Recibido: 15/07/2013; 2ª versión: 19/09/2013; aceptado: 22/09/2013.
SIMIONATO, A.C. y AMORIM DA COSTA SANTOS, P.L.V. Descrição de recursos imagéticos digitais: apresentação de um
modelo conceitual. Anales de Documentación, 2013, vol. 16, nº 2. Disponible en: http://dx.doi.org/10.6018/analesdoc.16.2.179261
DESCRIÇÃO DE RECURSOS IMAGÉTICOS DIGITAIS: APRESENTAÇÃO DE UM
MODELO CONCEITUAL
Ana Caro lina Simionato
∗∗∗∗
Universidade Estadual de Londrina – UEL, Brasil.
Plác ida L. V. Amorim da Costa Santos
∗∗∗∗ ∗∗∗∗
Universidade Estadual Paulista – UNESP, Brasil.
Resumo: As técnicas de captura de imagem têm avançado juntamente com as tecnologias de informação e
comunicação e números inimagináveis de informações imagéticas estão armazenados e disponíveis nos ambientes
digitais. O objetivo deste estudo é apontar as dificuldades encontradas na construção de representações de recursos
imagéticos digitais com uso dos instrumentos disponíveis para o tratamento descritivo da informação. Como
resultados tem-se o mapeamento de elementos descritivos para imagens digitais resultante da análise dos esquemas
de orientação para a construção de registros descritivos (AACR2r, ISBD, Graphic Materials, RDA, CDWA, CCO)
e do modelo conceitual FRBRer. A análise conduziu a construção do modelo conceitual, Requisitos Funcionais para
Dados Imagéticos Digitais – RFDID, para a elaboração de formas mais eficientes para representar o recurso
imagético de modo a torná-lo disponível, acessível e recuperável, a partir da persistência dos dados descritivos, da
flexibilidade, da consistência e da integridade como requisitos essenciais para a representação da imagem digital.
Palavras-chave: Imagem digital; Requisitos Funcionais para Dados Imagéticos Digitais – RFDID; requisitos
funcionais; modelagem conceitual; informação e tecnologia.
Título: DESCRIPCIÓN DE LOS RECURSOS DE IMÁGENES DIGITALES: PRESENTACIÓN DEL MODELO
CONCEPTUAL.
Resumen: Las técnicas de captura de imágenes han avanzado junto con las tecnologías de la información y
comunicación. Así un número inimaginable de informaciones y de imágenes son almacenados y están disponibles
en entornos digitales. El objetivo de este estudio es señalar las dificultades encontradas en la construcción de
representaciones de recursos de imágenes digitales con el uso de los instrumentos disponibles para el tratamiento
descriptivo de la información. Como resultados se destacan el mapeo de los elementos descriptivos para imágenes
digitales resultantes del análisis de los sistemas de orientación para la construcción de registros descriptivos
(AACR2r, ISBD, Materiales Gráficos, RDA, CDWA, CCO) basado en el modelo conceptual FRBRer. El análisis
ha llevado a la construcción del modelo conceptual Requisitos Funcionales para Datos de Imágenes Digitales -
RFDID, para desarrollar formas eficientes para representar los recursos de imágenes y hacerlos accesibles y
recuperables, por medio de la persistencia de los datos descriptivos, de la flexibilidad, de la consistencia y de la
integridad, como requisitos esenciales para la representación de la imagen digital.
Palabras clave: Imagen digital; Requisitos Funcionales para Datos de Imágenes Digitales -RFDID; requisitos
funcionales; modelado conceptual; información y tecnología.
Title: DESCRIPTION OF DIGITAL IMAGE RESOURCES: PRESENTATION OF A CONCEPTUAL MODEL.
Abstract: Techniques of image capture have advanced along with the technologies of information and
communication and unthinkable numbers of information available and imagery are stored in digital environments.
The objective of this study is point out difficulties found in the construction of imagetic representations of digital
resources using the instruments available for the treatment of descriptive information. The results we have the
mapping of descriptive elements to digital images derived from analyzing of the schemes to guide the construction
of descriptive records (AACR2R, ISBD, Graphic Materials, RDA, CDWA, CCO) and the conceptual model
FRBRer. The result of this analysis conducted the conceptual model, Functional Requirements for Digital Imagetic
Data – RFDID to the development of more efficient ways to represent the use of imagery in order to make it
available, accessible and recoverable from the data persistence descriptive, flexibility, consistency and integrity as
essential requirements for the representation of the digital image.
Keywords: Digital image; Functional Requirements for Digital Imagetic Data - RFDID; functional requirements;
conceptual modeling, information and technology.
∗
anacarolina.simionato@uel.br
∗∗
placida@marilia.unesp.br
2 ANA CAROLINA SIMIONATO Y PLÁCIDA L. V. AMORIM DA COSTA SANTOS
Anales de Documentación, 2013, vol. 16, nº 2
1. INTRODUÇÃO.
A popularização da captura e da criação de imagens por meios digitais, gerou processos cada vez mais simples e
acessíveis para a criação de informações imagéticas, mas com eles vieram grandes dificuldades para os métodos de
representação, busca, de acesso e de recuperação dos objetos digitais imagéticos, além de alterarem seu uso e reuso.
O ambiente digital oferece a possibilidade de armazenamento e acesso instantâneos às imagens capturadas a todo o
momento por diversos dispositivos, como celulares e câmeras; entretanto, transformar a imensa quantidade de dados
disponíveis diariamente em informações consistentes e que garantam uma economia no processo de acesso e de
recuperação da informação é um desafio. Nesse contexto, a construção de formas de representação passa a ser uma
exigência para que dados, informações e recursos possam ser gerenciados para a otimização da identificação,
localização, acesso, recuperação, uso, reuso e preservação de objetos imagéticos digitais.
A tentativa de padronização das formas de representação da informação sempre foi uma preocupação no
desenvolvimento de instrumentos adequados para a descrição recursos de modo a garantir sua individualização e
facilitar sua localização. A efetiva sistematização de regras para a padronização da construção de catálogos começou
com as bibliotecas modernas, caracterizadas por um público variado, aumento da demanda informacional e variedade
de recursos informacionais.
O recurso informacional, definido como qualquer objeto com uma sintaxe informacional, para ser localizado
necessita de registro e de descrição. A imagem digital, como um recurso informacional iconográfico, requer por sua
vez, orientações precisas e específicas para seu tratamento descritivo. As orientações para o tratamento descritivo
informacional compreendem a análise sistemática e a descrição dos elementos de uma imagem para sua identificação,
localização, acesso e recuperação, tornando possível ao usuário dos ambientes informacionais a apropriação das
informações disponíveis.
Destaca-se assim, a importância da catalogação na preparação do recurso imagético digital a partir da construção
de formas eficientes para descrevê-lo, representando-o de maneira a torná-lo disponível e acessível. Nesse sentido, é
requerido um esforço na padronização das orientações para a descrição do material imagético digital que favoreça a
clareza na compreensão das diferenças entre a imagem analógica e a digital.
Até a apresentação dos Functional Requirements for Bibliographic Records (FRBR), o processo de catalogação
não tinha como uma de suas tarefas,
[...] a representação conceitual dos elementos que comporão os metadados do catálogo, ficando a critério de
um profissional da Computação fazer o mapeamento dos elementos definidos pelo catalogador numa estrutura
conceitual de entidade, atributos e relacionamentos entre os itens bibliográficos, e consequentemente
responsáveis pela construção do modelo conceitual. (Santos, 2010, p. 219).
A essência do tratamento descritivo informacional continua a mesma, os catalogadores produzem e padronizam
metadados desde as primeiras iniciativas de organização da informação. E os profissionais de outras áreas do
conhecimento têm criado, especialmente com os avanços tecnológicos, novos métodos de tratamento da informação,
deixando de lado, muitas vezes, o que já foi desenvolvido e algumas soluções estratégicas e metodológicas para a
otimização do processo de descrição de recursos da área da Ciência da Informação e suas aplicações na
Biblioteconomia e na Arquivologia.
Nesse sentido, o conceito de metadados para o domínio bibliográfico é apresentado na condução de uma
abordagem sobre a modelagem conceitual para a representação da imagem digital, ou seja, o atributo deve estar ligado
a um valor exato que o diferencia de todos os outros atributos, da mesma forma durante o processo de modelagem, a
entidade e suas propriedades devem estar em um estado oblíquo que seja capaz de se relacionar com outras sem a
necessidade de duplicação.
Assim, os dados descritivos serão persistidos, definidos como valores únicos, levando em conta seu domínio e
acesso para o instanciamento. Esta proposta parte da possibilidade de que a persistência e instanciamento dos dados
serão definidos a partir do mapeamento de elementos descritivos resultante da análise de instrumentos de orientação
para a construção de registros descritivos e do modelo Entidade-Relacionamento.
DESCRIÇÃO DE RECURSOS IMAGÉTICOS DIGITAIS: APRESENTAÇÃO DE UM MODELO CONCEITUAL. 3
Anales de Documentación, 2013, vol. 16, nº 2
É importante destacar que a apresentação do modelo conceitual para recursos imagéticos não propõe a criação um
novo padrão de metadados para as imagens digitais, pois já existem vários padrões disponíveis, mas sim afirmar que
uma descrição mais específica e detalhada sobre o recurso imagético, pode ser a solução para diversos problemas
ligados aos catálogos e banco de dados de imagens digitais.
2. METADADOS PARA IMAGENS DIGITAIS.
Os metadados foram desenvolvidos para racionalizar, diferenciar e tratar o fluxo informacional e
consequentemente descrever recursos para melhorar a sua recuperação nos ambientes informacionais. Os metadados
auxiliam na organização das fontes eletrônicas, favorecem a interatividade, validam as identificações e asseguram a
preservação dos dados e das informações.
O uso do termo metadados se tornou mais intenso em diversas áreas do conhecimento a partir da proposta de
realizar o tratamento da informação na descrição de recursos, tendo em vista o gerenciamento de dados e de
informações. Segundo Alves (2010, p. 47), os metadados são:
[...] atributos que representam uma entidade (objeto do mundo real) em um sistema de informação. Em outras
palavras, são elementos descritivos ou atributos referenciais codificados que representam características
próprias ou atribuídas às entidades; são ainda dados que descrevem outros dados em um sistema de
informação, com o intuito de identificar de forma única uma entidade (recurso informacional) para posterior
recuperação.
De modo geral, pode-se dizer que o objetivo e a função dos metadados são os mesmos da disciplina de catalogação
na atividade de descrever recursos no domínio bibliográfico: representar as características de forma e de conteúdo de
um recurso informacional de modo padronizado, facilitando a identificação do recurso, o acesso aos dados descritivos,
a localização e a recuperação de recursos. (Hsieh-Yee, 2006).
Os metadados se restringem a definição de atributos do recurso informacional e a catalogação, por sua vez, possui
um escopo de atuação ampliado por sua função gestora na construção e na modelagem dos catálogos e de bancos de
dados no processo de representação de recursos e de apresentação da informação em ambientes informacionais e na
definição dos relacionamentos entre entidades e atributos descritivos dos recursos disponíveis em um ou mais acervos.
Nesse sentido, um sistema de informação deve priorizar a estrutura interna do domínio de conhecimento onde está
inserido, pois cada domínio tem suas especificidades informacionais e diante delas escolhe-se o padrão de metadados
que melhor atenda à necessidades de área de conhecimento. Todavia, em um mesmo domínio há a possibilidade da
utilização de distintos padrões de metadados em diferentes instituições. Sendo Fusco (2010, p.22),
A sugestão é que, para o estudo e implementação de metadados, dado a regionalização das taxonomias que
ocorre na prática, uma análise do domínio seria mais adequada, com observância das dimensões históricas e
epistemológicas. Princípios gerais (não absolutos) nasceriam do confronto entre saberes de diversos domínios,
o que pressupõe um redirecionamento da forma como a Ciência da Informação estuda as tecnologias de
metadados de interesse comum com a Ciência da Computação.
Durante a construção do registro, são notadas muitas dificuldades na descrição das imagens digitais, pois as
orientações para a descrição das propriedades do recurso imagético podem estar distribuídas em vários esquemas de
descrição, como por exemplo os códigos tradicionais: Anglo-American Cataloguing Rules (AACR2r), Graphic
Materials: Rules for Describing Original Items and Historical Collections e o Resource Description and Access
(RDA).
O registro descritivo do recurso imagético, em muitos casos, não apresenta uma garantia de integridade, clareza,
precisão, lógica e consistência das informações no registro a respeito do recurso tratado, pois as características de um
recurso imagético não são abordadas e muitas vezes os atributos são valorados por características textuais apenas
contextualizadas no ambiente digital.
Com isso, destacam-se que a necessidade e a importância do tratamento descritivo para a construção de formas
mais eficientes para a representação e apresentação de recursos informacionais como um modo de torná-los
disponíveis, acessíveis e recuperáveis, vai além da definição do padrão de metadados utilizado.
4 ANA CAROLINA SIMIONATO Y PLÁCIDA L. V. AMORIM DA COSTA SANTOS
Anales de Documentación, 2013, vol. 16, nº 2
As orientações para a descrição do material imagético digital precisam considerar as especificidades desse tipo de
recurso, que em muitos casos são o que mais consiste a dificuldade do registro e de modo que a sintaxe da imagem
digital seja explicitada pelos esquemas de descrição como requisito para sua representação.
O desenvolvimento de um trabalho de interpretação de metadados, na caracterização das necessidades
informacionais para o acesso aos dados de um recurso em uma estrutura de persistência de dados que garanta sua
integridade e qualidade, tendo como meta a descrição do recurso em um padrão específico para a imagem digital,
ocorreu a partir da percepção das peculiaridades do recurso imagético digital e da necessidade da representação com
qualidade dos seus elementos de persistência. Segundo Fusco (2010, p. 17),
[...] a estrutura de representação dos elementos de persistência de itens bibliográficos influencia a qualidade
da informação nos processos de armazenamento, busca e recuperação dessas informações, e deve, portanto,
fazer parte do processo de construção de catálogos digitais. A utilização de um padrão de metadados que tem
como principal objetivo a entrada de dados e a interoperabilidade e que não considera questões de qualidade
de persistência da informação pode, muitas vezes, em alguns ambientes digitais de informação que são
baseados somente nesses padrões apresentarem problemas tanto nos processos de manipulação de dados
quanto na recuperação das representações dos itens bibliográficos.
A garantia da persistência dos dados e o instanciamento dos itens disponíveis no banco de dados com consistência
e integridade são necessários para a representação de uma imagem digital, o que requer a descrição do objeto
informacional como sendo único e de modo que possa ser inserido em diferentes contextos mantendo sua
integralidade. A persistência, “[...] refere-se ao armazenamento não volátil de dados. O dado é armazenado de modo
que a informação não desapareça facilmente [...]” (Alves; Santos, 2013, p. 12).
Segundo Booch; Jacobson; Rumbaugh (1998, tradução nossa) a persistência de dados é uma propriedade do objeto
que faz com que as informações possam existir mesmo depois que o programa que originou registro descritivo, ou o
localizou, não seja o mesmo. E o instanciamento dos recursos pode ser entendido como o processo pelo qual a
informação persistida atua no acesso aos dados e na recuperação do recurso representado e disponível para uso e reuso
em ambientes informacionais digitais.
Da mesma forma, a persistência de dados infere no desenvolvimento monolítico do objeto, ou seja, a lógica da
descrição deve demostrar sua desconstrução para a elaboração da descrição, que obedecendo a padrões determinados
permite que cada elemento seja um ponto de acesso tanto ao objeto isoladamente, quanto aos relacionamentos entre
outros objetos, nomes entidades, locais e outra série de elementos ontológicos e contextuais que ampliam, de forma
significativa, o potencial do conhecimento sobre determinado assunto. (Lourenço, 2007).
Na perspectiva de assegurar a consistência na descrição dos dados imagéticos para sua persistência no banco de
dados, considerando que isso se dá pela especificidade e detalhamento, foi realizada uma comparação por equivalência
dos elementos descritivos de alguns dos esquemas utilizados na descrição da imagem digital: AACR2r (Anglo-
American Cataloguing Rules, 2nd ed. review), ISBD (International Standard Bibliographic Description); Graphic
Materials: Rules for Describing Original iItems and Historical Collections; RDA (Resource Description and Access);
CDWA (Categories for the Description of Works of Art) e o CCO (Cataloging Cultural Objects). E os padrões de
metadados: Dublin Core; MARC 21 (Catalogação Legível por Computador); MODS (Metadata Object Description
Schema); MIX (Metadata for Digital Still Images Standards Committee); IPTC Core & Extension - Photo Metadata
standard e o VRA Core Schema. E por fim a estrutura de dados automática: EXIF (Exchangeable Image File Format).
A análise desses instrumentos resultou no mapeamento dos elementos descritivos agrupados em áreas
estabelecidas por uma lógica de descrição para imagem digital e pelas orientações do modelo conceitual FRBR.
A partir do estudo dos instrumentos para a descrição da imagem, nota-se que a modelagem dos dados permite uma
maior economia processual, com a reutilização de componentes, o aumento da flexibilidade e a automatização do
sistema, do ponto de vista informacional e tecnológico.
As regras e as práticas de modelagem elaboradas por um catalogador atuando como projetista do catálogo e podem
diminuir algumas anomalias, como a repetição de campos de descrição, e ampliar a qualidade da informação
homologada no modelo, permitindo que um projeto de software bem estruturado, considere, primeiramente, a camada
interna – a camada de persistência de dados – onde os elementos descritivos são previamente planejados e definidos.
DESCRIÇÃO DE RECURSOS IMAGÉTICOS DIGITAIS: APRESENTAÇÃO DE UM MODELO CONCEITUAL. 5
Anales de Documentación, 2013, vol. 16, nº 2
Esse com a definição de dados na modelagem do sistema preveniria e auxiliaria na identificação de solução para
problemas futuros ou mesmo novas funcionalidades do sistema funcional.
Dessa forma, o planejamento de como será elaborado o registro descritivo de imagens antecede a construção dos
catálogos ou banco de dados, pois ele será previsto na etapa de modelagem. A definição e os relacionamento dos
metadados serão estabelecidos na modelagem da camada de persistência.
Portanto, as questões-chave na representação da imagem digital são a concepção, a implementação, a definição de
metadados e a representação dos valores de cada atributo, muitos deles com o preenchimento no momento de extração
de imagens e elaborado dinamicamente de acordo com impressão do usuário e a captura de conteúdo, uma vez que o
conteúdo imagético é correlato a várias interpretações.
Na descrição de recursos, a catalogação oferece diferentes opções de pontos de acesso para o usuário encontrar o
material desejado, garantindo sua unicidade e apresentando de forma sucinta e estruturada seus atributos. Essas são
características que garantem a qualidade necessária para um registro descritivo em cada domínio do conhecimento. Os
elementos de descrição são determinados por esquemas de orientação para a representação, como códigos, formatos de
intercâmbio de dados, padrões de metadados e modelos conceituais.
Os diferentes tipos de instrumentos de trabalho para a construção de formas de representação orientam a
construção de registros descritivos na apresentação das características dos recursos tendo como fio condutor uma
lógica de descrição que independentemente do seu contexto (científico, acadêmico, cultural, econômico, social, etc.)
trará orientações para a construção padronizada na apresentação dos dados buscando minimizar, de alguma forma, as
barreiras lingüísticas e facilitar a compreensão e a interpretação do conteúdo do registro descritivo para usuários
humanos e não humanos.
Esses instrumentos contem orientações que definem a sintática e a semântica do registro descritivo de uma ou mais
categorias de recursos, com o propósito de padronizar a representação otimizando os resultados no acesso aos dados,
na localização da informação e na recuperação de recursos. Na tarefa de representar a informação imagética são
encontrados diversos instrumentos de trabalho, entre eles se destacam os específicos para a representação do recurso
visual: Graphic Materials: Rules for Describing Original Items and Historical Collections, CDWA (Categories for
the Description of Works of Art), CCO (Cataloging Cultural Objects), MIX (Metadata for Digital Still Images
Standards Committee), IPTC Core & Extension for-photo metadata standard, VRA Core Schema e o EXIF
(Exchangeable Image File Format).
Os padrões de metadados, entretanto, são elementos descritores que segue um determinado modelo de dados que
contem um conjunto de conceitos e de requisitos, com o objetivo de descrever recursos de um domínio específico.
(Barreto, 1999). Segundo El-Sherbini (2000, p. 188), os padrões de metadados “[...] têm um importante papel no
suporte ao uso de serviços e recursos eletrônicos. No entanto, para maximizar o uso destes e assegurar consistência,
são necessários padrões universalmente aceitos que orientem a criação de metadados”.
No mapeamento dos atributos definidos nos instrumentos do tratamento descritivo da informação utilizados para a
descrição de recursos imagéticos considerou-se o maior detalhamento da descrição para esse tipo de material e os
elementos com maior incidência nos padrões o que resultou nas informações contidas nos Quadros I e II.
O Quadro I apresenta os elementos descritivos presentes, com maior incidência, nos instrumentos analisados:
CATEGORIZAÇÃO ELEMENTOS DESCRITIVOS
OBJETO IMAGEM
Nível da catalogação*
Tipo do objeto/obra*
Partes e componentes
Observações
TÍTULO
Título *
Tipo equivalente*
Idioma
Data relacionada ao título
DERIVAÇÃO
Descrição da derivação
Extensão do criador
Qualificação do criador
6 ANA CAROLINA SIMIONATO Y PLÁCIDA L. V. AMORIM DA COSTA SANTOS
Anales de Documentación, 2013, vol. 16, nº 2
Título do criador*
Data de criação *
Localização da criação*
Observações
ESTILOS / PERÍODOS / GRUPOS / MOVIMENTOS
Estilo do período
Tipo do período
DIMENSÕES
Descrição dimensões *
Tipo de dimensões
Valor das dimensões*
Unidade das dimensões
Extensão*
Forma*
Formato / Tamanho*
MATERIAIS E TÉCNICAS
Materiais / Técnicas de Descrição*
Materiais / Técnicas de Extensão*
Coloração*
Marcas d'água*
Ações desempenho
Observações
EDIÇÃO
Descrição da edição*
Número da edição
ORIENTAÇÃO Orientação*
DESCRIÇÃO FÍSICA
Tipo de Arquivo*
Codificação
Tamanho*
Velocidade de transmissão
Tipo de dados
Tipo de objeto
CONDIÇÃO DA IMAGEM
Abertura da lente
Coloração*
Compensação de exposição
Contraste*
Distância focal
Flash
ISO*
Nitidez*
Saturação*
CONTEXTO
Identificação de evento históricos / cultural*
Data do Evento*
Local do Evento*
Contexto arquitetônico
Contexto arqueológico
Localização histórica
NOTAS DESCRITIVAS Nota descritiva*
TRABALHOS RELACIONADOS
Tipo de relação de trabalho*
Data de relação de trabalho*
Contexto mais amplo de trabalho
Observações
LOCALIZAÇÃO
Localização*
Número de identificação*
Galeria
Observações
DIREITOS AUTORAIS
Declaração de direitos autorais*
Observações
Quadro I. Elementos bibliográficos descritivos necessários para a o registro da imagem digital. Fonte: Simionato, 2012, p. 91.
DESCRIÇÃO DE RECURSOS IMAGÉTICOS DIGITAIS: APRESENTAÇÃO DE UM MODELO CONCEITUAL. 7
Anales de Documentación, 2013, vol. 16, nº 2
Os elementos mapeados e destacados por um asterisco (*), nos quadros I e II, representam atributos essenciais para
a descrição da imagem digital por carregarem informações que garantem a consistência dos dados e sua persistência na
base.
O Quadro II aponta os elementos para o controle de autoridade e de assunto com maior incidência nos
instrumentos analisados:
TIPO DE
AUTORIDADE
AUTORIDADE PARA
PESSOA /
ENTIDADE
COLETIVA
AUTORIDADE PARA
LUGAR
AUTORIDADE PARA
ASSUNTO
ELEMENTO
DESCRITIVO
Tipo de registro
Autoridade
Pessoa / Nome Pessoa
Coletiva*
Responsabilidade*
Linguagem*
Data nome
Biografia
Data de nascimento
Data da morte
Local de Nascimento
Nacionalidade
Evento*
Data*
Lugar*
Pessoa Vinculada /
Pessoa Coletiva*
Autoridade lugar - Tipo
de registro*
Local*
Idioma*
Coordenadas Geográficas
Tipos lugar
Locais relacionados
Tipo de registro assunto
Autoridade*
Termo de classificação*
Nome da Entidade*
Data assunto
Funções sujeito /
Atributos
Assunto relacionado*
Tipo de Relação assunto
Contexto mais amplo
assunto*
Relação lugar
Pessoa Vinculada /
Pessoa Coletiva*
Tipo de Relação pessoa*
Nota descritiva assunto
Fonte nota
Observações
Quadro II. Elementos para o controle autoridade e assunto. Fonte: Adaptado de Simionato, 2012, p. 92.
O mapeamento dos elementos de descrição demonstra que o tratamento da imagem digital tem suas especificidades
e ela se configura como um recurso informacional singular que exige uma estrutura lógica em sua descrição que
permita a cada elemento seja atribuído como valor exato e considere sua identidade como recurso informacional.
Esse mapeamento ressalta que a representação da imagem digital necessita de uma estrutura que garanta a
descrição dos atributos de modo flexível e a integralidade do objeto representado, favorecendo o acesso ao objeto
isoladamente e também aos seus relacionamentos com outros objetos, nomes entidades, locais e outra série de
elementos ontológicos e contextuais ampliando o potencial de acesso e recuperação de dados e de informação para a
apropriação do conhecimento sobre determinado assunto.
A descrição de imagens digitais a necessita de consistência em sua representação para o atendimento das
necessidades do domínio do conhecimento em que a imagem está inserida.
A adoção da metodologia de modelagem conceitual de dados permite ao catalogador atuar no processo de
construção de banco de dados que reflitam os conceitos da catalogação, possibilitando uma visão não linear dos
elementos descritivos de um item imagético. É importante esclarecer que a modelagem se faz pelos dados dos
registros descritivos, ou seja, pelos elementos descritivos.
Uma das soluções para o controle dos dados não apresentarem anomalias é a utilização do modelo conceitual
FRBR (Functional Requirements for Bibliographic Records) para o desenvolvimento de projetos e a garantia de
especificidade dos tipos de recursos informacionais na construção de registros descritivos em diferentes domínios.
3. MODELAGEM CONCEITUAL PARA A DADOS IMAGÉTICOS DIGITAIS.
Nos sistemas de informação a modelagem conceitual de dados na construção de catálogos e bancos de dados
consolida os processos referentes ao cenário que o sistema se propõe a atender.
8 ANA CAROLINA SIMIONATO Y PLÁCIDA L. V. AMORIM DA COSTA SANTOS
Anales de Documentación, 2013, vol. 16, nº 2
Nesse sentido, a utilização de uma arquitetura para o ambiente informacional digital com base no modelo
conceitual de requisitos bibliográficos pode auxiliar no processo de representação de imagens digitais.
O modelo conceitual utilizado neste estudo foi o FRBRer (Functional Requirements for Bibliographic Records -
entity-relationship), que segundo o idealizador Peter Chen (1990) o modelo de dados de um sistema deve conter um
alto nível de abstração que por meio de uma visão estática de um programa e pela definição de uma organização dos
dados, maximaliza a utilidade e apresenta as características essenciais de um domínio de abstração.
O modelo FRBRer estabelece alguns conceitos sobre os muitos tipos de materiais descritos nas bases de dados
pertencentes a instituições do patrimônio cultural, como bibliotecas, arquivos e museus entre outras, na tentativa de
tornar os catálogos automatizados mais amigáveis para os usuários, e universais, tendo como propósito favorecer
compatibilidades internacionais, de modo a tornar o acesso aos dados e os processos de busca e de recuperação cada
vez mais eficientes. Segundo Le Bouef (2007, p. 1), o FRBR
[...] é um modelo que define um número de classes gerais (“entidades”) de coisas que são julgadas relevantes
no contexto específico de um catálogo de biblioteca, seguidas de características (“atributos”) que pertencem a
cada uma dessas classes gerais, e os relacionamentos que podem existir entre instâncias dessas várias classes.
A modelagem conceitual E-R para imagens digitais, incorporando os conceitos da Ciência da Informação e Ciência
da Computação pode auxiliar no desenvolvimento e no planejamento de catálogos de recursos imagéticos digitais na
configuração e na apresentação das informações para o atendimento das tarefas do usuário.
Na construção de um catálogo, o FRBR dá continuidade ao objetivo da elaboração de catálogos, tendo como
diferencial o aprimoramento no processo de oferecer uma nova perspectiva sobre a estrutura e as relações dos registros
bibliográficos. Pois, os usuários desejam sanar suas necessidades e encontrar o recurso da forma mais conveniente,
sendo que o usuário não deverá “[...] manusear todas as outras formas de registro disponíveis no acervo, mesmo que
os itens estivessem ampla e corretamente organizados, nós, bibliotecários, elaboramos representações desses itens, de
forma a simplificar a busca.” (Mey, 1995, p. 1).
A partir de orientações do FRBRer e das performances de desempenho dos relacionamentos para a descrição das
imagens digitais e dos conceitos de construção da modelagem conceitual, Simionato (2012) desenvolve o modelo
conceitual para recursos imagéticos denominado: Requisitos Funcionais para Dados Imagéticos Digitais – RFDID.
O Grupo 1 representa a base conceitual do modelo, referindo-se ao trabalho intelectual ou artístico, suas entidades
são: obra, expressão, manifestação e item. Como apresentado o Grupo 1, no Quadro III.
Entidade Descrição
Obra Definida como a criação intelectual subjetiva de quem irá capturar uma imagem.
Expressão
Realização intelectual ou artística específica e ainda subjetiva, que assume uma
obra ao ser elaborada, ou seja, a expressão no contexto imagético é o processo de
criação intelectual a ser transformada em imagem digital, ou seja, a transformação em
pixels.
Manifestação Forma física e concreta da expressão de uma obra.
Item
Imagem que o usuário busca em um catálogo, é a imagem que se vê e a sua
representação deve conter atributos que a tornem única a partir de uma descrição de
dados persistidos no sistema que garantam o seu instanciamento.
Quadro III. Entidades do Grupo 1 do RFDID. Fonte: Autoras.
Com base nas quatro entidades do grupo 1, os relacionamentos entre as entidades e entre eles, é apresentado o
primeiro grupo de entidades do RFDID na Figura 1.
DESCRIÇÃO DE RECURSOS IMAGÉTICOS DIGITAIS: APRESENTAÇÃO DE UM MODELO CONCEITUAL. 9
Anales de Documentación, 2013, vol. 16, nº 2
Figura 1. RFDID - Primeiro grupo de entidades e seus relacionamentos.
10 ANA CAROLINA SIMIONATO Y PLÁCIDA L. V. AMORIM DA COSTA SANTOS
Anales de Documentación, 2013, vol. 16, nº 2
O modelo conceitual – RFDID será contextualizado a partir da Figura 2 e sua descrição, uma imagem selecionada
do projeto The Commons do Flickr, que requisita apenas o direito de atribuição e contém informações necessárias para
a descrição do recurso.
Figura 2. Sun Emits a Solstice CME. Fonte: NASA Goddard Space Flight Center. 2013. Disponível em:
. [Acesso em: 8 de julho de 2013].
O recurso apresentado na Figura 2 apresenta em sua página de acesso a seguinte descrição:
Caption: This image from June 20, 2013, at 11:15 p.m. EDT shows the bright light of a solar flare on the left
side of the sun and an eruption of solar material shooting through the sun’s atmosphere, called a prominence
eruption. Shortly thereafter, this same region of the sun sent a coronal mass ejection out into space.
---
On June 20, 2013, at 11:24 p.m., the sun erupted with an Earth-directed coronal mass ejection or CME, a solar
phenomenon that can send billions of tons of particles into space that can reach Earth one to three days later.
These particles cannot travel through the atmosphere to harm humans on Earth, but they can affect electronic
systems in satellites and on the ground.
Experimental NASA research models, based on observations from NASA’s Solar Terrestrial Relations
Observatory and ESA/NASA’s Solar and Heliospheric Observatory show that the CME left the sun at speeds of
around 1350 miles per second, which is a fast speed for CMEs.
Earth-directed CMEs can cause a space weather phenomenon called a geomagnetic storm, which occurs when
they funnel energy into Earth's magnetic envelope, the magnetosphere, for an extended period of time. The
CME’s magnetic fields peel back the outermost layers of Earth's fields changing their very shape. Magnetic
storms can degrade communication signals and cause unexpected electrical surges in power grids. They also
can cause aurora. Storms are rare during solar minimum, but as the sun’s activity ramps up every 11 years
toward solar maximum – currently expected in late 2013 -- large storms occur several times per year.
In the past, geomagnetic storms caused by CMEs of this strength and direction have usually been mild.
Credit: NASA/Goddard/SDO
NASA image use policy.
NASA Goddard Space Flight Center enables NASA’s mission through four scientific endeavors: Earth Science,
Heliophysics, Solar System Exploration, and Astrophysics. Goddard plays a leading role in NASA’s
accomplishments by contributing compelling scientific knowledge to advance the Agency’s mission.
Informações adicionais: Alguns direitos reservados (direito de atribuição) – Creative Commons.
Fonte: NASA Goddard Space Flight Center, 2013. Disponível em:
. [Acesso em: 8 de julho de 2013].
Os valores correspondentes aos atributos de cada entidade estão ligados ao seu conteúdo e relacionamento
específico e serão elaborados a partir das informações disponíveis na página onde a imagem “Sun Emits a Solstice
DESCRIÇÃO DE RECURSOS IMAGÉTICOS DIGITAIS: APRESENTAÇÃO DE UM MODELO CONCEITUAL. 11
Anales de Documentación, 2013, vol. 16, nº 2
CME” está armazenada no repositório do Flickr. Alguns dos atributos são título, idioma, descrição da imagem,
imagens relacionadas, tipo, dados EXIF (disponíveis em
) e localização do item, o número de URI
(Identificador Uniforme de Recursos) .
No segundo grupo, as entidades são Pessoa e Entidade Coletiva explicitadas no Quadro IV, elas estruturam a base
das entidades do primeiro grupo: pessoa e entidade coletiva:
Entidade Descrição
Pessoa
Indivíduo responsável pela criação ou realização de uma obra, ou seja, o responsável
pela captura da imagem digital ou por sua realização.
Entidade coletiva
Organizações ou grupos de indivíduos responsáveis pelo conteúdo intelectual da
imagem digital, inclusive grupos temporários (encontros, conferências, reuniões,
festivais, etc.) e autoridades territoriais como uma federação, um estado, uma região,
entre outros.
Quadro IV. Entidades do Grupo 2 do RFDID. Fonte: Autoras.
As entidades do Grupo 2 do RFDID e seus relacionamentos, estão presentes na ilustração do segundo grupo de
entidades do RFDID na Figura 3. Os valores exatos dos atributos deste exemplo são autor/responsável pelo recurso
imagético “Sun Emits a Solstice CME” armazenado no repositório do Flickr.
O terceiro grupo, por sua vez, corresponde às entidades que representam o conjunto de temas caracterizadores de
uma obra, conforme demonstra o Quadro V.
Entidade Descrição
Conceito
Uma noção abstrata ou uma ideia que podem ser amplas ou específicas, abrangendo
abstrações de uma obra e podem ser temáticas: áreas de conhecimento, disciplinas,
escolas de pensamento, teorias; ou ainda as técnicas fotográficas que podem ser
incorporadas nas imagens digitais.
Objeto
A coisa material, que abrange uma completa categoria de coisas materiais que podem
ser as temáticas de uma obra: objetos da natureza, objetos da criação humana ou
objetos que já não existam.
Evento
Inclui uma variedade de ações, ocorrências ou acontecimentos: momento histórico,
época, período de tempo
Lugar
Uma localização ou uma série de localizações como: terrestres e extraterrestres,
históricas ou contemporâneas, características geográficas e jurisdições geopolíticas.
Quadro V. Apresentação de Entidades do Grupo 3 do RFDID. Fonte: Autoras.
As informações que comporão aos valores exatos de cada atributo correspondente a imagem, podem ser
encontradas na descrição da imagem “Sun Emits a Solstice CME” e também em descrições disponíveis em
enciclopédias, dicionários e/ou outras fontes.
As entidades do segundo e terceiro grupo estão descritas na Figura 3, demonstrando a potencialidade
representativa do modelo FRDID:
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Anales de Documentación, 2013, vol. 16, nº 2
Figura 3. RFDID - Segundo e terceiro grupo de entidades e seus relacionamentos.
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Anales de Documentación, 2013, vol. 16, nº 2
Uma descrição construída tendo como base o modelo RFDID poderá abranger instâncias dentre as várias entidades
presentes no modelo conceitual. No entanto, o modelo conceitual não descreve o recurso imagético é responsável
somente, pela modelagem de seus dados, a descrição dos recursos informacionais é orientada pelos códigos de
catalogação e diretrizes de descrição.
O RFDID é um modelo que define um número de entidades relevantes para a descrição de recursos imagéticos em
contextos específicos, com atributos de cada uma dessas entidades e os relacionamentos que podem existir entre
instâncias dessas várias entidades.
A imagem “Sun Emits a Solstice CME” foi descrita a partir do padrão de metadados IPTC Core & Extension for-
photo metadata standard, escolhido pela sua proveniência imagética, capaz de abrigar algumas especificidades do
material, como pode ser observada na descrição no Quadro VI.
IPTC CORE FIELDS DESCRIPTION
Creator's contact details
Creator NASA's Marshall Space Flight Center
Creator's Job Title Sun Emits a Solstice CME (NASA, International Space Station, 21/06/13)
Creator's Contact Details
(Address, City,
State/Province, Postal Code,
Country, Phone, Email,
Website)
NASA Headquarters
Public Affairs, Photo Department
300 E Street, SW
Washington, DC 20546
Formal Image description
Date Created 20 de junho de 2013
IPTC Scene Code
Colorspace
Location (Sublocation,
City, State/Provoince,
Country, ISO Country Code)
Space
Visual content description
Headline Sun Emits a Solstice CME
Description
This image from June 20, 2013, at 11:15 p.m. EDT shows the bright light of
a solar flare on the left side of the sun and an eruption of solar material shooting
through the sun’s atmosphere, called a prominence eruption. Shortly thereafter,
this same region of the sun sent a coronal mass ejection out into space.
Keywords NASA; CME; Solstice
IPTC Subject Code (N1TS/G2KI)
Description Writer
The subject of the photographs are making these official NASA photographs
available for publication by news organizations and/or for personal use printing.
NASA may not use the photographs in materials, advertisements, products, or
promotions that in any way suggest approval or endorsement.
Workflow and Copyright Information
Title Sun Emits a Solstice CME
Job ID -
Instructions All Images used must credited.
Credit Line Creative Commons
Source http://www.flickr.com/photos/gsfc/9103297092/in/photostream
Copyright Notice -
Rights Usage Terms Some rights.
Quadro VI. Descrição de “Sun Emits a Solstice CME” com o IPTC Core & Extension. Fonte: Autoras.
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Os relacionamentos entre os dados do IPTC Core & Extension e o modelo conceitual RFDID estão representados
no quadro VII, com base na descrição imagética de “Sun Emits a Solstice CME”.
ENTIDADE
CAMPO DESCRITIVO DO IPTC
(IPTC CORE FIELDS)
RELACIONAMENTO
GRUPO 1
Obra
Creator
Date Created
Title
Expressão, Manifestação, Item e
Entidades do GRUPO 2 e 3
Expressão
IPTC Scene Code
Headline
Description
Title
Obra, Manifestação, Item e
Entidades do GRUPO 2 e 3
Manifestação
Title
Instructions
Credit Line
Rights Usage Terms
Obra, Expressão, Item e Entidades
do GRUPO 2 e 3
Item Source
Obra, Expressão, Manifestação e
Entidades do GRUPO 2 e 3
GRUPO 2
Pessoa
Creator
Creator's Contact Details
Entidades do GRUPO 1
Entidade coletiva
Creator
Creator's Job Title
Creator's Contact Details
Description Writer
Instructions
Entidades do GRUPO 1
GRUPO 3
Conceito
Description
Description Writer
Keywords
Entidades do GRUPO 1 e 2
Objeto
Description
Description Writer
Keywords
Entidades do GRUPO 1 e 2
Evento
Description
Description Writer
Keywords
Entidades do GRUPO 1 e 2
Lugar
Description
Description Writer
Keywords
Entidades do GRUPO 1 e 2
Quadro VII. Relacionamentos entre os dados do IPTC Core & Extension e RFDID. Fonte: Autoras.
No Quadro VII pode ser notada a repetição de alguns elementos descritivos, entretanto essa repetição, no momento
da modelagem de dados em um catálogo, não ocorrerá, pois esses mesmos valores estarão descritos de forma
relacional.
A modelagem conceitual para recursos imagéticos definido Simionato (2012) está integralmente apresentada na
Figura 4, onde constam os três grupos conceituais e seus relacionamentos e atributos.
DESCRIÇÃO DE RECURSOS IMAGÉTICOS DIGITAIS: APRESENTAÇÃO DE UM MODELO CONCEITUAL. 15
Anales de Documentación, 2013, vol. 16, nº 2
Figura 4. Requisitos Funcionais para Dados Imagéticos Digitais.
16 ANA CAROLINA SIMIONATO Y PLÁCIDA L. V. AMORIM DA COSTA SANTOS
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Os Requisitos Funcionais para Dados Imagéticos Digitais – RFDID pressupõem um sistema de recuperação da
imagem digital que envolve a extração de características específicas da imagem indo além do conteúdo da informação
extraído da leitura da imagem e a sua descrição em texto, normalmente baseada na interpretação do assunto da
imagem, ou na descrição de dados técnicos extraídos automaticamente.
A contribuição do RFDID para a área de descrição dos recursos informacionais e para área da imagem digital é o
estabelecimento de um nível de organização dos dados nos sistemas digitais e um grau de padronização que pode
favorecer a interoperabilidade entre sistemas e possibilitar o compartilhamento de dados e de serviços informacionais.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.
A área de Ciência da Informação está vivenciando transformações tanto no processo do fazer quanto no modo de
pensar as novas maneiras de representar e de apresentar o objeto informacional resultante do aumento do fluxo
informacional.
Os recursos imagéticos, nesse contexto, são um grande atrativo no processo de comunicação e se configuram como
ícones de rápida interpretação e além disso imagem possui um grande valor de representação, pois são capazes de
representar coisas concretas e abstratas que não estão expressas por caracteres. Tais características também
configuram o registro imagético pelo seu grau de dificuldade na representação, pela sua subjetividade de valores
sintáticos e semânticos.
Para o desenvolvimento de catálogos otimizados, mais amigáveis e eficientes são necessários fatores que geram
uma crescente necessidade de tratamento descritivo específico para a sua representação do recurso imagético. E a
transformação desse tipo de recurso disponível em informação acessível solicita que a persistência de dados nos
catálogos ou banco de dados, que descrevam de modo consistente o recurso, facilitando a sua identificação e
localização, permitindo o seu instanciamento para uso, reuso e preservação da informação e a apropriação do
conhecimento.
Há que se considerar, entretanto, que a representação de imagens digitais na Web é uma tarefa bastante complexa
que exige cooperação, responsabilidade e especialidade para o desenvolvimento de um trabalho estratégico no uso de
esquemas e de linguagens para a construção de formas de representação estruturadas para a persistência de dados e
para a apresentação da informação, estruturas essas responsáveis pelo encaminhamento de operações de acesso aos
dados, de busca de informações, de localização e de recuperação de recursos informacionais.
Nesse sentido, o modelo conceitual para a descrição de imagens digitais, Requisitos Funcionais para Dados
Imagéticos Digitais – RFDID aqui apresentado, se configura em uma proposta de construção de formas mais eficientes
para representar o recurso imagético de modo a torná-lo disponível, acessível e recuperável.
A utilização dos RFDID na modelagem de dados permitirá uma maior economia processual, com a reutilização de
componentes e o aumento da flexibilidade. A reutilização de seus componentes promove aos dados um
relacionamento de seus valores conectivos as entidades previamente definidas pelo modelo conceitual e permitirá que
os dados imagéticos sejam descritos somente uma vez. A flexibilidade, por sua vez, contemplará as mudanças que
possam ocorrer em diferentes ambientes digitais.
Desse modo, conclui-se que o modelo apresentado oferece uma quebra na estrutura dos registros descritivos, até
então, estruturados como um monólito e os transforma em estruturas de dados que podem se relacionar a partir de suas
entidades e atributos, otimizando tanto os processos de descrição e de acesso, quanto os de localização e de
recuperação dos recursos imagéticos e ainda favorecendo a interoperabilidade entre sistemas.
5. REFERÊNCIAS.
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Informação) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2010.
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BOOCH, G.; JACOBSON, I. y RUMBAUGH, J. Object-oriented analysis and design with applications. Grady
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