UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA Leandro Gurgel UMA ANÁLISE DO SETOR INDUSTRIAL: HÁ EVIDÊNCIAS DE DESINDUSTRIALIZAÇÃO NA ECONOMIA BRASILEIRA? Orientador: Prof. Dr. André Luiz Correa Examinador: Prof. Dr. Rogério Gomes Araraquara, novembro de 2012 1 ‘ UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA Leandro Gurgel UMA ANÁLISE DO SETOR INDUSTRIAL: HÁ EVIDÊNCIAS DE DESINDUSTRIALIZAÇÃO NA ECONOMIA BRASILEIRA? Monografia apresentada à Universidade Estadual Paulista como exigência para Conclusão do curso de Ciências Econômicas da Faculdade de Ciências e Letras. Orientador: Prof. Dr. André Luiz Correa Examinador: Prof. Dr. Rogério Gomes Araraquara, novembro de 2012. 2 ‘ RESUMO O presente trabalho tem como objetivos principais definir e caracterizar o conceito de desindustrialização e suas causas, e em especial, investigar se há indícios de desindustrialização na economia brasileira. Caso confirmado o processo de desindustrialização, analisaremos quais os setores industriais mais afetados. Palavras-chave: Economia industrial; desindustrialização; doença holandesa. 3 ‘ ABSTRACT The present work aims to define and characterize the main concept of deindustrialization and its causes, and in particular, investigate whether there are evidences of deindustrialization in the Brazilian economy. If the process of deindustrialization is confirmed, we will analyze the industrial sectors most affected. Keywords: Industrial economics; deindustrialization; Dutch disease. 4 ‘ AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, Quem me proporcionou a oportunidade de fazer parte da Unesp e de concluir o curso de Ciências Econômicas. Obrigado pela salvação, pela sabedoria, pelas conquistas e por ter colocado em minha vida pessoas tão especiais! Louvo-te pelo Teu amor! Agradeço aos meus pais, Lélio Gurgel e Silvana M. da Costa Gurgel, que fizeram o máximo para que eu pudesse me dedicar exclusivamente aos estudos, me dando suporte material e emocional durante todos os anos em Araraquara e em todos os dias da minha vida. Meus irmãos, Lucas Gurgel e Jéssica Gurgel, pela ajuda durante o curso e pelo ânimo que sempre me davam aos finais de semana em que voltava para casa. Agradeço também a minha avó e avô, meus tios e primos. Sem o amor da minha família nada do que sou valeria a pena. Quero expressar meu grande carinho e gratidão pelas minhas tias Lídia Rosina e Oralice Lima, pessoas muito queridas na minha vida. Também agradeço ao meu orientador, o Prof. Dr. André Luiz Correa, que me aceitou como orientando e acreditou no meu projeto de pesquisa. Agradeço por suas sugestões, seus conselhos e sua dedicação à nossa pesquisa. Obrigado aos meus amigos que estão comigo desde sempre, Mário Sérgio de Góis Júnior, Victor Luiz Machado, Gustavo Campoli Machado e Guilherme Massuia Cáceres. Sou muito grato aos meus grandes amigos que fiz durante a faculdade, Alessandro Augusto Jordão, Tiago Fiorentino Bolini de Campos, Gabriela da Silva, Marcela de Godoy, Anna Cecília Mattielo, Vinícius Tadeu de Moura Batista, Graziella Mansani, Batssa Fernandes Duarte da Silva e Bianca Finhana Pessan. Amigos que certamente ficarão por toda a minha vida! Quero agradecer às sugestões e a grande atenção e dedicação da amiga Prof. Dra. Marília de Moraes Castro dadas a mim e ao meu trabalho de monografia. À Lúcia Regina Centurião, certamente uma grande amiga e colega de classe, que sempre esteve comigo e sempre me ajudou quando precisei! Além de suas sugestões para este trabalho de monografia. Sou extremamente grato ao Paulo César Morceiro pela grande ajuda durante o desenvolvimento da minha pesquisa de monografia. Agradeço pela atenção e pelas sugestões dadas a mim e à minha monografia. 5 ‘ Agradeço também ao Prof. Roberto Carlos Miguel, um grande amigo, sempre disposto a me ajudar e que me presenteou com o Projeto Rondon 2010, que mudou profundamente a minha vida e a minha visão do que realmente é o Brasil e o seu povo. Obrigado a todos os funcionários da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, os quais tornam o dia a dia dos alunos e dos professores mais fácil e prazeroso. 6 ‘ LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 – TAXA DE CÂMBIO EFETIVA REAL – IPA-OG – EXPORTAÇÕES – ÍNDICE (MÉDIA 2005 = 100) ................................................................................................................... 14 GRÁFICO 2 - VALOR ADICIONADO DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO (EM MILHÕES DE R$) - PREÇOS BÁSICOS .......................................................................................................... 28 GRÁFICO 3 - PARTICIPAÇÃO DO VA DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO NO PIB (EM %)28 GRÁFICO 4 – PARTICIPAÇÃO DA FBCF, EM % .................................................................. 33 GRÁFICO 5 – POPULAÇÃO OCUPADA POR SETORES, EM % ................................................ 39 GRÁFICO 6 – EXPORTAÇÃO BRASILEIRA POR FATOR AGREGADO, 1964 A 2010 – PARTICIPAÇÃO % ................................................................................................................................... 40 GRÁFICO 7 – EXPORTAÇÕES, IMPORTAÇÕES, SALDO DA BALANÇA COMERCIAL E TAXA DE CÂMBIO ......................................................................................................................... 41 GRÁFICO 8 – EXPORTAÇÕES (FOB) EM US$ E TAXA DE CÂMBIO – ÍNDICE (MÉDIA 2000 = 100) ....................................................................................................................................... 42 GRÁFICO 9– PARTICIPAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES POR CLASSE E TAXA DE CÂMBIO – ÍNDICE (MÉDIA 2000 = 100) ...................................................................................................... 42 7 ‘ LISTA DE TABELAS TABELA 1 - CLASSIFICAÇÃO INDUSTRIAL POR NÍVEIS TECNOLÓGICOS (LALL, 2000B) .... 22 TABELA 2 – PIB, VALOR ADICIONADO BRUTO - INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO, PREÇOS BÁSICOS ........................................................................................................................ 27 TABELA 3 - PARTICIPAÇÃO NO VALOR ADICIONADO BRUTO A PREÇOS BÁSICOS - CLASSIFICAÇÃO LALL (2000B) .................................................................................... 30 TABELA 4 – FORMAÇÃO BRUTA DE CAPITAL FIXO (FBKF) 2000-2011, EM VALORES CORRENTES ................................................................................................................... 32 TABELA 5 - EVOLUÇÃO DO EMPREGO NOS SETORES DA ECONOMIA BRASILEIRA, NÚMERO DE EMPREGADOS ................................................................................................................ 35 TABELA 6 - EVOLUÇÃO DO EMPREGO NOS SETORES DA ECONOMIA BRASILEIRA - % EM RELAÇÃO AO EMPREGO TOTAL .................................................................................... 35 TABELA 7 - EVOLUÇÃO DO EMPREGO NOS SETORES DA ECONOMIA BRASILEIRA - % EM RELAÇÃO AO EMPREGO TOTAL - CLASSIFICAÇÃO LALL (2000B) ............................... 37 TABELA 8 – EXPORTAÇÃO, EXPORTAÇÕES E SALDO COMERCIAL – OECD...................... 45 TABELA 9 – VARIAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO NO VALOR ADICIONADO A PREÇOS BÁSICOS, 2000- 2009, EM % ................................................................................................................... 49 TABELA 10 – VARIAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO NO EMPREGO TOTAL, 2000-2009, EM % ...... 50 8 ‘ SUMÁRIO 1. DESINDUSTRIALIZAÇÃO: CONCEITOS E VISÕES ..................................... 9 1.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 9 1.2 OS CONCEITOS DE DESINDUSTRIALIZAÇÃO ................................................................ 9 1.3 DESINDUSTRIALIZAÇÃO – VISÕES DIVERSAS ............................................................ 12 1.4 TAXONOMIA LALL (2000B) – CLASSIFICAÇÃO TECNO-SETORIAL ........................... 21 2. UMA INVESTIGAÇÃO ACERCA DO SETOR INDUSTRIAL BRASILEIRO: SISTEMATIZAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS .............................................. 24 2.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 24 2.2 DESINDUSTRIALIZAÇÃO: VALOR ADICIONADO DA INDÚSTRIA NO PIB E A FORMAÇÃO BRUTA DE CAPITAL FIXO ................................................................................................ 26 2.3 DESINDUSTRIALIZAÇÃO: EMPREGO NA INDÚSTRIA – POPULAÇÃO OCUPADA ........ 34 2.4 DESINDUSTRIALIZAÇÃO: COMÉRCIO EXTERIOR – EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES39 2.5 ANÁLISE DO SALDO COMERCIAL DOS SETORES INDUSTRIAIS ................................... 43 3. CONCLUSÕES ACERCA DA DESINDUSTRIALIZAÇÃO ............................ 48 3.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 48 3.2 O VALOR ADICIONADO .............................................................................................. 48 3.3 A POPULAÇÃO OCUPADA NA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO ................................ 49 3.4 O COMÉRCIO EXTERIOR ............................................................................................. 50 3.5 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 51 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA ................................................................... 53 9 ‘ 1 Desindustrialização: Conceitos e Visões 1.1 Introdução Neste capítulo iremos expor as mais diversas visões sobre o tema da desindustrialização, além de conceituar o termo. Existem autores que afirmam que o Brasil passa por um processo de desindustrialização e autores defendem a tese de que o Brasil ainda não vive tal processo. Também existem estudos que nos mostram que não se pode afirmar que o Brasil está passando por um processo de desindustrialização forte, nem que não esteja sendo afetado por esse processo. Na presente seção não iremos a priori nos posicionar em defender uma das visões acerca do processo de desindustrialização. Tal posicionamento será definido ao final da pesquisa após sistematização e análise dos dados referentes ao desempenho da indústria. 1.2 Os Conceitos de Desindustrialização O tema da desindustrialização vem sendo muito discutido nos últimos anos dentro da literatura econômica. No entanto, nos deparamos com diferentes conceitos sobre tal. Um dos conceitos é o exposto por Oreiro e Feijó (2010), o qual iremos utilizar neste trabalho. Os autores expõem o processo de desindustrialização segundo a redefinição feita por Tregenna (2009) 1, como sendo uma situação na qual tanto o emprego industrial como o valor adicionado da indústria se reduzem como proporção do emprego total e do PIB, respectivamente.2 Também se utilizam da definição de Rowthorn e Ramaswany (1999), os quais afirmam que a desindustrialização pode ser causada por fatores internos e externos a uma determinada economia. Os fatores internos seriam a variação na relação entre a elasticidade renda da demanda 1 Tregenna (2009) redefine o conceito clássico de desindustrialização de Rowthorn e Ramaswany (1999), o qual seria uma redução persistente da participação do emprego industrial no emprego total de um país ou região. 2 Tais conceitos serão tratados com mais detalhes na seção seguinte. 10 ‘ por produtos manufaturados e serviços e o crescimento mais rápido da produtividade da indústria do que no setor de serviços. Oreiro e Feijó (2010) continuam dizendo que neste contexto, o processo de desenvolvimento econômico levaria “naturalmente” todas as economias a se desindustrializar a partir de um certo nível de renda per capita. Isso ocorreria porque a elasticidade renda da demanda de serviços tende a crescer com o desenvolvimento econômico, tornando-se maior do que a elasticidade renda da demanda por manufaturados. Com o prosseguimento do desenvolvimento econômico, haverá um aumento da participação dos serviços no PIB e, após alcançar um certo nível de renda per capita, haverá uma queda da participação da indústria no PIB. Outro ponto importante destacado por Oreiro e Feijó (2010) é que além das causas da continuidade do desenvolvimento econômico, a produtividade do trabalho que cresce mais rápido na indústria do que nos serviços faz com que ocorra a queda da participação do emprego industrial antes da queda da participação da indústria no valor adicionado. Já os fatores externos mencionados por Rowthorn e Ramaswany (1999) estão relacionados ao grau de integração comercial e produtiva das economias, segundo eles, com o estágio alcançado pelo processo de “globalização”. Oreiro e Feijó (2010) concluem que alguns países podem se especializar na produção de manufaturados ou na produção de serviços. Outrossim, alguns países podem se especializar na produção de manufaturados intensivos em trabalho qualificado, ao passo que outros podem se especializar na produção de manufaturados intensivos em trabalho não qualificado. Esse padrão de desenvolvimento gera uma redução de emprego industrial (em termos relativos) no primeiro grupo e um aumento do emprego industrial no segundo grupo. Oreiro e Feijó (2010) citam a definição de desindustrialização causada pela “Doença Holandesa”, apresentada por Palma (2005)3, que está associada a déficits comerciais crescentes na indústria e superávits comerciais (crescentes) no setor não industrial. A definição original da “Doença Holandesa” está relacionada com um fenômeno real que ocorreu na Holanda, nos anos 1970, que foi a descoberta de grandes fontes de gás natural, a qual provocou uma forte realocação dos recursos na economia holandesa. No médio prazo, o boom das exportações de commodities levou a uma enorme apreciação da moeda nacional (florim holandês) e, consequentemente, à 3 Para Palma (2005) a doença holandesa é um processo em que a descoberta de um recurso natural (gás natural, no caso da Holanda) faz com que um país passe de um grupo de referência para outro, isto é, do grupo de países que visam à geração de superávit comercial na indústria para o grupo que é capaz de gerar um superávit comercial em produtos primários. 11 ‘ queda nas exportações industriais do país.4 Após esse acontecimento na Holanda, Corden e Neary (1982) desenvolveram a teoria da Dutch disease. Para esses autores, uma economia sofre da chamada “Doença Holandesa” quando a rentabilidade de um ou mais setores é fortemente comprimida como decorrência de um boom ocorrido em determinadas indústrias produtoras de bens ou serviços comercializados (traded goods)5. Visto que o atual “boom” dos preços das commodities vem contribuindo para os superávits da balança comercial de inúmeros países que possuem vantagens comparativas nessa classe de mercadorias, inclusive o Brasil, preocupa-nos se essa situação pode trazer consequências negativas no futuro ou se é realmente benéfico para a economia. Outro fenômeno que pode vir a contribuir para a ocorrência da Doença Holandesa6 é a apreciação do câmbio, situação esta que pode estar relacionada com o aumento da exportação, principalmente de produtos primários (commodities), a qual irá gerar superávits na balança comercial, fazendo com que o câmbio se altere. Oreiro e Feijó (2010) citam a visão de Palma (2005) a qual afirma que a relação entre a participação do emprego (e do valor adicionado da indústria) e a renda per capita pode ser afetada pela Doença Holandesa. O conceito de Doença Holandesa que iremos utilizar neste trabalho é definido como sendo uma desindustrialização causada pela apreciação da taxa real de câmbio que resulta da valorização dos preços das commodities e dos recursos naturais no mercado internacional, desestimulando o investimento na produção de manufaturados e diminuindo a sua competitividade. Conceito este, adotado em partes por Bresser-Pereira e Marconi (2008), Oreiro e Feijó (2010) e Palma (2005). Devido às inúmeras controvérsias sobre o tema da desindustrialização, ainda não se sabe ao certo se o processo de desindustrialização ocorre, de fato, na economia brasileira, pelo menos este não é um consenso geral entre os economistas. Também é essencial verificar se a desindustrialização realmente é um “mal” para o país ou se pode vir a ser apenas uma reestruturação do cenário econômico nacional, diferentemente da visão de Oreiro e Feijó (2010), que afirmam prontamente, ser a desindustrialização algo nocivo para a economia brasileira. 4 Nassif (2008). 5 Corden e Neary (1982) apud Nassif (2008). 6 Oreiro e Feijó (2010), ao final do artigo definem Doença Holandesa como sendo a desindustrialização causada pela apreciação da taxa real de câmbio que resulta da valorização dos preços das commodities e dos recursos naturais no mercado internacional. 12 ‘ 1.3 Desindustrialização – Visões Diversas Bresser-Pereira e Marconi (2008) iniciam seu artigo explicitando que a taxa de câmbio da economia brasileira vem se apreciando desde o início de 2003 e mesmo assim a receita de exportações continuou evoluindo favoravelmente até o ano de 2008. Segundo eles, essas são características de um cenário típico de Doença Holandesa, a qual torna compatível uma moeda nacional apreciada e equilíbrio comercial simultâneos. Bresser-Pereira e Marconi (2008) definem a Doença Holandesa como sendo “a sobre- apreciação crônica da taxa de câmbio causada pela abundância de recursos naturais e humanos baratos, compatíveis com uma taxa de câmbio inferior àquela que viabilizaria as demais indústrias de bens comercializáveis”. Existem duas taxas de câmbio de equilíbrio para o autor: a taxa de câmbio de equilíbrio corrente, que equilibra a conta corrente do país, e a taxa de câmbio de equilíbrio industrial. Assim, a economia brasileira vive este paradoxo: promover a competitividade e o desenvolvimento da indústria nacional ou pagar as contas. Os autores supracitados afirmam que a economia brasileira possui vantagens na produção de diversas commodities e, consequentemente, tende a ser afetada pela Doença Holandesa. Esta falha de mercado foi neutralizada até os anos 1990 pela política de controles tarifários, alfandegários e cambiais, que taxava a receita de exportações de commodities primárias e desestimulava a importação de produtos manufaturados, resultando no incentivo À produção interna. Após essa data, com o fim destes mecanismos, o país deixou de neutralizar a Doença Holandesa. A partir de 2003, o crescimento mais intenso da demanda e dos preços relativos das commodities (comparados aos dos manufaturados), conjugado À prática de um diferencial elevado entre a taxa de juros interna e externa, contribuiu para apreciar a taxa de câmbio e agravar os impactos da Doença Holandesa no país. Segundo Bresser-Pereira e Marconi (2008), mesmo com a elevação expressiva das importações, o país conseguiu manter a tendência de crescimento do saldo da balança comercial, que sofreu uma redução apenas em 2007. A taxa de câmbio começa a se desvalorizar a partir de 2002, e continuou a se desvalorizar até 2008. Assim, o Brasil aumentou ligeiramente o seu grau de abertura econômica e, o que é relevante, não somente através do aumento das importações, mas também da sua participação nas exportações mundiais. Este cenário ocorreu a despeito do 13 ‘ comportamento da taxa de câmbio. Esta se desvalorizou fortemente no final de 2002 devido à crise de balanço de pagamentos e apresentou desde então uma tendência declinante que, inicialmente, estava apenas trazendo a taxa para um nível de equilíbrio, mas que continuou a se desvalorizar até 2008 (Gráfico 1), situando-se atualmente próxima aos patamares do período de crise do setor externo da década passada. Entre os anos de 2004 e 2006, o comportamento do saldo da balança comercial e a taxa de câmbio real foram opostos, só voltando a oscilar na mesma direção em 2007. Segundo Bresser- Pereira e Marconi (2008) há duas razões para essa divergência: em 2002, a taxa de câmbio estava voltando para um nível de equilíbrio; de outro, a elevação da demanda internacional por commodities e o consequente aumento de preços levou a um aumento das exportações independentemente da valorização do câmbio. O aumento das exportações juntamente com o ingresso de recursos financeiros contribuiu para reduzir a taxa real de câmbio (valorização da moeda), mas a forte demanda externa possibilitou a manutenção das exportações brasileiras num patamar bastante favorável (Bresser-Pereira e Marconi, 2008). O agravamento da Doença Holandesa, segundo os autores, vem com o aumento das exportações de commodities que são efetuadas lucrativamente com uma taxa de câmbio mais apreciada, desfavorecendo assim o desenvolvimento de setores mais intensivos em tecnologia. 14 ‘ Gráfico 1 – Taxa de câmbio efetiva real – IPA-OG – exportações – índice (média 2005 = 100) Fonte: IPEADATA, elaboração própria. Bresser-Pereira e Marconi (2008) dão enorme importância aos setores com elevada intensidade tecnológica e seus efeitos encadeadores e multiplicadores de renda e emprego (Nassif, 2008). Afirmam também que o Brasil possui uma estrutura industrial consolidada e nenhum recurso é tão abundante ou gera uma renda ricardiana tão elevada a ponto de resultar na especialização da produção. Entretanto, Bresser-Pereira e Marconi (2008) afirmam existir sinais claros de que, em menor grau, a Doença Holandesa exerce efeitos maléficos sobre a economia brasileira. Os indícios de um processo de desindustrialização apontados no artigo são, portanto, claros. “Não se trata de uma desindustrialização galopante, porque a Doença Holandesa no Brasil não é tão grave quanto a existente em países produtores de petróleo ou de diamantes”. Porém, para que as autoridades econômicas começassem a tomar medidas corretivas, os dados disponíveis são conclusivos, na visão de Bresser-Pereira e Marconi (2008). O trabalho de Barros e Pereira (2009) adota a definição clássica de desindustrialização elaborada por Rowthorn e Ramaswany (1999), já explicitada anteriormente, e que afirma que a desindustrialização pode ser causada por fatores internos (variação na relação entre a elasticidade 15 ‘ renda da demanda por produtos manufaturados e serviços e o crescimento mais rápido da produtividade da indústria do que no setor de serviços e externos) e externos (relacionados ao grau de integração comercial e produtiva das economias com o estágio alcançado pelo processo de “globalização” – especialização de países na produção de bens manufaturados ou na produção de serviços). Barros e Pereira (2009) afirmam acreditar em uma reestruturação da indústria nacional e não em um processo de degeneração, como explicitado em outras visões de desindustrialização; a indústria brasileira mantém-se dinâmica, completa, competitiva e cada vez mais inserida no cenário internacional, ainda que algumas atividades estejam passando por dificuldades relevantes nos últimos anos. Barros e Pereira (2009) afirmam, através de dados da PNAD, que a participação da indústria de transformação na ocupação total de empregos no Brasil praticamente não perdeu importância no emprego relativo do país, iniciando com 14,4% e terminando com 14% (período de 1992-2006), com exceção do ano de 1999 (13,0%). Em relação ao câmbio, os autores alegam que a adequação cambial verificada nos anos mais recente (a partir de 2003), tem gerado resultados positivos para a economia como um todo, com spillovers também positivos para a indústria manufatureira. Citam dois benefícios: 1) de acordo com o Banco Central, a apreciação cambial contribuiu, em média, com 1 p.p. para desinflar a economia entre 2000 e 2006. Seguem dizendo que são inegáveis os impactos da desinflação sobre a trajetória dos juros, os ganhos reais da renda e a redução do custo do capital para as empresas; 2) o câmbio mais apreciado abre uma janela de oportunidade para que a indústria nacional se modernize e aumente seu potencial competitivo, o que ocorre via redução dos preços das máquinas e equipamentos importados. Além dessas vantagens cambiais, a melhora dos termos de troca em favor das commodities, tão importantes na nossa pauta exportadora dá sinais que não será revertida no médio prazo, respondendo à demanda de países como a China, que deverá continuar exercendo papel altista sobre o preço dos produtos primários. Após a análise de alguns dados referentes à indústria, os autores afirmam que esse cenário analisado trata-se de um processo de reestruturação, cuja principal característica visível é a mudança relativa de peso de cada atividade – manufatura e extrativa mineral – no valor adicionado industrial. Segundo Barros e Pereira (2009), percebe-se uma tendência de ganho relativo das atividades com tecnologia baseada em recursos naturais em detrimento de todas as 16 ‘ demais; neste caso, o principal ganho foi no ramo de “fabricação de produtos derivados de petróleo”. Esse cenário é justificado devido às novas descobertas de reservas energéticas no litoral brasileiro, e segundo Barros e Pereira (2009), a indústria petrolífera será uma das que mais receberá investimentos nos próximos anos. Diante de um cenário previsto tão favorável para as commodities nos próximos anos, é possível que continuemos observando ganho de participação no valor adicionado dos setores com tecnologia intensiva em recursos naturais. No entanto, os autores frisam que não há motivos para acreditar que teremos por aqui o fenômeno da Doença Holandesa sem esquecer que mesmo assim ainda haverá algumas atividades manufatureiras sofrendo ajustes, com o desaparecimento de empresas que não conseguirem se adaptar à nova realidade concorrencial. Barros e Pereira (2009) dizem defender a tese de que todas essas mudanças em curso constituem um processo de reestruturação industrial e não um de desindustrialização, no sentido como esse termo tem sido utilizado. Eles têm uma visão bem otimista em relação à indústria brasileira, acreditando no avanço da produtividade de forma mais sustentável e aumento da competitividade nos próximos anos. Também destacam que ainda existem vários fatores de restrição a um desempenho ainda melhor do setor privado brasileiro. Concordam que ainda há muito que se fazer para melhorar o ambiente no qual as empresas operam através de investimentos, geração de empregos e riqueza e desenvolvimento tecnológico. Nesse contexto, torna-se necessário, desde já, avançar para reduzir as deficiências que o país possui entre as quais, a infraestrutura deteriorada e incompleta, a baixa qualificação da mão-de-obra, a rigidez do mercado de trabalho, o excesso de burocracia na condução dos negócios, o sistema tributário distorcido, a morosidade da justiça e a falta de clareza do marco regulatório de alguns setores econômicos, entre outras. Já Bonelli (2005) afirma que a desindustrialização da economia brasileira ocorreu nas décadas de 1980 e 1990 (perda na participação da indústria no PIB), causado pelas mudanças pelas quais passou a economia brasileira no final da década de 1980 e início da década de 1990, a saber: aumento da competição interna e externa causado pela abertura comercial e financeira, privatização em diversos segmentos industriais e sobrevalorização da taxa real de câmbio no período 1995-1998. Tal afirmação sobre o câmbio valorizado entra em contradição com a visão 17 ‘ de Barros e Pereira (2009). Além de Bonelli (2005), Oreiro e Feijó (2010), Bresser-Pereira e Marconi (2008) e Almeida (2006) também são contrários à apreciação cambial, e julgam esta ser maléfica para a indústria brasileira e seu crescimento. No seu artigo mais recente, Bonelli escreve juntamente com Pessôa – Bonelli e Pessôa (2010) – sobre a questão da perda de importância da “Indústria de Transformação” na economia brasileira a partir da análise da sua participação em relação a diversas variáveis e em âmbito internacional. Os autores afirmam novamente o que Bonelli havia escrito no seu artigo de 2005 – Bonelli (2005), o qual enfatiza que o peso da indústria diminuiu desde meados da década de 1980, quando analisa a evolução a preços correntes. Já quando a análise é feita a preços constantes, a queda é bem menor e começou uma década antes. Em relação ao emprego, segundo Bonelli e Pessôa (2010), também há indicações de perda de peso, mas essa perda esteve concentrada nos anos de reforma estrutural do começo da década de 1990. Analisando os dados das PIA — Pesquisa Industrial Anual entre 1996 e 2007, conclui-se que não há indícios de que tenha ocorrido desindustrialização. E no que refere ao investimento fixo, concluem que não há evidência de desindustrialização desde meados da década de 1990. É de suma importância frisar que “as perdas de peso da indústria sempre estiveram associadas a momentos de recessão e/ou crise externa (em geral, conjuntamente)”. Baseando-se na conclusão de Bonelli e Pessôa (2010), fica claro não existir uma “tendência inexorável” à perda de peso da indústria na economia brasileira quando se analisam os dados desde meados da década de 1990. Os autores terminam dizendo: “Apesar da escassa evidência indicativa de desindustrialização substancial no Brasil, não é exagero acrescentar uma palavra de cautela em relação aos riscos de que em uma fase, como a que o Brasil começa a atravessar, em que se configuram déficits em transações correntes talvez vultosos nos anos à frente, a ameaça de desindustrialização venha a se tornar mais concreta. Isso não significa, uma vez mais, que não exista risco de desindustrialização e ocorrência de “Doença Holandesa” caso as condições internacionais forcem processos desse tipo.” (Bonelli e Pessôa, 2010, p.10 sumário executivo – n° 36) No trabalho desenvolvido por Brahmbhatt, Canuto e Vostroknutova (2010), é dado ênfase para o tema da Doença Holandesa. No texto expõem a visão de Lederman e Maloney (2007), que leva em conta a possibilidade da abundância em recursos naturais ser positiva para o crescimento 18 ‘ econômico. Os autores também argumentam que o crescimento da produtividade nos serviços ou no setor de recursos naturais pode não ser inferior ao da indústria de transformação/manufaturados e questionam se realmente as manufaturas possuem características tão especiais. “Se o setor de recursos naturais não é inferior em termos de potencial de crescimento, então a mudança setorial seria de significado similar ao deslocamento canônico da agricultura pela indústria de transformação” (Lederman and Maloney, 2007). Contudo, pontuam os efeitos que conduzem à Doença Holandesa, mostrando as suas causas negativas para o crescimento econômico (Sachs and Warner, 1995, 2001). Por fim, Brahmbhatt, Canuto e Vostroknutova (2010) concluem com um resumo das possíveis respostas políticas, incluindo política fiscal e cambial e reformas na estrutura política para a solução da situação exposta. Jank, Nakahodo, Iglesias e Moreira (2009) iniciam o artigo “Exportações: existe uma Doença brasileira?”, afirmando que mesmo com a taxa de câmbio efetiva real apreciando-se entre os anos de 2002 e 2006 no Brasil, aproximadamente 40%, o valor das exportações e o saldo da balança comercial aumentaram, respectivamente, em 127% e 242%. Também explicitam que a taxa de câmbio pode exercer tanto impactos positivos como negativos sobre a economia do país. Apesar da forte apreciação real do câmbio no período citado acima, houve pouca variação na estrutura das exportações. A proporção de commodities e produtos diferenciados (manufaturados) não se alterou significativamente, afirmam os autores. No entanto, as commodities vêm aumentando sua participação na pauta exportadora brasileira. Concluem o artigo dizendo que a apreciação efetiva real do câmbio parece ter impacto sobre algumas categorias de produtos exportados, contudo, os autores, não identificaram mudanças estruturais significativas decorrentes da queda do dólar que mostrem os efeitos da Doença. Mesmo com a grande participação das commodities na pauta de exportação brasileira, não se pode afirmar que haja uma comoditização desta. A preocupação dos autores está sim na Doença Holandesa, mas, não como ela sendo resultado da apreciação cambial. A preocupação está relacionada, principalmente, aos inúmeros problemas estruturais do país. Nassif (2008) afirma, após analisar uma série de dados relacionados à indústria brasileira, que não se pode concluir que a economia brasileira tenha passado por um processo de 19 ‘ desindustrialização no período de 1990 a 2008, visto que não houve um processo generalizado de mudança na relação dos recursos produtivos e no padrão de especialização dos setores com tecnologias intensivas em escala, diferenciada e science-based para as indústrias baseadas em recursos naturais e em trabalho. O autor afirma que na segunda metade dos anos 1980, o que houve foi uma queda na participação da indústria no PIB em meio a uma grande redução na produtividade do trabalho e a um cenário de estagnação econômica, a qual se iniciou antes do período de liberalização econômica do Brasil. Destaca também que, apesar das baixas taxas de crescimento do PIB brasileiro entre 1990 e 2000, a indústria de transformação conseguiu manter um nível de participação médio anual da ordem de 22% no período, praticamente o mesmo percentual observado em 1990. Nassif (2008) também chega à conclusão de que as evidências empíricas não confirmam uma “nova Doença Holandesa”, a qual seria uma realocação generalizada de recursos para setores primários ou para indústrias tecnologicamente tradicionais e também pela mudança de especialização internacional na direção de produtos primários e/ou industrializados intensivos em recursos naturais. Nassif (2008) aponta para os riscos de longo prazo referentes à tendência observada de sobrevalorização da moeda brasileira em relação ao dólar, esses riscos além de estarem associados à perda de competitividade industrial no cenário internacional, também estão associados ao início de um processo precoce de desindustrialização. Palma (2005) focaliza seu trabalho sob o ponto de vista do trabalho industrial e suas variações durante as décadas. Palma destaca dois processos na história do desenvolvimento econômico, o primeiro, em que a mão-de-obra começa a sair do setor agrícola; e outro no qual a mão-de-obra é absorvida por outros setores da economia. A chamada fase de “industrialização” é quando a mão-de-obra passa a ser absorvida principalmente pela indústria e pelo setor de serviços. Após essa fase continua-se a contração de empregos na agricultura e uma expansão no setor de serviços, seguindo a tendência de estabilização da participação do emprego industrial no contexto geral de empregos. Por fim, estabelece-se a fase, na qual o emprego industrial começa a cair; os serviços continuam sendo a principal fonte de absorção de mão-de-obra. O autor caracteriza essa fase mais “tardia” como fase de “desindustrialização”. 20 ‘ Destaca-se também que a maioria dos países industrializados atingiu a fase de desindustrialização por volta do final da década de 1960 e início dos anos 1970, enquanto alguns países de renda per capita muito mais baixa – países latino-americanos – começaram essa fase na década de 19807. Palma (2005) discorre sobre quatro “fontes de desindustrialização”, no entanto, a que mais se adequa a presente pesquisa é a que fala sobre a Doença Holandesa. O autor afirma que o fenômeno da Doença Holandesa não se limitou àqueles países industrializados que descobriram recursos naturais, mas também ocorreu em países exportadores de serviços, como turismo (Grécia, Chipre e Malta) e serviços financeiros (Suíça, Luxemburgo e Hong Kong). Palma afirma que a Doença Holandesa também se espalhou para países da América Latina (onde se enquadra o Brasil), contudo, alega que neste caso ela não se deu devido à descoberta de recursos naturais ou pelo desenvolvimento do setor de exportação de serviços, mas sim devido a drásticas mudanças no regime de política econômica. Tais mudanças resultaram, de um processo drástico de liberalização comercial e financeira no contexto de um processo radical de mudança institucional, antes guiado pela política de industrialização por substituição de importações (ISI). O fim das políticas industriais e comerciais, antes impulsionadas pela ISI, juntamente com as mudanças nos preços relativos, nas taxas de câmbio efetivas, na estrutura institucional das economias e outros fatores relacionados à produção levaram esses países de volta à sua posição Ricardiana. Palma, como muitos outros autores sobre o tema, entra na discussão de que os países latino-americanos iniciaram o seu processo de desindustrialização muito cedo, antes de atingirem uma renda per capita mais alta, como ocorreu na maioria dos países da Europa Ocidental. No caso do Brasil, como já mencionado acima, foi a política de ISI que contribuiu para que o país atingisse seu nível de industrialização mais drasticamente, como escreve o autor, e que foram as mudanças nessa política que fez com que seu processo de industrialização caísse da sua altura de "induzido pela política" – ISI – para um nível "Ricardiano" rico em recursos naturais. Ou seja, a política de ISI “forçou” a industrialização do país sem que este atingisse um patamar de renda per capita significativa e “sustentável” para iniciar o seu processo de desindustrialização. 7 Nassif (2008) cita que neste mesmo período alguns países em desenvolvimento de alta renda – “tal como as economias em rápida industrialização do Oriente Asiático” – também começaram o seu processo de desindustrialização. 21 ‘ Expostas as diversas visões sobre o tema, o próximo capítulo irá analisar os dados referentes à indústria brasileira de forma ampla e minuciosa, trazendo o diagnóstico da mesma. 1.4 Taxonomia Lall (2000b) 8 – Classificação tecno-setorial Neste trabalho iremos classificar os dados referentes à indústria segundo a classificação industrial por níveis tecnológicos, desenvolvida por Lall (2000b), a qual será definida a seguir. A taxonomia elaborada por Lall (2000b) separa os diversos segmentos da indústria classificando-os por tipo de tecnologia, de acordo com a tipologia sugerida pela OECD (1987), e inspirada na taxonomia clássica proposta por Pavitt (1984). Essa taxonomia associa cada tipo de tecnologia ao fator preponderante que molda o posicionamento competitivo das empresas e setores no curto e no longo prazo. Nas indústrias com tecnologias intensivas em recursos naturais, o principal fator competitivo é o acesso a recursos naturais abundantes existentes no país; nas intensivas em trabalho, o mais relevante é a disponibilidade de mão de obra de baixa e média qualificação com custos relativos reduzidos em relação a outros países; nos setores intensivos em escala, as plantas produtivas são caracterizadas por indivisibilidades tecnológicas e, por isso mesmo, o principal fator de competitividade é a possibilidade de explorar ganhos por produzir em grande escala; nos setores com tecnologia diferenciada, os bens são fabricados para atender a diferentes padrões de demanda; e nas indústrias science-based, o principal fator competitivo é a rápida aplicação da pesquisa científica às tecnologias industriais (Lall, 2000a, p.34). O trabalho de Lall (2000b) classifica as categorias de produtos em grupos tecnológicos a partir da Standard International Trade Classification (SITC) em três dígitos (Rev. 3). O autor reagrupou todos os grupos de produtos a três dígitos nas categorias Produtos Primários, Produtos Industrializados e Outras Transações. No caso da segunda categoria, ela se divide em outras quatro – Produtos Baseados em Recursos, Baixa Tecnologia, Média Tecnologia e Alta Tecnologia. As categorias relacionadas aos produtos industrializados estão explicitadas abaixo9: 8 Taxonomia – Lall (2000) apud Nassif (2008). 9 Tabela de Classificação Industrial por Níveis Tecnológicos e descrições extraídas de PEREIRA, PORCILE, FURTADO (2011). 22 ‘ Tabela 1 - Classificação Industrial por Níveis tecnológicos (Lall, 2000b) Classificação Exemplos PRODUTOS PRIMÁRIOS Frutas frescas, carne, arroz, cacau, chás, madeira, carvão, petróleo cru, gás PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS10 BASEADOS EM RECURSOS Produtos de base agroflorestal Frutas e carnes preparadas, bebidas, produtos de madeira, óleos vegetais Produtos baseados em outros recursos Minérios concentrados, produtos de petróleo e borracha, cimentos, vidros, pedras trabalhadas BAIXA TECNOLOGIA Têxteis Tecidos, vestuário, toucas, produtos de couro, materiais de viagem Outros itens de baixa tecnologia Cerâmicas, partes/estruturas de metal simples, móveis, joias, brinquedos, produtos plásticos MÉDIA TECNOLOGIA Produtos automotivos Partes e veículos de passageiros, veículos comerciais, motocicletas Indústrias de processo Fibras sintéticas, tintas/cosméticos, fertilizantes, plásticos, ferros, tubos Indústrias de engenharia Máquinas, motores, maquinaria industrial, bombas (ar, gasolina etc.), engrenagens de câmbio, barcos, relógios ALTA TECNOLOGIA Produtos eletrônicos e elétricos Equipamentos de telecomunicações, processamento e escritório, televisores, transistores, turbinas, geradores Outros itens de alta tecnologia Produtos farmacêuticos, aeronaves, instrumentos de medida e ópticos, câmeras OUTRAS TRANSAÇÕES Eletricidade, filmes de cinema, classificados como transações especiais, ouro, objetos de arte, moedas Fonte: Lall (2000b) Baseados em Recursos (RB – resource-based): tendem a ser intensivos em trabalho, mas há segmentos que usam tecnologias intensivas em capital, escala e conhecimentos (refino de petróleo e alimentos processados). Divisão: RB1 – produtos agroflorestais; RB2 – baseados em outros recursos. 10 Classificação equivalente à indústria de transformação. 23 ‘ Baixa tecnologia (LT – low-technology): muitos dos produtos não têm grandes diferenciações e concorrem em preço, dado que os custos do trabalho tendem a ser elemento importante na competitividade. Economias de escala e barreiras à entrada são baixas. Divisão: LT1 – têxteis, vestuários, calçados; LT2 – outros produtos de baixa tecnologia. Média Tecnologia (MT – medium-technology): compreende produtos que abarcam tecnologias intensivas em escala e habilidades, nos bens de capital e produtos intermediários – trata do coração das atividades industriais de economias industriais maduras. Divisão: MT1: produtos automotivos (de interesse particular para algumas economias da América Latina e Leste da Ásia); MT2 – indústrias de processo: química e metais básicos; MT3 – produtos de engenharia. Alta tecnologia (HT – high-technology): produtos que incorporam tecnologias avançadas e rápida mudança, com altos investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), enfatizando design dos produtos. Alguns produtos eletrônicos têm suas fases finais de montagem intensivas em trabalho, o que faz com que sejam realizadas em locais em que o custo do trabalho é menor. Divisão: HT1 – eletrônicos e produtos elétricos; HT2 – outros produtos de alta tecnologia: alguns equipamentos; aeronaves; instrumentos de precisão e farmacêutica. 24 ‘ 2 Uma investigação acerca do setor industrial brasileiro: sistematização e análise dos dados 2.1 Introdução Este capítulo tem como principal objetivo sistematizar e analisar os dados referentes à indústria. Certamente é a parte mais importante do trabalho e tem como meta definir se a economia brasileira sofre um processo de desindustrialização. O conceito de industrialização que iremos utilizar será redefinição feita por Tregenna (2009), como sendo uma situação na qual tanto o emprego industrial como o valor adicionado da indústria se reduzem como proporção do emprego total e do PIB respectivamente. Este conceito pode trazer visões distorcidas quando analisado superficialmente. Tem-se que diferenciar o conceito de desindustrialização positiva do conceito de desindustrialização negativa. Oreiro e Feijó (2010) destacam que, primeiramente, a desindustrialização é compatível com um crescimento da produção da indústria em termos físicos. Ou seja, uma economia não está sofrendo um processo de desindustrialização quando a sua produção industrial está estagnada ou em queda, mas quando o setor industrial perde importância na geração de empregos e/ou de valor adicionado numa economia. Dessa forma, a simples expansão da produção industrial (em termos de quantum) não pode ser utilizada como “prova” da inexistência de desindustrialização. A segunda observação feita pelos autores é que a industrialização não está necessariamente associada a uma re-primarização da pauta de exportação. É fato que a participação da indústria no emprego e no valor adicionado pode se reduzir em função da transferência para o exterior das atividades manufatureiras mais intensivas em trabalho e/ou com menor valor adicionado. Neste caso, a desindustrialização pode vir acompanhada por um aumento da participação de produtos com maior conteúdo tecnológico e maior valor adicionado na pauta de exportações (nessa situação também pode ocorrer perda na geração do emprego industrial, visto que, setores com 25 ‘ maior intensidade tecnológica são menos intensivos em trabalho e mais intensivos em capital). Neste caso, a desindustrialização é classificada como “positiva”. Palma (2005) cita quatro hipóteses para explicar a queda no emprego industrial nos países industrializados desde os anos 1960: i. A queda nada mais é do que uma ”ilusão estatística” (causada principalmente pela realocação de mão-de-obra industrial para o setor de serviços seguindo um rápido aumento no número de atividades sendo terceirizadas pelas indústrias manufatureiras através de firmas especializadas. Produtores de serviços, inclusive transporte, limpeza, design, vigilância, suprimentos, recrutamento e processamento de dados); ii. A redução é resultado de uma significativa queda na elasticidade de demanda por indústrias; iii. O declínio é consequência do rápido aumento de produtividade (pelo menos em alguns setores) na indústria trazido pela propagação do novo paradigma tecnológico de microeletrônicos (esse teria sido um caso da nova tecnologia tender a produzir “crescimento de desempregados”); iv. A queda é resultado de uma nova divisão internacional de mão-de-obra (inclusive e especialmente “terceirização”), na qual os países em desenvolvimento crescentemente começam a ocupar um lugar específico – estilo montagem, intensivo de mão-de-obra numa “cadeia de valores” mais complexa de corporações transnacionais de multiprodutos (TNCs). Essa nova divisão de trabalho torna-se nociva ao emprego industrial em países industrializados, especialmente no que diz respeito a mão-de-obra não qualificada. Contudo, caso a desindustrialização vier acompanhada de uma re-primarização da pauta exportadora, ou seja, um direcionamento da pauta exportadora para commodities, produtos primários ou manufaturas com baixo valor adicionado e/ou baixo conteúdo tecnológico, então isso pode ser sintoma da Doença Holandesa, ou seja, da desindustrialização causada pela apreciação cambial (taxa real de câmbio) resultante da descoberta de recursos naturais escassos numa determinado país ou região. Nesse caso, a desindustrialização é classificada como “negativa”, pois é o resultado de uma “falha de mercado” na qual a existência e/ou a descoberta 26 ‘ de recursos naturais escassos, para os quais o preço de mercado é superior ao custo marginal social de produção, gera uma apreciação da taxa real de câmbio, produzindo assim uma externalidade negativa sobre o setor produtor de bens manufaturados11. No caso do Brasil e dos países da América-Latina, Palma irá dizer que a Doença Holandesa não foi causada pela descoberta de recursos naturais ou pelo desenvolvimento do setor de exportação de serviços, mas sim principalmente devido a uma drástica mudança no seu regime de política econômica – acentuada reversão das políticas de Industrialização por Substituição de Importações. Segundo o autor, o fim das políticas industriais e comerciais, aliado às mudanças nos preços relativos, nas taxas de câmbio efetivas, na estrutura institucional das economias, na estrutura dos direitos de propriedade e nos incentivos de mercado em geral levaram esses países de volta a sua posição Ricardiana “natural”, ou seja, aquela mais de acordo com sua dotação tradicional de recursos. Pode-se citar como exemplo no Brasil as commodities, as quais tiveram grandes aumentos na sua exportação após o boom de seus preços a partir de 2002, impulsionado principalmente pela crescente demanda chinesa. Por fim, o objetivo deste trabalho é de analisar os dados e apontar quais setores estão passando por um processo de desindustrialização positiva ou negativa. 2.2 Desindustrialização: Valor Adicionado da Indústria no PIB e a Formação Bruta de Capital Fixo O objetivo dessa seção é analisar os dados referentes ao valor adicionado (VA) da indústria de transformação e verificar se a indústria de transformação brasileira aumentou a sua participação no PIB ou não, no período de 2000-2011. Na Tabela 2, podemos verificar a evolução da série do valor adicionado da indústria de transformação no período de 2000-2011. 11 Bresser-Pereira e Marconi (2008). 27 ‘ Tabela 2 – PIB, Valor Adicionado Bruto - Indústria de transformação, Preços Básicos Percebe-se que o VA da indústria de transformação vem aumentando continuamente, de R$ 175.934.000.000 em 2001 para R$ 515.441.403.661 em 2011. Já quando analisamos a participação do VA no PIB, há uma queda significativa da sua participação. No ano de 2000, a proporção do VA no PIB é de 17,22%, essa proporção vai subindo até atingir o seu valor mais alto, de 19,22% em 2004 e, a partir de 2005 a participação do VA no PIB começa a diminuir até 14,60% no ano de 2011, onde atinge o seu valor mínimo na série. A média da participação do VA da indústria de transformação no PIB no período descrito é de 17,09%. A diferença entre o ano de 2004 (19,22% - maior da série) e o de 2011 (14,60% - menor da série) é de 4,62%, uma redução significativa da participação do VA no PIB. Porém, a diferença entre o valor do ano de 2011 e a média é de 2,49%, não sendo um valor tão expressivo, o preocupante é a trajetória de queda, quase que contínua, após o ano de 2004. Tem-se que levar em conta a crise de 2009, a qual afetou a maioria dos países capitalistas, fazendo com que houvesse quedas significativas na produção industrial, situação que ainda causa efeitos negativos na indústria até os dias atuais. Os gráficos 2 e 3 irão ilustrar melhor a evolução do VA da indústria de transformação e a sua participação no PIB. 2000 1.021.648.001.000,00 175.934.000.000,00 17,22% 2001 1.118.612.998.000,00 191.646.000.000,00 17,13% 2002 1.273.129.004.000,00 214.561.999.000,00 16,85% 2003 1.470.613.998.000,00 264.954.999.000,00 18,02% 2004 1.666.258.000.000,00 320.223.000.000,00 19,22% 2005 1.842.252.999.000,00 333.295.999.000,00 18,09% 2006 2.034.421.000.000,00 353.387.000.000,00 17,37% 2007 2.287.858.001.000,00 389.619.000.000,00 17,03% 2008 2.580.449.004.000,00 429.063.000.000,00 16,63% 2009 2.794.379.000.000,00 465.264.000.000,00 16,65% 2010 3.227.180.667.000,00 523.616.305.542,47 16,23% 2011 3.530.871.484.000,00 515.441.403.661,42 14,60% Fonte: IPEA. Contas Nacionais Trimestrais/IBGE. Elaboração própria. PIB (R$) VA- Indústria Transformação (R$) VA Ind Transf/PIB 28 ‘ Gráfico 2 - Valor Adicionado da Indústria de Transformação (em milhões de R$) - preços básicos Fonte: IPEA. Sistema Nacional de Contas/IBGE. Elaboração própria. Gráfico 3 - Participação do VA da indústria de transformação no PIB (em %) Fonte: IPEA. Contas Nacionais Trimestrais/IBGE. Elaboração própria. 29 ‘ Entre 2000-2009, os setores da indústria de transformação que mais contribuíram na participação do valor adicionado (Tabela 3) foram Alimentos e Bebidas com uma média de 2,55%, Produtos de metal – exclusive máquinas e equipamentos (1,04%), Máquinas e equipamentos, inclusive manutenção e reparos (1,0%), Fabricação de aços e derivados (0,92%), Jornais, revistas, discos (0,77%), Móveis e produtos das indústrias diversas (0,75%). 30 ‘ T ab el a 3 - P ar tic ip aç ão n o va lo r ad ic io na do b ru to a p re ço s b ás ic os - C la ss ifi ca çã o L al l ( 20 00 b) P ar tic ip aç ão n o va lo r a di ci on ad o br ut o a pr eç os b ás ic os (% ) C la ss ifi ca çã o Se to ria l p or N ív ei s Te cn ol óg ic os - La ll (2 00 0b ) 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 M éd ia Pr od ut os P rim ár io s 7, 20 7, 44 8, 22 9, 10 8, 83 8, 17 8, 38 7, 91 9, 15 7, 45 8, 19 A gr ic ul tu ra , s ilv ic ul tu ra e e xp lo ra çã o flo re st al 3, 63 3, 95 4, 65 5, 26 4, 93 3, 81 3, 76 3, 82 4, 02 3, 81 4, 16 P ec uá ria e p es ca 1, 97 2, 02 1, 97 2, 12 1, 98 1, 89 1, 73 1, 75 1, 90 1, 82 1, 91 P et ró le o e gá s na tu ra l 1, 01 0, 94 0, 97 1, 07 1, 10 1, 64 2, 14 1, 67 2, 14 1, 06 1, 37 M in ér io d e fe rr o 0, 28 0, 29 0, 36 0, 39 0, 50 0, 55 0, 49 0, 41 0, 80 0, 52 0, 46 O ut ro s da in dú st ria e xt ra tiv a 0, 31 0, 25 0, 27 0, 26 0, 32 0, 27 0, 27 0, 26 0, 30 0, 25 0, 28 Pr od ut os In du st ria liz ad os 17 ,2 2 17 ,1 3 16 ,8 5 18 ,0 2 19 ,2 2 18 ,0 9 17 ,3 7 17 ,0 3 16 ,6 3 16 ,6 5 17 ,4 2 B as ea do s em R ec ur so s (a gr of lo re st al e o ut ro s) 5, 67 5, 79 5, 64 6, 97 6, 68 6, 18 5, 91 5, 59 5, 05 5, 99 5, 95 A lim en to s e be bi da s 2, 30 2, 64 2, 50 2, 60 2, 91 2, 78 2, 74 2, 37 2, 24 2, 39 2, 55 P ro du to s do fu m o 0, 14 0, 14 0, 16 0, 11 0, 12 0, 09 0, 12 0, 09 0, 09 0, 09 0, 11 Pr od ut os d e m ad ei ra - ex cl us iv e m óv ei s 0, 44 0, 44 0, 47 0, 47 0, 49 0, 40 0, 39 0, 38 0, 36 0, 28 0, 41 C el ul os e e pr od ut os d e pa pe l 0, 77 0, 69 0, 64 0, 76 0, 79 0, 59 0, 61 0, 56 0, 53 0, 47 0, 64 R ef in o de p et ró le o e co qu e 0, 43 0, 35 0, 28 1, 11 0, 63 0, 66 0, 26 0, 57 0, 13 1, 12 0, 55 Á lc oo l 0, 32 0, 29 0, 34 0, 48 0, 29 0, 29 0, 36 0, 36 0, 39 0, 27 0, 34 A rti go s de b or ra ch a e pl ás tic o 0, 60 0, 57 0, 56 0, 65 0, 72 0, 73 0, 70 0, 67 0, 66 0, 69 0, 66 C im en to 0, 18 0, 18 0, 21 0, 28 0, 20 0, 12 0, 16 0, 09 0, 09 0, 13 0, 16 O ut ro s pr od ut os d e m in er ai s nã o m et ál ic os 0, 51 0, 50 0, 48 0, 50 0, 55 0, 52 0, 56 0, 50 0, 56 0, 56 0, 52 B ai xa T ec no lo gi a 5, 71 5, 57 5, 55 5, 48 6, 20 5, 97 5, 43 5, 50 5, 64 5, 03 5, 61 Tê xt ei s 0, 82 0, 82 0, 73 0, 69 0, 74 0, 72 0, 68 0, 63 0, 60 0, 55 0, 70 Ar tig os d o ve st uá rio e a ce ss ór io s 0, 92 0, 75 0, 68 0, 62 0, 62 0, 61 0, 62 0, 66 0, 63 0, 63 0, 67 A rte fa to s de c ou ro e c al ça do s 0, 34 0, 41 0, 43 0, 40 0, 38 0, 37 0, 33 0, 31 0, 30 0, 30 0, 36 Jo rn ai s, re vi st as , d is co s 0, 92 0, 79 0, 76 0, 78 0, 80 0, 76 0, 71 0, 72 0, 74 0, 71 0, 77 Fa br ic aç ão d e aç o e de riv ad os 0, 69 0, 57 0, 72 0, 81 1, 40 1, 11 0, 89 0, 97 1, 20 0, 80 0, 92 M et al ur gi a de m et ai s nã o fe rr os os 0, 39 0, 38 0, 42 0, 45 0, 43 0, 43 0, 48 0, 43 0, 35 0, 30 0, 40 P ro du to s de m et al - ex cl us iv e m áq ui na s e eq ui pa m en to s 0, 82 1, 05 1, 00 0, 99 1, 06 1, 21 1, 01 1, 08 1, 09 1, 05 1, 04 M óv ei s e pr od ut os d as in dú st ria s di ve rs as 0, 82 0, 80 0, 82 0, 73 0, 76 0, 75 0, 72 0, 71 0, 72 0, 68 0, 75 31 ‘ (c on tin ua çã o) M éd ia T ec on ol og ia 3, 53 3, 58 3, 44 3, 52 4, 31 3, 74 3, 76 3, 78 3, 85 3, 56 3, 71 P ro du to s q uí m ic os 0, 53 0, 75 0, 64 0, 68 0, 77 0, 61 0, 51 0, 50 0, 47 0, 46 0, 59 Fa br ic aç ão d e re si na e e la st ôm er os 0, 19 0, 17 0, 17 0, 26 0, 36 0, 29 0, 27 0, 20 0, 14 0, 11 0, 21 D ef en si vo s ag ríc ol as 0, 07 0, 08 0, 09 0, 07 0, 22 0, 13 0, 11 0, 10 0, 12 0, 11 0, 11 P er fu m ar ia , h ig ie ne e li m pe za 0, 45 0, 36 0, 39 0, 31 0, 37 0, 30 0, 30 0, 29 0, 25 0, 31 0, 33 Ti nt as , v er ni ze s, e sm al te s e la ca s 0, 12 0, 11 0, 10 0, 10 0, 10 0, 12 0, 12 0, 11 0, 12 0, 17 0, 12 P ro du to s e pr ep ar ad os q uí m ic os d iv er so s 0, 19 0, 18 0, 19 0, 19 0, 20 0, 18 0, 17 0, 15 0, 13 0, 15 0, 17 M áq ui na s e eq ui pa m en to s, in cl us iv e m an ut en çã o e re pa ro s 0, 86 1, 00 0, 97 1, 02 1, 01 0, 93 0, 99 1, 06 1, 18 0, 96 1, 00 El et ro do m és tic os 0, 12 0, 10 0, 10 0, 13 0, 14 0, 11 0, 13 0, 14 0, 13 0, 13 0, 12 A ut om óv ei s, c am io ne ta s e ut ilit ár io s 0, 35 0, 17 0, 13 0, 11 0, 25 0, 16 0, 27 0, 33 0, 39 0, 38 0, 25 C am in hõ es e ô ni bu s 0, 14 0, 13 0, 11 0, 11 0, 14 0, 12 0, 10 0, 11 0, 15 0, 12 0, 12 P eç as e a ce ss ór io s pa ra v eí cu lo s au to m ot or es 0, 52 0, 55 0, 55 0, 55 0, 74 0, 78 0, 79 0, 79 0, 76 0, 68 0, 67 A lta T ec no lo gi a 2, 30 2, 19 2, 23 2, 04 2, 03 2, 21 2, 26 2, 16 2, 09 2, 07 2, 16 P ro du to s fa rm ac êu tic os 0, 76 0, 66 0, 63 0, 62 0, 59 0, 70 0, 74 0, 68 0, 64 0, 68 0, 67 M áq ui na s pa ra e sc rit ór io e e qu ip am en to s de in fo rm át ic a 0, 14 0, 10 0, 11 0, 05 0, 09 0, 09 0, 12 0, 11 0, 12 0, 12 0, 11 M áq ui na s, a pa re lh os e m at er ia is e lé tri co s 0, 42 0, 45 0, 50 0, 47 0, 50 0, 55 0, 55 0, 54 0, 52 0, 49 0, 50 M at er ia l e le trô ni co e e qu ip am en to s de c om un ic aç õe s 0, 40 0, 31 0, 24 0, 23 0, 28 0, 27 0, 22 0, 19 0, 17 0, 18 0, 25 A pa re lh os /in st ru m en to s m éd ic o- ho sp ita la r, m ed id a e óp tic o 0, 32 0, 31 0, 31 0, 29 0, 29 0, 29 0, 31 0, 32 0, 32 0, 30 0, 31 O ut ro s eq ui pa m en to s de tr an sp or te 0, 26 0, 35 0, 45 0, 38 0, 28 0, 30 0, 31 0, 32 0, 32 0, 29 0, 33 Fo nt e: IB G E , D ire to ria d e P es qu is as , C oo rd en aç ão d e C on ta s N ac io na is . E la bo ra çã o P ró pr ia . 32 ‘ Analisando a Tabela 3, que classifica os setores segundo a taxonomia Lall (2000b), os Produtos Industrializados são os que mais contribuem na participação no valor adicionado, média de 17,42% no período de 2000-2009. Já os Produtos primários contribuem em média com 8,19% no mesmo período. Dentre os Produtos Industrializados, nota-se que os setores de alta tecnologia são os que menos contribuem no valor adicionado, apenas 2,16% em média entre os anos 2000-2009. Os setores baseados em recursos são os que mais contribuem, em média, na participação no valor adicionado, 5,95%, depois vêm os setores de baixa tecnologia (5,61%) e o de média tecnologia (3,71%). Os setores de alta tecnologia que mais se destacam são os produtos farmacêuticos com participação no valor adicionado total média de 0,67 e o setor de máquina, aparelhos e materiais elétricos com média de 0,50% de participação. Assim, os dados sugerem que a nossa indústria ainda é principalmente composta por produtos primários (8,19%), produtos industrializados baseados em recursos (5,95%) e produtos industrializados de baixa tecnologia (5,61%), o que reforça a tese de que há poucos investimentos em P&D. Tabela 4 – Formação Bruta de Capital Fixo (FBKF) 2000-2011, em valores correntes FBKF (R$) FBKF/PIB 2000 198.151.000.000,00 16,80% 2001 221.772.000.000,00 17,03% 2002 242.162.000.000,00 16,39% 2003 259.714.001.000,00 15,28% 2004 312.516.001.000,00 16,10% 2005 342.237.000.000,00 15,94% 2006 389.328.000.000,00 16,43% 2007 464.136.999.000,00 17,44% 2008 579.531.001.000,00 19,11% 2009 585.317.000.000,00 18,07% 2010 733.712.343.000,00 19,46% 2011 798.720.109.000,00 19,28% Fonte: Contas Nacionais Trimestrais/IBGE. Elaboração própria. 33 ‘ Observando-se os dados referentes à Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, Tabela 4), conseguimos ver um aumento de sua participação no PIB. A série vai do ano 2000 (16,8%) até 2011 (19,28%), tendo ocorrido a menor participação da FBCF no PIB no ano de 2003 (15,28%) e a maior participação no ano de 2010 (19,46%). Analisando os dados referentes ao valor adicionado da indústria de transformação, podemos afirmar que a economia apresenta características de um processo de desindustrialização, segundo a redefinição feita por Tregenna (2009). É preocupante a trajetória de queda da participação do VA no PIB a partir do ano de 2004, agravada ainda mais pela crise do final do ano de 2008. Outro fator importante para o crescimento da indústria de transformação é a FBCF, que vem crescendo, porém a um ritmo lento e baixo; em onze anos (de 2000 a 2011), a participação da FBCF no PIB cresceu apenas 2,48% (Gráfico 4). Gráfico 4 – Participação da FBCF, em % Fonte: IPEA. Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, IBGE. Elaboração própria. 34 ‘ 2.3 Desindustrialização: Emprego na indústria – População Ocupada Agora analisaremos os dados referentes ao emprego na indústria de transformação e tentaremos responder a seguinte questão – há perda da participação do emprego da indústria de transformação no emprego total? As Tabelas 5 e 6 ilustram a evolução e trajetória do emprego tanto no setor industrial como em outros setores. A maioria da população ocupada se concentra no setor de Serviços, a sua participação no emprego total é crescente, e vai de 58,20% em 2000 até 62,10% em 2009, com média de 60,13% na série. Em seguida, vem o setor da Agropecuária que tem sua participação no período de 2000 a 2009 em decréscimo, 22,30% no início da série e 17,36% no último ano, com média de 20,13%. A Indústria tem participação média de 19,74%. A partir do ano de 2007, a indústria passa a ter maior participação no emprego do que a agropecuária, com 20,06% e 18,59% respectivamente. Essa vantagem continua até o final da série, no ano de 2009, a indústria com participação de 20,54% do emprego total e a agropecuária com 17,36%. A participação no emprego da agropecuária vem caindo desde 2005 (20,88%) e termina a série com participação de 17,36%, menor porcentagem desde o primeiro ano da série (2000). Quando dividimos a indústria em indústria de transformação e indústria extrativa, percebemos que a indústria extrativa responde com cerca de 0,30% do emprego total, e tem sua evolução praticamente estagnada. Em 2000, a sua participação era de 0,30% e em 2009 de 0,31%. Já a indústria de transformação tem participação mais expressiva. Em 2000, a participação do emprego da indústria de transformação era de 12,02%, atinge seu menor valor no ano de 2002 com 11,68% e atinge o seu maior valor em 2008, com participação de 13,01% do emprego total. A série termina com a participação do emprego da indústria de transformação em 12,68% do emprego total no ano de 2009. A média do período de 2000- 2009 é de 12,34% do emprego total, o que torna a evolução do emprego industrial praticamente inalterada. 35 ‘ Tabela 5 - Evolução do Emprego nos Setores da Economia Brasileira, número de empregados Indústria Total¹ Indústria Transformação Indústria Extrativa Serviços Agropecuária TOTAL² 2000 9.729.592 9.493.708 235.884 45.959.713 17.610.940 78.972.347 2001 9.587.143 9.352.258 234.885 47.339.279 16.902.498 79.544.412 2002 9.898.952 9.650.550 248.402 49.425.374 17.353.605 82.629.067 2003 10.237.296 9.984.712 252.584 50.372.186 17.660.548 84.034.981 2004 11.083.952 10.809.822 274.130 52.311.341 18.873.744 88.252.473 2005 11.949.468 11.673.764 275.704 53.730.274 18.980.620 90.905.673 2006 11.914.126 11.643.049 271.077 56.619.241 18.400.802 93.246.963 2007 12.389.413 12.094.954 294.459 58.109.334 17.608.357 94.713.909 2008 12.814.840 12.520.285 294.555 58.982.380 17.118.949 96.232.609 2009 12.551.983 12.255.785 294.555 60.019.500 16.777.825 96.647.139 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais. (1) Excluindo os setores de Produção e distribuição de eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana e Construção civil. (2) Incluindo todos os setores da economia. Tabela 6 - Evolução do Emprego nos Setores da Economia Brasileira - % em relação ao emprego total Indústria Total¹ Indústria Transformação Indústria Extrativa Agropecuária Serviços 2000 12,32% 12,02% 0,30% 22,30% 58,20% 2001 12,05% 11,76% 0,30% 21,25% 59,51% 2002 11,98% 11,68% 0,30% 21,00% 59,82% 2003 12,18% 11,88% 0,30% 21,02% 59,94% 2004 12,56% 12,25% 0,31% 21,39% 59,27% 2005 13,14% 12,84% 0,30% 20,88% 59,11% 2006 12,78% 12,49% 0,29% 19,73% 60,72% 2007 13,08% 12,77% 0,31% 18,59% 61,35% 2008 13,32% 13,01% 0,31% 17,79% 61,29% 2009 12,99% 12,68% 0,31% 17,36% 62,10% Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais. (1) Excluindo os setores de Produção e distribuição de eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana e Construção civil. A Tabela 7 classifica os setores da economia segundo a taxonomia de Lall (2000b) e nos mostra a participação de cada setor no emprego total. Os setores classificados como 36 ‘ Produtos Primários participam com uma porcentagem média de 20,43% no período de 2000-2009. Dentro desse grupo, os setores que mais contribuem no emprego total são a Agricultura, silvicultura e exploração florestal e Pecuária e pesca, com 13,92% e 6,21% respectivamente. Os Produtos industrializados têm participação média de 12,34% no período indicado. Dentro dos Produtos Industrializados os setores Baseados em Recursos respondem em média com 4,17% do emprego total, o setor mais participativo é o de Alimentos e bebidas com 2,28% do emprego total em média. A subdivisão Baixa Tecnologia contribui com 6,08% do emprego total, os setores mais expressivos são Artigos do vestuário e acessórios e Têxteis, com 1,97% e 1,03% respectivamente. Os setores de Média Tecnologia representam 1,38%, os que mais se destacam são Máquinas e equipamentos, inclusive manutenção e reparos com 0,50%, Perfumaria, higiene e limpeza com 0,12% e Produtos químicos com 0,11% do emprego total. Por fim, os setores de Alta Tecnologia fazem parte com 0,71% do emprego total, entre os setores mais expressivos está Máquinas, aparelhos e materiais elétricos com apenas 0,22% do emprego total em média. 37 ‘ T ab el a 7 - E vo lu çã o do E m pr eg o no s S et or es d a E co no m ia B ra si le ir a - % e m r el aç ão a o em pr eg o to ta l - C la ss ifi ca çã o L al l ( 20 00 b) P ar tic ip aç ão n o em pr eg o to ta l ( % ) C la ss ifi ca çã o Se to ria l p or N ív ei s Te cn ol óg ic os - La ll (2 00 0b ) 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 M éd ia Pr od ut os P rim ár io s 22 ,6 0% 21 ,5 4% 21 ,3 0% 21 ,3 2% 21 ,7 0% 21 ,1 8% 20 ,0 2% 18 ,9 0% 18 ,1 0% 17 ,6 7% 20 ,4 3% A gr ic ul tu ra , s ilv ic ul tu ra e e xp lo ra çã o flo re st al 15 ,4 0% 14 ,6 8% 14 ,5 2% 14 ,5 8% 14 ,7 8% 14 ,4 0% 13 ,6 2% 12 ,8 1% 12 ,2 6% 12 ,1 4% 13 ,9 2% P ec uá ria e p es ca 6, 90 % 6, 56 % 6, 48 % 6, 44 % 6, 61 % 6, 48 % 6, 11 % 5, 78 % 5, 53 % 5, 22 % 6, 21 % P et ró le o e gá s na tu ra l 0, 03 % 0, 03 % 0, 04 % 0, 04 % 0, 05 % 0, 05 % 0, 05 % 0, 06 % 0, 06 % 0, 07 % 0, 05 % M in ér io d e fe rr o 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 03 % 0, 03 % 0, 03 % 0, 03 % 0, 04 % 0, 04 % 0, 03 % O ut ro s da in dú st ria e xt ra tiv a 0, 25 % 0, 24 % 0, 24 % 0, 24 % 0, 24 % 0, 23 % 0, 21 % 0, 22 % 0, 21 % 0, 20 % 0, 23 % Pr od ut os In du st ria liz ad os 12 ,0 2% 11 ,7 6% 11 ,6 8% 11 ,8 8% 12 ,2 5% 12 ,8 4% 12 ,4 9% 12 ,7 7% 13 ,0 1% 12 ,6 8% 12 ,3 4% B as ea do s em R ec ur so s (a gr of lo re st al e o ut ro s) 3, 99 % 3, 94 % 3, 88 % 3, 99 % 4, 19 % 4, 34 % 4, 24 % 4, 33 % 4, 43 % 4, 40 % 4, 17 % A lim en to s e be bi da s 2, 08 % 2, 11 % 2, 05 % 2, 19 % 2, 30 % 2, 42 % 2, 38 % 2, 40 % 2, 43 % 2, 48 % 2, 28 % P ro du to s do fu m o 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 03 % 0, 03 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % P ro du to s de m ad ei ra - ex cl us iv e m óv ei s 0, 58 % 0, 54 % 0, 56 % 0, 55 % 0, 58 % 0, 55 % 0, 52 % 0, 52 % 0, 49 % 0, 48 % 0, 54 % C el ul os e e pr od ut os d e pa pe l 0, 20 % 0, 20 % 0, 20 % 0, 19 % 0, 21 % 0, 21 % 0, 20 % 0, 21 % 0, 22 % 0, 21 % 0, 20 % R ef in o de p et ró le o e co qu e 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 03 % 0, 02 % Á lc oo l 0, 07 % 0, 06 % 0, 05 % 0, 06 % 0, 07 % 0, 08 % 0, 08 % 0, 12 % 0, 15 % 0, 11 % 0, 09 % A rti go s de b or ra ch a e pl ás tic o 0, 39 % 0, 38 % 0, 37 % 0, 37 % 0, 39 % 0, 42 % 0, 41 % 0, 43 % 0, 44 % 0, 44 % 0, 40 % C im en to 0, 02 % 0, 02 % 0, 01 % 0, 01 % 0, 01 % 0, 01 % 0, 01 % 0, 01 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 01 % O ut ro s pr od ut os d e m in er ai s nã o m et ál ic os 0, 61 % 0, 59 % 0, 59 % 0, 57 % 0, 58 % 0, 60 % 0, 59 % 0, 60 % 0, 64 % 0, 61 % 0, 60 % B ai xa T ec no lo gi a 6, 10 % 5, 94 % 5, 92 % 5, 93 % 5, 97 % 6, 39 % 6, 11 % 6, 17 % 6, 24 % 6, 00 % 6, 08 % Tê xt ei s 1, 05 % 1, 03 % 1, 02 % 1, 03 % 1, 01 % 1, 07 % 1, 04 % 1, 05 % 1, 03 % 0, 96 % 1, 03 % Ar tig os d o ve st uá rio e a ce ss ór io s 1, 97 % 1, 91 % 1, 91 % 1, 93 % 1, 93 % 2, 08 % 1, 99 % 2, 00 % 2, 03 % 1, 98 % 1, 97 % A rte fa to s de c ou ro e c al ça do s 0, 67 % 0, 68 % 0, 68 % 0, 68 % 0, 72 % 0, 72 % 0, 69 % 0, 68 % 0, 66 % 0, 64 % 0, 68 % Jo rn ai s, re vi st as , d is co s 0, 44 % 0, 42 % 0, 41 % 0, 40 % 0, 42 % 0, 42 % 0, 41 % 0, 40 % 0, 42 % 0, 41 % 0, 41 % Fa br ic aç ão d e aç o e de riv ad os 0, 11 % 0, 12 % 0, 12 % 0, 12 % 0, 12 % 0, 12 % 0, 12 % 0, 13 % 0, 14 % 0, 13 % 0, 12 % M et al ur gi a de m et ai s nã o fe rr os os 0, 12 % 0, 11 % 0, 11 % 0, 11 % 0, 10 % 0, 11 % 0, 13 % 0, 13 % 0, 13 % 0, 13 % 0, 12 % P ro du to s de m et al - ex cl us iv e m áq ui na s e eq ui pa m en to s 0, 74 % 0, 74 % 0, 73 % 0, 71 % 0, 74 % 0, 82 % 0, 77 % 0, 81 % 0, 85 % 0, 82 % 0, 77 % M óv ei s e pr od ut os d as in dú st ria s di ve rs as 0, 99 % 0, 95 % 0, 94 % 0, 94 % 0, 93 % 1, 03 % 0, 95 % 0, 96 % 0, 98 % 0, 94 % 0, 96 % 38 ‘ (c on tin ua çã o) M éd ia T ec on ol og ia 1, 28 % 1, 25 % 1, 25 % 1, 32 % 1, 39 % 1, 40 % 1, 40 % 1, 50 % 1, 53 % 1, 50 % 1, 38 % P ro du to s q uí m ic os 0, 11 % 0, 11 % 0, 11 % 0, 12 % 0, 12 % 0, 12 % 0, 11 % 0, 12 % 0, 10 % 0, 10 % 0, 11 % Fa br ic aç ão d e re si na e e la st ôm er os 0, 03 % 0, 03 % 0, 03 % 0, 03 % 0, 03 % 0, 03 % 0, 03 % 0, 03 % 0, 03 % 0, 03 % 0, 03 % D ef en si vo s ag ríc ol as 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % P er fu m ar ia , h ig ie ne e li m pe za 0, 12 % 0, 10 % 0, 11 % 0, 12 % 0, 13 % 0, 12 % 0, 12 % 0, 12 % 0, 12 % 0, 12 % 0, 12 % Ti nt as , v er ni ze s, e sm al te s e la ca s 0, 04 % 0, 03 % 0, 03 % 0, 03 % 0, 03 % 0, 03 % 0, 03 % 0, 04 % 0, 04 % 0, 04 % 0, 03 % P ro du to s e pr ep ar ad os q uí m ic os d iv er so s 0, 10 % 0, 09 % 0, 08 % 0, 09 % 0, 09 % 0, 10 % 0, 09 % 0, 09 % 0, 09 % 0, 08 % 0, 09 % M áq ui na s e eq ui pa m en to s, in cl us iv e m an ut en çã o e re pa ro s 0, 44 % 0, 45 % 0, 45 % 0, 46 % 0, 48 % 0, 49 % 0, 51 % 0, 55 % 0, 59 % 0, 58 % 0, 50 % E le tro do m és tic os 0, 06 % 0, 05 % 0, 04 % 0, 05 % 0, 06 % 0, 05 % 0, 05 % 0, 06 % 0, 06 % 0, 06 % 0, 05 % A ut om óv ei s, c am io ne ta s e ut ilit ár io s 0, 09 % 0, 09 % 0, 09 % 0, 08 % 0, 08 % 0, 08 % 0, 08 % 0, 09 % 0, 09 % 0, 09 % 0, 09 % C am in hõ es e ô ni bu s 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 03 % 0, 03 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 03 % 0, 02 % 0, 02 % P eç as e a ce ss ór io s pa ra v eí cu lo s au to m ot or es 0, 26 % 0, 26 % 0, 27 % 0, 30 % 0, 32 % 0, 32 % 0, 33 % 0, 37 % 0, 36 % 0, 35 % 0, 31 % A lta T ec no lo gi a 0, 66 % 0, 63 % 0, 64 % 0, 65 % 0, 69 % 0, 71 % 0, 74 % 0, 76 % 0, 81 % 0, 78 % 0, 71 % P ro du to s fa rm ac êu tic os 0, 13 % 0, 13 % 0, 12 % 0, 12 % 0, 12 % 0, 12 % 0, 12 % 0, 12 % 0, 12 % 0, 12 % 0, 12 % M áq ui na s pa ra e sc rit ór io e e qu ip am en to s de in fo rm át ic a 0, 03 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 02 % 0, 03 % 0, 03 % 0, 04 % 0, 05 % 0, 06 % 0, 06 % 0, 04 % M áq ui na s, a pa re lh os e m at er ia is e lé tri co s 0, 20 % 0, 19 % 0, 19 % 0, 19 % 0, 20 % 0, 21 % 0, 22 % 0, 22 % 0, 27 % 0, 26 % 0, 22 % M at er ia l e le trô ni co e e qu ip am en to s de c om un ic aç õe s 0, 11 % 0, 10 % 0, 10 % 0, 09 % 0, 11 % 0, 11 % 0, 10 % 0, 10 % 0, 09 % 0, 09 % 0, 10 % A pa re lh os /in st ru m en to s m éd ic o- ho sp ita la r, m ed id a e óp tic o 0, 12 % 0, 12 % 0, 12 % 0, 12 % 0, 12 % 0, 13 % 0, 13 % 0, 13 % 0, 14 % 0, 14 % 0, 13 % O ut ro s eq ui pa m en to s de tr an sp or te 0, 07 % 0, 07 % 0, 09 % 0, 10 % 0, 11 % 0, 11 % 0, 13 % 0, 13 % 0, 13 % 0, 12 % 0, 10 % Fo nt e: IB G E , D ire to ria d e P es qu is as , C oo rd en aç ão d e C on ta s N ac io na is . E la bo ra çã o P ró pr ia . 39 ‘ Após a análise dos dados do emprego industrial, não se pode afirmar categoricamente que houve desindustrialização no período de 2000-2009. A participação do emprego industrial no emprego total praticamente se manteve constante nesse período, não caracterizando um cenário de desindustrialização positiva ou negativa. O gráfico 5 mostra- nos a evolução da população ocupada nos setores da economia brasileira. Gráfico 5 – População ocupada por setores, em % Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais. Elaboração própria. 2.4 Desindustrialização: Comércio Exterior – exportações e importações Morceiro (2011) afirma que aquilo que um país produz, exporta e importa é importante para o seu crescimento consistente. Uma pauta de exportações diversificada é preferível a uma concentrada, especialmente se a diversificação ocorrer em produtos oriundos de atividades que geram desenvolvimento tecnológico interno e salários de maior remuneração no país. Analisando os dados agregados (Gráfico 6) para o período de 1964 a 2010, percebe-se que houve uma significativa piora na composição das exportações brasileiras a partir dos anos 2000, ou seja, houve um aumento da exportação de produtos básicos e uma diminuição da exportação de produtos manufaturados. Assim, podemos afirmar que vem ocorrendo uma reprimarização da pauta exportadora brasileira, a 40 ‘ participação dos produtos manufaturados nas exportações que era de 59% em 2000, 55,1% em 2005, passou a ser de 36% em 2011. Gráfico 6 – Exportação brasileira por fator agregado, 1964 a 2010 – participação % Fonte: SECEX/MDIC. Analisando o Gráfico 7, vemos que o saldo da balança comercial é deficitário apenas no primeiro ano da série (2000), obtendo superávit comercial em todos os outros anos. Já quando fazemos a análise das exportações e das importações em relação ao câmbio, percebemos que a partir de 2002 suas trajetórias possuem movimentos opostos, podemos inferir, num primeiro momento, que a valorização do câmbio não afetou as exportações e as importações (em valor). Entretanto, quando se observa a participação das exportações de produtos manufaturados e de produtos básicos nas exportações totais, percebe-se um aumento na participação das exportações de produtos básicos, que ultrapassa, no decorrer do ano de 2009, a participação das exportações de produtos manufaturados (vide Gráfico 8). Tal situação – valorização do câmbio e superávit comercial – nos indica, a primeira vista, sintomas da Doença Holandesa, ou seja, “a sobre- apreciação crônica da taxa de câmbio causada pela abundância de recursos naturais e 41 ‘ humanos baratos, compatíveis com uma taxa de câmbio inferior àquela que viabilizaria as demais indústrias de bens comercializáveis”, segundo a definição de Bresser-Pereira e Marconi (2008); e a definição de Oreiro e Feijó (2010), ou seja, de desindustrialização causada pela apreciação da taxa real de câmbio que resulta da valorização dos preços das commodities e dos recursos naturais no mercado internacional (Oreiro e Feijó, 2010). Gráfico 7 – Exportações, importações, saldo da balança comercial e taxa de câmbio Fonte: FUNCEX e IBGE (taxa de câmbio). Elaboração Própria. Observando o Gráfico 8 pode-se confirmar o que foi descrito acima, que a valorização cambial não desestimulou as exportações de produtos manufaturados, as quais continuaram subindo (em valor). O que se verifica é um aumento maior nas exportações de produtos básicos ao longo do ano de 2009, ultrapassando o valor em quantum das exportações de produtos manufaturados e ultrapassando sua participação nas exportações totais, superando a participação das exportações de produtos manufaturados. Esta situação pode ser caracterizada como um princípio de Doença Holandesa - a maior participação de produtos básicos nas exportações a partir do ano de 2010 (44,96%), contra 39,4% de produtos manufaturados, mas ainda assim não podemos afirmar categoricamente que a economia brasileira está “infectada” com a Doença Holandesa (vide gráfico 9). Certamente 42 ‘ é preciso ficar atento a esses sinais de Doença Holandesa, pois a trajetória em que as exportações estão seguindo é preocupante. Gráfico 8 – Exportações (FOB) em US$ e taxa de câmbio – índice (média 2000 = 100) Fonte: FUNCEX e IBGE (taxa de câmbio). Elaboração Própria. Gráfico 9– Participação das exportações por classe e taxa de câmbio – índice (média 2000 = 100) Fonte: FUNCEX e IBGE (taxa de câmbio). Elaboração Própria. 43 ‘ Observando tanto os dados da participação do valor adicionado da indústria no PIB que vem numa trajetória de queda no período aqui analisado (2000-2011) e os dados da pauta exportadora brasileira, a qual cada vez mais vem tendo uma especialização regressiva, ou seja, vem sofrendo uma reprimarização, pode-se afirmar que há sinais claros de uma desindustrialização e sintomas de Doença Holandesa acometendo nossa economia. Nassif (2008) em uma nota escreve que o aumento expressivo do preço internacional das principais commodities exportadas pelo Brasil contribui para aumentar as vendas externas recentes e, por conseguinte, para a apreciação cambial. Nassif segue dizendo que tal raciocínio sugere que a relação de causa e efeito entre taxa de câmbio real e exportações é ambígua: se por um lado, a apreciação do Real tende, tudo o mais constante, a reduzir as vendas externas12, por outro lado, o aumento do preço das commodities contribui para deflagrar um boom exportador no Brasil e este, por sua vez, reforça a tendência de apreciação cambial. No longo prazo, entretanto, o resultado seria pernicioso tanto pelos efeitos micro quanto macroeconômicos: a apreciação do Real reduz a competitividade dos bens industrializados, redireciona a especialização para produtos primários e/ou industrializados intensivos em recursos naturais e potencializa os riscos de crise cambial. 2.5 Análise do saldo comercial dos setores industriais Os dados da Tabela 8 mostram-nos as exportações, importações e o saldo comercial dos setores industriais segundo a classificação da OECD, Directorate for Science, Technology and Industry, STAN Indicators, 2003, para o período de 2000-2011. Essa classificação é dividida em Produtos Industriais (mais quatro subdivisões) e Produtos não- industriais. A classificação Produtos Industriais apresentou saldo comercial negativo nos anos 2000- 2001 e 2008-2011, entre 2002 e 2007 o saldo comercial foi positivo. Dentro dos Produtos Industriais há quatro subdivisões, Indústria de alta tecnologia (I), Indústria de média-alta 12 No presente trabalho não se verifica a queda no valor das exportações brasileiras de produtos manufaturados no período de 2000 a 2011, mas sim uma redução na participação destas em relação à exportação total. O aumento do preço internacional das commodities parece impulsionar as exportações de produtos primários e/ou industrializados intensivos em recursos naturais, mesmo com uma tendência de valorização cambial. 44 ‘ tecnologia (II), Indústria de média-baixa tecnologia (III) e Indústria de baixa tecnologia (IV). Analisaremos primeiramente a subdivisão Indústria de alta tecnologia (I). O saldo comercial é deficitário em toda a série, apresentando uma trajetória crescente (apenas diminuição do déficit nos anos 2001 e 2002). O único setor que não apresenta déficits ao longo da série é o setor Aeronáutica e aeroespacial, contudo esse saldo superavitário vem diminuindo principalmente a partir de 2008. O setor mais deficitário é o de Equipamentos de rádio, TV e comunicação, em 2000 seu déficit era de US$ 4.168 milhões e em 2011 de US$ 14.130 milhões. A Indústria de média-alta tecnologia (II) apresenta saldo comercial positivo apenas no ano de 2004 (US$ 494 milhões). O setor Veículos automotores, reboques e semi- reboques apresenta déficit no seu saldo comercial apenas a partir de 2009 (US$ 2.915 milhões) e vem mantendo esse déficit até o ano 2011 (US$ 7.650), o último da série. A Indústria de média-baixa tecnologia (III) apresenta saldo comercial negativo nos anos de 2010 e 2011. O setor Produtos metálicos apresenta saldo comercial positivo em todos os anos da série vai de US$ 4.098 em 2000 para US$ 8.650 no ano de 2011. O setor Outros produtos minerais não-metálicos apresenta saldo comercial negativo apenas no ano de 2011 (US$ 313). A Indústria de baixa tecnologia (IV) não apresenta déficits no seu saldo comercial. Quando analisamos seus setores, percebemos que apenas os setores de Produtos manufaturados n.e. e bens reciclados e Têxteis, couro e calçados apresentaram déficits nos seus saldos comerciais. Ambos os setores começaram a apresentar saldos comerciais deficitários a partir do ano de 2010, e continuaram com déficits até o último ano da série (2011). A classificação Produtos não-industriais13 não apresenta déficits no seu saldo comercial no período analisado. 13 Para classificações por intensidade tecnológica esta categoria é problemática. 45 ‘ T ab el a 8 – E xp or ta çã o, e xp or ta çõ es e sa ld o co m er ci al – O E C D E xp or t. Im po rt. S al do E xp or t. Im po rt. S al do E xp or t. Im po rt. S al do E xp or t. Im po rt. S al do E xp or t. Im po rt. S al do E xp or t. Im po rt. S al do To ta l 55 .0 86 55 .8 51 -7 65 58 .2 23 55 .6 02 2. 62 1 60 .3 62 47 .2 43 13 .1 19 73 .0 84 48 .3 26 24 .7 58 96 .4 75 62 .8 36 33 .6 40 11 8. 30 8 73 .6 00 44 .7 08 Pr od ut os in du st ria is (* ) 45 .9 68 49 .1 36 -3 .1 68 47 .7 48 49 .2 19 -1 .4 70 48 .6 52 40 .6 52 8. 00 0 58 .5 04 40 .5 37 17 .9 68 77 .1 37 51 .6 26 25 .5 11 94 .0 16 60 .7 81 33 .2 35 In du st ria d e al ta e m éd ia -a lta te cn ol og ia (I +I I) 19 .5 89 35 .6 27 -1 6. 03 8 19 .3 00 36 .8 60 -1 7. 56 0 18 .8 70 30 .3 30 -1 1. 46 0 21 .8 29 30 .4 18 -8 .5 88 28 .9 05 38 .9 01 -9 .9 95 37 .6 69 45 .5 52 -7 .8 84 In dú st ria d e al ta te cn ol og ia (I ) 6. 83 8 14 .1 80 -7 .3 42 6. 98 2 13 .8 24 -6 .8 42 5. 93 5 10 .4 60 -4 .5 25 5. 13 5 10 .4 31 -5 .2 96 6. 61 0 14 .1 58 -7 .5 48 8. 75 7 17 .1 34 -8 .3 77 A er on áu tic a e ae ro es pa ci al 3. 68 1 1. 84 1 1. 84 0 3. 70 9 1. 76 6 1. 94 3 2. 83 5 1. 22 7 1. 60 8 2. 10 7 1. 11 7 99 0 3. 47 8 1. 72 2 1. 75 5 3. 69 9 1. 95 4 1. 74 5 Fa rm ac êu tic a 40 3 2. 38 1 -1 .9 79 42 5 2. 55 7 -2 .1 32 44 0 2. 32 8 -1 .8 88 47 6 2. 25 7 -1 .7 81 59 0 2. 68 3 -2 .0 93 72 5 3. 00 5 -2 .2 81 M at er ia l d e es cr itó rio e in fo rm át ic a 49 0 1. 96 2 -1 .4 73 39 5 1. 82 8 -1 .4 33 23 6 1. 40 5 -1 .1 69 27 1 1. 32 1 -1 .0 50 33 4 1. 56 6 -1 .2 32 47 8 2. 02 7 -1 .5 50 E qu ip am en to s de rá di o, T V e c om un ic aç ão 1. 90 4 6. 07 2 -4 .1 68 2. 07 5 5. 36 7 -3 .2 92 2. 07 9 3. 53 3 -1 .4 54 1. 94 9 3. 85 9 -1 .9 10 1. 78 9 5. 75 7 -3 .9 68 3. 33 2 7. 21 6 -3 .8 84 In st ru m en to s m éd ic os d e ót ic a e pr ec is ão 36 1 1. 92 4 -1 .5 63 37 9 2. 30 6 -1 .9 28 34 5 1. 96 7 -1 .6 21 33 2 1. 87 7 -1 .5 45 42 1 2. 43 0 -2 .0 09 52 3 2. 93 2 -2 .4 08 In dú st ria d e m éd ia -a lta te cn ol og ia (I I) 12 .7 51 21 .4 46 -8 .6 95 12 .3 17 23 .0 36 -1 0. 71 9 12 .9 35 19 .8 70 -6 .9 35 16 .6 94 19 .9 87 -3 .2 92 22 .2 95 24 .7 43 -2 .4 47 28 .9 12 28 .4 18 49 4 M áq ui na s e eq ui pa m en to s el ét ric os n . e . 92 8 2. 74 3 -1 .8 14 1. 01 1 3. 83 3 -2 .8 22 93 6 3. 09 8 -2 .1 62 1. 11 3 2. 65 7 -1 .5 44 1. 41 8 2. 65 7 -1 .2 39 1. 95 3 2. 89 7 -9 45 V eí cu lo s au to m ot or es , r eb oq ue s e se m i-r eb oq ue s 5. 34 9 4. 37 7 97 2 5. 36 0 4. 36 8 99 2 5. 53 0 3. 23 0 2. 30 0 7. 26 2 3. 13 6 4. 12 6 9. 63 4 3. 94 0 5. 69 5 12 .9 92 5. 16 7 7. 82 5 P ro du to s qu ím ic os ,e xc l. fa rm ac êu tic os 3. 33 1 8. 18 9 -4 .8 58 2. 85 1 8. 07 4 -5 .2 23 3. 14 7 7. 63 4 -4 .4 87 3. 93 0 8. 62 5 -4 .6 94 4. 81 7 11 .6 41 -6 .8 24 5. 98 4 12 .1 49 -6 .1 65 E qu ip am en to s pa ra fe rro via e m at er ia l d e tra ns po rte n . e . 11 7 25 4 -1 36 12 4 22 8 -1 03 13 0 20 6 -7 6 19 9 15 1 49 28 9 29 0 0 56 0 42 9 13 1 M áq ui na s e eq ui pa m en to s m ec ân ic os n . e . 3. 02 6 5. 88 4 -2 .8 58 2. 97 2 6. 53 4 -3 .5 62 3. 19 3 5. 70 2 -2 .5 09 4. 19 0 5. 41 9 -1 .2 29 6. 13 6 6. 21 4 -7 8 7. 42 4 7. 77 5 -3 51 In dú st ria d e m éd ia -b ai xa te cn ol og ia (I II) 10 .2 27 8. 79 3 1. 43 4 9. 98 5 8. 26 0 1. 72 5 10 .6 50 6. 67 1 3. 97 9 13 .3 94 6. 80 0 6. 59 4 18 .8 47 8. 66 5 10 .1 82 22 .7 41 10 .4 84 12 .2 57 C on st ru çã o e re pa ra çã o na va l 7 14 -6 38 36 2 9 56 -4 7 8 11 5 -1 07 1. 26 5 14 1. 25 1 19 4 22 17 2 B or ra ch a e pr od ut os p lá st ic os 95 5 1. 29 7 -3 42 94 1 1. 28 7 -3 46 92 2 1. 21 9 -2 97 1. 16 9 1. 26 7 -9 8 1. 39 8 1. 57 4 -1 76 1. 70 9 1. 92 9 -2 20 P ro du to s de p et ró le o re fin ad o e ou tro s co m bu st íve is 1. 71 3 4. 46 3 -2 .7 49 2. 40 8 3. 75 4 -1 .3 46 2. 17 6 2. 74 4 -5 69 2. 78 0 2. 58 0 20 0 3. 20 3 3. 20 2 1 4. 91 4 3. 68 7 1. 22 7 O ut ro s pr od ut os m in er ai s nã o- m et ál ic os 85 2 41 9 43 3 81 4 42 1 39 3 93 7 37 0 56 8 1. 12 9 41 4 71 6 1. 50 2 51 3 98 9 1. 77 5 58 1 1. 19 4 P ro du to s m et ál ic os 6. 69 9 2. 60 1 4. 09 8 5. 78 4 2. 76 2 3. 02 2 6. 60 5 2. 28 2 4. 32 3 8. 30 7 2. 42 4 5. 88 4 11 .4 79 3. 36 1 8. 11 8 14 .1 49 4. 26 5 9. 88 4 In dú st ria d e ba ix a te cn ol og ia (I V) 16 .1 52 4. 71 6 11 .4 35 18 .4 64 4. 09 9 14 .3 65 19 .1 32 3. 65 1 15 .4 81 23 .2 81 3. 31 9 19 .9 62 29 .3 84 4. 06 0 25 .3 24 33 .6 06 4. 74 4 28 .8 62 P ro du to s m an uf at ur ad os n .e . e b en s re ci cl ad os 88 4 41 4 47 0 90 6 39 1 51 4 91 0 33 2 57 8 1. 03 8 29 1 74 7 1. 42 2 39 3 1. 02 9 1. 51 6 46 7 1. 04 9 M ad ei ra e s eu s pr od ut os , p ap el e c el ul os e 4. 04 0 1. 28 1 2. 75 9 3. 70 1 1. 04 3 2. 65 8 3. 83 7 86 9 2. 96 9 4. 96 0 72 7 4. 23 3 6. 00 3 94 1 5. 06 1 6. 50 3 1. 08 9 5. 41 5 A lim en to s, b eb id as e ta ba co 7. 68 5 1. 95 0 5. 73 5 10 .1 49 1. 62 0 8. 53 0 10 .8 30 1. 60 5 9. 22 5 13 .1 88 1. 48 9 11 .6 99 17 .1 41 1. 66 7 15 .4 74 20 .4 92 1. 81 6 18 .6 77 Tê xt ei s, c ou ro e c al ça do s 3. 54 3 1. 07 2 2. 47 1 3. 70 8 1. 04 5 2. 66 3 3. 55 5 84 5 2. 70 9 4. 09 4 81 2 3. 28 3 4. 81 9 1. 05 9 3. 75 9 5. 09 5 1. 37 3 3. 72 2 Pr od ut os n ão in du st ria is 9. 11 8 6. 71 4 2. 40 3 10 .4 74 6. 38 3 4. 09 1 11 .7 09 6. 59 0 5. 11 9 14 .5 80 7. 78 9 6. 79 1 19 .3 39 11 .2 10 8. 12 9 24 .2 92 12 .8 19 11 .4 73 O bs .: n. e . = n ão e sp ec ifi ca do s ne m c om pr ee nd id os e m o ut ra c at eg or ia Fo nt e: S EC E X/ M D IC . E la bo ra çã o P ró pr ia . (* ) C la ss ifi ca çã o ex tra íd a de : O E C D , D ire ct or at e fo r S ci en ce , T ec hn ol og y an d In du st ry , S TA N In di ca to rs , 2 00 3. 20 05 20 04 20 00 20 01 20 02 20 03 46 ‘ (c on tin ua çã o) E xp or t. Im po rt. S al do E xp or t. Im po rt. S al do E xp or t. Im po rt. S al do E xp or t. Im po rt. S al do E xp or t. Im po rt. S al do E xp or t. Im po rt. S al do To ta l 13 7. 47 0 91 .3 49 46 .1 20 16 0. 64 9 12 0. 62 1 40 .0 28 19 7. 94 2 17 3. 19 6 24 .7 46 15 2. 99 5 12 7. 72 2 25 .2 72 20 1. 91 5 18 1. 64 9 20 .2 67 25 6. 04 0 22 6. 24 3 29 .7 96 Pr od ut os in du st ria is (* ) 10 7. 32 0 75 .0 69 32 .2 51 12 1. 90 8 99 .9 50 21 .9 58 14 1. 89 0 14 3. 18 4 -1 .2 94 10 4. 60 8 10 9. 97 6 -5 .3 68 12 8. 35 0 15 9. 10 3 -3 0. 75 3 15 3. 17 0 19 6. 40 0 -4 3. 23 0 In du st ria d e al ta e m éd ia -a lta te cn ol og ia (I +I I) 41 .7 68 54 .5 14 -1 2. 74 7 46 .7 60 71 .9 29 -2 5. 16 9 51 .6 30 10 2. 73 1 -5 1. 10 0 36 .2 54 81 .1 89 -4 4. 93 5 45 .6 15 11 1. 09 5 -6 5. 48 1 52 .3 21 13 4. 57 4 -8 2. 25 3 In dú st ria d e al ta te cn ol og ia (I ) 9. 36 4 21 .2 03 -1 1. 83 9 10 .2 41 25 .2 84 -1 5. 04 4 11 .5 07 33 .4 39 -2 1. 93 2 9. 04 8 27 .4 79 -1 8. 43 1 9. 31 6 35 .8 13 -2 6. 49 7 9. 53 8 39 .9 47 -3 0. 41 0 A er on áu tic a e ae ro es pa ci al 3. 74 1 2. 41 5 1. 32 6 5. 20 4 3. 42 0 1. 78 4 6. 06 4 4. 95 0 1. 11 4 4. 53 6 4. 13 5 40 1 4. 68 6 4. 00 5 68 2 4. 66 2 4. 48 4 17 9 Fa rm ac êu tic a 90 5 3. 62 3 -2 .7 18 1. 13 4 4. 89 8 -3 .7 64 1. 48 2 6. 12 4 -4 .6 42 1. 55 0 6. 11 6 -4 .5 66 1. 82 8 8. 20 6 -6 .3 78 2. 19 2 8. 68 0 -6 .4 89 M at er ia l d e es cr itó rio e in fo rm át ic a 49 6 2. 71 9 -2 .2 22 27 3 2. 65 6 -2 .3 83 23 5 3. 34 0 -3 .1 04 20 3 2. 93 8 -2 .7 35 20 1 3. 96 2 -3 .7 60 22 6 4. 37 2 -4 .1 46 E qu ip am en to s de rá di o, T V e c om un ic aç ão 3. 57 9 8. 87 4 -5 .2 95 2. 86 3 9. 49 2 -6 .6 29 2. 87 1 12 .6 57 -9 .7 86 2. 04 5 9. 10 1 -7 .0 56 1. 75 1 13 .1 45 -1 1. 39 4 1. 46 4 15 .5 94 -1 4. 13 0 In st ru m en to s m éd ic os d e ót ic a e pr ec is ão 64 3 3. 57 3 -2 .9 30 76 7 4. 81 9 -4 .0 52 85 4 6. 36 7 -5 .5 13 71 4 5. 18 9 -4 .4 75 85 0 6. 49 6 -5 .6 46 99 4 6. 81 7 -5 .8 24 In dú st ria d e m éd ia -a lta te cn ol og ia (I I) 32 .4 03 33 .3 11 -9 08 36 .5 19 46 .6 45 -1 0. 12 6 40 .1 23 69 .2 92 -2 9. 16 9 27 .2 06 53 .7 10 -2 6. 50 4 36 .2 99 75 .2 82 -3 8. 98 3 42 .7 84 94 .6 27 -5 1. 84 3 M áq ui na s e eq ui pa m en to s el ét ric os n . e . 2. 61 8 3. 52 6 -9 07 3. 20 0 4. 46 6 -1 .2 66 3. 77 7 6. 11 6 -2 .3 39 2. 99 7 5. 36 3 -2 .3 65 3. 13 1 7. 74 6 -4 .6 15 3. 42 7 9. 08 4 -5 .6 57 V eí cu lo s au to m ot or es , r eb oq ue s e se m i-r eb oq ue s 14 .3 71 6. 53 5 7. 83 6 15 .0 09 9. 27 3 5. 73 6 16 .2 93 14 .0 91 2. 20 3 9. 35 1 12 .2 66 -2 .9 15 13 .9 72 18 .4 97 -4 .5 25 16 .1 69 23 .8 19 -7 .6 50 P ro du to s qu ím ic os ,e xc l. fa rm ac êu tic os 6. 80 0 13 .5 96 -6 .7 95 8. 18 1 19 .0 33 -1 0. 85 2 8. 77 2 28 .8 81 -2 0. 10 9 7. 53 6 20 .0 35 -1 2. 49 9 9. 43 9 25 .5 56 -1 6. 11 8 11 .3 39 33 .6 81 -2 2. 34 3 E qu ip am en to s pa ra fe rro via e m at er ia l d e tra ns po rte n . e . 53 2 55 9 -2 7 57 8 64 4 -6 6 49 6 1. 26 2 -7 67 34 6 70 2 -3 57 73 2 1. 72 8 -9 97 50 0 1. 82 3 -1 .3 23 M áq ui na s e eq ui pa m en to s m ec ân ic os n . e . 8. 08 2 9. 09 6 -1 .0 14 9. 55 0 13 .2 29 -3 .6 79 10 .7 85 18 .9 42 -8 .1 56 6. 97 6 15 .3 43 -8 .3 67 9. 02 6 21 .7 54 -1 2. 72 8 11 .3 49 26 .2 19 -1 4. 87 0 In dú st ria d e m éd ia -b ai xa te cn ol og ia (I II) 27 .2 52 14 .3 39 12 .9 14 31 .5 99 19 .6 49 11 .9 50 38 .8 70 29 .2 21 9. 64 8 24 .7 15 18 .5 71 6. 14 4 29 .4 17 34 .1 29 -4 .7 12 39 .0 94 43 .6 64 -4 .5 71 C on st ru çã o e re pa ra çã o na va l 30 24 5 72 4 55 66 9 1. 54 1 72 1. 46 9 11 9 25 9 -1 41 17 6 22 2 -4 6 1. 15 3 30 3 85 0 B or ra ch a e pr od ut os p lá st ic os 2. 05 0 2. 21