UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA CAMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTE ANDRÉ FELIPE VILAS DE CASTRO Bauru e São José dos Campos: Shopping Centers e Espaço Urbano ANDRÉ FELIPE VILAS DE CASTRO PRESIDENTE PRUDENTE – SP. 2011 Castro, André Felipe Vilas de. C35b Bauru e São José dos Campos : Shopping Centers e Espaço Urbano / André Felipe Vilas de Castro. - Presidente Prudente: [s.n], 2011 98 f.: il. Orientador: Maria Encarnação Beltrão Sposito Trabalho de conclusão (bacharelado - Geografia) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia Inclui bibliografia + anexos 1. Geografia. 2. Shopping Centers. 3. Espaço Urbano. I. Sposito, Maria Encarnação Beltrão. II. Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências e Tecnologia. III. Título Bauru e São José dos Campos: Shopping Centers e Espaço Urbano Monografia apresentada ao Conselho de Curso de Geografia da FCT/UNESP, Faculdade de Ciências e Tecnologia, campus Presidente Prudente, para obtenção do título de bacharel em Geografia. Orientadora: Maria Encarnação Beltrão Sposito ANDRÉ FELIPE VILAS DE CASTRO PRESIDENTE PRUDENTE 2011 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais, Sergio Rocha de Castro e Eliane Vilas de Castro. Se sou o que sou hoje, devo tudo a eles. Agradecimentos Tudo começou em 2007, quando sem saber meu destino ao certo, devido aos vários vestibulares que prestei, ingressei no curso de Geografia da Faculdade de Ciência e Tecnologia da UNESP de Presidente Prudente, a FCT/UNESP, cidade distante aproximadamente 700 quilômetros da minha cidade de origem, Caçapava, a que me rendeu o apelido, generosamente dado no meu primeiro ano de faculdade, pelo professor Manoel Carlos Toledo Franco de Godoy. Quero aqui manifestar meus agradecimentos a todas as pessoas que colaboraram, direta ou indiretamente, de maneira simbólica ou ativa, neste trabalho. Mais que isso, pessoas que estiveram presentes na minha trajetória acadêmica, que me ensinaram e mostraram os melhores caminhos para minhas ambições. Agradeço a minha orientadora, à Profª. Maria Encarnação Beltrão Sposito pela com sua dedicação, competência, estímulo, paciência e acima de tudo, responsabilidade, que me mostrou como é associar respeito e dedicação. À FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) que me concedeu a bolsa de estudo, na qual foi possível a realização e desenvolvimento deste trabalho. A minha namorada, Mayara Pierre Prado, minha companheira, por todo o apoio dado na realização deste trabalho, desde a ajuda na coleta de dados, nas pesquisas a campo, nas noites em claro me estimulando a continuar “sempre mais um pouquinho”, meu muito obrigado. Aos meus amigos de república, a Maré Mansa, pessoas com quem eu vivi as melhores partes da faculdade, e pessoas para quem eu não me canso de dizer, “amigo é a família que escolhemos”, meu muito obrigado. Agradeço a todos os professores que compuseram a minha grade de disciplina ao longo desses cinco anos de faculdade, pessoas que me ensinaram muito mais que as matérias constantes no currículo. Ao Sr. Douglas, funcionário da Prefeitura Municipal de São José dos Campos, que de maneira solícita, me forneceu os dados referentes à Planta Genérica de Valores do município. Ao Sr. Aparecido, chefe do departamento de planejamento da Prefeitura de Bauru, que me recebeu de maneira bastante gentil em seu gabinete para a obtenção dos dados referentes à Planta Genérica de Valores do município. Agradeço à Administração do Shopping Colinas, de São José dos Campos, que me concedeu o direito de fazer a pesquisa em seu estacionamento, assim como ao Center Vale Shopping e ao Vale Sul Shopping, que entenderam o motivo e também concederam o direito para tal. A todos os funcionários da FCT, como pessoal da Seção de Graduação, da Biblioteca e todos aqueles que sempre de maneira carinhosa, lhe cumprimenta com um saudável bom dia. Meu muito obrigado. RESUMO A monografia aqui apresentada tem como foco o estudo do processo de estruturação do espaço urbano, com atenção para o papel dos shopping centers. Estes espaços de comercialização de bens e serviços são muito importantes para compreender tal processo e se trata de algo extremamente recente considerando-se o longo processo de urbanização, visto que sua expansão, como fenômeno urbano no Brasil é do inicio da década de 1980. O estudo privilegiou a caracterização e análise das cidades que apresentam população na faixa de 100 a 600 mil habitantes e que na sua estrutura urbana apresentem este empreendimento como um elemento que agregue ou não o poder de constituição e/ou (re)definição de centralidades, dinâmica esta bastante influenciada pela construção deste equipamento de lazer e consumo em uma cidade. Sendo assim, para o desenvolvimento deste estudo, procuramos nos nortear em questões que abarcassem qual a relação destes empreendimentos, quando existentes nas cidades, com a centralidade principal, para assim, tentarmos compreender se os mesmos desempenham a criação de novas centralidades, ou reforçam a centralidade principal já existente, concebida pela estruturação que o centro desempenha. PALAVRAS CHAVE: shopping center, centralidade, cidades de porte médio LISTA DE TABELAS TABELA 1: Brasil. São Paulo. Cidades de porte médio e regiões de influência: Shopping Centers. 2011 33 TABELA 2: Brasil. São Paulo. Cidades de porte médio, quantidade de empreendimentos, população do município e área bruta locável: Shopping Centers. 2011 34 TABELA 3: Brasil. São Paulo. Cidades de porte médio, quantidade de empreendimentos, população do município e área bruta locável: Shopping Center. 2011 35 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 : Brasil: Evolução da Área Bruta Locável. 2010 13 GRÁFICO 2 : Brasil: Informações relativas ao faturamento dos Shopping Centers 14 GRÁFICO 3 : São Paulo. Cidades de porte médio, relação entre habitantes e área bruta locável por renda per capita: Shopping Centers. 2011 39 LISTA DE FOTOS FOTO 1 – Fachada do Center Vale Shopping 45 FOTO 2 – Vista aérea do Center Vale Shopping 46 FOTO 3 – Interior do Center Vale Shopping 47 FOTO 4 – Rua Deputado Benedito Matarazzo 49 FOTO 5 – Vista aérea do empreendimento 50 FOTO 6 – Proximidade do Shopping Colinas com o Córrego do Vidóca 52 FOTO 7 – Vista aérea do Shopping Colinas 53 FOTO 8 – Imagem do Shopping Colinas registrada da Ponte Paulo Leivas Macalão 53 FOTO 9 – Shopping Colinas, ao fundo, registrado da Avenida Cassiano Ricardo 54 FOTO 10 – Avenida São João 55 FOTO 11 – Avenida São João 56 FOTO 12 – Avenida Cassiano Ricardo 57 FOTO 13 - Avenida Cassiano Ricardo. Predominância de residências unifamiliares 57 FOTO 14 – Vista da Av. Cassiano Ricardo a partir da Av. José Longo 58 FOTO 15 – Poupatempo unidade São José dos Campos, situado no Shopping Colinas 59 FOTO 16 – Fachada do Vale Sul Shopping 61 FOTO 17 – Vista aérea do Vale Sul Shopping 62 FOTO 18 – Proximidade do Jardim Satélite com o Vale Sul Shopping 64 FOTO 19 – Vista aérea do Bauru Shopping 65 FOTO 20 – Bauru Shopping e suas adjacências 68 FOTO 21 – Cruzamento da Rua Henrique Savi com a Rua Alpheu José Ribas Sampaio 69 FOTO 22 – Rua Alpheu Ribas Sampaio 70 FOTO 23 – Presença de terrenos vazios nas adjacências do empreendimento 71 LISTA DE FIGURA MAPA 1 - Localização dos municípios de Bauru e São José dos Campos ..42 SUMÁRIO 1 – INTRODUÇÃO 11 2 – SHOPPING CENTERS, O SEU PAPEL NA REDEFINIÇÃO DOS ESPAÇOS DA CIDADE 13 2.1 – Os caminhos percorridos 13 2.2 – O rearranjo do espaço urbano e do comércio 18 2.3 – A reestruturação dos centros 23 3 – O CAMINHO METODOLÓGICO PERCORRIDO 30 3.1 – As cidades de porte médio paulista e os shopping centers 30 3.2 – Shopping centers em São José dos Campos e Bauru 42 3.2.1 – Center Vale Shopping 45 3.2.2 – Shopping Colinas 51 3.2.3 – Vale Sul Shopping 61 3.2.4 – Bauru Shopping 65 4 – CONSUMO E LOCALIZAÇÃO: AS PARTICULARIDADES DOS EMPREENDIMENTOS 72 4.1. A expansão dos shopping centers no Estado de São Paulo 72 4.2. Shopping Centers em São José dos Campos e Bauru 76 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS 83 REFERÊNCIAS 86 ANEXOS 90 APÊNDICES 92 11 1 – INTRODUÇÃO O estudo aqui apresentado teve por objeto de análise os shopping centers e como estes empreendimentos interferem na estrutura urbana, no tocante ao rearranjo da centralidade em cidades de porte médio paulistas. O recorte da pesquisa inclui cidades, cujos municípios enquadram-se num intervalo populacional de 100 mil a 600 mil habitantes (IBGE 2000) e que apresentam, na sua estrutura urbana, a presença de shopping centers que se configuram, de um lado, como um atrativo para grande parcela da população dessas cidades e das pequenas que elas polarizam e, de outro, como um grande definidor no processo de especialização funcional e segmentação social, alterando a circulação urbana. Reconhecendo as diversas cidades e seus múltiplos aspectos, a realização desta pesquisa teve por objetivo oferecer os elementos para se avaliar a estruturação dessas cidades, no tocante à densidade de papéis econômicos, tanto comerciais como de serviços, na expectativa de apreender os fluxos expressos pelas formas de circulação, tentando responder qual a posição que o tradicional centro desempenha em suas estruturas urbanas, após a implantação desses grandes empreendimentos. Desta forma, levando em conta a complexidade do espaço urbano, haja vista não somente envolver os aspectos físicos e materiais que o compõem, mas envolver sobremaneira os aspectos humanos, sendo que estes podem ser vistos a partir de diversas dimensões e agentes – tanto o social, como o político, o cultural etc – procuramos com este estudo oferecer uma contribuição a essa compreensão. Para tal, escolhemos essa temática – o estudo das relações entre shopping center e espaço urbano – visto que esse tipo de empreendimento apresentou e ainda apresenta uma rápida expansão dentro do contexto das cidades médias brasileiras, em especial, das cidades médias paulistas. Os shopping centers têm se tornado, recentemente, um fenômeno no meio urbano. Analisá-los, requer um esforço no tocante a tecer idéias sobre a circulação, pois os deslocamentos que são exercidos no espaço citadino também sofrem influência quando há a presença destes empreendimentos. 12 Desta forma, há um aumento considerável de fluxos nestes espaços, o que também pode gerar um aumento considerado de fluxos nas suas adjacências. Como uma relação de causa e conseqüência, a valorização imobiliária também se faz presente nas proximidades destes centros de compras Como centros de compra, a sua força motriz está no consumo, que de papel preponderante, atribui diretrizes às escolhas locacionais dos empreendimentos, buscando os lugares que se apresentam como nós de circulação, gerando e dinamizando o tráfego de pessoas. Outra função importante que o consumo desempenha para estes empreendimentos é a associação entre o ato de consumir para se integrar à sociedade, desempenhando para isso um papel sociológico, influenciando uma nova mentalidade do homem contemporâneo. 13 2 - SHOPPING CENTERS, O SEU PAPEL NA REDEFINIÇÃO DOS ESPAÇOS DA CIDADE. 2.1 - Os caminhos percorridos É sabido que a presença dos shopping centers constitui, efetivamente, um fenômeno característico das grandes cidades brasileiras desde a década de 1980 (PINTAUDI, 1992). Ainda que o surgimento destes empreendimentos no Brasil date da década de 1960 - o primeiro empreendimento instalado no Brasil foi o Iguatemi Shopping, em 1966 na cidade de São Paulo e permaneceu único até a década seguinte, quando surgiram mais dois em São Paulo, um em Minas Gerais e outro na Bahia (PINTAUDI, 1992) – foi efetivamente na década de 1980 que o processo de expansão tomou corpo e se acentuou. Utilizando uma representação gráfica para expressar o crescimento deste empreendimento, ainda que o Gráfico 1 contenha somente dados relativamente atuais, ele serve para ilustrar o atual dinamismo do setor. Gráfico 1 – Brasil: Evolução da Área Bruta Locável. 2010 Fonte: ABRASCE – Associação Brasileira de Shopping Centers. 2010 Organização: André Felipe Vilas de Castro 14 O Gráfico 1 expressa a evolução da Área Bruta Locável, termo este que expressa a metragem do espaço do empreendimento destinado à locação das lojas em seu interior, trata-se de uma importante medida, funcionando como um indicador para se avaliar o desempenho do setor. Assim, a mesma pode ser utilizada para retratar a expansão dos shopping centers pelo território brasileiro. Sua presença no mercado é notória, Pintaudi (1992 p.15) mostra-nos que os dados do ano de 1988 registraram queda em vendas no comércio varejista, mas salienta que no mesmo período, os shopping centers registravam um incremento de 20% quando comparado a 1987, ainda que somente 6% das compras realizadas no varejo fossem realmente feitas neles. Sob este aspecto, vemos a notoriedade de sua participação na economia do país. O Gráfico 2 revela a evolução do montante de faturamento dos shopping centers no Brasil e com base nos dados gerados pela ABRASCE – Associação Brasileira de Shopping Centers- que tem um total de 200 filiados, revela que somente o Estado de São Paulo se apresenta com 131 estabelecimentos que configuram aproximadamente 3.620.139 m² de ABL, perfazendo o número de 301.349 empregos diretos e indiretos para o estado (ABRASCE, 2011). Gráfico 2 - Brasil: Informações relativas ao faturamento dos Shopping Centers. 2010 Fonte: ABRASCE- Associação Brasileira de Shopping Centers. 2010 Organização: André Felipe Vilas de Castro 15 Para Pintaudi (1989), a concentração de shopping centers no Brasil nos remete ao seu aparecimento mais acentuado nos Estados do Rio de Janeiro e principalmente em São Paulo, o que vem a reafirmar que não somente é preciso ter um grande contingente populacional, mas sim mercados consumidores fortalecidos e com alto poder aquisitivo para sua sustentação comercial-financeira. Neste momento, é válido antes de tecer considerações sobre estes empreendimentos, caracterizá-los. Deste modo, na visão de Pintaudi (1992), o shopping center é: [...] um empreendimento imobiliário de iniciativa privada que reúne, em um ou mais edifícios contíguos, lojas de comércio varejista e de serviços alugadas, que se distinguem umas das outras não somente pelo tipo de mercadoria que vendem (o tenant mix planejado pela empresa prevê a presença de várias lojas do mesmo ramo para permitir a compra por comparação), como também por suas naturezas distintas (lojas-âncora e lojas de comércio especializado e serviços - que podem ou não pertencer a redes). Toda a estrutura e funcionamento do empreendimento são controlados por um setor administrativo, necessário para o funcionamento eficaz do shopping center, o que significa dizer que é o setor, cuja responsabilidade é zelar pela reprodução do capital da empresa. Além disso, está a presença de um parque de estacionamento, cujo tamanho se encontra na dependência do porte do empreendimento e da sua localização. Historicamente, é um fenômeno característico das sociedades capitalistas monopolistas. (PINTAUDI, 1992, p.15-16). A expansão e consolidação destes empreendimentos, para Pintaudi (1989), foi intenso no período de crise dos anos de 1970, quando houve uma centralização e concentração de capital. Ainda segundo a autora, enquanto empresas de grande capital, os shopping centers surgem no Brasil em um momento em que as condições de desenvolvimento do capitalismo necessitavam do monopólio do espaço para a reprodução contínua e ampliada do capital. Nas palavras de Pintaudi (1992, p. 41): Parece estranho o crescimento do número de shopping centers no Brasil e particularmente em São Paulo, num momento de pouco crescimento da economia. Mas, na realidade o que está ocorrendo é a concentração territorial do comércio, anteriormente disseminado 16 pelo espaço urbano nas ruas do centro ou nos subcentros comerciais. Sob este aspecto, da concentração territorial, esta implica, antes, em uma concentração de capital, que necessita de investimentos em curtos períodos de tempo, algo que ofereça extrema rentabilidade, logo, neste contexto, os shopping centers se enquadram nesta perspectiva, de modo singular, haja vista, esses empreendimentos oferecerem retorno de investimentos em aproximadamente 5 anos, enquanto em outros setores, como a indústria por exemplo, demoraria o dobro do tempo (PINTAUDI,1992). Este processo de desencadeamento da implantação dos shopping centers e dos grandes empreendimentos varejistas no Brasil favoreceu também a expansão territorial primeiramente dos supermercados e, posteriormente, dos hipermercados em cidade médias. Tratando destes últimos, Ruiz (2004) afirma: […] é um equipamento com grande poder de atração para diferentes segmentos da sociedade atual, possibilitando que a troca se realize de maneira eficiente, haja vista a disposição das mercadorias em suas gôndolas e prateleiras sempre em mutação no interior desses espaços, para que o consumidor se perca em relação a determinado produto que ele procura e ao mesmo tempo encontre outros produtos (RUIZ, 2004, p.55). Para tratar de shopping centers, no Brasil, a sua criação e o processo de proliferação, é necessário recuperar suas origens históricas, nos Estados Unidos da América, no período pós-segunda Guerra Mundial. Segundo Padilha (2006), neste período, tal país vivia um processo de “metropolização” planejada, que contava com o desenvolvimento do comércio, com a criação de inúmeras indústrias caseiras e lojas, que passariam da modalidade de lojas-gerais, para armazéns - onde se podia encontrar de tudo - até chegar nas famosas lojas de departamentos, maiores e mais diversificadas, surgindo como resposta ao problema da produção em massa e distribuição que o país assistia. Já em um momento posterior, surgem as galerias, outra forma importante de comércio, que segundo Ruiz (apud ORTIGOZA 1996, p.29) são as precursoras dos shopping centers, mas que na década de 1980, vieram apresentando declínio, perdendo importância principalmente pela ausência de reformas e ampliação desses 17 equipamentos e a falta de estacionamento próprio para atender essa clientela, pois o centro das cidades, onde essas galerias se instalaram, tornaram-se pouco atraentes para consumidores cada vez mais motorizados. Não somente por esse motivo, percebe-se que os consumidores mais abastados tendiam a se deslocar para os novos centros de compras que surgiam, os shopping centers, pontos de referência na década de 1980, locais mais sofisticados se comparado às galerias. Neste processo, vemos todas as condições necessárias para que o comércio ganhasse uma nova forma de vendas e um novo tipo de espaço para essa atividade. Santos Junior (1992), ao analisar esse assunto, nos remete que: Com o desenvolvimento das cidades, acelerou-se a separação entre as suas partes. As áreas comerciais, residenciais, industriais, de lazer etc., tornam-se cada vez mais definidas. A atividade das diferentes classes sociais vai criando internamente tecidos especiais, marcas na disputa que vai recortando territorialmente a cidade. Os shopping centers tornaram-se no interior desse processo, herdeiros diretos dos empreendimentos comerciais e imobiliários que demarcam os signos de modernidade, desde o final do século passado nas grandes metrópoles capitalistas: as galerias, as lojas de departamento os grandes edifícios comerciais. (SANTOS JUNIOR, 1992, p.62). E mais, ainda segundo Santos Junior (1992): Os shopping centers evoluíram rapidamente, em virtude das suas potencialidades econômicas e de suas escalas de influência1, transformando-se tanto do ponto de vista das dimensões e formas de organização, quanto dos instrumentos de intervenção econômica e de articulação espacial nas grandes cidades. Encontra-se atualmente nos Estados Unidos a imensa maioria dos shopping centers existentes no mundo, de tipos diversos, variando em seu raio de atendimento desde pequenas comunidades até macrorregiões. (SANTOS JUNIOR, 1992, p. 62). Como salientado acima, é nos Estados Unidos da América que o processo de surgimento e desenvolvimento dos shopping centers, encontrou das condições, as mais favoráveis. 1 Grifo nosso. Ainda no desenrolar do texto, será uma expressão de bastante importância. 18 Mas apesar de sua origem ser norte-americana, desde o seu surgimento aqui no Brasil, os shopping centers despertaram interesse na população como uma opção ao centro da cidade como lócus de compras. A disseminação do uso do automóvel, aliada à melhoria do sistema de transporte coletivo, proporcionou os inúmeros deslocamentos dos indivíduos, que associados à dispersão territorial dos equipamentos comerciais e de serviços no interior das cidades, contribuem para a fragmentação das mesmas em suas distintas porções, para o consumo, lazer, sociabilidade e moradia. Montessoro (1999) dá-nos sua contribuição, quando vem a ressaltar o que foi expresso acima: Sobre o papel da circulação, o acesso mais fácil ao crédito juntamente com uma maior ascensão social da população e melhorias efetuadas no transporte coletivo resultaram em uma maior mobilidade das pessoas pelos vários cantos da cidade. Sob este aspecto, é importante destacar que “[…] a difusão do automóvel e as novas práticas de lazer favorecem as relações sociais, além de criar novos ‘nós’ de circulação e dar um novo ordenamento ao espaço físico das cidades”. (MONTESSORO, 1999, p. 38). Sob todos os pontos delineados neste subcapítulo, desde o seu surgimento nos Estados Unidos da América, com suas inúmeras variações até chegar a sua definição tal como hoje, assim como o seu aparecimento no Brasil, representando uma importância na economia paulista, julgamos necessário apresentar alguns subsídios que possam fundamentar as transformações que o espaço urbano e o comércio sofreram ao longo do tempo. 2.2 – O rearranjo do espaço urbano e do comércio Considerando-se o recente surgimento dos shopping centers, seus estudos ainda se mostram bastante atualizados, e muitos são os aspectos que podem ser analisados para tentar compreender esse fenômeno do espaço urbano. Julgamos necessário fazer uma breve consideração sobre a evolução do comércio e do espaço urbano, este o lócus ideal para o bom desenvolvimento e 19 ampliação do poder de atração dos consumidores destes empreendimentos e aquele, o comércio, o precursor e força motriz, parâmetro de análise que permeia este estudo. Koehl (1990) considera que, [...] o shopping center expressa a mais nova forma de comércio, a bem sucedida união do consumo e lazer dentro das cidades configurando as diferentes mudanças nas formas de organização do comércio e da sociedade. (KOEHL, 1990, p.5, tradução nossa). As transformações ocorridas pelo avanço do capital monopolista, a partir da década de 1950, vieram fortalecer a inserção de um número sem igual de indústrias no país, em especial, a indústria automobilística, o que acarretou um acelerado processo de urbanização e intensificação do fenômeno do urbano, como salienta Ruiz (2001), deste modo, as cidades se tornaram os espaços de múltiplas transformações. Para elucidar esse processo, vemos que, na década de 1960, segundo dados levantados por Pintaudi (1992), 45% da população residiam nas cidades e os 55% restantes estavam concentrados no campo. Atualmente, ao contrário, mais de 80% da população vive nas cidades Associado a essas modificações, Pintaudi (1992) salienta o aumento do poder de compra, juntamente com a representação da figura feminina que se integra ao mercado de trabalho, que vai às compras e modifica os hábitos de consumo do brasileiro. Ainda que pese o avanço do uso dos eletrodomésticos, em especial dos refrigeradores, libertando os cidadãos das compras alimentícias diárias, estes ainda tem um peso menor se comparado com a liberdade que os automóveis disponibilizaram aos seus usuários, e a maior utilização e melhoria no transporte coletivo. Efetuam-se maiores deslocamentos ao trabalho, ao lazer, e para a realização de outras atividades do dia-a-dia, proporcionando a ampliação territorial do raio de deslocamento das pessoas no interior das cidades na busca de mercadorias. Estas, dada a sua produção em massa, incorporaram inovações tecnológicas que a tornaram superiores em qualidade como salienta Pintaudi (1992). 20 Sob todos estes aspectos, as cidades passaram a concentrar um fluxo populacional maior, assumindo novos e importantes papéis econômicos, e uma nova distribuição de atividades na sua malha urbana, agora mais “espalhada” territorialmente, já que a expansão do tecido urbano tem se acentuado, tendo em vista o crescimento demográfico já destacado. Este processo acentua-se na década de 1970, quando, nas grandes cidades há o surgimento de diversas áreas que desempenhavam de maneira similar as mesmas atividades que o centro desempenhava. Há uma profunda mudança nas áreas destinadas ao comércio, como uma nova localização das lojas do setor terciário e inúmeros novos pequenos empreendimentos sendo abertos em locais que outrora eram exclusivamente residenciais. Essa nova dinamicidade do comércio nas grandes cidades na década de 1970 cria ou amplia o número de subcentros. A esse propósito, Sposito (1991) frisa que: Na maior parte das vezes, os subcentros surgiram em áreas distantes do centro ou eram originalmente centros de núcleos urbanos que foram incorporados e absorvidos pela cidade principal da área metropolitana, ligando-se a ela e passando a integrar sua estrutura urbana [...]. De uma forma ou de outra, os subcentros estão em áreas de densidade habitacional alta, constituindo-se centros “regionais” no interior da estrutura urbana, e pequenos nódulos de convergência de transporte coletivo. (SPOSITO, 1991, p. 10). Essas mudanças não vão ocorrer ou ser condicionadas somente às metrópoles e cidade de grande porte, pois a presença de subcentros a partir da década de 1970 também foi registrada nas cidades de médio porte. Aqui valemos das idéias de Padilha (2006), que em sua obra “Shopping Center, a catedral das mercadorias”, colabora de forma exemplar quando se utiliza das palavras do arquiteto norte-americano Frank Lloyd Wright, que no livro The living city, em meados de 1935, fez uma descrição ainda que meio utópica, mas premonitória, do que seriam as futuras instalações comerciais em grandes cidades: Vastas áreas destinadas ao prazer, […] os espaços de mercado, situados próximos a uma estrada, constituídos de grandes e extraordinários pavilhões, serão concebidos como lugares de troca 21 não somente de produtos comerciais, mas também de produções culturais. Estas condições supõem, de um lado, a integração da oferta comercial e, de outro lado, a distribuição possível de todos os produtos possíveis para as necessidades naturais da Cidade Viva. Esses mercados parecerão talvez, de certa maneira, com nossas casas de campo, e estarão estrategicamente repartidos pelos principais eixos de tráfego. […] Estas grandes lojas abertas durante todo o dia nos meios dos parques serão talvez o elemento moderno mais atraente, o mais educativo e o mais divertido que se poderá encontrar entre os novos dados da cidade. Grandes facilidades de estacionamentos cômodos, livres ou vigiados, quem hoje tem uma idéia correta do espaço que será necessário para tudo isso? Lugares facilmente acessíveis serão encontrados por toda parte na cidade para divertimentos e lazeres. Concertos a céu aberto, cabarés, cafés, teatros. (Bons) restaurantes agradáveis poderão ser encontrados perto das estradas e perto das grandes lojas […]. Brevemente, deixando os corredores de circulação, poderemos nos encontrar nesses centros originais que não imitam os de outros países e encontrar neles, em meio ao caos do tráfego, tudo que precisamos e que desejamos em nossa casa […]. (WRIGHT apud PADILHA, 2006, p.22). É bastante interessante quando vemos a data em que foram escritas essas palavras, 1935. Décadas depois os primeiros shopping centers começaram a surgir em vários países, frutos dessa nova dinâmica que o comércio sofreu na sua estruturação. Para Padilha (2006), o surgimento e o desenvolvimento do shopping center acompanha uma nova forma de industrialização da oferta e da demanda, além do próprio desenvolvimento industrial e tecnológico típico do século XX. Logo, estes centros aparecem como a última etapa do desenvolvimento da sociedade de massas (que nasce nos anos de 1930) e participa, de forma decisiva, na construção de uma nova “cultura urbana”. Nas palavras da autora, shopping center: […] é um espaço privado que se traveste de público para dar ilusão aos consumidores de que se trate de uma “nova cidade”, mais bonita, mais limpa e mais segura que a “cidade real”, […] um importante complexo comercial que pretende fabricar um “novo homem”, a fim de adaptá-lo a obsessão capitalista pelo lucro. (PADILHA, 2006, p.22). 22 Esse “novo homem” a que Padilha (2006) faz referência é fruto das transformações verificadas nas cidades, da emergência de acumulação capitalista, da aceleração da produção industrial, do aumento significativo da circulação e das trocas, dos fluxos estabelecidos pelo crescente contingente populacional e pelo papel crescente da informação, que exalta o consumo e favorece a proliferação crescente de inúmeros centros de compras. O papel que o consumo exerce é o elemento chave para interpretar a nova fase pela qual o setor de comércio e serviço passa, a ostentação do caráter consumista desse novo homem é sem dúvida o fator de suporte para o desenvolvimento dos shopping centers nas cidades brasileiras. Santos (1987) já refletia que, [...] numa sociedade tornada competitiva pelos valores que erigiu como dogmas, o consumo é o verdadeiro ópio, cujos templos modernos são os shopping centers e os supermercados, aliás, construídos à feição das catedrais. O poder de consumo é contagiante, e a sua capacidade de alienação é tão forte que a sua exclusão atribui às pessoas a condição de alienados. Daí a sua força e o seu papel perversamente motor da sociedade atual. (SANTOS, 1987, p.34). Aliando o surgimento e proliferação dos shopping centers ao atual estágio que o papel do consumo desempenha, Santos Junior (1992) complementa Santos (1987), quando destaca que: O shopping center é um lugar atual de consumo. Cientificamente pensado e arranjado nos mínimos detalhes para o supremo ato de compra. Vende-se de tudo: boa localização, quantidade e qualidade de mercadorias, concentração dos mais variados serviços, economia de tempo, conforto, segurança etc. (SANTOS JUNIOR, 1992, p. 63). É interessante observar de igual modo que as relações sociais se fragilizam nessa nova dinâmica, a segmentação das classes se torna inerente, as classes mais favorecidas buscam encontrar nesses espaços de consumo dirigido (LEFEBVRE 1983) o seu local de afirmação. A noção de estar entre os iguais aniquila a vida social, inibindo a relação de proximidade com os elementos de segmentos menos favorecidos 23 2.3 – A reestruturação dos centros As cidades sempre despertaram o interesse de inúmeras pesquisas sobre seus diferentes aspectos. Assim, formadoras de um grande material de pesquisa, haja vista a sua enorme complexidade e contradições, elas marcam nossa sociedade em nosso tempo. Podendo ser analisadas em diferentes aspectos, aqui abordaremos as articulações entre os diversos espaços existentes. Deste modo, como um dos focos desta pesquisa, pontuaremos o papel que o centro desempenha, julgando necessário, assim como afirma Sposito (1991), que para compreender o crescimento territorial das cidades temos que observar o papel exercido pelo centro. A produção teórica sobre os conceitos de centro e de centralidade é bastante ampla e abarca inúmeras dimensões que nos permitem refletir sobre a estrutura urbana. Aqui teceremos algumas idéias atinentes que nos permitirão diferenciar e qualificar as principais características desses agentes que compõem o espaço urbano. Algumas conceituações serão esboçadas a seguir para uma melhor compreensão. Segundo Beaujeu-Garnier (1970), […] (o centro) constituye el sector de mayor actividad terciária de la urbe: aquel em que se encuentran los edifícios administrativos, bancarios, los grandes estabelecimentos comerciales, algunos edificios publicos, religiosos o culturales. Allí es donde el alquieler de las tiendas alcanzan valores más altos, donde los terrenos se venden a precios más elevados. (BEAUJEU-GARNIER, 1970, p. 347). O que a autora nos deixa claro é que nos centros há concentração de atividades terciárias, não obstante, a maior intensificação de circulação também procede, gerando uma valorização sobremaneira nos preços dos terrenos, o impulso a especulação imobiliária2. 2 O termo especulação imobiliária pode ser definido, segundo Campos Filho (1992) como uma forma pela qual os proprietários da terra recebem uma renda transferida dos outros setores produtivos da economia, especialmente 24 Para Santos (1981): […] sua localização não é necessariamente central... Nos países subdesenvolvidos suas características mais marcantes são as de constituir o nódulo principal da rede de vias urbanas (quanto a este ponto, pode haver vários centros dentro de uma mesma cidade) e de apresentar uma forte concentração de serviços de todos os níveis, especialmente comércios. (SANTOS, 1981, p. 181). Para Villaça (2001, p. 239) o surgimento de um centro principal se materializa quando “[…] (o centro) surge então a partir da necessidade de afastamentos indesejados, mas obrigatório”. Para melhor explicar isto, pensemos que os agentes de um dado aglomerado urbano têm que percorrer caminhos para chegar ao trabalho, para se reproduzir socialmente. Assim, este desgaste físico é suprimido quando a proximidade do centro se revela. Seria, então, o centro “[…] o ponto no qual toda a comunidade se reuniria no menor tempo possível […]” (VILLAÇA, 2001 p. 239) para cumprir suas determinadas funções, é a minimização do tempo gasto com os deslocamentos. Parece-nos interessante expor as mudanças que ensejaram a nova dinâmica intraurbana das cidades brasileiras. Para isso, recorremos a Sposito (1991) quando salienta que o centro, assim como a cidade, é originário da divisão social do trabalho e, também, o resultado do crescimento dessas, sendo este o local de melhor acessibilidade no interior delas. Sendo assim, pode-se entender o papel que os centros obtiveram após a segunda metade do século XIX no Brasil, quando houve um grande progresso e profundas transformações sociais e espaciais que acabaram interferindo nos serviços urbanos, no comércio varejista e no próprio deslocamento das elites para residirem nas cidades. As elites originadas da expansão cafeeira buscaram se aproximar ao máximo dos hábitos e costumes europeus no tocante ao modo de se vestir, comportar-se e morar, segundo Ruiz (2004) 3. Os centros despertaram para essas elites, um local por excelência do consumo e da socialização. através de investimentos públicos na infra-estrutura e serviços urbanos, que são os meios coletivos de produção e consumo ao nível do espaço urbano. 3 Segundo o autor, essas idéias são mais correspondentes às cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. 25 As dinâmicas descritas nos parágrafos anteriores são próprias das cidades capitalistas e tem se generalizado nos centros das cidades brasileiras. No que toca especificamente ao Estado de São Paulo, vimos que, por volta da década de 1980, algumas mudanças que têm rebatimento na produção do espaço, como a concentração capitalista e a expansão territorial do capital, deram vida ao novo modo de consumo e hábito das pessoas, e propuseram alterações que originaram a ocorrência de novas formas comerciais e de serviços. Sob este aspecto, Sposito (2001) destaca que desde esse período, começou a se constituir nas cidades a centralidade múltipla e complexa, e não mais aquela centralidade única, vinculada a um centro principal e único, que esteve associada às formas de estruturação de nossas cidades até poucas décadas atrás. Voltando para as cidades de porte médio, o surgimento de subcentros acompanharam, de certa forma, a expansão da sua malha urbana, assim, a cidade cresce, se espalha e com ela, novas centralidades surgem, atribuindo às mesmas uma diversificação de papéis e serviços que atendem as mais diversas classes de população. Ainda de acordo com Sposito (1991), julgamos importante salientar que, [...] o centro não está necessariamente no centro geográfico, e nem sempre ocupa o sítio histórico onde esta cidade se originou, ele é antes de tudo ponto de convergência/divergência, é o nó do sistema de circulação, é o lugar para onde todos se dirigem para algumas atividades e, em contrapartida, é o ponto de onde todos se deslocam para a interação destas atividades ai localizadas com as outras que se realizam no interior da cidade ou fora dela. (SPOSITO, 1991, p.6). Vemos que a presença das atividades terciárias é um dos elementos que explica a convergência de diversas pessoas ao centro, e essa concentração é acentuada pela existência de um nó central, cujas vias de circulação confluem para um maior dinamismo nessas áreas. Ainda sob este aspecto, Santos (1981) adiciona que o centro pode ser duplo ou triplo, por diferentes motivos, entre eles, o sítio urbano pode dividir em dois o centro comercial e o centro cívico e dos serviços; pode ser também devido à história urbana, que separou o novo centro de administração e negócios do velho centro comercial, e ainda devido à concentração e densidade demográfica em um 26 determinado centro comercial que pode levar a criação de centros secundários como forma de distribuir mercadorias e serviços para outras áreas da cidade. Nesta perspectiva, Ruiz (2004) salienta que o centro principal passa a dividir a sua centralidade com outras porções do espaço urbano, não mais catalisando todos os segmentos de consumidores nas cidades. Segundo Sposito (2004), o centro: Constitui-se por meio de um processo de concentração de atividades de comercialização de bens e serviços, de gestão pública e privada, de lazer e de valores materiais e simbólicos em uma área da cidade. Embora essa dinâmica possa ser reconhecida desde as cidades antigas, é por meio do desenvolvimento capitalista que ela se acentua. (SPOSITO, 2004, p.274). Na necessidade de entendermos a multiplicação e a diversificação dos centros, recorremos a uma análise do processo de urbanização no século XX, que, para Sposito (2001, p.236) “[…] verifica-se que é um dos fenômenos mais marcantes dentre as transformações por quais passaram as cidades, é o da multiplicação e diversificação de áreas de concentração de atividades comerciais e de serviços”. A partir desta afirmativa, podemos depreender com mais convicção que são as atividades comerciais e de serviços as maiores contribuintes para o surgimento e a aceleração dos fluxos, sua intensificação e posterior massificação4, o que provoca o surgimento das novas centralidades. Ainda para completar a afirmativa acima, Sposito (2001) elucida que: O aumento de números de áreas centrais produz duas dinâmicas econômico-territoriais correlatas entre si: a da descentralização territorial dos estabelecimentos comerciais e de serviços e a de recentralização dessas atividades. Essas dinâmicas ocorrem através de iniciativas de duas ordens, que se dão simultaneamente: a de surgimento de novas atividades e estabelecimentos comerciais e de serviços fora do centro principal e a relocalização, em novos centros, de atividades e estabelecimento que antes estavam restritos ao centro principal. (SPOSITO, 2001, p. 236). 4 Utilizamos o termo massificação para depreender a idéia de utilização em massa, um maior número de população passa a consumir no/o espaço. 27 Essa dinâmica entra em consonância com o processo de modernização de nossas formas comerciais, quando, nos idos dos anos de 1980, o aumento exponencial de concentração econômica desses empreendimentos cooptou investimentos internacionais que possibilitaram uma redefinição da lógica interna das cidades (SPOSITO, 2001, p.236). O aparecimento de novas formas comerciais possibilitou um maior número de fluxos, tanto dentro das cidades como entre elas, como reflexo da interação entre cidades de diferentes portes, possibilitando o que Lefebvre (1983, p.46) chama de centralidade múltipla, em oposição à centralidade única ou principal. Esse processo de centralidade múltipla tem como fatores que corroboram para a sua constituição, além do maciço investimento dos capitais tanto nacionais como internacionais comercias, a especulação imobiliária (LEFEBVRE 1983). Os shopping centers e os hipermercados se enquadram nessa dinâmica, representando, de maneira exemplar, os capitais, que convergem para a implementação de novas lógicas locacionais, gerando uma expansão urbana acelerada e aumento do tecido urbano com a incorporação de áreas periurbanas (SPOSITO, 2001). Sob este último aspecto, Sposito (2001) ressalta a importância em destacar que essa incorporação acelerada de áreas afastadas gera uma ampliação da diferenciação socioespacial, que têm muitas vezes como resultados a própria exclusão socio-espacial e um progressivo e mais intensificado uso tanto de transportes particulares, como coletivos. Porém, Sposito (2001) destaca que, [...] essa redefinição não pode, no entanto, ser analisada apenas no plano da localização das atividades comerciais e de serviços, […] mas deve ser estudada a partir da relação entre essa localização e os fluxos que ela gera e que a sustentam. Os fluxos permitem a apreensão da centralidade, porque é através dos nódulos de articulação da circulação intra e interurbana que ela se revela. (SPOSITO, 2001, p. 238). Está dada a importância da circulação na constituição das diversas centralidades, uma vez que essas são fortemente alteradas por mudanças ocorridas na localização de atividades que geram concentração. 28 Para melhor elucidar, ainda recorremos à autora, quando esta afirma que “[…] não há centro sem que se revele sua centralidade, assim como essa centralidade não se expressa sem que uma concentração se estruture”. (SPOSITO, 2001, p.238). O que foi expresso na passagem acima nos oferece a interpretar que o centro se estrutura por aquilo que se localiza no território, uma vez que a centralidade é caracterizada pelo movimento no plano territorial. Castells (1983) com suas palavras complementa que, fugaz, efêmera ou transitória, a centralidade pode apresentar tais características haja vista sofrer as variações ocorridas no decorrer do tempo, no uso, apropriação e no sentido dado aos espaços e deles apreendidos, oferecendo subsídios que nos permite avaliar que não existe em si uma única centralidade, mas sim um conjunto de processos que a define. Desta forma, esse processo de surgimento de novos espaços nas cidades, marcado, sobretudo pelos novos ditames que a sociedade vem empreendendo/sofrendo, retrata o fenômeno da reestruturação urbana, utilizada aqui para compreender a morfologia das cidades. O próprio surgimento de diversas formas de centralidade desempenhadas nas cidades é originário deste fenômeno em processo no meio urbano. Segundo Sposito (2001), para tecer apontamentos sobre a estrutura interna das cidades, antes de tudo, é preciso refletir que há nelas processos que revelam contínua transformação. A autora julga deste modo, a necessidade de utilizar a expressão reestruturação urbana ao invés do conceito clássico de estrutura urbana. Moraes e Costa (apud DAVIDOVICH 1989, p. 76), definem que este processo “diz respeito a transformações territoriais que decorrem do processo de valorização capitalista do espaço, enquanto movimento de contínua construção/ destruição/reconstrução de criação e recriação”. Logo, o processo de reestruturação dos espaços urbanos impõe a análise de um processo de reconstrução e renovação da cidade, nesse sentido, a produção de novas centralidades, como o surgimento de subcentros em áreas periurbanas, resultante das novas lógicas capitalistas, valoriza e (re) utiliza novas áreas. No processo de (re) estruturação urbana, Montessoro (2001) contribui com a análise, quando associa a presença dos shopping centers nas cidades de porte médio paulistas como um dos agentes dessa dinâmica. Assim, 29 […] podemos avaliar o processo de reestruturação das cidades a partir da disseminação dos shopping centers, que produzem uma nova dinâmica dos espaços. A cidade em si transforma-se, mudam- se os conceitos de próximo e distante, o comércio tradicional de rua juntamente com o antigo centro deixam de ser os únicos propiciadores de maior circulação no interior da mesma. (MONTESSORO, 2001, p.215). Ainda utilizando como parâmetro de análise o centro, que se revela a toda sorte, as mudanças ocorridas nessa nova dinâmica, Padilha (2006) mostra que: Aquele centro, feito para compras de bens materiais, foi aos poucos, com o avanço do capitalismo mundializado, se transformando em um centro que alia estrategicamente não só mercadorias (alimentos, roupas e acessórios, perfumes, discos, livros etc.), mas serviços (postos de gasolina, correios, agências de viagens, bancos, salões de beleza), lazer (cinema, jogos eletrônicos, praças de alimentação, academias de ginástica etc.) e “cultura” (exposições, apresentações musicais ou teatrais etc.). Essa aliança tem como objetivo principal aumentar o lucro dos empresários e comerciantes, porém é disfarçado pela ideologia do “aumento da qualidade de vida”. (PADILHA, 2006, p.25). É interessante frisar que, sob justificativa do aumento da “qualidade de vida”, salientado por Padilha (2006), se tem o pretexto, ainda que construído ideologicamente, para algumas das mudanças ocorridas na urbanidade. A autora ainda reitera, quando afirma que essa urbanidade vai sendo remodelada, na medida em que os espaços públicos comuns geridos pelas prefeituras ou governos estaduais passam a ser insuficientes, impróprios ou inseguros para o convívio social ou para as atividades de lazer das pessoas. (PADILHA, 2006, p.25). Essa nova cidade, marcada pela nova dinâmica dos fluxos e da mentalidade das pessoas, somado à melhoria dos transportes e com os novos padrões de consumo, enseja mudanças de reconfiguração da sua morfologia. Assim, o novo, expresso pela constituição dos shopping centers nas cidades, se torna um importante meio para a propagação de uma nova mentalidade, uma nova cultura urbana e o fortalecimento do consumo. 30 3 – O CAMINHO METODOLÓGICO PERCORRIDO Para o desenvolvimento da pesquisa que resulta na presente monografia apresentada para obtenção do título de Bacharel em Geografia, desenvolvemos procedimentos metodológicos de diferentes naturezas. Neste capítulo, parte deles está descrita à medida que a sistematização é feita e as análises são efetuadas. Um primeiro conjunto de procedimentos refere-se ao tratamento das informações relativas à presença de shopping centers em cidades de porte médio paulista, descritos no subcapítulo 3.1. Em seguida, apresentamos no subcapítulo 3.2, os procedimentos relativos às duas cidades estudadas. A escolha das cidades que seriam objeto de estudo, com realização de trabalho de campo, demandou trabalho cuidadoso de tratamento de informações de modo a que pudéssemos selecionar dois casos significativos. 3.1. As cidades de porte médio paulista e os shopping centers Neste capítulo, proporemos a elaboração de uma tabela que relaciona as cidades de porte médio que apresentam shopping center, com as cidades de sua área de influência. Contudo, antes é preciso explorar alguns elementos que aparecerão na mesma, a fim de tornar mais elucidativa razão dessa sistematização de dados. No que se refere às relações entre a cidade de porte médio e aquelas que elas polarizam, nos baseamos na publicação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Regiões de Influência das Cidades (2007), que apresenta a nova hierarquia dos centros urbanos, bem como a delimitação das regiões de influência associadas a cada um deles. Esta publicação é uma obra que dá seqüência à publicação de estudos anteriores, realizados por esse mesmo instituto, mais precisamente nos anos de 1972, 1987, e 2000. O maior interesse destes trabalhos é mapear as regiões e os fluxos interurbanos que as definem, de modo a permitir uma visão da evolução da rede urbana no período (IBGE, 2007). 31 A importância deste estudo é a atualização da investigação das mudanças que estão ocorrendo na ultima década, Assim, a introdução de novas tecnologias e alterações nas redes técnicas, o aprofundamento da globalização da economia brasileira e o avanço da fronteira de ocupação imprimiram modificações marcantes no território, o que indica a oportunidade de atualizar-se o quadro das regiões de influência das cidades. (IBGE, 2007). Na mesma perspectiva, no seu livro A urbanização brasileira, Santos (1996) destaca o momento histórico em que a construção ou reconstrução do espaço se dá com um crescente conteúdo de ciência, de técnica e de informação. Trata-se do desenvolvimento do meio técnico científico informacional, que neste período, dá-se através do novo desenho da configuração territorial, da produção material e de novas formas econômicas, nova divisão territorial do trabalho e a informatização do território. (SANTOS, 1996 p.37). Assim, segundo Dias (2005) o avanço da divisão técnica e territorial do trabalho juntamente com diversas outras modificações que marcaram o território, como o incremento nas comunicações e desenvolvimento dos meios de transporte atribuíram um novo foco à organização em redes - de produção e distribuição, de prestação de serviços, de gestão política e econômica - cujos nós são constituídos pelas cidades. Nesse contexto, “a idéia de rede [...] chama a atenção para a complexidade das interações espaciais, resultantes do conjunto de ações desencadeadas em lugares mais ou menos longínquos” (DIAS, 2005, p. 23). Podemos concluir com os apontamentos acima que, na conformação da rede urbana, a presença de uma hierarquia é bastante significativa e ela se constitui em gestão, tanto pública como empresarial, e mantém relações de controle e comando dos centros urbanos. Por outro lado, as cidades mantêm também relações horizontais, de complementaridade, que podem ser definidas pela especialização produtiva, pela divisão funcional de atividades, e pela oferta diferencial de serviços (IBGE, 2007), logo, falamos de centros de gestão do território. Estes centros caracterizam-se como “aquelas cidades onde se localizam uma grande diversidade de órgãos do Estado e sedes de empresas, a partir das quais 32 são tomadas decisões que afetam direta ou indiretamente um dado espaço”. (CORRÊA, 1995, p. 34). Estes centros apresentam também como característica uma oferta de equipamentos e serviços capazes de dotar uma cidade de centralidade – informações de ligações aéreas, de deslocamentos para internações hospitalares, das áreas de cobertura das emissoras de televisão, da oferta de ensino superior, da diversidade de atividades comerciais e de serviços, da oferta de serviços bancários, e da presença de domínios de Internet – complementa a identificação dos centros de gestão do território. (IBGE, 2007). O estudo das Regiões de Influência das Cidades 2007, com base nas redes de interação que articulam as cidades, apresenta, assim, uma matriz bastante detalhada, razão pela qual nos baseamos nele, principalmente, para a elaboração da tabela que virá por seguinte. Assim, resumidamente, a Tabela 1 conterá as cidades que atendem a dois critérios (estar no intervalo de 100 a 600 mil habitantes e apresentar shopping center), e procura reunir elementos para avaliar seus pesos regionais, razão pela qual foram contadas informações demográficas das cidades que se encontram em suas áreas de influência. Algumas informações que não foram obtidas na análise da publicação do IBGE, tal como as cidades que compõem a regiões de influência do município de Taubaté, foram obtidas em outros bancos de dados, como o da Fundação Seade. Com o auxílio de uma ferramenta do site do IBGE, o IBGE Cidades, verificamos o tamanho da população de cada uma das cidades contidas no intervalo selecionado, para somar no final e resultar no montante apresentado na quarta coluna da Tabela 1 (População da Região de Influência). A posteriori, foram realizadas pesquisas nos sites dos shopping centers visando extrair a informação de suas instalações físicas. Para isto, procuramos suas fichas-técnicas para verificar a extensão de sua ABL, e assim, após a anotação destas informações, também em uma planilha genérica do Excel, relativizarmos esses dados para inclusão na tabela. 33 TA B EL A 1 : B ra si l. Sã o Pa ul o. C id ad es d e po rt e m éd io e re gi õe s de in flu ên ci a: S ho pp in g C en te rs . 2 01 1 Ci da de p rin cip al Ou tra s c ida de s d a Re giã o de In flu ên cia (R .I. ) Po pu laç ão do m un icí pi o1 Nú m er o de cid ad es d a R .I.2 Po pu laç ão d a R. I.3 Nú m er o de S ho pp in g Ce nt er s ( SC )4 Ár ea B ru ta L oc áv el (A BL ) d os Em pr ee nd im en to s e m (m ²) Re laç ão en tre a po pu laç ão e a A BL . ( ha b. /m ²) Re nd a p er ca pi ta d a c id ad e pr in cip al5 ( em sa lár io s m ín im os ) Ci da de pr in cip al R. I. SC d a c id ad e pr in cip al (m ²) SC n a R .I ( m ²) Ci da de pr in cip al Ci da de s d a R. I. S. J. d os C am po s 62 7.5 44 35 1.5 96 .18 5 3 3 12 9.2 12 ,79 12 9.2 12 ,79 4,8 5 12 ,35 3,1 1 Ri be irã o Pr et o 60 4.6 82 53 2.4 64 .97 1 3 5 11 8.8 46 ,00 15 2.5 38 ,56 5,0 9 16 ,15 3,5 7 Ba rre to s 11 2. 10 2 1 17 .2 00 ,0 0 Fr an ca 31 8. 64 0 1 16 .4 92 ,5 6 So ro ca ba 58 6.6 25 43 1.7 73 .43 7 2 4 52 .05 3,0 0 91 .05 3,0 0 11 ,00 19 ,47 2,9 5 Ita pe tin ing a 14 4. 41 6 1 17 .0 00 ,0 0 Itu 15 4. 14 7 1 22 .0 00 ,0 0 Sa nt os 41 9.7 57 19 1.6 38 .42 4 3 6 55 .44 5,0 0 86 .00 6,5 1 7,5 7 19 ,05 4,8 0 Sã o Vi ce nt e 33 2. 44 5 1 21 .0 00 ,0 0 Gu ar ujá 29 0. 75 2 2 9. 56 1, 51 S. J. d o Ri o Pr et o 40 8.4 35 10 2 2.2 29 .70 8 2 3 53 .20 0,0 0 73 .20 0,0 0 7,6 7 30 ,46 3,3 8 Ar aç at ub a 18 1. 57 9 1 23 .0 00 ,0 0 Ju nd iaí 37 0.1 26 8 81 1.9 44 2 2 39 .40 0,5 2 39 .40 0,5 2 9,3 9 20 ,60 3,6 3 Pi ra cic ab a 36 4.5 71 16 78 4.9 49 1 2 27 .80 0,0 0 43 .23 0,7 0 13 ,11 18 ,15 3,0 1 Ri o Cl ar o 18 6. 29 9 1 15 .4 30 ,7 0 Ba ur u 34 3.9 37 27 90 8.0 94 1 1 19 .37 2,0 0 19 .37 2,0 0 17 ,75 46 ,87 3,2 8 Fr an ca 31 8.6 40 17 59 4.5 89 1 1 16 .49 2,5 6 16 .49 2,5 6 19 ,32 36 ,05 2,3 8 Ta ub at é 27 8.6 86 9 55 7.1 97 1 1 27 .63 8,7 1 27 .63 8,7 1 10 ,08 20 ,16 3,0 4 Li m eir a 27 6.0 22 3 33 2.8 52 1 1 19 .41 3,5 4 19 .41 3,5 4 14 ,21 17 ,14 2,4 4 Ma ríl ia 21 6.7 45 43 80 1.9 86 2 2 24 .11 9,8 6 24 .11 9,8 6 8,9 8 33 ,25 2,7 7 Ar ar aq ua ra 20 8.6 62 17 56 4.4 66 1 1 12 .57 5,0 0 12 .57 5,0 0 16 ,59 44 ,88 2,9 1 P. P ru de nt e 20 7.6 10 56 87 7.4 57 2 2 31 .84 4,1 7 31 .84 4,1 7 6,5 1 27 ,55 3,1 7 Ri o Cl ar o 18 6.2 99 5 24 3.2 07 1 1 15 .43 0,7 0 15 .43 0,7 0 12 ,07 15 ,76 3,1 0 Ar aç at ub a 18 1.5 79 43 74 2.6 90 1 1 23 .00 0,0 0 23 .00 0,0 0 7,8 9 32 ,29 3,3 2 Ita pe tin in ga 14 4.4 16 6 23 2.1 19 1 1 17 .00 0,0 0 17 .00 0,0 0 8,4 9 13 ,65 2,1 5 Fo nt e: (1 ) e (3 ) IB G E C ID A D E S 2 01 1, (2 ) IB G E R E G IC 2 00 7, (4 ) D ad os o bt id os n os s ite s do s em pr ee nd im en to s, (5 ) Fu nd aç ão S E AD E. D ad os re fe re nt es a o an o 20 00 , d o m un ic íp io , b as ea do e m s al ár io s m ín im os O rg an iz aç ão : A nd ré F el ip e V ila s de C as tro 34 A busca pela ABL de cada empreendimento deu-se de forma variada, pois alguns sites não disponibilizam esses números no quadro de ficha-técnica do shopping center, como é o caso do Marília Shopping, que nos convidou a buscar essa informação no site da administradora do empreendimento, a AD Agência de Desenvolvimento de Shopping Centers. Também como um importante auxílio na busca de informações sobre a ABL dos empreendimentos, contamos com informações da BRMALLS, Multiplan, General Shopping e Ancar Ivanhoe, empresas gerenciadoras e administradoras que mantém, em seus sites na Internet, informações atualizadas da ficha-técnica de seus empreendimentos. Na análise da Tabela 15, podemos ver que a distribuição de shopping centers nas cidades médias de porte médio paulistas é bastante variada, deixando clara a presença de cidades que apresentam somente um único empreendimento, e de outras que são dotadas de mais de um empreendimento na sua estrutura urbana. Deste modo, organizamos as Tabelas 2 e 3, para uma melhor compreensão das dinâmicas, separando as cidades pela quantidade de empreendimentos. Tabela 2: Brasil. São Paulo. Cidades de porte médio, quantidade de empreendimentos, população do município e área bruta locável: Shopping Centers. 2011 Cidade População do município (2010) Número de Shopping Centers Área Bruta Locável (ABL) do empreendimento (m2) Piracicaba 364.571 1 27.800,00 Bauru 343.937 1 19.372,00 São Vicente 332.445 1 21.000,00 Franca 318.640 1 16.492,56 Taubaté 278.686 1 27.638,71 Limeira 276.022 1 19.413,54 5 Em relação à Tabela 1, ressaltamos que, na cidade de Sorocaba, há três empreendimentos, o Esplanada Shopping, o Villaggio Shopping e o Sorocaba Shopping, porém este último, após muitas insistências, não nos informou sua área bruta locável. De igual modo, na cidade de São José do Rio Preto, o Plaza Avenida Shopping também não nos forneceu sua ABL. 35 Araraquara 208.662 1 12.575,00 Rio Claro 186.299 1 15.430,70 Araçatuba 181.579 1 23.000,00 Itu 154.147 1 22.000,00 Itapetininga 144.416 1 17.000,00 Barretos 112.102 1 17.200,00 Fonte: IBGE CIDADES 2011, IBGE REGIC 2007 e sites dos empreendimentos Organização: André Felipe Vilas de Castro A Tabela 2 contém as 12 cidades que apresentam na sua morfologia apenas um empreendimento. São cidades com variado tamanho populacional, cujo destaque fica com duas cidades: Piracicaba, apresentando a maior população do grupo (364.571 habitantes) e a maior área bruta locável (27.800,00m²), relativa ao Piracicaba Shopping; Araraquara, com a menor área bruta locável desse rol de cidades, perfazendo 12.575,00m² do Shopping Jaraguá Araraquara, ainda que haja cidades bem menores com ABL maiores, como é o caso de Rio Claro, Araçatuba, Itu, Itapetininga e Barretos. Em seguida, apresentamos a Tabela 3, referente às cidades que apresentam mais de um empreendimento em sua estrutura urbana. Tabela 3: Brasil. São Paulo. Cidades de porte médio, quantidade de empreendimentos, população do município e área bruta locável: Shopping Centers. 2011 Cidade População do município Número de Shopping Centers Área Bruta Locável (ABL) de cada empreendimento (m2) S.J. dos Campos 627.544 3 129.212,79 Center Vale Shopping 47.462,79 Vale Sul Shopping 54.850,00 Shopping Colinas 26.900,00 Ribeirão Preto 604.682 3 118.846,00 Novo Shopping 48.000,00 36 RibeirãoShopping 46.846,00 Shopping Santa Úrsula 24.000,00 Sorocaba 586.625 2 52.053,00 Explanada Shopping 44.453,35 Villàgio Shopping 7.600,00 Santos 419.757 3 55.445,00 Praiamar Shopping 40.000,00 Miramar Shopping 10.245,00 Shopping Parque Balneário 5.200,00 S.J. do Rio Preto 408.435 2 53.200,00 Rio Preto Shopping 50.000,00 Praça Shopping 3.200,00 Jundiaí 370.126 2 39.400,52 Paineiras Shopping 2.372,10 Maxi Shopping Jundiaí 37.028,42 Guarujá 290.752 2 9.561,51 La Plage 3.940,57 Jequiti Shopping 5.620,94 Marília 216.745 2 24.119,86 Esmeralda Shopping 11.966,86 Marília Shopping 12.153,00 P. Prudente 207.610 2 31.844,17 Prudenshopping 21.568,00 Prudente Parque Shopping 10.276,17 Fonte: IBGE CIDADES 2011, IBGE REGIC 2007 e sites dos empreendimentos Organização: André Felipe Vilas de Castro A Tabela 3 é formada por nove municípios e faz referência às cidades que apresentam mais de um empreendimento na sua estrutura urbana. São cidades que apresentam em sua maioria, uma população considerada elevada, excetuando a cidade de Presidente Prudente, que, com os seus 207.610 habitantes, se configura a menor em tamanho populacional na Tabela 3. Relacionando a Tabela 1 com as outras duas, podemos destacar alguns pontos. Em relação à cidade de Presidente Prudente, e analisando a soma da ABL 37 de seus dois empreendimentos, Prudenshopping e Prudente Parque Shopping, resulta em 31.844,17 m², verificamos que sua ABL é maior do que a ABL de Piracicaba, o que até aí se justifica dado o número de empreendimentos, porém no quesito contingente populacional, vemos que na cidade de Piracicaba há 156.961 habitantes a mais que Presidente Prudente, essa diferença se traduz, no entanto, em um coeficiente de 13,11 hab./m² de ABL para Piracicaba e 6,51 hab./m² de ABL para Presidente Prudente. Outro destaque fica com São José dos Campos que, com os seus 627.544 habitantes, apresenta três shopping centers (Center Vale Shopping, o Vale sul Shopping e o Shopping Colinas) que somam 129.212,79 m² de ABL. Aqui cabe uma importante análise desta cidade. Tendo como referência os dados da Tabela 1, conferimos como população do município 627.544 habitantes, que na relação com a ABL dos seus três empreendimentos, resulta em um índice de 4,85 hab./m². Na mesma relação, agora com o total dos habitantes da região de influência do município, 1.596.185 habitantes, o resultado se mostra na proporção de 12,35 hab./m², índice relativamente pouco significativo, na comparação com o restante das cidades. Esses resultados mostram-nos que, mesmo tendo uma população considerável na composição do município e na sua área de influência, e uma ABL também considerável, haja vista a quantidade de shopping centers que a cidade possui, isso não resulta em um índice acentuado na relação habitante por metros quadrados de área bruta locável, revelando que é relativamente baixa a densidade resultante dessa relação. Em similitude, temos Ribeirão Preto, com uma população de 604.682 habitantes e apresentando 3 empreendimentos em seu mobiliário urbano, a relação hab./m² para a cidade é de 5,09, número bastante próximo de São José dos Campos. Agora, quando consideramos a sua região de influência, a diferença se faz mais presente, haja vista que Ribeirão Preto, ainda que possuindo um maior número de habitantes nas cidades que compõem sua região de influência (são 53 municípios contra 35 de São José dos Campos), dois desses apresentam pelo menos um empreendimento, que são Barretos e Franca, o que perfaz um índice de 16,15 hab./m² de ABL na região. De lado oposto a essas duas cidades apresentadas, temos Bauru, com 343.937 habitantes no município e 908.094 habitantes juntamente com as 27 38 cidades que compõem sua área de influência. Com os 19.372,00m² de área bruta locável do Bauru Shopping, o índice para o município é de 17,75 hab./m² de ABL e de 46,87 hab./m² para a área de influência, o que a torna como a cidade que apresenta o maior índice na Tabela 1. Da mesma forma como Bauru, que se mostra com um grande coeficiente de hab./m² de área bruta locável, temos a cidade de Araraquara, que com os 208.662 habitantes para o município, 564.466 habitantes para a sua área de influência e 12.575,00 metros quadrados de área bruta locável do Shopping Jaguará Araraquara, perfaz o índice de 16,59 hab./m² para o município e de 44,88 hab./m² para toda a sua área de influência. É preciso atentar que a oferta de metros quadrados para essas duas cidades apresentadas é proporcionalmente mais baixa para a quantidade de habitantes tanto do município, como de toda a sua área de influência. Cabe frisar que, nos casos de Bauru e Araraquara, seus coeficientes são bastante próximos haja vista a proporção que se segue dos seus números, ou seja, a cidade de Bauru apresenta maior contingente populacional e o seu empreendimento se mostra maior em área bruta locável. Atentando para o caso de Araraquara, o fato se evidencia da mesma forma, com um número menor de cidades na sua área de influência e menor área bruta locável do Shopping Jaraguá Araraquara o resultado se mantém em proporções, porém menor quando comparado com o do Bauru Shopping. O que temos que tornar visível é que as cidades que apresentam mais de um empreendimento são geralmente as que evidenciam uma menor relação hab./m², como é o caso de São José dos Campos (4,85), Ribeirão Preto (5,09), Santos (7,57) e São José do Rio Preto (7,67). Para as cidades que apresentam um único shopping center, os índices são relativamente maiores, algo que pode ser percebido quando analisamos a Tabela 1. Porém, não podemos fazer generalizações, há casos como os das cidades de Araçatuba (7,89), Itapetininga (8,49) e Taubaté (10,8) que se enquadram na referência acima, mas dado o tamanho populacional e a metragem da ABL dos seus empreendimentos, têm índices comparáveis com as cidades de maior número de shopping centers. Se retomarmos a Tabela 1, notaremos que as cidades que apresentam um alto índice demográfico por metro quadrado de área bruta locável são aquelas que 39 apresentam geralmente, apenas um empreendimento na sua composição urbana, onde há uma maior concentração populacional para pouca metragem destinada às lojas. Ainda em relação às inúmeras comparações que podemos detalhar com os resultados apresentados pela Tabela 1, uma que merece destaque é a relação entre o índice dos habitantes/área bruta locável pela renda per capita, que representamos no Gráfico 3. Gráfico 3: São Paulo. Cidades de porte médio, relação entre habitantes e área bruta locável por renda per capita: Shopping Centers. 2011 Fontes: Fundação Seade e IBGE Cidades Organização: André Felipe Vilas de Castro Segundo a Fundação Seade (2011), a renda per capita refere-se à soma das rendas das pessoas residentes nos domicílios, dividido pelo total dessas pessoas. É um indicador importante, porém não pode ser tomado com um índice absoluto, para não esconder algumas desigualdades. Na observação do Gráfico 3, percebemos que as cidades que evidenciam um baixo índice de renda per capita, Franca (2,38) e Limeira (2,44), são as mesmas que, de modo inverso, apresentam uma alta relação entre a hab./m² de ABL, são cidades que apresentam apenas um empreendimento na sua composição urbana, 40 justificando de certo modo, a alta concentração populacional por metro quadrado de ABL. Além disso, são cidades de pouca importância regional, pois a centralidade interurbana é exercida por outras cidades de maior importância (Ribeirão Preto e Campinas, respectivamente). Para o caso inverso, de cidades que apresentam uma alta renda per capita, uma possível análise para essa constatada relação deve-se ao fato da importância econômica que a cidade desempenha no contexto na qual está inserida. Vejamos que as cidades como Santos (4,80), Jundiaí (3,63) e Ribeirão Preto (3,57) são as que apresentam o maior índice de renda per capita. Justamente, são as mesmas cidades que apresentam mais de um empreendimento na sua composição urbana, e que nos municípios onde exercem suas áreas de influência, também se fazem presentes estes tipos de centros comerciais e de serviços. Nesse caso, Santos desponta na frente com o total de seis empreendimentos, três em seu núcleo urbano, outros dois em Guarujá e um em São Vicente. Seguindo a tendência há Ribeirão Preto, com cinco empreendimentos, três na própria cidade, um em Barretos e outro em Franca. Para a escolha das cidades que seriam investigadas no estudo de campo desta pesquisa, partiu-se de uma criteriosa análise da Tabela 16. Analisando tal tabela, procuramos observar as cidades que evidenciaram maiores contrastes em seus índices. O destaque ficou com São José dos Campos, com 4,85 hab./m², considerando-se a população do município e 12,35 hab./m², considerando-se a população de toda sua região de influência pela soma da metragem da área bruta locável do Center Vale Shopping, Vale Sul Shopping e Shopping Colinas. Outro destaque é o caso do município de Bauru que, ao contrário, apresentou índices relativamente altos quando comparados com os outros municípios presentes na Tabela 1. Seus números correspondem a 17,75 hab./m² de área bruta locável do 6 Convém salientar que para a elaboração da mesma foram despendidos vários dias, uma vez que, para elencar todas as cidades assim como todos os empreendimentos destas, com suas respectivas áreas bruta locáveis, houveram contratempos. Muitos shopping centers possuem a ABL em suas fichas-técnica, disponível em sítios da Internet, já outros que não possuem a informação, nos encaminhou para a busca nos sítios da Internet de suas incorporadoras, nos quais geralmente havia a informação pretendida. Em outras situações, foi inevitável estabelecer contato com o próprio empreendimento, o que nos requereu paciência dado a burocracia para ceder a informação. Inúmeros contatos foram feitos com os shoppings centers de Marília, Araçatuba, São José do Rio Preto, Sorocaba, Santos, Guarujá e Jundiaí, e ainda ficaram faltando informações de um empreendimento em Sorocaba e outro em São José do Rio Preto, como já foi comentado. 41 Bauru Shopping para seus munícipes, e a 46,87 hab./m² para os habitantes das cidades da área de influência. Esses números despertaram nosso interesse na busca de investigar, nessas duas cidades, qual o papel que o shopping center exerce quando verificada sua existência nas cidades, avaliando, assim, se eles reforçam a centralidade principal ou se criam novas centralidades. 42 3.2. Shopping centers em São José dos Campos e Bauru A realização de visitas a campo é de extrema importância para a qualidade de uma pesquisa. Desde a coleta de informações, entrevistas, registros de imagens e todo um estudo empírico da área a ser pesquisada, o que compõe o que chamamos de caderneta de campo, têm importância ímpar para se avaliar a veracidade das informações, assim como para se alcançar uma maior aproximação com o tema abordado, algo que torna o estudo ainda mais criterioso. Abaixo, apresentamos o mapa de localização de São José dos Campos e Bauru, de forma a aproximar o leitor da localização de cada município no Estado de São Paulo. Mapa 1 Localização dos municípios de Bauru e São José dos Campos 43 Depreende-se com a observação do Mapa 1 que os municípios apresentam localizações distintas no território de São Paulo, assegurando a São José dos Campos uma forte aproximação com o Estado de Minas Gerais, e à Bauru a grande número de cidades em sua volta. Desta forma, julgamos de suma importância a realização de estudos de campo nos empreendimentos estudados por esta pesquisa. A seguir, descrevemos os procedimentos que adotamos desta etapa da pesquisa e, por meio deles, oferecemos a caracterização dos shopping centers existentes nas duas cidades estudadas. As visitas a campo à cidade de São José dos Campos foram realizadas nos dias 12, 13 e 16 de julho, respectivamente na terça-feira, quarta-feira e no sábado, para a caracterização do Center Vale Shopping, Shopping Colinas e Vale Sul Shopping, bem como para a coleta de registros fotográficos e a pesquisa de ocorrência dos veículos das cidades vizinhas no estacionamento dos empreendimentos, buscando, na realização deste levantamento de dados, efetuá-lo em horário uniforme, sempre compreendendo entre as 14h00 e as 19h00. Especificamente, no dia 12 de julho de 2011, iniciamos o trabalho no Center Vale Shopping, às 14h30 e terminamos às 15h50, computando, neste dia, 737 veículos. No mesmo dia, no Shopping Colinas, no período compreendido entre 16h15 e 17h13, quantificou-se 468 veículos7. Finalizado o Shopping Colinas, deu-se inicio ao Vale Sul Shopping, das 17h20 às 18h30, cujo levantamento, no total, contabilizou 858 veículos. No dia 13 de julho de 2011 foi realizado o mesmo trajeto, cuja pesquisa teve inicio pelo Center Vale Shopping das 14h05 até as 15h43 totalizando 702 veículos. Já no Shopping Colinas, nesse mesmo dia, entre 16h23 e 17h00 foram quantificados 461 veículos, número esse considerado baixo se comparado aos 823 veículos presentes no Vale Sul Shopping das 17h27 às 19h14. Como previsto, no sábado o fluxo de veículos foi considerável, o que ocupou mais tempo para o levantamento do campo: no Center Vale Shopping8, no período 7 Houve, neste dia, problemas com a equipe de segurança do empreendimento que nos abordou questionando a realização do levantamento de dados, o que logo foi solucionado, por meio da apresentação de um ofício institucional, da UNESP, com assinatura da orientadora, justificando o motivo daquele trabalho. 8 Ainda no sábado, seguranças do Center Vale Shopping nos solicitaram explicações sobre o trabalho que fazíamos no estacionamento, fomos abordados por dois vigilantes que nos atenderam da maneira mais educada possível. Dadas as explicações, encaminhou-se o que estava sendo feito no estacionamento para a gerência, juntamente com o ofício da pesquisa, o que demorou cerca de 30 minutos. Passado esse tempo, fomos liberados para continuar a pesquisa, que já estava em estágio final. 44 compreendido entre 14h20 e 16h10, foram 982 veículos contabilizados, número esse maior que os 877 contabilizados no Shopping Colinas entre 16h33 e 17h57 e menor que os 1055 veículos estacionados no Vale Sul Shopping no período compreendido entre 18h28 e 20h35, tornando neste dia o trabalho mais extenso, o que nos fez adentrar em um horário não programado9. Nos dias 18 e 19 de julho de 2011 foi feito um levantamento de imagens e anotações dos arredores dos empreendimentos e, para tanto, foi adquirido um mapa da cidade para melhor caracterizar os bairros e poder apreender a localização dos mesmos na malha urbana do município. Ainda no dia 19 de julho de 2011, foi agendado com o senhor Douglas, funcionário do Departamento de Planejamento da Prefeitura Municipal de São José dos Campos, uma visita com a finalidade de levantar dados relativos à Planta Genérica de Valores da cidade. Solícito, o mesmo cedeu o caderno contendo os valores, deixando-nos a vontade para o levantamento dos dados. Para o levantamento de imagens, percorremos os arredores dos shopping centers a pé, com lápis, papel, prancheta e câmera fotográfica a fim de extrair o máximo de detalhes. Para tanto, no Center Vale Shopping foi feito um levantamento de dados na Rua Moscou, Rua Viena, Avenida Lisboa, Avenida, Deputado Benedito Matarazzo, Rua República do Iraque e República do Líbano, todas essas componentes do Jardim Oswaldo Cruz. No levantamento de imagens do Shopping Colinas, estas foram obtidas percorrendo suas ruas adjacentes, como a Avenida Doutor Eduardo Cury, Avenida Major Miguel Naked e nas pontes Paulo Leivas Macalão e Leonardo Sunimitsu Suzuki, que compõem uma rotatória que liga as Avenida São João e a Avenida Cassiano Ricardo, onde também foram obtidas imagens. Foi através de uma caminhada pela Avenida Andrômeda e pela Avenida Cidade Jardim que pudemos registrar algumas imagens do Vale Sul Shopping, ainda que poucas, dado o horário já avançado. O material colhido durante essas campanhas a São José dos Campos foi devidamente armazenado e compôs aquilo que chamamos de caderneta de campo, de fundamental valor para a caracterização desses centros de compras. 9 O tempo demandado para o levantado varia um pouco de shopping para shopping e de dia para dia, em função de tamanho do estacionamento, número de veículos, dificuldades de verificação etc. O tempo registrado é o que foi necessário para a contagem do total de veículos estacionados. 45 3.2.1 - Center Vale Shopping O CenterVale Shopping foi inaugurado em 1987, mais precisamente no dia 28 de maio daquele ano. Essa iniciativa foi considerada bastante ousada para a época, pois se estabelecia ali o primeiro shopping center da região do Vale do Paraíba. Foto 1 Fachada do Center Vale Shopping Fonte: Prefeitura Municipal de São José dos Campos Localizado na Avenida Deputado Benedito Matarazzo, nº 9403 e apresentando como ruas adjacentes ao seu terreno a Rua República do Iraque e a Rua Viena, no Jardim Augusta, a base arquitetônica utilizada para sua construção foi “aproveitada” de uma antiga fábrica que ali se localizava, a Ericsson, logo, seu formato inicial era bastante similar a uma grande caixa horizontal, algo que permanece até hoje, excetuando as reformas que ocorreram durante os anos seguintes, nos seus períodos de expansão, que foram o modernizando, deixando-o mais “contemporâneo”, do ponto de vista arquitetônico. 46 Foto 2 Vista aérea do Center Vale Shopping Fonte: Google Maps Seu surgimento representou um processo de modernização que acontecia em São José dos Campos, sob o então mandato do prefeito Antonio José Mendes Faria. Essa imagem de inovação auxiliou a consolidação do shopping center, que se tornou rapidamente bem sucedido como um empreendimento imobiliário comercial e absorvido por toda a cidade, tornando-se um novo lugar para as compras, lazer e diversão. O CenterVale Shopping conta com 190 lojas e 38 quiosques fixos espalhados pelos seus corredores bem iluminados que, em geral, são utilizadas lâmpadas claras, de diversos tamanhos, se apresentando em tubos fluorescentes, spots e arranjos luminosos. Geralmente, nos corredores, os tubos fluorescentes são em grande maioria, já nas praças de alimentação e nos lounges, a iluminação prima por utilizar, quando dia, a iluminação natural advinda dos vidros sobrepostos no teto, à noite, o que sobressai é o facho artificial de luz. 47 Foto 3 Interior do Center Vale Shopping Fonte: http://www.centervale.com.br Essa estratégia de utilização dos vidros nos tetos para a captação da luz exterior é justificada pela economia de energia elétrica e pelo seu efeito estético bastante agradável, uma vez que no planejamento do interior, a idéia da não distinção do dia e da noite é levada em conta para a supressão do tempo, e indução à compra (ROSSARI, 1992, p. 120). Ainda, em relação os seus corredores, no CenterVale Shopping utiliza-se vegetação natural e artificial, em vasos dispostos ao lado de confortáveis sofás de espera estrategicamente colocados, em geral, na frente de lojas âncoras, como é o caso da C&A, Riachuello e Marisa. Ainda em relação à decoração, o uso de espelhos nas colunas de sustentação é bastante difundido, e este uso, além de estético, sugere a ampliação dos espaços, aumento da iluminação e a confirmação, a cada passo, do “rever-se” do individuo, confirmando a imagem que ele assume dentro do empreendimento (ROSSARI, 1992). O shopping center apresenta quatro escadas, sendo estas, duas rolantes e há uma outra que é de uso “exclusivo” da C&A, haja vista esta loja possuir um espaço no segundo piso e outro no térreo. Entre as escadas rolantes, posicionadas em paralelo, há uma fonte de água que apresenta uma pequena cascata. 48 Seus corredores apresentam confluência para a praça de alimentação, onde há aproximadamente 972 lugares10 e várias opções de restaurantes, desde lanches rápidos, como as redes de fast food, (seis no total), a restaurantes por quilo. Seus 47.462,79 metros quadrados de área bruta locável são distribuídos por dois pisos e apresentam variados tipos de lojas que vão desde as que trabalham com grifes sofisticadas até lojas com um apelo mais despojado. São seis lojas âncoras, composta pela Pernambucanas, C&A, Di Cicco, Lojas Americanas, Renner e a Riachuelo, atraindo assim uma gama de consumidores bastante diversa. As lojas âncoras são indispensáveis para um bom “funcionamento” do empreendimento, ou seja, nas palavras de Frugóli Jr.(1992): No nível interno [de funcionamento] ao shopping center, na indução dos fluxos e da compra, o mix se baseia na localização das lojas- âncoras e na necessidade de evitar pontos mortos em termos de circulação. Nesse processo de organização espacial são importantes as áreas de alimentação e as áreas de lazer, cuja função principal é gerar fluxo para o shopping center. (FRUGOLI JR, 1992, p.53). O papel das lojas âncoras a que Frugóli Jr. (1992) se refere é a importância destas na atração de um público consumidor para o empreendimento, ou seja, pela facilidade de se encontrar de tudo, pela organização interna e pela oferta e o preço “tabelado”, assim, essas lojas são fontes de atração, e a sua organização no espaço físico do shopping center é a garantia de geração de fluxos, ou seja, são localizadas estrategicamente para a maximização da circulação, não deixando nenhum espaço fora do contexto. De maneira resumida, para Pintaudi (1989, p.42), as lojas âncoras “são geradoras de tráfego e que auxiliam os empreendedores a alugar os demais locais”. O papel das lojas âncoras é bastante peculiar, haja vista o poder de atração que as mesmas possuem em um empreendimento. Igualmente temos a área de lazer, um espaço que também é gerador de circulação, e estrategicamente localizado para tal, assim sendo, CenterVale Shopping conta com 814,2411 m² de área destinada a um parque infantil, com jogos eletrônicos e outros brinquedos. Ainda completa sua área de lazer as 6 salas de 10 Dados extraídos do site do empreendimento. 11 Dado extraído do site do empreendimento 49 cinema da franquia Cinemark, que está localizado ao lado da praça de alimentação. Esta empresa é líder em rede de cinema no Brasil. Atuante no Brasil, desde 1997, possui 446 salas em 54 complexos distribuídos em 30 cidades no país. De origem norte-americana, está presente também em outros países como México, Chile e Argentina. Acreditamos que o Center Vale Shopping ainda possua um significado diferente dos outros dois shopping centers que São José dos Campos possui, o Colinas e o Vale Sul Shopping, por se tratar do primeiro que se estabeleceu na cidade e por seu acesso bastante facilitado, situando-se às margens da Rodovia Presidente Dutra, no sentido São Paulo. Nas fotos abaixo, (foto 4 e 5) buscamos aproximar o leitor ao contexto da localização do empreendimento, bastante próximo da rodovia, o que assegura uma circulação e trafego intenso de frequentadores. Foto 4 Rua Deputado Benedito Matarazzo Fonte: André Felipe Vilas de Castro. Trabalho de Campo 2011 50 Foto 5 Vista áerea do empreendimento Fonte: http://www.centervale.com.br Seu estacionamento possui 1.93612 vagas para automóveis, que estão espalhadas por todo seu terreno que possui um prédio - garagem de três pavimentos, sendo o térreo, um pavimento acima e outro no subsolo. Ainda em seu terreno, apresenta localizado junto ao empreendimento a afiliada da Rede Globo, a Vanguarda TV, emissora local para o Vale do Paraíba e Região Bragantina. A administração do Center Vale Shopping é dirigida pela Ancar Ivanhoe, uma empresa formada entre associação, em 2006, entre a Ancar, uma empresa brasileira atuante com pioneirismo no mercado de administração de shopping centers desde 1972, e a Ivanhoe Cambridge, esta de capital canadense que é líder mundial no ramo deste tipo de empreendimento e de imobiliário em geral, proprietária de mais de 80 empreendimentos na América do Norte, Europa e Ásia13. Esta empresa administra e/ou detém a participação atualmente de 16 shopping centers nas cinco regiões do país, se configurando entre as cinco maiores empresas deste setor no Brasil. 12 Dado extraído do site do empreendimento 13 Dados extraídos do site do empreendimento 51 Sua ação no CenterVale Shopping é datada desde 2008, com a sua aquisição e em julho ainda deste ano, assumindo sua gestão. Informações como as relativas à composição do capital que gerou o Center Vale Shopping e a rede Cinemark indicam como as grande empresas estrangeiras e internacionais, em seu processo de globalização, fazem escolhas locacionais que contemplam cidades de porte médio, nas duas ou três últimas décadas. 3.2.2 - Shopping Colinas Localizado no Jardim das Colinas, mais precisamente na Avenida São João, número 2200, o Shopping Colinas surgiu em 1997 em uma área caracterizada pela presença de segmentos de melhor poder aquisitivo na cidade de São José dos Campos. Nas suas proximidades, há condomínios residencias de alto padrão, como o Collinas, o Aquarius e o Aquarius II, assim como outros em implantação. Para se ter uma idéia, segundo a Planta Genérica de Valores 2009, anexo ao Boletim do Município número 1930 de 18 de dezembro de 2009, o metro quadrado da Avenida São João é de R$ 438,00, um número superior ao da Avenida Deputado Benedito Matarazzo onde se localiza o Center Vale Shopping, que é de R$ 346,00 o m². Em referência à sua localização, o seu entorno apresenta ainda escolas particulares, destinada aos filhos dos moradores dos conjuntos condominiais; hotéis, como o Ibis, da rede francesa Accor; concessionária de veículos; restaurantes; um hipermercado, o Extra14, pertencente ao Grupo Pão de Açúcar e terrenos vazios, possibilitando-nos supor a prática da especulação imobiliária. Segundo o site da empresa Lumine, gestora do empreendimento, é uma área de forte expansão imobiliária, um local privilegiado e de alto poder aquisitivo. 14 Conhecidos antigamente pelo nome Jumbo foram introduzidos no Brasil pelo grupo Pão de Açúcar em 1971. Grandes lojas que comercializavam produtos alimentícios e não-alimentícios. Em 1990, antigos hipermercados Jumbo, em São Paulo, Paraná e Belo Horizonte, são adaptados à nova filosofia e passam a se denominar Extra. 52 Foto 6 Proximidade do Shopping Colinas com o córrego do Vidóca Fonte: André Felipe Vilas de Castro. Trabalho de Campo 2011. É possível notar na foto 6 a existência de um córrego, o Vidóca, ele percorre toda uma avenida que, ao lado do empreendimento, chama-se Avenida Doutor Eduardo Cury, mas assim que passa pela rotatória formada por duas pontes, a Ponte Paulo Leivas Macalão e a Ponte Leonardo Sunimitsu Suzuki, esta passa a se chamar Avenida Jorge Zarur, se estendendo até a Rodovia Presidente Dutra, onde nesta parte se integra a rodovia por um anél viário, comportando-se como acesso importante que direciona o trâfego tanto para quem quer adentrar a cidade, como para sair, seja para o sentido Rio de Janeiro, como São Paulo. Procuramos, com o auxílio de registros fotográficos, mostrar a área em qual está situado o Shopping Colinas, desta forma, com a imagem aérea obtida na Internet, podemos avaliar sua adjascência na foto 7, e pela foto 8, obtida por nós, a sua aproximação com o córrego do Vidoca. Essa imagem também nos proporciona a visão de sua fachada, já que não foi possivel a obtenção de imagem do empreendimento dentro de sua área. 53 Foto 7 Vista aérea do Shopping Colinas Fonte: Google Maps Foto 8 Imagem do Shopping Colinas registrada da Ponte Paulo Leivas Macalão Fonte: André Felipe Vilas de Castro. Trabalho de Campo 2011 54 A área na qual está situado o Shopping Colinas é notadamente utilizada por veículos, não havendo um fluxo de pessoas que expresse relativo volume, embora sejam avenidas que apresentem faixas de pedestre, semáforos para veículos e transeuntes e toda uma sinalização que sugere segurança a todos os passantes. A rotatória formada pelas duas pontes acima citadas recebe até 10 mil veículos por hora, conformando-se como um dos pontos mais movimentados da cidade, desta forma, haverá em poucos meses a instalação de semáforos inteligentes, com tecnologia trazida da Alemanha15, “são semáforos que têm a capacidade de contar o fluxo de veículos em todas as pontas de cruzamento e fazer, automaticamente, os ajustes do tempo do semáforo” (Revista OVale, 2011, p. 26). Ainda, segundo o secretário de transportes, além deste local, há estudos de implantação destes semáforos nas proximidades do Center Vale Shopping e do Vale Sul Shopping, áreas que segundo ele, são dotadas de maiores fluxos. Foto 9 Shopping Colinas, ao fundo, registrado da Avenida Cassiano Ricardo Fonte: André Felipe Vilas de Castro. Trabalho de Campo 2011 15 Notícia fornecida pela revista OVale, em entrevista com o secretário de Transporte Anderson Farias Ferreira. Edição especial de comemoração do aniversário da cidade de São José dos Campos, Julho. 2011 – ano 1, número 1. Shopping Colinas 55 Como observado na foto, a Avenida Cassiano Ricardo é uma via bastante larga, com três faixas de rolagem, possibilitando um trânsito fluído; arborizada, essa via dá acesso ao Jardim das Colinas, Bosque Imperial, Jardim Aquarius, com os seus condomínios residencias, e o Parque Residencial Aquarius. Ao longo dessas vias, ainda há terrenos ociosos, o que pode propiciar a especulação imobiliária. Segundo o mapa de zoneamento de São José dos Campos, o setor sobre o qual nos debruçamos à analise, o do Shopping Colinas e todo o seu entorno, é considerado uma Zona de Urbanização Controlada 4, ZUC-4 e, mais especificamente, para a parte de conjuntos residencias que citamos, é considerada Zona Residencial 1, assim como notamos, não há presença de atividade comercial, excetuando a parte após o Córrego do Vidoca, largamente caracterizada pelos inúmeros estabelecimentos de atividades comercias. Seguem-se fotos 10 e 11 que bem ilustram a diferença de uso e ocupação dessa área. Foto 10 Avenida São João Fonte: André Felipe Vilas de Castro. Trabalho de Campo 2011 56 Foto 11 Avenida São João Fonte: André Felipe Vilas de Castro. Trabalho de Campo 2011 Analisando as fotos acima, é possível notar a predominância de estabelecimentos com dois pavimentos, destinados ao comércio de veículos, móveis, consultórios médicos e serviços em geral. Já na Av. Cassiano Ricardo, percebemos a predominância dos imóveis residencias. A presença de residências nesta avenida é notória, são casas de alto valor que configuram pertencentes aos condomínios fechados existentes naquela porção da cidade, nas fotos, vemos os telhados que primam pela imitação de casas norte- americanas. Considerada como Zona Residencial 1, além de apresentar áreas condominiais horizontal, é também marcante a presença das verticais, como bem ilustram as fotos 12 e 13. 57 Foto 12 Avenida Cassiano Ricardo Fonte: André Felipe Vilas de Castro. Trabalho de Campo 2011 Foto 13 Avenida Cassiano Ricardo. Predominância de residencias unifamiliares Fonte: André Felipe Vilas de Castro. Trabalho de Campo 2011 58 Na foto 14 percebemos o uso da área perto do Shopping Colinas, como a presença do hipermercado Extra, pertencente ao grupo Pão de Açúcar, evidenciando uma grande valorização no entorno do empreendimento. Foto 14 Vista da Av. Cassiano Ricardo a partir da Av. José Longo Fonte: André Felipe Vilas de Castro. Trabalho de Campo 2011 Pelo registro da foto 14, confirmamos a presença de um grande hipermercado, fortalecendo o papel de atração e valorização que o Shopping Colinas exerce na área, o que se verifica na constatação da planta genérica de valores de 2010 da cidade, cujo m² da Av. Jorge Zarur, perpendicular à Av. São João, é de R$ 323,00 reais. O interior do Shopping Colinas segue o padrão já verificado em outros shopping centers, seus 26.900 m² de área bruta locável são distribuídos em dois pisos, que têm acesso facilitado por 4 escadas rolantes e três elevadores. Medindo o total de 80.858 m² de terreno, sua área predial é de 48.500 m², sendo as lojas âncoras as detentoras de 17.500 m² de todo este montante. São ao todo nove lojas desse porte, Cinemark, Americanas Express, Companhia Athlética, Shopping Colinas 59 Pão de Açúcar, Marisa, Teatro Colinas, Dragon Bowling e o Poupatempo16. Elas estão cuidadosamente localizadas em pontos estratégicos, facilitando seu acesso e minimizando espaços vazios. A foto 15 vem a ilustrar a presença da unidade do Poupatempo no interior do shopping center. Foto 15 Poupatempo unidade São José dos Campos, situado no Shopping Colinas Fonte: http://www.poupatempo.sp.gov.br/posto_sjc Ainda que as lojas âncoras somem pontos estratégicos para atração dos consumidores, a presença de um hipermercado, o Pão de Açúcar, com acesso facilitado pelo interior do shopping center, e o Dragon Bowling, o boliche considerado, por muitos, como o melhor da região, o Shopping Colinas ainda tem em seu portfólio um Teatro e a Companhia Athlética, uma academia bastante freqüentada pelos moradores da região e considerada elitista. Com corredores amplos e bem arejados, o tenant mix17 do empreendimento é caracterizado notadamente por lojas de alto padrão, boutiques de griffes que são 16 Em 1996, o Governo do Estado de São Paulo, para facilitar o acesso do cidadão às informações e serviços públicos, implantou o Programa Poupatempo, que reúne, em um único local, um amplo leque de órgãos e empresas prestadoras de serviços de natureza pública. 17 No shopping center, há uma organização, previamente planejada, da distribuição da oferta de produtos e serviços centralizados em seu complexo, o que é chamado de “tenant mix” O “tenant mix” é uma organização especial feita durante a fase de construção do shopping center, e segue as tendências de mercado,as 60 espalhadas pelos seus corredores, denotando um empreendimento que prima pelo lazer dos moradores daquela região no qual está inserido. Nas palavras de Gaeta (1992), A medida que o shopping center foi ganhando mercado e tornou-se uma necessidade em consonância com o desenvolvimento da atividade produtiva, este foi se tornando sinônimo da função comercial [...]. E mais que isso, tem se tornado uma parte importante na “renovação” urbana, englobando, por exemplo, áreas residenciais, conjunto de escritórios e mudanças na valorização diferencial na cidade. (GAETA, 1992, p.56). É nesse conjunto de funções que este tipo de empreendimento congrega, que podemos notar que o Shopping Colinas é um centro de compras que possui, dentre todas as conveniências que este empreendimento pode oferecer, certa finalidade em especial, a de atender a região do seu entorno, mostrando o papel de centralidade interurbana que a cidade de São José dos Campos exerce. Uma praça de alimentação, oferecendo mais de 20 opções de escolha de restaurante, oito salas de cinema, hipermercado e academia de ginástica, soma-se a isso uma variedade de lojas de vestuário, acessórios para tal, joalheria, eletrônicos e 2.200 vagas para estacionar, não é difícil negar a importância do Colinas em se tornar uma opção para todos os moradores daquela região, e que a empresa que o administra, a Lumini deixa bem claro em seu site: O Shopping Colinas vem se atualizando permanentemente, sempre de forma a oferecer ao cliente