UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CENTRO DE AQUICULTURA DA UNESP CAMPUS DE JABOTICABAL DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DO CAMARÃO-DA-AMAZÔNIA Macrobrachium amazonicum (HELLER, 1862) (CRUSTACEA, DECAPODA, PALAEMONIDAE) Ángel Andrés Arias Vigoya Zootecnista JABOTICABAL – SÃO PAULO 2012 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CENTRO DE AQUICULTURA DA UNESP CAMPUS DE JABOTICABAL DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DO CAMARÃO-DA-AMAZÔNIA Macrobrachium amazonicum (HELLER, 1862) (CRUSTACEA, DECAPODA, PALAEMONIDAE) Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Profa. Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini JABOTICABAL – SÃO PAULO 2012 Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Aquicultura do CAUNESP, da Universidade Estadual Paulista, Campus de Jaboticabal, como parte dos requisitos para obtenção do Titulo de Mestre em Aquicultura. Arias Vigoya, Ángel Andrés A696d Desenvolvimento embrionário do camarão-da-amazônia Macrobrachium amazonicum (Heller, 1862) (crustacea, decapoda, palaemonidae) / Ángel Andrés Arias Vigoya. – – Jaboticabal, 2012 ix, 113 f. : il. ; 28 cm Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Centro de Aquicultura, 2012 Orientadora: Irene Bastos Franceschini Vicentini Banca examinadora: Elyara Maria Pereira da Silva, Rogério Caetano da Costa Bibliografia 1. Decapoda. 2. Macrobrachium. 3. Histologia. 4. Morfologia 5. Morfometria I. Título. II. Jaboticabal-Centro de Aquicultura. CDU 639.512. SUMÁRIO DEDICATÓRIA ____________________________________________________________ i AGRADECIMENTO ESPECIAL ___________________________________________ii AGRADECIMENTOS _____________________________________________________ iii APOIO FINANCEIRO ____________________________________________________ iv LISTA DE TABELAS ______________________________________________________ v LISTA DE FIGURAS ______________________________________________________ vi RESUMO _____________________________________________________________ 1 ABSTRACT ___________________________________________________________ 3 RESUMEN ____________________________________________________________ 5 1. INTRODUÇÃO GERAL _____________________________________________ 7 2. LITERATURA _____________________________________________________ 13 3. OBJETIVOS _______________________________________________________ 26 3.1 Objetivo geral __________________________________________________________ 27 3.2 Objetivos específicos ___________________________________________________ 27 4. MATERIAL E METODOS __________________________________________ 28 4.1 Material biológico ______________________________________________________ 29 4.1.2 Seleção dos reprodutores ___________________________________________ 29 4.2 Unidades experimentais ________________________________________________ 30 4.3 Manejo, procedimentos e determinação do processo de desenvolvimento embrionário ________________________________________________________________ 31 4.4 Processamento histológico das amostras e microscopia óptica _________ 32 4.5 Análises morfométricas de ovos e embriões _____________________________ 33 4.6 Análises estatísticas ____________________________________________________ 34 5. RESULTADOS ____________________________________________________ 35 5.1 Estágio I. Ovo fertilizado, 0 – 4% do desenvolvimento. __________________ 42 5.2 Estágio II. Clivagem, 4 – 7% do desenvolvimento (DE1). _________________ 42 5.3 Estágio III. Blástula - Gástrula, 7 – 14% do desenvolvimento (DE2). _____ 45 5.4 Estágio IV. Disco germinativo, 14 – 21% do desenvolvimento (DE3). _____ 45 5.5 Estágio V. Náuplio embrionizado, 21 – 29% do desenvolvimento (DE4-5). 50 5.6 Estágio VI. Pós-náuplio, 29 – 50% do desenvolvimento (DE6-8). _________ 55 5.7 Estágio VII. Protozoea, 50 – 64% do desenvolvimento (DE9- 10). _________ 65 5.8 Estágio VIII. Zoea, 64 – 100% do desenvolvimento (DE 11-14). ___________ 68 6. DISCUSSÃO _______________________________________________________ 78 7. CONCLUSÕES ____________________________________________________ 97 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _______________________________ 99 CAUNESP i DEDICATÓRIA A Dios, Señor y principio fundamental de todo lo existente. A mis padres, Miguel Ángel y Margarita, por su infinito amor, comprensión, por sus sacrificios y esfuerzos. A mis queridos hermanos Claudia Marcela y Luis Miguel, por su constante cariño y apoyo. A mi amada Helenita, por estar siempre junto a mí, entregándome incondicionalmente todo su amor, fortaleciéndome, apoyándome, cuidándome y por ser el motivo de mi vida. Mi amor, juntos hemos vencido las dificultades y alcanzado nuestras metas, esta es una aventura mas en nuestras vidas… Gracias por todo. CAUNESP ii AGRADECIMENTO ESPECIAL À Professora Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini Mal posso expressar meu agradecimento à professora Irene, pessoa maravilhosa e ótima mestra. Agradeço de tudo coração o carinho, a amizade, a dedicação, o apoio, a ajuda, os conhecimentos recebidos, a confiança e a imensa generosidade a mim oferecidos. Professora, que Deus te abençoe hoje e sempre, E simplesmente... Muito obrigado mesmo!!! CAUNESP iii AGRADECIMENTOS Ao Centro de Aquicultura da Universidade Estadual Paulista – CAUNESP, Campus Jaboticabal, pela oportunidade de dar continuidade à minha formação profissional; A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pela concessão da Bolsa de Mestrado e auxilio financeiro para a execução do projeto; Ao laboratório de Morfologia de Organismos Aquáticos – LAMOA, do Departamento de Ciências Biológicas, da Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista, Campus Bauru, pelo suporte laboratorial e técnico para a realização do projeto; Ao setor de Carcinicultura de água doce do Centro de Aquicultura da Universidade Estadual Paulista – CAUNESP, Campus Jaboticabal, pela doação dos animais; À minha orientadora a Professora Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini, pela disposição, dedicação, confiança e apoio nos momentos mais difíceis, e principalmente pela excelente orientação. Aos Professores membros das bancas examinadoras, Profa. Dra. Maria Terezinha Siqueira Bombonato, Profa. Dra. Elyara Maria Pereira da Silva e Prof. Dr. Rogério Caetano da Costa, pelas valiosas sugestões para o enriquecimento deste trabalho; Ao senhor Antonio Carlos do Amaral pela ajuda incansável durante a execução deste projeto; Aos meus amigos pela acolhida, amizade e ajuda; A todos que colaboraram direta ou indiretamente para a execução deste trabalho. CAUNESP iv APOIO FINANCEIRO Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, Bolsa de Mestrado, Processo Nº 2010/14576 – 3 CAUNESP v LISTA DE TABELAS Página Tabela 1. Valores médios para eixo maior e menor dos ovos, volume do ovo, área do embrião, área do vitelo e índice do olho para embriões de M. amazonicum durante os estágios de desenvolvimento embrionário.................. 39 Tabela 2. Dados comparativos dos tempos de embriogênese em algumas espécies de decápodes........................................................................................... 81 Tabela 3. Volume médio de embriões de algumas espécies de decápodes durante a fase inicial e final do período de incubação........................................ 86 CAUNESP vi LISTA DE FIGURAS Página Figura 1. Esquema dos estágios do desenvolvimento embrionário de M. amazonicum, apresentando as principais estruturas morfológicas externas. I. Ovo fertilizado; II. Clivagem; III. Blástula - Gástrula; IV. Disco germinativo (vista dorsal); V. Náuplio embrionizado (vista dorsal); VI. Pós-nauplio (vista lateral); VII. Protozoea (vista lateral) e VIII. Zoea (vista lateral). (ab) abdômen; (al) antênula; (at) antena; (an) apêndices naupliares; (ap) apêndices pós naupliares; (bl) blastômeros; (bp) área blastoporal; (co) córion; (cr) cromatóforos; (dg) disco germinativo; (es) estomodeo; (ex) exoesqueleto; (gv) grânulos de vitelo; (in) intestino; (lc) limites celulares; (lo) lobo óptico; (mn) mandíbula; (ol) olho; (pc) papila caudal; (po) pigmentação ocular; (pe) pereiópodos; (rc) região cardíaca; (sa) somitos abdominais; (te) telson; (vi) vitelo. Barra: 0,125 mm........................................................................................37 Figura 2. Valores médios do eixo maior e menor dos ovos de Macrobrachium amazonicum durante a embriogênese................................................................. 40 Figura 3. Valores médios do volume do ovo e índice do olho de Macrobrachium amazonicum durante a embriogênese................................................................. 40 Figura 4. Valores médios da área do embrião e do vitelo de Macrobrachium amazonicum durante a embriogênese................................................................. 41 Figuras 5 - 8. Visualização do início do desenvolvimento embrionário de M. amazonicum sob análise “in vivo” (5 e 7) e histológica (6 e 8, corte longitudinal). (5) Estágio I. DE0 ovo recém-fertilizado com córion espesso. Barra: 0,125 mm; (6) Estágio I. DE0 vitelo muito volumoso; (7) Estágio II. DE1 início da clivagem. Barra: 0,125 mm; (8) Estágio II. DE1 surgimento dos blastômeros. (bl) blastômeros; (co) córion; (vi) vitelo.......................................... 43 Figuras 9 - 11. Formação do blastoderma definitivo (tecido germinativo) e início da migração dos blastômeros no segundo dia de desenvolvimento embrionário. (9) Estágio III. DE2 processo de clivagem. Barra: 0,125 mm; (10) Estágio II. DE2 formação do blastoderma (Corte longitudinal); (11) Estágio III. DE2 migração dos blastômeros para o interior do ovo (Corte longitudinal). (bd) blastoderma; (mb) migração dos blastômeros; (nu) núcleo celular; (vi) vitelo.. 46 Figuras 12 e 13. Formação do disco germinativo e dos primórdios das estruturas do embrião. (12) Estágio IV. DE3 disco germinativo em constituição. Barra: 0,125 mm; (13) Estágio IV. DE3 visualização do embrião CAUNESP vii em forma de “V” e dos primórdios das estruturas do corpo de M. amazonicum (Corte dorsal). (bp) área blastoporal; (dg) disco germinativo; (lo) lobo óptico; (pl) ponte de ligação; (ra) região anterior; (rp) região posterior; (vi) vitelo....... 48 Figuras 14 - 16. Constituição do náuplio embrionizado, apêndices e estomodeo. (14) Estágio V. DE4 estomodeo constituído. Barra: 0,125 mm; (15) Estágio V. DE4 visualização histológica do náuplio embrionizado (Corte dorsal); (16) Estágio V. DE4 visualização dos apêndices naupliares. Barra: 0,125 mm. (al) antênula; (at) antena; (es) estomodeo; (lo) lobo óptico; (mn) mandíbula; (na) náuplio embrionizado; (pc) papila caudal; (vi) vitelo.............. 51 Figuras 17 - 19. Desenvolvimento do náuplio embrionizado. (17) Estágio V. DE5 definição das regiões anterior e posterior do embrião. Barra: 0,125 mm; (18) Estágio V. DE5 desenvolvimento dos apêndices naupliares (Corte longitudinal); (19) Estágio V. DE5 surgimento da pigmentação embrionária (cromatóforos) e primórdios dos apêndices pós naupliares. Barra: 0,125 mm. (al) antênula; (an) apêndices naupliares; (ap) apêndices pós naupliares; (at) antena; (cr) cromatóforos; (lo) lobo óptico; (mn) mandíbula; (pc) papila caudal; (ra) região anterior; (rp) região posterior; (vi) vitelo.......................................... 53 Figuras 20 - 22. Desenvolvimento ativo do pós-náuplio, cuja forma é de meia- lua e a papila cresce em direção aos lobos ópticos. (20) Estágio VI. DE6 lobo óptico assume forma mais circular e crescimento dos apêndices naupliares em direção à papila caudal. Barra: 0,125 mm; (21) Estágio VI. DE6 início da formação do abdômen (Corte longitudinal); (22) Estágio VI. DE6 cromatóforos adjacentes aos lobos ópticos. Barra: 0,125 mm. (ab) abdômen; (an) apêndices naupliares; (cr) cromatóforos; (cn) cordão nervoso ventral; (gv) grânulos vitelo; (lo) lobo óptico; (pe) pereiopódos; (vi) vitelo.........................................................56 Figuras 23 - 25. Formação e desenvolvimento da pigmentação ocular. (23) Estágio VI. DE7 surgimento da pigmentação do olho. Barra: 0,125 mm; (24) Estágio VI. DE7 conjunto de cromatóforos. Barra: 0,125 mm; (25) Estágio VI. DE7 abdômen constituído (Corte longitudinal). (ab) abdômen; (an) apêndices naupliares; (co) córion; (cn) cordão nervoso ventral; (cr) cromatóforos; (lo) lobo óptico; (pe) pereiopódos; (po) pigmentação ocular; (rg) região ganglionar; (vi) vitelo...................................................................................................................... 59 Figuras 26 e 27. Desenvolvimento do pós-náuplio associado ao processo de organogênese. (26) Estágio VI. DE8 visualização da região cardíaca; (27) Estágio VI. DE8 incorporação dos grânulos de vitelo, olho assume a forma elipsoidal e o vitelo apresenta coloração amarelo-pálido. (cr) cromatóforos; (gv) grânulos de vitelo; (lo) lobo óptico; (im) intestino médio; (ol) olho; (pe) pereiopódos; (rc) região cardíaca; (vi) vitelo. Barra: 0,125mm...........................61 CAUNESP viii Figuras 28 - 30. Desenvolvimento do sistema nervoso, musculatura, intestino, complexo ocular e abdômen. (28) Estágio VI. DE8 desenvolvimento da região ocular e omatídeos (Corte longitudinal); (29) Estágio VI. DE8 desenvolvimento dos gânglios cerebrais, do cordão nervoso ventral, intestino, engrossamento e segmentação do abdômen (Corte longitudinal); (30) Estágio VI. DE8 início da formação do telson. Barra: 0,125 mm. (ab) abdome; (cn) cordão nervoso ventral; (gc) gânglio cerebral; (lo) lobo óptico; (im) intestino médio; (ip) intestino posterior; (mu) musculatura; (ol) olho; (om) omatídio; (sa) somitos abdominais; (te) telson; (vi) vitelo............................................................................................. 63 Figuras 31 - 34. Visualização do desenvolvimento embrionário final do camarão-da-amazonia. (31) Estágio VII. DE9 olhos já assumem forma quase circular. Barra: 0,125 mm; (32) Estágio VII. DE9 o abdômen atinge a região cefálica. Barra: 0,125 mm; (33) Estágio VII. DE9 estabelecem-se os somitos abdominais e o desenvolvimento da musculatura (Corte longitudinal); (34) Estágio VII. DE10 observação das estruturas cromatóforo, vitelo, grânulos de vitelo, olho, e da região cardíaca. Barra: 0,125 mm. (ab) abdômen; (cn) cordão nervoso ventral; (cr) cromatóforo; (gv) grânulos de vitelo; (lo) lobo óptico; (mu) musculatura; (ol) olho; (pe) pereiopódos; (rc) região cardíaca; (rc) região ganglionar; (sa) somitos abdominais; (te) telson; (vi) vitelo............................... 66 Figuras 35 - 37. Embrião bem desenvolvido, visualização do vitelo já com volume bastante reduzido. (35) Estágio VII. DE10 visualização dos lobos ópticos, cordão nervoso ventral, intestino e musculatura (Corte longitudinal); (36) Estágio VIII. DE11 os olhos posicionam-se laterais e apresentam-se circulares. Barra: 0,125 mm; (37) Estágio VIII. DE12 o embrião quase pronto para eclodir, grande desenvolvimento da musculatura (Corte longitudinal). (ab) abdômen; (cn) cordão nervoso ventral; (cr) cromatóforo; (ef) esôfago; (gc) gânglio cerebral; (im) intestino médio; (ip) intestino posterior; (lo) lobo óptico; (ol) olho; (pe) pereiopódos; (te) telson; (vi) vitelo.................................................70 Figuras 38 - 40. Embrião na fase final do desenvolvimento. (38) Estágio VIII. DE11 formação e desenvolvimento do olho e de suas estruturas (Corte longitudinal); (39) Estágio VIII. DE12. Barra: 0,125 mm; (40) Estágio VIII. DE13 (Corte longitudinal). (ab) abdômen; (cn) cordão nervoso ventral; (cp) células pigmentadas; (cr) cromatóforos; (ef) esôfago; (gv) grânulos vitelo; (im) intestino médio; (ip) intestino posterior; (lo) lobo óptico; (mb) membrana basal; (mu) musculatura; (ol) olho; (om) omatídio; (pe) pereipódos; (rb) rabdoma; (rc) região cardíaca; (rg) região ganglionar; (te) telson; (vi) vitelo............................72 Figuras 41 e 42. Visualização do embrião de M. amazonicum desenvolvido e pronto para a eclosão. (41) Estágio VIII. DE13 camarão-da-amazônia ao final da embriogênese, quando se evidencia o olho circular; (42) Estágio VIII. DE13 embriões completamente formados ao momento da eclosão, com pequenas mudanças relacionadas à maturação dos órgãos internos. (ab) abdômen; (co) CAUNESP ix córion; (cr) cromatóforo; (ex) exoesqueleto; (gv) grânulos de vitelo; (in) intestino; (lo) lobo óptico; (ol) olho; (pe) pereiópodos; (rc) região cardíaca; (sa) somitos abdominais; (te) telson; (vi) vitelo. Barra: 0,125 mm............................ 74 Figura 43. Estágio VIII. DE14. Visualização “in vivo” das estruturas corporais externas constituintes da larva de M. amazonicum, logo após o momento da eclosão. (ab) abdômen; (al) antênula; (at) antena; (ca) carapaça do cefalotórax; (ce) cefalotórax; (cn) cordão nervoso ventral; (ct) cerdas do telson; (gv) grânulos de vitelo; (in) intestino; (lo) lobo óptico; (ol) olho; (pe) pereiópodos; (rc) região do coração; (sa) segmentos abdominais; (te) telson; (vi) vitelo. Barra: 0,5mm......76 Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 1 RESUMO Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 2 RESUMO O camarão-da-amazônia Macrobrachium amazonicum é um palaemonideo amplamente distribuído na América do Sul, com um grande potencial para a aquicultura e enorme importância econômica. Apesar das recentes pesquisas acerca da biologia da espécie, não existem estudos relacionados com o desenvolvimento embrionário de M. amazonicum. Portanto, o principal objetivo deste trabalho foi realizar uma descrição do desenvolvimento embrionário do camarão-da-amazônia. Assim, a embriogênese da espécie foi descrita em relação às características morfológicas externas, histológicas e morfométricas observadas em embriões vivos e fixados a intervalos de 24 horas (dia embrionário, DE), e associado ao sistema de estagiamento porcentual. O período de incubação foi de 14 dias a 26ºC. A embriogênese foi organizada em oito estágios: I. Ovo fertilizado; II. Clivagem; III. Blástula – gástrula; IV. Disco germinativo; V. Náuplio embrionizado; VI. Pós-náuplio; VII. Protozoea e VIII. Zoea. Os valores médios do eixo maior e menor dos ovos, volume do ovo, área do embrião e índice do olho aumentaram durante a incubação, a diferença da área do vitelo que diminuiu. M. amazonicum mostrou um padrão de desenvolvimento embrionário semelhante ao observado em crustáceos com ovos centrolécitos, com clivagem superficial parcial (meroblástica), e apresentou características semelhantes às espécies do mesmo gênero. Durante a embriogênese foi observada uma relação entre o desenvolvimento dos órgãos internos com as estruturas externas, e os ritmos de desenvolvimento embrionário revelam uma associação entre as características morfológicas, histológicas e morfométricas. Palavras-chave: Decapoda, Macrobrachium, histologia, morfologia, morfometria. Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 3 ABSTRACT Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 4 ABSTRACT The Amazon River prawn Macrobrachium amazonicum is a palaemonid widely distributed in South America, with a great potential for aquaculture and huge economic importance. Despite recent researches about the biology of the species, there are no studies related to the embryonic development of M. amazonicum. Thus, the main objective of this study was a description of the embryonic development of Amazon River prawn. Hence, the embryogenesis of the species was described with respect to the morphological, histological and morphometrical features, observed in live and fixed embryos at intervals of 24 hours (embryonic day, ED), associated by percent staging system. The incubation period was 14 days at 26ºC. The embryogenesis was organized in eight stages: I. Fertilized egg; II. Cleavage; III. Blastula – Gastrula; IV. Germinal disc; V. Embryonized nauplius; VI. Post-nauplius; VII. Protozoea and VIII. Zoea. The mean values for egg length and width, egg volume, area of the embryo and eye index increased during incubation, contrasting with the area of the yolk that decreased. M. amazonicum showed a similar pattern of embryonic development to that observed in crustaceans with centrolecithal eggs and superficial partial cleavage (meroblastic); and showed similar characteristics to species of the genus. During the embryogenesis was observed a relationship between the development of internal organs with the external structures, and the developmental rhythms shows an association among the morphological, histological and morphometric features. Keywords: Decapoda, Macrobrachium, histology, morphology, morphometry. Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 5 RESUMEN Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 6 RESUMEN El camarón de la Amazonia Macrobrachium amazonicum, es un palaemonideo ampliamente distribuido en Suramérica, con un gran potencial para la acuicultura y una notable importancia económica. A pesar de las recientes investigaciones sobre la biología de la especie, no existen estudios relacionados con el desarrollo embrionario de M. amazonicum. De este modo, el principal objetivo de este trabajo fue realizar una descripción del desarrollo embrionario del camarón de la Amazonia. Así, la embriogénesis de la especie fue descrita en relación a las características morfológicas externas, histológicas y morfométricas observadas en embriones vivos y fijados a intervalos de 24 horas (día embrionario, DE), y asociado al sistema de estadios basados en porcentajes. El periodo de incubación fue de 14 días a 26ºC. La embriogénesis fue organizada en ocho periodos: I. Huevo fertilizado; II. Clivaje; III. Blástula – gástrula; IV. Disco germinativo; V. Náuplio embrionizado; VI. Pós-náuplio; VII. Protozoea e VIII. Zoea. Los valores medios del eje mayor y menor de los huevos, volumen del huevo, área del embrión e índice del ojo aumentaron durante la incubación, a diferencia del área del vitelo que disminuyo. M. amazonicum mostró un patrón de desarrollo similar al observado en crustáceos con huevos centrolecitos, con clivaje superficial parcial (meroblástica), y presento características semejantes a las especies del mismo género. Durante la embriogénesis fue observada una relación entre el desarrollo de los órganos internos con las estructuras externas, y los ritmos de desarrollo embrionario indican una asociación entre las características morfológicas, histológicas e morfométricas. Palabras clave: Decapoda, Macrobrachium, histología, morfología, morfometría. Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 7 1. INTRODUÇÃO GERAL Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 8 1. INTRODUÇÃO GERAL O gênero Macrobrachium é o maior em número de espécies da Ordem Decapoda (Latreille, 1803); Sub-ordem Pleocyemata (Burkenroad, 1963); Infra- ordem Caridea (Dana, 1852); Superfamília Palaemonoidea (Rafinesque, 1815); Família Palaemonidae (NEW et al., 2010). A maioria das espécies vive em água doce, pelo menos em alguma fase de sua vida. O gênero é circum-tropical e encontra-se distribuído em todos os continentes exceto Europa e Antártica (NEW et al., 2010; DE GRAVE et al., 2008; NEW, VALENTI, 2000). O gênero está representado por cerca de 230 espécies (NEW et al., 2010), e apresenta sua maior diversidade de espécies na região Oriental, com um total de 123 espécies. Na região Neotropical o número diminui para 53 espécies e a região de Australásia está representada por 28 espécies. Na região Neártica apenas ocorrem três espécies, enquanto a região Paleártica leste apresenta somente quatro espécies, e na região do Pacifico são encontradas dez espécies (DE GRAVE et al., 2008). Segundo Odinetz-Collart e Moreira (1993), dentre os camarões de água doce, destacam-se as espécies do gênero Macrobrachium, que apresentam grande interesse comercial, para a aquicultura e para a exploração das populações naturais. O grande desenvolvimento da produção de M. nipponense na China mostra a grande importância e a viabilidade do uso das espécies nativas para o cultivo (KUTTY et al., 2000). Assim, no Brasil existem três espécies de camarões de água doce com enorme potencial produtivo: M. acanthurus, M. amazonicum e M. carcinus (VALENTI, 1993). Kutty et al. (2000), Kutty (2005), Kutty e Valenti (2010), New (2005) e Valenti (2003) ratificaram que a espécie brasileira com maior potencial para o cultivo comercial é M. amazonicum. Melo (2003) menciona que M. amazonicum é uma das 45 espécies do gênero Macrobrachium registradas no continente Americano e destas 18 ocorrem no Brasil. A espécie apresenta uma ampla distribuição geográfica nas Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 9 regiões tropicais e subtropicais da América do Sul, sendo encontrada na Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Venezuela, Colômbia, Peru, Equador, Bolívia, Paraguai, Argentina e no Brasil, onde ocorre em 14 estados. A espécie encontra-se distribuída nas principais bacias hidrográficas do leste da América do Sul, incluindo os rios Amazonas, Orinoco, Araguaia-Tocantins, São Francisco e La Plata (bacias dos rios Paraguai e Paraná), assim como nos rios das bacias do Atlântico Sul e das costas norte, nordeste e leste do Brasil (HOLTHUIS, 1952; BIALETZKI et al., 1997; MELO, 2003). O camarão-da-amazônia é um dos importantes recursos biológicos do Brasil. Trata-se de uma espécie que apresenta importantes vantagens para o cultivo, embora seja considerado um camarão pequeno, pode alcançar até 16 cm e 30 g (VALENTI et al., 2003). Esta espécie é de grande interesse econômico, já que apresenta uma carne com textura mais firme e sabor mais intenso, quando comparado com M. rosenbergii o que resulta numa maior aceitação no mercado (MORAES-RIODADES; VALENTI, 2001); alem disso a espécie apresenta resistência às condições de cultivo e doenças, e seu manejo é relativamente fácil. Por ser uma espécie nativa sua produção comercial não oferece riscos ambientais, pelo escape de indivíduos ou pela introdução de espécies. A aquicultura pode ser definida como o processo de produção de organismos aquáticos cujo habitat é predominantemente aquático pelo menos durante alguma fase do desenvolvimento, sob condições controladas, seja em áreas continentais ou costeiras. Esta atividade implica por uma parte a influência no processo de criação para aprimorar a produção e por outra parte a propriedade individual ou empresarial do estoque produzido (FAO, 2008). A aquicultura continua sendo um setor produtivo de alimentos de alta qualidade, crescente, vigoroso e importante. A produção aquícola mundial de peixes, crustáceos, moluscos e outros organismos aquáticos destinados ao consumo, atingiu mais de 51,65 milhões de toneladas no ano de 2006 e 52,5 milhões de toneladas para o ano 2008, gerando respectivamente U$ 78,76 Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 10 bilhões e U$ 98,4 bilhões. A produção total de crustáceos em 1996 passou de 1,11 milhões de toneladas (U$ 7,09 bilhões) para 4,50 milhões de toneladas (U$ 17,95 bilhões) em 2006 e 5,0 milhões de toneladas (U$ 22,7 bilhões) em 2008 (FAO, 2009, 2010). A produção mundial de crustáceos no ano 2006 apresentou um predomínio da produção de camarões marinhos, com 70,37% do total produzido (3,16 milhões de toneladas); em menor escala encontram-se os crustáceos de água doce, representando 23,70% (1,07 milhões de toneladas), os caranguejos com 5,0% (224,8 mil toneladas) e outros diversos grupos de crustáceos com 0,93% (41,8 mil toneladas) da produção mundial (FAO, 2009). Não obstante, a criação e produção de camarões de água doce é um dos setores da aquicultura com maior desenvolvimento a nível mundial (VALENTI, 2004). Recentemente, a produção mundial aumentou aproximadamente 1300% (VALENTI, 2004). Em 2001, considerando as principais espécies cultivadas: Macrobrachium rosenbergii e Macrobrachium nipponense, o volume produzido ultrapassou as 300.000 toneladas, movimentando mais de US$ 1 bilhão (VALENTI, 2004). No ano 2006, a situação continuou sem mudanças e a produção mundial alcançou 410.000 toneladas, produzindo mais de US$ 1,63 bilhões (FAO, 2008). Embora os camarões de água doce ainda ocupem posição inferior aos marinhos na produção mundial, eles apresentam várias vantagens tais como maior resistência a doenças, um sistema de produção mais simples, independência da água salgada na fase de crescimento, sistema de produção compatível com os pequenos produtores e diminuição dos efeitos prejudiciais para o meio ambiente (NEW; VALENTI, 2000). Além disso, o cultivo de camarões de água doce apresenta características que favorecem o cultivo sustentável em empresas que usam mão de obra familiar (NEW; VALENTI, 2000). Assim, atualmente a carcinicultura de água doce é reconhecida como uma forma rentável de produzir camarões, com baixo impacto ambiental e bem-estar social, adaptando-se aos princípios modernos da aquicultura sustentável (NEW et al., 2010; NEW, VALENTI, 2000). Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 11 Varias espécies do gênero têm sido utilizadas com fins experimentais na aquicultura, entre essas M. acanthurus (Weigman, 1836), M. amazonicum (Heller, 1862), M. americanum (Bate, 1868), M. carcinus (Linnaeus, 1758), M. formosense (Bate, 1868), M. lamarrei (H. Milne Edwards, 1837), M. lanceifrons (Dana, 1852), M. lanchesteri (De Man, 1911), M. lar (Fabricius, 1798), M. malcolmsonii (H. Milne Edwards, 1844), M. ohione (Smith, 1874), M. rosenbergii (De Man, 1879) M. rude (Heller, 1862) e M. vollenhovenii (Herklots, 1857) (NEW et al., 2010; NEW, VALENTI, 2000). Neste contexto, as pesquisas existentes em referência a M. amazonicum estão principalmente relacionadas aos fatores ambientais, ecológicos e da biologia pesqueira das populações no meio natural (ODINETZ- COLLART, 1991; ODINETZ-COLLART, MOREIRA, 1993; ODINETZ- COLLART, MAGALHÃES, 1994). Também são enfocados aspetos como crescimento (SILVA et al., 2007), fecundidade e fertilidade (ODINETZ- COLLART, RABELO, 1996; DA SILVA, et al., 2004), biologia reprodutiva (ODINETZ-COLLART, 1991; ODINETZ-COLLART, MOREIRA 1993), ciclo reprodutivo das fêmeas (SAMPAIO et al., 2007), morfotipos de machos (MORAES-RIODADES, 2002; PAPA, 2003, 2007), efeitos da nutrição sobre o desempenho reprodutivo (RIBEIRO, 2003, 2006), morfofisiologia e histologia do aparelho digestório (JUNIOR, 2006; PAPA, 2003, 2007; RIBEIRO, 2003, 2006), desenvolvimento do intestino médio durante o período larval (MESSIAS, 2007), salinidade, luminosidade e alimentação das larvas (ARAUJO, 2005; VETORELLI, 2008), manejo na larvicultura (VETORELLI, 2004), densidade de estocagem e manejo na fase de crescimento (MORAES- RIODADES, 2005; MORAES-RIODADES, VALENTI, 2007), metabolismo larval e tolerância a compostos nitrogenados (HAYD, 2007), manejo otimizado da alimentação durante a fase larval (MACIEL, 2007), efluentes e qualidade da água (KIMPARA, 2007; NOGUEIRA, 2008), transporte (SPERANDIO, 2004) e avaliação das taxas de estocagem das larvas junto à viabilidade técnica e econômica da atividade (VETORELLI, 2004). No entanto, vários aspectos relacionados à biologia do camarão-da-amazônia ainda não foram Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 12 estabelecidos, e não existem estudos que avaliem o desenvolvimento embrionário de M. amazonicum, assim o presente trabalho pretende realizar uma primeira aproximação da ontogenia inicial da espécie. Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 13 2. LITERATURA Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 14 2. LITERATURA O desenvolvimento dos crustáceos exibe uma ampla variedade de alterações morfológicas, fisiológicas, e no conteúdo e distribuição do vitelo nos ovos. Os tipos de desenvolvimento variam desde ovos pequenos até ovos volumosos. Os ovos pequenos apresentam pouco conteúdo de vitelo e clivagem total, e dão origem aos náuplios de natação autônoma, típico dos Euphausiacea e Dendrobranchiata. Os ovos volumosos apresentam muito vitelo, incubação materna, clivagem parcial e eclosão na forma de zoea, padrão descrito para a maioria dos Malacostracos (SCHOLTZ, 2000; HERTZLER, 2002). Com o objetivo de estudar o desenvolvimento embrionário de várias espécies de crustáceos decápodes, foram utilizadas diversas técnicas tais como: a extração diária de amostras de ovos a partir dos pleópodos da fêmea, a incubação dos ovos sob condições controladas e a remoção do córion e da membrana vitelina do ovo para manipular os embriões e as células embrionárias (CHARMANTIER, MOUNET-GUILLAUME, 1992; HELLUY et al., 1993; LYNN et al., 1993; HERTZLER et al., 1994; CHANG, SHIH, 1995; ODINETZ-COLLART, RABELO, 1996). Muitas espécies de decápodes e principalmente os membros da família Palaemonidae, apresentam ovos grandes e produzidos em grande quantidade, tornando possível o acompanhamento da embriogênese através do período de incubação (MÜLLER et al., 1996; ODINETZ-COLLART, RABELO, 1996; SANDEMAN R., SANDEMAN D., 1991). Uma característica do sucesso reprodutivo dos crustáceos está relacionada ao fato de que muitas espécies transportam seus ovos até a eclosão, resultando numa elevada taxa de sobrevivência dos embriões (GIESE, PEARSE, 1974; FELGENHAUER, ABELE, 1983; SANDEMAN R., SANDEMAN D., 1990; CHARNIAUX COTTON et al., 1992). As fêmeas da família Palaemonidae mantêm os ovos unidos aos pleópodos em um grupo compacto até a eclosão. Esta característica permite o acompanhamento da embriogênese ao longo do período de incubação (MÜLLER et al., 2004). Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 15 Como regra geral, as espécies que mostram cuidado parental produzem ovos classificados como centrolécitos, e cuja clivagem é meroblástica superficial (FIORONI, 1992). Isto determina um desenvolvimento mais lento, onde o náuplio é modificado e já está presente durante a embriogênese. Assim, ocorre divisão celular intra vitelínica, formação do blastoderma, da área blastoporal, do disco germinal, da papila caudal, surgimento do pós-náuplio e incorporação do vitelo pelo intestino médio (ANDERSON, 1982; MÜLLER et al., 2003). A eclosão ocorre numa forma larval avançada conhecida como zoea, que apresenta estruturas mais desenvolvidas e é característica dos crustáceos decápodes (ANDERSON, 1973; HARTNOLL, 1982; DAHL, 1983; FELGENHAUER, ABELE, 1983; RABALAIS, GORE, 1985). Durante a embriogênese, é notado um aumento na complexidade das estruturas embrionárias, acompanhado pela reorganização das reservas vitelínicas e estruturais dos ovos (GREEN, 1965). A gradativa incorporação do vitelo pelas células embrionárias disponibiliza espaço no ovo, para o desenvolvimento dos apêndices corporais, crescimento do abdômen, e organização dos órgãos no cefalotórax (MÜLLER et al., 2003). Diversas pesquisas relacionadas à embriogênese das espécies de crustáceos que possuem ovos volumosos foram desenvolvidas pelo emprego de diferentes metodologias de estagiamento do desenvolvimento embrionário. Estes procedimentos avaliam aspectos como a morfologia tanto interna quanto externa do embrião, o nível de desenvolvimento dos componentes embrionários, informações biométricas de ovos e embriões, além do tempo transcorrido durante a embriogênese (SIMÕES-COSTA et al., 2005). As características relacionadas à embriogênese de crustáceos com ovos centrolécitos podem ser identificadas na morfologia embrionária (ANDERSON, 1973, 1982; RABALAIS, GORE, 1985). Múltiplas metodologias foram aplicadas para descrever o desenvolvimento embrionário em decápodes, como o índice de olho (PERKINS, 1972), o método de estagiamento quantitativo associado ao índice do olho (HELUY; BELTZ, 1991), o estagiamento porcentual Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 16 (SANDEMAN R.; SANDEMAN D., 1991), e o sistema de estagiamento diário (NAZARI et al., 2000, 2003; SIMÕES-COSTA et al., 2005). De modo geral, nos estudos realizados por Weygoldt (1961) com o camarão de água salobra do Atlântico Palaemonetes varians e Müller (1984) com o Pitú “Painted river prawn” Macrobrachium carcinus, foram descritos os estágios embrionários nestas espécies, com ênfase na diferenciação das estruturas embrionárias. Num estudo realizado com lagosta americana Homarus americanus, Perkins (1972) utilizou o índice do olho pigmentado como parâmetro de avaliação do grau de desenvolvimento para outras estruturas embrionárias. Pinheiro e Hattori (2002) descreveram oito estágios do desenvolvimento embrionário do Siri “Speckled crab” Arenaeus cribrarius com base na morfologia interna dos embriões e na biometria dos ovos. Helluy e Beltz (1990, 1991), relacionaram os dias embrionários com o tempo relativo de desenvolvimento do olho e do sistema nervoso da lagosta americana. Sandeman e Sandeman (1991) quantificaram os diferentes estágios do desenvolvimento da lagosta azul “Blue lobster” Cherax destructor em porcentagem, que pode ser usado como um referencial para estudos comparativos de desenvolvimento com outras espécies de crustáceos. Ultimamente têm sido efetuados vários estudos avaliando a embriogênese de diversas espécies do gênero Macrobrachium. A utilização de metodologias baseadas na descrição das características morfológicas e os esquemas de estagiamento têm demonstrado serem adequados na descrição da embriogênese, assim os estudos de padronização do desenvolvimento embrionário confirmam a homologia deste processo entre as espécies congenéricas. Müller (1984) fez uma descrição do desenvolvimento embrionário do Pitú, M. carcinus, com especial ênfase nas características de divisão, proliferação e diferenciação celular, morfogênese e organogênese. Além disso, foi feita uma comparação do desenvolvimento dos folhetos embrionários e Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 17 órgãos da espécie com outros malacostracos e determinação das características primitivas e secundárias do desenvolvimento dos malacostracos. A descrição dos estágios naupliar e pós naupliar de Macrobrachium acanthurus “Pitú – Cinnamon river prawn” foi feita por Bressan e Müller (1997, 1999). O desenvolvimento naupliar e das estruturas ocorre em quatro etapas, sendo caracterizadas pela divisão, proliferação e migração celular, e pelos processos de morfogênese e organogênese, para constituir a morfologia do náuplio embrionizado. Em relação à fase pós naupliar, foram descritas oito etapas de organização de acordo com as mudanças morfológicas observadas no embrião. O desenvolvimento pós naupliar apresentou um gradativo surgimento das estruturas embrionárias como resposta à intensa atividade celular, morfogênese, organogênese e crescimento embrionário, até a formação duma larva com a capacidade para tornar-se livre. Müller et al (2007) estabeleceram períodos baseando-se nas características morfológicas e morfométricas dos embriões de M. acanthurus, a intervalos de 24 horas (dia embrionário) associados ao sistema de estagiamento em porcentagem. O estudo comprovou a dinâmica do desenvolvimento embrionário intralecital da espécie, através da associação das características morfológicas e morfométricas. Os eventos iniciais podem ser observados devido à organização superficial do embrião no ovo, permitindo a visualização do disco germinativo, do náuplio embrionizado e suas estruturas. Posteriormente os eventos estão associados à organogênese, desenvolvimento e funcionalidade dos sistemas orgânicos que preparam ao embrião para a vida após a eclosão. Os ritmos da embriogênese durante sua fase final apresentam uma relação entre o índice do olho e os movimentos embrionários. Zhao et al (1998a, 1998b) descreveram a embriogênese e o desenvolvimento e diferenciação do sistema digestivo do camarão da Malásia “Giant river prawn” Macrobrachium rosenbergii. A embriogênese foi dividida em sete estágios: clivagem, blástula, gástrula, náuplio embrionizado, metanáuplio, protozoea e zoea; destacando as mudanças morfológicas Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 18 macroscópicas e microscópicas ocorridas durante o período de incubação. Assim, o estudo faz a caracterização celular das mudanças que acompanham o desenvolvimento embrionário, a formação do embrião e das estruturas que o compõem, e o desenvolvimento do sistema digestivo. Yao et al. (2006) amplia o conhecimento da embriogênese de M. rosenbergii. Segundo os autores os ovos apresentam grande quantidade de grânulos vitelínicos, distribuídos homogeneamente pelo pólo vegetal, durante a etapa de fertilização. Durante a fase de gástrula a prega “tóraco-abdominal” pode ser observada. Esta prega corresponde ao primórdio de alguns órgãos que ocuparão o cefalotórax e o abdômen. Em estágios mais avançados do desenvolvimento, como o estágio de protozoea e zoea, é evidente a formação das estruturas embrionárias, e deste modo, pode-se identificar o surgimento dos olhos, dos gânglios cerebróides, do coração e dos apêndices. O vitelo que persiste ao redor dos primórdios de alguns órgãos e apresenta características muito diferentes do vitelo encontrado na fase de fertilização. Nazari et al. (2000) estudaram a embriogênese do camarão palaemonideo Palamonetes argentinus “camarão fantasma”, e determinaram que o desenvolvimento dura 10 dias. Durante a avaliação das fases embrionárias foram reconhecidos três períodos de desenvolvimento: pré- naupliar, naupliar e pós-naupliar. O período pré-naupliar envolve os estágios I e II onde inicia o processo de clivagem e gastrulação; e os estágios III e IV correspondem ao período de disco germinativo e de náuplio. Os estágios restantes (V à VIII) definem o longo período pós-naupliar, quando ocorre o processo de organogênese e morfogênese. Este período é prolongado, pois as estruturas precisam amadurecer e adquirir a funcionalidade previa a eclosão, que ocorre na forma de zoea. Müller et al. (2004) analisaram e reforçam o conhecimento da embriogênese dos camarões Palaemonideos. Foram estudadas quatro espécies de água doce e salobra: Macrobrachium olfersi “Pitú – Bristled river prawn”, Macrobrachium potiuna “camarão Potiúna”, Palaemon pandaliformis Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 19 “American grass shrimp – Potitinga prawn” e P. argentinus. Estes autores estabeleceram a relação existente entre o surgimento das estruturas embrionárias e o tempo de desenvolvimento; e compararam as características morfológicas do embrião durante as diferentes fases da embriogênese. As características estudadas foram: forma do ovo, disposição do vitelo, clivagem; formação dos apêndices naupliares e pós-naupliares, estomodeo, lobos ópticos, olhos e telson; também a curvatura do embrião e o espaço que ocupa no ovo. As espécies anteriormente citadas apresentaram um padrão semelhante de desenvolvimento, descrito para espécies de Palaemonideos com ovos centrolécitos, sendo estabelecidas oito fases morfológicas comuns. Lavarias et al (2002) analisaram o desenvolvimento embrionário de Macrobrachium borellii “camarão de rio”, e determinaram sete estágios de desenvolvimento, além dos padrões de crescimento durante a embriogênese, baseados em medições morfométricas utilizando o analisador de imagens para avaliar as seguintes variáveis: área, diâmetros maior e menor, perímetro e forma do vitelo e do olho. O estudo comparativo entre M. potiuna e M. olfersi classificou os ovos em dois estágios de desenvolvimento embrionário, com base na presença ou ausência da pigmentação ocular. Os autores encontraram uma correlação entre o volume do ovo e a fase da embriogênese, assim o volume aumenta conforme avança o período de incubação embrionária (NAZARI, et al., 2003). A espécie M. potiuna também foi avaliada por Antunes e Oshiro (2004) que a semelhança de Nazari et al. (2003), consideraram duas fases de desenvolvimento embrionário para esta espécie. Uma inicial que antecede ao inicio da pigmentação dos olhos e uma final onde é evidente a pigmentação ocular. Os ovos de M. potiuna apresentaram forma ovóide e um aumento relativo do volume durante os estágios avaliados. Müller et al. (2003) descreveram o desenvolvimento embrionário de M. olfersi, e observaram as características morfológicas de embriões “in vivo” e fixados, durante o período de incubação (14 dias). Os autores utilizaram Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 20 porcentagens não fixas para descrever a embriogênese em dez estágios: pré- clivagem, clivagem, gastrulação, aparição do disco germinativo, fase de náuplio, surgimento da papila caudal, encurvamento do embrião, pigmentação ocular, segmentação do abdômen e pre-eclosão. Neste estudo foram consideradas algumas características distintivas do desenvolvimento como surgimento dos olhos, a pigmentação ocular e o batimento cardíaco. Estas características são critérios de avaliação muito importantes devido a que apresentam uma origem sincrônica em M. olfersi. Simões-Costa et al., (2005) em outro estudo com M. olfersi, reforçam o conhecimento da biologia da espécie. Os autores realizaram análise das características morfológicas do embrião associada ao dia em que surgiram. Esta análise diferencia o desenvolvimento por meio do sistema de estagiamento diário. Foram examinados embriões vivos e fixados a cada 24 horas, de tal modo que cada intervalo foi considerado como um dia de desenvolvimento embrionário; sendo caracterizados 14 dias embrionários. Além disso, foi calculado o índice do olho, que foi um parâmetro de avaliação que relacionou diretamente o processo de embriogênese com o desenvolvimento do olho, sendo um critério de análise morfológico e biométrico do desenvolvimento. O desenvolvimento embrionário do camarão M. americanum “Cauque river prawn” foi descrito por García-Guerrero e Hendrickx (2009), usando como critério de avaliação o método de estagiamento fixo baseado em porcentagem. Os ovos foram observados “in vivo”, o período de incubação foi de 18 dias a uma temperatura de 24ºC, foram descritos 10 períodos de desenvolvimento: (I) clivagem; (II) gastrulação; (III) formação do disco germinal e do náuplio embrionizado; (IV – V) formação, estruturação e maturação do pós náuplio; (VI – VII – VIII) protozoea; (IX – X) zoea. Assim, nos estágios I, II e III são reconhecidas as características da fase naupliar e nos estágios IV a X correspondem à fase pós naupliar. Segundo os autores as características morfológicas observadas no estudo coincidem com o padrão descrito para espécies do gênero Macrobrachium. Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 21 Existem outras espécies de camarões decápodes que apresentam um padrão de desenvolvimento semelhante ao descrito nas espécies do gênero Macrobrachium. Assim, no camarão de roca Rhynchocinetes typus foram determinados dez estágios embrionários, de acordo com a coloração do ovo, volume do vitelo, aparecimento de apêndices e pigmentação do olho. A sequência de aparição dos apêndices e estruturas embrionárias segue o padrão descrito nos crustáceos decápodes (DUPRÉ, et al., 1992). Rudolph e Rojas (2003) descreveram os estágios embrionários e pós- embrionários do camarão escavador “Burrowing crayfish” Virilastacus araucanius, com base nas mudanças morfológicas observadas na superfície dos ovos. Foram diferenciados cinco estágios embrionários e três estágios juvenis. O desenvolvimento embrionário tem uma duração de 120 dias e o pós- embrionário 20 dias, até que se forma o terceiro estágio juvenil. O desenvolvimento é continuo e se apresentou cuidado parental durante os dois primeiros estágios juvenis. Yávar e Dupré (2007) estabeleceram sete estágios de desenvolvimento embrionário para o camarão de rio Cryphiops caementerius, com base na quantidade de vitelo, na forma da pigmentação ocular, no aparecimento dos apêndices naupliares, pereiópodos e telson. O surgimento dos cromatóforos e suas alterações morfológicas também foram importantes para a determinação destes estágios de desenvolvimento. Os estágios descritos são (1) o vitelo está distribuído homogeneamente, e o embrião atinge o estado de mórula; (2) no pólo animal surgem rudimentos da antena, antênula e mandíbula; (3) no abdômen surgem os pereiópodos, os globos oculares com pigmentação; (4) se evidencia o batimento cardíaco; (5) os pereiópodos se expandem em número, a pigmentação ocular se intensifica; (6) emerge o rosto e surgem os cromatóforos; (7) o embrião está completamente desenvolvido e mostra cromatóforos estrelados, movimentação dos apêndices, pereiópodos e abdômen. Alwes e Scholtz (2006) analisaram o desenvolvimento embrionário do lagostim mármore “Marbled crayfish” Procambarus fallax, fazendo a Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 22 classificação de acordo com a morfologia externa, a linhagem celular e a formação dos segmentos. Foram identificados dez estágios com base nas mudanças externas dos embriões: Clivagens e formação do blastoderma; gastrulação e formação do disco germinativo; fechamento do blastóporo e formação do primórdio do segmento naupliar; formação dos primeiros segmentos pós naupliares; formação dos pereiópodos; formação e diferenciação dos pleomeros; elongação dos membros torácicos; diferenciação dos pereiópodos; diferenciação dos olhos e pré-eclosão. Diversas pesquisas foram realizadas em outras espécies de crustáceos decápodes. No caso das lagostas da infraordem Astacidea, Helluy e Beltz (1991), descreveram os diferentes aspetos do desenvolvimento embrionário da lagosta Americana H. americanus o período de incubação foi de 180 dias, desde a formação do estágio naupliar até surgimento do primeiro estágio larval. Assim, foi analisada a sequência de aparecimento das características morfológicas, anatômicas e comportamentais. O sistema de estagiamento em porcentagem baseado no índice do olho, foi utilizado para apresentar dez estágios embrionários caracterizados a diferentes níveis de classificação (ovos, embriões dissecados, apêndices e telson). A análise da embriogênese do lagostim-de-patas-brancas “White- clawed Crayfish” Astropotamobius pallipes, foi realizado por Celada et al (1991) onde os autores, mediante a utilização da técnica de microscopia eletrônica de barrido, identificaram quinze estágios embrionários durante um período de incubação de 82 dias. García-Guerrero et al. (2003) descreveram o desenvolvimento embrionário da lagosta de pinças vermelhas (Redclaw crayfish) Cherax quadricarinatus, baseados nas mudanças morfológicas externas. A espécie completa seu desenvolvimento embrionário em 31 dias a 26ºC, foram descritos 13 estágios de desenvolvimento, incluindo dois pós-embrionários e um estagio juvenil. Os sub-estágios anteriores a eclosão foram definidos em ralação ao tempo de desenvolvimento embrionário. Durante os estágios pós-embrionários Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 23 e o juvenil, os indivíduos adquirem proporcionalmente o aspecto do adulto, o vitelo é consumido e o cefalotórax assume a sua forma e proporção definitiva. Na lagosta azul Cherax descructor representante da infra-ordem Parastacidea foram descritos os períodos de desenvolvimento embrionário, baseando-se em intervalos de 5% respeito a tempo total de desenvolvimento e associados às características morfológicas externas. Foram estudados 20 intervalos de desenvolvimento embrionário. Alem destes estágios foram analisados dois estágios pós embrionários: I estágio, logo após a eclosão; II estágio, sete ou oito dias pós eclosão; e catorze dias após o segundo estágio pós embrionário se produz o estágio denominado de adulto imaturo (SANDEMAN, R.; SANDEMAN, D. 1991). Determinados estudos foram feitos descrevendo a embriogênese de algumas espécies de caranguejos da infra-ordem Brachyura, assim Nagao et al., 1999 avaliaram o desenvolvimento embrionário do caranguejo Hair crab, Erimacrus isenbeckii sob condições de laboratório, assim as mudanças morfológicas ocorridas durante a embriogênese foram divididas em nove estágios: estágio de pré-clivagem, clivagem e blástula, gástrula, náuplio, meta náuplio, pigmentação ocular, inicio dos batimentos cardíacos, pré-zoea e pre- eclosão. O período de incubação de E. isenbeckii foi de 12 meses. Pinheiro e Hattori (2002, 2003) estudaram outras duas espécies de caranguejos braquiúros o Siri “Swimming crab” Arenaeus cribarius e o Uçá “Mangrove crab” Ucides cordatus. Nestas espécies foram descritos oito estágios de desenvolvimento embrionário, classificados de acordo com as características morfológicas, as mudanças cromáticas e as analises biométricas dos ovos. Assim, a determinação dos estágios embrionários torna-se mais exata quando está associado às características morfológicas e morfométricas, o que facilita a interpretação biológica quando são usadas ferramentas estatísticas para analisar o processo de desenvolvimento. García-Guerrero e Hendrickx (2004) estudaram a embriogênese de duas espécies de caranguejos do manguezal “Mangrove crabs”, e identificaram Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 24 oito estágios embrionários para Goniopsis pulchra e nove para Aratus pisonii, com base nas características morfológicas observadas em embriões vivos. O desenvolvimento embrionário de estas duas espécies foi muito semelhante. O crescimento embrionário foi sincrônico, as estruturas foram formadas no mesmo intervalo de tempo. A maior diferenciação de eventos ocorreu durante a primeira semana do desenvolvimento, enquanto o crescimento das estruturas embrionárias ocorreu durante a segunda semana. O desenvolvimento embrionário dos caranguejos braquiúros: Eurypanopeus canalensis e Panopeus chilensis também foi examinado por García-Guerrero e Hendrickx (2006b). Os autores classificaram oito estágios comuns de desenvolvimento. De um modo geral a embriogênese destas espécies apresenta características morfológicas semelhantes, particularmente durante os primeiros períodos do desenvolvimento. O crescimento foi sincrônico e os apêndices foram formados durante o mesmo estágio para as duas espécies. As principais diferenças foram relacionadas com o tamanho do olho e a proporção do cefalotórax e do abdômen. Por outro lado, alguns membros da infraordem Anomura foram estudados nos últimos anos. Segundo Lizardo-Daudt e Bond-Buckup (2003) o desenvolvimento embrionário de Aegla platensis “Pancora - caranguejo de rio - Barata de rio” apresenta uma sequência de mudanças morfológicas durante o período de incubação dos ovos que permite a identificação de dez estágios: ovo não segmentado, clivagem, blástula, gástrula, náuplio, metanáuplio, zoea inicial, zoea final, decapodid e juvenil. Nesta espécie a clivagem foi centrolécital, o estágio de náuplio foi transitório e o desenvolvimento do intestino foi observado durante o período de zoea. A pigmentação ocular foi observada no inicio do estágio de zoea e no estágio de decapodid estava completamente formada. As larvas recém eclodidas ainda têm algumas reservas vitelínicas e morfologicamente são semelhantes ao adulto. García-Guerrero e Hendrickx (2006a) estudando a embriogênese dos caranguejos anomuros Petrolisthes armatus “Green porcelain crab” e Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 25 Petrolisthes robsonae “Porcelain crab”, identificaram oito estágios comuns de desenvolvimento para as duas espécies. As observações indicam que não existem diferenças morfológicas significativas entre as espécies, exibindo semelhanças relacionadas à sua estreita posição filogenética. Durante a embriogênese a formação das estruturas mostra a mesma tendência, contudo foram observadas pequenas diferenças relacionadas à organização das células primordiais e dos primordios embrionários. O desenvolvimento embrionário do caranguejo-rei-azul “Blue king crab” Paralithodes platypus foi estudado por Stevens (2006) sob condições de laboratório. Neste estudo foram avaliados nove parâmetros morfométricos, incluindo sete medições (área total, área do vitelo, largura e comprimento embrionário, diâmetro médio, largura e comprimento do olho) e dois índices (porcentagem do vitelo e elongação). O exame visual e o analise das medições morfométricas foram metodologias apropriadas para classificar a embriogênese da espécie em 12 períodos de desenvolvimento. Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 26 3. OBJETIVOS Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 27 3. OBJETIVOS 3.1 Objetivo geral Neste contexto, o principal objetivo deste trabalho foi realizar uma descrição dos diferentes estágios do desenvolvimento embrionário do camarão- da-amazônia, Macrobrachium amazonicum, com o propósito de obter novos conhecimentos sobre a biologia básica e a compreensão da ontogenia inicial da espécie, em relação aos aspetos morfológicos, histológicos e morfométricos da embriogênese, considerando que não foram encontrados estudos deste tipo em M. amazonicum. 3.2 Objetivos específicos Assim sendo, foram abordados os seguintes tópicos: � Descrição da morfologia externa e interna das fases do desenvolvimento embrionário de M. amazonicum. � Descrição histológica dos diferentes estágios do desenvolvimento embrionário. � Analise dos dados biométricos de ovos e embriões durante as fases da embriogênese. Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 28 4. MATERIAL E METODOS Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 29 4. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido na Universidade Estadual Paulista (UNESP), no laboratório de larvicultura do setor de Carcinicultura de água doce do Centro de Aquicultura da UNESP (CAUNESP), Campus de Jaboticabal, e no laboratório de Morfologia de organismos aquáticos, associado ao Centro de Aquicultura da UNESP, do Departamento de Ciências Biológicas, da Faculdade de Ciências, UNESP, no campus de Bauru. 4.1 Material biológico 4.1.2 Seleção dos reprodutores Para o desenvolvimento deste estudo foi utilizado um total de 120 exemplares de M. amazonicum, na seguinte proporção: 20 machos sexualmente maduros, do morfotipo Green Claw GC2 (MORAES-RIODADES, 2002; MORAES-RIODADES, VALENTI, 2004), com comprimento médio de 9,13 ± 1.17 cm e peso médio de 9,41 ± 1,02 g e 100 fêmeas adultas, com ovários no estágio V de maturação gonadal de acordo com a classificação proposta por Chang e Shih (1995) e Ribeiro (2003, 2006, 2011), com comprimento médio de 10,82 ± 1.21 cm e peso médio de 11,12 ± 1,18 g. Foram utilizados machos do morfotipo GC2, pois estes indivíduos apresentam maior atividade reprodutiva (MORAES-RIODADES, 2002; MORAES-RIODADES, VALENTI, 2004). Quanto às fêmeas, foram utilizadas aquelas com o ovário no V estágio de maturação gonadal (CHANG, SHIH 1995; RIBEIRO, 2003, 2006, 2011), ou seja, com o ovário completamente formado e maturo (SAMPAIO et al., 2007). Os indivíduos foram obtidos dos viveiros de reprodutores do setor de carcinicultura, a partir de espécimes coletados na natureza no nordeste do estado de Pará (01°13’S 48°17’W) no ano de 1999. Os reprodutores foram transferidos para o laboratório e mantidos em tanques plásticos de 120 L acoplados a filtros biológicos de 24 L, com aeração, temperatura (26 ± 0,5ºC) e fotoperíodo (12:12) constante. Cada tanque foi Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 30 provido com enriquecimento ambiental e abrigos, para evitar a agressão e as lutas entre os animais. 4.2 Unidades experimentais Cada unidade experimental consistiu de uma caixa plástica com as seguintes medidas: 50 x 40 x 40 centímetros e volume útil de 80 litros, num total de 10 caixas. Cada caixa permaneceu vinculada a um filtro biológico e todas estavam operadas num sistema de recirculação fechado dinâmico (VALENTI; DANIELS, 2000). O volume dos filtros biológicos (16 litros) correspondeu a 20% do volume total de cada caixa. Foi empregado cascalho de conchas de moluscos que foi aproveitado como substrato para o desenvolvimento da população de bactérias nitrificantes nos biofiltros. A montagem do sistema de recirculação foi feita com uma semana de antecedência, para acondicionamento e maturação dos filtros biológicos, efetuada conforme o seguinte protocolo: diluição de 2 mL de NH4OH (Amoníaco 25%) em um litro de água filtrada, para cada 100 litros de água do sistema, obtendo-se uma solução final de aproximadamente 5 mg/L de NH4OH que se distribuiu homogeneamente na água. Diariamente foram verificadas as concentrações de amônia e nitrito da água contida nas caixas, utilizando-se testes colorimétricos (Labcom Test®). Considerando-se os biofiltros maduros quando constatadas concentrações dos compostos próximas à zero. As caixas foram providas de aeração constante, mantida com auxílio de pedras porosas ligadas ao sistema de aeração do laboratório, para garantir uma concentração de oxigênio dissolvido ao redor de 6.0 ppm ou maior (acima de 75% de saturação). A temperatura foi mantida em média de 26°C ± 0,5ºC por meio de termostatos automáticos submersíveis (Atman® 100W). As unidades experimentais receberam água declorada e deionizada, mediante o uso de um deionizador (Sistema de troca iônica DG300UF Gehaka®), com salinidade de 0,0‰, e foram cobertas com tecido (tela) mosquiteiro para diminuir o estresse gerado aos animais e evitar a fuga dos mesmos. O fotoperíodo de 12 horas foi estabelecido com auxílio de um temporizador digital Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 31 programável (Bivolt® 110v - 60Hz). E cada caixa foi dotada de abrigos, os quais consistiam de tubos de PVC de 3'', cortados em segmentos de 15-20 cm. 4.3 Manejo, procedimentos e determinação do processo de desenvolvimento embrionário Diariamente os animais foram alimentados com porções de músculo de peixe e/ou ração comercial para camarão (35% PB), fornecidos duas vezes ao dia, as 8:00 e 17:00 horas. A rotina de limpeza das caixas consistiu na extração de 1/4 do volume de água mediante sifonagem, antes do fornecimento da primeira refeição, para remoção dos restos de alimento e fezes. Os parâmetros físico-químicos da água foram monitorados semanalmente: temperatura (°C) e oxigênio dissolvido (mg/L) por meio da utilização de oxímetro YSI® modelo 55; pH mediante sonda múlti parâmetros YSI® modelo 63 e a análise das concentrações dos compostos nitrogenados amônia e nitrito realizada por médio de testes colorimétricos (Labcom Test®). Os valores médios foram: temperatura 26ºC ± 0,1ºC, oxigênio dissolvido 6,38 ± 0.12 mg/L, pH 7,63 ± 0,17, amônia 0,13 ± 0,02 mg/L e nitrito 0.02 ± 0,01 mg/L. Cada fêmea foi mantida isolada na sua caixa, até a observação do estágio V de maturação ovariana. Nesse momento, o macho foi transferido para a caixa onde permaneceu com a fêmea até a ocorrência da cópula, ou seja, a transferência do espermatóforo. Após a cópula, o macho foi retirado e cada fêmea continuou nesse ambiente até o término do período de desenvolvimento embrionário. Transcorrida a cópula as fêmeas ovígeras (n=10) foram examinadas a cada 24 horas, quando foi retirada uma amostra de aproximadamente 20 ovos, durante um período de 14 dias. Os ovos foram retirados da câmara incubadora (pleópodos) das fêmeas com o auxílio de pinça de ponta fina de aço inox e diariamente determinou-se o estágio de desenvolvimento dos embriões sob estéreo microscópio (Micronal – Olympus® SD30) e microscópio óptico Olympus® BX50 (Tokyo, Japan). A caracterização da embriogênese foi feita em concordância ao sistema de estagiamento indicado por Sandeman R. e Sandeman D. (1991), que definiram a desova como Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 32 o 0% do desenvolvimento e a eclosão como o 100%, e cada período de 24 horas foi considerado como um dia de desenvolvimento embrionário (DE). A avaliação do desenvolvimento embrionário foi efetuada mediante análise de ovos “in vivo” para a determinação de características específicas do embrião, tais como aparecimento de cromatóforos, surgimento e movimento dos apêndices corporais e formação do coração, sistemas nervoso e digestivo. 4.4 Processamento histológico das amostras e microscopia óptica Os ovos coletados no experimento e destinados às análises histológicas foram fixados em solução de Karnovsky modificado (glutaraldeído a 25%, tampão fosfato pH 7,2 - 0,2 M e paraformaldeído a 8%) durante 24 horas. Posteriormente, os ovos foram lavados em solução tampão, transferidos para a solução de álcool 70% e conservados sob refrigeração (4ºC) em geladeira. A seguir, o material foi destinado à rotina de inclusão em historesina (Leica®, Germany). Portanto, após a fixação, as amostras foram desidratadas em álcool em série crescente de concentração, com três repetições: três banhos em álcool 80% (30 minutos cada), três banhos em álcool 90% (30 minutos cada), três banhos em álcool 95% (30 minutos cada) e três banhos em álcool absoluto (30 minutos cada). Em seguida, foram mantidos por 24 horas em solução de pré- infiltração de resina e álcool absoluto, na proporção 1:1. As amostras permaneceram por 24 horas em solução de infiltração de resina para, posteriormente, serem incluídas em histo-moldes contendo resina com solução endurecedora, sendo mantidas por 48 horas em estufa, a 60 °C, para completar a polimerização da resina. As secções histológicas de 3 µm de espessura foram realizadas usando micrótomo automático Leica® RM2265 (Germany), equipado com navalhas de vidro; distendidas em água e colocados sobre lâminas; levadas para secagem em estufa a 60°C por 24 horas e em seguida submetidas à rotina de coloração com Hematoxilina/Eosina (HE) (BANCROFT; GAMBLE, 2002). A foto documentação das seções histológicas foi realizada em microscópio óptico Olympus® BX50 (Tokyo, Japan) acoplado a um sistema de câmera digital Olympus® DP12. Todo o material foi processado no Laboratório de Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 33 Morfologia de Organismos Aquáticos, associado ao Centro de Aquicultura da UNESP, do Departamento de Ciências Biológicas, da Faculdade de Ciências/UNESP, Campus de Bauru. 4.5 Análises morfométricas de ovos e embriões Após a captura das imagens com auxílio de microscópio óptico Olympus® modelo BX 50 (Tokyo, Japan) adaptado a um sistema computarizado de análise de imagens, a determinação dos índices biométricos e medições dos ovos e embriões foram realizadas utilizando-se o programa Image Pro Plus® Version 4.1 (MediCybernetics, USA), junto ao Laboratório de Morfologia de Organismos Aquáticos do Departamento de Ciências Biológicas da Faculdade de Ciências da UNESP, Campus de Bauru. De cada estágio embrionário, se selecionaram aleatoriamente amostras de aproximadamente 20 ovos. Avaliaram-se as seguintes variáveis biométricas nos ovos e embriões: Eixos, maior (a) e menor (b) dos ovos, equivalente ao comprimento e à largura respectivamente. O volume foi calculado de acordo com o formato do ovo (elipsoidal), a partir da equação: v= ��� � � Onde a é o eixo maior e b é o eixo menor (ODINETZ-COLART; RABELO, 1996). O cálculo do índice do olho ou índice de Perkins (Perkins, 1972), foi estimado a partir da média de comprimento e largura da área com pigmentação ocular, aplicando a seguinte fórmula: �� �� ��ℎ� = ��� � . Onde, l corresponde ao eixo maior do olho e h ao eixo menor (PERKINS, 1972). Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 34 Para o calculo da área do embrião e do vitelo as imagens foram processadas mediante a utilização do programa analisador de imagens Image Pro Plus® Version 4.1. 4.6 Análises estatísticas Para a análise de variância (one-way ANOVA), os valores médios obtidos do eixo maior e menor dos ovos, volume do ovo, área do embrião, área do vitelo e índice do olho, foram comparados diariamente pelo teste de Tukey com nível de significância de 5% (α=0,05), quando encontradas diferenças significativas. As análises estatísticas foram efetuadas empregando-se o programa SAS® (Statistical Analysis System) SAS Institute Inc., Version 9 para Windows. Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 35 5. RESULTADOS Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 36 5. RESULTADOS Segundo as condições experimentais deste estudo, o desenvolvimento ontogênico de Macrobrachium amazonicum, a uma temperatura de 26 ºC ± 0,5ºC foi completado em 14 dias. O desenvolvimento embrionário da espécie foi organizado em oito estágios: I. Ovo fertilizado; II. Clivagem; III. Blástula - Gástrula; IV. Disco germinativo; V. Náuplio embrionizado; VI. Pós-nauplio; VII. Protozoea e VIII. Zoea (Figura 1). Neste estudo avaliaram-se seis variáveis morfométricas: eixo maior e menor dos ovos, volume do ovo, área do embrião, área do vitelo e índice do olho. As variáveis examinadas apresentaram variações durante o desenvolvimento. Observando-se um aumento para o eixo maior e menor dos ovos, volume do ovo, área do embrião e índice do olho durante o período de incubação; enquanto a área do vitelo diminuiu durante a embriogênese (Figuras 2, 3 e 4). Os valores mínimos para a área do embrião, eixos e volume dos ovos foram registrados durante os estágios I e II, e os máximos nos estágios VII e VIII; o índice do olho apresentou uma tendência semelhante, mas isto ocorre durante os dias 7º e 14º respectivamente. Já, área do vitelo mostrou uma resposta inversamente proporcional quando comparada à área do embrião. A média do eixo maior mostrou diferenças durante os estágios III, VI, VII e VIII (ANOVA, p<0,05); já os valores médios para o eixo menor só diferiram a partir do estágio III. Em relação ao volume observaram-se diferenças apenas para os estágios V ao VIII (ANOVA, p<0,05). A área do embrião apresentou diferenças durante todo o período de incubação (ANOVA, p<0,05). Para a área do vitelo os estágios II, III e IV foram diferentes dos demais estágios (ANOVA, p<0,05). O índice do olho apresentou diferenças desde o dia 7º até o dia 12º (ANOVA, p<0,05); em contraste, os dias 13º e 14º não foram diferentes entre si (ANOVA, p>0,05), mas diferem de todos os outros dias embrionários (ANOVA, p<0,05). Os valores médios destas características são apresentados na tabela 1. Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 37 Figura 1. Esquema dos estágios do desenvolvimento embrionário de M. amazonicum, apresentando as principais estruturas morfológicas externas. I. Ovo fertilizado; II. Clivagem; III. Blástula - Gástrula; IV. Disco germinativo (vista dorsal); V. Náuplio embrionizado (vista dorsal); VI. Pós-nauplio (vista lateral); VII. Protozoea (vista lateral) e VIII. Zoea (vista lateral). (ab) abdômen; (al) antênula; (at) antena; (an) apêndices naupliares; (ap) apêndices pós naupliares; (bl) blastômeros; (bp) área blastoporal; (co) córion; (cr) cromatóforos; (dg) disco germinativo; (es) estomodeo; (ex) exoesqueleto; (gv) grânulos de vitelo; (in) intestino; (lc) limites celulares; (lo) lobo óptico; (mn) mandíbula; (ol) olho; (pc) papila caudal; (po) pigmentação ocular; (pe) pereiópodos; (rc) região cardíaca; (sa) somitos abdominais; (te) telson; (vi) vitelo. Barra: 0,125 mm. Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 38 sa ex I vi co II bl lc III vi bl bp IV vi dg lo bp V vi lo al an mn es pc VI gv ol te pe vi cr rc VII gv te sa pe vi ol rc cr in VI vi ap an po lo pc cr ab ab Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 39 Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya CAUNESP Figura 2. Valores médios do eixo maior e menor dos ovos de durante a embriogênese. Figura 3. Valores médios do volume do ovo e índice do olho de durante a embriogênese. Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini . Valores médios do eixo maior e menor dos ovos de Macrobrachium amazonicum durante a embriogênese. . Valores médios do volume do ovo e índice do olho de Macrobrachium amazonicum durante a embriogênese. Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini 40 Macrobrachium amazonicum Macrobrachium amazonicum Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya CAUNESP Figura 4. Valores médios da área do embrião e do vitelo de durante a embriogênese. Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini . Valores médios da área do embrião e do vitelo de Macrobrachium amazonicum durante a embriogênese. Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini 41 Macrobrachium amazonicum Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 42 5.1 Estágio I. Ovo fertilizado, 0 – 4% do desenvolvimento. Após a desova na câmara incubadora da fêmea, os ovos fertilizados de M. amazonicum apresentam forma elipsoidal, e exibem um córion denso e firmemente ligado à membrana vitelina do ovo (Figura 5). O córion é a membrana externa do ovo, que age como proteção mecânica externa. Esta membrana apresenta-se espessa inicialmente, e à medida que transcorre o desenvolvimento embrionário esta estrutura torna-se cada vez mais fina. O vitelo apresenta-se bastante volumoso e ocupa todo o espaço do ovo (Figuras 5 e 6). A massa de vitelo é constituída por grânulos distribuídos uniformemente (Figura 6) e apresenta uma coloração verde oliva (Figura 5). Neste período não se percebe nenhum indício de divisão celular, nem estrutura embrionária em desenvolvimento. O volume do ovo é de 0,0708 mm3. 5.2 Estágio II. Clivagem, 4 – 7% do desenvolvimento (DE1). Durante o primeiro dia embrionário (DE1) ocorre o processo de clivagem, que se inicia aproximadamente 6 horas pós-ovulação (Figura 7). As divisões celulares sucessivas ocorrem e originam 2, 4, 8, 16, 32, 64, 128 células (Figura 8). Na superfície do ovo pode-se observar o aparecimento dos primeiros blastômeros (Figura 8), como resultado da clivagem do pólo animal. Os núcleos se dividem repetidas vezes e os limites celulares dos blastômeros não aparecem definidos dentro da massa de vitelo. O vitelo ocupa a maior parte do ovo e permanece sem segmentar (Figuras 7 e 8). Os blastômeros se concentram na periferia e se dispõem formando uma camada (Figura 8). Os blastômeros constituem a massa celular embrionária responsável pela constituição e formação do embrião e de suas respectivas estruturas. Estas células possuem um tamanho uniforme e seus núcleos são facilmente observados (Figura 8). Durante o processo de clivagem observa-se uma intensa divisão celular, o que gera um aumento rápido no número de blastômeros com a conseqüente diminuição do seu tamanho. Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 43 Figuras 5 - 8. Visualização do início do desenvolvimento embrionário de M. amazonicum sob análise “in vivo” (5 e 7) e histológica (6 e 8, corte longitudinal). (5) Estágio I. DE0 ovo recém-fertilizado com córion espesso. Barra: 0,125 mm; (6) Estágio I. DE0 vitelo muito volumoso; (7) Estágio II. DE1 início da clivagem. Barra: 0,125 mm; (8) Estágio II. DE1 surgimento dos blastômeros. (bl) blastômeros; (co) córion; (vi) vitelo. Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 44 5 7 8 6 vi co vi co bl bl vi vi Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 45 Quando a massa celular atinge um tamanho considerável, inicia-se a formação do blastoderma ou tecido germinativo (Figura 8), o qual está composto de muitas células indiferenciadas, justapostas e de formato poligonal. Posteriormente aparecem os limites celulares que delimitam o blastoderma que circunda o vitelo central não segmentado (Figura 8). O volume do embrião neste estágio é de 0,0708 mm3. 5.3 Estágio III. Blástula - Gástrula, 7 – 14% do desenvolvimento (DE2). Após a formação do blastoderma (Figura 9), os blastômeros exibem um arranjo celular agrupando-se superficialmente e, portanto é possível distinguir uma única camada de células aglomeradas que formam o blastoderma definitivo (Figura 10). Algumas células do blastoderma começam sua migração e agrupam-se numa região determinada do ovo. Este local apresenta muitas células que compõem a região onde será formada à área blastoporal (Figura 11). A gastrulação inicia-se com uma intensa proliferação e migração da massa celular a partir da área blastoporal, em direção de um dos hemisférios do ovo. Posteriormente algumas destas células movimentam-se para o interior do ovo (Figura 11). O conjunto celular origina os tecidos embrionários primordiais e agrupações de células germinativas. A maior parte do volume do ovo é ainda representada pelo vitelo (Figuras 9 e 10). O volume do embrião neste estágio é de 0,0772 mm3. 5.4 Estágio IV. Disco germinativo, 14 – 21% do desenvolvimento (DE3). Este estágio corresponde à fase de disco germinativo e ocorre no terceiro dia de desenvolvimento (DE3). A partir desta migração celular, surge uma região com uma grande concentração de células. Posteriormente estas células convergem para organizar o disco germinativo (Figura 12). No decorrer deste dia, o disco germinativo adquire maior tamanho, apresenta-se mais compacto e em corte longitudinal nota-se sua forma de “V” característica (Figura 13). Nesta fase, o disco germinativo é uma estrutura individualizada e dividida em duas partes. Na região anterior do disco germinativo surgem populações celulares com um arranjo simétrico, que correspondem aos primordios dos lobos ópticos (Figura 13). Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 46 Figuras 9 - 11. Formação do blastoderma definitivo (tecido germinativo) e início da migração dos blastômeros no segundo dia de desenvolvimento embrionário. (9) Estágio III. DE2 processo de clivagem. Barra: 0,125 mm; (10) Estágio II. DE2 formação do blastoderma (Corte longitudinal); (11) Estágio III. DE2 migração dos blastômeros para o interior do ovo (Corte longitudinal). (bd) blastoderma; (mb) migração dos blastômeros; (nu) núcleo celular; (vi) vitelo. Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 47 11 10 9 vi bd bd vi mb nu bl bl nu Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 48 Figuras 12 e 13. Formação do disco germinativo e dos primórdios das estruturas do embrião. (12) Estágio IV. DE3 disco germinativo em constituição. Barra: 0,125 mm; (13) Estágio IV. DE3 visualização do embrião em forma de “V” e dos primórdios das estruturas do corpo de M. amazonicum (Corte dorsal). (bp) área blastoporal; (dg) disco germinativo; (lo) lobo óptico; (pl) ponte de ligação; (ra) região anterior; (rp) região posterior; (vi) vitelo. Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 49 12 13 dg vi lo lo dg bp bp rp ra lo ra pl rp vi Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 50 Já na região posterior está localizada a área blastoporal (Figuras 11 e 13), onde se iniciou a migração celular. Uma ponte de ligação, unindo os grupos celulares presentes nas duas extremidades (anterior e posterior), se caracteriza no 3º dia de desenvolvimento (Figura 13). O volume do embrião é de 0,0789 mm3. 5.5 Estágio V. Náuplio embrionizado, 21 – 29% do desenvolvimento (DE4-5). Neste estágio organiza-se o náuplio embrionizado, a partir da proliferação e diferenciação celular das regiões anterior e posterior que constituíam o disco germinal. Durante o DE4 o náuplio embrionizado localiza- se num dos pólos do ovo e apresenta grande desenvolvimento (Figura 14). As extremidades, anterior e posterior engrossam-se e alongam-se devido à intensa proliferação celular (Figura 15), e conseqüentemente a delimitação das regiões cefálica e caudal pode ser observada (Figura 15). Na extremidade anterior do náuplio é possível observar três pares de evaginações que formam as primeiras estruturas embrionárias, correspondentes aos primórdios dos apêndices naupliares: antênulas, antenas e mandíbulas (Figura 15). Dos três pares de primórdios dos apêndices, as mandíbulas são aquelas que apresentam menor tamanho, ao contrário das antenas e antênulas que apresentam maior comprimento (Figura 15). Na região central, é formada uma depressão correspondente ao estomodeo (Figuras 14 e 15). Na sequência, a partir do estomodeo, se forma a porção anterior do trato digestivo (esôfago e estômago). Na região posterior do embrião observa-se a área de formação do primórdio da papila caudal (Figuras 15 e 16). Durante o DE5 de desenvolvimento o náuplio cresce longitudinalmente, ou seja, cresce em comprimento (Figura 17). Na região anterior e posterior do embrião são observadas áreas de intensa proliferação celular que marcam os locais de desenvolvimento dos lobos ópticos e da papila caudal (Figuras 17 e 18). Os apêndices naupliares crescem e se alongam em direção à papila caudal (Figura 18). Junto aos apêndices naupliares surgem os apêndices pós naupliares, sendo dificilmente notados os primórdios das maxilas que se organizam lateralmente (Figura 19). Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 51 Figuras 14 - 16. Constituição do náuplio embrionizado, apêndices e estomodeo. (14) Estágio V. DE4 estomodeo constituído. Barra: 0,125 mm; (15) Estágio V. DE4 visualização histológica do náuplio embrionizado (Corte dorsal); (16) Estágio V. DE4 visualização dos apêndices naupliares. Barra: 0,125 mm. (al) antênula; (at) antena; (es) estomodeo; (lo) lobo óptico; (mn) mandíbula; (na) náuplio embrionizado; (pc) papila caudal; (vi) vitelo. Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 52 14 16 15 mn at al pc es lo es na vi vi lo al m pc vi lo at Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 53 Figuras 17 - 19. Desenvolvimento do náuplio embrionizado. (17) Estágio V. DE5 definição das regiões anterior e posterior do embrião. Barra: 0,125 mm; (18) Estágio V. DE5 desenvolvimento dos apêndices naupliares (Corte longitudinal); (19) Estágio V. DE5 surgimento da pigmentação embrionária (cromatóforos) e primórdios dos apêndices pós naupliares. Barra: 0,125 mm. (al) antênula; (an) apêndices naupliares; (ap) apêndices pós naupliares; (at) antena; (cr) cromatóforos; (lo) lobo óptico; (mn) mandíbula; (pc) papila caudal; (ra) região anterior; (rp) região posterior; (vi) vitelo. Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 54 17 18 19 rp pc ra atmn al lo vi vi *cr lo pc ap * * * * an vi an ap lo Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 55 Durante o transcorrer do quinto dia, a papila caudal alonga-se e o embrião recobre a linha media de um dos hemisférios do ovo (Figura 19). Deste modo o náuplio adquire sua forma característica em meia-lua, quando observado lateralmente (Figura 19). No final do quinto dia é possível observar o início da pigmentação embrionária (Figura 19). O volume do embrião para DE4 é de 0,0798 mm3 e para DE5 é de 0,0821 mm3. 5.6 Estágio VI. Pós-náuplio, 29 – 50% do desenvolvimento (DE6-8). Este estágio está compreendido entre o DE6 e DE8. No transcurso do DE6 se nota um crescimento ativo do pós-náuplio, que aumenta em tamanho, e se alonga assumindo claramente a forma de meia-lua (Figura 20). Os lobos ópticos aumentam seu volume adquirindo um formato circular (Figura 20). No DE6 pode ser observado o inicio da formação do cordão nervoso ventral (Figura 21). Nesta fase se inicia a formação das maxilas e maxilípedes (apêndices pós naupliares), porém ainda aparecem muito rudimentares. Os apêndices naupliares se projetam em direção à área caudal do embrião (Figura 20) e começam a sua segmentação. As antenas se posicionam sobre as mandíbulas e os primórdios das maxilas e maxilípedes. Durante esta etapa os pereiopódos iniciam seu desenvolvimento projetando-se lateralmente a partir da papila caudal em direção da região cefálica do embrião (Figura 20). A papila caudal se desenvolve e se curva circundando o embrião pela região ventral, em direção dos lobos ópticos (Figuras 20 e 21). O abdômen inicia seu desenvolvimento e torna-se importante destacar que o vitelo se posiciona sobre a porção dorsal do embrião, pode-se observar como inicia a incorporação dos grânulos de vitelo, o que indica a funcionalidade do intestino médio (Figura 20). A pigmentação embrionária está mais avançada e é possível observar cromatóforos adjacentes aos lobos ópticos (Figura 22). A região ocular apresenta uma área pigmentada de coloração vermelha, a qual aparece como uma linha muito fina (Figura 23), o que marca o início da formação do complexo ocular, característica observada durante o DE7. Um conjunto de cromatóforos é distinguível na área perto do olho (Figura 24). Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 56 Figuras 20 - 22. Desenvolvimento ativo do pós-náuplio, cuja forma é de meia- lua e a papila cresce em direção aos lobos ópticos. (20) Estágio VI. DE6 lobo óptico assume forma mais circular e crescimento dos apêndices naupliares em direção à papila caudal. Barra: 0,125 mm; (21) Estágio VI. DE6 início da formação do abdômen (Corte longitudinal); (22) Estágio VI. DE6 cromatóforos adjacentes aos lobos ópticos. Barra: 0,125 mm. (ab) abdômen; (an) apêndices naupliares; (ap) apêndices pós naupliares; (cr) cromatóforos; (cn) cordão nervoso ventral; (gv) grânulos vitelo; (lo) lobo óptico; (pe) pereiopódos; (vi) vitelo. Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 57 * 20 21 22 pe vi lo pc lo vi *cr lo vi * * * * pc pc an *ap * * * * gv cn Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 58 Os apêndices naupliares se apresentam mais finos, e se prolongam sobre os apêndices pós-naupliares. Os pereiopódos crescem e se alongam em direção dos lobos ópticos (Figura 24). Na porção cefálica do embrião são percebidos maxilas e maxilípedes. O extremo distal do abdômen encontra-se próximo à região cefálica do embrião (Figura 25). Durante o DE8 os sistemas orgânicos do embrião estão em ativo desenvolvimento e neste momento pode ser notada a atividade cardíaca (Figura 26). O coração apresenta movimentos descontínuos seguidos por longas pausas. Na parte dorsal do embrião se nota como os grânulos de vitelo são incorporados lentamente pelo intestino médio (Figuras 26 e 27). O local onde os grânulos de vitelo são incorporados delimita a futura região do hepatopâncreas. A região pigmentada do olho se desenvolve, aumenta seu tamanho e se mostra de forma elipsoidal (Figuras 26 e 27). Os lobos ópticos aumentam em tamanho e complexidade, destacando-se na região cefálica do embrião. Nesta fase é possível identificar a formação dos omatídios (Figura 28). Associado ao desenvolvimento do complexo ocular observa-se a diferenciação celular dos gânglios cerebrais (Figura 29). O sistema nervoso apresenta os gânglios cerebrais no cefalotórax e continua com o cordão nervoso ventral no abdômen. O cordão nervoso é observado como uma estrutura continua na região ventral do embrião. Este cordão se apresenta desde a região do cefalotórax embrionário até a região caudal (Figura 29). As antênulas e antenas se alongam. Nesta fase, os maxilípedes também se alongam e abdômen torna-se mais espesso (Figura 29). O abdômen se dobra e alonga pela região ventral para alcançar a região cefálica do embrião (Figura 29). O abdômen inicia sua diferenciação com o surgimento dos somitos abdominais (Figura 29). Na extremidade distal da papila caudal se evidencia o rudimento do telson (Figura 30). O embrião apresenta movimentos leves e isolados. O volume do embrião no DE6 é de 0,0842 mm3, no DE7 é de 0,0866 mm3 e no DE8 é de 0,0905 mm3. Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 59 Figuras 23 - 25. Formação e desenvolvimento da pigmentação ocular. (23) Estágio VI. DE7 surgimento da pigmentação do olho. Barra: 0,125 mm; (24) Estágio VI. DE7 conjunto de cromatóforos. Barra: 0,125 mm; (25) Estágio VI. DE7 abdômen constituído (Corte longitudinal). (ab) abdômen; (an) apêndices naupliares; (co) córion; (cn) cordão nervoso ventral; (cr) cromatóforos; (lo) lobo óptico; (pe) pereiopódos; (po) pigmentação ocular; (rg) região ganglionar; (vi) vitelo. Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 60 23 24 *cr po lo co 25 vi lo ab ab pe * * an lo vi vi cn rg Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 61 Figuras 26 e 27. Desenvolvimento do pós-náuplio associado ao processo de organogênese. (26) Estágio VI. DE8 visualização da região cardíaca; (27) Estágio VI. DE8 incorporação dos grânulos de vitelo, olho assume a forma elipsoidal e o vitelo apresenta coloração amarelo-pálido. (cr) cromatóforos; (gv) grânulos de vitelo; (lo) lobo óptico; (im) intestino médio; (ol) olho; (pe) pereiopódos; (rc) região cardíaca; (vi) vitelo. Barra: 0,125mm. Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 62 27 26 vi ol gv rc ol cr cr rc pe lo pe lo im im vi Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 63 Figuras 28 - 30. Desenvolvimento do sistema nervoso, musculatura, intestino, complexo ocular e abdômen. (28) Estágio VI. DE8 desenvolvimento da região ocular e omatídeos (Corte longitudinal); (29) Estágio VI. DE8 desenvolvimento dos gânglios cerebrais, do cordão nervoso ventral, intestino, engrossamento e segmentação do abdômen (Corte longitudinal); (30) Estágio VI. DE8 início da formação do telson. Barra: 0,125 mm. (ab) abdome; (cn) cordão nervoso ventral; (gc) gânglio cerebral; (lo) lobo óptico; (im) intestino médio; (ip) intestino posterior; (mu) musculatura; (ol) olho; (om) omatídio; (sa) somitos abdominais; (te) telson; (vi) vitelo. Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 64 28 29 30 om lo vi cn gc ab lo vi ol te *sa cn mu ipim * * * * * vi Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 65 5.7 Estágio VII. Protozoea, 50 – 64% do desenvolvimento (DE9- 10). Durante o DE9 os olhos se destacam como estruturas mais complexas, aumentados em tamanho, e do mesmo modo, a pigmentação ocular aumenta a sua área, aparecendo cada vez mais circular (Figura 31). Neste estágio, os omatídios podem ser distinguidos. A porção distal do abdômen atinge a região cefálica do embrião e ultrapassa os lobos ópticos (Figuras 31, 32 e 33). O abdômen se diferencia e se organiza totalmente com o estabelecimento dos somitos abdominais, e a musculatura se desenvolve (Figura 33). O telson pode ser evidenciado mais claramente (Figura 32). Na região do cefalotórax pode ser percebida uma grande atividade devida à absorção do vitelo pelo embrião. Nesta fase, o vitelo adquire uma coloração mais amarelada e apresenta-se granular e concentrado (Figuras 31 e 32). O coração pode ser observado na região próxima do dobramento ventral do abdômen (Figuras 31 e 32). Os movimentos do coração são mais regulares, se apresentam mais uniformes e com períodos de pausa de menor duração. O embrião exibe movimentos musculares mais intensos no abdômen, porém menos freqüentes. No DE10 o complexo ocular se mostra mais definido. Os olhos se apresentam laterais e sua forma é quase circular (Figura 34). Os lobos ópticos aparecem claramente diferenciados (Figuras 34 e 35). Neste estágio, a segmentação do abdômen é evidente, e na extremidade distal o telson está mais desenvolvido e exibe varias cerdas na sua margem (Figuras 34 e 35). O número de cromatóforos aumenta e se concentram na região do cefalotórax embrionário (Figura 34). No cefalotórax, o coração pulsa de forma mais contínua e regular. Os apêndices torácicos têm movimentos sutis e com o desenvolvimento da musculatura abdominal se notam ligeiros movimentos na região caudal. O volume do embrião para DE9 é de 0,0930 mm3 e no DE10 é de 0,0996 mm3. Mestrando: Ángel Andrés Arias Vigoya Orientadora: Dra. Irene Bastos Franceschini Vicentini CAUNESP 66 Figuras 31 - 34. Visualização do desenvolvimento embrionário f