UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS - RIO CLARO EDUCAÇÃO FÍSICA A TRANSIÇÃO DA GINÁSTICA FUNDAMENTADA NOS MÉTODOS EUROPEUS DE GINÁSTICA PARA A GINÁSTICA DESPORTIVIZADA: INFLUÊNCIAS DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA POLÍCIA MILITAR DA CIDADE DE SÃO PAULO NO INÍCIO DO SÉCULO XX MARIANA TEMPONE RICCI Rio Claro 2016 MARIANA TEMPONE RICCI A TRANSIÇÃO DA GINÁSTICA FUNDAMENTADA NOS MÉTODOS EUROPEUS DE GINÁSTICA PARA A GINÁSTICA DESPORTIVIZADA: INFLUÊNCIAS DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA POLÍCIA MILITAR DA CIDADE DE SÃO PAULO NO INÍCIO DO SÉCULO XX Orientador: Laurita Marconi Schiavon Co-orientador: Letícia Bartholomeu de Queiroz Lima Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Câmpus de Rio Claro, para obtenção do grau de Bacharela em Educação Física. Rio Claro 2016 Ricci, Mariana Tempone A transição da ginástica fundamentada nos métodos europeus de ginástica para a ginástica desportivizada : influências da escola de Educação Física da Polícia Militar da cidade de São Paulo no início do século XX / Mariana Tempone Ricci. - Rio Claro, 2016 37 f. : il., fots. Trabalho de conclusão de curso (bacharelado - Educação física) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro Orientadora: Laurita Marconi Schiavon Coorientadora: Letícia Bartholomeu de Queiroz Lima 1. Ginástica. 2. História da ginástica no Brasil. 3. Esportes. I. Título. 796.41 R491t Ficha Catalográfica elaborada pela STATI - Biblioteca da UNESP Campus de Rio Claro/SP RESUMO A presente pesquisa surgiu a partir do questionamento sobre as principais influências para a transição das ginásticas de condicionamento físico, baseadas nos métodos europeus de ginástica, para as ginásticas esportivizadas, tendo em vista que o desenvolvimento da Ginástica ao longo do tempo e o seu processo de esportivização no Brasil pouco são abordados na literatura acadêmica. Foi, portanto, realizado um estudo histórico documental, principalmente a partir de imagens, tendo como fonte primária documentos disponíveis no Museu de Polícia Militar do Estado de São Paulo, destacando- se as diversas edições da Revista Militia da Força Pública. O objetivo da pesquisa foi obter dados e investigar sobre a inserção e o ensino da ginástica esportivizada na Escola de Educação Física da Polícia Militar de São Paulo, para verificar indícios e informações da influência da referida escola na esportivização da Ginástica na cidade de São Paulo, na primeira metade do século XX. Desde que a EEFPM foi oficializada, em 1910, o ensino da ginástica esteve presente, tendo em vista que seu primeiro nome foi “Curso de Esgrima e Ginástica”. A prática da ginástica tinha, desde então, o objetivo de preparação física dos militares. No decorrer dos anos, observamos que alunos que se identificavam e tinham mais habilidades para a prática passaram a realizar demonstrações de Ginástica em festas cívicas, datas comemorativas da própria Escola e da Força Pública, e para a comunidade em geral. Na década de 50 a Ginástica aparece também relacionada com o condicionamento físico das mulheres, a partir de uma preocupação estética, com o surgimento da “Secção Feminina” nas revistas analisadas. Foi apenas a partir da década de 60 que encontramos vestígios de prática da Ginástica em âmbito competitivo, quando aparecem resultados positivos de integrantes da EEFPM em competições como o “Campeonato Estímulo” e o campeonato de estreantes, ambos da Federação Paulista de Ginástica. A partir da análise dos dados observa-se que o foco da prática da Ginástica na EEFPM desde o início foi a preparação militar e as demonstrações, sendo que o processo de esportivização desta dentro da referida Escola não é claro. Palavras-chave: Ginástica; História; Esportes. LISTA DE FIGURAS Figura 1……………………………………………………………………………..…18 Figura 2……………………………………………………………………………..…18 Figura 3…………………………………………………………………………..……19 Figura 4……………………………………………………………………………..…20 Figura 5………………………………………………………………………………..21 Figura 6……………………………………………………………………….……….21 Figura 7……………………………………………………………………………..…22 Figura 8………………………………………………………………………….….…22 Figura 9………………………………………………………………………….….…23 Figura 10………………………………………………………………………………24 Figura 11………………………………………………………………………………25 Figura 12………………………………………………………………………………25 Figura 13………………………………………………………………………………26 Figura 14………………………………………………………………………………26 Figura 15………………………………………………………………………………27 Figura 16………………………………………………………………………………27 Figura 17………………………………………………………………………………27 Figura 18………………………………………………………………………………29 Figura 19………………………………………………………………………………30 Figura 20………………………………………………………………………………30 Figura 21………………………………………………………………………………30 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 5 1. GINÁSTICA E SUA REPRESENTATIVIDADE AO LONGO DA HISTÓRIA. ..... 7 2. ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA POLÍCIA MILITAR – SP ........................ 13 3. MÉTODO ................................................................................................................... 17 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 18 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 31 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 32 5 INTRODUÇÃO O desenvolvimento da Ginástica ao longo do tempo e o seu processo de esportivização no Brasil, pouco são abordados na literatura acadêmica com maior aprofundamento. Sabe-se que houve essa esportivização, porém, não há um detalhamento de como se deu essa transição e transformação dos métodos ginásticos, de um objetivo de condicionamento físico e saúde para as competições de algumas práticas. A partir do questionamento das principais influências para a transição de práticas de condicionamento para esportivas, o Laboratório de Pesquisas e Experiências em Ginásticas (Lapegi) do curso de Ciências do esporte da Faculdade de Ciências aplicadas da Universidade Estadual de Campinas/Campus Limeira, em parceria com o Grupo de Estudos e Pesquisas Pedagógicas em Ginástica (Geppegin) da Universidade Estadual Paulista/Campus Rio Claro e com a Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo/Campus Ribeirão Preto, desenvolveu uma pesquisa, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), acerca dessa temática nos clubes e instituições centenários da cidade de São Paulo, no início do século XX. As Associações Esportivas e Clubes da cidade de São Paulo serviram de base para este estudo, devido a sua importância no esporte. Algumas dessas instituições possuem Centros de Memória com alto potencial para o desenvolvimento de pesquisas na área esportiva, e muitos ainda abrangem acervos relacionados especificamente à Ginástica. Entre as associações esportivas, a Escola de Educação Física da Polícia Militar do estado de São Paulo (EEFPM) se destaca como formadora de profissionais e formadora de opinião no início do século XX. Portanto, como parte do projeto maior citado anteriormente, e na perspectiva de que o acervo histórico da EEFPM e do Museu de Polícia Militar possuem grandes informações relevantes para esta pesquisa, este estudo tem como objetivo obter dados e investigar sobre a inserção e o ensino da ginástica esportivizada na EEFPM, para verificar indícios e informações da influência da referida escola na esportivização da Ginástica na cidade de São Paulo, na primeira metade do século XX. 6 Para o desenvolvimento de tal pesquisa, foi investigado o acervo de fotos, referenciais teóricos e revistas da EEFPM e do Museu de Polícia Militar (antigo Quartel da Luz), local de fundação da Escola de Educação Física. A presente pesquisa terá então dois capítulos iniciais que embasam teoricamente os resultados e as discussões:  Primeiro capítulo: abordará a história da EEFPMSP, os primeiros passos para sua criação, a influência francesa na Força Pública do Estado, e os objetivos dessa escola.  O segundo capítulo tratará da Ginástica e sua representatividade ao longo da história. Como a ginástica se desenvolveu e foi mudando de características e objetivos, e a importância da ginástica na sociedade. 7 1. GINÁSTICA E SUA REPRESENTATIVIDADE AO LONGO DA HISTÓRIA. Os termos “Ginástica”, “Esportes” e “Educação Física” foram muitas vezes utilizados como sinônimos até próximo da década de 60 do século XX (PÚBLIO, 1998; TOLEDO, 1999). No decorrer do tempo a Ginástica vem atravessando diversos conceitos e diferentes funções, nas diferentes culturas (TOLEDO, 1999). Desde a antiguidade os exercícios físicos aparecem em diversas formas através de lutas, natação, hipismo, remo, em jogos, rituais religiosos e na preparação militar de forma geral (SOUZA, 1997). Foi neste período que a Ginástica era representada como um conjunto de atividades físicas, com objetivos médicos e morais, em diversas civilizações como as Egípcia, Indú e Chinesa (TOLEDO, 1999). Foi na Grécia, ainda na antiguidade, que surgiu o primeiro conceito de Ginástica. A prática era feita com o corpo nu e banhado a óleo (esta é também a origem da palavra Ginástica que se traduz da seguinte forma: “gymnastiké- salicet téchue; a arte de exercitar-se com o corpo nú”) e dentro de um contexto, com o objetivo de cultuar a forma física e desenvolver os homens espiritualmente ao mesmo tempo. Nesta civilização a prática do exercício físico era altamente valorizada como educação corporal em Atenas e como preparação para a guerra em Esparta (SOUZA, 1997). Na Idade Média e Idade Moderna a Ginástica que vinha sendo estruturada na Grécia é posta de lado e a atividade física se torna basicamente base para a preparação militar, sendo representada por práticas de cavalaria e manejo de armas (SOUZA, 1997; TOLEDO, 1999). As únicas representações ginásticas, principalmente femininas, se manifestavam nas danças e algumas representações circenses (TOLEDO, 1999). Desde o fim do século XVIII e concretamente no início do século XIX, houve uma preocupação em definir a função da Ginástica e sua sistematização, baseado nos estudos já efetuados por outros autores. Esta preocupação é conseqüência de uma outra: formular uma “educação de classe” (menos favorecida - operária) que atendesse aos objetivos do Estado Burguês, no sentido da manutenção da ordem e da saúde, visando a formação do bom trabalhador - disciplinado e resistente “fisicamente” às intensas e contínuas horas de trabalho, realizadas em locais precários (TOLEDO, 1999, pág. 90). 8 Foi então, a partir de 1800, no Renascimento, que surgiram as primeiras formas ocidentais de sistematização da atividade física, que mais tarde foram conhecidas como “métodos ginásticos” (ou escolas). Alemanha, Suécia, França e Inglaterra foram os principais berços destas escolas, que posteriormente foram transplantadas para outros países, como o Brasil (SOARES, 1994). Como nos elucida Soares (1994), de uma maneira geral, estes métodos, cada um com particularidades de seus países de origem, apresentavam finalidades semelhantes: regenerar a raça (devido a grande número de mortes e doenças do período); promover a saúde; desenvolver a coragem, a vontade, a força, a energia de viver (com fins para guerra e para indústria); e também, desenvolver a moral (intervindo nas tradições e costumes dos povos). Segundo Ayoub (1998, pág. 38): A abordagem científica amplamente difundida no século XIX, cuja base de sustentação era delimitada, sobretudo, pelas ciências fisicas e biológicas, fez com que a Ginástica fosse perdendo, pouco a pouco, as suas características artísticas, lúdicas e de globalidade, permanecendo cada vez mais restrita às explicações dadas pela ciência e pela técnica. A Escola Alemã, fundada por Guts Muths, era norteada pelas teorias de Rousseau, Basedow, Pestallozzi, sendo todos autores que apoiavam a formação do homem completo (universal) e que davam grande destaque ao exercício físico. Friederich Ludwig Jahn, outro idealizador da escola alemã, enfatizava que a ginástica deveria promover saúde e moral, para atingir finalidades de defesa da pátria (SOARES, 1994). Guts Muths acreditava que a ginástica poderia construir um “espírito nacionalista” e o “corpo saudável” a partir de bases científicas da biologia, fisiologia e anatomia. Além disso, a ginástica deveria ser ministrada todos os dias e para todos: homens, mulheres e crianças (SOARES, 1994). Públio (1998, pág. 29) ao citar Jahn, diz que: Seu objetivo geral sobre a educação era a formação de um homem sensato, com sentimentos humanos e de atuação independente e que colocasse suas forças físicas e mentais a serviço da pátria. […] tinha também um objetivo moral. Autoconfiança, autodisciplina, independência, lealdade e obediência a uma ordem estabelecida […]. Durante as práticas Jahn criou “obstáculos artificiais”, que mais tarde vieram a se tornar os “aparelhos de ginástica” (SOARES, 1994). 9 O método alemão foi trazido para o Brasil no início do século XX, devido ao grande número de imigrantes alemães que aqui se instalaram e aos soldados da Guarda Imperial que se aposentavam e aqui ficavam. Tão grande foi a influência de tal escola no país que, em 1860, o Método Alemão foi tido como oficial do exército brasileiro (SOARES, 1994). Diferentemente do método alemão (principalmente militar), o método sueco, fundado por Pehr Henrick Ling no século XIX, é um método com viés pedagógico e higiênico, também pautado na ciência, essencialmente na anatomia e na fisiologia. O método de Ling buscava assegurar a saúde, a beleza e a formação de caráter, sendo também a ginástica social e patriótica (SOARES, 1994). Ling dividia sua ginástica em 4 partes, de acordo com os objetivos visados pelo indivíduo, sendo estas (SOARES, 2012): 1) Ginástica pedagógica ou educativa – sendo esta para todas as pessoas, e tendo como objetivo principal desenvolver o indivíduo normal e harmoniosamente, evitando enfermidades e vícios. 2) Ginástica militar – além da pedagógica, contava com exercícios específicos como tiro e esgrima, para preparar o guerreiro. 3) Ginástica médica e ortopédica – também pedagógica, mas acrescida de exercícios especiais para cada caso patológico. 4) Ginástica estética – baseada na pedagógica e completada pela dança e movimentos que proporcionavam beleza e graça. A ginástica sueca foi muito defendida no Brasil por Rui Barbosa, que acreditava esta, por seu caráter pedagógico, ser mais apropriada ao âmbito escolar do que o método alemão até então utilizado (SOARES, 1994). Já, a Escola Francesa de ginástica, que é a de maior relevância para a presente pesquisa, era bem parecida com a escola Sueca e Alemã, por basear- se nas mesmas. D. Francisco Amorós y Ondeano, seu fundador, também buscava a formação do “homem universal”. Amorós baseou-se nas ideias de Jahn e Guths Muts, e assim, além das preocupações do corpo forte, seu método tinha amplo traço moral e patriótico (SOARES, 1994). Como tinha preocupações com os corpos saudáveis que a industrialização exigia, Amorós criou seu método também muito parecido com o de Ling. Sua ginástica poderia ter características diferentes de acordo com as 10 necessidades individuais, podendo ser civil e industrial, militar, médica e cênica ou funambulesca (SOARES, 1994). O método francês veio ao Brasil através da primeira missão francesa de instrução de militar e foi oficialmente implantado em 1921. Soares (1994, 82) cita Marinho (1980) […] Enquanto não for criado o ‘Método Nacional de Educação Física’, fica adotado em todo o território brasileiro o denominado Método Francês, sob o título de ‘Regulamento Geral de Educação Física’. Durante quase 100 anos estes métodos se instalaram, até que começaram a surgir os Movimentos Ginásticos, do Oeste, na França; do Centro, na Alemanha, Áustria e Suíça; e do Norte, nos países da Escandinávia (LANGLADE, LANGLADE, 1986 apud AYOUB, 1998). A partir de 1939 os Métodos Ginásticos começaram a se fundir e sofrer grandes influências do Esporte, principalmente devido a realização das Lingíadas (Festivais Internacionais de Ginásticas, organizadas pela Federação Sueca de Ginástica) (AYOUB, 1998). O esporte foi cada vez mais se consolidando como parte da cultura corporal na Europa e nos países com influência européia, como o Brasil. “Em nossos dias, atividade física passou a ser sinônimo de Esporte. A esportivização das práticas corporais (inclusive da Ginástica) consiste numa das principais características da cultura corporal na atualidade.” (AYOUB, 1998, pág. 45). A Ginástica tem sido direcionada para objetivos diversos ao longo do tempo, ampliando cada vez mais sua atuação. Para melhor organização e entendimento das áreas de tal modalidade na atualidade, Souza (1997) a divide em cinco campos de atuação: competição, demonstração, condicionamento físico, conscientização corporal e reabilitação (ou fisioterápica). Segundo Rinaldi (2005) as Ginásticas de condicionamento físico caracterizam-se, principalmente, pela manutenção da condição física, prevenção à saúde, e estão altamente relacionadas ao culto ao corpo e os padrões de beleza. 11 Fiorin (2002) aponta: As finalidades que tínhamos há milhares de anos e que a originaram parecem ser bem atuais se colocarmos a forma como ela foi criada e os princípios que levam uma pessoa nos dias de hoje a praticá-la. Se antes a Ginástica entrava em cena para preparar corpos para o combate, para resistir às doenças, para criar um país forte, hoje em dia é “necessário” um corpo sadio principalmente por questões de saúde ou por questões estéticas. As ginásticas de conscientização corporal têm a característica de solução de problemas físicos através de “novas propostas de abordagem do corpo”. (OLIVEIRA; NUNOMURA, 2012). Existem diversas técnicas como a Eutonia, Antiginástica, bioenergética, ioga, porém o objetivo principal de todas é conhecer seu próprio corpo, seu funcionamento, possibilidades de movimento e seus limites (OLIVEIRA; NUNOMURA, 2012). A ginástica no seu campo fisioterápico, como o RPG, pilates, isostreching, é responsável pela utilização do exercício físico na prevenção ou tratamento de doenças (SOUZA, 1997). Além da influência dos métodos advindos da Europa, utilizam técnicas orientais de massagem e respiração. (OLIVEIRA; NUNOMURA, 2012). Como única modalidade das ginásticas de demonstração encontra-se a Ginástica Geral (GG). Esta engloba toda atividade gímnica desde que tenha apenas caráter demonstrativo (RINALDI, 2005). O mais importante campo da ginástica para esta pesquisa é o da Ginástica de competição. Oliveira e Nunomura (2012) falam a respeito: As Ginásticas de Competição, como a própria nomenclatura sugere, são aquelas que envolvem eventos competitivos e, para tanto, seguem regras pré- estabelecidas internacionalmente. Rinaldi afirma que as modalidades existentes na atualidade não tiveram seus processos de sistematização de forma linear. Cada modalidade traçou seu caminho de maneira diferenciada, além de ter sofrido influência das Escolas Ginásticas que surgiram no continente europeu a partir do século XVIII. Nas primeiras décadas do século XX as principais cidades brasileiras começam a passar por um processo de modernização, devido à influência europeia, no qual o esporte tinha um papel importante. Ser praticante, ou 12 simplesmente espectador, de algum esporte significava identificar-se com este novo modelo de sociedade moderna (SOARES, 2011). Quanto à esportivização da Educação Física, e também da Ginástica, esta aconteceu a partir de um movimento que tinha como objetivo definir um novo modelo, um novo objetivo, para a Educação Física (SCHNEIDER, 2004). Na época era preciso “homens de iniciativa, vivos e criteriosos” e estas qualidades deveriam ser trabalhadas a partir de atividades, como os jogos. Entretanto, estes eram poéticos e criadores, e a ideia era torná-los mais objetivos. “Se antes a preocupação era com a forma e a maneira de executar os movimentos, na idade nova, […] o que mais importa são os resultados. E para isso nada melhor que a objetividade dos esportes.” (SCHNEIDER, 2004). As primeiras formas de Ginástica esportivizadas que a Federação Internacional de Ginástica (FIG) assumiu foram: a Ginástica Artística Feminina, a Ginástica Artística Masculina e a Ginástica Rítmica (RINALDI, 2005). A Ginástica Artística teve sua origem a partir do método alemão, de Jahn, que, para criar obstáculos para a prática, construiu aparelhos específicos, que mais tarde se tornaram os aparelhos oficiais da modalidade (OLIVEIRA; NUNOMURA, 2012). A Ginástica Rítmica originou-se da Educação Rítmica, pregada por Jacques Dalcroze e que posteriormente, com os estudos de Rudolph Bode, Henrich Medau e outros, foi a base para a estruturação da “Ginástica Moderna” (FIORIN, 2002). Esta modalidade sofreu grande influência da Escola sueca de ginástica (OLIVEIRA; NUNOMURA, 2012). Para Bortoleto (2010) a Ginástica Acrobática surgiu como uma versão moderna (competitiva) das acrobacias coletivas realizadas nos circos há séculos. O autor coloca também a influência das atividades circenses em outras modalidades ginásticas, como a Artística, com o uso de argolas e barras fixas, há muito utilizadas no circo. A Ginástica de Trampolim, também se originou no circo onde realizavam-se saltos acrobáticos em superfícies elásticas há séculos (BORTOLETO, 2010). Esta modalidade se tornou competitiva em 1936, nos EUA. Outras vertentes da Ginástica de Trampolim, como o minitrampolim e o tumbling, foram introduzidas a partir da década de 70 do século XX (OLIVEIRA; NUNOMURA, 2012). 13 Outras formas da Ginástica competitiva merecem ser citadas como: a Aeróbica esportiva (regida pela FIG), a roda ginástica, a ginástica estética de grupo, o team gym, o rock in roll gymnastics, o cheerleading e o volteio. Apesar destes dados a cerca do surgimento das modalidades competitivas da ginástica, não existem estudos abordando exatamente como se deu esta transição das ginásticas baseadas nos métodos europeus de ginástica para as ginásticas esportivizadas e, na busca de entender tal processo em São Paulo, buscou-se verificar se houve influência da primeira escola de Ensino Superior de Educação Física do Brasil, a Escola de Educação Física da Polícia Militar – SP, neste período (século XX). 2. ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA POLÍCIA MILITAR – SP A Escola de Educação Física da Polícia Militar do Estado de São Paulo (EEFPMSP) foi fundada em 1910, como Curso de Esgrima e Ginástica, a partir da influência da primeira missão francesa de instrução militar que estava no estado e da Escola de Esgrima, Florete e Sabre que funcionava nas dependências do Quartel da Luz (BOMFIM, 2010). De acordo com Toledo (1999), a Ginástica por um grande período era tida como sinônimo de atividade física, mas de acordo com a época, o local, e o contexto em que estava inserida tinha uma finalidade específica, podendo ser higiênica, moral, guerreira, médica, entre outras. Na EEFPM a Ginástica, trazida pelos franceses, se apresentou baseada no método de Amorós, fundador do método francês, que era bastante semelhante ao método proposto por Ling, fundador do método sueco. O método francês de Ginástica não era apenas militar, mas também civil e por isso foi o que mais despertou o interesse e se disseminou no Brasil (SOARES, 1994). A partir do fato de que tal escola foi a primeira fundada no Brasil responsável por formar muitos profissionais que atuaram na área da EF (BARSOTTINI, 2011), acredita-se que ela teve grande influência no processo de esportivização da Ginástica. Um exemplo que nos permite levantar tal hipótese é que o renomado autor na área da Ginástica, Nestor Soares Públio (formado na Escola de Educação Física do Exército), passou grande parte de 14 sua carreira na EEFPM. Públio construiu sua carreira na EEFPM, passou a ter interesse pela Ginástica, se tornando atleta, técnico e depois disso professor universitário e grande pesquisador na área da Ginástica. Segundo Souza (2000) apud Bomfim (2010), os primeiros passos para a criação da Escola de Educação Física da Polícia Militar (EEFPM) aconteceram quando o Mestre d’armas italiano Giacinto Sanges e seu primeiro discípulo, o Alferes da Força Pública de São Paulo, Pedro Dias de Campos, começaram a fundar salas d’armas na cidade a fim de difundir seus conhecimentos e sua paixão sobre a Esgrima. Em 1902, Dias de Campos fundou a denominada Escola de Esgrima, Florete e Sabre, numa dependência do Quartel da Luz. No entanto, foi a partir da contratação da primeira Missão Francesa de instrução militar no país, em 1906, que a EEFPM começa a realmente se estruturar. Sob o governo do então Presidente do estado de São Paulo, Dr. Jorge Tibiriçá, chega a Estação da Luz em 21 de março de 1906 tal missão, comandada pelo Coronel Paul Balagny do Exército Francês (TELHADA, 2011). A função dos militares franceses era instruir a Força Pública do Estado e ajudar a reorganizá-la, sendo sua primeira tarefa transformar o que antes eram o 1º Batalhão e o Regimento de Cavalaria em Escola da Arma de Infantaria e Escola da Arma de Cavalaria, respectivamente (BOMFIM, 2010). Como parte da missão, o governo paulista contratou oficiais franceses capazes de instruir as tropas no ensino da esgrima e da ginástica. Estas disciplinas tinham, então, o objetivo de melhorar a saúde, a destreza, a precisão e a resistência dos oficiais (BARSOTTINI; GÓIS JÚNIOR; SILVA, 2013). Assim se deu a criação do Curso de Esgrima e Ginástica, no qual anteriormente ocorria somente a prática da esgrima por influência italiana, passando a ser estruturado, em fevereiro de 1910, nos moldes franceses (BARSOTTINI; GÓIS JÚNIOR; SILVA, 2013; BOMFIM, 2010). Em março de 1910, chega a São Paulo para compor a missão o suboficial Delphin Balancier, formado pela Escola de Joinville Le Pont (BARSOTTINI; GÓIS JÚNIOR; SILVA, 2013). A Escola de Joinville Le Pont foi fundada quando o Marechal Soult, que gostava muito da Educação Física, estava à frente do Ministério da Guerra, e este contou ainda com a colaboração do comandante D’Argy e Napoleão 15 Laisné, dois discípulos de Amorós, que utilizaram o Regulamento “Instrução para o ensino da Ginástica nos corpos de tropa e nos estabelecimentos militares” como o oficial desta Escola por mais de 50 anos. Após isso, os métodos foram sofrendo alterações advindas de outras influências como o Método Sueco, Pestalozzi, Amorós e o movimento desportivo inglês (GOELLNER, 1992). Tal Escola formava monitores militares e desde seu início se preparava para orientar as escolas de adultos e adolescentes, além do Exército Francês. Durante muito tempo, a escola foi a única entidade de Educação Física e Esgrima da França, e, além disso, era também um dos grandes laboratórios do país (PÚBLIO, 1998). Muitas das tradições da Escola de Joinville foram trazidas pela missão francesa para a EEFPM, dentre elas o Bailado (Ballet) Joinville Le Pont, a ginástica sueca, a ginástica com bastão e o Box-savat (PÚBLIO, 1998). No mesmo ano de sua chegada, 1910, Delphin Balancier, devido a seu grande conhecimento sobre esgrima e ginástica, foi então nomeado pelo Comandante Balagny como Coordenador de instrução do Curso de Esgrima e Ginástica da EEFPM. (BARSOTTINI; GÓIS JÚNIOR; SILVA, 2013). Segundo Barsottini, Góis Júnior e Silva (2013, p.35) “[…] no ano de 1911, o Curso de Esgrima e Ginástica passou a despertar grande interesse e entusiasmo na corporação, o que facilitou o desenvolvimento e aprimoramento da modalidade.”. O Capitão Louis Lemaitre, também formado pela Escola de Joinville Le Pont, chega da França em 1912 e assume a direção da Seção de Ginástica (TELHADA, 2011). No mesmo ano é lançado o documento oficial da criação da Escola de Educação Física, publicado na Ordem do Dia nº 52. (TELHADA, 2011) A fim de ampliar as instalações para as aulas de esgrima e ginástica, foram montados um pórtico e um salão maiores, e adquiridos aparelhos indispensáveis para a ginástica como barras paralelas e fixas, escadas, pórticos, argolas, etc. Em 1912, foi construído na lateral esquerda do Quartel da Luz, junto á Rua Jorge Miranda, um grande ginásio de esportes, posteriormente batizado com o nome de “Capitão Delphin Balancier”, onde durante muitos anos funcionou a Escola de Educação Física (TELHADA, 2011, pag. 195). 16 A influência de militares franceses trouxe também novas modalidades ao repertório de atividades da Escola, sendo elas: o Jogo de Bastões, o Box Savat, a Esgrima a Baioneta e o Bailado de Joinville Le Pont. (BARSOTTINI; GÓIS JÚNIOR; SILVA, 2013). Em dezembro de 1912 cria-se o Corpo Escola, estrutura composta pela escola de recrutas, escola de cabos, escola de inferiores candidatos a oficiais e Escola de Educação Física (BARSOTTINI; GÓIS JÚNIOR; SILVA, 2013). Em 1913 o curso passa a ser Escola de Educação Física e assim ter o objetivo de formar seus alunos para dar aulas de Educação Física (EF), sendo então a primeira instituição de ensino na área, do estado de São Paulo, que colaborava para a disseminação dos conhecimentos a cerca da EF, principalmente da Esgrima e da Ginástica (BARSOTTINI, 2011). Quando criada, a EEFPM tinha como objetivo principal educar fisicamente os soldados paulistas. A partir da estruturação do Corpo Escola, esta passa a ter característica educacional, na qual os alunos se especializavam em ginástica e esgrima para se tornarem monitores destas modalidades (ANDRADE; CAMARA, 1931; BARSOTTINI, GÓIS JÚNIOR E SILVA, 2013). Segundo Barsottini, Góis Júnior e Silva (2013, p. 37) Podemos pensar que a estruturação de uma Escola de Educação Física ocorre não a partir da estruturação da sala de esgrima e ginástica, mas sim, mediante ao processo de formação do Corpo Escola que organizou os primeiros regulamentos desta instituição. Após a partida da missão francesa, em 1914, Manoel Esteves Gamoeda passou a comandar a EEFPM, sendo então o primeiro comandante brasileiro da Escola (BEZERRA, 2010). Em se tratando de estrutura, em 1935 o espaço nas instalações do Quartel da Luz foi se tornando insuficiente, e assim montaram no estádio da Avenida Cruzeiro do Sul mais um pórtico e duas paralelas (uma fixa e uma móvel). A EEFPM funciona até os dias de hoje e, atualmente, conta com estrutura para diversas práticas corporais e esportivas (BEZERRA, 2010), com objetivo de formar Profissionais de Educação Física, oferecendo Curso de 17 Bacharelado em Educação Física, e outros cursos mais específicos da área militar como Docência de Tiro e Força Tática. 3. MÉTODO Para a presente pesquisa foi utilizado o método de pesquisa histórica (AROSTEGUI, 2006) do tipo documental (GIL, 2009), que teve como fonte primária documentos disponíveis no Museu de Polícia Militar do Estado de São Paulo. Foram realizadas três visitas a EEFPM, sendo estas para apresentar o projeto da pesquisa, visitar o museu da Escola e buscar documentos. Além destas, realizamos três visitas do Museu de Polícia Militar, onde mais documentos foram disponibilizados para consulta no próprio local. Dentre os documentos analisados destacam-se 122 edições da Revista Militia (Revista da Força Pública de SP- de 1947 a 1971), manuais de Ginástica utilizados na EEFPM como o “Manual Básico de Campanha – Ginástica Acrobática” (1948), 6 edições da Revista Esportiva da Guarda Civil (1958 – 1960) e outros livros e trabalhos de conclusão de curso cedidos pelas instituições: 1. A força pública de São Paulo: esboço histórico (ANDRADE; CAMARA, 1931). 2. Esgrima à baioneta – resgate histórico e aprendizado (GERALDI, 2010). 3. Jogo de bastões: resgate histórico e aprendizado (BOMFIM, 2010). 4. O centenário da Escola de Educação Física da Polícia Militar – evolução histórica e sua atuação na corporação, desde a criação até os dias atuais como centro de treinamento técnicas policias (BEZERRA, 2010). 5. Educação Física – Revista de esportes e saúde. Nº 50, 1941. 6. Apostila da Federação paulista de ginástica – Curso de orientação técnica em ginástica de aparelhos (s.d.) 7. Ginástica em aparelhos, 2ª edição (FERREIRA FILLHO, 1974). 18 Figura 1 – Capa da 1ª edição da Revista Militia, de 1947. Fonte: REVISTA MILITIA, 1947. A técnica de interpretação dos dados será utilizada para a análise documental (GIL, 2009), no recorte histórico estabelecido, primeira metade do século XX, acerca do processo de esportivização da ginástica. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os documentos analisados apontam que a ginástica esteve presente na EEFPM desde sua criação em 1910, sendo um dos primeiros cursos oferecidos pela instituição, denominada “Curso de Esgrima e Ginástica”. Para melhor análise e compreensão, os dados serão dispostos de acordo com a década dos mesmos nos documentos e manuais (década de 40, 50 e 60). Não tivemos acesso a documentos anteriores a estas datas, entretanto, algumas revistas analisadas possuem imagens referentes a anos anteriores, já mostrando a presença da ginástica. Figura 2 – Exibição de Ginástica de aparelhos em 1935. Fonte: REVISTA MILITIA, 1960b. 19 Década de 40 Os primeiros documentos encontrados acerca da instituição são datados de 1947 e 1948 (1ª edição da Revista Militia e Manual Básico de Campanha – Ginástica Acrobática). Especificamente, na década de 40, foram encontradas oito edições da Revista Militia (REVISTA MILITIA, 1947; 1948a; 1948b; 1948c; 1948d ;1949a; 1949b ; 1949c) que abordaram em algum momento a temática Ginástica. A ginástica mostrou-se como forma de preparação militar: “A Ginástica Acrobática, sob o tríplice aspecto, (de chão, em aparelhos e pirâmides), fornecerá aos instrutores os recursos técnicos necessários à realização do trabalho físico compatível com a finalidade a atingir.” (BRASIL, 1948). Figura 3 – Apostila de ginástica: exercícios de aquecimento. Fonte: Apostila da Federação paulista de ginástica – Curso de orientação técnica em ginástica de aparelhos (s.d., pág. 53). Brasil (1948) completa ainda, sobre a ginástica de chão, “O homem apreende a utilizar-se de todos os seus recursos naturais de fôrça, flexibilidade, destreza e equilíbrio. Acostuma-se a decisões rápidas e seguras.” Além do condicionamento físico a Ginástica também se apresentou fortemente ligada à demonstração. As demonstrações de habilidades ginásticas eram realizadas por integrantes da EEFPM, entre eles tenentes, sargentos e monitores (REVISTA MILITIA, 1947; 1948a; 1948b; 1948c; 1948d; 1949a; 1949b; 1949c) Tais demonstrações eram realizadas em comemorações cívicas (REVISTA MILITIA, 1949c), da Força Pública (REVISTA MILITIA, 1948d; 20 1949a) e da própria instituição (REVISTA MILITIA, 1947; 1948b), sendo nesta em comemorações ou situações isoladas, na própria cidade de São Paulo como em diversas localidades do estado, inclusive no interior. Figura 4 – Sargentos Plínio e Miranda em demonstração de suas habilidades ginásticas na EEFM. Fonte: REVISTA MILITIA, 1948c. A prática da ginástica pelos integrantes da EEFPM era realizada na própria instituição ou no Clube Militar. Esta recebia diversas denominações: simplesmente “Ginástica” (REVISTA MILITIA, 1948b), “coisas de circo” (REVISTA MILITIA, 1947), “Ginástica de solo” (REVISTA MILITIA, 1948a; 1948c; 1948d; 1949a; 1949c), “Ginástica de aparelhos” (REVISTA MILITIA, 1948a; 1948d; 1949a; 1949c), “força conjunta” (REVISTA MILITIA, 1949a; 1949c) e “volteio” (REVISTA MILITIA, 1949a), este último referente especificamente a ginástica realizada sobre cavalos, até hoje praticada pela cavalaria da Polícia Militar de São Paulo. 21 Figura 5 – Ten. Nóbrega e Sgt. Napoleão em demonstração de suas habilidades ginásticas. Fonte: Revista Militia, 1947. Observou-se a utilização de alguns aparelhos, como as paralelas, a barra fixa e o banco sueco, que tiveram origem nos métodos alemão e sueco. Tal fato pode apontar a influência destas escolas sobre a francesa como citado por Soares (2012). Figura 6 – Demonstração nas paralelas na “Semana da criança”, de 1949. Fonte: Acervo do Museu de Polícia Militar de São Paulo. Além disso, as imagens analisadas mostram diferentes vestimentas de acordo com a situação da prática. Notou-se uma prática realizada com pouca vestimenta e grande parte do corpo a mostra, normalmente em situações menos formais, como dentro da EEFPM, com uma ênfase na definição do corpo e das posições apresentadas, características da ginástica de condicionamento e de apresentação. Porém, durante apresentações formais, 22 os indivíduos aparecem trajados com uniformes compostos por calça e camiseta. No início do século XX começa uma grande mudança em relação a vestimentas e uma discussão sobre a necessidade de roupas específicas apropriadas a pratica de exercícios físicos. A orientação era que a roupa deveria ser confortável e que permitisse uma liberdade de movimento (SOARES, 2011). Além do conforto, as roupas passam a ser confeccionadas com tecidos leves e modelos amplos para permitirem que o corpo “respire” e ainda, ao contrário do que acontecia durante séculos, passa-se a ter uma tolerância em relação a exibição do corpo, cujas formas são mostradas e não mais escondidas pelas roupas (SOARES, 2011). Figura 7 – Detalhe para a vestimenta durante demonstração não formal na EEFPM. Fonte: REVISTA MILITIA, 1950a. Figura 8 – Detalhes para o aparelho “barra fixa” e o uso de uniforme durante apresentação para comunidade. Fonte: REVISTA MILITIA, 1949a. 23 A prática da ginástica mostrou-se fortemente relacionada com um conceito de “raça forte” e elevado índice físico, relacionado a um treinamento bem orientado, tendo assim um alto conceito dentre a comunidade militar (REVISTA MILITIA, 1948a; 1948b). Como demonstrado na Revista Militia (1948a): Ginástica de aparelhos e de solo cujas demonstrações põem tão alto o conceito de quem a prática, pois atesta o índice físico de uma raça forte, contará com a assistência dos nossos tão distintos quão competentes especialistas cap. Hamilton, tens. Nóbrega e Pisoni. A preocupação com o bem estar físico, a força, está relacionada ao objetivo do próprio método ginástico que inspirava a EEFPM, o método francês, que tinha como finalidade formar o homem “completo e universal”, sendo que, para seu criador, o exercício torna o homem “mais corajoso, mais intrépido, mais inteligente, mais sensível, mais forte, mais habilidoso, mais adestrado, mais veloz, mais flexível e mais ágil […]” (SOARES, 1994, pág. 75). Figura 9 - “Plínio e Miranda demonstram, nesta parada dificílima, o valor de um treinamento físico bem orientado”. Fonte: REVISTA MILITIA, 1948b. Outro ponto de grande relevância neste período foi a participação de dois integrantes da Força Pública do estado de São Paulo na II Lingíada (Festival Internacional de Ginástica), de 1949, em Estocolmo, na Suécia. Durante tal missão foi realizada uma visita a Escola de Joinville Le Pont, citada previamente, e ao Instituto Nacional do Esporte, este direcionado a formação 24 de técnicos em todas as modalidades além de pesquisas científicas na área (REVISTA MILITIA, 1949b). Como síntese da participação em tal missão, os oficiais apontaram o papel de relevância dos militares na Educação Física na Europa, além da grande aderência à prática de atividade física neste continente (REVISTA MILITIA, 1949b). Década de 50 Na década de 50 foram encontradas quinze edições da Revista Militia (REVISTA MILITIA, 1950a; 1950b; 1951a; 1951b; 1951c; 1952a; 1952b; 1952c; 1952d; 1953a; 1953b; 1953c; 1953d; 1954; 1957) que abordaram a Ginástica. Assim como na década de 40, a Ginástica nos anos 50 continuou com características voltadas para a preparação militar (condicionamento físico) e a demonstração. Entretanto, a partir da 34ª edição da Revista Militia (1953), surgiu uma seção específica para o sexo feminino, a “Secção Feminina” na qual a ginástica aparece vinculada ao condicionamento físico para mulheres, com uma preocupação relacionada à estética (REVISTA MILITIA, 1953a). Figura 10 – Secção feminina. Fonte: REVISTA MILITIA, 1953a. 25 Além das diversas ocasiões de demonstrações ginásticas, estas passaram a ser apresentadas a convidados ilustres que passaram pela EEFPM (REVISTA MILITIA, 1950b; 1953d). Neste período, outras denominações referentes à Ginástica foram surgindo, tais como: ginástica acrobática e força conjugada (em trios ou duplas). Observou-se também a aparição de outras expressões da Ginástica como a ginástica musicada e a ginástica ritmada. (REVISTA MILITIA, 1952a; 1952b). Figura 11 – “Parada sobre os cotovelos. Força conjugada”. Fonte: Revista Militia, 1950a. Figura 12 – Demonstração de ginástica musicada. Fonte: REVISTA MILITIA, 1952a. 26 Figura 13 – Pirâmide executada por integrantes do batalhão. Fonte: Revista Militia, 1951c. Figura 14 – Demonstração do Bailado de Joinville Le Pont, número de ginástica musicada criado na Escola de Joinville Le Pont, que virou tradição também na EEFPM. Fonte: Revista Militia, 1953c. Ademais, além dos aparelhos já utilizados, foram mencionados o plinto e o trapézio, este atualmente relacionado a atividades circenses. (BORTOLETO, 2010). 27 Figura 15 – Utilização do trapézio em demonstração no Pacaembu. Fonte: REVISTA MILITIA, 1954. Figura 16 – Demonstração de ginástica de aparelhos nas barras paralelas simétricas. Fonte: Revista Militia, 1953d. Figura 17 – Demonstração para a comunidade utilizando plinto e trampolim. Fonte: Acervo do Museu de Polícia Militar de São Paulo. 28 Importante fato também, que demonstra a importância da Ginástica para a força pública do estado e a necessidade de adquirir mais conhecimento a respeito desta, foi a palestra ministrada pelo Professor Joseph G. Thulin, da Suécia. O mestre da Ginástica sueca escolheu a EEFPM para realizar sua primeira palestra no Brasil (REVISTA MILITIA, 1951b). Nesta palestra, o Professor abordou assuntos como: a história da Ginástica, as Lingíadas e seu crescente desenvolvimento, ginástica de massa e de multidões, a necessidade de uma organização da ginástica pela FIG, apontou o Congresso Mundial de Ginástica que seria realizado em 1953, classificou a ginástica como voluntária (Jogos Olímpicos e outras expressões espontâneas) ou obrigatória (no currículo escolar). Além disso, falou de outras subdivisões da Ginástica: ginástica recreativa, ginástica de escritório, ginástica de artesãos e ginástica militar e também apontou a necessidade de Associações de Ginástica e de Congressos de EF na América do Sul (REVISTA MILITIA, 1951b). Apesar de ainda não notar-se diretamente a presença da ginástica em sua forma esportivizada dentro da EEFPM, pode-se observar vestígios desta no país (REVISTA MILITIA, 1952b), onde em 1952 a entidade realizou uma visita a Sociedade de Ginástica de Porto Alegre (Sogipa) com exibições de campeões brasileiros de ginástica de aparelhos. Década de 60 Na década de 60, foram encontradas sete edições da Revista Militia (REVISTA MILITIA, 1960a; 1960b; 1960c; 1961; 1962a; 1962b; 1968) e duas edições da Revista Esportiva da Guarda Civil (REVISTA ESPORTIVA DA GUARDA CIVIL, 1960a; 1960b) que continham traços da Ginástica. Neste período as demonstrações começaram a adentrar as instituições de ensino básico. Ademais, observou-se um grupo de atletas que se especializou na então denominada “ginástica de solo” e criou um estilo próprio, referido posteriormente como “trio de força” (REVISTA MILITIA, 1960c). 29 Figura 18 – Demonstração de Trio de Força. Fonte: REVISTA MILITIA, 1960c. Além de preparação militar e demonstrações, nos anos 60 a ginástica começou a aparecer em sua vertente competitiva dentro da EEFPM (REVISTA MILITIA, 1962a; 1962b). O primeiro vestígio desta forma competitiva e esportivizada da ginástica foi a preocupação com resultados. Na REVISTA MILITIA (1960b) é destacada a importância das salas próprias para a prática da Ginástica com aparelhos indispensáveis (paralelas, barras, cordas, trapézio, argolas, etc.) para observação de resultados expressivos. Surgem nas revistas resultados a respeito de campeonatos realizados na época como o “Campeonato Estímulo” e o “Campeonato de estreantes”, organizados pela Federação Paulista de Ginástica, os quais contaram com a participação e o triunfo da EEFPM. Dentre os participantes com sucesso nos campeonatos aparece o, na época, 2º Tenente Nestor Soares Públio, que ao longo dos anos se tornou renomado atleta, técnico, professor universitário e grande pesquisador da área da Ginástica. 30 Figura 19 – Vestígios da ginástica em âmbito competitivo. Fonte: REVISTA MILITIA, 1962a. Figura 20 – Resultados do Campeonato de estreantes. EEFM em 1º lugar por equipes. Fonte: Revista Militia, 1962b. Figura 21 – Nestor Soares Públio. Fonte: Acervo do Museu de Polícia Militar de São Paulo. 31 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando o objetivo da presente pesquisa de trabalho de conclusão de curso temos como resultados da investigação na EEFPM, dados sobre a inserção e o ensino da ginástica nessa instituição desde o início do século XX. Além disso, em relação aos dados sobre a influência da EEFPM na esportivização da Ginástica na cidade de São Paulo, foi possível verificar, no período próximo da metade do século XX, documentos e imagens que se referem às ginásticas esportivizadas. A partir da análise dos dados coletados não é possível afirmar que houve uma influência significativa da EEFPM na sociedade em relação à esportivização da Ginástica. O foco da Ginástica na EEFPM desde o início da escola foi o condicionamento físico dos policiais e posteriormente os exercícios de força e algumas habilidades ginásticas que culminaram em um caráter demonstrativo, ambos existentes até os dias atuais na instituição e na Polícia Militar. 32 6. 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