicalização, às sextas-feiras; porém, por conta de nossa disponibilidade, não foi possível acompanhá-las. Ao final do período de observação, pudemos notar que as crianças são estimuladas diariamente a adquirirem autonomia, como por exemplo, na hora de brincar nos “cantinhos”, na hora de se servirem durante a merenda, na hora de irem ao banheiro sozinhas, na hora de pegarem água sozinhas quando estão com sede, entre outras situações. Além da autonomia, percebemos que o lúdico também está presente em todos os momentos, seja na contação de história, seja na brincadeira no parque, seja na hora de fazer o calendário e a chamada, ou cantando músicas ou nos “cantinhos”. Este período de observações, além de nos colocar em contato com as crianças e nos familiarizarmos com as rotinas da sala de aula, também contribuiu para um melhor planejamento das atividades que realizaríamos com os alunos na próxima etapa da pesquisa. Isto porque a observação funcionou como coleta de dados sobre os interesses das crianças, a postura da professora regente e a organização da sala de aula e da escola. 29 5.3- As atividades realizadas Em conjunto com a professora regente e a coordenadora pedagógica elaboramos oito atividades para a turma do “Sapinho Amigo”, as quais foram realizadas ao longo de um mês. Em todas as atividades, utilizamos as brincadeiras como recurso pedagógico para trabalhar a temática ambiental, por meio de contação de história, brincadeiras de roda, jogos ou faz de conta. Dentro da temática ambiental, nossa proposta foi a de incentivar as crianças a terem um olhar atento e curioso para o ambiente no qual elas estão inseridas. Atividade 1  Tema: Animais do Brasil - Atividade realizada em: 21/10/2015. - Local da atividade: sala de aula. - Proposta: Como o tema do Maternal II é o SAPO, decidimos fazer uma atividade introdutória sobre animais, para depois falarmos sobre os sapos. Além disso, durante o período de observação, pudemos perceber que os animais mais presentes na fala das crianças são animais exóticos (girafa, leão, elefante), portanto, resolvemos trabalhar nessa atividade os animais nativos. Assim, elaboramos a atividade da seguinte forma: 1º Etapa: Roda de conversa com as crianças sobre animais - perguntar para as crianças qual animal eles mais gostam, qual eles não gostam, qual eles têm medo, se eles possuem animal de estimação em casa, qual animal eles encontram do caminho de casa até a escola. 2º Etapa: Música “Ciranda dos Bichos”, Palavra Cantada - tocar a música “Ciranda dos Bichos” e fazer uma ciranda com as crianças. Depois conversar sobre os animais cantados na música. 3º Etapa: Jogo da memória dos Animais do Brasil - durante a “Hora dos Cantinhos”, preparar um “cantinho” da sala para brincar de jogo da memória dos Animais do Brasil com grupos de três a cinco crianças por vez. - Materiais: 30 cartões de papel com fotos de 15 animais do Brasil. - Objetivos: 30  Identificar quais animais são mais comuns para as crianças;  Abordar a questão da diversidade de espécies;  Mostrar, de forma lúdica, alguns dos animais nativos do Brasil. - Descrição da atividade e impressões: 1º Etapa: Roda de conversa com as crianças sobre animais Antes da nossa roda de conversa, a professora regente falou para as crianças que aquele dia seria um dia diferente, já que ela não conduziria a aula, e a deixaria por nossa conta. Iniciamos a roda de conversa falando para as crianças que estávamos lá para brincar com elas e, em seguida, descrevemos como seria nossa brincadeira daquela manhã, ou seja, iríamos conversar um pouco sobre os animais, depois cantaríamos e dançaríamos uma música e, ao final, jogaríamos um jogo. Em seguida, começamos a conversar sobre o tema proposto. As crianças estavam muito agitadas, falavam todas ao mesmo tempo e, a todo o momento, era necessário pedir para elas falarem uma de cada vez. Acreditamos que essa agitação se deve ao fato de que algo novo estava acontecendo na rotina das crianças, havia outra “professora” na sala de aula. Entretanto, mesmo assim, conseguimos descobrir que, em sua maioria, os animais preferidos deles são os cachorros e gatos ou alguns outros animais que já viram no zoológico, como girafa e elefante. Quando perguntamos “de quais animais vocês têm medo?”, a Em respondeu que tinha medo de “gato estranho”. A partir do momento que ela disse isso, todas as outras crianças começaram a fazer o mesmo, dizendo que tem medo de “gato estranho”, “cachorro estranho”, “pássaro estranho” e, quando perguntamos “o que é um gato ou cachorro estranho?”, elas não sabiam responder. Tentamos entender o que isso significava, mas talvez por falta de experiência em conduzir uma roda de conversa com crianças dessa idade, isso não foi possível. No entanto, algumas crianças disseram que tem medo de barata, cobra e abelha. Logo após, perguntamos a eles se já tinham visto o tuiuiú, o jacaré, o peixe-boi, o caranguejo ou a cascavel, pois estes são os animais presentes na música “Ciranda dos Bichos”, do grupo Palavra Cantada. Assim, que dissemos o nome dos animais, o T começou a cantar a música, seguido dos demais alunos. Perguntamos de onde eles conheciam a música e disseram que foi na escola durante uma aula. 31 2ª Etapa: Música “Ciranda dos Bichos”, Palavra Cantada Como as crianças já conheciam a música, “Ciranda dos Bichos”, pedimos para elas levantarem e formarem uma roda para podermos dançar e cantar. A seguir, a letra da música: Ciranda dos Bichos – grupo Palavra Cantada (composição: Sandra Peres e Zé Tatit) A dança do jacaré quero ver quem sabe dançar (2x) Rebola pra lá, rebola pra cá E abre o bocão assim. Remexe o rabo e nada no lago Depois dá a mão pra mim. A dança da cascavel quero ver quem sabe dançar (2x) Rebola pra lá, rebola ondulado E estica o pescoço assim. E sobe no galho, balança o chocalho Depois dá a mão pra mim. A dança do caranguejo quero ver quem sabe dançar (2x) Rebola pra lá, rebola pra cá Belisca o meu pé assim. E mexe o olho e ande de lado Depois dá a mão pra mim. A dança do peixe boi quero ver quem sabe dançar. (2x) Rebola pra lá, rebola pra cá E abre a boquinha assim. Me dá um beijinho e nada um pouquinho Depois dá a mão pra mim. A dança do tuiuiú quero ver quem sabe dançar. (2x) Rebola pra lá, rebola pra cá E voa no ar assim. E sobe um pouquinho e desce um pouquinho Depois dá a mão pra mim. A dança da criançada quero ver quem sabe dançar. (2x) Rebola pra lá, rebola pra cá Faz uma careta assim. E dá uma voltinha, sacode a cabeça Depois dá a mão para mim. Colocamos a música para tocar e quando começamos a dançar e cantar, em roda, o K disse-nos que estávamos fazendo errado. Perguntamos como era o certo, mas ele não soube dizer. Em seguida, várias crianças mostraram o interesse de brincar de “Estátua” durante a música, pois já haviam feito isso em outra atividade. Deste modo, decidimos brincar de “Estátua” com as crianças, no entanto, sugerimos outra música, de domínio público: 32 “Tatararataxi Tatararataxi Taxitolé O sapo comeu minha sopa e só deixou foi a colher Tatararataxi Tatararataxi Taxitolé A bruxa comeu minha carne e só deixou esqueleto em pé” No momento em que a música acaba, todas as crianças devem virar “estátua”. Depois de cantarmos a música duas vezes, para que as crianças pudessem conhecer a letra, pedimos para que na hora em que virassem “estátua” todas imitassem algum animal. Os alunos sentiram dificuldade em pensar em um animal e imitá-lo logo em seguida, no tempo da música, por isso, começamos a falar, antes de a música começar, qual animal deveríamos imitar e imitávamos o mesmo, junto com eles. A turma adorou brincar de “Estátua” com essa música, todos participaram ativamente da brincadeira, cantando e imitando os animais. 3ª Etapa: Hora da História Como a atividade deste dia era sobre animais, a professora regente levou-nos um livro para lermos para as crianças, chamado “Os Animais do Mundinho”, de Ingrid Biesemeyer Bellinghausen. A história retrata a diferença entre os animais e conta que há animais que voam, outros rastejam, uns têm patas; outros nascem de ovos, já outros nascem da barriga da mãe; uns possuem penas, enquanto que outros pelos ou escamas; alguns moram em cidades, uns em plantações e ainda outros que moram em florestas. Mesmo não fazendo parte de nosso planejamento contar uma história para as crianças, achamos que o livro se enquadrava bem no tema da atividade. Além disso, a “Hora da História” faz parte da rotina diária da turma do “Sapinho Amigo”, sendo um momento adorado pela turma. Portanto, decidimos ler o livro para as crianças após a brincadeira da “Estátua”. Antes de iniciarmos a história, a professora regente cantou uma música que ela sempre canta quando vai ler um livro. Ao ouvirem a música, as crianças já sabem o que está para acontecer e sentam-se todas na beirada do colchonete, de frente para a professora, para prestarem atenção no que será contado. Após a música, começamos a contar a história para a turma, que ficou bem atenta para ouvir e para tentar identificar os animais retratados no livro, já que os mesmos são ilustrados na forma de TANGRAN. 33 Depois da história, conversamos com as crianças sobre o que eles acharam e entenderam do livro e, em seguida, explicamos como seria desenvolvida a próxima etapa da atividade. 4ª Etapa: Jogo da Memória dos Animais do Brasil Como o jogo da memória exige concentração de quem está jogando, é mais produtivo se for realizado com menos pessoas e por isso, junto com a professora regente, decidimos trabalhar esta parte da atividade em “cantinhos”. Assim, a professora organizou, na sala de aula, cinco “cantos de trabalho”, sendo que quatro eram referentes a animais. Os cantos montados foram: 1- Dedoche de animais (fantoches de dedo de animais), 2- Bichodário (fantoches de animais e cada um possui uma letra do alfabeto), 3- Bonecos de animais selvagens, 4- Jogo da Memória dos Animais do Brasil, 5- Blocos de construção. Ficamos responsáveis pelo “cantinho” do Jogo da Memória dos Animais do Brasil, e todas as crianças presentes passaram por ele, de três a cinco por vez. O jogo foi confeccionado por nós e consiste em 30 cartões com fotos de animais, sendo assim, o jogo possui 15 animais diferentes (lobo-guará, teiú, tuiuiú, sabiá, peixe-boi, mico-leão-dourado, macaco-prego, tamanduá bandeira, anta, tambaqui, sapo, onça pintada, preguiça, cascavel e cigarra). Antes de iniciarmos o jogo, mostramos os cartões às crianças, falamos os nomes deles e perguntamos se eles conheciam algum daqueles animais. O LF disse que conhecia o sabiá, pois no sítio do avô dele tem bastante deste pássaro. Outras crianças se interessaram mais pelo peixe-boi e pelo tuiuiú, porque estes estavam presentes na música “Ciranda dos Bichos”. Outras disseram já tinham visto o teiú ali na escola mesmo. O Ot identificou a cigarra, dizendo que na escola havia bastante. Neste momento, foi mais fácil conversarmos sobre os animais do que na roda da conversa, já que estávamos em um número reduzido de pessoas. Na hora do jogo, selecionamos os cartões de acordo com o número de crianças presentes no momento, ou seja, dois cartões para cada (ou um animal para cada). Elas se interessaram pelos cartões e gostaram muito de manuseá-los, por conta disto, no momento do jogo, todas as crianças queriam procurar os pares dos animais ao mesmo tempo, não respeitando a vez de cada um. Algumas crianças mostraram-se “possessivas”, pois queriam todos os cartões para si, sem dividir com os colegas. Quando isso acontecia, parávamos o jogo e conversávamos sobre o ocorrido. 34 Achamos que o jogo da memória foi bem produtivo, já que as crianças puderam, de forma lúdica, conhecer novos animais e puderam associar os animais que elas já conheciam com o local onde eles são encontrados. Além disso, para o jogo acontecer, elas precisaram colaborar umas com as outras, esperando a vez do próximo ou compartilhando os cartões com os colegas. A Figura 02 retrata um dos momentos do jogo. No final da atividade, o Ra disse-nos: “Tia, esse cantinho é o mais legal”. Figura 02: Crianças brincando com o Jogo da Memória dos Animais do Brasil, durante os cantinhos. Fonte: Autora. Atividade 2  Tema: Teatro de Sombras: “Olá, eu sou o sapo” - Atividade realizada em: 22/10/2015 - Local da atividade: sala de aula. - Proposta: Como combinado com a professora regente, realizamos uma atividade com o tema SAPO. Decidimos fazer um Teatro de Sombras para trabalharmos o tema proposto de forma lúdica. Para o teatro, confeccionamos uma caixa de papelão, a qual foi usada como “palco”, e personagens de papel. O personagem principal do teatro é o “SAPO”, o qual conversa com as crianças sobre como nasce, onde vive e quais são seus hábitos. 35 - Materiais: Caixa de papelão, papel manteiga, personagens de papel, lanterna. - Objetivo:  Trabalhar questões como: ciclo de vida dos sapos; a importância dos sapos para o meio ambiente; equilíbrio ecológico; descarte incorreto de resíduos; maltrato aos animais. - Descrição da atividade e impressões: Primeiramente, conversamos com a turma do “Sapinho Amigo” sobre o que faríamos aquela manhã. Mostramos a eles a caixa de papelão, onde seria desenvolvido o teatro de sombras e dissemos que eles receberiam uma visita especial ali na caixa. Entretanto, antes da visita, conversamos sobre sombras e como fazer figuras de sombras na parede com uma lanterna e ficamos brincando, por alguns instantes, de fazer imagens de animais na parede. As crianças gostaram desta parte e ficaram entretidas com as sombras, tentando formar várias figuras diferentes. Após essa brincadeira, pedimos para que as crianças ficassem sentadas no colchonete para que todas conseguissem enxergar a visita especial e demos início ao teatro de sombras, intitulado, “Olá, eu sou o sapo”. A seguir, o roteiro do teatro: - (SAPO) Olá amiguinhos! Como vocês estão? Fiquei sabendo que vocês fazem parte da turma do “Sapinho Amigo”, é verdade? - (CRIANÇAS) Sim! - (SAPO) Ah, sabia! Foi por isso que eu vim visitar vocês hoje. Eu moro ali na floresta, logo atrás da escola. Eu gosto muito de lá, moro desde quando eu era pequenininho. Vocês têm alguma ideia de como eu devia ser quando pequeno? - (CRIANÇAS) Girino! – algumas crianças respondem. - (SAPO) Isso mesmo! Os sapos nascem de ovos e, quando são ainda pequenos, são chamados de girinos. Ó, eu tenho umas fotos aqui que minha mãe tirou de mim quando eu era pequeno. - (SAPO) Nesta aqui, olha só, eu e meus irmãos ainda estamos dentro dos ovinhos. – sapo mostra uma imagem dos ovos. E vocês acreditam que eu nasci dentro da água? É. Minha mãe e meu pai colocaram esses ovinhos aí dentro da água. - (SAPO) Ó, esta outra foto aqui é de quando eu nasci. Vejam só como eu era diferente, eu tinha uma cauda e até conseguia respirar debaixo d’água. Eu era um girino! – sapo mostra a figura de um girino. Nesta outra foto aqui eu estou um pouco maior, vejam minhas perninhas começando a crescer! 36 - (SAPO) Agora eu já tô grande, já tenho minhas pernas e não vivo mais dentro da água. - (SAPO) Hum, de tanto falar tá me dando uma fome... Por um acaso vocês têm aí alguma coisa que eu possa comer? - (CRIANÇAS) Não! - (SAPO) Ah, é? E vocês sabem o que eu gosto de comer? - (CRIANÇAS) Besouro! Mosca! - (SAPO) Isso mesmo! Eu gosto de besouros, moscas, mosquitos, minhocas, lesmas. – de repente, um mosquito aparece na cena e o sapo, rapidamente, o agarra com sua língua. - (SAPO) Hum, tava gostoso! E vocês, do que gostam de comer? - (CRIANÇAS) Macarrão! Arroz! Carne! Banana! - (SAPO) E, crianças, me digam uma coisa, vocês acham que os sapos preferem sair para caçar de dia ou de noite? - (CRIANÇAS) Dia! Noite! - (SAPO) Ah, eu prefiro sair para comer de noite. De dia eu me escondo entre pedras, raízes, terra para me proteger da luz do sol, pois minha pele é bem sensível. - (SAPO) Pessoal, sabe, eu ando meio chateado, eu sou um animal tão legal e, mesmo assim, tem muita gente por aí que tem nojo e medo de mim! Tem também muita gente malvada por aí, que joga sal na minha pele, só pra me ver sofrer. E ainda tem muita gente que, por não ter nenhum respeito por mim e nem pelos outros animais e plantas, joga lixo lá na floresta, sujando a terra, os rios e os lagos. - (SAPO) Tô muito triste com tudo isto! Como vou sobreviver em um ambiente tão sujo e com pessoas que querem me machucar? Acho que essas pessoas não imaginam que se os sapos morrerem vão parar de comer os muitos mosquitos e outros insetos que vivem por aí. Imaginem como seria ruim essa situação! - (SAPO) Por isso, eu preciso da ajuda de vocês! Falem para todas as pessoas que vocês puderem que todos os animais são importantes para a natureza, todos têm o seu papel e, assim, não se deve maltratá-los. Vocês podem me ajudar? - (CRIANÇAS) Sim! - (SAPO) Ai, fico muito feliz com isso! Muito obrigado pela ajuda de vocês! Agora eu já vou para minha casa dormir. Até mais, turma do “Sapinho Amigo”! As crianças interagiram bastante durante o teatro, conversaram com o sapo, personagem da peça, e falaram tudo o que sabiam sobre o animal. Ficaram interessadas na 37 peça e nas sombras. A Figura 03, abaixo, mostra um dos momentos de conversa sobre o tema do teatro. Figura 03: Conversa sobre o tema do teatro com as crianças. Fonte: Z Pudemos notar que os alunos da turma do “Sapinho Amigo” já possuíam várias informações sobre o ciclo de vida dos sapos, sobre o que eles se alimentam e onde vivem. Isso porque a professora regente havia trabalhado o assunto com as crianças e também havia mandado uma pesquisa sobre SAPOS para os pais das crianças realizarem junto com seus filhos. Finalizada a peça, alguns alunos pediram-nos para que cantássemos alguma música. Por conta deste interesse, perguntamos quais músicas eles conheciam que falavam sobre sapos. Como resposta, as crianças cantaram a música do “Sapo Cururu” e a do “O Sapo Não Lava o Pé”. O T, no entanto, lembrou-se da música que havíamos cantado no dia anterior, quando brincamos de “Estátua” e, em seguida estávamos todos, novamente, brincando e se divertindo ao som de “Tatararataxi Tatararataxi Taxitolé...”, só que desta vez, ao término da música, todos devíamos imitar um sapo. Depois de brincarmos de “Estátua”, a professora regente propôs de montarmos os “cantinhos” na sala, sendo que um dos cantos era para as crianças explorarem os elementos do teatro, ou seja, neste canto as crianças poderiam manusear os personagens do teatro, a lanterna e poderiam eles mesmos inventar alguma história. As crianças ficaram entusiasmadas com o “cantinho” do teatro, umas mais pelo fato de poderem inventar uma história com os 38 personagens, outras mais pelo fato de poderem brincar com a lanterna e com as sombras formadas na caixa de papelão e outras, ainda, gostaram mais de assistir a história apresentada pelos colegas. O Ot ficou encantado em brincar com a lanterna, aproximava-a e afastava-a da caixa de papelão e, ao perceber a diferença que ocorria nas duas situações comentou: “Tia, quando eu deixo ela longe, a luz fica maior e, quando eu chego perto, a luz fica menor.”. A seguir, a Figura 04 mostra as crianças brincando com o teatro de sombras, durante os “cantinhos”. Figura 04: Crianças brincando com o teatro de sombras. Fonte: Z. Para esta atividade, tivemos a companhia de Z, o qual nos ajudou a tirar fotos e a gravar o teatro de sombras. As crianças gostaram bastante da presença dele na atividade, pois, segundo a professora regente, elas não estão acostumadas com a presença masculina dentro da sala de aula. Durante o momento dos “cantinhos”, Z acompanhou as crianças no “canto do cabeleireiro” e, algumas crianças se divertiram brincando de lavar e pentear o cabelo dele. Em seguida, fomos para a aula de Educação Física junto com as crianças. Nesta aula, a professora deixou os alunos brincarem livremente na horta, sendo assim, Z acompanhou algumas crianças que estavam interessadas em colher acerola. Após a colheita, Z conversou com os alunos que estavam ao seu redor sobre as plantas daquele espaço e incentivou-os a experimentar os temperos ali presentes. Achamos que a presença de Z tenha sido importante para o desenvolvimento deste trabalho, mesmo que indiretamente, visto que ele foi uma figura que instigou as crianças a observarem melhor a horta e a reconhecerem as plantas daquele lugar, tanto pelo nome quanto pelos sentidos, olfato e paladar. 39 Atividade 3  Tema: Brincando com criatividade - Atividade realizada em: 28/10/2015 - Local da atividade: sala de aula. - Proposta: O descarte incorreto de resíduos é uma realidade presente em nosso cotidiano. Ao mesmo tempo, muitas pessoas não dão o devido valor aos resíduos que podem ser reaproveitados e reciclados, considerando-os apenas como lixo. Deste modo, uma de nossas ideias com esta atividade foi a de mostrar para as crianças que os materiais que descartamos no lixo podem ser muito bem usados como brinquedos. Além disso, quisemos passar a ideia para as crianças de que, com criatividade, todos os objetos, inclusive os naturais, podem ser transformados em brinquedos, como sementes, folhas, frutos, galhos etc. Diante disso, estruturamos a atividade da seguinte forma: 1ª Etapa: Contação de história - propor para as crianças uma contação de história diferente, já que a professora não leria um livro, mas elas é que teriam de inventar uma história ali na hora. Para ajudar nesta tarefa, levar diversos objetos naturais para serem “transformados” em personagens pelas crianças, tais como cabaça, sapucaia, galinho de lavanda, jequitibá e outros frutos. 2ª Etapa: Lixo espalhado pelo chão - espalhar diversos resíduos no chão do parquinho, enquanto as crianças não estão presentes, para ver qual será a reação delas e se tomarão alguma atitude quanto ao ocorrido. Apenas observar as crianças, deixando-as agirem sem a nossa intervenção. 3ª Etapa: “Canto” do faz de conta - na hora dos “cantinhos”, montar um canto com resíduos recicláveis, elementos da natureza e brinquedos de resíduos reaproveitáveis, para que as crianças brinquem livremente. - Materiais: resíduos recicláveis, como rolo de papel alumínio, caixa de papelão etc., e elementos da natureza, como sementes, frutos, folhas. - Objetivos:  Trabalhar a questão do descarte de resíduos;  Estimular a criatividade das crianças; 40  Instigar os alunos para a tomada de decisão;  Promover o contato das crianças com elementos da natureza não tão comuns para elas;  Estimular o trabalho coletivo. - Descrição da atividade e impressões: 1ª Etapa: Contação de história: Após a rotina inicial das crianças (“calendário” e “chamada”), começamos atividade com uma roda de conversa, explicando-lhes como seria nossa manhã. Ou seja, que contaríamos uma história, só que desta vez seria diferente, não leríamos nenhum livro, ao contrário, cada uma delas é que teria de inventar um pedaço de uma história. Mostramos aos alunos os objetos que havíamos levado (sapucaia, cabaça, galinho de lavanda, jequitibá) e falamos que eles teriam de inventar um personagem para cada objeto. A princípio, as crianças tiveram dificuldade em entender a proposta da atividade, além disso, queriam pegar os objetos para si, sem a intenção de compartilhar com os demais colegas. No entanto, explicamos-lhes que brincaríamos de faz de conta, assim, faríamos de conta que cada elemento ali presente seria um personagem, criado por elas, e que estes personagens seriam de toda a turma, e que cada criança inventaria um pedaço da história. Em seguida, mostramos para a turma uma cabaça e pedimos para que pensassem com o que aquele objeto se parecia, para que pudéssemos criar o primeiro personagem da história. Imediatamente, o L disse que a cabaça se parecia com seu pai e, ao dizer isso, as demais crianças começaram a fazer o mesmo, dizendo que os outros objetos se pareciam também com seus pais. O único aluno que pensou em outro personagem foi o T, dizendo que a sapucaia se parecia com o caldeirão de uma bruxa. Deste modo, a história inventada era sobre uma bruxa que havia transformado os pais das crianças em objetos (pedra, porta, cadeira etc.), enquanto os mesmos estavam trabalhando. Mas, no final da história, todos eles voltaram ao normal. Sentimos dificuldade em realizar essa parte da atividade, talvez por inexperiência nossa em conduzir tal brincadeira, talvez por esta atividade não ser ideal para essa faixa etária. A Figura 05 mostra a “Hora da História”. 41 Figura 05: Hora da História. Fonte: Professora regente. 2ª Etapa: Lixo espalhado pelo chão Depois da história, as crianças tiveram aula de educação física, a qual ocorreu no salão da escola. Enquanto isso, espalhamos diversos resíduos pela sala do Maternal II, tais como rolo de papel alumínio, rolo de papel higiênico, embalagens de xampu, de detergente, de ovo, de sabão em pó, de leite, garrafa plástica, papel e cascas de fruta. Planejamos essa parte da atividade para ocorrer no parquinho, no entanto, este dia estava garoando e, por isso, a professora regente decidiu realizar a atividade na sala de aula. Achamos válida esta mudança, pois a sala de aula é o local em que as crianças passam a maior parte do tempo e, portanto, seria interessante ver a reação delas frente à sujeira do lugar. Finalizada a aula de Educação Física, as crianças voltaram para a sala. As primeiras a chegarem foram a G e a Em. As meninas ficaram inconformadas com a sujeira do lugar e a G, balançando as mãos, disse para a professora: “Você fez uma bagunça aqui!”. A Em pegou a caixinha de leite, que estava em cima do colchonete onde as crianças costumam se sentar para as rodas de conversa, e indagou: “Leite? Por que tem leite aqui?”. Logo em seguida, as demais crianças começaram a chegar e, assim que entravam na sala, observavam os materiais do chão e indagavam-se do porque de a sala estar daquele jeito. O Ra disse: “Quanto lixo na nossa natureza!” e em seguida, questionando a professora regente sobre quem havia feito aquilo, falou: “Eu acho que foi o fantasma!”. A Ev perguntou: “O que é isso?”. JV, ao invés de questionar o ocorrido, pegou o rolo de papel alumínio e começou a brincar, fingindo que o 42 material era uma luneta e, ao fazer isso, algumas crianças começaram a brincar com os materiais. Após alguns instantes de indagações e brincadeiras, o Ra teve a iniciativa de pegar um material do chão e jogar no lixo, dizendo: “Nós vamos jogar no lixo. Tem muito lixo aqui”. E, assim, todas as demais crianças tiveram a iniciativa de recolher os resíduos do chão e jogar no cesto de lixo. Com exceção da La, que pegou uma embalagem de xampu e não queria jogar fora porque era um “creme”, segundo ela. De acordo com a professora regente, ela disse isso, pois em um dos “cantinhos” disponíveis para serem realizados com as crianças é o do “cabeleireiro”, em que há embalagens de xampu e cremes para as crianças brincarem. Durante todo o momento, não interferimos em nada, apenas ficamos observando e filmando a reação das crianças. Após recolherem todo o “lixo” da sala, conversamos com as crianças sobre o ocorrido, sobre o porquê da destinação correta dos resíduos e sobre a atitude tomada por elas de jogarem o “lixo” no cesto. Nesta hora, a I disse que haviam jogado os materiais no lixo porque a “natureza não gosta”. Depois da conversa, elogiamos a ação das crianças. Achamos interessante a reação dos alunos, não só pelo fato de recolherem os resíduos, mas também por terem brincado com os materiais. Na Figura 06, a J aparece segurando um saco de lixo, no qual o restante das crianças estava jogando os materiais recolhidos do chão da sala. Figura 06: J segurando o saco de lixo. Fonte: Autora. 43 3º “Canto” do faz de conta Logo após a merenda, a professora regente montou vários “cantinhos de trabalho” na sala de aula, e ficamos responsáveis por um deles, o “canto” de faz de conta. Colocamos a disposição das crianças diversos elementos naturais, alguns dos quais fizeram parte da história inicial, como a cabaça, a sapucaia, além de sementes e frutos. Disponibilizamos também rolos de papel alumínio, embalagem de ovo e brinquedos, feitos por nós, de materiais reaproveitados, como o pau de chuva (de rolo de papel alumínio), binóculos (de rolinho de papel higiênico) e bonecas de retalhos de pano. Deixamos as crianças brincarem livremente com os materiais ali presentes, interferindo somente quando elas brigavam pela disputa de algum brinquedo. Neste momento, as crianças tiveram mais facilidade em criar histórias do que no primeiro momento da atividade. Os objetos disponíveis foram “transformados” pelos alunos em bruxa, caldeirão, barco, vassoura, luneta, vovozinha, netos, filhos e instrumentos musicais. Algumas das crianças brincando no “cantinho” podem ser vistas nas Figuras 07 e 08, abaixo. Figura 07: Crianças brincando no “cantinho”. Fonte: Autora. 44 Figura 08: Ot brincando de “instrumento musical”. Fonte: Autora. Atividade 4  Tema: Detetives da horta - Atividade realizada em: 29/10/2015 - Local da atividade: horta. - Proposta: A E. M. Benjamim Ferreira possui uma horta ampla, bem cuidada e com diversos tipos de plantas, por isso achamos que este espaço seria ideal para explorarmos em nossas atividades. Planejamos a atividade para que ocorresse durante o momento dos “cantinhos”, com cinco crianças por vez, para que elas pudessem aproveitar melhor a brincadeira e para que nós pudéssemos dar-lhes mais atenção. Por conta dos “cantinhos”, parte da atividade teve de ser realizada três vezes, visto que no dia estavam presentes 15 alunos. Assim, planejamos a atividade da seguinte forma: 1ª Etapa: Roda de conversa sobre a horta - conversar com todas as crianças sobre a horta, sobre quem cuida daquele espaço (Sr. R), sobre quais animais eles acham que vivem lá. 2ª Etapa: Hora da história - contar para as crianças o poema chamado “O Caracol”, de Mary França e Eliardo França. 45 3ª Etapa: Detetives da horta - na horta, pedir para as crianças observarem, com a ajuda de uma lupa, as plantas e os animais ali presentes. - Materiais: lupas. - Objetivos:  Trabalhar a diversidade de plantas e animais;  Estimular a observação das crianças;  Estimular o respeito para com a natureza;  Estimular o brincar livre. - Descrição da atividade e impressões: 1ª Etapa: Roda de conversa sobre a horta Iniciamos nossa atividade com uma roda de conversa com todas as crianças sobre a horta. Perguntamos a elas se gostavam do espaço, se sabiam como cuidar da horta – neste momento disseram que quem cuidava era o Sr. R, e que “ele colocava água nas plantinhas para elas crescerem”-, se sabiam quais plantas e animais vivem lá – nesta hora, várias crianças disseram que quem morava na horta eram o “Lobo Mau” e o “Saci”. A seguir, contamos como seria a nossa brincadeira do dia: eles receberiam uma missão, procurar “bichinhos” e investigar as plantas que achassem interessantes na horta. Para isso, eles seriam nomeados de “Detetives da horta”. Ao dizermos isso, as crianças bateram palmas e gritaram: “Ae!”. Explicamos que esta brincadeira seria desenvolvida nos “cantinhos” e que sairíamos com cinco crianças de cada vez. 2ª Etapa: Hora da História Escrevemos o poema, “O Caracol”, em uma folha e desenhamos, ao lado, os animais citados, para que as crianças pudessem observar as figuras. Decidimos contar o poema quando já estávamos quase chegando à horta, com cinco crianças apenas, pois, assim, a atenção delas seria maior, já que estavam em número reduzido. Desta forma, esta parte teve de ser repetida três vezes, visto que no dia estavam presentes 15 crianças (ou seja, três grupos de cinco crianças). Depois de lermos o poema, falamos que a partir daquele instante eles teriam a missão de procurar “bichinhos” que vivem na horta e de observar as plantas existentes ali. 46 Para isso, distribuímos lupas para as crianças, as quais foram nomeadas de “Detetives da Horta”. Em um dos grupos estava o L, que teve a ideia de procurar pelos animais que faziam parte do poema. Ele pegou a folha onde estava escrito o poema e a chamou de “lista”, e não largou a folha durante toda a atividade (Figura 09). Já a J, quis reler a história, por isso, pegou a folha que estava conosco, sentou-se de baixo de uma árvore e começou a contar, fazendo de conta que estava lendo. A seguir, o poema lido para as crianças: O CARACOL O Caracol viu uma Joaninha. A Joaninha passou voando. O Caracol falou: - Ah! Eu não posso voar... O Caracol viu um Grilo. O Grilo passou pulando. O Caracol falou: - Ah! Eu não posso pular... O Caracol viu uma Cigarra. A Cigarra passou cantando. O Caracol falou: - Ah! Eu não posso cantar... O Caracol viu um Vagalume. O Vagalume passou iluminando. O Caracol Falou: - Ah! Eu não posso iluminar. O Caracol Viu Uma Formiga A Formiga passou ligeira. O Caracol Falou: - Ah! Eu não sou ligeiro assim. - Mas vejam só! Falou o Caracol. - Eu Tenho Casa Para Morar! (Mary França e Eliardo França) Figura 09: L com a “lista” dos animais que deveria procurar. Fonte: Autora. 47 3ª Etapa: Detetives da horta As crianças ficaram empolgadas quando receberam a missão de investigar a horta, corriam por todos os espaços observando as plantas e animais que encontravam (Figura 10). Ot quis subir na jaqueira, assim, ajudamo-lo a subir e pedimos para que encostasse a mão em uma jaca, para que percebesse a textura da casca da fruta (Figura 11). Ao fazermos isso, as demais crianças quiseram fazer o mesmo; algumas conseguiam subir sozinhas na árvore, demonstrando já estarem habituadas com esta brincadeira, outras precisavam de ajuda. Ao encostarem a mão na jaca, alguns alunos faziam caretas, como se estivessem com medo ou nojo, pelo fato sua casca “espetar” como disseram. Figura 10: Ev observando os “bichinhos” presentes na árvore. Fonte: Autora. Figura 11: Ot no pé de jaca. Fonte: Autora. 48 Re achou o exoesqueleto de uma cigarra e adorou o acontecimento, durante toda a brincadeira ficou procurando cigarras; parava, escutava o som do animal, que por sinal é bem comum na escola, e ia a “caça”. Pedimos para o Re mostrar as outras crianças o exoesqueleto achado e conversamos sobre como é o corpo da cigarra e sobre o que é aquela “casca”. Crianças se interessaram muito pelo animal e, ao acharem seu exoesqueleto, corriam para mostrar aos outros (Figura 12). Figura 12: Crianças observando o exoesqueleto da cigarra. Fonte: Autora. Mais tarde, achamos um pé de melancia, como mostra a Figura 13. Ao observar o fruto, ainda pequeno no chão, o T começou a cantar: “De abóbora faz melão de melão faz melancia, Faz doce sinhá, faz doce sinhá, faz doce sinhá J” (colega de classe que estava do lado do T na hora da brincadeira). 49 Figura 13: Crianças observando o pé de melancia. Fonte: Autora. Achamos muito legal este momento, já que o T relacionou o que estávamos vendo a uma música conhecida por eles. Logo em seguida, os dois, T e J, chamaram-nos para ir até onde o Saci mora, perto do pé de melancia. Pediram-nos para ficarmos quietos e olharmos atentamente as folhas secas que estavam sendo levadas pelo vento, dizendo que era o Saci fazendo seu redemoinho de vento. Algumas crianças se interessaram mais em comer pitangas e acerolas, direto dos pés existentes na horta, do que brincar com a lupa, como foi o caso da Em e da G. O L não largou a folha onde estava escrito o poema e ficou triste por não encontrar nenhum caracol, pois ele considerava aquela folha como uma “lista” que continha os animais que deveria encontrar. Conversamos com ele, dizendo que ali na horta não havia caracol, mas que se ele procurasse por formigas, joaninhas e cigarras, encontraria. Outras crianças se interessaram mais em observar, com a lupa, a trajetória das formigas, como pode ser visto na Figura 14. A toda hora, conversávamos com os alunos sobre a importância daqueles animais para aquela horta e sobre o respeito que devemos ter pelos animais e plantas. Isso porque, em muitas situações durante o período de observações, percebemos que as crianças possuem a vontade de querer matar todos os animais pequenos que elas encontram, como minhocas, formigas e outros insetos. 50 Figura 14: Crianças observando o rastro das formigas. Fonte: Autora. Pudemos observar, também, os temperos ali plantados, como manjericão, orégano, hortelã e outras plantas como a arruda. Pedimos para as crianças tocarem estas plantas, sentirem o aroma proveniente delas e até experimentarem algumas. O LF adorou ter ido brincar na horta, pois, segundo ele, seu avô tem um sítio com muitas plantas, assim, demonstrou ter uma familiaridade com o espaço. Em determinado momento, Sr. R apareceu na horta e, imediatamente, as crianças correram até ele para pedir autorização para investigarem o espaço. Sorrindo, ele disse, “Mas é claro” e começou a mostrar para os alunos o que ele havia plantado na horta. Acreditamos que este momento tenha sido importante tanto para o Sr. R, que pôde falar sobre o que ele faz, quanto para as crianças, por terem tido a oportunidade de ouvirem o que a pessoa responsável por aquele espaço tinha a dizer. Finalizada a atividade, a professora regente levou as crianças até o parque. Mesmo em um ambiente diferente da horta, elas continuaram com o espírito investigativo. Todo “bichinho” que encontravam, corriam imediatamente para nos chamar e mostrar o que haviam encontrado. As crianças observaram várias minhocas na areia do parquinho, assim, pudemos conversar sobre este animal e sua importância para o solo. Ot achou uma “casca” de cigarra e correu para mostrar para a monitora ali presente; assim que viu a cigarra, a monitora “grudou” o exoesqueleto em sua roupa e ensinou as crianças que estavam por perto a fazerem um broche. Ot quis fazer o mesmo e, ao “grudar” a “casca” do animal em sua camiseta, 51 demonstrou sentir um misto de alegria e medo, por não estar acostumado com a situação. Divertimo-nos muito observando a cena. Notamos que nestes momentos de brincadeira, em que as crianças estão se divertindo, é muito mais fácil de nos comunicarmos com elas, seja para compartilhar alguma experiência ou conhecimento, pois o interesse por determinados assuntos parte delas. Consideramos essa atividade como uma das mais importantes para este trabalho, pois as crianças brincaram bastante de faz de conta, já que elas eram os “detetives da horta”, subiram em árvores, observaram vários “bichinhos”, comeram fruta direto do pé, sentiram o aroma das plantas. Atividade 5  Tema: Semente viva - Atividade realizada em: 04/11/2015 - Local da atividade: sala de aula. - Proposta: Para darmos continuidade à atividade anterior, “Detetives da horta”, decidimos trabalhar com a germinação de sementes. Assim, elaboramos a atividade da seguinte forma: 1ª Etapa: Roda de conversa sobre plantas - conversa inicial sobre as plantas da horta e germinação de sementes. 2ª Etapa: Dinâmica da sementinha - brincar de “faz de conta”, em que as crianças interpretam o papel de uma semente que irá germinar. Dinâmica adaptada do livro: “Vivências Integradas com o Meio Ambiente” (TELLES et al, 2002, p. 60.). 3ª Etapa: Experimento com feijão - mostrar para as crianças vários tipos de sementes, para elas perceberem a diversidade de formas, tamanhos, cores e texturas que existem. Em seguida, “plantar” sementes de feijão em algodão e deixar algumas no claro e outras no escuro, para que as crianças possam perceber a importância da luz para o crescimento das plantas. - Materiais: copinhos plásticos, sementes de feijão, algodão, sementes diversas. 52 -Objetivos:  Trabalhar a questão da germinação das sementes; falar sobre o que é necessário para as sementes germinarem (luz, água, animais);  Vivenciar o papel de uma semente, por meio de “faz de conta”;  Mostrar a diversidade de sementes quanto à cor, à textura, ao tamanho, ao formato; - Descrição da atividade e impressões: Antes do início da atividade acompanhamos a aula de Educação Física da turma do “Sapinho Amigo”, sendo que, neste dia, em uma parte da aula, a professora deixou as crianças brincarem livremente na horta. Os alunos mostraram lembrar bem da atividade anterior (“Detetives da Horta”), chamavam-nos o tempo todo para nos mostrar os “bichinhos” encontrados ou alguma outra coisa diferente no espaço. O L se lembrou da “lista” dos animais que “deveriam” ser encontrados por ele na horta e perguntou-nos se não a havíamos levado. Ao respondermos que não, mostrou-se chateado, porém, dissemos que não era preciso ele ter a “lista”, pois ele se lembrava dos animais contidos no poema, o que logo ele fez. Algumas crianças quiseram subir no pé de jaca, assim como haviam feito na outra atividade, e pediram- nos para ajudá-los. Re ficou procurando exoesqueletos de cigarra. Outras crianças preferiram colher acerola e pitanga. Sempre que possí