UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA ESTUDO DOS ASPECTOS ANATÔMICOS DA ARTICULAÇÃO TEMPORO-HIÓIDE DE EQUINOS POR MEIO DA RADIOGRAFIA CONVENCIONAL, ULTRASSONOGRAFIA ARTICULAR E TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA TAÍZHA CRISTINE CIASCA DOS SANTOS Botucatu – SP Fevereiro – 2009 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA ESTUDO DOS ASPECTOS ANATÔMICOS DA ARTICULAÇÃO TEMPORO-HIÓIDE DE EQUINOS POR MEIO DA RADIOGRAFIA CONVENCIONAL, ULTRASSONOGRAFIA ARTICULAR E TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA TAÍZHA CRISTINE CIASCA DOS SANTOS Tese apresentada junto ao Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária para obtenção do título de Doutor. Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Vulcano Botucatu – SP Fevereiro – 2009 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: Selma Maria de Jesus Santos, Taízha Cristine Ciasca dos. Estudo dos aspectos anatômicos da articulação temporo-hióide de equinos por meio da radiografia convencional, ultrassonografia articular e tomografia computadorizada / Taízha Cristine Ciasca dos Santos. – Botucatu [s.n.], 2009. Tese (doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Botucatu, 2009. Orientador: Luiz Carlos Vulcano Assunto CAPES: 50501038 1. Eqüino - Doenças – Diagnóstico 2. Radiologia veterinária CDD 636.10896075 Palavras-chave: Articulação temporo-hióide; Equinos; Radiografia convencional; Tomografia computadorizada; Ultrassonografia articular ii Nome do autor: Taízha Cristine Ciasca dos Santos Título: ESTUDO DOS ASPECTOS ANATÔMICOS DA ARTICULAÇÃO TEMPORO-HIÓIDE DE EQUINOS POR MEIO DA RADIOGRAFIA CONVENCIONAL, ULTRASSONOGRAFIA ARTICULAR E TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA COMISSÃO EXAMINADORA Prof. Dr. Luiz Carlos Vulcano Presidente e Orientador Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária FMVZ – UNESP – Botucatu Prof. Dr. Joffre Guazzelli Filho Membro Departamento de Anatomia Instituto de Biociências – UNESP – Botucatu Profa. Dra. Ana Liz Garcia Alves Membro Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária FMVZ – UNESP – Botucatu Prof. Dr. Masao Iwasaki Membro Departamento de Cirurgia FMVZ – USP Prof. Dr. Stefano Carlo Filippo Hagen Membro Departamento de Cirurgia - VCI FMVZ - USP Data da defesa: 26 / 02 / 2009 iii À minha amada mãe, que dedicou sua vida a tornar seus três filhos o que somos hoje. iv AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pelas portas e janelas abertas a meu progresso, por seu infinito amor e misericórdia, e acima de tudo pelo perdão as minhas imperfeições e fraquezas. Agradeço à minha família, minha mãe, Maria de Lourdes Ciasca e meus irmãos, Thatyana e Leonardo, que acompanharam meu progresso intelectual e com quem aprendi, acima de tudo, a compartilhar. Ao meu querido Andreas Blaich, sobretudo pela paciência, carinho e atenção que me fortalecem e ensinam todos os dias. À minha eterna amiga e irmã de coração, Marcela Marcondes Pinto Rodrigues, por todo apoio e companheirismo. Ao meu orientador, Prof. Dr. Luiz Carlos Vulcano, pela oportunidade, pelo incentivo, e claro por todo aprendizado desta etapa de pós-graduação. Aos professores do serviço de Diagnóstico por Imagem do Departamento de Reprodução e Radiologia Veterinária da FMVZ – UNESP – Botucatu, Luiz Carlos Vulcano, Lucy Marie Ribeiro Muniz, Maria Jaqueline Mamprim e Vânia Maria de Vasconcelos Machado, que possibilitaram a realização do meu projeto. Aos funcionários do serviço de Diagnóstico por Imagem: Benedito José Alho Favan, Wilma Maria de Castro e João Borioli Cassetari, colaboradores sempre dispostos a ajudar. Ao tecnólogo Heraldo André Catalan Rosa, pela grande ajuda na realização das tomografias e pelas noites de plantão utilizadas para a realização de todas as reconstruções tridimensionais. Em especial ao funcionário Maury, do serviço de Patologia Veterinária, por sua solicitude. E ao colaborador Dr. Gércio Luiz Bonesi, responsável pela inspeção Federal do Abatedouro de Apucarana – PR, por permitir a retirada das peças para realização deste projeto. A todos os meus amigos e parentes que muito me incentivaram nesta jornada, acreditando em mim, sobretudo auxiliando minha evolução profissional e, principalmente, pessoal. À FAPESP, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, pelo auxílio na realização deste trabalho. v “There is a pleasure in the pathless woods; There is a rapture on the lonely shore; There is a society, where none intrudes; By the deep sea, and music in its roar; I love not man the less, but nature more…” Lord Byron vi LISTA DE TABELAS Página Tabela 1 - Distribuição da qualidade de visibilização da imagem das ATHs avaliadas pela ultrassonografia articular e pela radiografia convencional em relação à tomografia computadorizada, segundo cada característica avaliada....................................................................................................33 vii LISTA DE ILUSTRAÇÕES Página Figura 1 - Localização da ATH (seta)..........................................................18 Figura 2 - Cabeça macerada e montada apresentando a ATH (seta).........19 Figura 3 - Zoom da ATH (entre setas).........................................................19 Figura 4 - Demonstração do posicionamento do transdutor durante exame ultra- sonográfico da ATH.....................................................................................21 Figura 5 - ATH (extremidade da régua) e sua profundidade de aproximadamente 4 cm em relação à pele do animal. Osso estilo-hióide, extremidade proximal (seta)........................................................................24 Figura 6 - Distância de aproximadamente 5 cm entre a ATH e a ATM. ATM não dissecada (estrela)......................................................................................24 Figura 7 - Distância entre o meato acústico externo e a ATH. Meato acústico externo (marcador de ferro). ATH (seta).....................................................25 Figura 8 - Em a: Sonograma da ATH direita da cabeça nº10 mostrando a parte petrosa do temporal, a ATH e superfície óssea proximal do estilo-hióide. Em B: Direcionamento sagital do transdutor linear para realização do exame ultrassonográfico representado em amarelo...............................................26 Figura 9 - Sonograma da ATH direita da cabeça nº10. Em A: parte petrosa do temporal, articulação temporo hióide (ATH) e superfície óssea do estilo-hióide. Em B: superfície óssea do estilo-hióide......................................................26 viii Figura 10 - Radiografia convencional em projeção ventro-dorsal possibilitando visibilização da ATH direita e esquerda (setas). D: lado direito. 1, côndilo do occipital; 2, forame magno e crista nucal; 3, processo paracondilar; 4, bula timpânica; 5, basoccipital; 6, arco zigomático; 7, ramo da mandíbula; 8, estilo- hióide; 9, região dos turbinados do etmóide; 10, vômer; 11, bolsa gutural (compartimento medial); 12, basoesfenóide................................................27 Figura 11 - Radiografia convencional em projeção lateral oblíqua direita da ATH (seta). 1, terceiro molar superior; 2, turbinados do etmóide; 3, nasofaringe; 4, estilo-hióide; 5, mandíbula; 6, bula timpânica; 7, ATM; 8, basoccipital; 9, crista nucal;10, protuberância occipital externa....................................................27 Figura 12 - Tomografia computadorizada do crânio mostrando o local exato da ATH (seta). 1, osso parietal; 2, m. temporal; 3, hemisfério cerebral; 4, cerebelo; 5, parte petrosa do temporal; 6, cavidade timpânica; 7, bolsa gutural (compartimento medial); 8, basoccipital; 9 porção escamosa do temporal; 10, estilo-hióide; 11, m.masseter; 12 seio sagital dorsal....................................28 Figura 13 - Tomografia computadorizada do crânio mostrando o local exato da ATH (setas) em série (A, B, C). 1, osso parietal; 2, m. temporal; 3, hemisfério cerebral; 4, cerebelo; 5, parte petrosa do temporal; 6, cavidade timpânica; 7, bolsa gutural (compartimento medial); 8, basoccipital; 9 porção escamosa do temporal; 10, estilo-hióide; 11, m.masseter; 12 seio sagital dorsal; 13, ventrículo lateral...........................................................................................................29 Figura 14 - Reconstrução tridimensional da TC da ATH, seta indica o processo estilo-hióide da parte petrosa do temporal. 1, timpano-hióide; 2 ângulo caudal do estilo-hióide; 3, processo paracondilar; 4, ramo vertical da mandíbula; 5, crista facial; 6, órbita; 7, arco zigomático; 8, fossa mandibular; 9, processo condilar da mandíbula; 10, processo coronóide da mandíbula..................30 Figura 15 - Reconstrução tridimensional da TC da ATH, seta indica a cartilagem timpano-hióide ou artro-hióide. 1, timpano-hióide; 2, parte petrosa do ix temporal; 3, processo mastóide; 4, processo paracondilar; 5, basoccipital; 6, estilo-hióide; 7, osso temporal.....................................................................31 Figura 16 - Reconstrução tridimensional da ATH (aparato hióide representado em azul). 1, timpano-hióide; 2, ângulo caudal do estilo-hióide; 3, segmento oblíquo do estilo-hióide; 4, segmento vertical do estilo-hióide; 5, cerato-hióide; 6, processo lingual; 7, tireo-hióide...............................................................32 Figura 17 - Reconstrução tridimensional do aparato hióide: 1, timpano-hióide esquerdo; 2, estilo-hióide esquerdo; 3, cerato-hióide esquerdo; 4, processo lingual; 5, tireo-hióide direito; 6, epi-hióide esquerdo; 7, basi-hióide...........36 Figura 18 - Osso estilo-hióide isolado após maceração..............................37 x LISTA DE ABREVIATURAS UTILIZADAS NO TEXTO TC – Tomografia computadorizada US – Ultrassonografia ATM – Articulação temporo-mandibular ATH – Articulação temporo-hióide OTH – Osteoartropatia temporo-hióide HU – Unidade Hounsfield RX – Raios X FMVZ – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia MHz – Mega Hertz RM – Ressonância Magnética REG – Regular mm – Milímetros NV - Não visibilizado R – Visibilização ruim (sem precisão) m. - músculo xi SUMÁRIO Página RESUMO.....................................................................................................xii ABSTRACT.................................................................................................xiii 1 INTRODUÇÃO...........................................................................................1 2 REVISÃO DE LITERATURA......................................................................3 3 OBJETIVOS..............................................................................................15 4 MATERIAL E MÉTODOS..........................................................................17 5 RESULTADOS..........................................................................................23 6 DISCUSSÃO............................................................................................ 34 7 CONCLUSÕES.........................................................................................43 8 REFERÊNCIAS.........................................................................................45 9 TRABALHO CIENTÍFICO..........................................................................51 xii CIASCA SANTOS, T.C. Estudo dos aspectos anatômicos da articulação temporo-hióide de equinos por meio da radiografia convencional, ultrassonografia articular e tomografia computadorizada. Botucatu, 2009. 64p. Tese (Doutorado) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Fillho”. RESUMO Este estudo teve como objetivo, utilizando para tanto 22 cabeças de cadáveres equinos sadios, obtidas em abatedouro frigorífico, avaliar comparativamente de forma minuciosa e detalhada a anatomia da articulação temporo-hióide de equinos, por meio do exame radiográfico convencional, ultrassonográfico articular e tomográfico. Ambas as articulações, direita e esquerda, foram avaliadas. As imagens obtidas pelos três métodos foram identificadas e agrupadas sob aspecto das imagens que se repetem, que se somam e que se complementam, além da realização de avaliação minuciosa das características anatômicas da articulação temporo-hióide como um todo pelos diferentes acessos diagnósticos, buscando o meio de diagnóstico menos agressivo, não invasivo, rápido e de relativo baixo custo quando comparados. Observou-se que a tomografia visibilizou sempre de forma clara, ou seja, com melhor qualidade e precisão, todas as características e estruturas avaliadas. Já o raios-x e a ultrassononografia variaram bastante, algumas vezes de forma positiva, em concordância com a tomografia, outras nem tanto, limitando a avaliação de determinadas estruturas por estes métodos. Os três métodos de diagnóstico demonstraram uma concordância plena significativa (93,18%) apenas em relação à sua localização anatômica, o que não significa que os três métodos não podem gerar informações adicionais de grande valia. Concluiu-se que a TC é superior aos outros métodos, porém os três podem ser aliados no sentido de que se complementam, repetindo e somando imagens e informações importantes na escolha de um tratamento e na avaliação de seu prognóstico. Estes resultados propõem referências de abordagem que adicionarão informações na avaliação da região da articulação temporo-hióide dos equinos. Palavras chave: articulação temporo-hióide, equinos, radiografia convencional, tomografia computadorizada, ultrassonografia articular. xiii CIASCA SANTOS, T.C. Anatomic aspects study of equine temporohyoid joint by radiography, joint ultrasound and computed tomography. Botucatu, 2009. 64p. Tese (Doutorado) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Fillho”. ABSTRACT Twenty-two equine heads obtained from healthy slaughtered horses were analyzed through conventional radiography, articular ultrasonography and Computed Tomography (CT). Both left and right joints were evaluated. Images obtained by the three methods were identified and grouped according to different aspects: repeated images, added images and complementary images. In addition, images were thoroughly evaluated for anatomical characteristics of the temporohyoid joint as a whole by the different diagnostic accesses, in an attempt to obtain a less aggressive, non-invasive, fast and relatively inexpensive diagnosis. Tomography always showed the evaluated characteristics and structures very clearly, i.e., with better quality and precision. In contrast, x-ray and ultrasonography varied significantly, sometimes positively, in agreement with tomography, and in other instances negatively, limiting the evaluation of certain structures by those methods. The three diagnostic methods showed a significant concordance (93.18%) only in relation to the anatomical localization. This, however, does not mean that the three methods may not generate additional useful information. It was concluded that CT is a superior method than the others, although the three methods are complementary and can be combined, by repeating and adding important images and information when choosing a treatment and in the evaluation of the prognostics. These results define a reference of access that will add information in the evaluation of the equines temporohyoid joint. Keywords: temporohyoid joint, equines, conventional radiography, computed tomography, articular ultrasonography. 1 INTRODUÇÃO 2 INTRODUÇÃO A articulação temporo-hióide compreende a extremidade proximal do osso estilo-hióide e a região ventral da porção petrosa do osso temporal (SISSON, 1975). Essa articulação, quando acometida por alterações, além de acarretarem perdas econômicas, são mal diagnosticadas chegando a serem imprópria e genericamente chamadas de otites médias, decorrente da falta de conhecimento, ou pela ausência de métodos diagnósticos mais precisos. Com os avanços tecnológicos dos métodos de diagnóstico por imagem, estudos mais detalhados vem proporcionando uma avaliação minuciosa da articulação temporo-hióide de equinos, permitindo maior eficiência e sensibilidade no diagnóstico das alterações que possam acometê-la. A utilização de métodos de diagnóstico como a Ultrassonografia Articular e a Tomografia Computadorizada, além da radiografia convencional, que continua sendo um importante exame de diagnóstico auxiliar em veterinária, virão acrescentar uma melhor definição das estruturas anatômicas imagenológicas que compõem a articulação temporo-hióide, proporcionando um conhecimento mais adequado e detalhado destas estruturas. Desta forma, tendo em vista a incidência de alterações nesta articulação dos equinos e a escassez de informações sobre o estudo imagenológico destas na literatura veterinária, esta pesquisa visa por meio da avaliação dos exames radiográfico convencional, ultrassonográfico articular e tomográfico, caracterizar as estruturas anatômicas encontradas nestas modalidades de diagnóstico por imagem, buscando acrescentar informações e demonstrar a importância e o valor diagnóstico e prognóstico destes exames na articulação temporo-hióide. 3 REVISÃO DE LITERATURA 4 REVISÃO DE LITERATURA A articulação temporo-hióide (ATH) é uma sincondrose, na qual a parte petrosa do temporal é presa à extremidade proximal do osso estilo-hióide pela cartilagem timpano-hióide. Esta última possui aproximadamente 1 a 1,5 cm de comprimento. O eixo de movimento é transversal, passando através de ambas as ATH, integrando o aparelho de suspensão do hióide na base do crânio (SISSON, 1975). Assim sendo, a ATH é composta pelo ângulo articular do osso estilo-hióide (timpano-hióide) e pela região ventral (processo estilóide) da parte petrosa do osso temporal. A principal alteração que acomete a ATH e mais descrita na literatura veterinária é a chamada osteoartropatia da região (BLYTHE & WATROUS, 1997). Blythe et al. (1984) propuseram que a osteoartropatia temporo-hióide (OTH) é o resultado de um processo crônico secundário a otite média. Eles especularam que a otite média resulta em osteíte da bula timpânica, que então se estende ventralmente envolvendo os ossos e a cartilagem da ATH, levando a alterações artríticas (principalmente espessamento do osso estilo-hióide) e eventual fusão desta articulação. Esta etiologia de doença infecciosa foi mantida pela presença de exsudatos protéicos na cavidade timpânica ou infiltrado inflamatório na superfície mucosa da bula timpânica observados durante a necropsia de três equinos com OTH (BLYTHE et al., 1991; BLYTHE,1997). Além disso, a retirada de fluido contendo aumento de proteínas e células após timpanocentese em alguns equinos com sinais clínicos de balançar de cabeça e evidência radiográfica de OTH também têm sido usado para dar suporte à causa infecciosa. Alguns equinos com OTH e subseqüente fratura da parte petrosa do temporal têm alterações citológicas no líquido cérebro-espinhal consistentes com meningite bacteriana (BLYTHE et al., 1991). Doença articular degenerativa e trauma são ambas consideradas possíveis causas alternativas. E o destino mais provável de uma sincondrose, como a ATH, respondendo a estas alterações, é sua conversão a sinostose (JOHNSON et al., 2001). Alternativamente, sugeriu-se que a OTH poderia desenvolver-se devido à degeneração primária da ATH (BLYTHE, 1997; WALKER et al., 2002). 5 Segundo Geiser et al. (1988), existe estreita relação entre o meato acústico interno, o canal facial, o forame estilomastóide e o aparato hióide com a parte petrosa do temporal (área articular do osso estilo-hióide). Doenças envolvendo a parte petrosa do temporal, a bula timpânica e o aparato hióide podem apresentar vários sinais neurológicos. Estes sinais serão de graus variados dependendo da causa e da extensão das lesões produzidas. A OTH é uma desordem neurológica de equinos caracterizada por início agudo de disfunção dos nervos cranianos com proliferação óssea da ATH e da porção proximal do osso estilo-hióide, causando por fim a fusão da ATH (WALKER et al., 2001). Durante a progressão da doença, quando a osteíte da bula timpânica estende-se para a ATH, esta se torna artrítica, espessada, e subseqüentemente anquilosada devido à proliferação óssea local. Com a perda da mobilidade da ATH, as forças normais geradas pela movimentação da língua e da laringe transmitidas através dos ossos do aparato hióide podem causar fraturas por estresse do osso estilo-hióide ou da porção petrosa do osso temporal. Quando a fratura envolve a parte petrosa do temporal, ela provavelmente terá sua linha de fratura entre a junção densa da porção petrosa e a fina parede da bula timpânica, freqüentemente se estendendo e envolvendo estruturas nervosas do meato acústico interno. A partir destas alterações manifestam-se os sinais clínicos neurológicos devido ao comprometimento de nervos cranianos adjacentes (BLYTHE et al., 1991). Os nervos cranianos que geralmente são afetados por anormalidades ocorridas na parte petrosa do temporal e no aparato hióide incluem os nervos facial (VII par) e vestibulococlear (VIII par), por estarem diretamente associados a estes ossos (FIRTH, 1977; BORGES et al., 2003). Além destes dois nervos, a inervação parassimpática do olho e a inervação simpática da cabeça podem estar envolvidas, pois também possuem íntima relação anatômica com a parte petrosa do temporal. O nervo facial origina-se caudal a ponte, em íntima relação com o nervo vestibulococlear. Ambos cursam juntos até o meato acústico interno, onde se separam. O nervo facial atravessa o canal da parte petrosa do temporal e sai do crânio via forame estilomastóide. Já o vestibulococlear divide-se nas porções vestibular e coclear sendo distribuído para estruturas vestibulares e auditórias apropriadas (GEISER et al., 1988). 6 Por ter este trajeto, o envolvimento do nervo facial tem sido associado às doenças do sistema nervoso central como meningites e várias alterações periféricas incluindo otites médias e doenças das bolsas guturais, bem como, as neurites idiopáticas e a síndrome da cauda equina (DELAHUNTA, 1977; SPURLOCK et al., 1989). Com os sinais clínicos de paralisia do nervo facial observam-se paralisia auricular e palpebral no lado afetado, acúmulo de alimento na cavidade bucal, lábio superior desviado para o lado oposto ao da lesão, podendo ainda haver dificuldade de deglutir por envolvimento dos nervos glossofaríngeo (IX par) e vago (X par). Ocorre também redução na secreção da glândula lacrimal em virtude dos danos na inervação parassimpática, levando à úlcera de córnea (BLYTHE, 1997; BLYTHE & WATROUS, 1997). Os sinais clínicos de comprometimento do VIII par de nervos craniano são: hipotonia dos músculos extensores no lado afetado, resultando em ataxia assimétrica; rotação de cabeça para o lado comprometido e nistagmo espontâneo com fase rápida contrária (BLYTHE, 1997; JOHNSON et al., 2001; NATHAN, 2002). Algumas diretrizes devem ser observadas durante um exame de nervos cranianos: (1) Quanto mais periférico for o nervo envolvido, menores serão os sinais clínicos apresentados. (2) Quando os sinais clínicos indicarem o envolvimento de mais de um nervo craniano, deve-se suspeitar de uma lesão mais central – onde os nervos envolvidos possuem íntima relação anatômica. (3) Quando há suspeita de lesão central, esta pode ser localizada comparando- se os sinais clínicos com aqueles esperados quando as estruturas adjacentes a este nervo também são afetadas. (4) Quando os sinais clínicos não sugerirem uma única lesão, deve-se suspeitar de lesões multifocais ou difusas. (5) Quando há ataxia, fraqueza e depressão mental, deve-se assegurar a presença de uma lesão central envolvendo outras áreas do cérebro (GEISER et al., 1988). Equinos com OTH têm um prognóstico que pode variar de razoável a bom em retornar a algum tipo de função atlética. Entretanto, na maioria dos casos restará alguma seqüela da disfunção dos nervos cranianos e possivelmente levará um ano ou mais para que uma evidente melhora ocorra. Embora um risco de recorrência dos sinais clínicos agudos exista, este não parece ser comum em animais afetados (WALKER et al., 2001). 7 Um minucioso e completo exame físico e neurológico é necessário em todos os animais que apresentarem sinais clínicos de dor à palpação da base auricular, balançar de cabeça, relutância ao uso de bridão e em apreensão de alimentos com conseqüente perda de peso. É muito importante ter conhecimento de que, uma vez que ocorra a fusão da ATH pela proliferação óssea local causada pela artrite, os sinais clínicos de balançar de cabeça e dor podem cessar, e provavelmente advenha uma fratura da parte petrosa do osso temporal como consequência e um início de apresentação dos sinais neurológicos descritos acima pela proximidade anatômica dos VII e VIII nervos cranianos ao local de fratura. Reflete-se aí a importância de se realizar exames diagnósticos complementares, para que se diagnostiquem com antecedência estas alterações, evitando-se assim, através de tratamento prévio e profilático, seqüelas e perdas econômicas futuras (BLYTHE, 1997). As modalidades de diagnóstico por imagens disponíveis para diagnosticar alterações na ATH incluem a radiografia convencional, a endoscopia, a tomografia computadorizada e a cintilografia (BARAKZAI & WEAVER, 2005). O exame endoscópico desta articulação, pelo interior das bolsas guturais tem sido citado por sua rapidez e sensibilidade em detectar mudanças ósseas advindas de otite média e interna nos equinos. Esta técnica, apesar de relativamente invasiva, não requer anestesia do animal e não utiliza radiação ionizante, o que a destaca quando comparada à radiografia convencional. Porém, em alguns casos onde a proliferação óssea local e o processo inflamatório são intensos, este procedimento torna-se incômodo e doloroso para o animal, além de dificultar uma observação mais detalhada e completa da ATH (BLYTHE, 1997). O exame endoscópico do osso estilo-hióide através da bolsa gutural tem sido o mais amplamente usado, sensível e principalmente utilizado no diagnóstico da OTH, além de mais acessível a muitos veterinários. Deve-se sempre ter em mente que muitos equinos apresentam alterações bilaterais, sendo assim prudente examinar sempre ambos os lados (HASSEL et al., 1995; WALKER et al., 2002). A interpretação radiográfica da ATH pode ser difícil devido à complexa anatomia da região, com tecidos moles, osso e ar circundando as áreas de interesse. Em um estudo retrospectivo de 33 casos, as anormalidades radiográficas foram apenas evidentes em 83% dos equinos com OTH 8 (WALKER et al., 2002). No entanto, com cuidado, a radiografia convencional pode diagnosticar e possibilitar a visibilização de uma fratura. Geralmente radiografias laterais e laterais oblíquas são realizadas em animais sedados, permitindo a visibilização da região proximal do estilo-hióide. Radiografias dorso-ventrais também são possíveis em equinos sedados e esta posição permite a comparação entre as articulações direita e esquerda. Já as radiografias ventro-dorsais necessitam de anestesia geral, assim como naqueles animais que apresentam ataxia ou movimentos bruscos de cabeça (BIERVLIET & PIERCY, 2006). As alterações radiográficas que podem ser visibilizadas pelo método incluem aumento de radiopacidade da bula timpânica, espessamento da articulação, alargamento ósseo da região proximal do osso estilóide e, mais raramente, espessamento do meato acústico externo (BLYTHE, 1997). Em alguns casos, pode-se evidenciar linha de fratura na porção petrosa do osso temporal na radiografia lateral, porém, em vários animais que possuem fraturas, estas não são visíveis radiograficamente. Devido à sobreposição dos ossos estilo-hióides, das ATH e do ramo da mandíbula, o grau de comprometimento de cada ATH pode não ser estabelecido por este método (YADERNUK, 2003). Segundo Blythe et al. (1991) a radiografia lateral oblíqua provê a melhor visão para demonstrar a extensão do envolvimento do osso estilo-hióide, e em alguns casos, fratura da parte petrosa do temporal que está associada a um grande número de casos apresentando sinais neurológicos. Outro procedimento usado é a transtimpanocentese, para análise do líquido aspirado da região do ouvido interno. Após assepsia da região, um otoscópio é usado para localizar a membrana timpânica e direcionar a agulha que transpassa esta em direção à bula timpânica. Solução salina estéril é injetada na cavidade timpânica e após cinco segundos é retirada. Uma amostra positiva consiste na retirada de líquido turvo e/ou amarelado. Esta técnica foi trazida da medicina humana e é útil, apesar de demorada e invasiva, em casos de otite média e/ou fase inicial de OTH, onde mudanças ósseas podem ser difíceis de serem visibilizadas em radiografias simples. Porém, ela é mais difícil de ser realizada em equinos por seu longo e angulado meato acústico externo e dificuldade de limpeza deste antes do procedimento. É recomendada tranqüilização e limpeza da orelha antes da anestesia (BLYTHE et al., 1991). 9 É importante reconhecer esta síndrome (OTH) nos equinos e diferenciá-la de outras doenças bacterianas ou virais que acometem o sistema nervoso central acarretando piores prognósticos. Em alguns casos, principalmente naqueles em que se suspeita ou já se evidenciam déficits neurológicos no animal, a análise do líquido cerebrospinal também é útil visando isolar bactérias ou outros tipos celulares e proteínas (BLYTHE, 1997). A Ultrassonografia Articular vem sendo lentamente introduzida na medicina veterinária e ainda é um desafio para a maioria dos profissionais da área. Ela é capaz de prover informação complementar, mas é preciso cuidado, treinamento e técnica adequada. O seu grande desafio é identificar uma janela acústica adequada para a avaliação de uma articulação. Para isso, vários ângulos de acesso são necessários e ainda assim, certas regiões permanecem inacessíveis. Recomenda-se sempre que se realize a avaliação da articulação contra lateral para servir de comparação. Transdutores lineares de freqüência de 7,5 e 10 MHz são os de escolha para avaliações articulares, por tratar-se de regiões superficiais do corpo do animal (SAMII & LONG, 2002). O exame tomográfico, por sua vez, é capaz de identificar com precisão a anatomia de uma determinada região de interesse, como também definir as lesões ósseas em locais de limitado acesso por outros métodos. É muito útil, por exemplo, em regiões como o crânio equino, que possui formato único, apresentando sobreposições de ossos e perda de definições da imagem de estruturas por interferência causada pelos tecidos moles, quando avaliado radiograficamente (ROSENSTEIN et al., 1999). A tomografia computadorizada (TC) permite excepcional visibilização do envolvimento ósseo, incluindo a visibilização de lesões ósseas proliferativas e a delimitação precisa de fraturas que freqüentemente não são visíveis radiograficamente (WALKER et al., 2002). Enquanto a TC se estabeleceu na medicina humana como primeira ferramenta da neurologia, em equinos, a técnica é mais comumente aplicada na avaliação de doenças dentárias e dos seios nasais. Ela também é útil na identificação de fraturas complicadas ou ocultas, o que permite a implantação de um tratamento mais específico e até mais efetivo (BARBEE, 1996). Uma importante função da TC é a mensuração da densidade (em unidades Hounsfield = HU) de qualquer região de interesse do campo de visão. Além disso, a identificação de órgãos e análise de alterações patológicas é possível 10 (TIETJE et al., 1996). A possibilidade de reconstruções de imagens do método permite a exata determinação do posicionamento e extensão de estruturas alteradas. Uma reconstrução tridimensional pode também ser de grande ajuda em estabelecer a relação entre fragmentos fraturados e outras estruturas (DIK, 1995). Conhecimento de anatomia seccional é muito importante para a aplicação deste método diagnóstico. Deve-se ter cuidado também em posicionar a cabeça do animal simetricamente, pois desvios mínimos podem dificultar a avaliação da imagem obtida e até levar a erros de interpretação. A TC pode ser indicada na avaliação de quase todas as regiões da cabeça dos equinos, onde informações insuficientes são conseguidas utilizando-se qualquer outro método de diagnóstico. As vantagens da TC aparecem quando cortes finos são usados na avaliação do meato acústico externo, da parte petrosa do temporal e da ATH. Em suma, a TC pode trazer importante informação adicional em numerosas doenças da cabeça dos equinos, devendo ser considerada justificável apesar de seu alto custo e do risco associado à anestesia. Ela também permite uma rara avaliação dos sinais neurológicos e de suas possíveis causas (TIETJE et al., 1996). Rosenstein et al. (1999), realizaram estudo avaliando a anatomia da articulação temporo-mandibular (ATM) em sete cabeças de cadáveres equinos utilizando a Tomografia Computadorizada, concluindo que a proximidade existente entre a ATM e a ATH pode ser muito importante em cavalos que apresentem lesões osteoproliferativas da ATH, podendo levar a alterações no funcionamento da ATM. Newton & Knottenbelt (1999) estudaram a doença vestibular em dois equinos, um apresentando otite média e outro OTH. Foi encontrada dificuldade em distinguir a verdadeira etiologia da doença vestibular devido à similaridade nas apresentações. Um dos casos demonstrou uma fratura que foi considerada primária do osso estilo-hióide, devido à incomum ausência de alterações ósseas na ATH e na bula timpânica, demonstrando que sinais vestibulares podem se desenvolver na ausência de mudanças osteoartríticas extensas. Segundo Cornelisse et al. (2001), que realizaram estudo utilizando a TC para determinar o efeito da protrusão da língua na modificação anatômica do aparato hióide, a ATH é praticamente a que sofre mínima alteração (não 11 significativa estatisticamente) durante esta movimentação. É descrito também que, das articulações do aparato hióide, a articulação com quase nenhuma mobilidade quando comparada às demais, é a ATH. klene (2004) apresentou um caso de OTH em um equino de 17 anos, em um seminário na Universidade de Cornell, onde disse haver muita controvérsia quanto a relação entre as alterações osteoartríticas vistas na doença, e a participação da otite média/interna nesta patogênese. A etiologia precisa desta doença ainda é desconhecida. Alguns afirmam que as mudanças ósseas da região temporo-hióide iniciam-se da extensão regional de uma otite média/interna (BLYTHE, 1997). Outra sugestão é que a lesão é uma doença degenerativa articular. Assim, embora o histórico de trauma raramente acompanhe estes casos, eventos traumáticos despercebidos ou trauma iatrogênico secundário a exame dental ou uso de espéculo bucal são hipóteses que podem levar ao remodelamento ósseo (JOHNSON et al., 2001). Maior suporte de caracterização da doença como doença articular degenerativa primária vem de achados acidentais de alterações compatíveis com OTH em equinos sem história clínica de otite nem de sinais vestibulares (BLYTHE, 1997). As alterações osteoartríticas na região proximal do osso estilo-hióide, bula timpânica e parte petrosa do temporal progridem irreversivelmente, diminuindo a mobilidade da ATH até ocorrer anquilose. A fusão da ATH predispõe, por sua vez, a fraturas do estilo-hióide ou da parte petrosa do temporal como resultado da diminuição da mobilidade da articulação contra os movimentos normais da língua e laringe, que transferem forças sobre esta. Klene (2004) concluiu que a esclerose da bula timpânica e a proliferação óssea na região proximal do estilo-hióide e da ATH podem ser visíveis em radiografias convencionais, porém são melhores observadas com a utilização de métodos diagnósticos mais precisos, como a TC e a ressonância magnética (RM). Estas últimas são técnicas avançadas que requerem anestesia geral, mas podem ser muito mais sensíveis em identificar fraturas ou lesões em partes moles adjacentes. Ainda em 2004, Pease et al. estudaram as complicações da estilohioidectomia parcial proposta por Blythe et al. (1994) e demonstraram uma alternativa cirúrgica para a técnica em três casos de OTH. Trata-se da chamada ceratohioidectomia, que possui as seguintes vantagens: 12 desarticulação de ossos via retirada de cartilagens entre eles, o que não incentiva o remodelamento ósseo adjacente; remoção de periósteo removendo as células osteogênicas evitando a união entre o basohióide e o estilo-hióide; e a não produção de fragmentos ósseos pontiagudos no processo, evitando danos em estruturas adjacentes. Concluíram que embora o uso da TC esteja limitado pelo seu custo e disponibilidade, esta modalidade diagnóstica é considerada superior à radiografia convencional e comparável a endoscopia pelas bolsas guturais na detecção da OTH, sendo superior a todas as outras modalidades na detecção de líquido no canal auditivo externo e médio. Além disso, concluíram que a ceratohioidectomia profilática pode potencialmente tornar-se um procedimento fácil de se alcançar os mesmos efeitos da estilohioidectomia, porém sem o risco de remodelamento ósseo local, danos aos nervos cranianos ou a artérias e veias linguais. Frame et al. (2005) utilizaram a cintilografia num caso de OTH para avaliar a atividade metabólica desta região. Observaram um aumento focal na marcação óssea na região do temporal esquerdo, entre as áreas de marcação normal das articulações temporo-mandibular e occipito-atlantal. Concluíram que a cintilografia óssea é um detector sensível de certas anormalidades ósseas. Processos que causam aumento no metabolismo ósseo e em sua vascularização causam um aumento na marcação, resultando em imagens nucleares positivas, antes que alterações radiográficas sejam detectadas. A cintilografia permite a confirmação de processos bilaterais suspeitos radiograficamente e mostra estas áreas de alterações ósseas metabolicamente ativas. Barakzai e Weaver (2005) comentaram a publicação de Frame et al. (2005) observando que além da cintilografia avaliada, radiografias convencionais, ultrassonografia, TC e RM são meios de diagnóstico por imagem muito úteis no estudo da região temporo-hióide dos equinos. Radiografias laterais do crânio (realizadas com pequena angulação que permita diferenciação entre lados direito e esquerdo) são as mais úteis na avaliação dos ossos estilo-hióide evidenciando espessamento, proliferação periosteal ou fraturas. Radiografias dorso-ventrais do crânio permitem a comparação entre as bulas timpânicas, direita e esquerda, e entre as ATH, porém qualquer distorção rotacional pode complicar esta comparação. A 13 presença de doença bilateral também pode reduzir a sensibilidade do método. O exame ultrassonográfico desta região não tem sido descrito, e deve ter seu valor limitado devido à inabilidade na formação da imagem através do ar localizado nas bolsas guturais e do osso (ramo vertical da mandíbula). Chalmers et al. (2006) relataram caso de um equino apresentando alterações à endoscopia sugestivas de deslocamento dorsal do palato mole (inchaço do lado direito com obstrução parcial da faringe), porém este não respondeu ao tratamento. Foi então realizada a TC após anestesia geral do animal. Uma fratura transversa com mínimo desvio do eixo ósseo no osso estilo-hióide direito, com aumento de volume de tecidos moles adjacentes foi evidenciada por este método diagnóstico. A compressão da faringe foi então atribuída a este aumento de volume ao redor da lesão. Realizou-se reconstrução tridimensional do aparato hióide para auxiliar o planejamento cirúrgico. Concluiu-se que a TC é uma importante ferramenta em diagnosticar lesões na cabeça de equinos e que, neste caso, a TC foi o método de diagnóstico por imagem verdadeiramente útil em avaliar as lesões e estruturas normais adjacentes, cujas informações facilitaram o sucesso cirúrgico e o retorno do animal às corridas. Ernst et al. (2006) descreveram um caso de progressão de micose em bolsa gutural esquerda após oclusão arterial (carótida interna esquerda) em um equino com OTH contra lateral. Foi realizada ceratohioidectomia direita e oclusão da carótida interna esquerda. A égua melhorou em quatro semanas, porém houve progressão do crescimento micótico na bolsa gutural esquerda e o animal acabou sendo eutanasiado. Concluíram que embora a lesão micótica na bolsa gutural esquerda tivesse sido um achado acidental no exame inicial, a lesão progrediu causando disfagia e síndrome de Horner após a oclusão da carótida interna esquerda, um tratamento que é freqüentemente curativo desta enfermidade. Assim, a oclusão arterial não é necessariamente um método seguro na resolução da micose de bolsas guturais. Ainda em 2006, Divers et al. observaram que a osteoartropatia temporo- hióide e as fraturas destes ossos são causas comuns de paralisia do nervo facial e/ou doença vestibular em equinos adultos. Aproximadamente 50% deles recuperam-se após tratamento médico com antibióticos e antiinflamatórios. Uma ceratohioidectomia é recomendada para prevenir fraturas adicionais e a 14 recorrência de sinais clínicos. A TC provê uma excelente avaliação óssea nestes casos, mas requer anestesia geral, o que não é indicado se houver sinais agudos de alteração vestibular. Se procedimentos cirúrgicos para diminuir a chance de outras fraturas forem utilizados, a TC e a cirurgia devem ser realizadas simultaneamente (TC seguida da cirurgia) com uma mesma anestesia. Ceratoconjuntivite seca é uma complicação freqüente nos casos de paralisia do nervo facial, e os autores também descrevem uma tarsorrafia parcial útil em prevenir esta complicação. Em 2007, Rodriguez et al. utilizaram um transdutor linear de 11 MHz para obter imagens longitudinais da ATM, justificando a utilização deste transdutor pela superficialidade da estrutura avaliada, com objetivo de estudar a anatomia desta articulação em equinos saudáveis. Seus resultados definiram uma referência que pode ajudar na avaliação ultrassonográfica articular desta região, porém foi notória, após uma hora da eutanásia, uma perda da qualidade de imagem, principalmente com um decréscimo no contraste entre estruturas, provavelmente causado pela perda de líquido pós-mortem. 15 OBJETIVOS 16 OBJETIVOS Este estudo teve como objetivo, utilizando para tanto 22 cabeças de cadáveres equinos sadios: • Avaliar comparativamente de forma minuciosa e detalhada a anatomia da ATH de equinos, por meio do exame radiográfico convencional, ultrassonográfico articular e tomográfico. • Correlacionar às imagens da ATH, fornecidas pelos três métodos diagnósticos, estimando qual dos métodos fornece os melhores detalhes imagenológicos dos aspectos anatômicos da região, para uma melhor visibilização de eventuais alterações, buscando um meio de diagnóstico rápido, menos agressivo e não invasivo, quando comparados. 17 MATERIAL E MÉTODOS 18 MATERIAL E MÉTODOS Para o estudo imagenológico da ATH foram utilizadas 22 cabeças de cadáveres equinos, com idade entre 6 – 20 anos e peso de 200 - 400 kg, obtidas em abatedouro frigorífico sob inspeção da Polícia Federal localizado em Apucarana – PR, cuja carne é destinada à exportação à União Européia, tendo como veterinário responsável o Dr. Gércio Luiz Bonesi. As cabeças foram desarticuladas na articulação atlanto-occipital, assim sendo não possuíam pescoço; foram trazidas à FMVZ- UNESP - Botucatu, lavadas e armazenadas em câmara fria. Primeiramente foi realizado um estudo anatômico da ATH através da dissecação de uma cabeça de descarte (ou seja, que não sofreu necropsia) do Serviço de Patologia da FMVZ – UNESP – Botucatu. Este estudo teve por objetivo a localização das estruturas anatômicas envolvidas na ATH, mensuração de suas distâncias e observação de detalhes como a relação anatômica, distância e profundidade em relação às estruturas adjacentes, com precisão (Figura 1). FIGURA 1: Localização da ATH (seta) Após a dissecação, esta cabeça foi macerada e sua estrutura óssea montada para se ter a noção exata da localização da articulação (Figuras 2 e 3), pois esqueletos montados freqüentemente não apresentam esta articulação, 19 que na maioria das vezes se perde na retirada da língua que leva com ela o aparato hióide como um todo. FIGURA 2: Cabeça macerada e montada apresentando a ATH (seta) FIGURA 3: Zoom da ATH (entre setas) 20 No Serviço de Diagnóstico por Imagem foram realizados os seguintes exames: exame radiográfico convencional de crânio, exame ultrassonográfico articular da ATH e exame tomográfico simples (não contrastado) da ATH. EXAME RADIOGRÁFICO O exame radiográfico simples ou convencional das 22 cabeças obtidas no abatedouro foi realizado em aparelho de radiodiagnóstico, marca Phillips de capacidade de 500 mA e 125 kV, contendo mesa radiológica portando grade antidifusora. Utilizou-se a distância foco filme de 90 cm. O chassi utilizado foi o de tamanho 30 x 40 cm, carregado com filme da marca BRAF1 e o processo de revelação e fixação ocorreu em processadora automática MX-2 (Macrotec®). Foram realizadas radiografias nas seguintes projeções: ventro-dorsal e lateral oblíqua direita e esquerda (ângulo de aproximadamente 15 graus), buscando a melhor visibilização da ATH. As radiografias foram então identificadas e separadas por animal. As técnicas radiográficas utilizadas foram baseadas em método que relaciona a quilovoltagem e a miliamperagem- segundo com a espessura da região a ser radiografada. EXAME TOMOGRÁFICO O exame de Tomografia Computadorizada da ATH realizou-se em equipamento helicoidal de marca SHIMAZU, modelo SCT7800TC. Utilizou-se técnica de 120kv, 150 mA, a cada 2 segundos, angulação 0. A espessura dos cortes foi de 2,0 e 1,0 mm com incremento de mesa de 2,0 e 1,0 mm entre os cortes, otimizando a visibilização de detalhes anatômicos. As imagens foram armazenadas em CD-R, identificadas e separadas por animal. As reconstruções tridimensionais foram realizadas no serviço de Diagnóstico por Imagem da FMVZ – UNESP – Botucatu, utilizando software eFilm Lite2. Estas reconstruções também foram todas armazenadas em CD-R, identificadas e separadas por animal. 1 Kodak Brasileira Comércio e Indústria Ltda. 2 MERGE Healthcare - Copyright ©1998-2005, Merge eMed 21 EXAME ULTRASSONOGRÁFICO ARTICULAR Foi realizado um exame ultrassonográfico piloto com aparelho marca GE modelo LOGIQ 3 com transdutores lineares de freqüência de 6, 8 e 10MHz da ATH em equino vivo da FMVZ – UNESP – Botucatu, visando determinar o melhor posicionamento do transdutor para a visibilização das ATHs. O plano sagital (longitudinal) foi o escolhido, por impossibilidade dos demais planos alcançarem a ATH (Figura 4), devido a sua estreita localização entre a ATM e o processo mastóide. Em seguida ao exame tomográfico, após tricotomia da região, foi realizado o estudo ultrassonográfico articular de ambas as articulações direita e esquerda. As imagens adquiridas foram identificadas, impressas em papel sonográfico3 e separadas por animal. FIGURA 4: Demonstração do posicionamento do transdutor durante exame ultrassonográfico da ATH. 3 Sony – Type II – UPP-110HD – High Density Printing Paper 22 ANÁLISE DOS EXAMES Todas as imagens, adquiridas pelos três métodos de diagnóstico por imagem utilizados neste estudo, foram agrupadas sob aspecto das imagens que se repetem, que somam e que se complementam, além da realização de avaliação minuciosa das características anatômicas da ATH como um todo pelos diferentes acessos diagnósticos. O estudo das associações entre os três métodos de diagnóstico na avaliação das ATH das cabeças equinas realizou-se pelo Teste de Associação de Goodman considerando-se os contrastes entre e dentro das categorias de resposta (GOODMAN, 1964; 1965). Todas as discussões foram realizadas no nível de 5% de significância (MONTGOMERY, 1991). 23 RESULTADOS 24 RESULTADOS Observou-se pelo estudo anatômico de dissecação de uma cabeça, que a ATH não se localiza tão superficialmente, encontrando-se a aproximadamente 4 cm de profundidade da pele (Figura 5) e a aproximadamente 5 cm de distância da ATM (Figura 6), localizando-se ainda bastante próxima ao meato acústico externo (Figura 7). FIGURA 5: ATH (extremidade da régua) e sua profundidade de aproximadamente 4 cm em relação à pele do animal. Osso estilo-hióide, extremidade proximal (seta). FIGURA 6: Distância de aproximadamente 5 cm entre a ATH e a ATM. ATM não dissecada (estrela). 25 FIGURA 7: Distância entre o meato acústico externo e a ATH. Meato acústico externo (marcador de ferro). ATH (seta). As imagens obtidas pelos três métodos de diagnóstico foram agrupadas de acordo com a possibilidade e qualidade da visibilização das seguintes estruturas anatômicas e características: Localização anatômica da ATH Trabeculado ósseo Superfície e continuidade óssea do osso estilo-hióide Segmento vertical do estilo-hióide Segmento oblíquo do estilo-hióide Parte petrosa do temporal Processo estilóide da parte petrosa do temporal Tecidos moles adjacentes Aspecto caudal do estilo-hióide Tímpano-hióide Cartilagem timpano-hióide ou artro-hióide Meato acústico externo 26 Pelo estudo ultrassonográfico articular da ATH observou-se as seguintes estruturas anatômicas (Figuras 8 AB e 9 AB): FIGURA 8: Em A: Sonograma da ATH direita da cabeça nº10 mostrando a parte petrosa do temporal, a ATH e superfície óssea proximal do estilo-hióide. Em B: Direcionamento sagital do transdutor linear para realização do exame ultrassonográfico representado em amarelo. FIGURA 9: Sonograma da ATH direita da cabeça nº10. Em A: parte petrosa do temporal, articulação temporo hióide (ATH) e superfície óssea do estilo-hióide. Em B: superfície óssea do estilo-hióide. Pelo estudo radiográfico da ATH observou-se as seguintes estruturas anatômicas (Figuras 10 e 11): A B A B 27 FIGURA 10: Radiografia convencional em projeção ventro-dorsal possibilitando visibilização da ATH direita e esquerda (setas). D: lado direito. 1, côndilo do occipital; 2, forame magno e crista nucal; 3, processo paracondilar; 4, bula timpânica; 5, basoccipital; 6, arco zigomático; 7, ramo da mandíbula; 8, estilo- hióide; 9, região dos turbinados do etmóide; 10, vômer; 11, bolsa gutural (compartimento medial); 12, basoesfenóide. FIGURA 11: Radiografia convencional em projeção lateral oblíqua direita da ATH (seta). 1, terceiro molar superior; 2, turbinados do etmóide; 3, nasofaringe; 4, estilo-hióide; 5, mandíbula; 6, bula timpânica; 7, ATM; 8, basoccipital; 9, crista nucal;10, protuberância occipital externa. D 3 10 11 2 10 12 28 Pelo estudo tomográfico da ATH, observou-se as seguintes estruturas anatômicas (Figuras 12, 13 ABC, 14, 15 e 16): FIGURA 12: Tomografia computadorizada do crânio mostrando o local exato da ATH (seta). 1, osso parietal; 2, m. temporal; 3, hemisfério cerebral; 4, cerebelo; 5, parte petrosa do temporal; 6, cavidade timpânica; 7, bolsa gutural (compartimento medial); 8, basoccipital; 9 porção escamosa do temporal; 10, estilo-hióide; 11, m.masseter; 12 seio sagital dorsal. 3 4 5 10 11 12 29 FIGURA 13: Tomografia computadorizada do crânio mostrando o local exato da ATH (setas) em série (A, B, C). 1, osso parietal; 2, m. temporal; 3, hemisfério cerebral; 4, cerebelo; 5, parte petrosa do temporal; 6, cavidade timpânica; 7, bolsa gutural (compartimento medial); 8, basoccipital; 9 porção escamosa do temporal; 10, estilo-hióide; 11, m.masseter; 12 seio sagital dorsal; 13, ventrículo lateral. A B C1 2 3 4 9 10 11 12 13 30 FIGURA 14: Reconstrução tridimensional da TC da ATH, seta indica o processo estilo-hióide da parte petrosa do temporal. 1, timpano-hióide; 2 ângulo caudal do estilo-hióide; 3, processo paracondilar; 4, ramo vertical da mandíbula; 5, crista facial; 6, órbita; 7, arco zigomático; 8, fossa mandibular; 9, processo condilar da mandíbula; 10, processo coronóide da mandíbula. 10 31 FIGURA 15: Reconstrução tridimensional da TC da ATH, seta indica a cartilagem timpano-hióide ou artro-hióide. 1, timpano-hióide; 2, parte petrosa do temporal; 3, processo mastóide; 4, processo paracondilar; 5, basoccipital; 6, estilo-hióide; 7, osso temporal. 1 2 3 4 5 6 7 32 FIGURA 16: Reconstrução tridimensional da ATH (aparato hióide representado em azul). 1, timpano-hióide; 2, ângulo caudal do estilo-hióide; 3, segmento oblíquo do estilo-hióide; 4, segmento vertical do estilo-hióide; 5, cerato-hióide; 6, processo lingual; 7, tireo-hióide. A Tabela 1 apresenta a distribuição da qualidade de visibilização da imagem das ATHs avaliadas pela ultrassonografia articular e pela radiografia convencional em relação à avaliação pela tomografia computadorizada, de acordo com as estruturas anatômicas e características avaliadas (descritas na página 25). A qualidade de visibilização da imagem foi definida como BOA, REGULAR, RUIM (ou seja, de baixa precisão) e NÃO VISIBILIZADO. 1 2 4 3 5 67 33 TABELA 1: Distribuição da qualidade de visibilização da imagem das ATHs avaliadas pela ultrassonografia articular e pela radiografia convencional em relação à tomografia computadorizada, segundo cada característica avaliada. Ultrassonografia Raio X Característica Tomografia Computadorizada NV R REG. BOA NV R REG. BOA Localiz. anatômica BOA 0 0 2 42 0 0 1 43 Trabeculado ósseo BOA - - - - 0 0 1 43 Superf. e cont. óssea BOA 0 1 18 25 0 0 5 39 Seg. vert. estilo-hióide BOA 0 5 39 0 0 0 11 33 Seg.oblíq. estilo-hióide BOA - - - - 0 0 18 26 Parte petrosa temporal BOA 0 1 11 32 0 0 13 31 Proc estilo. da P.p.temporal BOA - - - - 4 19 11 10 Tec.moles adjacentes BOA 0 0 0 44 44 0 0 0 Aspec. caudal estilo-hióide BOA - - - - 0 2 28 14 Timpano- hióide BOA 37 7 0 0 0 1 16 27 Cartilagem Artro-hióide BOA - - - - 16 12 10 6 Meato acústico externo BOA 36 8 0 0 0 2 14 28 Legenda: NV - não visibilizado R – visibilização ruim (sem precisão) REG. – regular 34 DISCUSSÃO 35 DISCUSSÃO Neste estudo buscou-se avaliar e comparar a contribuição dos três meios de diagnóstico por imagem; RX, US e TC na avaliação da articulação temporo- hióide dos equinos, frente aos poucos estudos presentes, na literatura veterinária, sobre esta articulação, tendo em vista que na medicina humana a aplicação e a contribuição das modalidades diagnósticas seccionais já se encontram bem estabelecidas (BARAKZAI & WEAVER, 2005). Os meios de diagnóstico, US articular e TC, recentemente introduzidos na medicina veterinária equina são capazes de determinar a extensão de alterações, auxiliando na determinação do prognóstico da doença, além de auxiliar o planejamento do tratamento clínico-cirúrgico de cada caso, o que refletirá na qualidade do trabalho e da performance atlética destes animais. Na literatura veterinária existem estudos demonstrando a utilização, aplicações, princípios físicos e limitações do uso da TC em equinos (DICK, 1995; BARBEE, 1996; TIETJE et al., 1996; BARAKZAI & WEAVER, 2005; CHALMERS et al., 2006), estudos anatômicos utilizando a ultrassonografia articular na avaliação da ATM (RODRÍGUEZ et al., 2007), além de estudos comparativos entre os achados de exames radiográficos, tomográficos, endoscópicos e cintilográficos na avaliação da ATH (WALKER et al., 2002; PEASE et al., 2004; FRAME et al., 2005; DIVERS et al., 2006). Porém até o presente momento, nenhum estudo correlacionou os exames radiográficos, tomográficos e ultrassonográficos desta articulação. Assim, este estudo avaliou as ATH direita e esquerda de 22 cabeças equinas, por meio dos exames radiográfico convencional, ultrassonográfico e tomográfico, correlacionando as estruturas anatômicas do exame radiográfico, modalidade diagnóstica mais difundida na medicina veterinária, com os da TC, método de imagem seccional que vem se tornando cada vez mais acessível, e os da US articular, método que tem demonstrado ser uma excelente ferramenta no diagnóstico das alterações da ATM de equinos (RODRÍGUEZ et al., 2007). Instituiu-se desta maneira, um protocolo para uma avaliação minuciosa e detalhada dos aspectos anatômicos da ATH, que servirá como referência normal para o exame das articulações que apresentem alterações. 36 O osso temporal origina-se da fusão de várias unidades ósseas, que se encontram parcialmente separadas no animal adulto. A porção escamosa, a porção timpânica e a porção petrosa. A parte petrosa do temporal é de formato irregular e apresenta na sua face ventral alguns aspectos importantes. O processo estilo-hióide projeta-se ventral e rostralmente da base da porção óssea do meato acústico externo. Próximo e caudal ao processo estilo-hióide encontra-se o forame estilomastóide, do qual emerge o nervo facial (VII par de nervos craniano). O osso hióide desenvolve-se a partir das cartilagens do 2º e 3º arcos branquiais, articula-se com o osso temporal e a cartilagem tireóide da laringe, posicionando-se entre os ramos da mandíbula e no sentido rostral suporta a raiz da língua, a faringe e a laringe. É composto pelo basi-hióide, processo lingual, cerato-hióide, tireo-hióide, epi-hióide, estilo-hióide e o timpano-hióide. O epi-hióide encontra-se entre o cerato-hióide e o estilo-hióide, e o timpano-hióide ocupa a parte dorsal da extremidade proximal do estilo-hióide (Figura 17). FIGURA 17: Reconstrução tridimensional do aparato hióide: 1, timpano-hióide esquerdo; 2, estilo-hióide esquerdo; 3, cerato-hióide esquerdo; 4, processo lingual; 5, tireo-hióide direito; 6, epi-hióide esquerdo; 7, basi-hióide. Os estilo-hióides são lâminas delgadas de cerca de 18 a 20 cm de extensão (Figura 18), ligeiramente encurvadas em seu comprimento de modo 37 que a face lateral é côncava e a medial é convexa. A extremidade dorsal é larga e forma dois ângulos, um muscular e outro articular que está em conexão com o osso temporal. A extremidade ventral é pequena e se une com o epi- hióide no animal adulto. FIGURA 18: Osso estilo-hióide isolado após maceração. A articulação do aparelho hióide, com a base do crânio, se faz através do estilo-hióide, com o processo estilo-hióide da parte petrosa do temporal, que permite o movimento do hióide sobre o crânio (Figura 14). Estruturalmente é uma sincondrose, com relativa amplitude de movimentos, diferente das outras partes do aparelho hióide, em que o movimento é escasso. A juntura temporo-hióidea (ou ATH) é revestida por um tecido fibroso que é contínuo com o periósteo dos ossos adjacentes. Entre as duas peças ósseas encontra-se a cartilagem tímpano-hióide, que tem a forma de um cilindro cartilaginoso com aproximadamente 1 a 1,5 cm de extensão. O comprimento deste e sua flexibilidade permitem ao hióide um relativo movimento sobre o osso temporal (Figura 15). Embasado nos resultados obtidos, observou-se que a TC visibilizou sempre de forma BOA, ou seja, com melhor qualidade e precisão (Padrão- ouro), todas as características e estruturas anatômicas das ATHs avaliadas (descritas nos resultados e na Tabela 1). Já o raios-x e a ultrassonografia 38 variaram bastante quanto à qualidade de visibilização destas estruturas, algumas vezes de forma positiva, em concordância de qualidade de imagem com a TC, outras nem tanto, limitando-se assim a avaliação por estes dois métodos. Quanto a localização anatômica, observou-se 95,45% de concordância da US em relação à TC, sendo somente 4,45% discordante de BOA para REGULAR. E o RX obteve ainda melhor concordância, 97,73% em relação à TC neste quesito, com 2,27% de discordância de BOA para REGULAR. Isso demonstra uma ótima concordância entre os três métodos em localizar a ATH de maneira clara (Figuras 8 AB, 9 AB, 10, 11, 12 e 13 ABC), não deixando dúvidas sobre sua localização anatômica, o que servirá de grande auxílio no diagnóstico de qualquer alteração. Na avaliação pela US, a ATH somente aparece como a região entre a parte petrosa do temporal e o início do segmento ósseo proximal e visível do estilo-hióide (Figuras 8 AB e 9 AB). Não existe uma imagem da ATH propriamente dita no sonograma, porém sua localização anatômica pode ser precisamente direcionada por estas referências visíveis. O trabeculado ósseo só pode ser visibilizado pela TC e pelo RX (Figuras 10, 11, 14, 15 e 16), que apresentou uma concordância igual à observada em relação à localização anatômica, garantindo boa avaliação deste padrão ósseo pelo método. Quanto à superfície e continuidade óssea do osso estilo-hióide, o RX (88,64% de concordância de qualidade de imagem com a TC) mostrou-se mais preciso que a US, pois esta última apresentou apenas 56,82% dos casos de concordância em relação à TC, sendo o restante discordante, 40,91% de BOA para REGULAR e ainda 2,27% de BOA para RUIM. A US, neste caso é capaz de mostrar a superfície óssea de apenas uma porção proximal do estilo-hióide (Figura 9 B), pois existe grande dificuldade em acessar este osso mais distalmente, onde ele é encoberto pelo ramo da mandíbula, impossibilitando a formação de imagem ultrassonográfica. A visibilização em plano sagital do segmento vertical do estilo-hióide pelo US foi REGULAR (em 88,64% dos casos) e RUIM (em 11,36% dos casos) em relação a TC (Figura 16), já o RX conseguiu visibilizar esta estrutura de forma BOA em 75% dos casos, em concordância com a TC, sendo 25% discordante 39 em qualidade de imagem de BOA para REGULAR. No exame radiográfico a melhor imagem obtida desta estrutura anatômica foi no posicionamento lateral oblíquo com angulação de aproximadamente 15 graus, como mostra a figura 11. O segmento oblíquo do estilo-hióide só pôde ser visibilizado pela TC e pelo RX (59,09% de concordância de qualidade de imagem do método em relação à TC), sendo que este apresentou discordância da TC em 40,91% de BOA para REGULAR, mostrando que para avaliar esta estrutura, a melhor opção é, sem dúvida, a TC (Figura 16). A parte petrosa do temporal apresentou boa visibilidade ao RX em 70,45% dos casos, apresentando visibilidade REGULAR quando comparada à TC em 29,55% dos casos. Quanto a US, ela é capaz de avaliar a superfície óssea dessa região em 72,73% dos casos, apresentado qualidade de imagem REGULAR em 25% dos casos e RUIM em apenas 1% dos casos, quando comparada a TC. Esta estrutura anatômica é diagnosticada pela US como uma linha convexa hiperecogênica e levemente irregular, que aparece no sonograma do lado direito da imagem, logo antes da localização da ATH, seguida de uma linha mais horizontal, também hiperecogênica, que é a superfície óssea proximal do estilo-hióide. Ambas as estruturas descritas, por serem tecido ósseo, apresentam sombra acústica posterior (Figuras 8 e 9 AB). O processo estilo-hióide da parte petrosa do temporal é uma pequena barra óssea que se projeta da parte petrosa do temporal em direção a cartilagem timpano-hióide da ATH (Figura 14). Esta estrutura óssea só é visibilizada com precisão pela TC, sendo também vista pelo RX, porém com qualidade considerada RUIM de imagem. Os tecidos moles adjacentes a ATH são visibilizados pela TC e pela US (100% de concordância), porém não são vizibilizados pelo RX. Neste caso, o US e a TC apresentam concordância plena, enquanto o RX não é capaz de avaliar com precisão estes tecidos, salvo em casos de aumento de volume e radiopacidade destes, que podem acontecer em alterações significativas desta região. Observou-se pela US que a ATH não é tão superficial quanto a ATM, o que justifica a utilização de um transdutor de 6 MHz a no máximo 10 MHz. Assim como descrito por Rodríguez et al. (2007), constatou-se que a US pode prover informação diagnóstica específica sobre tecidos moles, cartilagem 40 articular e superfícies ósseas, porém, neste estudo, ocorreu uma perda de qualidade de imagem, com queda de contraste dos tecidos moles, devido a desidratação pós-eutanásia e a conservação das peças em câmara fria. O RX é capaz de visibilizar o aspecto caudal do estilo-hióide de forma REGULAR, principalmente em projeção ventro-dorsal (Figura 10), concordando em apenas 31,82% dos casos com a TC, sendo o restante discordante, 63,63% de BOA para REGULAR e 4,55% de BOA para RUIM. A US também não visibilizou o timpano-hióide na extremidade proximal do estilo-hióide em 84,09% dos casos, já o RX concorda com a TC, visibilizando de forma BOA esta estrutura em 61,37% dos casos. Pôde-se observar a dificuldade de visibilização pelo RX das estruturas anatômicas do crânio, como descrito por Yadernuk (2003) e por Rosenstein et al. (1999) devido à sobreposição de imagens e pela elaborada conformação óssea desta região. É possível visibilizar a chegada da porção proximal do osso estilo-hióide (timpanoióide) na porção petrosa do osso temporal, sem muitos detalhes anatômicos, porém com confiabilidade de posicionamento na projeção ventro- dorsal (Figura 10), assim como descrito por Barakzai e Weaver (2005); o que se complementa muito bem com a projeção lateral oblíqua (Figura 11), como foi observado por Blythe et al (1991), que possibilita visibilização da ATH isoladamente de forma precisa. Pôde-se notar que é indispensável na rotina, assim como já descrito por Biervliet & Piercy (2006), a anestesia geral do animal para que os posicionamentos ventro-dorsal e lateral oblíquo sejam realizados de forma a não restarem dúvidas na elucidação das imagens geradas por este método. A estreita barra de cartilagem desta articulação (cartilagem artro-hióide ou timpano-hióide) só é visibilizada de forma significativa pela TC, método pelo qual é possível se estimar a densidade desta estrutura em HU como descrito por Tietje et al., (1996), confirmando sua natureza cartilaginosa (Figura 15). Neste estudo observou-se uma média de 180 ± 50 HU, o que indica uma densidade maior que a do músculo (de aproximadamente 50 a 80 HU) e menor que a do osso (de aproximadamente 400 a 1000 HU). Quanto ao meato acústico externo, este não pôde ser visibilizado pela US, enquanto que o RX concordou com a TC em 63,63% dos casos. Na radiografia convencional, esta estrutura é visibilizada principalmente na projeção ventro- 41 dorsal, como duas pequenas linhas radiopacas, separadas por uma linha média radioluscente que representa o ar no canal acústico. Tratando-se de porcentagens e estatística, devemos sempre dar atenção à chamada discordância biológica do método do ponto de vista médico veterinário, ou seja, de até que ponto pode-se discordar e mesmo assim obter resultados significativos por determinado método diagnóstico. Estabeleceu-se que até 70% de concordância é considerada significativa do ponto de vista estatístico e clínico veterinário (MONTGOMERY, 1991), todavia deve-se discutir também a discordância, elucidando se esta discordância é só de BOA para REGULAR, ou se é de BOA para RUIM, sendo esta última pior principalmente do ponto de vista clínico. A localização da ATH, caudal ao processo condilar da mandíbula (parte da ATM) e cranial aos processos mastóide e paracondilar do crânio (Figuras 14 e 15), dificulta bastante o delineamento de uma janela acústica para visibilização ultrassonográfica da região. Pôde-se somente acessar a região em imagens longitudinais, não sendo possível posicionamento do transdutor transversalmente por impedimento mecânico. Neste estudo houve a certeza do posicionamento da articulação, não somente pela repetição constante das imagens em todas as cabeças, mas também por ser possível (devido à desarticulação atlanto-occipital e ausência do pescoço na peça anatômica) a palpação interna exata do local da articulação com uma mão, enquanto da realização do exame com a outra. Assim, não restando dúvidas quanto à confiabilidade na obtenção das imagens ultrassonográficas desta articulação. É possível, por este método, observar toda a superfície óssea da porção proximal do osso estilo-hióide, distinguindo-se a presença de irregularidades, além da visibilização da parte petrosa do temporal e da região anatômica da ATH (Figura 9 AB). A ultrassonografia articular pode possuir um valor limitado, como descrito por Barakzai e Weaver (2005), devido à dificuldade na obtenção de uma janela acústica adequada. Porém é notório que, sendo realizada por profissional experiente, torna-se um método de grande valia em casos de alterações de partes moles adjacentes a ATH e também na avaliação da proliferação irregular da superfície óssea como a que ocorre na osteoartropatia da ATH, que se estende para o osso estilo-hióide. Além disso, deve-se levar em conta a 42 tentativa de utilização de transdutores de menor tamanho, como os microconvexos, quando disponíveis (o que não foi possível neste estudo), visando uma melhor qualidade de obtenção de imagem da ATH. Avaliando-se as imagens tomográficas obtidas, pôde-se perceber a precisão de imagem e o auxílio diagnóstico do método, como descrito por Rosenstein et al. (1999), Walker et al. (2002) e Chalmers et al. (2006). Na visibilização das imagens tomográficas é possível analisar detalhes que não são visíveis pelos outros métodos, como o local exato de articulação do timpanohióde com a porção petrosa do osso temporal, além de detalhes anatômicos adjacentes e de superfície óssea bastante precisos e minuciosos (Figura 13 ABC). Tendo como base as conclusões de Cornelisse et al. (2001), não observou-se nenhuma interferência da falta do pescoço e/ou da localização da língua (terço proximal projetado para fora após a eutanásia) neste estudo. Assim como Peace et al. (2004), concluiu-se que a TC, embora tenha seu uso limitado pelo custo e disponibilidade, é superior a radiografia convencional e a ultrassonografia articular. Ela pode, como já observado por Tietje et al. (1996), trazer importante informação adicional, sobretudo desta região (cabeça dos equinos) tão difícil de se acessar e tão numerosa em detalhes anatômicos, o que pode justificar seu uso apesar do alto custo da técnica e do risco associado a anestesia geral de um equino. As reconstruções tridimensionais obtidas pela TC tornam-se um divisor de águas para a avaliação anatômica desta articulação, provendo detalhes precisos e minuciosos destas estruturas tão complexas que formam a ATH. Elas são úteis na avaliação das superfícies ósseas e freqüentemente dão uma maior perspectiva global na orientação de lesões, como por exemplo, na configuração de uma fratura, como já descrito em outros estudos (PEASE et al., 2004; DIVERS et al., 2006). Com elas, torna-se possível avaliar a menor alteração local, com resolução superior em diferentes ângulos de visão, que são impossíveis de serem visibilizados com qualquer outro método de diagnóstico por imagem, utilizado na rotina veterinária até os dias atuais. 43 CONCLUSÕES 44 CONCLUSÕES Os três métodos de diagnóstico utilizados, a radiografia convencional, a ultrassonografia articular e a tomografia computadorizada, são pouco agressivos e não invasivos, apenas necessitando de sedação no caso da US e do RX, em animais menos dóceis, porém necessitando de anestesia geral, no caso da TC e do RX nas projeções ventro-dorsal e lateral oblíqua. Existe concordância plena significativa entre os três métodos de diagnóstico apenas quanto à localização anatômica da ATH (93,18%), o que não significa que os três métodos não podem gerar informações adicionais de grande valia entre si. Estes três métodos de diagnóstico por imagem podem ser aliados por se complementarem, repetindo e somando imagens e informações importantes na escolha de um tratamento e na avaliação de seu prognóstico. Trata-se de meios de diagnóstico de procedimentos relativamente rápidos, quando comparados. A TC é o método que apresenta o custo mais elevado (até 10 vezes mais caro que um exame de raios-x, por exemplo), além de necessitar de local e mesa apropriada para realização dos exames. Apesar disso ela é, sem dúvida, o melhor método de diagnóstico para a avaliação da ATH já utilizado na medicina veterinária equina. Este estudo pode tornar-se referência de auxílio na visibilização da anatomia da ATH dos equinos, por propor referências de abordagem e por demonstrá-la de forma minuciosa e detalhada por meio dos três métodos de diagnóstico por imagem utilizados. Ainda há muito a ser estudado, principalmente na veterinária equina, mas certamente é plausível que, em muitas indicações clinico - terapêuticas apropriadas, uma combinação de métodos de diagnóstico por imagem não invasivos seja extremamente útil na clínica e cirurgia veterinária. 45 REFERÊNCIAS 46 REFERÊNCIAS BARAKZAI , S.Z.; WEAVER, M.P. Imaging the equine temporohyoid region. Equine Veterinary Education, v.17, n. 1, p. 14-15, 2005. BARBEE, D.D. Computed tomography (CT): a dip into the future. Equine Veterinary Journal, v. 28, n. 2, p. 92, 1996. BIERVLIET, J.V.; PIERCY, R. Pathogenesis, diagnosis, surgery and management of temporohyoid osteoarthropathy. Proceedings of 13th European Society of Veterinary Orthopaedics and Traumatology ESVOT Congress, p. 197-198, 2006. BLYTHE, L.L. Otitis media and interna and temporohyoid osteoarthropathy. Veterinary Clinics North America: Equine Practice, v.13, n 1, p.21-42, 1997. BLYTHE, L.L.; WATROUS, B.J. 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The right is reserved to introduce changes to make manuscripts conform to the editorial standards of Veterinary Radiology & Ultrasound. Manuscript Types Manuscripts should conform to one of the following types: • Original Investigation: Reporting results of prospective studies or investigations • Retrospective studies: Reports dealing with a review of information obtained from archival material • Imaging Diagnosis: Reports of findings from an individual patient. These submissions should be short descriptions of patient and/or imaging findings. They should contain less than 2500 words and 4 or fewer illustrations. • Letter to the Editor: Letters are invited, commenting on any aspect of journal material or policy. In general, individual detailed case history reports are not accepted. This material is more meaningful when presented in an Imaging Diagnosis format. Reports based on findings that have not been substantiated by gross or histopathologic confirmation are generally not accepted Manuscript Preparation Manuscripts must be written in English. When necessary, authors should seek the assistance of experienced, English-speaking medical editors before submission. Articles written in substandard English will be returned before peer review. In preparing manuscripts, authors should follow the Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals. Information can be found at http://www.icmje.org. Specific guidelines below supersede those found in the Uniform Requirements. Prepare the manuscript using a Microsoft Word compatible word processing program. This journal does not accept Microsoft Word 2007 documents at this time. If you are a Word 2007 user, please save your document as an older (.doc) file type. The entire manuscript must be double-spaced using font size 12 with a 1” margin all over. Paginate the entire manuscript starting with title page. Each manuscript line should be distinctly numbered; do not begin renumbering on each page. Title Page: Include the main title of the paper; and the first name (no initials), middle name or initial(s) (optional), last name of all authors. Do not list academic degrees or specialty board certification. Specify a running head (45 characters) that condenses the subject of the paper. Specify all funding sources (grants, or institutional or corporate support) and the meeting, if any, at which the paper was presented. An Abstract must be included with each manuscript. The abstract should not contain more than 250 words (100 words for Imaging Diagnosis submissions, and should not be broken down into subheadings. The abstract is more than a summary and should capture the essence of the purpose and findings of the paper. In the Text, any brand name or trademarked product mentioned must be followed by the name, city and state of the manufacturer in parentheses. The use of generic names is preferred to the use of brand names or trademarked names. The text of scientific and methodology articles is usually divided into the following sections: Introduction, Materials and Methods, Results, Discussion and Conclusion. These divisions may be altered for Imaging Diagnosis submissions. References should be cited in consecutive numeric order at first mention in the text and designated by superscript number. Do not include the name of the author of a citation when referring to that work in the text, e.g. In 1999, Smith found. Reference style is based on an ANSI standard style adapted by the National Library of Medicine. For samples of reference citation formats, authors should consult the National Library of Medicine web site http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html. Titles of journals should be abbreviated according to the style used in Index Medicus. Consult the following web site for a list of journals indexed http://www.nlm.nih.gov/tsd/serials/lji.html “Unpublished observations” and “personal communications” should not be used as references. References listed as “in press” must have been accepted for publication and not merely in preparation or submitted. The author is responsible for the accuracy of all references and must verify them against the original document. All Units of Measurement should be listed in Système Internationale (SI) units. Non-SI units may be used after the SI units but should be placed in parentheses. Use becquerels, not curies, as the unit of activity (1 mCi = 37 MBq). With the exception of measurements, the journal discourages the use of Abbreviations. Whenever possible, terms should be spelled out in full rather than being abbreviated. Tables to summarize data are encouraged. For retrospective clinical studies, detailed tables enumerating specific individual patient criteria or findings will generally not be allowed. These clinical data are more useful when summarized and placed into less detailed tables or the text. Number all tables with Arabic numbers consecutively in order of appearance (Table 1). Type each table double- spaced on a separate page. Title should have the first letter of each word as upper case (except prepositions, conjunctions and articles). Every table must have a caption typed above the tabular material. Symbols for units should be used only in column headings. Do not use internal horizontal or vertical lines; place horizontal lines between table caption and column headings, under column headings, and at the bottom of the table (above the 52 footnotes, if any). Indicate normal range for instruments or scales. All abbreviations must be spelled out in footnotes. Use the following symbols in this sequence; *,†,‡,§,||,¶,#,**.. Acknowledgments. Acknowledge only persons who have made substantive contributions to the study. Authors are responsible for obtaining written permission from everyone acknowledged by name because readers may infer their endorsement of the data and conclusions. The journal accepts no responsibility for individuals acknowledged without their permission. Anatomic terminology should conform to the Nomina Anatomica Veterinaria, 4th edition, prepared by the International Committee on Veterinary Gross Anatomical Nomenclature, Gent, 1992 Image Nomenclature: Radiographic images should be named according to the direction in which the central ray penetrates the part of interest, from point-of-entrance to point-of-exit. Published guidelines should be used for orientation of radiographic and sonographic images. For CT and MR images, the following guidelines should be used for image orientation: Head and Spine sagittal plane: cranial (rostral) to left, dorsal at top transverse plane: dorsal at top, left to reader's right dorsal plane: cranial (rostral) at top, left to reader's right Thorax and Abdomen: Display images as they were acquired For MR images, pulse sequence details should be included in the legend of each image. Follow the convention used in the journal “Radiology” for pulse sequence identification. Illustrations Illustrations must be submitted in .tif format at a resolution of 300 dpi. Size each illustration such that its file size is less than 1MB. Do not embed the illustrations within the word document. Each figure must be numbered and cited in consecutive numeric order in the text. If a Figure has multiple parts, eg A, B and C, please refer to each part in the body of the paper rather than to the collective figure. 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The original form should then be mailed to Ms. Ayres at the address noted below. .The Copyright Assignment Form and the Statement of Animal Use and Financial Disclosure Form may be downloaded at http://www.acvr.org/general/activities/journal/index.html Associated Costs for Authors Following publication, authors will be assessed a page charge of $50 per printed page that will be billed by the American College of Veterinary Radiology. Color illustrations can be reproduced in the journal at a fee specified by Blackwell Publishing; this fee is presently $500 for each color illustration and is subject to change without notice. This fee is charged over and above the $50 page charge. Authors receive a PDF file of their manuscript following publication. Paper offprints can be ordered at the author’s expense. 53 Journal Contact Information The manuscript review process can be followed on the Manuscript Central web site. For questions about manuscript processing, please contact the Editorial Assistant. Lucinda Ayres, BA, MA 2520 Beechridge Road Raleigh, NC 27608 Phone/FAX 919-510-0560 vetradus@aol.com. For questions about decisions made on a manuscript, please contact the Editor In Chief: Donald E. Thrall, DVM, PhD North Carolina State University 4700 Hillsborough St. Raleigh, NC 27606 Phone 919-513-6292 FAX, 919-513-6578 don_thrall@ncsu.edu Manuscript Submission Veterinary Radiology & Ultrasound requires that all manuscripts be submitted electronically. To submit a manuscript, please follow the instructions below: Getting Started 1. Launch your web browser (supported browsers include Internet Explorer 6 or higher, Netscape 7.0, 7.1, or 7.2, Safari 1.2.4, or Firefox 1.0.4) and go to the Veterinary Radiology & Ultrasound’s Manuscript Central homepage http://mc.manuscriptcentral.com/vru 2. Log-in or click the “Create Account” option if you are a first-time user of Manuscript Central. 3. If you are creating a new account: • After clicking on “Create Account” enter your name and e-mail information and click “Next”. Your e-mail information is very important. • Enter your institution and address information as prompted then click “Next.” • Enter a user ID and password of your choice (we recommend using your e-mail address as your user ID) and then select your area of expertise. Click “Finish” when done. 4. Log-in and select “Author Center.” Submitting Your Manuscript 5. After you have logged in, click the “Submit a Manuscript” link on the Author Center screen. 6. Enter data and answer questions as prompted 7. Click on the “Next” button on each screen to save your work and advance to the next screen. 8. You will be prompted to upload your files: • Click on the “Browse” button and locate the file on your computer. • Select the description of the file in the drop down next to the Browse button. • When you have selected all files you wish to upload, click the “Upload” button. 9. Review your submission (in both PDF and HTML formats) before sending to the Editors. Click the “Submit” button when you are done reviewing. You may stop a submission at any phase and save it to submit later. After submission, you will receive a confirmation via e-mail. You can also log-on to Manuscript Central at any time to check the status of your manuscript. The Editors will send you information via e-mail once a decision has been made. Ver. 2008.1 54 STUDY OF THE ANATOMICAL ASPECTS OF EQUINE TEMPOROHYOID JOINT THROUGH SURVEY RADIOGRAPHY, ARTICULAR ULTRASONOGRAPHY AND COMPUTED TOMOGRAPHY. Taízha C. Ciasca dos Santos, Luiz Carlos Vulcano, Danuta Pulz Doiche. Running head: Study of the temporohyoid joint anatomy in horses. Taízha C.Ciasca dos Santos was