FABIANA MARIA MONTEIRO PASCHOAL Aplicações da técnica de fotoeletrocatálise na oxição de corantes ácidos, corantes dispersos, surfatantes e na redução de Cr(VI) e bromato em efluentes usando eletrodos nanoporosos de Ti/TiO2 Tese apresentada ao Instituto de Química, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutor em Química. ORIENTADORA: Profa. Dra. Maria Valnice Boldrin Zanoni Araraquara 2008 FICHA CATALOGRÁFICA Paschoal, Fabiana Maria Monteiro P279a Aplicações da técnica de fotoeletrocatálise na oxidação de corantes ácidos, corantes dispersos, surfatantes e na redução de Cr(VI) e bromato em efluentes usando eletrodos nanoporosos de Ti/TiO2 / Fabiana Maria Monteiro Paschoal. – Araraquara : [s.n], 2008 159 f. : il. Tese (doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Instituto de Química Orientador: Maria Valnice Boldrin Zanoni 1. Química analítica. 2. Fotoeletrocatálise. 3. Dióxido de titânio. 4. Eletroanalítica. I. Título. Elaboração: Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação do Instituto de Química de Araraquara Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação DEDICATÓRIA Chamá-los de amigos seria injusto. Muito pouco para quem acompanha cada passo da minha vida. Muito pouco para quem foi médico e guardião de beiradas de cama nas minhas noites febris. Pouco para quem já foi meu advogado de defesa nas injustiças que, às vezes, a vida me impôs. Chamá-los de companheiros pacientes nos meus erros e professores nas dúvidas trazidas da escola ou colhidas na vida. Com certeza a maneira de exprimir de verdade tudo o que já fizeram por mim é bem mais simples. Basta chamá-los de Pai e Mãe. A vocês, meus queridos pais, José e Eloiza, a esta, in memoriam, eu dedico este trabalho Ao Wanderson, meu esposo, por seu abraço nas horas difíceis, sua vibração nas minhas conquistas, sua compreensão: apoio importante para o cumprimento desta jornada. Com amor e gratidão estendo a você às alegrias desta vitória. Ás minhas irmãs, Sílvia e Daniela, pela alegria de tê-las em minha vida. Às minhas avós, Edelvira e Mônica, pelo carinho de sempre. As minha tias, tios, enfim, a toda a minha família, que sempre esteve comigo nos momentos de choro e de risos. AGRADECIMENTOS Pela realização deste trabalho, agradeço A Deus pelo dom da vida. A professora Dra. Maria Valnice Boldrin Zanoni, pela orientação, atenção, apoio, amizade, confiança, disposição, sabedoria e ajuda incansável no decorrer deste trabalho. Ao Instituto de Química de Araraquara pela oportunidade oferecida. Aos professores Nelson Ramos Stradiotto; Hideko Yamanaka e Maria Del Pilar Taboada Sotomayor pela amizade e discussões nas reuniões de grupo. Ao professor Marc A. Anderson pela grande oportunidade de trabalhar em seu laboratório e principalmente pelos ensinamentos adquiridos durante a realização do estágio na University of Madison, Wisconsin. E meu agradecimento a professora Isabel Tejedor pelo carinho, amizade, ajuda e pelas conversas e discussões sobre o trabalho. Ao técnico do laboratório de eletroanalítica, Ricardo, pela amizade e colaboração no decorrer deste trabalho. Ao pessoal do Laboratório de Eletroanalítica: Ivonete, Carolina, Clara, Paulo Brasil, Thaís, Patrícia, Marcelo, Antônio, Juliano, Luciano, Marcos, Diana, Leandro, Leonardo Paim, Michelle, Paula, Fernando, Marly, Michelle, Urquisa. Em especial a Daniela, Regina, Márcio, André e Magno amigos e colegas, sempre presentes nas horas boas e nas mais difíceis, obrigada pela amizade e constante auxílio no decorrer desta pesquisa. Às secretárias da Seção de Pós-Graduação e aos funcionários da Biblioteca, em especial a Angélica, a Cris, a Maria A. Pavanelli e a Valéria, pela constante disposição em ajudar-me. Ao pessoal de serviços de manutenção, de infra-estrutura, oficina mecânica e vidraria pela colaboração silenciosa e indireta. Aos funcionários do Instituto de Química de Araraquara. Enfim, a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, me auxiliaram. À Fapesp, Processo 04/07353-7, pela bolsa de doutorado concedida e ao CNPq, Processo 201379/2007-4, pela bolsa de doutorado sanduíche. Deus Dai-me coragem para mudar as coisas que podem ser mudadas, serenidade para aceitar as coisas que não podem ser mudadas, e sabedoria para perceber a diferença. RESUMO O presente trabalho ilustra diversas aplicações da técnica de fotoeletrocatálise, tais como: degradação de corantes têxteis, corantes de curtumes, surfatantes, redução de Cr(VI) a Cr(III) e redução de bromato a brometo, usando eletrodos de filmes finos de Ti/TiO2 e luz ultravioleta. A oxidação fotoeletrocatalítica de soluções simuladas de efluentes de curtumes contendo dicromato de potássio, o corante ácido vermelho e o surfatante Tamol® foi investigada em Na2SO4 0,1 mol L-1 usando anodos de filme fino de TiO2 sob potencial de + 1,0 V e irradiação UV-Vis. Foi obtido 100% de remoção do corante ácido vermelho 151 e 98,5% de redução de Cr(VI) a Cr(III) e 94,6% de remoção de carbono orgânico total (COT), após 60 min de fotoeletrocatálise em pH = 2,0. A técnica de fotoeletrocatálise foi ainda aplicada na degradação de dois efluente industriais contendo corantes dispersos em Na2SO4 0,1 mol L-1. Os resultados obtidos mostraram descoloração de 95%, 97%, e 100% de remoção dos corantes dispersos: laranja, rubi e vermelho dispersil, sendo que a porcentagem de mineralização foi de 62,7%; 43,3% e 61,3%, respectivamente. Remoção de 80-89% da coloração dos efluentes foram conseguidas após 360 min de fotoeletrocatálise, concomitante à redução de 49,8% e 46,8% de COT e 50% de redução da demanda química de oxigênio (DQO). O método mostrou-se ainda adequado para a redução de 0,25 mg L-1 de bromato a brometo com máxima performance sob potencial de -0,2 V e luz UV, usando o Ti/TiO2 como fotocátodo. O método promoveu 65% de redução de bromato após 75 min de tratamento. ABSTRACT In the present work has been studied the application of photoelectrocatalytic process to degradation of acid dyes, disperse dyes, surfactant, Cr (VI)/Cr (III) reduction and BrO3 -/Br- reduction, using Ti/TiO2 electrodes and UV- Vis irradiation. The photoeletrocatalytic oxidation of simulated leather industry wastewater containing Cr(VI), acid red 151 dye, Tamol® surfactant was investigated in Na2SO4 0,1 mol L-1 solution using Ti/TiO2, potencial of + 1.0V and UV irradiation. 100% of color removal, 98.5% of Cr(VI)/Cr (III) reduction and 94.6% of TOC removal were obtained after 60 min of treatment at pH = 2.0. The photoelectrocatalytic process was successfully applied in the wastewater degradation of textile industry too. The results have shown 95%, 97% and 100% of color removal for orange, ruby e red disperse dyes concomitant to reduction of 62,7%; 43,3% e 61,3% TOC values, respectively. Two wastewater was analyzed and the results present 80-89% of color removal, 49,8% and 46,8% of TOC removal and 50% of COD after 360 min of photoeletrocatalytic treatment. The reduction of bromate to bromide was also followed by photoeletrocatalytic treatment testing 0.25 mg L-1 of bromate in NaCl using Ti/TiO2 electrode, UV irradiation and potential of - 0.2V. The method has shown 65% of bromate concentration reduction after 75 min of treatment. Lista de Figuras ================================================================ LISTA DE FIGURAS Figura 1: Mecanismo da geração do transporte de carga em um semicondutor. A. Metais. B. Dopagem: Tipo-n. C. Dopagem: Tipo-p. D. Foto-excitação (Ef o nível de Fermi; Ec a Energia de condução e Ev a Energia de valência).............................................. 28 Figura 2: Etapas envolvidas na formação das camadas delgadas pelo processo dip-coating............................................................................................. 30 Figura 3: Esquema representativo da partícula de um semicondutor. bv: banda de valência; bc: banda de condução e Eg: Energia do bandgap............................................................................................ 32 Figura 4: Estrutura química do couro wet blue formado pelo tratamento do couro com Cr(III)............................................................................ 37 Figura 5: Estrutura do corante ácido vermelho 151......................................... 40 Figura 6: Representação esquemática de uma micela formada por surfatante em meio aquoso após atingir a concentração micelar crítica (MANIASSO, 2001)........................................................................ 43 Figura 7: Esquema de reator fotoeletroquímico de um compartimento. (1) eletrodo de referência (eletrodo de Ag/AgCl) inserido em um capilar de Luggin; (2) eletrodo de Ti/TiO2 (eletrodo de trabalho); (3) tubo de quartzo; (4) borbulhador de ar (5) eletrodo auxiliar de rede de platina; (6) entrada de água; (7) saída de água; (8) lâmpada de vapor de mercúrio de 125W.................................... 53 Figura 8: Reator fotoeletroquímico de dois compartimento. (1) Fonte de luz; (2) Filtro Infra-vermelho; (3) Computador; (4) Potenciostato; (5) janela de quartzo; (6) Eletrodo de calomelano saturado; (7) Eletrodo de Ti/TiO2 (eletrodo de trabalho); (8) barra magnética; (9) Membrana de Náfion 117; (10) Eletrodo auxiliar de rede de platina; (11) Topo da solução eletrolítica....................... 54 Figura 9: (I) Espectros de absorção na região UV-Vis de 0,003% (m/v) de corante ácido 151 em Na2SO4 0,1 mol L-1 em diferentes concentrações do surfatante Tamol® sendo (a) sem Tamol®; (b) 0,00075% (m/v) Tamol®; (c) 0,009% (m/v) Tamol®; (d) 0,03% (m/v) Tamol® e (e) 0,15% (m/v) Tamol® e (II) Espectro de absorção da solução 0,003% (m/v) de Tamol® em Na2SO4 0,1 mol L-1........................................................................................ 60 Figura 10: Gráfico da absorbância de 0,003% (m/v) do corante ácido 151 em Na2SO4 0,1 mol L-1 vs. variação da concentração do Tamol®, entre 0 - 0,15% (m/v) e em seus respectivos comprimentos de onda máximo de absorção................................................................ 61 Figura 11: Gráfico da absorbância vs. tempo de reação em horas da solução de 0,003% (m/v) do corante ácido 151 em Na2SO4 0,1 mol L-1 na concentração do Tamol® de (A) 0% (m/v) em λ = 510 nm; (B) 0,00075% (m/v) em λ = 510 nm; (C) 0,0030% (m/v) em Lista de Figuras ================================================================ λ = 510 nm; (D) 0,0090% (m/v) em λ = 510 nm; (E) 0,030% (m/v) em λ = 515 nm e (F) 0,15% (m/v) em λ = 527 nm........................................................................................ 62 Figura 12: Curvas de fotocorrente-potencial obtidas para eletrodo de Ti/TiO2 vs. Ag/AgCl em Na2SO4 0,1 mol L-1, pH 7,0; sem irradiação (Curva A) e sob irradiação UV (Curva B). Velocidade de varredura=10 mV s-1........................................................................ 63 Figura 13: Curvas de fotocorrente-potencial obtidas para eletrodo de Ti/TiO2 sem irradiação (Curva A), e com irradiação em NaNO3 0,5 mol L-1 (Curva B), em Na2SO4 0,1 mol L-1 (Curva C) e em NaCl 0,1 mol L-1 (Curva D), Velocidade de varredura = 10 mV s-1, pH=7,0........................................................ 64 Figura 14: Curvas de corrente potencial obtidas para o eletrodo de Ti/TiO2 vs. Ag/AgCl em Na2SO4 0,1 mol L-1, sem irradiação (A) e sob irradiação UV para diferentes concentrações de Tamol® (B) 0 %; (C) 0,00075%; (D) 0,003%; (E) 0,0075%; (F) 0,015%; (G) 0,0225% e (H) 0,03% (m/v). Velocidade de varredura de 10 mVs-1........................................................................................... 66 Figura 15: Fotocorrente (I) vs concentração do Tamol l®, para as mesmas condições experimentais da Figura 14, no potencial de 0,8 V vs. Ag/AgCl........................................................................................... 66 Figura 16: 1/Iphs vs. 1/[Tamol®], dados derivados da Figura 15...................... 67 Figura 17: Efeito da fotoeletrocatálise sobre os espectros de absorção na região UV-Vis de 0,009% (m/v) Tamol® em Na2SO4 0,1 mol L-1, pH = 6,0, sob potencial de + 1,0 V, irradiação UV. Tempo de fotoeletrocatálise: (−) 0 min; (−) 15 min; (−) 30 min; (−) 60 min e (−) 90 min, A = λ = 285 nm e B = λ = 232 nm................................ 69 Figura 18: Gráfico da porcentagem de remoção dos centros aromáticos presentes no surfatante Tamol® tratado após 90 min de fotoeletrocatálise. (1) λ = 288 nm e (2) λ = 232 nm................... 70 Figura 19: Gráfico do ln (At / Ao) versus tempo de fotoeletrocatálise do surfatante Tamol®, em Na2SO4 0,1 mol L-1, pH = 6,0, sob potencial de + 1,0 V no λ = 285 nm.......................................... 70 Figura 20: Efeito da fotoeletrocatálise sobre os espectros de absorção na região UV-Vis de 0,009% (m/v) Tamol® em Na2SO4 0,1 mol L-1 em (A) pH = 2,0; (B) pH = 6,0 e (C) pH = 12,0 sob potencial de + 1,0 V e irradiação UV. Tempo de fotoeletrocatálise: (−) 0 min; (−) 5 min; (−) 10 min; (−) 15 min, (−) 20 min, (−) 30 min, (−) 60 min e (−) 90 min.................................................................... 72 Figura 21: Gráfico da Evolução da degradação fotoeletrocatalítica no (I) λ = 285 nm e (II) λ = 232 nm do surfatante Tamol® em solução de Na2SO4 pH (A) 2,0; (B) 6,0 e (C) 12,0.......................... 73 Figura 22: Porcentagem de degradação do carbono orgânico total para o a solução de 0,009% (m/v) de Tamol® em Na2SO4 0,1 mol L-1 em (1) pH = 2,0; (2) pH = 6,0 e (3) pH = 12,0 e submetido a fotoeletrocatalise durante 90 min..................................................... 74 Lista de Figuras ================================================================ Figura 23: Fotografias da descoloração da solução 0,003% (m/v) do corante ácido vermelho 151 em soluções contendo 0,009% (m/v) do surfatante Tamol® em Na2SO4 no pH 2,0, em diferentes tempos de fotoeletrocatálise no E = + 1,0 V vs. Ag/AgCl............................ 75 Figura 24: Espectros de absorção na região UV-Vis de (1) 0,003% (m/v) de corante ácido 151 em Na2SO4 0,1 mol L-1 contendo 0,009% (m/v) de Tamol®; (2) 0,009% (m/v) de Tamol® em Na2SO4 0,1 mol L-1 e (3) 0,003% (m/v) de corante ácido vermelho 151 em Na2SO4 0,1 mol L-1, pH = 2,0........................................................................ 76 Figura 25: (A) Efeito da oxidação fotocatalítica nos espectros de absorção na região UV-Vis da solução de 0,003% (m/v) de corante ácido 151 contendo 0,009% (m/v) de Tamol®, em Na2SO4 0,1 mol L-1, pH = 2,0, em potencial de + 1,0 V e irradiação UV e (B) espectro de absorção ampliado na região do visível. Tempo de fotoeletrocatálise (−) 0 min; (−) 5 min, (−) 10 min, (−) 15 min, (−) 20 min, (−) 25 min, (−) 30 min, (−) 45 min, (−) 60 min, (−) 75min e (−) 90 min..................................................................... 77 Figura 26: Comparação entre a porcentagem de remoção das bandas em (A) corante no λ = 500 nm (B) surfatante no λ = 285 nm no intervalo entre 0 - 90 min de fotoeletrocatálise................................ 78 Figura 27: Gráfico de ln (At/A0) versus tempo de fotoeletrocatálise do corante ácido 151 e do surfatante Tamol® em Na2SO4 0,1 mol L-1, pH = 2,0, sob potencial de + 1,0 V em (A) 500 nm e (B) 285 nm..................................................................................... 79 Figura 28: Gráfico da Evolução da degradação fotoeletrocatalítica no (I) λ = 500 nm, (II) λ = 285 nm e (III) λ = 232 nm do corante ácido vermelho 151 e do surfatante Tamol® em solução de Na2SO4 pH (A) 2,0; (B) 6,0 e (C) 12,0............................................ 81 Figura 29: Gráfico do ln (A / Ao) versus tempo de fotoeletrocatálise da solução de corante ácido vermelho 151 contendo o surfatante Tamol®, em Na2SO4 0,1 mol L-1, sob potencial de + 1,0V em (1) pH = 2,0; (2) pH = 6,0 e (3) pH = 12,0 no comprimento de onda de 500 nm................................................................................ 82 Figura 30: Porcentagem de degradação do carbono orgânico total para as soluções submetidas a oxidação fotoeletrocatalíticas de 0,003% (m/v) de corante ácido vermelho 151 em Na2SO4 0,1 mol L-1 contendo 0,009% (m/v) de Tamol® em (1) pH = 2,0; (2) pH = 6,0 e (3) pH = 12,0................................................................................. 84 Figura 31: Cromatogramas CLAE-DAD do corante ácido 151 em fase móvel 50% Acetonitrila/ 50% tampão fosfato 1x10-3 mol L-1. T = 40 ºC, f = 1,00 mL min-1. (λ = 500 nm)...................................................... 85 Figura 32: Cromatograma CLAE – DAD da solução de corante ácido 151, na presença do surfatante Tamol® em Na2SO4 0,1 mol L-1, fotoeletrocatalisado por 120 min, no E = + 1,0 V. Fase móvel: 50% Acetonitrila / 50% tampão fosfato 1x10-3 mol L-1. T = 40ºC, fluxo = 1,0 mL min-1. (λ = 500 nm)................................................. 86 Lista de Figuras ================================================================ Figura 33: Gráfico dos valores médios das áreas do pico do corante ácido 151, na presença do surfatante, no tr = 9,8 min pela técnica CLAE –DAD vs tempo de fotoeletrocatálise. Fase móvel: 50% Acetonitrila / 50% tampão fosfato 1x10-3 mol L-1, Temperatura da coluna = 40 ºC, fluxo = 1,0 mL min-1, tempo de corrida = 15 min, fase estacionária C-18. (λ = 500 nm)............................................... 87 Figura 34: Curva analítica obtida para Cr(VI) na presença de difenilcarbazida cujo complexo apresenta máxima absorbância no λ = 540 nm....................................................................................... 88 Figura 35: Curvas de fotocorrente potencial vs. Ag/AgCl obtidas para o eletrodo de Ti/TiO2 em Na2SO4 0,1 mol L-1, sem irradiação (curva A) e sob irradiação UV para diferentes concentrações de Dicromato de Potássio (B) 0 mol L-1; (C) 5,0x10-6 mol L-1; (D) 1,0x10-5 molL-1; (E) 5,0x10-5 mol L-1; (F) 1,0x10-4 mol L-1 e (G) 3,0x10-4 mol L-1. Velocidade de varredura de 10 mVs-1........... 88 Figura 36: Fotocorrente (I) vs. concentração do crômio (VI), obtidas para o eletrodo de Ti/TiO2 vs. Ag/AgCl para a solução de dicromato de potássio em diferentes concentrações em Na2SO4 0,1 mol L-1. Dicromato de Potássio (B) 0 mol L-1; (C) 5,0x10-6 mol L-1; (D) 1,0x10-5 molL-1; (E) 5,0x10-5 mol L-1; (F) 1,0x10-4 mol L-1 e (G) 3,0x10-4 mol L-1. Velocidade de varredura de 10 mVs-1........... 89 Figura 37: Efeito da fotoeletrocatálise sobre os espectros de absorção na região UV-Vis de 4,8x10-5 mol L-1 de dicromato de potássio na presença de 0,003% (m/v) de corante ácido vermelho 151 e 0,009% (m/v) de Tamol® em Na2SO4 0,1 mol L-1 em pH = 2,0 sob potencial de +1,0 V e irradiação UV. Tempo de fotoeletrocatálise: (−) 0 min; (−) 5 min; (−) 10 min; (−) 15 min, (−) 20 min, (−) 30 min, (−) 45 min e (−) 60 min................................................. 90 Figura 38: Gráfico da evolução da degradação fotoeletrocatalítica no (A) λ = 285 nm e (B) λ = 500 nm da solução de 4,8x10-5 mol L-1 de dicromato de potássio na presença de 0,003% (m/v) de corante ácido vermelho 151 e 0,009% (m/v) de Tamol® em Na2SO4 0,1 mol L-1 pH 2,0............................................................................ 91 Figura 39: Gráfico do ln (At/Ao) vs. tempo de fotoeletrocatálise da solução de 4,8x10-5 mol L-1 de dicromato de potássio na presença de 0,003% (m/v) de corante ácido vermelho 151 + 0,009% (m/v) surfatante Tamol® em Na2SO4 0,1 mol L-1 em pH = 2,0; nos comprimentos de onda de (A) λ = 285 nm e (B) λ = 500 nm, sob potencial de + 1,0 V......................................................................... 92 Figura 40: Gráfico de 1/Abso versus tempo de fotoeletrocatálise da solução de 4,8x10-5 mol L-1 dicromato de potássio na presença de 0,003% (m/v) de corante ácido vermelho 151 + 0,009% (m/v) surfatante Tamol® em Na2SO4 0,1 mol L-1 em pH = 2,0; no comprimento de onda de 500nm, sob potencial de + 1,0V.............. 93 Figura 41: Porcentagem de redução de Cr(VI) a Cr(III) das amostras da solução de 4,8x10-5 mol L-1 de dicromato de potássio na presença Lista de Figuras ================================================================ de 0,003% (m/v) de corante ácido vermelho 151 e 0,009% (m/v) de Tamol® em Na2SO4 0,1 mol L-1 em pH = 2,0, fotoeletrocatalisada por 60 min, sob potencial de +1,0 V, tratadas com difenilcarbazida e analisadas no λ = 540 nm........................... 93 Figura 42: Gráfico da absorbância vs. tempo de reação em horas no λ = 500 nm da solução contendo 0,003% (m/v) do corante ácido 151 e 0,009% (m/v) Tamol® em Na2SO4 0,01 mol L-1 em diferentes concentrações de dicromato de potássio em (A) pH 2,0, (B) pH = 6,0; e (C) pH = 12,0.......................................................... 96 Figura 43: Diagrama de distribuição de espécies para o íon Cr a 25 °C de acordo com o diagrama de Pourbaix (WELCH, et al., 2005).......... 98 Figura 44: Gráfico da evolução da degradação (A) Fotolítica (B) Fotocatalítica e (C) Fotoeletrocatalítica no (I) λ = 285 nm e (II) λ = 500 nm da solução de Dicromato de potássio contendo o corante ácido vermelho 151 e o surfatante Tamol® em Na2SO4 em função do tempo de degradação....................................................... 101 Figura 45: Porcentagem de redução de Cr(VI) a Cr(III) das amostras da solução de 4,8 x10-5 mol L-1 de dicromato de potássio + 0,003% (m/v) do corante ácido 151 e 0,009% (m/v) de Tamol® em Na2SO4 0,1 mol L-1, pH 2,0, (A) fotolisada, (B) fotocatalisada e (C) fotoeletrocatalisada por 60 min sob potencial de +1,0 V, e tratadas com difenilcarbazida e analisadas no λ = 540 nm.............. 103 Figura 46: Porcentagem de degradação do carbono orgânico total para o as soluções de 4,8x10-5 mol L-1 de dicromato de potássio contendo 0,003% (m/v) de corante ácido vermelho 151 + 0,009% (m/v) de Tamol® em Na2SO4 0,1 mol L-1 (A) fotolisada, (B) fotocatalisadas e (C) fotoeletrocatalisadas por 60 min............................................. 103 Figura 47: Fotografias da descoloração das soluções dos corantes (A) vermelho Drimaten e (B) vermelho Sellaset em soluções contendo o surfatante Tamol® e dicromato de potássio em Na2SO4 no pH 2,0, em diferentes tempos de fotoeletrocatálise.................... 105 Figura 48: Efeito da fotoeletrocatálise sobre os espectros de absorção na região UV-Vis de (A) 0,003% (m/v) de corante vermelho Drimaren e (B) 0,003% (m/v) de corante vermelho Sellaset ambos na presença de 0,009% (m/v) de Tamol® e de 4,8x10-5 mol L-1 de dicromato de potássio em Na2SO4 0,1 mol L-1, pH 2,0, sob potencial de + 1,0 V e irradiação UV. Tempo de fotoeletrocatálise (−) 1min, (−) 2 min, (−) 3 min, (−) 4 min, (−) 5 min, (−) 10 min, (−) 15 min, (−) 20min, (−) 30min, (−) 45min e (−) 60min............... 106 Figura 49: (A) Porcentagem de remoção da coloração (λ = 516 nm) da solução de 0,003% (m/v) de corante vermelho Drimaren contendo 4,8x10-5 mol L-1 de dicromato de potássio + 0,009% (m/v) de Tamol® em Na2SO4 0,1 mol L-1 fotoeletrocatalisada por 60 min sob potencial de + 1,0 V e (B) Porcentagem de redução de Cr(VI) a Cr(III) das amostras da mesma solução fotoeletrocatalisadas tratadas com difenilcarbazida e analisadas no λ = 540 nm.............. 107 Lista de Figuras ================================================================ Figura 50: (A) Porcentagem de remoção da coloração (λ = 496 nm) da solução de 0,003% (m/v) de corante vermelho Sellaset contendo 4,8x10-5 mol L-1 de dicromato de potássio + 0,009% (m/v) de Tamol® em Na2SO4 0,1 mol L-1 fotoeletrocatalisada por 60 min sob potencial de + 1,0 V e (B) Porcentagem de redução de Cr(VI) a Cr(III) das amostras da mesma solução fotoeletrocatalisada, tratadas com difenilcarbazida e analisadas no λ = 540 nm.............. 107 Figura 51: Gráfico de ln (At/A0) versus tempo de fotoeletrocatálise da solução de (A) corante vermelho Drimaren (λ = 516 nm) e (B) corante vermelho Sellaset (λ = 496 nm), ambas as soluções contendo dicromato de potássio e o surfatante Tamol® em Na2SO4 0,1 mol L-1, sob potencial de + 1,0V................................................ 108 Figura 52: Porcentagem de degradação do carbono orgânico total para as soluções de (A) 0,003% (m/v) de corante vermelho Drimaren e (B) 0,003% (m/v) de corante vermelho Sellaset, ambas contendo, 4,8x10-5 mol L-1 de dicromato de potássio + 0,009% (m/v) de Tamol® em Na2SO4 0,1 mol L-1 fotoeletrocatalisadas por 60 min... 109 Figura 53: Fotografias da descoloração das soluções dos corantes (A) laranja dispersil, (B) rubi dispersil e (C) vermelho dispersil em pH 9,26 em diferentes tempos de fotoeletrocatálise...................................... 112 Figura 54: Espectros de absorção na região UV-Vis de (I) 0,0077% (m/v) do corante laranja dispersil, (II) 0,0072% (m/v) do corante rubi dispersil e (III) 0,0092% (m/v) do corante vermelho dispersil, em Na2SO4 0,1 mol L-1 pH 9,26............................................................. 113 Figura 55: Espectros de absorção, na região de 200 a 800nm, de 0,0077% (m/v) de corante laranja dispersil em Na2SO4 0,1 mol L-1 antes e durante 480 min de degradação fotoeletrocatalítica em potencial de +1,0 V. Tempo de fotoeletrocatálise: (−) 0 min; (−) 60 min; (−) 120 min; (−) 240 min; (−) 300 min; (−) 420 min e (−) 480 min....................................................................................... 114 Figura 56: Espectros de absorção, na região de 200 a 800nm, de 0,0072% (m/v) de corante rubi dispersil em Na2SO4 0,1 mol L-1 antes e durante 480 min de degradação fotoeletrocatalítica em potencial de +1,0 V. Tempo de fotoeletrocatálise: (−) 0 min; (−) 60 min; (−) 120 min; (−) 240 min; (−) 300 min; (−) 420 min e (−) 480 min....................................................................................... 115 Figura 57: Espectros de absorção, na região de 200 a 800nm, de 0,0092% (m/v) de corante vermelho dispersil em Na2SO4 0,1 mol L-1 antes e durante 240 min de degradação fotoeletrocatalítica em potencial de +1,0 V. Tempo de fotoeletrocatálise: (−) 0 min; (−) 30 min; (−) 60 min; (−) 90 min; (−) 120 min e (−) 240 min.......................... 115 Figura 58: Porcentagem de remoção da coloração dos corantes (A) Laranja Dispersil no λ = 461 nm, (B) Rubi Dispersil no λ = 618 nm e (C) Vermelho Dispersil no λ = 592 nm tratados após 480 min de fotoeletrocatálise para os corantes laranja e rubi dispersil e 240 min de fotoeletrocatálise para o corante vermelho dispersil..... 116 Lista de Figuras ================================================================ Figura 59: Porcentagem de remoção dos centros aromáticos do surfatante e do corante em 230 nm para os corantes (A) Laranja Dispersil, (B) Rubi Dispersil e (C) Vermelho Dispersil tratados após 480 min de fotoeletrocatálise para os corantes laranja e rubi dispersil e 240 min de fotoeletrocatálise para o corante vermelho dispersil............................................................................................ 117 Figura 60: Gráficos de ln (At/A0) versus tempo de fotoeletrocatálise dos corantes (A) laranja dispersil (B) rubi dispersil e (C) vermelho dispersil, em Na2SO4 0,1 mol L-1, sob potencial de + 1,0 V............ 118 Figura 61: Porcentagem de degradação do carbono orgânico total para os corantes (A) laranja dispersil, (B) rubi dispersil e (C) vermelho dispersil em 0,1 mol L-1 submetidos a fotoeletrocatalises durante 480 min............................................................................................. 119 Figura 62: Cromatogramas CLAE-DAD para 0,0077%; 0,0036% e de 0,0046% (m/v) dos seguintes corantes laranja, rubi e vermelho dispersil. Fase móvel: 80:20 Acetonitrila/Água. T = 40 ºC, fluxo = 1,0 mL min-1. (λ de 200 a 800 nm)...................................... 120 Figura 63: Curvas analíticas obtidas através de valores médios das áreas do pico dos corantes (A) laranja no λ = 461 nm; (B) rubi no λ = 618 nm e (C) vermelho dispersil no λ = 592 nm, pela técnica CLAE-DAD. Fase móvel: 80:20 Acetonitrila/Água, Temperatura do forno = 40 ºC, fluxo = 1,0 mL min-1, tempo de corrida de 15 min, fase estacionária C-18......................................................... 121 Figura 64: Cromatograma CLAE-DAD de 0,0077% (m/v) de corante laranja dispersil fotoeletrocatalisado por 480 min. Fase móvel: 80:20 Acetonitrila/Água. T = 40ºC, fluxo = 1,0 mL min-1, λ = 466 nm... 122 Figura 65: Gráfico dos valores médios das áreas do pico do corante laranja dispersil pela técnica CLAE –DAD vs. tempo de fotoeletrocatálise. Fase móvel: 80:20 Acetonitrila/ Água, Temperatura do forno = 40 ºC, fluxo = 1,0 mL min-1, tempo de corrida = 15 min, fase estacionária C-18. (λ = 466 nm).................. 123 Figura 66: Cromatograma CLAE-DAD de 0,0072% (m/v) de corante rubi dispersil fotoeletrocatalisado por 480 min. Fase móvel: 80:20 Acetonitrila/Água. T = 40ºC, fluxo = 1,0 mL min-1, λ = 618 nm... 124 Figura 67: Gráfico dos valores médios das áreas do pico do corante rubi dispersil pela técnica CLAE –DAD vs. tempo de fotoeletrocatálise. Fase móvel: 80:20 Acetonitrila/ Água, Temperatura do forno = 40 ºC, fluxo = 1,0 mL min-1, tempo de corrida = 15 min, fase estacionária C-18. (λ = 618 nm).................. 124 Figura 68: Cromatograma CLAE-DAD de 0,0072% (m/v) de corante vermelho dispersil fotoeletrocatalisado por 240 min. Fase móvel: 80:20 Acetonitrila/Água. T = 40ºC, fluxo = 1,0 mL min-1, λ = 592 nm....................................................................................... 125 Figura 69: Gráfico dos valores médios das áreas do pico do corante vermelho dispersil pela técnica CLAE –DAD vs. tempo de fotoeletrocatálise. Fase móvel: 80:20 Acetonitrila / Água, Lista de Figuras ================================================================ Temperatura do forno = 40 ºC, fluxo = 1,0 mL min-1, tempo de corrida = 15 min, fase estacionária C-18. (λ = 592 nm).................. 126 Figura 70: Fotografias da descoloração das soluções dos efluentes (A) Marrom e (B) Branco em diferentes tempos de fotoeletrocatálise.............................................................................. 127 Figura 71: Espectros de absorção na região UV-Vis do efluente (I) Marrom e (II) Branco, em Na2SO4 0,1 mol L-1................................................. 128 Figura 72: Espectros de absorção na região UV-Vis dos efluentes (A) Marrom e (B) Branco ambos em Na2SO4 0,1 mol L-1 antes e após 360 min de degradação fotoeletrocatalítica em potencial de +1,0 V. Tempo de fotoeletrocatálise: (−) início; (−) 10 min; (−) 30 min; (−) 60 min; (−) 90 min; (−) 120 min; (−) 180 min; (−) 300 min e (−) 360 min................................................................ 129 Figura 73: Cromatograma CLAE – DAD da solução de efluente Marrom fotoeletrocatalisado por 360 min. Fase móvel: 80% Acetonitrila / 20% Água. T = 40 ºC, fluxo = 1,0 mL min-1, λ = 230 nm. Tempo de fotoeletrocatálise: A = antes do tratamento e B = após 360 min............................................................................................. 130 Figura 74: Cromatograma CLAE – DAD da solução de efluente Branco fotoeletrocatalisado por 360 min. Fase móvel: 80:20 Acetonitrila/Água. T = 40 ºC, fluxo = 1,0 mL min-1. Tempo de fotoeletrocatálise: A = antes do tratamento e B = após 360 min............................................................................................. 131 Figura 75: Efeito do processo eletroquímico (sem luz, curvas A e B) e fotoeletrocatalítico (com luz, curvas C e D), em ambos sob potencial de -0,20 V vs. ECS, para solução de 0,25 mg L-1 de BrO3 - em 7,28x10-3 mol L-1 NaCl. A = [BrO3 -], sem luz; B = [Br-], sem luz; C = [BrO3 -], com luz e D = [Br-], com luz; em ambos os compartimentos: I = Análise do compartimento do eletrodo de trabalho e II = Análise do compartimento do contra- eletrodo............................................................................................. 135 Figura 76: Efeito do processo eletroquímico (sem luz, curvas A e B) e fotoeletrocatalítico (com luz, curvas C e D), em ambos os casos aplicando-se um potencial de + 0,85 V vs. ECS, para a conversão fotoeletrocatalítica de de 0,25 mg L-1 de BrO3 - em 7,28x10-3 mol L-1 NaCl. A = sem luz, BrO3 -; B = sem luz, Br-; C = com luz, BrO3 - e D = com luz, Br-, em ambos os compartimentos: I = Análise do compartimento do eletrodo de trabalho e II = Análise do compartimento do contra-eletrodo.......................... 136 Figura 77: Experimentos fotoeletrocatalíticos mostrando a remoção de bromato I = do compartimento do eletrodo de trabalho e II = do compartimento do contra eletrodo, durante 75 min de análise como uma função do potencial aplicado vs. ECS. Concentração inicial de bromato foi de 25 mg L-1 em 7,28x10-3 mol L-1 NaCl, pH = 7,0. Sendo A = - 0,60 V; B = - 0,40V; C = - 0,20 V; D = - 0,10 V; E = + 0,20 V; F = + 0,60 V e G = + 0,85 V............... 138 Lista de Figuras ================================================================ Figura 78: Perfil da remoção de bromato do compartimento do eletrodo de trabalho durante 75 min de experimentos de redução fotoeletrocatalítica, como uma função do potencial aplicado vs. ECS. Concentração inicial de bromato foi de 0,25 mg L-1 em 7,28x10-3 mol L-1 NaCl, pH = 7,0.................................................... 139 Figura 79: Gráficos de ln (Ct/C0) versus tempo de fotoeletrocatálise da solução de 0,25 mg L-1 de BrO3 - em 7,28x10-3 mol L-1 NaCl, sob potencial de - 0,2V vs. ECS.............................................................. 140 Figura 80: Curva da fotocorrente gerada como uma função do potencial aplicado, para a solução de BrO3- em 7,28x10-3 mol L-1 NaCl no pH = 7,0 e em diferentes concentrações de BrO3 -. A = na ausência de luz UV-Vis (somente 7,28x10-3 mol L-1 NaCl) e B = na presença de luz (somente 7,28x10-3 mol L-1 NaCl), C = 0,10 mol L-1 BrO3 -, D = 0,25 mol L-1 BrO3 -, E = 0,40 mol L-1 BrO3 - e F = 0,50 mol L-1 BrO3 -. Experimentos de voltametria linear (LSV), potencial de -0,55 a + 1,2 V vs. ECS, velocidade de varredura de 10 mV/s....................................................................... 140 Figura 81: I(E = -0,2V) vs variação da concentração de bromato, dados derivados da Figura 80, tomados no E = - 0,2 V vs. ECS................ 141 Figura 82: Porcentagem de redução de BrO3 - a Br-, no compartimento do eletrodo de trabalho (cátodo) das amostras da solução de 0,25 mg L-1 de bromato em 7,28x10-3 mol L-1 NaCl, pH = 7,0. (A) fotolisada, (B) fotocatalisada e (C) fotoeletrocatalisada por 75 min sob potencial de - 0,20 V vs. ECS............................................................................................................ 142 Lista de Tabelas ================================================================ LISTA DE TABELAS Tabela 1: Condições cromatográficas otimizadas selecionadas para a análise dos corantes e de efluentes.............................................................. 56 Tabela 2: Constantes de velocidade (k) para a oxidação fotoeletrocatalítica em eletrodo de Ti/TiO2 de 0,003% (m/v) de corante ácido vermelho 151 em Na2SO4 0,1 mol L-1 contendo 0,009% (m/v) de Tamol® em diferentes valores de pH = 2,0; 6,0 e 12,0 nos comprimentos de onda de 500 nm. R = Coeficiente de correlação linear................................................ 83 Tabela 3: Constantes de Velocidade (k) para a oxidação fotoeletrocatalítica em eletrodo de Ti/TiO2 da solução de 4,8x10-5 mol L-1 de dicromato de potássio contendo 0,003% (m/v) de corante ácido vermelho 151 + 0,009% (m/v) de Tamol® em Na2SO4 0,1 mol L-1 em diferentes valores de pH 2,0; 6,0 e 12,0 e nos comprimentos de onda de 285 nm e 500 nm. R = Coeficiente de correlação linear................................................................................................. 97 Tabela 4: Constantes de velocidade (k) para a oxidação fotoeletrocatalítica e fotocatalítica em eletrodo de Ti/TiO2 de 0,003% (m/v) de corante ácido vermelho 151 em Na2SO4 0,1 mol L-1 contendo 0,009% (m/v) de Tamol® em diferentes valores de pH 2,0; 6,0 e 12,0 nos comprimentos de onda de 285 nm e 500 nm. R = Coeficiente de correlação linear............................................................................... 102 Tabela 5: Principais bandas de absorção dos corantes laranja, rubi e vermelho dispersil............................................................................ 114 Tabela 6: Principais bandas de absorção dos efluentes marrom e branco ...... 127 Tabela 7: Parâmetros físico-químicos da degradação das soluções dos efluentes marrom e branco, em Na2SO4 0,1 mol L-1 antes e após 360 min de fotoeletrocatálise sobre anodos de Ti/TiO2 e sob potencial de +1,0 V.......................................................................... 132 Lista de Abreviaturas e Siglas ================================================================ LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS λ = comprimento de onda Abs = Absorbância A = Amper Ao = absorbância inicial Af = absorbância em um determinado tempo de análise Ads = adsorvido Ag/AgCl = Eletrodo de prata/cloreto de prata B = coeficiente angular Bc = banda de condução Bv = banda de valência Bandgap = Banda proibida CMC = Concentração micelar crítica CAG = Carvão granular ativo CAP = carvão granular em pó CLAE = cromatografia líquida de alta eficiência CLAE-DAD = cromatografia líquida de alta eficiência com detector de arranjo de diodo COT = carbono orgânico total DAD = detector de arranjo de diodo e- = elétron E = Potencial Ebg = Energia do bandgap Ec = Energia de condução Ev = Energia de valência Ef = Nível de Fermi ECS = Eletrodo de Calomelano Saturado ETE = Estação de Tratamento de Esgoto ev = elétron-volt FM = fase móvel h = horas h+ = Lacuna Iph = Fotocorrente Lista de Abreviaturas e Siglas ================================================================ K = constante de velocidade mV = milivolt mA = miliamperes m/v = massa/volume min = minutos nm = nanômetros OMS = Organização Mundial da Saúde R = coeficiente de correlação linear ●OH = Radical hidroxila SD = desvio padrão t = tempo de análise tr = tempo de retenção [Tamol] = concentração do surfatante Tamol® V = volts vs. = versus UV = ultravioleta UV-Vis = ultravioleta - visível Sumário ================================================================ SUMÁRIO 1. Introdução........................................................................................................ 27 1.1. Oxidação fotoeletrocatalítica......................................................... 27 1.1.1. Aspectos Fundamentais de um semicondutor................................. 27 1.2. Semicondutores aplicados aos processos de fotocatálise e fotoeletrocatálise...................................................................................... 31 1.3. Tratamento de Efluentes ......................................................................... 34 1.3.1. Rejeitos da Indústria de curtumes................................................... 36 1.3.1.1. Remoção de corantes ácidos................................................ 39 1.3.1.2. Remoção de surfatantes..................................................... 41 1.3.1.3. Remoção de Cr(VI)............................................................. 44 1.3.2. Tratamento para a remoção de corantes dispersos da indústria têxtil................................................................................ 45 1.3.3. Tratamento para a remoção de bromato da água potável para abastecimento......................................................................... 47 2. Objetivos........................................................................................................... 50 3. Procedimento Experimental........................................................................... 51 3.1. Medidas Eletroquímicas ......................................................................... 51 3.1.1. Instrumentação................................................................................ 51 3.1.2. Procedimento e Solução................................................................. 51 3.2. Fotoeletrocatálise................................................................................. 52 3.2.1. Preparo dos fotoeletrodos de filmes finos de TiO2 suportados sobre titânio pelo método sol-gel.............................. 52 3.2.2. Célula Eletroquímica................................................................... 52 3.2.2.1. Célula de um compartimento............................................. 52 3.2.2.2. Célula de dois compartimentos............................................ 53 3.2.3. Instrumentação............................................................................. 55 Sumário ================================================================ 3.2.4. Procedimento e Solução.............................................................. 57 4. Resultados e Discussão....................................................................................... 59 4.1. Aplicações da técnica de fotoeletrocatálise na degradação de corantes ácidos......................................................................................... 59 4.1.1. Efeito do surfatante em soluções contendo o corante ácido vermelho 151................................................................................... 59 4.1.2. Oxidação fotoeletrocatalítica do corante ácido vermelho 151....... 62 4.1.2.1. Atividade fotoeletrocatalítica dos eletrodos de Ti/TiO2.................................................................................. 62 4.1.2.2. Influência do surfatante na fotoatividade do eletrodo de Ti/TiO2.................................................................................. 65 4.1.2.3. Oxidação Fotoeletrocatalítica do Surfatante Tamol® sobre eletrodo de Ti/TiO2.................................................... 68 4.1.2.4. Influência do pH na Degradação Fotoeletrocatalítica do Surfatante Tamol® sobre eletrodos nanoporosos de Ti/TiO2 ................................................................................ 71 4.1.2.5. Remoção do Carbono Orgânico Total.................................. 73 4.1.2.6. Oxidação Fotoeletrocatalítica sobre eletrodo de Ti/TiO2 do corante ácido vermelho 151 em solução de sulfato de sódio contendo o surfatante Tamol®............................................ 75 4.1.2.7. Influência do pH na degradação fotoeletrocatalítica do corante ácido vermelho 151.................................................. 80 4.1.2.8. Análise da remoção do carbono orgânico total..................... 83 Sumário ================================================================ 4.1.2.9. Análise da oxidação fotoeletrocatalítica do corante ácido vermelho 151 por cromatografia líquida de Alta eficiência acoplada com detector de arranjo de diodos (CLAE- DAD).................................................................................... 84 4.1.2.10. Aplicação do processo fotoeletrocatalítico na redução de cromio (VI)........................................................................... 87 4.1.2.11. Formação de complexos entre Cr(VI) e o corante ácido vermelho 151...................................................................... 95 4.1.2.12. Influência do pH................................................................. 97 4.1.2.13. Análise comparativa entre os métodos de fotólise, fotocatálise e fotoeletrocatálise.......................................... 100 4.1.2.14. Degradação fotoeletrocatalítica dos corantes ácidos: vermelho Drimaren e vermelho Sellaset............................. 104 4.1.3. Considerações gerais.......................................................... 109 4.2. Aplicações da técnica de fotoeletrocatálise na degradação de corantes dispersos: laranja, rubi e vermelho dispersil............................................ 110 4.2.1. Remoção de carbono orgânico total para os corantes laranja, rubi e vermelho dispersil............................................................. 119 4.2.2. Análise cromatográfica das soluções fotoeletrocatalisadas dos corantes laranja, rubi e vermelho dispersil..................................... 120 4.2.3. Fotoeletrocatálise aplicada no tratamento de amostras de efluentes da indústria têxtil contendo corantes dispersos............... 126 4.2.3.1. Identificação dos compostos dos efluentes marrom e branco em amostras Fotoeletrocatalisadas pela Técnica de Cromatografia Líquida de alta Eficiência com Detector de Arranjo de Diodos.............. 130 4.2.4. Considerações Gerais...................................................................... 133 4.3. Redução fotoeletrocatalítica de BrO3 - sobre Ti/TiO2.............................. 134 4.3.1. Efeito do potencial aplicado na remoção de BrO3 - por Redução Fotoeletrocatalítica......................................................................... 137 Sumário ================================================================ 4.3.2. Eficiência das técnicas de fotólise, fotocatálise e fotoeletrocatálise na redução de bromato....................................... 142 4.3.3. Considerações Gerais...................................................................... 143 5. Conclusões........................................................................................................ 144 Referências ............................................................................................................. 145 Introdução =================================================================== 27 1. INTRODUÇÃO 1.1. Oxidação fotoeletrocatalítica O emprego de semicondutores, em processo de oxidação fotoeletrocatalítica, baseia-se na irradiação do fotocatalisador, no caso TiO2, cuja energia do fóton deve ser maior do que a energia do bandgap ou banda proibida (Ebg = 3,25 eV) para provocar uma transição eletrônica. Para melhor compreensão do fenômeno descreveremos, a seguir, alguns conceitos relacionados à eletroquímica dos semicondutores, tais como: o potencial dos semicondutores (diretamente relacionados ao nível de Fermi), o mecanismo de transporte de cargas no semicondutor, os tipos de semicondutores usados em fotoeletrocatálise, os materiais suportados e o preparo dos semicondutores. 1.1.1. Aspectos Fundamentais de um semicondutor O nível de Fermi (Ef) é definido como sendo a energia na qual a probabilidade de o nível ser ocupado por um elétron é 50%, ou em outras palavras, como sendo o potencial eletroquímico de um elétron em um metal ou semicondutor. É um parâmetro extremamente importante para os metais e os semicondutores eletroquímicos, uma vez que ele é controlado pelo potencial externo aplicado. Para que se dê a condução elétrica nos semicondutores, o transporte de carga deve ser obtido por um dos seguintes mecanismos: geração térmica, dopagem ou foto-excitação (FINKLEA, 1988). Desse modo, os metais e os semicondutores são distintos pela posição do nível de Fermi, que está relacionada com a concentração dos transportadores de carga (FINKLEA, 1988, BLESA, 2001). Nos metais e semicondutores, o nível de Fermi marca a divisão entre os níveis de energia ocupados e vazios, como pode ser observado na Figura 1. Para os semicondutores, o nível de Fermi reside na região da banda proibida e depende do estado de dopagem. Para um semicondutor intrínseco e foto-excitado (Figura 1D), o nível de Fermi é exatamente a metade entre o nível Ec (Energia de condução) e Ev (Energia de valência). No semicondutor do tipo-n, o nível de Fermi está mais próximo da banda de condução, enquanto que para o semicondutor do tipo-p, está próximo da banda de valência, Figura 1B e 1C, respectivamente (FINKLEA, 1988, BLESA, 2001). Introdução =================================================================== 28 Figura 1: Mecanismo da geração do transporte de carga em um semicondutor. A. Metais. B. Dopagem: Tipo-n. C. Dopagem: Tipo-p. D. Foto-excitação (Ef o nível de Fermi; Ec a Energia de condução e Ev a Energia de valência). O fenômeno da semicondução pode ser, em alguns casos, provocado ou acentuado pela técnica de dopagem, isto é, adicionando-se traços de uma substância em outra. A dopagem proporciona o aumento da condutividade pela interferência da largura do bandgap (energia da banda proibida) do semicondutor, como mostrado na Figura 1B e 1C. A presença de uma banda de energia essencialmente preenchida, separada de uma banda quase vazia, conduz a uma fotossensibilidade dos semicondutores. Um fóton de luz com energia maior do que a energia do bandgap pode excitar um elétron da banda de valência para a banda de condução (Figura 1D), criando uma lacuna na banda de valência. Entretanto, esta lacuna pode recombinar-se com o elétron da banda de condução, diminuindo o tempo de vida dos elétron/lacuna fotogerados, o qual pode ser evitado pela aplicação de um campo elétrico ao semicondutor. A energia do bandgap controla a absorção de luz característica do semicondutor. Em termos de comprimento de onda, a luz com comprimento de onda menor do que o comprimento de onda do bandgap (λbg) é absorvida para gerar o transporte de carga. A relação entre λbg e Ebg é dada pela equação 1: λbg = 1240/Ebg (1) em que λbg tem unidades de nanômetros, e Ebg unidades de elétron-volt (FINKLEA, 1988). Os semicondutores de interesse utilizados em fotoeletrocatálise são sólidos (geralmente óxidos de calcogêneos) com energia do bandgap menor do que 3 eV. Muitos semicondutores como TiO2, CdS, ZnO, WO3, ZnS, Fe2O3 podem agir como sensibilizadores em processos de oxidação e redução, mediados pela luz devido à sua estrutura eletrônica Ef Ef Ef Ef Introdução =================================================================== 29 (BISCHOFF e ANDERSON, 1995; CANDAL, et al., 1998; HEPEL e LUO, 2001; TRISTÃO, et al., 2006). Entretanto a combinação de fotoatividade e fotoestabilidade não é muitas vezes satisfeita, como, por exemplo, o semicondutor CdS que, apesar de absorver radiação de até 510 nm, sofre fotocorrosão, quando irradiado, liberando cádmio e enxofre e inviabilizando sua utilização em processos de descontaminação (BLESA, 2001). Dentre os semicondutores, o TiO2 é o mais amplamente utilizado em estudos para a aplicação na purificação de águas, devido a suas boas características, tais como: estabilidade fotoquímica, relativa insolubilidade, absorção de radiação UV em comprimentos de onda de até 350 nm; potencial redox da banda de valência adequado para catalisar diversas reações; resistência à corrosão em ampla faixa de pH e baixo custo (HIDAKA, et al., 1992, NOGUEIRA e JARDIM, 1998; RODRÍGUEZ, et al., 2008; ZANONI, et al., 2003; HU e YUAN, 2005). O TiO2 existe em três formas alotrópicas: anatase, rutilo e brookite, sendo as duas primeiras as mais comuns. A forma rutilo é inativa para a fotodegradação de compostos orgânicos, sendo que a razão para tal ainda não é totalmente esclarecida. No entanto, a baixa capacidade de adsorção de O2 em sua superfície é apontada como um dos possíveis fatores (NOGUEIRA e JARDIM, 1998). Assim, a forma anatase é mais propícia para processos de fotoeletrocatálise. Uma grande variedade de materiais pode ser utilizada como substratos para suportar o TiO2, tais como: aço inoxidável, vidro condutor, alumínio, titânio, entre outros. Esses substratos devem apresentar os seguintes requisitos (BLESA, 2001): - O suporte deve ser indiferente ao meio de reação; - Deve-se conseguir uma boa aderência do TiO2 ao suporte; - O semicondutor deve manter sua atividade depois de processar grandes volumes de efluente. A imobilização de TiO2 sobre um substrato condutor pode fornecer um fotoânodo que, quando incorporado em uma célula fotoeletroquímica, será útil na oxidação de poluentes orgânicos. A imobilização do TiO2 na forma de filmes finos proporciona algumas vantagens sobre as desvantagens encontradas nas partículas em suspensão: (i) é difícil a separação das partículas de TiO2 da suspensão; (ii) as partículas de TiO2 em suspensão tende a agregar-se facilmente em alta concentração; (iii) as suspensões são inadequadas para serem aplicadas em sistemas em fluxo contínuo (HU e YUAN, 2005). Muitos métodos químicos têm sido considerados para o preparo de filmes de TiO2 amorfos e uniformes, sendo o método sol-gel o mais usado para controlar as características de Introdução =================================================================== 30 estrutura nanoscópica (KAMINSKI et al., 2005), por isso tem sido usado como um procedimento alternativo para obter semicondutores de filmes finos depositados em substratos, os quais podem ser irradiados com luz ultravioleta. Para uma boa atividade fotocatalítica dos filmes de TiO2 necessita-se de uma eficiente geração fotoinduzida do par elétron-lacuna e uma eficiente separação de cargas, o que requer, por sua vez, a preparação de um filme de TiO2 bem cristalizado, preferencialmente na forma cristalina anatase (HU e YUAN, 2005). Um modo de produzir os filmes de TiO2 é o preparo de uma suspensão líquida de partículas de TiO2 a serem depositadas, usando-se uma técnica tradicional de depósito de fase líquida. Vários trabalhos dedicaram-se ao preparo de TiO2 em soluções aquosas ácidas (HU e YUAN, 2005; KUMAR et al., 1992; KUMAR et al., 1994; BISCHOFF e ANDERSON, 1995; BACSA e GRATZEL, 1996; LANGLET et al., 2003a; LANGLET et al., 2003b). Para aplicar a suspensão de sol-gel ao substrato, existem vários métodos que permitem fazê-lo de forma controlada. Esses métodos são chamados de dip-coating; slip-coating e spin- coating. O processo chamado dip-coating consiste num processo simples para depositar um filme fino de solução sol-gel em um substrato em forma de placa, ou cilíndrico, ou de formato irregulare. O processo envolve a imersão do substrato na suspensão do semicondutor e retirando-o a uma velocidade constante, formando uma camada de líquido associada à superfície do substrato, Figura 2 (BLESA, 2001; YIMSIRIA e MACKLEY, 2006). Figura 2: Etapas envolvidas na formação das camadas delgadas pelo processo dip-coating. O processo slip-coating é bem similar ao dip-coating, porém, se aplica a substratos porosos em que a solução de sol-gel ingressa no substrato por capilaridade, gerando uma capa de gel sobre a superfície do substrato (BLESA, 2001). IImersã Depósito e Evaporaç Sol-gel Imersão Depósito Evaporação Introdução =================================================================== 31 O processo chamado spin-coating se divide em quatro etapas: na primeira ocorre o depósito de um excesso de sol-gel sobre o substrato em repouso aderido a uma plataforma giratória. A segunda etapa consiste em aplicar uma aceleração e velocidade angular ao substrato, deste modo o líquido flui rapidamente, espalhando-se pelo substrato. Na terceira etapa, o líquido que chega à borda do substrato é eliminado na forma de gotas. E na quarta etapa, ocorre a evaporação e calcinação do filme no substrato (BLESA, 2001). 1.2. Semicondutores aplicados aos processos de fotocatálise e fotoeletrocatálise Os processos fotocatalíticos, envolvendo semicondutores formados por partículas de TiO2, sob iluminação UV, têm demonstrado que são potencialmente vantajosos e úteis no tratamento de efluentes (SAKTHIVEL, et al., 2002; SAQUIB e MUNNER, 2003; SAKTHIVEL, et al., 2004; TOOR, et al., 2006; MACEDO, et al., 2007; SIRAJUDDI, et al., 2007). Embora as reações fotocatalíticas redox sobre superfícies semicondutoras apresentem particularidades, de um modo geral se processam segundo as etapas básicas de: excitação com luz de energia maior que “bandgap” do semicondutor, geração de pares de elétron/lacuna (e-/h+) aprisionando elétrons e lacunas pelas espécies adsorvidas; reações redox entre espécies adsorvidas e as cargas fotogeradas; dessorção dos produtos da reação redox e regeneração do semicondutor (PLESKOV e GUREVICH, 1986). A ocorrência de lacunas fotogeradas na superfície de dióxido de titânio tem sido utilizada na degradação de compostos orgânicos devido a suas propriedades fortemente oxidantes (HIDAKA, et al., 1992; RODRÍGUEZ, et al., 2008; ZANONI, et al., 2003). O princípio da fotocatálise heterogênea envolve a ativação de um semicondutor (geralmente TiO2) por luz solar ou artificial, cujo mecanismo de excitação é mostrado na Figura 3. A absorção de fótons com energia superior à energia de bandgap resulta na promoção de um elétron da banda de valência para a banda de condução com geração concomitante de uma lacuna (h+) na banda de valência. Estas lacunas mostram potenciais bastante positivos, na faixa de +2,0 a +3,5 V medidos contra um eletrodo de calomelano saturado, dependendo do semicondutor e do pH. Este potencial é suficientemente positivo para gerar radicais hidroxilas (•OH) a partir da oxidação de moléculas de água adsorvidas na superfície do semicondutor (equações 2-4), que, por sua vez, podem, subseqüentemente, oxidar o contaminante orgânico. Introdução =================================================================== 32 E Eg - + - e- e- e- e- Semicondutor Contra-eletrodoEletrólito RED RED+ e-OX OX– Figura 3: Esquema representativo da partícula de um semicondutor. bv: banda de valência; bc: banda de condução e Eg: Energia do bandgap. A eficiência da fotocatálise depende da competição entre o processo em que o elétron é retirado da superfície do semicondutor e o processo de recombinação do par elétron/lacuna, o qual resulta na liberação de calor (equação 5) (NOGUEIRA e JARDIM, 1998): TiO2 hv TiO2 (e - BC + h+ BV) (2) h+ + H2Oads HO• + h+ (3) h+ + OH- ads HO• (4) TiO2 (e - BC + h+ BV) TiO2 + calor (5) De acordo com a literatura (MARTIN, et al., 1994), o mecanismo de processos redox mediados por TiO2 em meio aquoso é complexo, porém pode ser notado que, na maioria das condições, não é o poder oxidante das lacunas propriamente dito que atua na oxidação de espécies orgânicas. A formação de radical hidroxila (●OH) deve ser considerada etapa preponderante, de acordo com as equações 6-12. (MARTIN, 1994). Excita ç ão do semicondutor −+ + → + bcbv ehhv TiO 2 Aprisionamento de cargas + + ⋅ → + } ) ({) ( HO IV Ti OH IV Ti hbv } ) ({)( OH III Ti OH IV Ti e bc → + − Recombina ç ão de cargas OH IV Ti HO IV Ti ebc ) (})({ → ⋅ + +− OH IV Ti OH III Ti hbv ) (})({ → + + bv bc h H2O ·OH Red Red- (6) (7) (8) (9) (10) Introdução =================================================================== 33 Transfer ência interfacial de cargas ++ + → + ⋅ REDOH IV Ti REDHOIVTi ) ( })({ − − ⋅ + → + OX OH IV Ti OX e tr )( em que, h+ bv e e- bv referem-se à vacância e elétron fotogerado; bv, bc e tr referem-se, respectivamente, à banda de valência do semicondutor, banda de condução e à carga no estado aprisionado; RED e OX, substrato redutor e oxidante, respectivamente. Entretanto, as lacunas (h+ bv) possuem tempo de vida muito curto para serem capazes de reagir diretamente, sem que a concentração do composto orgânico seja muito alta ou esteja fortemente adsorvida. Dentro desse contexto, a técnica conhecida como fotoeletrocatálise tem sido aplicada com o objetivo de aumentar a eficiência de processos fotocatalíticos pela combinação de vantagens da fotocatálise com a eletrocatálise (KIM e ANDERSON, 1994; CANDAL, et al., 1998; CANDAL, et al., 1999; CANDAL, et al., 2000; MINERO, et al., 2000; ZANONI, et al., 2003; CARNEIRO, et al., 2004; SELCUK, et al., 2004; ZANONI, et al., 2004; CARNEIRO, et al., 2005; OSUGI, et al., 2005; OSUGI, et al., 2006, MACEDO, et al., 2007, RODRIGUES, et al., 2008). A velocidade típica das reações em um semicondutor varia de fentossegundos para o aprisionamento de cargas, a milissegundos para transferência interfacial, sendo esta última a etapa determinante da velocidade. O uso de um fotocatalisador como fotoânodo, em que se pode aplicar um potencial positivo fixo sob irradiação de luz ultravioleta, gera um gradiente de potencial facilitando o processo de separação de cargas, isto é, pode aumentar a eficiência do processo fotocatalítico, retardando a recombinação de cargas nas partículas do semicondutor. Resultados bastante satisfatórios têm sido obtidos nos anos mais recentes (ZANONI, et al., 2003; CARNEIRO, et al., 2004; SELCUK, et al., 2004; ZANONI, et al., 2004; CARNEIRO, et al., 2005; OSUGI, et al., 2005; OSUGI, et al., 2006, MACEDO, et al., 2007, RODRIGUES, et al., 2008). A geração de radicais hidroxilas via fotoeletrocatálise também tem sido explorada para oxidação de íons inorgânicos, tais como cloreto e brometo (ZANONI, et al., 2003; CARNEIRO, et al., 2004; ZANONI, et al., 2004) com resultados bastante satisfatórios. Assim, a combinação de eletroquímica com a fotocatálise tem melhorado a eficiência de processos fotocatalíticos clássicos usados para a oxidação de compostos orgânicos (KIM e ANDERSON, 1994; KIM e ANDERSON, 1996; CANDAL, et al., 2000; IWASAKI, et al., 2000). Um semicondutor do tipo-n, dióxido de titânio, depositado sobre um substrato metálico apresenta características de um eletrodo catódico em condições de não iluminação, tendo capacidade de conduzir corrente elétrica em potenciais mais negativos do que seu (11) (12) Introdução =================================================================== 34 potencial de flatband. Todavia, em potenciais à direita do flatband, TiO2 conduz somente quando excitado com luz UV, gerando corrente anódica. Desse modo, em termos eletroquímicos, TiO2 é um material adequado para fotooxidação (excitação com luz UV) e para redução (ausência de luz). Desta forma, a aplicação desses eletrodos nanoporosos tem melhorado o processo de oxidação de corantes e surfatantes, bem como a redução de compostos inorgânicos, sendo tecnologicamente interessante em escala industrial ou na utilização de um processo mais brando para descontaminação de água e remoção de compostos orgânicos e inorgânicos de efluentes industriais. 1.3. Tratamento de Efluentes A contaminação de águas naturais tem sido um dos grandes problemas da sociedade moderna. A água encontra-se distribuída na natureza sob várias formas e é uma das substâncias mais comuns existentes na natureza, cobrindo cerca de 70% da superfície do planeta. Todos os organismos necessitam de água para sobreviver, sendo a sua disponibilidade um dos fatores mais importantes a moldar os ecossistemas. É fundamental que os recursos hídricos apresentem condições físicas e químicas adequadas para a sua utilização pelos organismos. A água deve conter substâncias essenciais à vida e estar isenta de outras substâncias que possam produzir efeitos deletérios aos organismos que compõem a cadeia alimentar (BRAGA, et al., 2005). Nas últimas décadas tem-se prestado atenção às questões de natureza ambiental relacionadas com a atividade produtiva. A ecologia, a toxicologia e a proteção à saúde são temas cada vez mais presentes em todos os ramos da atividade industrial, e os curtumes não são exceções, tendo-se registrado uma evolução visível neste domínio. Essa evolução tem levado vários pesquisadores a desenvolver tecnologias que resultem em um menor grau de emissão de poluentes. A remoção da cor dos efluentes é um dos grandes problemas enfrentados pelos curtumes, pois os compostos químicos presentes no efluente não pertencem a uma mesma classe, mas englobam diversos compostos com grupos funcionais diferenciados, com grande variedade na reatividade, solubilidade, estabilidade, volatilidade, etc, que, por sua vez, requerem métodos específicos para identificação, quantificação e degradação (GUARATINE e ZANONI, 2000). Introdução =================================================================== 35 A elevada estabilidade biológica dos corantes dificulta sua degradação pelos sistemas de tratamento convencionais (normalmente lodos ativados). A contaminação de rios e lagos com esses compostos provoca, além da poluição visual, sérios danos à flora e à fauna desses locais. Com suas intensas colorações, os corantes restringem a passagem da radiação solar, diminuindo a atividade fotossintética natural, provocando alterações na biota aquática e causando toxicidade aguda e crônica desses ecossistemas (DALLAGO, et al., 2005). As tecnologias usuais para o tratamento dos efluentes da indústria têxtil e dos curtumes envolvem processos físico-químicos seguidos pelo tratamento biológico, usualmente lodos ativados ou sistemas de lagoas aeradas (ROBINSON, et al., 2001; KUNZ, et al., 2002; KONSTANTINOU e ALBANIS, 2004; VIDAL, et al., 2004; KUMAR, et al., 2005; MOHAN e PITTMAN Jr, 2006; ARAVINDHAN, et al., 2007; PATEL, et al., 2008; RODRIGUES, et al., 2008; SHEDE, et al., 2008). Geralmente esses tratamentos convencionais são incapazes de reduzir todos os parâmetros de poluição, demanda química de oxigênio, sulfatos, amônia, entre outros e freqüentemente, a queda desses parâmetros não alcançam os limites permitidos por lei (RODRIGUES, et al., 2008). Por exemplo, no caso dos surfatantes, a eficiência do método biodegradativo tem sido limitada devido às suas propriedades físico-químicas, que usualmente não apresentam susceptibilidade ao ataque de microorganismos em tratamento aeróbio e anaeróbio convencional (ARSLAN-ALATON e ERDINC, 2006) Devido às limitações desses métodos tradicionais, os processos de degradação por meio da oxidação química (ex. ozônio, cloro e peróxido de hidrogênio), processos oxidativos avançados (ação de radicais hidroxila e ou radicais superóxido), eletroquímica (uso da corrente elétrica), fotoquímica (uso de irradiação) e fotoeletroquímicos (uso de irradiação e catalisador) têm merecido destaque nos últimos anos como tecnologias para a degradação de poluentes orgânicos presentes nos efluentes industriais (ROBINSON, et al., 2001; KUNZ, et al., 2002; SAKTHIVEL, et al., 2002; AMAT, et al., 2004; CARNEIRO, et al., 2004; SAKTHIVEL, et al., 2004; CARNEIRO, et al., 2005; OSUGI, et al., 2005; OSUGI, et al., 2006, TOOR, et al., 2006; XIE e LI, 2006; LOFRANO, et al., 2007, MACEDO, et al., 2007; SIRAJUDDIN, et al., 2007; RODRIGUES, et al., 2008). As desvantagens da oxidação química na utilização do cloro ativo são que o cloro, muitas vezes, pode levar à geração de produtos intermediários ou finais nocivos, tais como organoclorados. Os processos de ozonização também são usados na oxidação química, no entanto o ozônio tem um curto tempo de vida na água, decompondo-se em 20 min, além de Introdução =================================================================== 36 apresentar alto custo e periculosidade (ROBINSON, et al., 2001; VIJAYARAGHAVAN, et al., 2006). Os processos oxidativos avançados também têm sido utilizados com sucesso na degradação de compostos orgânicos. A técnica baseia-se na geração de radical hidroxila (HO●) que tem alto poder oxidante e pode promover a degradação de vários compostos poluentes em poucos minutos. Vários processos de produção do radical hidroxila têm sido estudados tais como: oxidação via irradiação ultravioleta visível (UV), sem e com a presença de H2O2, reações de Fenton ou Foto-Fenton (Fe(II)/ H2O2) e irradiação solar. Esses processos apresentam a grande vantagem de desencadear completa mineralização de carbono orgânico para CO2 (GALINDO, et al., 2001; IBANEZ, et al., 2002, AMAT, et al., 2004; CHU e MA, 2000; ARSLAN-ALATON e ERDINC, 2006, LOFRANO, et al., 2007; MACEDO, et al., 2007), entretanto, nos processos de Fenton ocorre a geração de lodo, o qual necessitará de uma nova etapa de tratamento (VIJAYARAGHAVAN et al., 2006). Dentro desse contexto, a técnica de fotoeletrocatálise pode ser aplicada na oxidação de corantes ácidos, provenientes das indústrias de curtimento do couro, corantes dispersos provenientes da indústria têxtil e do surfatante Tamol®, bem como na redução de Cr(VI) e bromato sobre eletrodos de filmes finos de Ti/TiO2. 1.3.1. Rejeitos da Indústria de curtumes No Brasil, a indústria de curtimento do couro é constituída por aproximadamente 450 curtumes cadastrados. O setor gera 65.000 empregos diretos e o faturamento é estimado em US$ 2 bilhões/ano. O Brasil detém aproximadamente 12% do mercado mundial em couros bovinos, que é da ordem de 40 milhões de peles/ano. As exportações brasileiras de couro bovino atingiram nos últimos anos US$ 2,5 bilhões (SANTOS, et al., 2008). Na indústria de curtumes produzem-se couros (pele curtida e acabada) a partir de peles de animais, que são uma matéria-prima natural e renovável essencialmente gerada como um subproduto da indústria da carne (FIGUEIREDO, et al., 2000). O curtimento da pele é um processo complexo que objetiva a transformação de um produto natural de forma a torná-lo imputrescível e a conferir-lhe propriedades apropriadas (resistência, maciez, textura, etc) para a utilização na fabricação de produtos de uso comum. Durante o curtimento, as fibras são previamente separadas pela remoção do tecido interfibrilar e pela ação de produtos químicos. Introdução =================================================================== 37 A pele é constituída, em sua estrutura primária, por cadeias de aminoácidos (glicina e prolina) unidos entre si por ligações peptídicas (-CO-NH-). Essa série de interações entre as cadeias de aminoácidos dá origem a filamentos e fibras de colágeno, que são a proteína essencial da pele animal (GUSTAVSON, 1992). Desse modo, quimicamente, esses materiais podem apresentar caráter hidrofílico, caráter ácido ou básico e sítios específicos que são a base para as reações químicas específicas, tanto com o cromo na etapa de curtimento (Figura 4) que gera o couro wet blue, quanto com o corante a ser utilizado na etapa de tintura subseqüente. H3N CH CH2R2 C O Cr O CH2 HO OH Cr HO OH Cr O O C CH R1 NH3 Proteína ProteínaCromo Complexado Figura 4: Estrutura química do couro wet blue formado pelo tratamento do couro com Cr(III). São conhecidos três tipos de curtimento: mineral, vegetal e sintético. O curtimento vegetal é o mais antigo e utiliza taninos vegetais. É ainda utilizado nos dias de hoje para a produção de solas, porque confere à pele uma elevada dureza e resistência mecânica. O curtimento mineral é, hoje em dia, o mais utilizado no setor para a manufatura de produtos como vestuário, luvas, calçados, estofados de automóveis e uma grande variedade de artefatos. O agente de curtimento por excelência é o crômio (especialmente o sulfato básico de crômio – Cr(OH)SO4), embora outros agentes de curtimento mineral também sejam conhecidos (como por exemplo: o alumínio, o zircônio, o titânio e o magnésio), atualmente não se encontra nenhum substituto que consiga produzir uma pele com as mesmas características daquelas curtidas com o Cr(III), tais como, couro mais flexível, resistente à água, à putrefação e ao ataque de microorganismos e enzimas, boa solidez à luz e ao calor, elevada resistência à tração e ao rasgo, couros macios e elásticos (FIGUEIREDO, et al., 2000; ORTEGA, et al., 2005). No curtimento sintético utilizam-se, como agentes químicos, alguns compostos orgânicos conhecidos como taninos sintéticos (ex: formol, quinona e outros) que podem ser utilizados como complementares na fase de recurtimento, ou ainda como auxiliares do crômio no próprio curtimento (ORTEGA, et al., 2005; FIGUEIREDO, et al., 2000). Apesar da importância econômica no país, o processamento de couros é gerador de grande quantidade de despejos altamente poluidores, contendo elevada carga orgânica e Introdução =================================================================== 38 inorgânica, cor acentuada e compostos químicos tóxicos ao homem e ao ambiente. Para se ter uma idéia, um curtume opera 2.000 peles por dia, ou seja, cerca de 60.000 Kg, gerando em torno de 1.200 m3 de efluente, sendo que o residual de óxido de crômio III no banho gira em torno de 80% (MOREIRA e TEIXEIRA, 2003). A toxicidade do crômio depende do estado de oxidação em que é lançado no efluente, enquanto que o Cr(III) é um nutriente essencial para manter as funções fisiológicas normais, o Cr(VI) é considerado altamente tóxico e carcinogênico. O limite permitido de crômio total em efluentes, de acordo com a Resolução nº 357 de 17 de março de 2005, é de 0,5 mg L-1, já em água potável esse limite diminui para 0,05 mg L-1 (CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE). Embora nos efluentes de curtumes predominem os compostos de Cr(III), dependendo de alguns parâmetros característicos do corpo receptor, a oxidação de Cr(III) a Cr(VI) acredita-se que pode ser favorecida, colocando em risco a fauna, a flora e a população que utilizam essas águas. Reações químicas que convertem o Cr(III) a Cr(VI) e vice-versa poderão ocorrer naturalmente no meio, embora a forma hexavalente, em geral, apresente-se em menor concentração. O controle de crômio (VI) em baixas concentrações em água de rejeito é de importância fundamental, embora o Cr(III), não seja tão nocivo, também pode causar efeitos maléficos quando em altas concentrações (JORDÃO, et al., 1999; FIGUEIREDO, et al., 2000). O couro, devido a sua composição química, centros positivos – referentes aos grupos amino (- NH3 +), e negativos – referentes aos carboxilatos (- COO-), presentes em sua estrutura protéica, é capaz de atrair eletrostaticamente os corantes com carga contrária. A presença de crômio, com seu caráter positivo mesmo após a sua complexação com a rede protéica, Figura 4, também amplia as possibilidades de interações iônicas entre o couro e os centros eletrofílicos dos corantes (DALLAGO, et al., 2005). Entretanto, o couro como substrato a ser tingido, é muito mais complexo do que as fibras usuais, uma vez que não apresenta espessura ou composição uniforme, dificultando o processo de tintura. De modo geral, o couro possui uma estrutura tridimensional, na qual o corante pode penetrar em diferentes graus de profundidade e em concentrações variáveis, produzindo diversas tonalidades e intensidades de coloração para o mesmo corante. Por outro lado, os avanços tecnológicos têm-se deparado com corantes poucos eficientes, pouca informação sobre o mecanismo de interação entre couro/corante e métodos Introdução =================================================================== 39 analíticos escassos para acompanhar o grau de pureza dos produtos comerciais disponíveis, concentração nos banhos de tintura e descarte nos efluentes. A dificuldade é ainda maior se considerarmos que a etapa de tingimento do couro caracteriza-se pelo acoplamento de diversos outros aditivos de composição diversificada, utilizados rotineiramente nas etapas de montagem e fixação do corante ao couro tais como: surfatantes utilizados para que haja uma maior igualização no tingimento do couro; antiespumantes para evitar o transbordamento do banho de corante pela formação de espumas nas máquinas de alta agitação (ex. emulsões de silicone e hidrocarbonetos alifáticos); eletrólitos que colaboram no processo de montagem do corante aumentando a força iônica do meio e diminuindo a quantidade de corante perdido na solução após o tingimento (ex: cloreto de sódio e sulfato de sódio); ajustadores de pH utilizados para levar a solução ao pH necessário para que ocorra a reação couro/corante; normalizadores os quais evitam o tingimento muito rápido das partes mais expostas do couro, fornecendo oportunidade de, com agitação, todas as regiões do couro serem coloridas uniformemente (ex. éteres poliglicólicos, naftaleno sulfonato de sódio, etc) (ALCÂNTRA e DALTIN, 1996; GUARATINE e ZANONI, 2000; LEHMANN, 2004). Os corantes sintéticos são extensamente usados no tingimento de couro, sendo a maioria corantes azo, entretanto, estima-se que aproximadamente 15% do corante é perdido para o efluente industrial durante a etapa de tingimento do couro, devido a sua não fixação ao couro (TOOR, et al., 2006; VIJAYARAGHAVAN, et al., 2006). Devido à baixa eficiência das operações, os produtos químicos utilizados nas etapas de curtimento e tingimento do couro geram grandes quantidades de efluentes (30-35 L Kg-1 de pele processada) (RODRIGUES, et al., 2008). Esses efluentes contêm, além dos corantes, grandes quantidades de produtos químicos (RAJAMANI, et al., 2004; AHMED, et al., 2004; MOREIRA, 2003; RODRIGUES, et al., 2008) que, se não tratados previamente, podem interferir na penetração dos raios solares sobre a água, modificar o ecossistema, contaminar reservatórios e estações de tratamento de água acarretando graves problemas ambientais e à saúde da população. 1.3.1.1. Remoção de corantes ácidos O termo “corante ácido” denota um grande grupo de corantes aniônicos com peso molecular relativamente baixo e que contém de 1 a 3 grupos sulfônicos. Eles são compostos monoazo, mas também podem incluir os diazo, nitro, 1-amino-antraquinona e outros grupos Introdução =================================================================== 40 de compostos. O nome corante ácido é derivado do modo de tingimento, uma vez que os corantes são aplicados em solução ácida (ZOLLINGER, 1991), e são largamente utilizados na indústria no tingimento de couros (BUITRÓN, et al., 2004). Dentre os corantes ácidos, o corante ácido vermelho 151 (Corante ácido 151, Figura 5) é um corante sintético e portador da função azo como cromóforo. Esse corante foi estudado como corante ácido modelo de corantes azo, via oxidação fotoeletrocatalítica para, posteriormente, aplicar-se a metodologia otimizada para a degradação de outros corantes sintéticos do tipo ácido muito utilizados na indústria de curtumes, designados por: vermelho Sellaset e vermelho Drimaren, cujas estruturas químicas são protegidas por patentes, ocorrentes nas águas de rejeito do Curtume Bertin de Lins – SP. N a O 3 S N N NN H O Figura 5: Estrutura do corante ácido vermelho 151. Buitrón et al. (2004) estudou a degradação aeróbica do corante ácido vermelho 151 pela bactéria, Coulobacter subvibrioides, obtendo 99% de remoção da cor e 73% de remoção do carbono orgânico total após 12h de reação. Já Gökçen e Özbelge (2005) estudaram o aumento da biodegradabilidade do corante ácido vermelho 151 através da ozonização contínua de soluções contendo o corante ácido vermelho 151. Esse estudo demonstrou que a ozonização foi capaz de converter, após 3 horas, 99% do corante ácido vermelho 151 em intermediários mais biodegradáveis. Posteriormente, Gökçen e Özbelge (2006) aplicaram o processo combinado de pré-ozonização, seguido por processo de oxidação química e biológica, para a degradação do corante ácido vermelho 151, obtendo 47% de eficiência no processo de tratamento biológico do corante, após a ozonização, sendo esse valor duas vezes maior do que o tratamento biológico sem a ozonização. Machado et al. (2006) estudaram a biodegradação do corante vermelho Drimaren usando Traates villosa e Pycnoporus sanguineus, obtendo 85% da remoção da cor do corante, no período de 7 - 10 dias. Entretanto, as desvantagens dos métodos biológicos de tratamento são o longo tempo necessário para a remoção desses materiais do efluente industrial. Ferraz et al. (2007) estudaram a degradação do corante vermelho Drimaren aplicando a técnica de Introdução =================================================================== 41 degradação por Fenton e os resultados indicaram 55% de remoção da coloração, após 30 minutos de degradação. Tristão et al. (2006) estudaram as propriedades fotocatalíticas do eletrodo de CdS/TiO2, usando luz artificial de UV na degradação do corante vermelho Drimaren, obtendo 85% de remoção do corante. Espantaléon et al. (2003) estudaram diferentes adsorventes (carbono ativo, bentonite natural, bentonite ativada com ácido sulfúrico e sepiolite) a fim de remover os corantes amarelo Sellaset H, azul Sellaset H e vermelho Sellaset H de soluções aquosas, dentre os adsorventes estudados o que apresentou melhor resposta foi o sepiolite, com 98% de capacidade de adsorção dos corantes estudados. 1.3.1.2. Remoção de surfatantes Surfatantes são bastante usados no processo de tintura tanto da indústria têxtil quanto dos curtumes. São em geral substâncias solúveis em água, anfifílicas (grego Amphi = ambos) possuindo uma região apolar (cadeia hidrofóbica) ligada a uma região polar (grupo hidrofílico), isto é, caracterizam-se por duas regiões na mesma molécula, uma com afinidade pela água e a outra não (MAGRI, 2005). Quando um surfatante entra em contato com a água, tende a orientar-se na superfície do sistema, onde a parte hidrofílica fica voltada para o interior da solução e a parte hidrofóbica para a superfície (BORSATO, et al., 1999). Como são caracterizados pela sua capacidade de forte adsorção na interface ar-água, provocam uma diminuição da tensão superficial da água. Quanto maior a tendência de se acumular na interface, melhor será o surfatante. Tanto a superfície quanto a interface são conceitos geométricos bidimensionais e aparentes, visto que, entre duas fases em contato não existe separação nítida e brusca, mas sim uma região na qual ocorre transição contínua das propriedades de uma fase às propriedades da outra. Portanto, entre as duas fases existe uma região tridimensional intermediária, denominada interface. Em solução diluída, os surfatantes encontram-se sob a forma de monômeros atuando como eletrólitos normais. Em solução mais concentrada os monômeros tendem a se agregar, dando início a um processo chamado micelização. Esse fenômeno é muito importante porque as moléculas do surfatante comportam-se de maneira diferente, quando presentes na forma de micelas ou na forma de monômeros livres. Cada micela é composta por um determinado Introdução =================================================================== 42 número de moléculas de surfatantes denominado de número de agregação (N) e podem ser vistas como um reservatório de monômeros de surfatantes. A concentração de surfatante em que ocorre o processo de micelização é conhecida como Concentração Micelar Crítica (CMC), sendo característica de cada surfatante e dependente da temperatura e da composição da solução aquosa (BORSATO, et al., 1999). A CMC define mudanças bruscas em muitas propriedades físico-químicas do surfatante (coeficiente de difusão, turbidez, condutância, tensão superficial e espectros de ressonância magnética nuclear), indicando que está se iniciando uma associação extensiva com a formação de agregados maiores. (MAGRI, 2005, BORSATO, et al., 1999). Uma micela normal é um agregado polar de alta solubilidade e sem muita atividade de superfície, enquanto que os monômeros de surfatante contribuem para o abaixamento da tensão superficial, cujo limite é atingido, quando as micelas começam a se formar no seio da solução. Em concentração de até dez vezes a CMC, aceita-se que a estrutura das micelas de surfatantes seja formada de agregados aproximadamente esféricos, com os grupos polares na superfície e as cadeias hidrocarbônicas formando um núcleo. A formação destas micelas está associada à eliminação de contato desfavorável entre grupos hidrofóbicos e a água. A Figura 6 é uma representação esquemática de uma micela do surfatante em meio aquoso, após atingir a CMC (BORSATO, et a.l, 1999). Os surfatantes são freqüentemente empregados em meio de tintura de tecidos ou couro pela propriedade de modificar o meio reacional, permitindo solubilizar espécies de baixa solubilidade ou promover um novo meio que pode modificar a velocidade reacional, a posição de equilíbrio das reações químicas e, em alguns casos, a estereoquímica. Na grande maioria são dependentes da natureza da reação, do tipo de reativo (eletrofílico, nucleofílico, etc) e do tipo, forma e carga da micela (MANIASSO, 2001). Dentro desse contexto, o surfatante residual, juntamente com corantes, crômio (VI) e outros aditivos podem ser lançados em efluentes aquáticos que, quando não convenientemente tratados, podem interferir na penetração dos raios solares sobre a água, modificando o ecossistema, ou até mesmo contaminando reservatórios e estações de tratamento de água, acarretando problemas à saúde da população. Além disso, diferentes classes de surfatantes mostram toxicidade diferenciada no meio ambiente, as quais dependem das estruturas e pesos moleculares. De acordo com a literatura (SCHRANK, 2007), surfatantes aniônicos e não iônicos são os tipos com maior toxicidade para vários organismos aquáticos e são limitados a concentrações inferiores a 0,0025 mg L-1. Introdução =================================================================== 43 Figura 6: Representação esquemática de uma micela formada por surfatante em meio aquoso após atingir a concentração micelar crítica (MANIASSO, 2001). A degradação de surfatantes em efluentes industriais tem sido investigada por diversos pesquisadores. Os trabalhos encontrados na literatura (HIDAKA, et al., 2001; HORIKOSHI, et al., 2002; HORVÁTH, et al., 2005; ZHANG, et al., 2003; ZHANG, et al., 2004; HIDAKA, et al., 1995a; HIDAKA, et al., 1995b; DAI, et al., 1999; LIN, et al., 1999; OYAMA, et al., 2004; SÁNCHEZ, et al., 2005; ARSLAN-ALATON e ERDINC 2006; ZHANG, et al., 2006; ÖNDER, et al., 2007) para a degradação de surfatantes baseiam-se no estudo de fotodegradação heterogênea e homogênea, ozonização, métodos de biodegradação e degradação fotoeletroquímica. Vários estudos envolvendo fotodegradação com catálise heterogênea têm utilizado fotocatalisadores de TiO2, com resultados que indicam a eficiência de degradação de até 90% (HORIKOSHI, et al., 2002; HORVÁTH, et al., 2005; ZHANG, et al., 2003; ZHANG, et al., 2004; HIDAKA, et al., 1995a; DAI, et al., 1999; OYAMA, et al., 2004; SÁNCHEZ, et al., 2005, ZHANG, et al., 2006). A aplicação da fotocatálise homogênea com o emprego do reagente de Fenton apresenta uma remoção de 95% do surfatante aniônico alquil benzono sulfato de sódio, em 50 min de tratamento (LIN, et al., 1999). A técnica de coagulação eletroquímica, através do processo de eletrólise, embora recente, também tem sido utilizada e apresenta ótimos resultados, chegando a 98% de remoção do surfatante (ÖNDER; et al., 2007). Os processos de biodegradação de surfatantes não iônicos geralmente fazem uso de sistemas mediados enzimaticamente ou por fungos e, em alguns casos, são utilizados como sistemas primários devido à natureza xenobiótica dos surfatantes, uma vez que estudos prévios têm demonstrado que a sua biodegradação pode ser menor do que 20% (ARSLAN- ALATON e ERDINC, 2006). Dessa forma a biodegradação tem sido estudada acoplada a outros tratamentos, como tratamento fotoquímico com peróxido de hidrogênio (ARSLAN- Introdução =================================================================== 44 ALATON e ERDINC, 2006), obtendo 74% de remoção e com ozonização (ARSLAN- ALATON e ALATON, 2007), chegando a 50% de remoção do surfatante. O estudo da degradação fotoeletroquímica do surfatante aniônico dodecilbenzenosulfato de sódio foi feito por Hidaka et al. (2001), utilizando eletrodos de filmes finos de TiO2/SnO2 sobre vidros de ITO, obtendo 89% de remoção do surfatante, após 4 horas de fotoeletrodegradação. 1.3.1.3. Remoção de Cr(VI) Os trabalhos encontrados na literatura para a remoção de Cr(VI) baseiam-se no estudo de processos de adsorção, fotocatálise heterogênea e métodos de biorremoção (BARD, et al., 1980; BAIZER, et al., 1983; IBANEZ, et al., 2002; CHO, et al., 2004; DAS, et al., 2005; HORVÁTH, et al., 2005; MOHAPATRA, et al., 2005; BARAL, et al., 2006; GKIKA, et al., 2006; NATALE, et al., 2006; XU, et al., 2006; KIRAN, et al., 2007; PAPADAM, et al., 2007; SRIVASTAVA, et al., 2007; TROUPIS, et al., 2007). Natale et al. (2006) estudaram a remoção de Cr(VI) da solução aquosa por adsorção em carbono ativado, obtendo 30% de remoção de Cr(VI). Entretanto, 98% de remoção de Cr(VI) da solução aquosa foi obtida usando bauxita como material adsorvente (Baral et al., 2006). A redução de Cr(VI) a (III) ocorre normalmente em potencial bastante negativo ao redor de -1,3 V, sendo sua redução bastante difundida na literatura (IBANEZ, et al., 2002). No entanto, diversos métodos eletroquímicos (IBANEZ, et al., 2002) têm sido descritos na literatura para redução de Cr(VI) a Cr(III) ou Cro (BARD, et al., 1980; BAIZER, et al., 1983). Nos estudos de fotorredução do Cr(VI) com catálise heterogênea, os autores têm utilizado fotocatalisadores de TiO2, obtendo-se até 80% de redução do Cr(VI), após 3 horas de tratamento (CHO, et al., 2004; XU, et al., 2004; DAS, et al., 2005; HORVÁTH, et al., 2005; MOHAPATRA, et al., 2005; GKIKA, et al., 2006; TROUPIS et al., 2007)