UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP CÂMPUS DE JABOTICABAL DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL DE CAPRINOS DA RAÇA SAANEN PELO MÉTODO DE ABSORTOMETRIA DE RAIOS-X DE DUPLA ENERGIA (DXA) 2019 Paola Rezende Ribeiro Zootecnista D I S S. / R I B E I R O R. P. 2 0 1 9 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP CÂMPUS DE JABOTICABAL DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL DE CAPRINOS DA RAÇA SAANEN PELO MÉTODO DE ABSORTOMETRIA DE RAIOS-X DE DUPLA ENERGIA (DXA) 2019 Discente: Paola Rezende Ribeiro Orientador: Prof. Dr. Kléber Tomás de Resende Coorientador: Dr. Bruno Biagioli Coorientadora: Profa. Dra. Silvana Martinez BaraldiArtoni Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp, Câmpus de Jaboticabal, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Zootecnia DADOS CURRICULARES DO AUTOR PAOLA REZENDE RIBEIRO – Filha de Paulo Ribeiro e Magda Celeste Rezende, nascida em Uberlândia, Minas Gerais, no dia 26 de outubro de 1991. Em março de 2010, iniciou o Curso de Graduação em Zootecnia, na Universidade Federal de Uberlândia – UFU, Câmpus de Uberlândia, onde foi membro bolsista da primeira turma do Programa de Educação Tutorial – PET Zootecnia durante o período de dezembro de 2011 a maio de 2013. Conduziu e auxiliou no desenvolvimento de projetos experimentais com ovinos, como voluntária do Programa Institucional de Iniciação Científica Voluntária PIVIC/UFU, de janeiro de 2012 a maio de 2013, no setor de ovinos e caprinos da UFU, com orientação do Prof. Dr. Gilberto de Lima Macedo Junior. Realizou intercâmbio na The University of Western Australia em Perth, Austrália, no período de agosto de 2013 a dezembro de 2014 através do programa Ciências Sem Fronteiras fomentado pela CAPES. Obteve o título de Bacharelado em Zootecnia em novembro de 2016. Em fevereiro de 2017, iniciou o Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Área de Concentração em Nutrição e Alimentação Animal, na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Unesp, Câmpus de Jaboticabal, onde foi bolsista do CNPq, com orientação do Prof. Dr. Kléber Tomás de Resende e coorientação do Dr. Bruno Biagioli e da Profa. Dra. Silvana Martinez Baraldi Artoni. Durante o mestrado se dedicou a aplicabilidade de um método não-invasivo para mensurar a composição corporal de caprinos, denominado absortometria de raios-X de dupla energia (DXA). “Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente, você estará fazendo o impossível”. São Francisco de Assis “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus”. Isaías 41:10 DEDICO A meus pais Paulo Ribeiro e Magda Celeste Resende, meus alicerces, que jamais mediram esforços para garantir minha educação e sempre me auxiliaram na conquista de meus ideais. A meu irmão Marcos Paulo Resende Ribeiro, meu melhor amigo, que sempre me incentivou ao desafio do novo, a concretizar meus sonhos e acreditar que tudo é possível quando se tem força de vontade e autoconfiança. A meu sobrinho-afilhado Antônio Palmeira Ribeiro, meu pequeno príncipe, que trouxe muita luz, amor e esperança em dias melhores com sua chegada. A vocês meu eterno amor! OFEREÇO Aos animais deste estudo e a todos que utilizarem os resultados obtidos para o benefício e progresso da ciência e produção animal. AGRADECIMENTOS A Deus não só pela vida, mas pela salvação que nos foi concedida através de Cristo. Agradeço a Deus por me prover uma família, um lar, saúde, por me capacitar diante de cada desafio que me apresenta, por me fortalecer diante dos obstáculos, por me amparar, proteger e me carregar quando meus pés vacilam, por forjar meu espírito diante as dificuldades, por jamais me abandonar e nem me encarregar de fardos mais pesados que minha capacidade de suportá-los, por não me deixar desistir mesmo quando todos os fatores me direcionam a isso e por me mostrar que a Sua presença torna possível todas as coisas. A Ele eu concedo a minha vida, o bem mais valioso que possuo. A meus pais Paulo e Magda, por todo o amor, dedicação e esforço a mim concedidos. Por me ensinarem as maiores e mais valiosas lições sobre a vida, lições essas que não podem ser aprendidas em livros ou em salas de aula. Por me incentivarem a seguir meus objetivos e mais do que isso, pela luta diária para concretizá-los e me manter no status de estudante em um país que não valoriza a educação. A eles que muitas vezes sacrificaram o próprio sonho para tornar o meu uma realidade. Não há palavras que possam expressar minha gratidão por vocês mas sei que o meu amor diz bem o que meu coração revela. Amo vocês! A meu irmão Marcos Paulo, meu parceiro de todas as horas, que sempre esteve ao meu lado me apoiando e auxiliando. A pessoa que acreditava em mim mesmo quando eu mesma não era capaz de fazê-lo, sempre me impulsionando a alcançar planos maiores, a sair da zona de conforto e me fortalecer a cada novo desafio. Obrigada pela amizade e amor que me transmite. A meu orientador Kléber Tomás de Resende por aceitar minha orientação e por demonstrar que tudo é possível quando temos fé e temor a Deus. A meu coorientador Bruno Biagioli por todo auxílio e empenho durante o mestrado que foram fundamentais à realização desse projeto. A minha coorientadora Silvana Martinez Baraldi Artoni pelo auxílio durante as avaliações no DXA. A toda equipe Cabritolândia: Izabelle Teixeira, Márcia Fernandes, Kléber Resende, Bruno Biagioli, Marcelo Gindri e Leandro Oliveira por me tornar membro da equipe, me concederem tamanha responsabilidade no mestrado e pelo auxílio com o projeto. A banca do projeto Lizandra Amoroso e Carla Joice Härter; da qualificação Márcia Fernandes e Silvana Artoni; e da defesa Carla Härter e Silvana Artoni pelas considerações valiosas que aprimoraram o estudo e a explanação dos resultados. Ao professor Euclides Braga Malheiros por toda paciência e auxílio durante as análises estatísticas. A Amélia Katiane de Almeida por todos os ensinamentos fundamentais para a realização desse projeto, assim como, pelo auxílio durante a fase experimental. A Raiza Felismino Silveira pela nova amizade estabelecida, pela parceria durante meu estágio de conclusão de curso, pelo convívio na casa e por todo auxílio no mestrado durante a fase de protocolo de anestésicos, análise no DXA e abate. A Marina Elizabeth Barbosa Andrade pela amizade de sempre, por me auxiliar em qualquer que fosse a dificuldade, por dividir a casa, o quarto, as conversas, os anseios e as alegrias durante meu estágio curricular. Pela alegria e positividade que sempre transmite aos demais, pelo ser humano maravilhoso que tenho muita alegria em poder conviver. A Naiara Caixeta da Silva pelo convívio durante as reuniões do grupo e os treinamentos, por se mostrar uma pessoa a quem passei admirar pela humildade e determinação, além de todo auxílio concedido durante o abate. A todos os estagiários do Laboratório de Estudos em Caprinocultura que foram essenciais para a execução deste projeto: Aron Ferro, Andrea Bertozzo, Andrezza Fiaiz, Bianca da Silva Barros Leme, Jayne Soares de Almeida. E um agradecimento especial à Ariane Tonioli D’Almeida, Julia Moslavacz de Sá, Heloísa Guerreiro de Freitas e Natália Spolaore de Souza que acompanharam e auxiliaram as atividades do início ao final do período experimental tornando as atividades menos cansativas pelas brincadeiras e alegria. Também agradeço imensamente a estagiária internacional Maria Chiara Bertulu pelo auxílio, convívio e aprendizado durante sua permanência no Brasil. Ao Yuri da Silva Bonacin pelo protocolo de anestésicos estabelecido, por todo auxílio durante os testes, e posteriormente, durante as análises no DXA. As alunas responsáveis pelo aparelho DXA Aline e Juliane por todo o auxílio durante as análises, pela atenção, paciência e esclarecimentos após a execução. A Alícia Zem Fraga que permitiu que acompanhasse parte do seu experimento e me transmitiu conhecimentos valiosos a respeito dos preparativos para análise no aparelho DXA. Aos funcionários do setor de produção animal Oswaldo Ferrari Junior, João Donizete Bortoleto e Antônio Carlos Lima de Andrade por todo auxílio prestado durante a fase experimental do projeto sem o qual não seria possível a realização do mesmo. A Ana Paula de Oliveira Sader química responsável pelo LANA pelo auxílio durante as análises. Ao Orlando Agostini técnico do LANA pelo empenho em fazer as coisas darem certo, auxílio durante as análises e pelo bom humor que sempre o acompanha. Aos professores com os quais realizei disciplinas por todo o conhecimento transmitido. A Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Câmpus de Jaboticabal, pela estrutura fornecida para realização do mestrado. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico –CNPq, pelo fomento da bolsa de estudos sem a qual seria inviável a realização do mestrado. Que se trata não apenas de uma bolsa de auxílio, mas sim de incentivo a pesquisa nacional. Aos animais deste estudo, meu respeito e agradecimento. A todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste meu muito obrigada! i SUMÁRIO DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL DE CAPRINOS DA RAÇA SAANEN PELO MÉTODO DE ABSORTOMETRIA DE RAIOS-X DE DUPLA ENERGIA (DXA) .... iii RESUMO......................................................................................................................... iii DETERMINATION OF BODY COMPOSITION OF SAANEN RACE GOATS BY DUAL ENERGY X-RAY ABSORPHETRY METHOD (DXA) ..................................................... iv ABSTRACT .................................................................................................................... iv LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................... v LISTA DE TABELAS ...................................................................................................... vi CERTIFICADO DA COMISSÃO DE ÉTICA NO USO ANIMAL ...................................... vii CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS .................................................................. 1 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1 1.1. Objetivo geral ........................................................................................................... 2 1.1.1. Objetivo específico ................................................................................................ 2 2. REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................... 2 2.1. Caprinos ................................................................................................................... 2 2.2. Composição corporal ............................................................................................... 4 2.3. Determinação da composição corporal .................................................................... 9 2.4. Medidas DXA ......................................................................................................... 11 2.5. Uso do DXA em animais de produção ................................................................... 13 2.6. Modelos matemáticos para predição do crescimento ............................................ 18 3. REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 20 CAPÍTULO 2 – VALIDAÇÃO DO MÉTODO DE ABSORTOMETRIA DE RAIOS-X DE DUPLA ENERGIA (DXA) PARA PREDIÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL IN VIVO DE CAPRINOS .............................................................................................................. 27 RESUMO....................................................................................................................... 27 CHAPTER 2 - VALIDATION OF THE DUAL ENERGY X-RAY ABSORPHETRY (DXA) METHOD FOR THE PREDICTION OF IN VIVO GOATS BODY COMPOSITION ........ 28 ABSTRACT ................................................................................................................... 28 ii 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 29 2. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................... 30 2.1. Local ....................................................................................................................... 30 2.2. Animais e alimentação ........................................................................................... 30 2.3. Análise in vivo no DXA ........................................................................................... 31 2.4. Abate ...................................................................................................................... 33 2.5. Dissecação do pernil e análise no DXA ................................................................. 34 2.6. Processamento das amostras ................................................................................ 35 2.7. Análise laboratorial ................................................................................................. 35 2.8. Cálculos .................................................................................................................. 36 2.8.1. Composição química – Corpo Vazio ................................................................... 36 2.8.2. Composição química – Pernil e Carcaça............................................................. 37 2.9. Análise estatística .................................................................................................. 37 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 38 4. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 60 5. REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 61 CAPÍTULO 3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................. 64 iii DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL DE CAPRINOS DA RAÇA SAANEN PELO MÉTODO DE ABSORTOMETRIA DE RAIOS-X DE DUPLA ENERGIA (DXA) RESUMO - A absortometria de raios-X de dupla energia (DXA) é um método não- invasivo para mensurar a composição corporal de animais que representa uma alternativa aos métodos padrões de dissecação e análise química, por ser uma técnica de fácil aplicabilidade e que possibilita o acompanhamento das variações na composição corporal do animal ao longo de sua vida. Assim, o objetivo deste estudo foi verificar a capacidade do método DXA em determinar a composição corporal de caprinos submetidos a dois níveis nutricionais. Para isso, foram utilizados 36 machos Saanen, castrados, divididos em três faixa etárias (3, 5 e 7 meses), cada faixa etária era composta por 12 animais, que foram divididos em dois regimes alimentares: sendo 6 animais mantidos sob regime alimentar ad libitum (AL) definido como o consumo sob mantença com adicional para ganho de 150 g.dia-1; e 6 animais mantidos sob regime alimentar ao nível de mantença (M). Assim que atingiram a idade pré-estabelecida os animais foram mantidos em jejum de líquido e sólidos por 24 horas e escaneados no aparelho DXA Hologic (Discovery Wi). Posteriormente, foram abatidos sendo realizada análise química do corpo inteiro para comparação entre os métodos. O pernil esquerdo foi seccionado da carcaça total escaneado pelo aparelho DXA, e então, dissecado em osso, músculo e tecido adiposo, cada componente foi analisado individualmente no DXA, e posteriormente submetido a análise química para servir de referência aos parâmetros DXA obtidos com animais in vivo. O delineamento utilzado foi o inteiramente ao acaso em fatorial 3x2, com seis repetições. A comparação entre o corpo vazio obtido quimicamente e o método DXA com animais in vivo demonstrou forte correlação para predizer a composição corporal (R2= 0,82; 0,96 e 0,98 para cinzas, gordura e proteína). O pernil revelou ser um ótimo parâmetro de comparação com o corpo vazio quimicamente (R2= 0,85; 0,92; 0,95 e 0,94 para cinzas, gordura, proteína e água), e com as medidas DXA in vivo (R2= 0,73; 0,92; 0,93 e 0,79 para conteúdo mineral ósseo, tecido magro+conteúdo mineral ósseo, tecido magro e tecido gordo). Os tecidos dissecados do pernil (ossos, músculos e tecido adiposo) apresentaram boa concordância com as medidas DXA (R2= 0,73; 0,79 e 0,90 para cinzas, gordura e proteína). De modo geral, apesar das discrepâncias existentes na forma de mensurar a composição corporal entre o método direto de análise química e o método indireto DXA, e os erros inerentes a cada metodologia, o DXA se mostrou eficaz na predição da composição corporal podendo ser utilizado como referência na avaliação de caprinos in vivo ou em parte específica do corpo. Palavras-chave: abate comparativo, composição de carcaça, validação iv DETERMINATION OF BODY COMPOSITION OF SAANEN RACE GOATS BY DUAL ENERGY X-RAY ABSORPHETRY METHOD (DXA) ABSTRACT - Dual-energy X-ray absorptiometry (DXA) is a noninvasive method to measure the body composition of animals that represents an alternative to comparative slaughter, since it is a technique that is easy to apply and allows monitoring of the variations in the animal's body composition throughout its productive life. The objective was to evaluate the use of DXA method in determining the body composition of goats submitted to two nutritional levels. For this, 36 Saanen males, castrated, were divided into three age groups (3, 5 and 7 months), each age group was composed of 12 animals, 6 of which were kept under diet ad libitum (AL), consumption under maintenance additional for gain of 150 g.day-1; and 6 under maintenance level (L). As soon as they reached the pre- established age, the animals were fasted for 24 hours and scanned in the Hologic DXA device (Discovery Wi). Then, the animals were slaughtered and whole body chemical analysis was performed for comparison between methods. The left leg was sectioned from the total carcass and scanned by the DXA device, after that, it was dissected into bone, muscle and fat, each component was individually analyzed by DXA, and then chemical analysis was performed to be reference for in vivo DXA parameters. The design was completely randomized in 3x2 factorial, with six replications. No significant differences were found for the interaction between age and food level. The relationship between the comparative slaughter method and in vivo DXA analyze showed a strong correlation to predict the body composition (R2= 0.82, 0.96 and 0.98 for ashes, fat and protein). The shank proved to be a great parameter for prediction of empty body (R2= 0.85; 0.92; 0.95 and 0.94 for ash, fat, protein and water), and in vivo DXA measures (R2= 0.73; 0.92; 0.93 e 0.79 for body mineral content, lean mass + body mineral content, lean mass and fat mass). The dissected leg tissue (bone, muscle and fat) when correlated with DXA showed good agreement for tissue composition prediction (R2= 0.73, 0.79 and 0.90 for ash, fat and protein). In general, despite the discrepancies in the body composition measurement among the methods, and the errors inherent to each one, the DXA method proved to be effective in predicting body composition, so can be used as reference method for goat evaluation in vivo or in specific parts of the body. Keywords: comparative slaughter, carcass composition, validation v LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 1 Figura 1. Curva típica de crescimento (Adaptado de Batt, 1980 citado por Owens et al., 1993). .............................................................................................................................. 5 Figura 2. Taxa de crescimento dos tecidos (1) nervoso, (2) ósseo, (3) muscular e (4) adiposo para (a) rápida ou (b) lenta taxa de crescimento, ou seja, com (a) alto e (b) baixo teor energético da dieta (Adaptado de Owens et al., 1993). ........................................... 9 Figura 3. Componentes corporais (Adaptado de Pietrobelli et al.,1996). ..................... 11 CAPÍTULO 2 Figura 1. Animal posicionado na plataforma DXA em estado de sedação inconsciente (Arquivo pessoal, 2017). ............................................................................................... 32 Figura 2. Linhas de análise do DXA Hologic Wi no modo whole body configuradas para33 caprinos (Arquivo pessoal, 2017). ................................................................................. 33 Figura 3. Relação entre a composição corporal derivada da absortometria de raios-X de dupla energia (DXA) in vivo e o método químico direto em relação ao peso de corpo vazio de caprinos Saanen. Linhas pontilhadas representam limite de confiança predito em 95%. ...................................................................................................................................... 49 Figura 4. Composição química do pernil em função da carcaça de caprinos Saanen machos castrados aos três, cinco e sete meses de idade. Linhas pontilhadas representam limite de confiança predito em 95%. .............................................................................. 52 Figura 5. Relação entre a composição corporal analisada in vivo e a composição do pernil esquerdo de caprinos Saanen, machos castrados aos três, cinco e sete meses de idade, obtidas através do método de absortometria de raios – X de dupla energia (DXA). Linhas pontilhadas representam limite de confiança predito em 95%. ..................................... 55 Figura 6. Relação entre a composição corporal de caprinos Saanen machos castrados aos três cinco e sete meses obtida in vivo pelo método DXA e através dos componentes dissecados do pernil1 pelo método químico. Linhas pontilhadas representam limite de confiança predito em 95%; Absortometria de raios-X de dupla energia (DXA);1Componentes dissecados do pernil: ossos, músculos e tecido adiposo. .......... 58 vi LISTA DE TABELAS CAPÍTULO 2 Tabela 1. Composição química da ração experimental ................................................ 31 Tabela 2. Composição química do corpo vazio de caprinos Saanen, machos castrados com três, cinco e sete meses de idade submetidos a dois níveis alimentares. ............. 40 Tabela 3. Composição química do pernil esquerdo de caprinos Saanen, machos castrados com três, cinco e sete meses de idade submetidos a dois níveis alimentares. ...................................................................................................................................... 42 Tabela 4. Composição corporal in vivo pelo método de absortometria de raios-X de dupla energia (DXA) de caprinos Saanen machos castrados, com três, cinco e sete meses de idade submetidos a dois níveis alimentares. ................................................................. 44 Tabela 5. Composição corporal do pernil esquerdo pelo método de absortometria de raios-X de dupla energia (DXA) de caprinos Saanen machos castrados, com três, cinco e sete meses de idade submetidos a dois níveis alimentares. ...................................... 46 Tabela 6. Modelos para predição da composição corporal de caprinos1 através do método de absortometria de raios-X de dupla energia (DXA). ................................................... 50 Tabela 7. Comparação entre a composição da carcaça e do pernil esquerdo de caprinos1 através do método direto de análise química. ............................................................... 53 Tabela 8. Relação entre medidas in vivo e do pernil esquerdo obtidas pelo método de absortometria de raios-X de dupla energia (DXA) em caprinos1. .................................. 56 Tabela 9. Relação entre a composição química dos componentes dissecados do pernil esquerdo e medidas in vivo obtidas pelo método de absortometria de raios-X de dupla energia (DXA) em caprinos1. ......................................................................................... 59 vii CERTIFICADO DA COMISSÃO DE ÉTICA NO USO ANIMAL 1 CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS 1. INTRODUÇÃO O rebanho caprino no Brasil cresceu 16,1% entre 2006 e 2017 de acordo com o último censo agropecuário (IBGE, 2017). Além de sua função social nos países em desenvolvimento como fonte de proteína animal e subprodutos, a espécie é bem quista por nichos de mercado com alto valor agregado de seus produtos (Dubeuf et al., 2004; Ribeiro e Ribeiro, 2010). Para melhor explorar essa crescente tendência e otimizar a performance caprina na produção brasileira se faz necessário novos estudos sobre a composição corporal. O conceito de composição corporal se refere à composição química de todo o corpo do animal (Greenhalgh, 1986). A variação dos constituintes corporais ao longo da vida é um processo natural e afeta diretamente a qualidade dos produtos finais comercializados. Devido a isso, a ciência busca estabelecer métodos que estimem tais variações para atender as demandas por nutrientes de forma individual, aumentando a eficiência alimentar, economizando recursos e preservando o ambiente. A composição corporal é mensurada por dois métodos, o direto e o indireto. O método direto consiste na dissecação e análise química dos componentes do corpo e, apesar de sua elevada precisão, possui limitações técnico-científicas, financeiras e éticas relacionadas ao seu uso. Os métodos indiretos têm como uma das vantagens a possibilidade de não destruição da amostra avaliada, contudo, necessitam ser validados o que pode ocasionar acúmulo de erros na determinação (Costa e Silva et al., 2016). Dentre os métodos indiretos a absortometria de raios-X de dupla energia (DXA – Dual Energy X-Ray Absorptiometry) é uma tecnologia relativamente recente que pode ser considerada como método de referência (Heyward, 2001). Apesar dos estudos de composição terem sido realizados com diversas espécies de interesse zootécnico, ainda não foi investigada a capacidade da metodologia DXA em mensurar a composição corporal de caprinos. 2 1.1. Objetivo geral Mediante o exposto, o objetivo deste trabalho foi validar o método de absortometria de raios-X de dupla energia (DXA) para mensurar a composição corporal de caprinos submetidos a dois níveis alimentares. 1.1.1. Objetivo específico Avaliar o pernil esquerdo como parâmetro de comparação entre as variáveis obtidas pelos métodos direto e indireto. Assim como, verificar o grau de relação entre os dados preditos pelo DXA e os componentes dissecados do pernil. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Caprinos A espécie caprina está presente no cotidiano dos seres humanos desde o início da civilização, sendo um dos primeiros animais de interesse zootécnico a ser domesticado. São considerados animais de elevada capacidade de adaptação a diferentes condições ambientais e regimes alimentares. Além disso, apresentam característica dócil, rápido aprendizado e alto grau de curiosidade o que facilita o manejo (Aziz, 2010). Os caprinos nativos e introduzidos no ambiente estão distribuídos por todos os continentes. Entre o período de 2006 a 2017 houve um aumento percentual de 23,1% do total de cabeças no mundo. A Ásia é o continente que detém a maior percentagem de animais (56,1%), seguida da África (37,7%), Américas (3,9%), Europa (1,9%) e Oceania (0,4%). Os dados apontam que a América do Sul possui 73% do efetivo total das Américas, sendo que o Brasil é o país com o maior rebanho caprino (44,8%) (FAOSTAT, 2017). Em termos produtivos, a produção mundial de carne caprina apresentou um aumento percentual de 2,44 toneladas entre 2016 e 2017. Em um período de dezessete 3 anos (2000 – 2017) essa produção foi liderada pela China (1.746.022 Ton), seguida pela Índia (502.628,89 Ton) e Paquistão (306.666,67 Ton) sendo a maior parte destinada ao consumo interno. Quanto a balança comercial, entre 2000 a 2016 a Austrália liderou o ranking das exportações (22.589,88 Ton), seguida pela Etiópia (7.213,41 Ton) e China (4.198,94). Já os líderes em importações foram os Estados Unidos (12.107 Ton), Emirados Árabes Unidos (8.273 Ton) e Província de Taiwan (China) (4.521 Ton), no mesmo período (FAOSTAT, 2017). A carne caprina se caracteriza por baixos teores de colesterol, gordura saturada e calorias, o que tem sido associado a menores riscos na ocorrência de obesidade, câncer e doenças cardiovasculares. Além de possuir quantidades consideráveis de ômega 3 e ômega 6 que possuem função anti-inflamatória estando relacionados à resistência imunológica (Guimarães Filho, 2017). Em relação a produção mundial de leite caprino houve um aumento percentual de 4,24 toneladas entre 2016 e 2017. No período de 2000 a 2017 a Índia deteve a liderança da produção (4.473.998 Ton), seguida do Sudão (antigo) (1.423.916 Ton), Sudão (1.108.272 Ton) e Bangladesh (989.361,89 Ton) (FAOSTAT, 2017). Nota-se com os dados apresentados que dentre os produtos caprinos a produção de leite ganha destaque no cenário mundial, tanto em termos absolutos quanto percentuais ao longo dos anos. A raça Saanen é considerada a maior produtora de leite, com média de dois a cinco litros por dia podendo alcançar uma produção de até oito litros diários, em um período de lactação de nove a dez meses (Lázia, 2017). Devido a seu potencial produtivo a raça Saanen tem contribuído para a formação e/ou melhoramento de outras raças leiteiras (Silva, 2003). O leite caprino é considerado um alimento funcional apresentando maiores quantidades de ácidos graxos de cadeia curta (C6-capróico; C8-caprílico e C10-cáprico) e saturada o que facilita a digestão. Assim como, maiores proporções de proteínas, aminoácidos essenciais, vitaminas A e B e sais minerais (cálcio, selênio e fosfato), além de uma menor quantidade das proteínas αS1-caseína e β-lactoglobulina associadas à alergia, quando comparado ao leite bovino (Catunda et al., 2016). 4 Os produtos processados são uma estratégia para agregar valor à matéria-prima e diversificar a oferta. Atualmente, a produção nacional não consegue suprir as quantidades demandadas pelo mercado. Assim, identificam-se demandas reprimidas para uma vasta variedade de produtos industrializados que têm surgido como derivados lácteos tais como o leite em pó, leite esterilizado, leite UHT, queijos, manteigas, iogurtes, sorvetes e cosméticos, e derivados cárneos, como linguiças frescas e defumadas, hambúrguer, enlatados de carne moída, charques e manta de carne seca (Ribeiro e Ribeiro, 2010). O Brasil apesar de deter o maior rebanho caprino da América do Sul apresenta uma produção voltada a subsistência, com baixos índices zootécnicos e aplicação de conhecimento técnico (Cartaxo de Lucena et al., 2018). Esse cenário contrasta com grande disponibilidade de recursos naturais, profissionais qualificados e crescente demanda interna. Sendo assim, se faz necessário intensificar a produção caprina com intuito de inserir no mercado produtos de maior qualidade e solucionar a sazonalidade na oferta de leite e carne para atender as exigências dos consumidores. Para isso, inicialmente é preciso melhorar a qualidade genética dos rebanhos, e nesse processo os caprinos machos de raças com aptidão tanto para carne quanto para leite são imprescindíveis, uma vez que contribuem para a formação da prole, devendo ser rigorosamente selecionados para se obter sucesso com o rebanho. Nesse sentido, estudos para avaliar as alterações na composição corporal em cada cenário a que o animal está sujeito, são primordiais para identificar os melhores indivíduos. Em suma, pode ser observado que a espécie caprina apresenta forte potencial genético para atender ao mercado gourmet interno e externo com alto valor agregado em seus produtos, em um cenário nacional com ampla oportunidade para ser explorado. 2.2. Composição corporal Desde a concepção os indivíduos crescem e se desenvolvem. O crescimento animal é caracterizado pelo aumento de peso, comprimento, altura e circunferência em 5 função da idade. Já o desenvolvimento implica em mudanças na conformação corporal e nas funções do organismo (Rodrigues Filho et al., 2011). Segundo Owens et al. (1993) o crescimento se deve ao aumento de massa dos tecidos e sua curva apresenta uma função sigmóide que tem a puberdade como fator central sendo dividida por uma fase de aceleração e uma fase de redução do crescimento. A curva atinge o platô quando o animal alcança a maturidade fisiológica, nesse estágio cessa o crescimento muscular e ósseo e o ganho de peso passa ser composto pela deposição de tecido adiposo (Figura 1). Figura 1. Curva típica de crescimento (Adaptado de Batt, 1980 citado por Owens et al., 1993). Durante a fase de concepção todos os tecidos crescem por hiperplasia, mas à medida que os mamíferos amadurecem células especializadas (e.g., células musculares esqueléticas) perdem sua capacidade de se replicar e passam a crescer apenas por hipertrofia ou incorporação de células satélites. Outros tecidos, devido sua importância vital (e.g., precursores de células sanguíneas, folículos pilosos, epitélio gastrintestinal, órgãos do trato digestivo, ectoderme) continuam a se dividir ao longo da vida, sendo 6 continuamente reconstituídos devido a descamação causada pela morte celular (Owens et al., 1993). Durante o crescimento os animais não aumentam apenas o peso e o tamanho, mas também sofrem alterações nas proporções com que os tecidos são depositados tendo taxas de deposição máxima em fases distintas da vida (Fernandes et al., 2005). Hammond (1932) ao pesquisar as ondas de crescimento em animais de interesse zootécnico, observou que existe uma tendência de as extremidades do corpo completarem seu ciclo de crescimento precocemente em relação as regiões proximais e distais, tal fenômeno passou a ser denominado como crescimento centrípeto. O crescimento apresenta característica alométrica, ou seja, cada tecido cresce em uma velocidade distinta. O primeiro tecido a ser depositado e a finalizar seu crescimento é o nervoso, seguido pelo tecido ósseo, o muscular e por último o tecido adiposo (Berg e Butterfield, 1976). Todos os tecidos corporais são essenciais para o correto crescimento e desenvolvimento dos vertebrados. Contudo, o tecido muscular possui destaque na produção animal pois cortes com maior valor comercial apresentam grande quantidade de massa muscular (Urbano et al., 2013). Machos de interesse comercial, geralmente, apresentam taxa anabólica de deposição de tecido muscular superior à das fêmeas e a deposição de tecido adiposo é mais tardia (Lawrence e Fowler, 2002). O aumento na deposição de gordura está relacionado com o tamanho à maturidade, definido como o ponto em que a massa corporal atinge o platô, ou seja, a máxima hipertrofia das células do tecido muscular (Owens et al., 1993). O tecido adiposo é considerado o de maior variabilidade na composição corporal, seja do ponto de vista quantitativo ou por sua distribuição (Da Rosa et al., 2005). A carne caprina apresenta baixos teores de gordura subcutânea e intramuscular. Isso se deve ao fato de que nessa espécie a localização da gordura ocorre principalmente na cavidade abdominal e nas vísceras, representando aproximadamente 50 a 60% da gordura corpórea total (Colomer-Rocher et al., 1992). 7 O estágio de desenvolvimento no momento do abate tem grande influência na composição da carcaça, em que os tecidos muscular e adiposo são os grandes responsáveis pelas variações e o tecido ósseo é relativamente constante (Estrada, 1996). Embora se dê muita atenção a relação dos músculos, ossos e gordura o termo composição refere-se à composição química de todo o corpo do animal (Greenhalgh, 1986). E está relacionada à composição do corpo vazio, obtida pela diferença entre o peso vivo (PV) e peso dos conteúdos do trato gastrintestinal, da bexiga e da vesícula biliar (Lofgreen et al., 1962). Devido a função vital que exercem, em comparação a outras partes do corpo, os órgãos e as vísceras apresentam diferentes velocidades de crescimento e são influenciados principalmente pela composição química da dieta e seu nível energético (Kamalzadeh et al., 1998). O maior consumo de alimento ou energia aumenta tanto a massa desses órgãos em relação a massa corporal total (Burrin et al., 1990) quanto a atividade metabólica desses tecidos (Reynolds, 1995). Kamalzadeh et al. (1998) ao avaliarem o efeito da restrição qualitativa e o crescimento compensatório em ovinos, concluíram que no geral, as partes precoces em maturação (cabeça, pés e órgãos viscerais) tiveram alta prioridade para o uso dos nutrientes disponíveis na corrente sanguínea e, por isso, foram menos afetadas que as partes que amadurecem tardiamente. Após a realimentação, os órgãos que foram mais afetados responderam mais rapidamente do que aqueles menos acometidos. Camilo e colaboradores (2012) avaliaram o efeito de diferentes níveis de energia metabolizável (EM) (1,28; 1,72; 2,18 e 2,62 Mcal/kg de MS) sobre os componentes não- carcaça de ovinos Morada Nova em crescimento e relataram que o aumento da energia na dieta ocasionou incremento no peso de órgãos do sistema circulatório, respiratório e naqueles de importância metabólica como o fígado, baço e intestino delgado. Assim como, maior deposição de gorduras perirrenal, omental e mesentérica. Isso evidencia que, o maior aporte energético demandou maior metabolização e distribuição dos nutrientes, dissipação do calor produzido na forma de incremento calórico, e maior acúmulo de reservas. 8 Souza et al. (2015) estudaram as características de componentes não integrantes da carcaça de caprinos machos castrados da raça Canindé suplementados na Caatinga. A suplementação de concentrado ofertada foi de 0,5; 1 e 1,5% do peso corporal. Os resultados demonstraram que o peso da pele, cabeça, sangue, fígado, rins, trato respiratório, trato gastrintestinal, bem como o peso da gordura total aumentou com os níveis de suplementação. O que demonstra que a suplementação tem efeito positivo mesmo em ambientes desafiadores. Bezerra et al. (2016) testaram o desenvolvimento dos órgãos em cabritos, machos castrados, da raça Canindé alimentados ad libitum; com 20% e 40% de restrição em relação à quantidade consumida pelos animais a vontade. Os autores observaram que a restrição alimentar afetou o peso absoluto dos órgãos e das gorduras (mesentérica, omental e pélvico-renal), no entanto, não influenciou o percentual dos órgãos em relação ao peso de corpo vazio, indicando que mesmo sob restrição o desenvolvimento dos órgãos é proporcional ao desenvolvimento do corpo. O que indica que, animais restritos apresentam menor quantidade de reservas corporais, assim como, desenvolvimento dos órgãos como estratégia para reduzir a energia de mantença, ocasionando um crescimento lento e menor conformação corporal. De acordo com o AFRC (1993) a variação na composição corporal é influenciada por fatores como o estado fisiológico, a categoria sexual, o genótipo, a condição nutricional, o peso corporal e a idade. Apesar de ser um parâmetro importante, o peso corporal isoladamente não pode ser considerado adequado para a identificação do excesso ou déficit dos componentes do corpo (massa gorda, massa muscular, massa óssea e massa total), nem mesmo para verificar as alterações nas quantidades proporcionais dos tecidos. Isso se deve ao fato de que o peso vivo e sua variação são influenciados por diferenças no tamanho à maturidade do animal e enchimento do trato gastrintestinal (CSIRO, 2007). Além disso, o nível nutricional dietético pode modificar a curva de crescimento, alterando a idade e o peso em que ocorre a aceleração ou desaceleração de deposição de cada tecido, modificando a composição corporal final dos animais (Owens et al., 1993). 9 Segundo Owens et al. (1995) animais com ingestão de dietas de alta densidade energética atingem a composição corporal adequada ao abate mais rápido, desde que tenham capacidade de transformar a energia alimentar em depósitos de gordura. Ao contrário, animais que passaram por alguma restrição alimentar possuem menor taxa de crescimento e apresentam carcaças mais magras, o que demanda maior tempo para terminação em relação a seus contemporâneos com dietas de alta densidade (Figura 2). Figura 2. Taxa de crescimento dos tecidos (1) nervoso, (2) ósseo, (3) muscular e (4) adiposo para (a) rápida ou (b) lenta taxa de crescimento, ou seja, com (a) alto e (b) baixo teor energético da dieta (Adaptado de Owens et al., 1993). Diante do exposto, nota-se que há necessidade de se realizar estudos que possam facilitar a determinação da composição corporal e sua correlação com demais fatores que a influenciam por estar diretamente relacionada a qualidade do produto final. 2.3. Determinação da composição corporal Os métodos para determinação da composição corporal são classificados em direto e indireto, os quais apresentam pontos favoráveis e desfavoráveis quanto à sua aplicação. O método direto é obtido pela moagem e análise química de todos os tecidos corporais (MacNeil, 1983). Já os métodos indiretos podem ser realizados por técnicas in 10 vivo – ressonância magnética por imagem, ultrassonografia, condutividade elétrica do corpo, tomografia computadorizada, impedância bioelétrica, ureia, água tritiada, óxido de deutério; ou post mortem - composição centesimal do corpo, composição centesimal da seção entre a nona e décima primeira costelas, composição de outras partes do corpo, gravidade específica do corpo vazio e gravidade específica da costela (Ribeiro, 2014). A determinação da composição química do corpo vazio é o método mais preciso em relação ao valor real, sendo o padrão de referência para os demais métodos (Costa et al., 2014). Contudo, trata-se de uma técnica laboriosa e de alto custo devido à infraestrutura necessária para sua realização, sendo inviável para análises de corpo inteiro de animais de grande porte (Resende et al., 2017), ademais é necessário o sacrifício dos animais, além de demandar tempo considerável até obtenção dos resultados. Sendo assim, métodos alternativos indiretos como o DXA têm sido avaliados com intuito de viabilizar a determinação da composição corporal de animais de produção. O método DXA é o resultado do aperfeiçoamento das tecnologias que o procederam: a Absortometria de Fóton Único (Single Photon Absortiometry - SPA); e a Absortometria de Fóton Duplo (Dual Photon Absorptiometry - DPA) (Blake e Fogelman, 1997). Ao contrário das fontes monoenergéticas de radioisótopos, os raios-X produzidos consistem de um amplo espectro de energia de fótons variando de -15 keV a 80 keV (Pietrobelli et al., 1996). Essa modificação possibilitou melhora na resolução de imagens com consequente aumento na precisão do método e redução no tempo dos exames, além de ser uma fonte de baixa emissão de radiação (Pomar et al., 2017). O princípio de funcionamento do DXA baseia-se nos diferentes coeficientes de atenuação de raios-X (R-valor) de espectro de alta e baixa energia para tecido macio e tecido mineral ósseo (Scholz et al., 2012). Segundo Petrobelli et al. (1996) a estimativa da composição corporal pelo DXA assume que o corpo é constituído por três componentes: gordura, osso e tecido macio que são diferenciados pelas propriedades de atenuação dos raios-X (Figura 3). Devido a dependência do coeficiente de atenuação dos raios-X sobre o número atômico e a energia do fóton, a mensuração dos fatores de transmissão em duas energias 11 diferentes permite inferir a densidade de área (isto é, massa por unidade de área projetada) do tecido macio e mineral ósseo (Blake e Fogelman, 1997). Figura 3. Componentes corporais (Adaptado de Pietrobelli et al.,1996). 2.4. Medidas DXA Após a varredura DXA no modo selecionado, o software disponibiliza imediatamente a estimativa da composição do animal não sendo necessária manipulação adicional da imagem de varrimento. O tempo de varredura geralmente é curto sendo dependente do tamanho do animal (Scholz et al., 2012). O DXA fornece dados quanto a massa total (MT), tecido magro (TM), tecido gordo (TG), conteúdo mineral ósseo (CMO) e densidade mineral óssea (DMO). Como a metodologia DXA apresenta apenas dupla energia de raios-X não é possível estimar três componentes ao mesmo tempo. Sendo assim, primeiramente o aparelho separa os pixels contendo apenas tecido macio (TM + TG) dos pixels contendo tecido macio + mineral ósseo (i.e., cinzas ou ossos intactos). Essa separação de pixels é complementada pela computação de R-valor de cada pixel escaneado pela análise. O R- 12 valor do mineral ósseo é muito maior que aquele do tecido macio, devido a isso é possível diferenciá-los. O tecido macio adjacente ao osso é utilizado como referência de espessura e composição para cálculo DMO que posteriormente é convertida em CMO com base na área óssea projetada (CMO = DMO x Área) (Pietrobelli et al., 1996). Nas regiões ausentes em osso é possível distinguir o tecido magro e o tecido gordo, presentes no tecido macio. O tecido magro compreende os tecidos muscular e não-muscular isentos de gordura e se correlaciona com a água corporal total (Gotfredsen et al., 1986). É reconhecida uma limitação significativa à precisão do DXA quanto a determinação da composição do tecido magro e gorduroso a partir do tecido macio, pois a metodologia DXA assume que a quantidade de gordura sobre o osso é a mesma ao longo do tecido macio adjacente, porém a distribuição de gordura ao longo do corpo não é uniforme. O tecido gordo se diferencia do tecido magro por seu maior conteúdo de hidrogênio resultando em coeficiente de atenuação de raios –X diferente (Pietrobelli et al., 1996). Segundo Laskey (1996) nos exames de corpo inteiro, cerca de um terço de todos os pixels contém osso, portanto não podem ser utilizados para determinar tecido magro e tecido gordo isoladamente. No entanto, em regiões como tórax, braço e cabeça, a porcentagem de pixels livres de ossos será muito menor e pode ser insuficiente para determinar com precisão o tecido macio e, portanto, o tecido ósseo, uma vez que o tecido macio é utilizado como referência de espessura e composição para cálculo da DMO que resulta no CMO. O motivo pelo qual os tecidos dissecados podem ser relacionados às medidas estimadas pelo DXA é a forte correlação existente entre o tecido adiposo dissecado com o tecido gordo DXA, o tecido muscular dissecado com o tecido magro DXA e o tecido ósseo dissecado com CMO e tecido magro (Marcoux et al., 2005). Isso ocorre porque a gordura é rica em lipídios, o material de referência do tecido gordo DXA; similarmente, a carne bovina magra é usada como referência para mensuração do tecido magro DXA (Pietrobelli et al., 1996). O tecido ósseo está correlacionado com o CMO porque a calibração DXA pode ser realizada com peças artificiais que simulam os ossos e sua 13 correlação com o tecido magro é devida à forte relação positiva entre músculo e osso (Pietrobelli et al., 1996; Schoenau, 2005). Em suma, com sua precisão geral, rápida mensuração, baixa dose de radiação e possibilidade de ser comparado ao método direto, o DXA é susceptível a se tornar um método amplamente utilizado para avaliar a composição corporal de animais. 2.5. Uso do DXA em animais de produção Os métodos de absortometria foram incialmente propostos para utilização em seres humanos (Blake e Fogelman, 1997). O interesse de avaliações DXA em animais de produção se tornou uma tendência por possibilitar mensurar a variação na deposição dos tecidos e a relação entre estes em função de fatores cronológicos, fisiológicos, nutricionais e ambientais a que os animais estão expostos. Os scanners disponíveis no mercado ainda não são grandes o suficiente para permitir escaneamentos de corpo inteiro para animais de grande porte (e.g., equinos e bovinos) com exceção de análises de carcaça (Stone e Turner, 2012). Devido à grande variabilidade da proporção de água e gordura no corpo animal sua correta quantificação pelo DXA, em referência ao método padrão de análise química, é o parâmetro que melhor indica a acurácia (Emmans e Kyriazakis, 1997). Mitchell et al. (1996) avaliaram a técnica DXA para mensurar a composição corporal de suínos. O estudo demonstrou que a percentagem média de gordura corporal medida pelo DXA não foi significativamente diferente dos resultados da análise química. No entanto, a análise de correlação de concordância revelou uma precisão inaceitável na medição DXA devido a viés negativo para porcentagens menores (<20%) e um viés positivo para porcentagens maiores (>20%), indicando que o DXA poderia superestimar a porcentagem de gordura em suínos gordos e subestimar em suínos magros. O que foi atribuído a grande variação no tamanho corporal dos animais estudados. Foram encontradas altas correlações entre os dois métodos para tecido gordo (TG), tecido magro (TM) e massa total (MT), (R2=0,989; 0,968 e 0,999, respectivamente). 14 Em aves, o primeiro trabalho realizado utilizando a ferramenta DXA pertence a Mitchell e colaboradores (1997), novos estudos só vieram ocorrer sete anos depois. Swennen et al. (2004) validaram o uso do método para galinhas in vivo. Os autores encontraram alto grau de correlação (R2>0,9) para todos os parâmetros, exceto para porcentagem de gordura (R2=0,59). O DXA superestimou as médias de MT e TM, em relação ao peso obtido em balança, tendo maior efeito para animais com menor peso vivo (PV). Para menor PV (aproximadamente <1.500 g) a água obtida quimicamente foi superestimada pelo DXA, enquanto que, para maior PV foi subestimada. O TG mensurado pelo DXA alcançou valores muito próximos aos reais obtidos pela análise química da gordura (± 6,3%; erro médio=19,6%) não havendo influência do PV. O DXA subestimou o CMO o que foi justificado pela baixa mineralização/calcificação dos ossos em animais jovens. As discrepâncias entre os resultados de massa total e tecido magro estimados pelo DXA e valores reais obtidos pela análise química foram relatadas posteriormente por Pomar et al. (2017) ao observarem que a relação entre a água e os tecidos com ausência de gordura deve ser considerada em estudos com grande variação de peso vivo dos animais. O conteúdo de água varia de um indivíduo para outro, sendo maior em animais jovens e menor em animais que alcançaram a maturidade, se mantendo constante após esta fase. Gonçalves et al. (2018) estudaram a composição corporal de frangos de corte Cobb500, de ambos os sexos, alimentados com 70%, 100% ou 130% de proteína bruta no concentrado. A análise de variância demonstrou que os níveis de proteína testados provocaram grande variação na composição corporal das aves, porém não houve diferença significativa (P>0,05) entre o DXA e o método de análise química para tecido gordo, tecido magro ou conteúdo mineral ósseo, sendo necessário desenvolver equações de regressão para melhorar a predição in vivo destes componentes. Embora em menor quantidade em relação aos demais não ruminantes de interesse zootécnico existem estudos recentes publicados com peixes. Johnson et al. (2017) trabalharam na predição da composição corporal de channel catfish (Ictalurus punctatus). Os resultados de coeficiente de variação (CV) apresentaram 15 baixa precisão para TG (27 - 34%) o que foi atribuído ao baixo conteúdo de gordura detectado pelo DXA (0–1% relativo a massa total), contudo o uso de análises de regressão reduziu o CV do TG para 5-5,5%. O DXA foi significativamente diferente quando comparado à análise química para TM, CMO e TG, superestimando TM e subestimando TG e o CMO. Contudo, todos os três tecidos se correlacionaram fortemente com a carcaça. Segundo Mercier (2006) a relação entre os métodos DXA e químico para TG é afetada pelo conteúdo de gordura do animal, sendo especialmente problemático com animais muito magros (menos de 5% de gordura). Sendo assim, as equações de predição podem ser uma alternativa viável para corrigir erros na detecção de tecido gordo em animais de carcaça magra analisados pelo DXA. Recentemente, Lovett et al. (2019) investigaram a relação entre a composição corporal e a curvatura espinhal do salmão-rei produzido na Nova Zelândia (Oncorhynchus tshawytscha). Como obtido no estudo anterior, o CMO derivado do DXA apresentou resultados significativamente menores comparados a análise química da carcaça. Já os valores de TM e TG entre os dois métodos foram altamente semelhantes. Não houve relação entre a curvatura e a composição corporal, o que foi associado a falha na escolha das unidades experimentais. Embora os valores de CMO derivados do DXA tenham sido consistentemente mais baixos do que aqueles obtidos pela análise química, esta é uma discrepância frequentemente relatada. Pois, o DXA mede o conteúdo mineral exclusivamente de osso, enquanto os valores de cinzas representam o conteúdo mineral cumulativo de todas as células da amostra, por consequência, os valores DXA são subestimados (Johnson et al., 2017). Os animais ruminantes, por sua vez, ainda possuem poucas pesquisas com o método DXA quando comparados aos não ruminantes. Os estudos com bovinos têm se concentrado em determinar a composição e mineralização óssea em diferentes regiões de interesse (Oden et al., 1998; Keene et al., 2004; Zotti et al., 2010; Maetani et al., 2015; Maetani et al., 2016). Este fato, se deve ao porte físico dos animais ser superior a capacidade scanner dos equipamentos DXA 16 comercialmente disponíveis, sendo assim, pesquisas de composição têm sido realizadas com animais jovens ou com a seção da costela proposta como método indireto para avaliação da composição corporal de bovinos por Hankins e Howe (1946). Scholz et al. (2003) analisaram a composição corporal de bezerros mestiços F1 e F2 e seus controles de raça pura, das raças leiteiras German Holsteins (GH) e German Fleckvieh (GF). Os autores observaram que os bezerros controle da raça GH apresentaram a menor percentagem para TG e as maiores percentagens para TM. Esse fato se explica visto que a correlação entre deposição de músculo e gordura é inversamente proporcional. Além disso, notaram que com o aumento do número de lactações da progenitora o TM das crias tendeu a reduzir, especialmente quando comparada a primeira lactação em relação as demais, enquanto o CMO e a DMO aumentaram, o que segundo autores necessita ser melhor investigado. Prados et al. (2016) avaliaram equações previamente desenvolvidas para predição da composição entre a nona e a décima primeira costela (seção HH), assim como, desenvolveram novos modelos de regressão usando procedimento de validação cruzada para as raças Nelore e Nelore x Angus. Os resultados demonstraram que as equações DXA obtiveram boa precisão e acurácia em relação a composição química da seção HH, apresentando coeficiente de correlação e concordância de 0,975; 0,968; 0,945; e 0,784 para tecido magro, tecido macio, tecido gordo e cinzas, respectivamente. Inicialmente as pesquisas com ovinos também se concentraram na busca por informações quanto a viabilidade do DXA em determinar densidade e conteúdo mineral ósseo (Kaymakci e Wark, 1994; Turner et al., 1995; Pouilles et al., 2000). Contudo, ao longo dos anos e com avanço dos softwares a possibilidade de se mensurar a composição corporal dos ovinos começou a despertar interesse e ser investigada pelos pesquisadores (Scholz et al., 2010; Pearce et al., 2009; Hunter et al., 2011). Recentemente, Miller et al. (2018) avaliaram o método DXA para mensurar o teor total de gordura corporal em carneiros. Dentre outros objetivos os autores compararam os valores DXA, químico e de escore de condição corporal (ECC). Houve correlação moderada entre a gordura corporal DXA e o ECC (R2=0,70), e correlação elevada (R2=0,81) entre a gordura corporal DXA e a gordura corporal química. 17 A relação moderada entre a gordura DXA e o ECC talvez seja explicada pelo fato de que este último apesar de ser um método bastante citado na literatura, de fácil mensuração, rápida execução e teoricamente sem custo, se trata de um método subjetivo. Além disso, deve ser compreendido que embora o ECC seja estimado individualmente, a performance animal correspondente só pode ser predita em um lote ou rebanho e não em indivíduos (CSIRO, 2007). Finalmente, em caprinos, até o presente momento, foram encontrados dois trabalhos relacionados a técnica DXA. Corten et al. (1997) avaliaram o DXA para predizer a influência de materiais de implante na capacidade de cicatrização óssea interfacial. Utilizaram doze cabras adultas. Os implantes foram colocados nos côndilos lateral e medial dos fêmures esquerdo e direito. Três meses após a cirurgia os animais foram abatidos. As regiões mais próximas dos implantes exibiram uma maior DMO das demais regiões. Sendo que, a DMO foi maior para os côndilos mediais em relação aos laterais. Tal resultado coincidiu para os côndilos não implantados. Os autores concluíram que o DXA demonstrava ser uma excelente ferramenta para estabelecer a reação da quantidade de aposição óssea ao redor do implante. Mi et al. (2016) avaliaram a resistência à compressão das vértebras pelo método Hounsfield Unit (HU) e sua interação com o método DXA. Foram utilizadas quarenta e duas vértebras lombares retiradas de sete cabras adultas. O método HU apresentou correlação moderada com o DXA (R2=0,64). Não houve diferença significativa entre os métodos HU e DXA para prever a carga final ou a tensão final. O que levou os autores a concluírem que o HU tem um valor preditivo igual ao DXA para resistência à compressão do corpo vertebral inteiro podendo ser utilizado para avaliar a resistência óssea e risco de fratura. Portanto, após apresentar estes relatos, até onde se sabe, a validação da composição corporal de caprinos usando o método DXA não foi previamente realizada. 18 2.6. Modelos matemáticos para predição do crescimento O organismo animal é um sistema biológico com interações complexas e controle interno altamente refinado (Sauvant, 1994). O uso de modelos matemáticos é uma prática comum na produção animal que tem como propósito simplificar a compreensão de fenômenos biológicos, como o crescimento, por meio de dados quantitativos que tenham influência sobre o fenômeno estudado (Rondón et al., 2002). Os modelos matemáticos descrevem o sistema mediante equações matemáticas para as quais são necessários dados de entrada e saída do modelo. Segundo Baldwin (1995) os modelos podem ser classificados em distintas categorias, sendo elas:  Empíricos ou mecanicistas: segundo o grau de explicação dos fenômenos analisados, sendo empíricos quando o resultado final é atribuído diretamente ao tratamento aplicado e mecanístico quando incorporam conceitos da física, química, bioquímica, etc. de níveis de agregação mais baixos (e.g. função celular);  Estáticos ou dinâmicos: de acordo com seu comportamento em relação ao tempo, sendo estático ao descrever o fenômeno em determinado momento (e.g. exigência nutricional para idade específica) e dinâmico quando os parâmetros variam ao longo do tempo (e.g. curva de crescimento);  Estocásticos ou determinísticos: em relação a distribuição de probabilidade dadas suas variáveis e parâmetros, sendo estocásticos quando as prováveis respostas dependem da distribuição de probabilidade dos dados fornecidos, já os modelos determinísticos possuem apenas uma resposta para o conjunto de dados avaliado. Segundo Draper e Smith (1981) os modelos podem ser classificados em lineares ou não lineares, em relação à forma matemática.  Linear: quando todos os parâmetros estão dispostos linearmente, sendo uma classe flexível uma vez que muitos modelos podem ser formulados;  Não linear: têm como vantagem condensar várias informações em alguns parâmetros biologicamente interpretáveis. Os modelos não lineares mais utilizados para descrição do crescimento dos animais são o Brody (Brody, 1945), Von Bertalanffy 19 (Bertalanffy, 1957), Richards (Richards, 1959), Logístico (Nelder, 1961) e Gompertz (Winsor, 1932). Por meio dos modelos matemáticos é possível comparar taxas de crescimento de diferentes indivíduos em estados fisiológicos equivalentes, estimar as exigências nutricionais para categorias específicas em cada sistema de produção. Também permitem predizer a idade ótima ao abate em função da taxa máxima de crescimento (Fitzhugh Jr, 1976). Outra importância da curva de crescimento é dar suporte ao processo de seleção, bem como acompanhar o progresso genético. Pode-se, desta maneira, comparar animais considerando-se efeitos não controlados em grupos de manejo como por exemplo, o sexo (Tholon e Queiroz, 2009). As equações propostas neste trabalho para determinar a composição corporal são lineares seguindo a fórmula padrão de regressão Y = a + b.X, desta forma, o Y é a variável dependente e o X a variável independente, sendo ‘a’ e ‘b’ componentes constantes de cada modelo. Em que o ‘a’ é o intercepto e ‘b’ é o coeficiente de regressão. A regressão linear se torna uma ferramenta útil pois pode ser utilizada para converter as mensurações DXA em componentes do corpo ou da carcaça, sendo estas regressões específicas para cada equipamento DXA, espécie animal e parte corpórea (Mitchell et al., 1997). 20 3. 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Assim, o objetivo deste estudo foi verificar a capacidade do método DXA em determinar a composição corporal de caprinos submetidos a dois níveis nutricionais. Para isso, foram utilizados 36 cabritos machos castrados da raça Saanen, divididos em três faixa etárias (3, 5 e 7 meses), cada faixa etária era composta por 12 animais, sendo 6 mantidos sob regime alimentar a vontade (AL), consumo sob mantença com adicional para ganho de 150 g.dia-1; e 6 sob mantença (M). A dieta era composta por silagem de milho e concentrado em uma proporção percentual 50:50. O peso vivo médio ao abate foi de 13,3 ± 0,53, 15,2 ± 0,53 e 22,0 ± 0,53 kg para os cabritos com três, cinco e sete meses de idade, respectivamente. A média de ingestão de matéria seca foi 3,16% e 2,77% do peso vivo para os grupos AL e M, respectivamente. Assim que atingiram a idade pré-estabelecida os animais foram mantidos em jejum de líquido e sólidos por 24 horas e escaneados no aparelho DXA Hologic (Discovery Wi). Posteriormente, os animais foram abatidos sendo realizada análise química do corpo inteiro para comparação entre os métodos. O pernil esquerdo foi seccionado da carcaça total escaneado pelo aparelho DXA, e então, dissecado em osso, músculo e tecido adiposo, cada componente foi analisado individualmente no DXA, e posteriormente submetido a análise química para servir de referência aos parâmetros DXA obtidos com animais in vivo. O delineamento utilizado foi o inteiramente ao acaso em fatorial 3x2, com seis repetições. A comparação entre o método direto de análise química e o método DXA com animais in vivo demonstrou forte correlação para predizer a composição corporal (R2= 0,82; 0,96 e 0,98 para cinzas, gordura e proteína). O pernil demonstrou ser um bom parâmetro para predizer o corpo vazio, assim como, o corpo inteiro mensurado pelo DXA. Os tecidos dissecados do pernil (ossos, músculos e tecido adiposo) analisados pelo método químico, foram utilizados como referência para as medidas DXA e apresentaram boa concordância para predição da composição tecidual (R2= 0,73; 0,79 e 0,90 para cinzas, gordura e proteína). A massa corpórea obtida quimicamente pela soma dos nutrientes corporais (água + proteína + gordura) apresentou forte correlação com a massa total estimada pelo DXA (R2= 0,98). De modo geral, apesar das discrepâncias existentes na forma de mensurar a composição corporal entre os métodos, e os erros inerentes a cada metodologia, o método DXA se mostrou eficaz na predição da composição corporal, podendo ser utilizado como método de referência na avaliação de caprinos in vivo ou em parte específica do corpo. Palavras-chave: método indireto, pequenos ruminantes, validação 28 CHAPTER 2 - VALIDATION OF THE DUAL ENERGY X-RAY ABSORPHETRY (DXA) METHOD FOR THE PREDICTION OF IN VIVO GOATS BODY COMPOSITION ABSTRACT – Dual-energy X-ray absorptiometry (DXA) is a noninvasive method to measure the body composition of animals that represents an alternative to comparative slaughter, since it is a technique that is easy to apply and allows monitoring the variations in the animal's body composition throughout its productive life. The objective was to evaluate the use of DXA method in determining the body composition of goats submitted to two nutritional levels. For this, 36 castrated male Saanen kids were divided into three age groups (3, 5 and 7 months), each age group was composed of 12 animals, 6 of which were kept under diet ad libitum (AD), consumption under maintenance additional for gain of 150 g.day-1; and 6 under maintenance (L). The diet was composed of corn silage and concentrated in a 50:50 percentage ratio. The mean live weight at slaughter was 13.3 ± 0.53, 15.2 ± 0.53 and 22.0 ± 0.53 for goats at three, five and seven months of age, respectively. The mean dry matter intake was 3.16% and 2.77% of the live weight for the AD and L groups, respectively. As soon as they reached the pre-established age, the animals were fasted for 24 hours and scanned in the Hologic DXA device (Discovery Wi). Then, the animals were slaughtered and whole body chemical analysis was performed for comparison between methods. The left leg was sectioned from the total carcass and scanned by the DXA device, after that, it was dissected into bone, muscle and fat, each component was individually analyzed by DXA, and then chemical analysis was performed to be reference for in vivo DXA parameters. The design was completely randomized in 3x2 factorial, with six replications. The relationship between the comparative slaughter method and in vivo DXA analyze showed a strong correlation (R2=0.82, 0.96 and 0.98 for ashes, fat and protein). The shank proved to be a good parameter for empty body and in vivo DXA prediction. The dissected shank tissues (bones, muscles and fat) analyzed by the chemical method were used as reference for DXA measurements and showed good concordance for tissue composition prediction (R2=0.73, 0.79 and 0.93 for ashes, fat and protein). The body mass obtained chemically by the sum of the body nutrients (water + protein + fat) presented a strong correlation with the total mass estimated by DXA (R2=0.98). In general, despite the discrepancies in the body composition measurement among the methods, and the errors inherent to each one, the DXA method proved to be effective in predicting body composition, so can be used as reference method for goat evaluation in vivo or in specific parts of the body. Keywords: indirect method, small ruminants, validation 29 1. INTRODUÇÃO A composição corporal tem influência direta na produção de animais de interesse zootécnico, pois se refere ao estudo da deposição tecidual no corpo e das variáveis que a afetam como raça, sexo, peso, estado fisiológico e nível nutricional, sendo o ponto inicial para determinar as exigências nutricionais (Laskey, 1996). A composição corporal pode ser mensurada através de dois métodos, o direto e o indireto. O método químico representa o método direto e, apesar de ser considerado referência padrão, implica em elevado custo laboratorial, tempo e perda da amostra analisada (Resende et al., 2017). O método de absortometria de raios-X de dupla energia (DXA) compõe um dos métodos indiretos. Dentre suas vantagens destaca-se a rápida análise, não destruição da amostra e possibilidade de realizar estudos longitudinais (Scholz et al., 2012). Contudo, necessita ser validado para cada espécie testada. Há diversas décadas têm sido realizados estudos com o método DXA para validar a composição corpórea de várias espécies de interesse zootécnico como suínos, aves, peixes, perus, ovinos e bovinos. Porém, a espécie caprina ainda não foi avaliada. Os caprinos, apesar das semelhanças com ovinos e bovinos, apresentam diferenças significativas quanto as exigências nutricionais, composição da carcaça e distúrbios metabólicos (NRC, 1981). Isso justifica a busca por maior compreensão sobre a deposição tecidual de caprinos de forma isolada dos demais ruminantes. A raça Saanen possui aptidão leiteira e detém a maior produção mundial de leite dentre as raças caprinas (De Lazzari, 2017). Devido a isso, tem sido utilizada para a formação e/ou melhoramento de outras raças leiteiras (Silva, 2003). O leite caprino é considerado um alimento funcional (Catunda et al., 2016) e os produtos lácteos caprinos possuem alto valor agregado com demanda no mercado gourmet (Ribeiro e Ribeiro, 2010). Apesar disso, a espécie caprina, especificamente a raça Saanen, possui poucos estudos quanto a composição corporal. Desse modo, objetivou-se comparar a composição corporal de caprinos, machos castrados da raça Saanen, pelo método de absortometria de raios-X de dupla energia in vivo e no pernil com o método direto. 30 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. Local O experimento e o abate foram conduzidos no Laboratório de Estudos em Caprinocultura, localizado na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP, Jaboticabal, São Paulo, localizado a 21º14’05”S e 48º17’09”W, altitude de 615 m. As análises DXA foram procedidas no Laboratório de Estudos em Densitometria Óssea e Composição Corporal da referida faculdade. As análises laboratoriais foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal – LANA, do departamento de Zootecnia da FCAV. 2.2. Animais e alimentação Todos os procedimentos realizados tiveram a aprovação prévia do Comitê de Ética no Uso de Animais – CEUA, protocolo nº 015416/17, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP, Jaboticabal. O número de animais foi determinado através do teste Power Analysis, o qual indica o número amostral necessário para detectar o efeito entre as observações com um grau de confiança determinado. Foram utilizados trinta e seis machos castrados, da raça Saanen, alocados em baias individuais. Os animais iniciaram o período experimental com sessenta dias de vida e foram manejados até atingirem as idades pré-estabelecidas de abate, sendo elas, três, cinco e sete meses de idade. Cada faixa etária era composta por doze animais, divididos igualmente em dois grupos alimentares. Os grupos alimentares estabelecidos foram: 1) nível de mantença mais o adicional para ganho de 150 g.dia-1 (ad libitum - AL); 2) sob o nível de mantença (M). Esta estratégia foi adotada para proporcionar diferenças na composição da carcaça e assim, averiguar o grau de refinamento do DXA na determinação corporal. As dietas foram balanceadas segundo o National Research Council – NRC (2007). A quantidade ofertada foi ajustada semanalmente de acordo com a média de consumo. A alimentação foi fornecida diariamente em duas porções iguais às 8h00 e 16h00 e a água disponibilizada ad libitum. 31 A relação percentual de volumoso:concentrado adotada foi de 50:50. A dieta era composta por silagem de milho e concentrado energético (Tabela 1). As sobras de alimento eram pesadas matinalmente para determinar a ingestão de matéria-seca diária. Os animais foram pesados no primeiro dia do período experimental e então semanalmente. Tabela 1. Composição química da ração experimental. Componentes Inclusão % Composição química (% de matéria-seca) MS MM PB EE FDN1 FDA1 Silagem de milho 50 28,05 5,11 8,08 2,09 59,41 33,44 Concentrado 50 88,46 6,97 18,24 6,34 27,43 5,99 Matéria-seca (MS), matéria-mineral (MM), proteína-bruta (PB), extrato-etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), milho grão (MG), farelo de trigo (FT), soja grão (SG), farelo de soja (FS), sal mineral (SM), cloreto de sódio (CS), 1sem correção para cinzas e proteína. 2.3. Análise in vivo no DXA A composição corporal referente aos parâmetros de massa total (MT), conteúdo mineral ósseo (CMO), tecido magro (TM), tecido magro e conteúdo mineral ósseo (TM + CMO) e tecido gordo (TG) foram obtidos através do método indireto DXA. Assim que os animais atingiram a idade pré-determinada de três, cinco ou sete meses foram pesados para obtenção do peso vivo (PV) e, então submetidos a jejum de sólidos e líquido por um período de 24h. Após o intervalo de jejum os animais foram novamente pesados para obtenção do peso vivo pós jejum (PVPJ). Os caprinos foram anestesiados através da associação entre o cloridrato de xilazina (0,3 mg.kg-1 - via intramuscular) e dez minutos após, com o cloridrato de cetamina (8,0 mg.kg-1 - via intravenosa) conforme protocolo estabelecido por Ribeiro et al. (2018). As análises foram realizadas por meio do aparelho Hologic Discovery Wi (Hologic, Inc., Bedford, MA, USA), versão 13.4.2:5. O equipamento foi previamente calibrado Constituintes do concentrado (%) MG FT SG FS SM CS 20 15 10 2,5 1,5 1,0 32 através de um phantom antropomórfico da coluna vertebral fornecido pelo fabricante (área: 54,4 cm2; CMO: 51,1 g; DMO: 0,94 g.cm2). Cada caprino foi escaneado uma única vez, no modo whole body, posicionado em decúbito ventral com os membros anteriores estendidos e prolongados cranialmente, e os membros posteriores flexionados e nivelados com o corpo. O nível da linha do laser foi configurado para se obter uma varredura na qual não houvesse sobreposição dos ossos. Devido a protuberância do manúbrio do esterno foi utilizado um travesseiro para apoiar a cabeça e os membros anteriores, de modo a alinhar o corpo sobre a superfície da plataforma DXA (Figura 1). É importante ressaltar que o travesseiro utilizado foi previamente testado no equipamento DXA e demonstrou ser um material inerte. Figura 1. Animal posicionado na plataforma DXA em estado de sedação inconsciente (Arquivo pessoal, 2017). Haja visto que o aparelho DXA tenha sido desenvolvido para seres humanos se fez necessário a realização de testes de ajuste com intuito de enquadrar as linhas de análise do modo whole body para caprinos, uma vez que estes são anatomicamente impossibilitados de posicionar os membros anteriores paralelamente ao tronco. Portanto, a conformação de linhas que apresentou maior semelhança ao modelo humano e, por isso foi utilizada, está apresentada na Figura 2. 33 Figura 2. Linhas de análise do DXA Hologic Wi no modo whole body configuradas para caprinos (Arquivo pessoal, 2017). 2.4. Abate O tempo decorrido entre as análises no DXA e o abate foi em média duas horas. Os animais foram insensibilizados através de pistola de dardo cativo penetrante, posicionada no centro da linha imaginária que tangencia a borda caudal do corno em sentido paralelo ao eixo longitudinal da cabeça, promovendo insensibilização por concussão e laceração cerebral. Após a observação de estado de inconsciência do animal foi procedida a sangria através da secção das artérias carótidas e veias jugulares. Posteriormente, foram realizados os procedimentos de esfola e evisceração. Em seguida, foram retirados e 34 pesados, cheios e vazios, o trato gastrintestinal (TGI), a vesícula biliar e a bexiga para determinação do peso de corpo vazio (PCV). Os componentes não-carcaça de cada animal foram individualmente pesados e então agrupados em saco plástico devidamente identificado, sendo eles: órgãos (coração, pulmão, traqueia, baço, fígado, rins, bexiga vazia, vesícula biliar vazia e órgão reprodutor); vísceras (esôfago e trato gastrintestinal vazio – retículo-rúmen, omaso, abomaso, intestino delgado e intestino grosso); e subprodutos (sangue, pele, cabeça, patas e depósitos adiposos). Para cada animal foi amostrada quantidade representativa da pele mais pelos. O restante do material foi adicionado aos componentes não-carcaça, respectivo a cada indivíduo. A carcaça de cada animal foi pesada para obtenção do peso de carcaça quente e transportada para câmara de refrigeração sendo mantida a 4°C por 24h. Após este período as carcaças foram novamente pesadas para obtenção do peso de carcaça fria. Todas as carcaças foram seccionadas em sentido longitudinal resultando em meia carcaça direita e meia carcaça esquerda. Em seguida, cada meia carcaça esquerda teve o pernil removido. O restante da meia carcaça esquerda e a meia carcaça direita intacta foram agrupadas. Todo material amostrado foi acondicionado em saco plástico devidamente identificado e mantido em câmera de refrigeração à -20ºC. 2.5. Dissecação do pernil e análise no DXA Para comparação com os valores DXA obtidos in vivo, o pernil esquerdo de cada animal, previamente separado da carcaça, foi descongelado sob refrigeração a 8ºC por 16h, pesado e, então, analisado pelo DXA no modo infant whole body. Posteriormente, os pernis foram dissecados em: tecido muscular, ósseo (ílio, ísquio, púbis, fêmur, patela, tíbia, fíbula e tarso) e adiposo. Os outros tecidos como tendões, fáscias e nervos foram somados ao tecido muscular, já o tecido cartilaginoso foi adicionado ao tecido ósseo. Após a dissecação, cada componente tecidual (músculo, 35 osso e gordura) de cada animal, foi individualmente pesado e analisado no aparelho DXA no modo small animal. Anteriormente às análises o equipamento DXA foi devidamente calibrado. Para os pernis inteiros foi utilizado o phantom antropomórfico da coluna vertebral (área: 54,4 cm2; CMO: 51,1 g; DMO: 0,94 g.cm2). Para os tecidos dissecados foi utilizado o rat step phantom (P/N 010-0758 Rev. 004). Os modos de análise foram selecionados de acordo com o tamanho da amostra conforme determinado pelo fabricante, sendo eles, small animal até 40 cm, infant whole body de 41 a 80 cm e whole body acima de 80 cm de comprimento. É importante ressaltar que o DXA nos modos infant whole body e small animal não calcula a variável tecido magro (TM), sendo assim, para esses modos a variável em questão foi obtida pela diferença entre a massa total (MT), tecido gordo (TG) e conteúdo mineral ósseo (CMO), como segue: TM (g) = MT (g) – TG (g) - CMO (g). 2.6. Processamento das amostras As amostras de componentes não carcaça e carcaça previamente congeladas foram retiradas da câmera de refrigeração e seccionadas com auxílio de serra-fita. Posteriormente, ainda congeladas foram moídas individualmente, por três vezes cada, em moinho de carne modelo C.A.F 114. Os tecidos dissecados (músculo e tecido adiposo), assim como a pele foram moídos com auxílio de moinho manual. Já os ossos dissecados foram moídos no moinho de carne modelo C.A.F 114 devido à resistência do material. Os constituintes corporais moídos foram amostrados em placas de petri em duplicata, identificados, pesados e imediatamente colocados sob refrigeração a -20ºC. 2.7. Análise laboratorial A composição corporal, concentração do nutriente, foi determinada por meio do método direto de análise química para as amostras de componente não-carcaça, 36 carcaça, pele, ossos, músculos e tecido adiposo, sendo os três últimos constituintes do pernil esquerdo. A matéria pré-seca foi obtida por liofilização por 72h (AOAC 1990; metodologia 938.18), posteriormente cada amostra corporal foi individualmente moída em moinho de bola com câmera fechada, por quatro minutos em média, e acondicionada em pote devidamente identificado. A matéria-seca definitiva (MSD) foi obtida em estufa a 105º C até obtenção de peso constante. A matéria mineral (MM) foi estabelecida pela combustão das amostras a 550ºC por 6h (AOAC 1990; metodologia número 924.05). O extrato- etéreo (EE) e/ou gordura (GD) foi adquirido por meio da extração contínua com éter de petróleo durante 6h utilizando extrator de Soxhelt (AOAC, 1990; metodologia número 930.15). A proteína bruta (PB) foi analisada pelo método de combustão de Dumas utilizando analisador tipo LECO FP-628 (AOAC, 1990; metodologia número 992.15). Para as amostras de componentes não-carcaça, carcaça, osso e tecido adiposo a análise de gordura precedeu a análise de proteína uma vez que, altos teores de lipídeo ocasionam erros consideráveis na análise de nitrogênio total. Além disso, amostras de ofertado da silagem de milho e do concentrado coletadas durante o período experimental foram pré-secadas em estufa com circulação de ar forçada a 55ºC por 72h, em seguida, foram moídas em moinho de facas tipo Willey em peneira de 1mm e, então, submetidas as análises de MSD, MM, PB e EE além de ser determinado a fibra em detergente neutro (FDN) com amilase termoestável (Van Soest et al., 1991) e,sequencialmente a fibra em detergente ácido (FDA) (Goering e Van Soest, 1970) pelo aparelho ANKOM utilizando sacos de filtro F57. Todas as amostras foram analisadas em duplicata para garantir maior confiabilidade aos resultados. Duplicatas com diferença superior a cinco por cento foram repetidas. 2.8. Cálculos 2.8.1. Composição química – Corpo Vazio 37 Após a realização das análises químicas e determinação do percentual de nutrientes em cada amostra (MS, MM, PB e GD na porcentagem de matéria-seca), o corpo dos animais, previamente separado nas amostras de carcaça, componentes-não- carcaça, pele e pernil dissecado (osso, músculo e tecido adiposo), foi reconstituído. Posteriormente os nutrientes foram transformados para matéria-natural e foi calculado um peso de corpo vazio ajustado (PCVA), referente a somatória dos nutrientes. Por fim, o PCVA foi corrigido para o peso